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JOHN BEVERE

AUTOR BEST-SELLER DE A ISCA DE SATANÁS

MULTIPLIQUE O POTENCIAL
QUE DEUS LHE DEU
Queridos amigos,

Cada um de nós é obra-prima das mãos de Deus, criada em Cristo Jesus


para fazer boas obras. Vocês nasceram de novo pelo dom gratuito da graça
de serem filhos de Deus, e foram igualmente capacitados por essa mesma
graça por um propósito. Você conhece e compreende o incrível potencial
dos dons e das habilidades que Deus lhe deu para cumprir esse propósito?

Os dons, talentos e habilidades que lhe foram dados não são para você;
são para serem dados a outros através de você. Você carrega dentro de si o
que Deus quer que os outros tenham. Cada um de nós precisa reconhecer
e administrar seus dons com fidelidade e determinação a fim de usá-los
para o benefício de outros, e para a expansão do Reino.

Felizes e abençoados são aqueles que conhecem seus dons e operam


neles. Tristes e frustrados são aqueles que tentam operar nos dons de
outra pessoa. Através da fidelidade e da cooperação com a graça de Deus
e sob Sua unção, nós devemos multiplicar nossos dons a partir de uma
postura de descanso em vez de tentar pela nossa própria força.

Você recebeu dom e capacitação através da graça e da unção de Deus.


Que a sua determinação o impulsione a fazer grandes coisas por Deus.

Estou junto com você,

John Bevere
johnbevere@ymail.com
JOHN BEVERE
AUTOR BEST-SELLER DE A ISCA DE SATANÁS

MULTIPLIQUE O POTENCIAL
QUE DEUS LHE DEU
X: Multiply Your God-Given Potential, by John P. Bevere
© 2021 Messenger International
MessengerInternational.org
Originally published in English as X: Multiply Your God-Given Potential
ISBN 978-1-937558-25-3 (hardcover edition)
ISBN 978-1-937558-24-6 (electronic edition)

Additional resources in Portuguese are available for


free download and video streaming at
MessengerX.com and on the MessengerX app

To contact the author : JohnBevere@ymail.com

This book is a gift from Messenger International and is


NOT FOR SALE

Printed in Brazil

X: Multiplique o Potencial Que Deus Lhe Deu, por John P. Bevere


© 2021 Messenger International
MessengerInternational.org
Originalmente publicado em inglês como X: Multiply Your God-Given Potential
ISBN 978-1-937558-25-3 (edição de impressão)
ISBN 978-1-937558-24-6 (edição digital)

Conteúdos adicionais disponíveis para download em:


MessengerX.com ou através do aplicativo MessengerX

Contato com o autor: JohnBevere@ymail.com

Este livro é um presente do autor e NÃO deve ser colocado à venda.

App Store is a trademark of Apple Inc., registered in the U.S. and other countries.
Google Play and the Google Play logo are trademarks of Google LLC.
Dedicado às magníficas esposas de nossos filhos...

Lisa e eu amamos vocês profundamente e cada uma


apresenta as belas características descritas abaixo e mais,
porém essas são as que mais se destacam:

Julianna
Casou-se com Addison em 25 de outubro de 2009.
Você é amável e sábia.
Você sempre será minha primeira filha.

Jessica
Casou-se com Austin em 24 de setembro de 2018.
Você é gentil e adorável.
Você enche a atmosfera de alegria por onde passa.

Christian
Casou-se com Arden em 18 de novembro de 2018
Você é cheia de graça e tem o coração tenro.
Você ama nosso filho de um modo tão belo.

Futura Senhora Alec Bevere


Meu coração anseia por conhecer nossa futura filha.
Já amamos você profundamente.

Cada uma de vocês traz grande alegria à Lisa e a mim.


Obrigado por multiplicar nossa família.
Para sempre nossas filhas.
ÍNDICE

Sobre Este Livro 9

1 Conectando os Pontos 11
2 Habilidades Transferidas 27
3 Avalie-se com Sinceridade 43
4 Administradores 55
5 Fiéis 73
6 Diligência e Multiplicação 91
7 Grande Multiplicação 107
8 Ideias Estratégicas 123
9 Investindo 141
10 O Catalisador 161
11 Sejam Meus Imitadores 177
12 Impedimentos para a Multiplicação I 197
13 Impedimentos para a Multiplicação II 211
14 Descubra e Desenvolva os Seus Dons 225
15 Ungidos 245

Apêndice 255
Agradecimentos 257
Notas 259
SOBRE ESTE LIVRO

Ao longo destas páginas, você encontrará revelações bíblicas e


estratégias que o capacitarão a descobrir o seu propósito, a acender a sua
paixão, e a reconhecer o seu potencial. Em cada capítulo, também haverá
perguntas de reflexão que ajudarão você a personalizar o que estará
aprendendo.
Se você quiser aprender mais sobre como multiplicar, eu criei um
conteúdo extra que inclui aulas em vídeo, um guia de acompanhamento,
e outros materiais online que podem ser utilizados individualmente ou
em grupo. É possível acessar esses materiais, juntamente com toda a
minha biblioteca de materiais de discipulado, em www.MessengerX.com.
Milhões de pessoas têm usado nossos materiais, e nosso objetivo é torná-
los disponíveis para todos, independentemente de localização geográfica,
idioma ou situação financeira (algo sobre o qual você aprenderá neste
livro). Separe um instante para visitar o website e juntar-se à nossa
comunidade global de mensageiros.
E se você tiver perguntas, por favor sinta-se à vontade para entrar em
contato comigo e com a minha equipe na Messenger International.

Estou torcendo por você!

John
O temor do SENHOR é o princípio da sa-
bedoria... os seus dias serão multiplicados,
e o tempo da sua vida se prolongará. Se
você for sábio, o benefício será seu.
— Provérbios 9:10-12
1

Conectando os Pontos

E
ra o ano de 2012. Eu estava agendado para ministrar na área
de Los Angeles nos cultos de final de semana de uma igreja.
Meu padrão normal é pegar o avião no final da tarde de sábado,
ministrar no sábado à noite e no domingo de manhã, e voltar para casa no
domingo à tarde. Essa rotina estava prestes a mudar.
Um de nossos parceiros ministeriais, que chamarei aqui de Stan, ao
descobrir que eu estava agendado para a área de Los Angeles, me ligou e
perguntou se eu gostaria de jogar golfe no famoso Riviera Country Club. Eu
não tive que pensar duas vezes, pois jogar naquele campo estava na minha
lista de desejos. Respondi com muito entusiasmo: “Com toda certeza, eu
adoraria!”
Permita-me dar um pouco de contexto. Em mais de trinta e cinco anos
viajando e comunicando a Palavra de Deus, de vez em quando meu amor
por jogar golfe acaba sobressaindo em minhas pregações. Um resultado
não-planejado, porém agradável, que tenho visto ao longo dos anos é que
várias pessoas me convidam para jogar em alguns dos melhores clubes de
golfe do mundo. Foi o que aconteceu naquela ocasião.
Era um convite especial. O Riviera é um clube exclusivo e particular,
muito difícil de entrar. A cada ano esse campo é a sede do Campeonato
PGA chamado Genesis Invitational (anteriormente conhecido como Los
Angeles Open). Também já foi sede de grandes torneios, incluindo alguns US
Opens, PGA Championships, o US Amateur, e outros torneios importantes.
12 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Stan me buscou bem cedo na manhã de sábado para a rodada dos


sonhos. Para deixar tudo melhor ainda, um de meus amigos próximos,
Aaron Baddley, havia acabado de vencer o LA Open no ano anterior.
Fiquei revendo mentalmente algumas das incríveis cenas de sua vitória no
campeonato 2011!
Comecei os primeiros quatro buracos com a pontuação +3 (eu estava
nervoso), mas terminei a rodada com –2. Stan e eu tivemos um ótimo
tempo juntos; foi uma manhã no mínimo memorável.
Dirigindo de volta para meu hotel no centro de Los Angeles, Stan fez
uma pergunta sincera:
— John, posso lhe perguntar sobre um assunto com o qual tenho tido
dificuldade de lidar?”
— “Claro!”
De maneira vulnerável e sincera, ele formulou sua pergunta:
— “John, eu tenho trabalhado incansavelmente e diligentemente,
investindo muitas horas na construção do meu negócio durante as últimas
duas décadas. Meu patrimônio líquido agora é de aproximadamente 9
milhões de dólares. Tudo está correndo bem com meus clientes atuais. O
resultado de anos de trabalho duro é que minha esposa e meus filhos estão
financeiramente estáveis pelo resto da vida.”
Daí veio a pergunta:
— Agora que estou entrando na década dos meus cinquenta anos, por
que eu deveria manter o mesmo ritmo de trabalho? Por que eu deveria
lutar para aumentar meu patrimônio para 35 milhões de dólares ao longo
dos próximos dez anos?
O Espírito Santo imediatamente me deu a sabedoria para responder. Eu
disse:
— Deixe-me apresentar um cenário a você. Suponha que eu lhe diga:
‘Stan, passei anos trabalhando duro para escrever dezessete livros que agora
estão disponíveis em oitenta idiomas com milhões de cópias vendidas. Já
voei mais de dez milhões de milhas nos últimos vinte e cinco anos, encarei
CONECTANDO OS PONTOS 13

fusos horários, experimentei várias culturas e comidas estranhas, e me


hospedei em hotéis minúsculos. Tudo para poder ministrar o Evangelho
ao redor do mundo. O ministério está indo bem e as finanças estão estáveis;
Lisa e meus filhos estão estabelecidos também. Por que eu deveria continuar
trabalhando no mesmo ritmo?”
Foi uma suposição perfeita. Com uma leve risada, ele respondeu:
— Eu não gostaria de estar no seu lugar quando você estiver diante de
Jesus um dia.
Eu disse imediatamente:
— Stan, foi exatamente isso que você me disse a respeito dos seus
negócios.
O sorriso logo desapareceu de seu rosto. Ele voltou os olhos para a
estrada adiante de nós com uma expressão de choque. Sem acreditar, ele
questionou:
— Como assim?
Stan, Deus deu dons a cada um de Seus filhos. Esses dons são dados
divinamente para a construção de Seu Reino. No entanto, nós somos
administradores e, portanto, podemos escolher em qualquer momento a
usar os dons em uma dessas três formas:
• Podemos usar os dons para construir o Reino.
• Podemos usar os dons para construirmos a nós mesmos.
• Podemos simplesmente negligenciar os dons.
Eu tinha a atenção de Stan, então continuei:
— Alguns dos meus dons mais notáveis são escrever e ministrar; os seus
dons são relacionados aos negócios e a doar. Você acabou de rir do meu
cenário! Porém, o seu cenário é exatamente o mesmo. Os seus dons são tão
importantes para o Reino como os meus. Na realidade, os seus talvez sejam
mais importantes, mas você não conectou os pontos!”
Continuamos a conversar sobre o assunto. A partir dessa conversa,
foi gratificante e aprazível ver a rápida mudança nos pensamentos e nas
atitudes de Stan.
14 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Seis meses depois, eu liguei para ver como ele estava. E tivemos mais
uma conversa inesquecível.
— E aí, Stan, como você está?
— Você quer uma resposta sincera?
Sua resposta me pegou de surpresa, mas respondi:
— Sim, claro!
— Tenho sido assombrado, de modo bom, pelas palavras que você me
disse seis meses atrás.
— O que você tem feito em relação a isso?
Com uma risada, ele disse rapidamente:
— Estou dando o meu couro para aumentar meu patrimônio para 35
milhões de dólares a fim de construir o Reino.”
— Que bom.”
Stan havia agarrado a realidade de que ele não é um espectador no
avanço do Reino de Deus, mas sim um participante ativo. Ele pegou a visão,
que muitos não têm, de que suas habilidades são valiosas para a eternidade,
e não só para o que é temporário. Agora ele entende completamente que
recebeu dons para um propósito maior do que si mesmo e sua família.
Sou muito grato por ele ter sido tão direto, sincero e humilde. Essas
características abriram seu coração para receber a verdade que mudaria sua
vida. E, por causa de seu testemunho, não só sua vida, mas muitas outras
foram transformadas.
O entendimento de Stan agora se tornou sua motivação para multiplicar
e exemplificar o principal propósito deste livro. Conversando com outros
crentes ao longo dos meus anos de viagem, o vasto número que pensa como
Stan é uma realidade chocante. Na realidade, eu diria até que é a maioria.
Muitos não são tão diretos como Stan em admitir, mas à medida que a
conversa segue, a desconexão é descoberta.
Se você questiona o seu propósito com pensamentos parecidos, fico
muito feliz que você esteja com este livro nas mãos. Minha sincera esperança
é que o seu paradigma também seja mudado.
CONECTANDO OS PONTOS 15

Assim como Stan, seja sincero consigo mesmo. Isso o ajudará a


conectar os pontos. Com uma postura de humildade, você descobrirá e
crerá firmemente em multiplicar os seus dons para o avanço do Reino.
Você é tão chamado por Deus assim como o seu pastor ou eu. O seu
chamado é tão legítimo como o do grande Billy Graham ou qualquer
outro ministro conhecido.
Nós iremos discutir sobre como descobrir, desenvolver, eo mais
importante, como multiplicar os seus dons a fim de aumentar o seu
chamado específico. A Palavra de Deus e as histórias contidas neste livro
irão edificar a sua fé a fim de ampliar grandemente a sua eficácia. Eu passei
por isso; aconteceu comigo enquanto eu digitava e editava este livro.

NASCIDO DE PROPÓSITO PARA UM PROPÓSITO


Vamos iniciar examinando uma parte muito familiar das Escrituras:
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês,
é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. (Efésios
2:8-9)

O foco desses dois versículos é a graça de Deus. É claro, muito claro,


que somos salvos pela graça e isto é um dom de Deus. A igreja do século
XXI tem feito um excelente trabalho em comunicar esta verdade. Nunca
podemos trabalhar duro, viver puramente ou sacrificar o bastante para
conquistar o privilégio de passar a eternidade com o nosso Criador, o
Deus Todo-Poderoso. Este versículo familiar tem sido uma das, se não a
principal, referência para a revelação desta importante verdade. Entretanto,
há uma negligência em relação ao que vem a seguir:
Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos
boas obras, as quais Deus preparou antes para que nós as devêssemos
praticar. (Efésios 2:10, tradução livre do inglês NKJV)

Perceba que a palavra após o versículo nove é porque. Esta palavra é


uma conjunção, que liga as duas frases. Em outras palavras, o início do
16 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

pensamento não é completo por si só. A palavra porque significa “por causa
disso”, então o versículo 10 não deveria ser deixado de fora quando citamos
o 8 e o 9. Senão, não entenderemos o significado completo do que está
sendo comunicado.
O versículo 10 declara que somos obra-prima Dele criada para um
propósito: produzir boas obras. Então, basicamente, nesses três versículos
Paulo está dizendo:
Somos salvos pela graça para primeiro sermos alguém, filhos de Deus; e
somos igualmente empoderados por essa mesma graça para fazer algo.

Não podemos nunca enfatizar demais uma verdade a ponto de


negligenciar outra. Porém, deixe-me enfatizar logo que quem nós somos
em Cristo Jesus está acima do que fazemos, pois tudo que fazemos deve fluir
de quem somos.
É fácil esquivar-se do aspecto “fazer algo”, pois nos alivia de qualquer
pressão de trabalhar para edificar o Reino. A triste realidade é, no entanto, que
o nosso trabalho é o que nos energiza. Jesus diz: “A minha comida é fazer a
vontade Daquele que me enviou e concluir Sua obra” (João 4:34). Ele também
diz: “Assim como o Pai me enviou, eu os envio” (João 20:21). Juntando essas
duas declarações Dele, vemos claramente que nossa comida é fazer e concluir
a vontade de Jesus que nos envia. A comida é o que nos fortalece. Se não
comemos, nós nos tornamos fracos e podemos fazer poucas coisas.
Agora vamos trazer isto para a nossa vida espiritual. Se não fizermos
a vontade de Jesus que nos envia, nós nos tornamos fracos. Ficamos
vulneráveis à tentação.
Em mais de quarenta anos de caminhada com Jesus, tenho percebido que
uma das principais causas de pessoas se afastarem da fé é a falta de “fazer”.
Elas se tornam preguiçosas e ociosas em relação a seu chamado e, antes
que percebam, encontram-se em embriaguez complacente, imoralidade
ou entregues a interesses que as atraem ao estilo de vida do mundo. Elas
perdem sua força espiritual. Aqui está a conclusão:
CONECTANDO OS PONTOS 17

Aquilo que fazemos nos fortalece.

Portanto, permita-me reafirmar a verdade desses três versículos: Você


nasceu de novo através do dom gratuito da graça de ser um filho de Deus,
e foi igualmente capacitado por essa mesma graça para fazer algo. A Bíblia
declara que Deus planejou cada uma das nossas obras de antemão. Davi
escreve:
Os Teus olhos viram o meu embrião; todos os dias determinados
para mim foram escritos no Teu livro antes de qualquer deles existir.
(Salmos 139:16)

Deus planejou coisas para você fazer mesmo antes do seu nascimento.
Na verdade, Ele registrou cada uma dessas obras num livro! Podemos
imaginar como esse livro deve ser enorme, pois cada momento de nossas
vidas está registrado nele. Essas tarefas que Ele planejou para nós giram em
torno de edificar Seu Reino. Seu desejo mais profundo é que cumpramos
o plano Dele para a nossa vida, mas não é garantido que vamos cumpri-lo.
Note em Efésios 2:10 a palavra devêssemos. Não diz que iremos praticá-las,
mas sim “que devêssemos praticá-las”. É que nosso livre arbítrio entra no
jogo. Deus planejou previamente nossas obras, mas cabe a nós caminhar
no que Ele planejou.
Estou firmemente convencido de que quando nos apresentarmos
diante de Jesus no trono do julgamento (onde seremos recompensados
pelo nosso trabalho como cristãos ou sofreremos perda pela nossa
negligência), Ele abrirá esse livro e dirá: “Vamos comparar a forma como
você realmente viveu com o plano original que Eu e meu Pai tínhamos
em mente para você.” (A respeito do julgamento, está escrito em dois
locais diferentes na Bíblia que os “livros foram abertos”. Veja Daniel 7:10
e Apocalipse 20:12). Creio que esses livros foram escritos por Deus sobre
nossa vida antes de nascermos. Com relação a nosso chamado específico,
não seremos julgados pelo que fizemos, mas pelo que fomos chamados a
fazer. Isso é sério.
18 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Neste momento, talvez você esteja um pouco em pânico. Por favor


não fique assim! Há três coisas importantes para notar: Primeiro, Deus
está mais apaixonado que você por completar o que Ele o chamou para
fazer, então Ele não esconderá os planos Dele de você. Ele deseja que
você saiba o seu chamado mais do que você deseja! Segundo, o processo
de crescer e atingir a plenitude do seu chamado é uma jornada, não um
acontecimento único, então lute contra a impaciência. Terceiro, neste livro
você encontrará revelações vindas da Bíblia e de experiências a fim de
descobrir e desenvolver o seu chamado.
Para ajudar a ilustrar, considere o seguinte exemplo. Suponha que eu
seja um planejador de cidades e deseje construir um magnífico complexo
residencial, recreativo e comercial perto do centro da cidade. Ser o
planejador da cidade faz de mim o designer chefe, então eu organizo o plano
principal com desenvolvedores e arquitetos habilidosos. Nesse complexo,
eu quero que haja áreas de recreação, passeios de diversão, quadras de
esportes, chafarizes, áreas de descanso e trilhas para caminhada. Também
quero incorporar lojas com condomínios em cima, restaurantes, cinemas, e
outros realces criativos para tornar nosso complexo algo único.
Quando o design estiver completo, eu então determino de quais
empreiteiros precisarei para realizar os diferentes aspectos do plano
principal. Contrato esses empreiteiros variados e lhes dou os prazos para
suas tarefas. O projeto está pronto para iniciar.
Se todos os empreiteiros fizerem exatamente o que eu pedir, o enorme
projeto será construído perfeitamente e correrá tudo em paz. No entanto, e
se alguns dos empreiteiros não fizerem desse projeto uma prioridade? E se
aceitarem a tarefa, mas no tempo separado para a construção, usarem suas
habilidades para trabalhar em outras tarefas? E se forem pescar, jogar golfe,
e assistir esportes com tanta frequência que a missão fica negligenciada?
E se os outros forem preguiçosos e não levarem o trabalho a sério? Se eu
depender totalmente desses empreiteiros originais, o projeto não terminará
no prazo. Na verdade, pode ser que não termine nunca.
CONECTANDO OS PONTOS 19

A escolha do que fazer com o tempo e talentos que possuem cabe aos
empreiteiros. Porém, como planejador da cidade, não irei aceitar grandes
atrasos ou a possibilidade de o projeto nunca ser terminado. Ao contrário,
terei que trazer outros para fazerem o trabalho.
Qual é o resultado? Os empreiteiros originais não recebem a recompensa
de serem parte da equipe que constrói o belo complexo. Não poderão
mostrar a seus filhos, netos e amigos a parte deles no lindo foco do centro
da cidade. Seus filhos não poderão contar para os outros do que seus pais
fizeram parte. Eles também perderão a recompensa de serem pagos pelo
trabalho.
Você pode ver esse mesmo princípio exemplificado por toda a Bíblia.
Deus tem um grande plano para a construção de Seu Reino. Porém, ao
longo da história, Deus tem tido que trabalhar com pessoas que não
tem cumprido o desejo Dele. Portanto, Ele frequentemente tem tido
que ajustar Seu plano original. (Falo em termos humanos porque Deus
conhece o fim desde o início. Ele não é preso ao tempo.) Então, “mudar”
o plano não é nenhuma surpresa para Ele. Ele sabia de antemão o que
Seus trabalhadores iriam escolher. Ele já estava preparado com as
substituições.
Aqui estão alguns dos muitos exemplos disso nas Escrituras. Vemos isso
com o pai de Abraão, Terá. (Nosso filho mais novo, Arden, recentemente
me lembrou dessa verdade). A maioria de nós sabe que Abraão nasceu e
cresceu em Ur dos Caldeus antes de Deus chamá-lo para ir para a terra
de Canaã. O fato menos conhecido é que se olharmos bem para Terá,
descobriremos que ele era mais provavelmente o escolhido no plano
original para fazer isso. Veja:
Terá tomou seu filho Abrão, seu neto Ló, filho de Harã, e sua nora
Sarai, mulher de seu filho Abrão, e juntos partiram de Ur dos caldeus
para Canaã. Mas, ao chegarem a Harã, estabeleceram-se ali. Terá viveu
205 anos e morreu em Harã. (Gênesis 11:31-32)
20 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Há duas coisas para considerar aqui. Primeiro, por que um homem, sem
razão nenhuma, tiraria sua família de Ur e viajaria quase mil quilômetros
em direção a, dentre todos os lugares, terra de Canaã? A viagem a camelo
é lenta e árdua. Com mulheres e crianças, provavelmente demorou meses.
Terá não podia acessar a internet e ver fotos e ler artigos sobre Canaã ser
um bom lugar para morar e trabalhar. Ele não descobriu através de posts
nas redes sociais. Teria que ter uma razão para essa mudança distinta e
distante.
Em segundo lugar, se ele estava indo para Canaã, por que se acomodou
em Harã? Por que não completou sua jornada até o destino final? Será que
ficou tentado a não concluir? Será que enfrentou desejos que interferiram,
dificuldades, outras distrações, ou um membro da família se cansou da
viagem? Será que ele viu mais chances de oportunidades em Harã e não
quis arriscar perdê-las por causa de uma “simples” palavra de Deus?
Ao considerar tudo isso, será que podemos concluir que Terá era a
primeira escolha de Deus para ser “o pai de muitas nações”? Será que ele
também foi originalmente chamado para ser o pai da fé, um termo agora
atribuído a Abraão (ver Romanos 4:16-17)?
Terá decidiu não percorrer a distância; ele se acomodou em Harã. Eu
acredito que se ele tivesse permanecido no caminho, hoje leríamos sobre
suas aventuras e sua aliança com Deus. Creio que Israel o teria chamado de
pai e que a Bíblia iria se referir a Jesus como “a semente de Terá” em vez de
“a semente de Abraão” (ver Gálatas 3:16).
Outro exemplo de mudança do plano de Deus é o juiz e o sumo sacerdote
Eli. Ele e seus descendentes receberam a tarefa de serem os sacerdotes que
se aproximariam de Deus no lugar do povo. Porém, um profeta enviado a
Eli declarou:
Portanto, o Senhor, o Deus de Israel, declara: ‘Prometi que a sua
família e à linhagem de seu pai seriam Meus sacerdotes para sempre’.
Mas agora o Senhor declara: ‘Longe de mim tal coisa! Honrarei aqueles
CONECTANDO OS PONTOS 21

que me honram, mas aqueles que me desprezam serão tratados com


desprezo. É chegada a hora em que eliminarei a sua família, e vocês
não servirão mais como Meus sacerdotes. (1 Samuel 2:30-31, tradução
livre do inglês)

A desobediência de Eli afetou tanto a ele como seus descendentes. Se


ele tivesse andado de forma honrosa diante de Deus, o sacerdócio teria
continuado no clã de Eli.
Ainda outro exemplo, são os reis de Israel. O primeiro seria o filho
de Davi, Salomão. Deus lhe disse: “Já que essa é a sua atitude e você não
obedeceu à minha aliança e aos meus decretos, os quais lhe ordenei,
certamente lhe tirarei o reino e o darei a um dos seus servos” (1 Reis 11:11).
Se Salomão tivesse continuado fiel no final de seu reinado, o reino nunca
teria sido tomado de seu filho, Roboão. A maior parte do reino foi dada a
Jeroboão, mas depois ele também foi infiel. Deus lhe disse:
Tirei-o dentre o povo e o tornei líder sobre Israel, o Meu povo. Tirei o
reino da família de Davi e o dei a você, mas você não tem sido como
o Meu servo Davi, que obedecia aos Meus mandamentos e Me seguia
de todo o coração, fazendo apenas o que Eu aprovo... você provocou
a Minha ira e voltou as costas para Mim. Por isso, trarei desgraça à
família de Jeroboão. (1 Reis 14:7-10)

Jeroboão teria tido uma dinastia duradoura se não tivesse feito mau
uso de sua posição e seus dons para benefício próprio em vez do Reino de
Deus. Uma mensagem similar foi dada ao Rei Baasa de Israel (ver 1 Reis
16:1-7), assim como a outros a quem foram confiadas responsabilidades.
Aqui está o meu ponto: Muitas vezes, nossa infidelidade ao chamado
de Deus sobre a nossa vida não afeta somente a nós, mas também nossos
descendentes. Com Terá, não afetou, mas com muitos outros sim.
Vemos uma situação parecida dentre os profetas. Eliseu serviu a Elias e
recebeu porção dobrada do que estava sobre a vida de Elias. Porém, anos
depois, o servo de Eliseu, Geazi, que era o próximo da fila a caminhar no
22 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

dom profético, perdeu o foco do que era importante e se afastou. Ele ficou
leproso e deixou o serviço para o qual havia sido originalmente chamado
(ver 2 Reis 5:20-17). Um novo servo (cujo nome não é revelado) foi colocado
em seu lugar para auxiliar Eliseu.
No Novo Testamento, vemos o mesmo com Judas Iscariotes. Porque ele
fez mau uso de seu chamado e dos dons que lhe foram confiados, teve que
ser substituído. Pedro disse aos discípulos no cenáculo: “Está escrito no
livro de Salmos: ‘...Que outro ocupe seu lugar.’ Portanto é necessário que
escolhamos um dos homens que estiveram conosco...” (Atos 1:20-21)
Que triste e trágico! É preocupante pensar no arrependimento que
muitos terão porque escolheram não administrar o chamado ou os dons
sobre suas vidas de maneira digna.
Voltando ao aspecto positivo, você, querido leitor, nasceu de propósito
com um propósito. A sua vida tem grande valor na construção do que é
eterno. Não é o desejo de um mero humano, mas uma determinação do
próprio Deus.

VOCÊ DETERMINA A SUA EFICÁCIA


Aqui vai uma realidade chocante: A sua eficácia não depende de Deus,
mas de você. Isso pode soar arrogante se você colocar todos feitos da sua
vida na cesta da “soberania de Deus”. Eu lhe afirmo, no entanto, que não é
arrogante e que essa declaração não tira nada da soberania de Deus. É um
testemunho da confiança Dele em nós, e Seu desejo de que Seus filhos e
filhas exercitem o livre arbítrio que Ele nos deu.
Vejamos novamente uma parte do versículo da abertura deste capítulo:
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria... os seus dias serão
multiplicados, e o tempo da sua vida se prolongará. Se você for sábio, o
benefício será seu. (Provérbios 9:11-12)

Essa verdade é tão encorajadora e poderosa! O que significa seus dias


serão multiplicados? Não pode significar alongar a sua vida; o versículo já
CONECTANDO OS PONTOS 23

aborda isso com a frase “o tempo da sua vida se prolongará”. Não pode
significar nada além de aumentar a sua eficácia a cada dia. Ou seja, você
terá um dia mais produtivo do que alguém sem a sabedoria de Deus.
Você provavelmente já ouviu o provérbio “Se o machado está cego e sua
lâmina não foi afiada, é preciso golpear com mais força; agir com sabedoria
assegura o sucesso” (Eclesiastes 10:10). A sabedoria é o foco aqui. Você não
será tão eficaz ou produtivo com um machado cego (falta de sabedoria).
Pelo contrário, você poderá cortar muito mais árvores com um machado
afiado (vivendo com sabedoria). Você irá multiplicar os seus esforços
usando a mesma força.
A sabedoria de Deus é muito importante. Irei compartilhar uma história
mais adiante neste livro sobre um amigo meu que foi um cristão ineficaz
durante décadas e eventualmente ficou farto de seu estado letárgico. A
primeira coisa que ele fez foi mergulhar nas Escrituras por seis meses. Isso
lhe deu a sabedoria para ser mais eficaz, e você irá ficar maravilhado com
a história dele.
Não só para o meu amigo, mas é para todos nós que a Bíblia diz: “Adquirir
sabedoria é a coisa mais importante que você pode fazer” (Provérbios 4:7,
tradução livre do inglês GNT). Eu amo essa frase. Quando você passar a
realmente acreditar nela, você dedicará o seu tempo e a sua energia para
adquirir sabedoria. Porém, a grande verdade de Provérbios 9:11-12 é essa:
Quando você adquire sabedoria, o benefício é seu!
A sabedoria de Deus sobre a qual eu escrevo neste livro levou anos
de busca, procura, e ouvir pessoas, juntamente com experiências tanto
negativas como positivas. Porém, como você verá, não só eu, mas outros que
tive o privilégio de entrevistar têm andado em sabedoria e dado tremendos
frutos. Posso apenas ter a esperança de que, num curto período de tempo,
você receberá o que levei anos para obter, e você irá muito mais longe com
essa sabedoria do que eu fui. É uma questão do Reino. Somos todos um,
então se o benefício é seu, é meu também. Se você for mais longe do eu, a
24 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

vantagem também será minha, pois somos um. Estamos todos trabalhando
por um propósito comum e para a glória de um Rei.

O SEGREDO ESCONDIDO
Entremos em transição para o próximo capítulo com a seguinte
pergunta: Você estaria interessado em conhecer um segredo escondido do
qual a maioria das pessoas não estão cientes e que irá impulsionar as suas
habilidades além do que você já experimentou?
Eu acho que sim! E a questão é que é um segredo. É uma verdade
escondida que estamos prestes a revelar.

REFLETINDO
1. De acordo com Efésios 2:10, antes mesmo de nascermos,
Deus já havia planejado coisas para fazermos. Você já buscou
conhecer esses planos? O que o tem impedido de descobrir?

2. Você nasceu de propósito com um propósito. Com base na


história de Stan, como você vê os seus dons e habilidades? Você
os vê como importantes para a construção do Reino de Deus?
Ou você, assim como Stan, tem falhado em conectar os pontos?

3. Fazer a vontade de Deus nos fortalece. Aquilo que você está


fazendo com a sua vida agora o fortalece? Você tem paixão pelo
trabalho que tem feito? Se não, por que lhe falta satisfação?
Tendo diferentes dons de acordo com
a graça que nos foi dada, usemos
cada um deles.

Romanos 12:6
2

HABILIDADES
TRANSFERIDAS

E
u tenho um amigo, Jim, que treinou um time de basquete feminino
do Ensino Médio por dezoito anos. Em todo esse tempo, elas
não conseguiram vencer o campeonato estadual. Ano após ano,
o time era derrotado pelo regional nas finais ou, se conseguisse chegar ao
torneio estadual, era eliminado antes da primeira rodada.
Jim compartilhou comigo: “Eu estava frustrado e pronto para desistir,
porém naquela época eu descobri o poder da graça de Deus.”
Jim tomou uma decisão firme. Ele não iria mais treinar o time pela sua própria
força, como havia feito por dezoito anos, mas iria depender completamente
da graça de Deus. Ele perguntou ao Senhor o que fazer, e a resposta de Deus
foi: “Reestruture os seus treinos. Em vez de noventa minutos no chão, passe
quarenta e cinco minutos no vestiário lendo a Bíblia, compartilhando e orando,
e depois passe os últimos quarenta e cinco minutos no chão.”
Jim me disse: “John, aquilo parecia nada produtivo. Nós precisávamos
treinar habilidades e jogadas; eu precisava de cada um daqueles noventa
minutos de treino. Mas eu sabia que havia ouvido de Deus.”
Continuando a história: “Então passei a nova estratégia para as meninas.
Elas acharam um pouco religiosa demais e uma ideia boba. Algumas
ficaram até frustradas quando a ouviram pela primeira vez, mas depois que
compartilhei o que tinha no meu coração, elas ficaram convencidas.”
28 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Com um sorriso no rosto, Jim disse: “Naquele ano nós vencemos o


campeonato estadual de basquete pela primeira vez. Como se não fosse o
bastante, no ano seguinte vencemos novamente.”
Mais adiante, ele também comentou sobre o segundo campeonato
estadual: “Foi surpreendente, pois perdemos todos os layups na partida
final. Nunca deveríamos ter vencido com todas aquelas jogadas perdidas!
No entanto, após revisar as estatísticas, percebemos que lançamos um
recorde de cestas de três pontos naquele jogo. As cestas de três pontos
compensaram todos os layups perdidos e nos deram a pontuação que
precisávamos para vencer.”

EMPODERAMENTO
Jim buscou sabedoria divina; na realidade, foi a mesma revelação que
Paulo descobriu: uma que noventa por cento da igreja do século XXI não
tem. A revelação é essa: a graça bíblica não é somente o dom da salvação
de Deus, mas Seu empoderamento para nossa vida. Examine as palavras
de Paulo, mas tenha em mente que essas palavras são uma citação exata
da boca de Deus: “Minha graça é suficiente para você, pois o Meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza” (2 Coríntios 12:9).
Não há dúvidas nem nada cinza aqui. Deus se refere diretamente à Sua
graça como sendo Seu empoderamento. A palavra fraqueza no versículo
acima significa “inabilidade”. O Senhor declara a Paulo, e também a mim
e você: “Meu empoderamento (graça) é otimizado em situações que estão
além da sua capacidade natural.”
Dezoito anos de trabalho árduo de Jim, tentando de tudo para levar
as meninas para um campeonato, e aonde tudo isso levou? A nada além
de anos de derrota. Porém, a agonia e as várias decepções valeram a pena
em face da sabedoria que Jim finalmente descobriria: A graça de Deus nos
empodera para ir além de nossa capacidade natural.
Numa carta diferente, Paulo faz uma declaração ousada: “Eu tenho
trabalhado mais do que qualquer outro apóstolo.” Uau, ele realmente
HABILIDADES TRANSFERIDAS 29

escreveu isso? Pense em quem está incluso nessa lista: Pedro, Tiago, João,
Barnabé, Apolo e vários outros. Soa um pouco arrogante, mas se lermos o
restante de sua declaração, perceberemos que não:
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não
foi inútil; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas
a graça de Deus comigo. (1 Coríntios 15:10)

Paulo está se gabando do empoderamento de Deus, não de sua própria


capacidade, então não há nenhuma ostentação pessoal envolvida. Ele
dependia da graça para realizar sua missão divina. Após anos de frustração
e por fim um final brilhante como treinador, Jim agora depende do
empoderamento (graça) de Deus para ir além de suas próprias habilidades.
Ele tem levado essa sabedoria a todos os aspectos de sua vida; seu machado
tem sido afiado!
Com isso em mente, retornemos à nossa missão individual. Mais uma
vez, a Palavra de Deus declara: “Porque somos criação de Deus realizada em
Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou antes para que
nós as devêssemos praticar” (Efésios 2:10, tradução livre do inglês NKJV).
O próprio Deus preparou a sua missão, mesmo antes de você nascer. Esse
chamado personalizado é o que lhe dará a verdadeira plenitude; nenhum
outro trabalho ou entretenimento lhe dará essa satisfação completa! É o seu
propósito e é extraordinário em magnitude. Na realidade, há uma verdade
crítica que devemos saber a respeito de sua realização:
O seu destino, que Deus preparou para você, está além da sua
capacidade natural!

Permita-me deixar bem claro. É totalmente impossível cumprirmos


nossa missão divina com nossas próprias habilidades. Como eu sei que isso
é verdade? Porque Deus declara firmemente que Ele não dividirá Sua glória
com ninguém (ver Isaías 48:11). Se fosse para realizarmos nosso chamado
divino com nossa própria capacidade, então Deus teria que compartilhar
30 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Sua glória conosco, e Ele não o fará! Deus intencionalmente fez com que
nosso chamado fosse além da nossa habilidade natural para que tivéssemos
que depender de Sua graça para cumpri-lo!

HABILIDADES ESPECÍFICAS
A próxima pergunta que devemos fazer é se existem dons específicos da
graça. Em outras palavras, da mesma forma que a graça nos empodera para
vivermos além da nossa capacidade natural, existem habilidades únicas
que recebemos de Deus a fim de nos equipar para uma missão específica?
Permita-me responder com alguns exemplos. Roger Federer poderia
nunca ter se tornado um dos maiores jogadores de tênis do mundo se não
tivesse nenhum acesso a uma raquete e bolas de tênis. O melhor artesão
marceneiro da cidade nunca teria sido descoberto se não tivesse nenhuma
ferramenta. Nunca saberíamos quem foi Michelangelo se ele nunca tivesse
tido acesso a cinzel, pincel ou tinta. O mesmo é verdadeiro para nosso
chamado divino?
Duas histórias breves ajudarão a esclarecer. Quando eu comecei no
ministério, conheci um líder de louvor excepcional. Aquele cavalheiro
liderava o louvor para um evangelista mundial famoso em meados da
década de cinquenta. O evangelista faleceu na década de setenta e esse líder
de louvor lançou seu próprio ministério.
Ele frequentava nossa igreja nos anos oitenta, e muitas vezes eu me
deparava simplesmente observando e escutando admirado; ele era muito
talentoso! Ele conseguia tocar o piano como poucos que já ouvi, e sem
nenhum esforço aparente. Muito rapidamente, ele conseguia motivar
3.500 pessoas a ficarem de pé, cantando e dançando. Quando esse
ministro louvava a Deus, toda a atmosfera mudava; ficava repleta da
presença de Deus.
Nas últimas vezes que ele veio ministrar, eu tive o privilégio de ser seu
anfitrião. Nesse tempo juntos, eu lhe fiz perguntas porque queria saber
mais sobre as habilidades que Deus tinha dado a ele. Descobri que sua
HABILIDADES TRANSFERIDAS 31

mãe, uma mulher de Deus muito dedicada, orava muitas horas por dia. Ele
disse: “John, quando eu estava no ventre da minha mãe, um homem (sua
mãe cria que era um anjo) veio à nossa casa um dia. Aquele homem, que
minha mãe nunca tinha visto antes, disse: ‘O seu filho irá levar multidões à
presença de Deus e irá tocar piano habilidosamente bem jovem.’”
Então veio a parte da história que me deixou pasmo, tornando-a
inesquecível. Quando ele era criança, um dia sentou-se no piano de seus
pais e começou a tocar perfeitamente, sem ter aula nem praticar antes.
Não era um “dó-ré-mi”, mas uma canção complexa que somente alunos
experientes de piano encarariam. E, é claro, ele tocou sem partitura.
Daquele dia em diante, ele passou a tocar com muita habilidade, sem
nunca ter lido uma nota musical; ele tocava todas as músicas de ouvido. Ele
era capaz de ouvir uma canção e tocá-la dentro de instantes.
Seu ministério começou quando era adolescente, tocando nos principais
cultos da igreja de sua cidade. Eventualmente, seu dom abriu as portas para
que ele tocasse para o famoso evangelista.
É muito óbvio que ele tinha um dom, uma habilidade divina.
Outra pessoa conhecida e bem-dotada é Akiane Kramarik. Sem nunca
ter tido aulas de arte, ela começou a desenhar de forma excepcional aos
quatro anos de idade. Aos seis anos de idade, ela começou a pintar objetos
complexos assim como suas próprias visões singulares. Aos oito anos
de idade, ela pintou o agora famoso Príncipe da Paz, um retrato que fica
pendurado atrás da minha mesa.
É muito óbvio que ela tem um dom, uma habilidade divina.
Por que apenas alguns recebem dons? Ou será que é esse mesmo o caso?
A pergunta que deveríamos fazer é: Alguns, muitos, ou todos os filhos
de Deus recebem dons? Vejamos mais uma vez o versículo de abertura
deste capítulo na versão New Living Translation em inglês:
Em Sua graça, Deus nos deu diferentes dons para fazer bem certas
coisas. (Romanos 12:6)
32 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Vemos duas palavras importantes, porém distintas, neste versículo


da Bíblia. A primeira nós já abordamos: graça é a palavra grega charis.
Adicionemos a sílaba ma à palavra charis e formamos outro vocábulo grego:
charisma; é a palavra para dons no versículo mencionado anteriormente, e
será o nosso foco.
Em anos estudando dicionários gregos e examinando o contexto no
qual charisma é usada no Novo Testamento, criei uma definição:
Charisma: Uma dotação específica da graça que empodera um
indivíduo com uma habilidade especial.

Essa habilidade é, na realidade, uma capacidade divina que Deus confia


a um indivíduo e sempre excede a habilidade natural padrão. Alguns dons
são claramente sobrenaturais. Por outro lado, outros parecem habilidades
humanas naturais, mas na verdade, são extraordinários. Alguns dons são
recebidos no nascimento, e outros são dados num tempo específico pela
Palavra do Senhor.

CHARISMA PARA ESCREVER


Permita-me começar a explorar a palavra charisma usando minha vida
como exemplo. (Já escrevi brevemente sobre essas histórias pessoais num
livro anterior, Movido pela Eternidade).
O charisma sobre a minha vida é escrever. A menos que você tenha
acompanhado nosso ministério por muitos anos, você provavelmente não
sabe que inglês, redação e idiomas estrangeiros eram minhas piores matérias
na escola. Às vezes acho que meus professores de inglês me passavam de
ano só para não terem que me aturar mais um ano!
Quando minha classe recebia uma tarefa de redação de apenas uma
ou duas páginas, eu levava horas para realizar algo que deveria ser uma
tarefa rápida. Eu escrevia uma ou duas frases, ficava olhando para elas
por alguns minutos e, a cada momento que passava, eu ficava mais e mais
insatisfeito com como elas soavam patéticas e sem sentido. Por fim, eu
HABILIDADES TRANSFERIDAS 33

amassava a folha e começava tudo de novo. Eu repetia isso vez após vez,
gastando muito papel, tempo e energia mental. Lembro-me de ocasiões
em que eu estava escrevendo há uma hora e ainda não tinha os primeiros
dois parágrafos completos.
Se você duvida dessa minha avaliação pessoal, então deixe-me
compartilhar meu resultado no vestibular, o SAT. Como alguns já devem
saber, o SAT é um exame obrigatório nos Estados Unidos para entrar na
universidade. Na época em que fiz o exame, ele consistia em duas áreas
principais: matemática e verbal. A parte verbal era, basicamente, uma prova
de inglês. Testava as habilidades de leitura e escrita. A maior pontuação que
poderia ser atingida era 800. Minha pontuação na área verbal foi 370 (sim,
você leu corretamente). Transformando isso em porcentagem, eu atingi
um resultado de apenas 42%, ou seja, um F na maioria dos sistemas de
notas. Em todas as minhas viagens durante os últimos trinta anos ou mais,
conheci apenas uma pessoa que teve uma pontuação menor que a minha
na parte verbal do SAT.
Agora, vamos avançar para os meus trinta e poucos anos. Numa manhã
de verão em 1991, enquanto estava do lado de fora orando num lugar
remoto e isolado, Deus falou comigo: “Filho, quero que você escreva.”
Eu ri por dentro, dizendo: “Deus, o Senhor tem tantos de nós, filhos
e filhas, nesta terra que está se confundindo. O Senhor não quer que eu
escreva; assim como meus professores de inglês do Ensino Médio também
não queriam.”
Não tive resposta. Apenas silêncio.
Entendi o silêncio de Deus como concordância. Convenci a mim mesmo
de que aquilo não era para mim, pois não havia tido uma réplica Dele. Mas
meu coração sentia algo diferente.
Dez meses depois, duas mulheres distintas vieram até mim, de estados
diferentes, dentro de um período de duas semanas e falaram exatamente as
mesmas palavras: “John Bevere, se você não escrever o que Deus está lhe
34 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

dando para escrever, Ele dará as mensagens para outra pessoa, e um dia
você terá que prestar contas disso.”
Quando a segunda mulher do Texas falou exatamente as mesmas
palavras que a primeira mulher da Flórida havia dito, o santo temor de Deus
veio sobre mim e eu entrei em ação. Era 1992 e não existiam iPads, apenas
papel e caneta, então peguei um caderno e escrevi em letras maiúsculas no
topo: CONTRATO. Em seguida, escrevi:
Pai, eu não sei escrever bem. Então, para poder obedecê-lo, eu
preciso de graça! Se for realmente para eu escrever, então meu
pedido é que cada palavra seja inspirada pelo Seu Espírito e seja
coberta da Sua unção. Pelo que transforme homens, mulheres,
crianças, igrejas, cidades e nações. Eu faço um voto agora de lhe
dar toda a honra, o louvor, a glória e ação de graças. Eu selo este
contrato (aliança) contigo no nome poderoso de Jesus.

Seu filho e servo, John Bevere

Agora avancemos a hoje, quase trinta anos depois. Atualmente, já escrevi


mais de vinte livros cujas cópias atingiram dezenas de milhões. Muitos
deles têm estado nas listas de best-sellers tanto no mercado cristão como no
geral, nacionalmente e internacionalmente. Os livros estão em mais de cem
idiomas pelo mundo todo, e em vários países são os livros mais publicados
tantos nas categorias seculares como nas cristãs.
Em quase todo livro, eu não havia ouvido, lido nem pensado em vinte ou
trinta por cento do conteúdo escrito. Veio a mim enquanto eu digitava no
teclado. Lembro-me de várias vezes estar no meu escritório ou num quarto
de hotel e ficar impressionado com o que estava sendo digitado. Algumas
dessas vezes, eu pulei e gritei: “Uau, isso aqui está muito bom!”
Talvez você pergunte: Como você pode dizer isso? Isso é orgulho.
Minha resposta é: Eu sei de onde veio minha frase, e não foi de mim.
Eu creio totalmente que meu nome está nos livros que escrevo só porque
eu fui a primeira pessoa fora do Céu que os leu! Sei que as palavras vieram
HABILIDADES TRANSFERIDAS 35

do Espírito Santo. Não é diferente do apóstolo Paulo que também soou


um pouco arrogante quando escreveu: “tenho trabalhado mais do que os
outros apóstolos”. Isso não soa como alguém competitivo, egocêntrico e
até narcisista? No entanto, sabemos através da Bíblia que Paulo estava se
gabando do dom da graça de Deus e não de sua própria capacidade.
Eu particularmente creio que, quando Deus falou comigo em oração
naquela manhã de verão, a charisma para escrever foi derramada na minha
vida. Porém, só foi ativada quando tomei a decisão de obedecer a Deus.
Existem alguns que discutiriam este ponto e, permita-me dizer logo: não é
importante o bastante para debater. Percebo que posso estar errado no que
creio, então deixe-me dar voz ao que alguns podem contrariar.
Alguns argumentariam que o dom foi dado no momento em que nasci
de novo em 1979. Não posso abordar essa discussão por experiência porque
não tentei escrever nada entre 1979 e 1992, quando escrevi o contrato. Uma
coisa que posso dizer com certeza é que não nasci com esse dom como o
pianista que descrevi no início deste capítulo. Isso, porém, traz à tona o
ponto principal de que alguns recebem dons assim que são concebidos.
Por exemplo, sabemos que João Batista foi cheio do Espírito Santo (que
nos dá dons) dentro do ventre de sua mãe, pois reconheceu o Cristo vivo
no ventre de Maria enquanto ainda estava no ventre de sua mãe Isabel (ver
Lucas 1:41). Trinta anos depois, foi aquele mesmo dom em João que o fez
reconhecer Jesus (antes de qualquer outra pessoa) quando Ele veio ser
batizado (ver João 1:29).
Por outro lado, alguns dons vêm depois. Saul, filho de Kish, foi um
homem que não iniciou a vida profetizando. Isso não aconteceu antes de
Samuel ungi-lo com óleo para ser o primeiro rei de Israel quando ele era um
jovem rapaz. Samuel declarou que Saul depois veria um grupo de homens
tocando instrumentos e profetizando. Citando Samuel diretamente, “O
Espírito do Senhor se apossará de você, e com eles você profetizará e será
um novo homem” (1 Samuel 10:6).
Olhando esses dois testemunhos diferentes na Bíblia, vemos claramente que
alguns dons são dados dentro do ventre de uma mãe e outros são dados depois.
36 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

CHARISMA PARA FALAR EM PÚBLICO


Outro charisma na vida é falar em público. Compartilhar sobre este
dom irá fortalecer o seu entendimento.
A primeira vez que minha esposa, Lisa, foi me assistir ministrar
a Palavra de Deus num culto foi inesquecível. Para ser sincero, foi uma
derrota colossal, e não estou exagerando. Ela caiu no sono nos primeiros
cinco minutos da minha mensagem e continuou abrindo e fechando os
olhos o tempo inteiro. Foi uma pregação terrível. Inclusive, sua melhor
amiga, Amy, que estava sentada ao lado dela, caiu num sono tão profundo
que vi saliva escorrendo de sua boca aberta enquanto ela estava sonhando!
Sinceramente, eu era patético falando em público.
Naquela época, eu servia na minha igreja local como assistente do
meu pastor e de sua esposa (nossa igreja era muito influente nos Estados
Unidos, com mais de quatrocentos funcionários). Meu posto era cuidar das
necessidades da família do pastor e de todos os ministros convidados que
vinham à nossa igreja. Tudo preto no branco aqui; minha responsabilidade
no Reino não era o dom de oratória, mas servir por trás dos bastidores.
(Falarei disso em outro capítulo.)
Porém, eu estava tentando iniciar meu próprio ministério porque Deus
me havia mostrado que eu iria proclamar Sua Palavra para as nações do
mundo. Meu erro na época: Estava fazendo isso na minha própria força.
Além disso, eu ainda estava na estação de servir primeiro o ministério de
outra pessoa — sendo “fiel ao que é de outro homem” (ver Lucas 16:12,
tradução NKJV em inglês). Eu realmente usava todo meu tempo livre e
minha energia para produzir, enviar e divulgar minhas mensagens. (Teria
sido muito melhor se eu tivesse focado em ser um servo melhor e um
marido melhor para a minha esposa durante aquele tempo, mas nós às
vezes temos que aprender com a escola da vida.)
Em resumo, eu estava gerando um “ministério Ismael”. Por que o chamo
desse nome? Bem, há um paralelo na Bíblia. Deus disse a Abrão (Abraão),
HABILIDADES TRANSFERIDAS 37

aos 75 anos de idade, que ele seria pai de um filho prometido através do
qual ele um dia se tornaria o pai de muitas nações. Dez anos depois de a
promessa ter sido feita, ainda não havia bebê nenhum, e agora ele tinha
85 anos de idade. Então Abraão e sua esposa, Sarai, inventaram um plano
para “ajudar” Deus a cumprir o que Ele havia prometido. Foi a partir desse
vão esforço humano que nasceu Ismael. Por isso, eu identifico esse tipo de
tentativa como um ministério Ismael.
É difícil de acreditar, mas algumas pessoas até me deram dinheiro. Eu me
apresentava através de uma missão com o meu nome: Ministério Bevere.
Nosso slogan era “Alcançando o Mundo através de Sua Maravilhosa Luz”.
Estou rindo da minha estupidez e imaturidade enquanto digito isso. A série
de quatro partes em vídeo cassete do nosso ministério Ismael continha
a pregação que fez minha esposa e sua amiga caírem no sono! Quantos
outros devem ter sido ninados a dormir enquanto ouviam aquela série? Eu
me arrepio só de pensar!
Acredite ou não, a história fica pior. Naquela época, meu herói era um
grande evangelista, T.L. Osborn, que agora está no céu. Ele e sua esposa
levaram mais de cinquenta milhões de pessoas à salvação durante suas
vidas. Meu desejo era padronizar minha pregação como a dele. Eu escutava
suas mensagens por horas, aprendendo seu tom de voz, suas entoações,
ensinamentos, declarações de poder, e até seu humor. Eu não era somente
um pregador original chato, mas uma terrível cópia de alguém.
T.L. era um grande comunicador. Quando ele ministrava em nossa igreja,
todos escutavam atentamente cada palavra. Certa vez, ele estava contando
sobre um grande mover de Deus em uma de suas grandes cruzadas na
África. Enquanto compartilhava conosco, ele estava tão animado com os
milagres notáveis que exclamou com entusiasmo: “Uau!” Depois pausou:
“Essa palavra é tão incrível que é a mesma de trás para frente: ‘Uau!’” Todos
riram; soou de um jeito que só ele sabia fazer.
Sendo bobo e inocente, eu peguei aquilo e comecei a falar “uau” com
frequência. Fiz da mesma forma que T.L. havia feito naquele incidente
38 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

único. O único problema é que ninguém riu, e é claro que eu não entendi.
Após quebrar a cara vez após vez em meus esforços pessoais, chegou
uma hora que quebrei. Porém, depois uma incrível mudança aconteceu.
Comecei a desfrutar de novo da minha presente posição servindo. Passei a
dar meu tempo livre ao casamento e aos amigos. A vida era completa, rica
e plena agora que todo aquele esforço havia passado. Quando encontrei
verdadeiro contentamento, foi fácil ver que todas as minhas tentativas eram
fúteis, e isso facilitou jogar fora o Ministério Bevere. Eu sabia que um dia
Deus iria trazer o que Ele havia prometido, mas não iria acontecer com a
minha iniciação.
Quando cheguei a esse lugar de paz e serenidade, adivinha; A promoção
de Deus veio dentro de meses. Fui convidado para ser pastor de jovens de
uma das igrejas que mais cresciam rapidamente nos Estados Unidos.
Nunca me esquecerei do primeiro domingo. O pastor da nossa igreja era
mundialmente renomado. Naquela época, as pessoas ficavam na fila todo
domingo por mais de uma hora no sol quente para pegar um bom assento
no nosso auditório, que lotava em todos os cultos. Sempre havia visitantes
de outros estados e nações participando de nossos cultos.
O culto estava a todo vapor. Havíamos tido um momento magnífico de
louvor. Uma das primeiras coisas que nosso pastor fez quando subiu no
altar foi anunciar para a igreja sobre o novo pastor de jovens, no caso eu.
Em seguida, para minha surpresa, ele me pediu para subir e falar com a
multidão da manhã de domingo por dois minutos.
Sem eu saber, naquele momento, minha esposa entrou em pânico.
Eu provavelmente também teria feito o mesmo se tivesse tido tempo de
pensar. Choque! Ele havia pedido que eu falasse diante de vinte e oito mil
pessoas. Lisa temeu o resultado, pois ela sabia o que estava por vir, baseado
em experiências passadas. Como iríamos nos recuperar daquele desastre
iminente? Provavelmente seria a última vez que a maioria naquele templo
iria me ouvir, pois certamente, depois daquilo, nunca mais me pediriam
para falar nada no culto principal. Todos esses medos cresciam dentro dela
HABILIDADES TRANSFERIDAS 39

enquanto eu subia no altar. Ela me disse depois que orou para que eu não
fizesse minha imitação de T.L. Osborn, principalmente meu “momento
esquisito padrão” de rotina de dizer “uau” ao contrário!
Quando eu estava lá em cima, nosso pastor sênior me entregou o
microfone. Dentro de sessenta segundos, a igreja inteira estava de pé
celebrando, aplaudindo e exclamando com entusiasmo pelo que eu estava
dizendo. Eu falei por quatro a cinco minutos, com as vinte e oito mil
pessoas de pé o tempo todo. Depois entreguei o microfone de volta ao
meu pastor e voltei para o meu lugar. Eu fiquei tremendo durante os cinco
minutos seguintes por causa da adrenalina, ou da presença de Deus, ou
provavelmente os dois.
Minha esposa ficou estonteada, sem acreditar no que havia acabado
de acontecer. Ela me disse após o culto: “John, eu pensei, quem acabou de
habitar no corpo do meu marido?”
Nós havíamos morado no Texas durante minha primeira posição no
ministério, mas essa nova igreja era na Flórida. Por anos, a forma que
ela descrevia para os outros o que havia acontecido era: “John se tornou
outro homem no momento em que cruzamos a fronteira da Flórida.” Uma
declaração parecida foi feita a respeito de Saul quando o dom de Deus veio
sobre sua vida (ver 1 Samuel 10:6).
Desde aquela época, tenho pregado, ensinado e ministrado diante do
público e na maioria das vezes o tenho feito com facilidade (explicarei
as vezes difíceis mais adiante). Não é mais um parto fazer isso. Acontece
sem o esforço que eu vivenciava nos meus dias de Ismael. Os resultados
diferentes entre os tempos de Ismael e os tempos de Isaque eram vastos
como a noite e o dia.
Vamos avançar para oito a dez anos depois daquele primeiro domingo
na Flórida. Nessa época, a Messenger International estava bem estabelecida.
Estávamos fazendo uma limpa na nossa garagem. Enquanto lidávamos
com caixas e baldes, encontramos a fita original daquela série de pregações,
incluindo aquela que fez Lisa e sua amiga cair no sono. Sem hesitar, eu me
40 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

virei para jogá-la no lixo. De repente, ouvi o Espírito Santo dizer:


— Filho, não jogue essa fita fora.
Eu rapidamente me opus:
— Por que não? É terrível; ninguém nunca mais deveria ouvir essa
mensagem de novo. Deveria ser destruída.”
Novamente ouvi:
— Não faça isso
Sabendo muito bem que havia ouvido de Deus, eu retruquei:
— Por quê?
— É proteção para você — o Senhor disse muito claramente ao meu
coração.
— Proteção?
Então veio a sabedoria:
— Filho, quero que você sempre saiba que é um comunicador terrível
sem Mim.
A cada ano que passa, reconheço mais o fator “proteção”. Nas últimas
três décadas, o dom tem operado poderosamente, produzindo uma
abundância de frutos. Em inúmeras ocasiões, testemunhei atmosferas
mudarem, erupções de revelações, salvações incontáveis, e a manifestação
de vários milagres. Muitos comentam o quanto suas vidas ou suas igrejas
mudaram permanentemente. Com todo esse fruto, teria sido fácil pensar
que eu tenho algo a ver com isso, mas posso sinceramente dizer com o
apóstolo Paulo: “contudo não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Coríntios
15:10). Em todos esses anos, não esqueço do tão terrível que eu era sem o
charisma de Deus.

VOCÊ TEM UM DOM?


Esses são dois dons que estão sobre a minha vida para servir e edificar
outros. Você se identifica com as dificuldades que eu passei? Talvez elas
façam as suas lutas de encontrar o charisma de Deus na sua vida parecerem
mais normais. Ou talvez, enquanto você lia minhas histórias, tenha ficado
HABILIDADES TRANSFERIDAS 41

frustrado porque pensou, Eu não tenho nenhum dom. Eu lhe garanto que
você tem, e se tornará mais claro nos próximos dois capítulos.
Eu prometi responder à pergunta: Alguns, muitos ou até todos os filhos
de Deus recebem dons? A resposta imediata é sim! E irei provar isso através
das Escrituras em breve. Não irei apenas abordar esta pergunta, mas antes
do final deste livro, você terá uma ideia firme de como localizar o seu
charisma, desenvolvê-lo e operar nele, e então multiplicar a sua eficácia em
construir o reino de Deus.

REFLETINDO
1. A graça bíblica não é apenas o dom da salvação de Deus, mas
Sua capacitação para nossa vida. Como você tem visto a graça
de Deus? Após ler este capítulo, como o seu entendimento sobre
a graça mudou?

2. O seu destino, que Deus preparou para você, está além da sua
capacidade natural. Por que Deus fez dessa forma? Como você
pode acessar a graça empoderadora de Deus que está disponível
em abundância para a sua vida?

3. Alguns, muitos ou até todos os filhos de Deus recebem dons?


Quais dons e habilidades você já recebeu? Como você acha que
esses dons podem ser benéficos para os outros?
Seja sincero na sua avaliação de si mesmo.

Romanos 12:3
3

AVALIE A SI MESMO
COM SINCERIDADE

A
gora que já compartilhei sobre a dificuldade de identificar e
caminhar no charisma em minha vida, quero falar brevemente
sobre quais dons eu não tenho.
Seria impossível fazer uma lista cansativa aqui, pois são vários. O
primeiro da lista é cantar e tocar instrumentos musicais. Toda vez que
canto em casa, minha esposa e meus filhos educadamente, mas em tom
firme, pedem que eu cante para mim mesmo.
Durante a educação física no ensino médio, quando íamos para os
chuveiros do vestiário, eu cantei só uma vez. A reação foi intensa; alguns
rapazes gritaram em uníssono mandando eu calar a boca, e um menino, de
brincadeira, jogou um shampoo em mim.
Meus pais deram aulas de piano para todas as crianças da família. Minha
professora era pianista profissional, bem renomada em nossa cidade. Ela
havia seguido carreira dando aula de piano e era muito boa. Porém, após
quatro anos difíceis de aula, ela foi até meus pais e implorou que eles me
deixassem desistir. Eu era muito ruim!
O tempo passou e eu achava que o problema era o piano, então alguns
anos depois tentei um instrumento diferente. Depois de comprarmos o
violão, encontramos um professor famoso. Ele era paciente e trabalhava
meticulosamente comigo; eu me esforçava ao máximo, praticava
44 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

diligentemente, mas tinha dificuldade. Levou mais um ano e meio para eu


poder admitir que simplesmente não tinha habilidade musical.
Qual o resultado a longo prazo? Posso dizer que nada aconteceu ao
longo dos anos. É completamente diferente da história da minha escrita.
Nunca nenhuma habilidade musical se manifestou repentinamente na
minha vida.

AUTO AVALIAÇÃO
Eu poderia continuar listar as coisas para as quais não tenho dom, mas
você já entendeu. É seguro dizer que todos nós tendemos a saber o que não
fazemos bem. Às vezes, eu gostaria que fosse igualmente fácil identificar
nossos dons assim como é fácil localizar quais não são.
Com isso em mente, vejamos mais algumas instruções de Paulo:
Pelo privilégio e pela autoridade que Deus me deu, dou a cada um de
vocês este aviso. Não pense que são melhores do que realmente são.
Sejam sinceros na avaliação de si mesmos, medindo-se pela fé que
Deus nos deu. Assim como nosso corpo tem muitas partes e cada parte
tem uma função especial, assim também é o corpo de Cristo. Somos
as muitas partes de um corpo, e pertencemos uns aos outros. Em Sua
graça, Deus nos deu diferentes dons para fazer algumas coisas bem.
(Romanos 12:3-6, tradução livre do inglês)

Paulo começa posicionando o que está prestes a escrever como um aviso.


Permita-me isolar e enfatizar este aviso: “Não achem que são melhores do
que realmente são. Sejam sinceros na avaliação de si mesmos.” Aqui nos diz
para fazermos uma auto avaliação. De quê? Dos dons que Deus colocou em
nossa vida em tempo real.
Por que estou usando as palavras tempo real? Simples. Pense no exemplo
bíblico que usei anteriormente. A avaliação sincera de Saul antes de encontrar
Samuel teria sido “Eu não sei profetizar”. Isso seria verdade e correto para
aquele tempo. Porém, depois que conheceu Samuel e o dom de Deus veio
sobre sua vida, sua avaliação teria mudado para “Eu sei profetizar”.
AVALIE A SI MESMO COM SINCERIDADE 45

Ah, como eu gostaria de ter lido este versículo com mais atenção
quando eu estava tentando gerar meu ministério Ismael. Se eu tivesse sido
sincero, teria percebido naquela época que falar em público não era minha
especialidade; mas, eu tinha o dom de servir meu pastor. Com minha
capacidade natural, no entanto, eu estava tentando gerar o que havia sido
claramente dito a mim, revelado em oração, e profetizado por líderes
sobre o que estava por vir. Aqui não era o tempo real, e isso era óbvio.
Se eu tivesse simplesmente prestado atenção a esse aviso nas Escrituras e
feito uma avaliação sincera, veria que não estava pronto. Teria poupado
muito tempo, recursos e energia. Também teria sido mais eficaz no dom
que recebi para aquele tempo.
A respeito de diferentes dons, as palavras de Paulo são muito claras:
“Assim como nosso corpo tem muitas partes e cada parte tem uma função
especial, assim também é o corpo de Cristo” (Romanos 12:4). É simples,
mas encontramos grande revelação quando consideramos nosso próprio
corpo. Pense sobre isso; nossos dedos podem fazer coisas que nosso nariz
não consegue. O nariz pode fazer coisas que os ouvidos não conseguem.
Os ouvidos podem fazer coisas que o estômago não consegue. O estômago
pode fazer coisas que o fígado não consegue, e a lista continua. Então, aqui
está o ponto principal:
Felizes e abençoados são aqueles que conhecem seus dons
e operam neles.

Triste e frustrados são aqueles que tentam operar no dom de outros.

Não seria estranho se um dia você acordasse e o seu polegar dissesse:


“Já chega! Boca, você tem falado há anos. Hoje sou eu que vou falar.” Isso
é ridículo; o polegar não tem a capacidade de produzir som como a boca.
Porém, o polegar tem habilidades únicas que a boca não tem. Suponha
que a boca dissesse: “Eu quero digitar no computador hoje!” Mais uma
vez, ridículo.
46 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

A próxima pergunta importante é: Por que colocamos tanta pompa nos


“dons de palco”? Por que é que vemos pregadores e líderes de louvor que
ministram diante da igreja como aqueles que possuem os dons principais?
As palavras de Paulo para a igreja de Corinto acerca desse assunto declaram:
“Ao contrário, membros do corpo que parecem fracos são indispensáveis”
(1 Coríntios 12:22).
Deixe-me dar um exemplo prático. Você já notou que pernas chamam
atenção? Pessoas falam frases do tipo “Ela tem um belo par de pernas” ou
“Uau, como as pernas dele são musculosas!”
Lembro-me de meu pai, que era muito conservador, disciplinado
e quieto, fazendo algo completamente fora do comum quando eu era
adolescente. Ele praticamente nunca chamava atenção para si mesmo.
Porém, um dia deixou escapar: “Filho, você tem um belo par de pernas.”
Surpreso, eu simplesmente fiquei olhando para ele sem resposta e com
um sorriso curioso, imaginando aonde ele iria chegar com aquilo. Ele
continuou: “Você quer saber por quê? Porque eu também tenho pernas
bonitas; você herdou isso de mim.”
Eu não sabia se caía no chão de tanto rir ou se afirmava a declaração
dele, pois eu havia sido pego de surpresa por seu comportamento
atípico. Eu simplesmente ri e disse “Obrigado, pai, por me dar um belo
par de pernas.”
É verdade, pernas chamam atenção. No entanto, você já considerou o
fato de que as pessoas conseguem viver sem pernas? Conheço um homem
que perdeu uma perna num acidente de carro, mas ele ainda consegue ter
uma vida normal e funcional.
Porém, com o fígado é outra história. Ninguém consegue viver sem o
fígado. É extremamente importante, muito mais que uma perna. Entretanto,
você já ouviu alguém dizer: “Uau, que belo fígado você tem. É lindo!”? Isso
não irá acontecer!
Então veja as palavras de Paulo novamente: “Ao contrário, membros do
corpo que parecem fracos são indispensáveis.”
AVALIE A SI MESMO COM SINCERIDADE 47

Mais uma vez pergunto, por que damos tanta pompa para dons de
palco? Eles são partes “vistas” e necessárias, mas de acordo com a Palavra
de Deus não são os mais importantes.
Meu amigo Stan (do primeiro capítulo) tem o dom de alcançar pessoas
no mundo dos negócios, assim como o de gerar e doar riquezas. Seu dom
parece menos valioso do que um dom de palco, pois a cultura estabelecida
em nossas igrejas nos comunica isso não verbalmente. Qual tem sido a
típica mensagem subliminar na igreja? “Aqueles que estão no palco são os
escolhidos que realmente têm um chamado em suas vidas.”
Pense comigo. Se alguém diz: “Ele ou ela tem um chamado em sua
vida”, todos imediatamente presumem que é um chamado de pastor,
líder de louvor, líder de jovens, autor cristão, missionário, entre outros.
Ao ouvir isso, poucos pensariam: “Ele é chamado para a área médica
e está descobrindo novas formas de curar o câncer”. Ou, “Ela está no
governo criando leis que protegem o avanço do Reino de Deus”. Ou,
“Ele está na área da educação plantando sementes nas mentes mais
jovens com o conhecimento e a sabedoria de Deus”. Ou, “Ela é chamada
para o mundo corporativo para alcançar os perdidos lá e financiar a
construção do Reino.”
As consequências dessa mentalidade sobre dons são evidentes: Stan
havia estado na igreja por anos sem perceber que é tão “chamado” quanto
eu. Suas habilidades vindas de Deus, apesar de válidas, não pareciam tão
importantes por causa desse entendimento pouco falado de que dons
“relacionados à igreja” são mais importantes que outros. Isso precisa mudar!
Todos nós somos chamados e carregamos dons únicos muito necessários
para cumprir nossa missão no Reino.
Aqui está a totalidade do que Paulo disse à igreja de Corinto:
De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a
sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo?
Assim, há muitos membros, mas um só corpo. O olho não pode dizer
48 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

à mão: “Não preciso de você!” Nem a cabeça pode dizer aos pés: “Não
preciso de vocês!” Ao contrário, os membros do corpo que parecem
mais fracos são indispensáveis, e os membros que pensamos serem
menos honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que
em nós são indecorosos são tratados com decoro especial, enquanto
os que em nós são decorosos não precisam ser tratados de maneira
especial. Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos
membros que dela tinham falta, a fim de que não haja divisão no
corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns
pelos outros. (1 Coríntios 12:18-25)

Talvez a razão pela qual honramos dons relacionados à igreja mais do


que outros seja porque limitamos a discussão de Paulo a nossas igrejas e
conferências. É óbvio que dons de pregação e ensino têm mais demanda
nesses ambientes. Porém, a obra do reino acontece em todos os lugares,
então esse é mais um paradigma que precisa de uma mudança radical. A
palavra grega para “igreja” é ekklesias, que significa “chamados”. A definição
do dicionário grego acrescenta: “as pessoas chamadas ou aqueles chamados
e reunidos nas questões públicas de um estado livre, o corpo de cidadãos
livres chamados juntos por um arauto”.1
Somos a igreja apenas quando estamos reunidos num prédio? Somos a
igreja apenas quando nos reunimos para orar, adorar e pregar ou ministrar?
Este paradigma faz com que pessoas ajam de uma forma neste tipo de
ambiente e se comportem de forma diferente na sociedade. Nós somos a
igreja e somos equipados com dons para construir o Reino onde quer que
estejamos 24 horas por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano!
Recentemente, conheci um multibilionário. Ele esteva conduzindo o que
chamava de seu “tour de Deus”. Ele e sua equipe haviam viajado para várias
cidades e participado de vários cultos e conferências para se reunir com
certos ministros. Seu objetivo: ele queria que o ministério quíntuplo afiasse
e o capacitasse para seu trabalho. Minha reunião com ele foi marcada com
AVALIE A SI MESMO COM SINCERIDADE 49

antecedência por um grande amigo. Ocorreu durante uma conferência na


qual eu estava ministrando em Dallas. Acabou que tivemos um almoço
de três horas e eu fui embora sentindo que havia recebido mais do que ele
naquele almoço.
Ele compartilhou que andava tropeçando no mundo dos negócios no
início de sua carreira, mas houve um dia em que seus olhos foram abertos.
O esclarecimento começou quando ele questionou por que a atividade do
Reino só acontece em ambientes de igrejas e conferências, e não em todo
lugar. Ele sabia que era chamado para o mundo corporativo, mas por que
ele se conduzia naquela arena da mesma forma que os descrentes? Nada o
separava do mundo.
Ele determinou que iria “andar com Deus” no mundo empresarial
e ouviria a voz do Espírito Santo, assim como um ministro no altar.
Basicamente, ele enfrentou a questão do chamado e decidiu que era tão
chamado por Deus quanto qualquer pastor. Ele então identificou seus dons
vindos de Deus e se comprometeu a operar neles intencionalmente. Ele
ficava atento à voz de Deus em seus momentos de devocional assim como
em reuniões de negócios. E é claro, Deus lhe dava palavras de conhecimento
e de sabedoria para seus assuntos empresariais.
Os resultados são evidentes; ele não está mais tropeçando! Ele
compartilhou algumas das palavras específicas de Deus, e elas muitas
vezes pareciam insignificantes. Porém, ele estava determinado a obedecer,
mesmo se as instruções divinas estivessem indo contra a sabedoria
convencional dos negócios e não fossem confortáveis de seguir. Ele relatou
os questionamentos, as “caras feias”, as preocupações e até a resistência
que enfrentou, tanto com clientes como com membros de sua equipe.
Porém, o fruto de sua confiança constante nas palavras de Deus provou
valer bilhões. Eu fiquei impressionado com as histórias miraculosas que
ele compartilhou.
50 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

DISCÍPULOS DE NAÇÕES
Se pudermos mudar essa mentalidade cultural sobre dons na igreja de
hoje, qual será o resultado? Se comunicarmos de forma eficaz a todos que
ouvem nossas mensagens que toda pessoa é chamada, valiosa e tem dons para
construir o Reino de Deus, o que aconteceria? É fácil; todos trabalhariam
com o propósito e a paixão de Billy Graham, Oral Roberts, Madre Teresa, e
do apóstolo Paulo. Eu notei esse propósito e essa paixão no multibilionário
com quem me reuni. Ele conhecia sua missão e a importância de seus dons
para cumpri-la.
Este é o paradigma que devemos ter a fim de que as nações sejam
discipuladas. Porém, cavemos um pouco mais profundo neste ponto. Jesus
não diz “Façam discípulos de frequentadores de igreja”. Ele nos ordena a
fazer discípulos de todas as nações (ver Mateus 28:19). A palavra grega para
“nações” é ethnos, que é definida como “um corpo de pessoas unidas por
similaridade, cultura, e tradições comuns”.2 Isso certamente inclui nações,
tribos, territórios e grupos étnicos. No entanto, também engloba pessoas
com coisas em comum como ciclistas, atores, médicos, empresários,
pilotos, advogados, donas de casa, funcionários públicos, atletas, e muitos
outros. A lista é interminável. Nós devemos fazer discípulos dos homens e
mulheres em todos esses diferentes círculos da vida.
Entretanto, vamos dar mais um passo adiante. Jesus não diz “Façam
discípulos das pessoas nas nações”. Ele diz “Façam discípulos de todas as
nações”. É importante entender a diferença; nós devemos mudar a maneira
de operar nesses diferentes círculos através da Palavra de Deus. É claro,
isso ocorre primeira e principalmente ao alcançarmos as pessoas desses
círculos. Porém, vai além. Devemos batizar (mergulhar) não só as pessoas,
mas seus modos de operação nos caminhos do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Um exemplo seria auxiliar na transformação do pensamento
daqueles envolvidos no mundo empresarial, assim como aconteceu com o
bilionário. Essa é só a ponta do iceberg.
AVALIE A SI MESMO COM SINCERIDADE 51

Consideremos Zaqueu. Ele era o chefe dos coletores de impostos; sem


dúvidas um dos melhores na região. Basicamente, ele era o cabeça da máfia
naquela área. Ele provavelmente era odiado pelo povo porque fazia o que a
maioria dos coletores de impostos faziam: alavancava seu cargo para ganho
próprio. Provavelmente roubava, barganhava, intimidava e dominava
os cidadãos. Ele era uma figura notória e influente, então seu exemplo
provavelmente arrastava outros.
Já testemunhei isso em alguns países nos quais estive. O líder da nação
era corrupto e exigia que seus oficiais lhes passassem dinheiro por baixo dos
panos. Bem, esse comportamento acaba influenciando todas as camadas.
O oficial de imigração no aeroporto precisa de suborno senão você não
consegue sua aprovação para deixar o país.
Voltando para Zaqueu, Jesus o chamou pelo nome e simplesmente
lhe disse as seguintes palavras: “Zaqueu! ...Rápido, venha! Eu serei um
convidado na sua casa hoje.”
Zaqueu se colocou diante do Mestre e respondeu: “Olha, Senhor! Estou
dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma
coisa, devolverei quatro vezes mais” (Lucas 19:5-8)
O que aconteceu naquela região em relação à arrecadação de
impostos? O modelo de operação do coletor chefe se transformou de
técnicas mundanas a práticas do Reino! Agora aquela área de negócio/
governo seria conduzida aqui na terra de forma muito mais parecida com
a forma que o Céu opera. Uma mudança na sociedade havia ocorrido.
Essa mudança não ocorreu durante um culto da igreja, nem durante
uma pregação de Jesus numa conferência, convencendo Zaqueu a ser
um seguidor. Aconteceu no centro da cidade. Zaqueu teve um encontro
com Jesus, e seus métodos de operação de repente mudaram. Isso deve
acontecer toda vez que as pessoas nos encontram em nossas diferentes
nações (os círculos de influência para os quais somos chamados), porque
este mesmo Jesus vive em nós.
52 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Estou atualmente sendo coach de um ex-jogador de futebol americano


da NFL que tem um grande público de fisiculturistas em suas redes sociais.
Ele tem instruído esses fisiculturistas de tal forma que a cultura do Reino
dos Céus está fluindo em sua nação (grupo ethnos), quer seus seguidores já
tenham um compromisso com o senhorio de Jesus ou não. Ele tem falado
com essas pessoas de forma que demonstra as maneiras e os métodos do
Reino de Deus.
Nossos dons não são apenas para a reunião de santos num prédio, apesar
de isso ser válido e importante — certamente não quero menosprezar
nossas reuniões. A intenção aqui é expandir nossa visão da operação dos
dons de Deus. Se somos chamados para fora da igreja, o que se aplica à
maioria de nós, somos chamados para operar sobrenaturalmente através
de nossos dons dentro de nosso círculo de influência — no meio de nosso
grupo ethnos.
Se você tem separado o secular do sagrado, essa mentalidade tem que
mudar. Quando você chega a um lugar, não importa onde seja — a sala
do hospital onde você trabalha; a sala de aula onde você ensina; a fábrica
onde você trabalha como maquinista, entre outros — coloque em ação o
dom que recebeu para trazer o sagrado àquela atmosfera e discipulá-la em
nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Em outras palavras, você tem
a autoridade para trazer o Céu à Terra, assim como Jesus fez com Zaqueu
e outros. Você é chamado para multiplicar o modo de operação do Reino
através da sua zona de influência.
Isso não torna o simples fato de ir trabalhar ou estudar uma verdadeira
aventura?
REFLETINDO
1. A Bíblia nos avisa para sermos sinceros em nossa auto avaliação.
Essa avaliação deve ser feita em tempo atual. Eu compartilhei a
história de quando tentei iniciar um ministério antes do tempo.
Como você pode evitar cometer o mesmo erro? Você tem o
dom de fazer o quê nesta estação de vida?

2. Felizes e abençoados são aqueles que conhecem seus dons


e operam neles. Tristes e frustrados são aqueles que tentam
operar no dom de outros. Você já foi tentado a buscar dom
numa área diferente do seu chamado? Se sim, por quê?

3. Nossos dons não são só apenas para nossos cultos na igreja,


mas também para nossas áreas de influência específicas. Como
você pode ver sua vida diária como algo vital para o Reino de
Deus? De que maneiras você pode usar seus dons vocacionais
para os propósitos do Reino?
Vocês nos devem tratar como servidores
de Cristo, que foram encarregados de
administrar a realização dos planos
secretos de Deus.

— 1 Coríntios 4:1, NTLH


4

ADMINISTRADORES

N
ós exploramos as palavras graça e dom; agora voltaremos
nosso foco para administração. Após estabelecermos um
entendimento sobre essa palavra, poderemos então juntar
esses três termos bíblicos a fim de descobrir um mandato claro para
nossa vida.
O dicionário Merriam-Webster define administração como “o
gerenciamento cuidadoso e responsável de algo confiado aos cuidados
de alguém”. É prudente examinar as definições gregas das palavras-chave
porque muitas vezes as palavras traduzidas não carregam o significado
exato. No entanto, esse não é o caso com administração; o significado no
grego e no português é bem similar. A palavra grega para “encarregados de
administrar” no versículo anterior é oikonomos. É definida como “alguém
que tem a autoridade e responsabilidade sobre algo, alguém que está a cargo
de algo, que é responsável por algo, administrador, gerente.”3
Existem três aspectos claros de administração derivados de ambas
definições:
• Supervisiona o que pertence a outro.
• Carrega autoridade para gerenciar o que lhe foi confiado.
• É responsável: ele ou ela prestará contas ao dono.
Deus é o dono de tudo e criou todas as coisas! Salmos 24:1 declara que
“do Senhor é a terra e tudo que nela existe”. Isso nos torna administradores
de tudo nesta esfera. Nós devemos administrar a terra: territórios, água,
56 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

ar, recursos naturais, animais, peixes e aves. Somos responsáveis por


zelar pelo bem dos seres humanos espiritualmente, emocionalmente,
intelectualmente e fisicamente. Isso inclui todo conhecimento, sabedoria
e entendimento benéficos. Eu poderia continuar, mas basicamente, nós
somos responsáveis por tudo na terra, o visível e o invisível.
No entanto, foquemos no emprego preciso da administração da
declaração de Paulo. Ele escreve sobre sermos “encarregados de administrar
a realização dos planos secretos de Deus”. A New Living Translation diz que
“estamos a cargo de explicar os mistérios de Deus”. Um dos dons (carismas)
na vida de Paulo era revelação; para comunicar mistérios — verdades
escondidas que ainda não haviam sido reveladas. Portanto, a administração
a qual ele se refere não tem a ver com gerenciar dinheiro, tempo e recursos
(apesar de tudo isso ser válido), mas sim com gerenciar o dom (charisma)
em sua vida. Isso também se aplica a nós?
Pedro escreve: “Cada um exerça o dom que recebeu para servir os
outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas”
(1 Pedro 4:10). Todas as palavras que estamos enfatizando aparecem nesse
versículo (dom: charisma; administração: oikonomos; e graça: charis).
Assim como Paulo, Pedro nos informa de nosso dever de administrar o
charisma. Há muito sendo revelado nessa declaração, então devemos
examinar cuidadosamente.
Note que Pedro escreve que “cada um” recebeu um dom. É importante
apontar que ele não disse “cada ministro”, “cada pastor”, “cada líder de
louvor” nem nenhum outro dom ministerial vocal, mas sim “cada um”.
Se você já nasceu de novo, você tem um ou mais dons que lhes foram
confiados. Esta é a resposta da Bíblia para a sua pergunta dois capítulos
atrás. Você tem um ou mais dons, e para reiterar, esses dons são uma doação
da graça que o capacita com habilidades especiais.
Para mostrar a importância dos seus dons, usemos a atitude de Paulo
como modelo. Ele levava sua administração a sério, na verdade, bem a
sério. Um pouco mais adiante na carta aos Coríntios, ele escreve:
ADMINISTRADORES 57

Contudo, quando prego o Evangelho, não posso me orgulhar, pois


me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o
evangelho! Porque, se prego de livre vontade, tenho recompensa;
contudo, como prego por obrigação, estou simplesmente cumprindo
uma incumbência a mim confiada. (1 Coríntios 9:16-17)

Assim que leio essa passagem, as palavras Ai de mim chamam minha


atenção. É uma expressão forte, mais forte do que a maioria de nós pode
compreender. A palavra grega para ai é ouaí. Sua definição é “desastre,
terror”.4 Outro dicionário apresenta seu significado como “interjeição
de tristeza ou indignação”.5 Cada ocorrência dessa palavra no Novo
Testamento implica um julgamento muito sério e assustador que aguarda
aqueles a quem foi atribuído. Quando Paulo diz “Ai de mim” é como se
estivesse chamando uma maldição sobre si mesmo. Isso deveria chamar
nossa atenção imediatamente. É uma questão muito séria negligenciar os
dons que Deus nos deu.
Paulo sabia que Deus lhe havia confiado algo de grande valor. Aqui está
uma verdade importante: Se ele não administrasse adequadamente, então
os outros não receberiam o benefício, e inclusive perderiam o que Deus
planejou que recebessem. Paulo sabia que não havia recebido o dom para
benefício próprio; o dom lhe foi dado para que os outros o recebessem,
através dele. Em outras palavras, ele carregava o que Deus queria que
outros tivessem — daí a razão para a severidade por trás da declaração “Ai
de mim” sobre si mesmo caso negligenciasse sua administração.
Voltemos para mim e para você. Há dois pontos interessantes para
enfatizar. Primeiramente, o dom de Paulo era um dom “perceptível”.
Lembre-se, Deus escolheu os dons que não são óbvios para terem maior
honra do que os dons que são aparentes. Se Paulo tratava seu dom
perceptível com tamanha seriedade, nós não devemos desvalorizar o dom
que Deus colocou sobre nós, principalmente se não for visível.
O segundo ponto é ainda mais importante: Os dons de Deus sobre a sua
vida não são para você. São para o benefício de outros através de você. O
58 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

dom de escrita não é para mim, mas para você. O dom de ministrar não é
para mim, mas para aqueles a quem ministro. O dom de liderar não é para
mim, mas para aqueles que eu lidero, e assim por diante.

NÓS ESCOLHEMOS COMO USAR O DOM


Nós podemos fazer bom ou mau uso do dom em nossa vida — a escolha
é nossa. O dom ainda irá operar mesmo que não seja usado de acordo com
o plano divino original de construir o Reino. Adolf Hitler era um líder
talentoso e poderia ter liderado seu país de uma forma que teria beneficiado
milhões de alemães, judeus, russos, franceses, britânicos e outros. Ele usou
seu dom para a glória de Deus ou para beneficiar a si mesmo e aqueles a
quem favorecia? Ele usava seu dom para causar danos? Os judeus e inúmeros
outros foram saqueados, devastados, torturados e assassinados sem justa
causa? Ele fez mau uso do dom de liderança sobre sua vida? As respostas
para essas perguntas não precisam de discussão — são muito claras.
A má administração de Adolf Hitler é óbvia, mas permita-me discutir
sobre outras duas personalidades conhecidas que talvez não sejam tão
óbvias. Primeiramente, Whitney Houston, uma artista que tinha uma
das vozes mais incríveis que já ouvi na minha vida. O toque de Deus era
evidente sobre sua vida. Quando Whitney cantava, todos que a ouviam
ficavam profundamente comovidos. Ela era sublime, angelical e poderosa.
O segundo exemplo seria Freddie Mercury, o vocalista da banda de
rock Queen. Ele tinha a habilidade de fazer estádios inteiros se mexerem
com seus dons de composição e canto. Sua habilidade era fora do comum
e alguns diriam até sobrenatural. Ele conseguia estimular uma multidão a
seguir seus comandos em qualquer ambiente. Anos após sua morte, suas
canções ainda são amplamente cantadas.
Whitney ou Freddie administraram bem seus dons? Sem dúvida alguns
dirão que sim. Porém, vejamos esta questão através das palavras de Jesus:
A sabedoria é comprovada por seus resultados. (Mateus 11:19, tradução
livre do inglês)
ADMINISTRADORES 59

E novamente:
A sabedoria é comprovada pela vida daqueles que a seguem. (Lucas
7:35, tradução livre do inglês)

Examinemos o fruto desses dois incríveis artistas — os resultados de


curto e longo prazo da administração de seus dons. Whitney usou seu dom
para levar pessoas à Presença de Deus? Após ouvi-la cantar, seu público
buscava mais de Deus? Suas canções fortaleciam a aliança do casamento
ou nutriam descontentamento ao criar expectativas românticas irrealistas?
Freddie usava seu dom para levar seu público a uma vida correta? Ele
orientava as pessoas a honrarem seu Criador? Como Whitney e Freddie
partiram desta Terra? O legado deles é duradouro ou efêmero? Durará para
sempre ou perecerá com este mundo?
Jesus nos encoraja a examinar o resultado — deixarei você determinar
os resultados de como Whitney e Freddie administraram seus dons. Porém,
a avaliação final ocorrerá na presença do nosso Criador. Cada um de nós
prestará contas no julgamento.
Sei que se você for fã de Whitney ou Freddie, talvez esteja desconfortável
com esta discussão. Mas permita-me fazer uma pergunta que irá trazer
mais clareza sobre como a administração deles será avaliada no julgamento.
Vejamos seu legado a partir do ponto de vista de daqui a dez milhões de
anos. Como Whitney e Freddie olharão para trás para a maneira que
administraram os dons que receberam de Deus? Examinar a perspectiva
eterna poderá mudar a sua visão original.
A vida tem tudo a ver com perspectiva. Se nós a analisarmos através
das lentes de oitenta anos, a enxergaremos de uma forma. Porém, se a
vermos através das lentes da perspectiva eterna, enxergaremos as coisas
de forma diferente.
Considere o seguinte cenário: Você é convidado para jantar num
restaurante. Você paga um valor único e pode comer tudo que deseja. Há
uma mesa enorme repleta de sobremesas deliciosas. Se você olhar para
60 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

essa mesa com a perspectiva de um dia, o que fará? Você provavelmente


comerá todas as sobremesas da mesa. E se olhar para a mesma mesa com
a perspectiva de um ano? Você provavelmente só comerá uma ou talvez
nenhuma das sobremesas. Por quê? Você não quer um estômago doendo
amanhã de manhã, dez quilos de gordura a mais no seu corpo e uma saúde
de longo prazo comprometida!
Quando olhamos para o fruto de Whitney e Freddie a partir da
perspectiva eterna, a sabedoria da administração deles se torna mais clara.
Não é ameaçador falar de Adolf Hitler, e nem mesmo de Freddie Mercury
ou Whitney Houston. Mas aqui está uma séria realidade: Você e eu também
teremos que prestar contas dos dons confiados a nós quando nos colocarmos
diante do Juiz. Nossos dons serão vistos através da perspectiva eterna, e não
da de oitenta anos. Nossos dons serão examinados à luz da Palavra eterna de
Deus que nos comissiona a construir Seu Reino. Será que nosso legado será
duradouro ou passará juntamente com o sistema do mundo?

OLHANDO A MOTIVAÇÃO DE PERTO


Permita-me recapitular o que foi discutido no primeiro capítulo. Você
pode administrar o seu dom a qualquer momento de uma dessas três
formas:
• Pode usá-lo para construir o Reino.
• Pode usá-lo para se beneficiar.
• Pode negligenciá-lo ao não fazer nenhum uso dele.
É importante ampliar o segundo ponto, pois pode ser um engano.
Existem muitos que acham que estão edificando os outros, ou fazendo algo
pelo Reino, porém o fazem com a motivação de ganho pessoal.
Eu caí nessa sem perceber. Anos atrás, no início do meu ministério, eu
constantemente falava palavra boas e agradáveis a todos em nossa equipe,
e a todos à minha volta. Eu dizia aquelas frases felizes e agradáveis mesmo
que não fossem verdade. Todos diziam o quanto eu era gentil e amável.
Esses elogios certamente encorajavam o meu comportamento.
ADMINISTRADORES 61

Certo dia, em oração, Deus me disse:


— As pessoas dizem que você é gentil e amável, certo?
Eu normalmente entenderia Suas palavras como uma afirmação, mas
da forma como Espírito Santo falou, não parecia estar indo nessa direção.
Então respondi cautelosamente:
— Sim, dizem sim.
Ele imediatamente respondeu:
— Você sabe por que você só diz coisas agradáveis para as pessoas?
Ainda mais cautelosamente, respondi?
— Por quê?
— Porque você teme a rejeição delas. Então quem é o foco do seu amor,
elas ou você mesmo?
Sabendo que minhas motivações estavam completamente expostas, eu
admiti que o que Ele estava dizendo era verdade.
Então, Ele disse:
— Se você realmente amasse as pessoas, você lhes diria a verdade.
Mesmo com o risco de ser rejeitado.
Essa correção estava lidando com o tratamento que eu dava aos outros.
Porém, em relação à nossa discussão aqui, preciso perguntar: Será que
podemos fazer mau uso do dom de Deus na nossa vida de uma forma
parecida? Em outras palavras, pode parecer aos outros que nossos dons
estão sendo usados para construir o Reino, mas na realidade, está sendo
usado com motivações egoístas? A resposta pode certamente ser sim, e
mais uma vez usarei a mim mesmo como exemplo, e depois apoiá-lo com
versículos bíblicos.
Normalmente, não recebo uma palavra específica do Senhor sobre o
que ministrar numa conferência ou num culto, mas sempre escuto o meu
coração para uma direção do Espírito. Dito isso, houve uma ocasião em
que eu definitivamente tinha uma palavra de Deus antes de ministrar.
Eu estava agendado para pregar numa conferência no centro-oeste.
Quando acordei no hotel no dia da ministração, sem dúvidas ouvi o
62 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Espírito Santo dizer: “Quero que você ministre sobre A Isca de Satanás na
conferência de hoje à noite.” (Este é um livro que escrevi em 1994 sobre
vencer ofensas e perdoar aqueles que nos magoaram).
Eu lutei com as instruções Dele o dia inteiro. A mensagem de A Isca
de Satanás era conhecida há vários anos. Foi um livro best-seller e eu
havia pregado essa mensagem em todo o país por um longo período, e
muitas pessoas já haviam ouvido. O que tornava essa direção do Espírito
ainda mais difícil era que eu estava no processo de escrever um novo livro.
Quando você está em meio a meses de escrita, essas verdades ficam mais
fortes e mais frescas no seu coração. Resumindo, eu realmente não queria
ministrar a mensagem antiga, mas tinha uma palavra vinda diretamente do
Espírito Santo.
Ao chegar na igreja naquela noite, fui informado pelos coordenadores
da conferência que as pessoas haviam viajado longas distâncias para me
ouvir. Eu estremeci, pensando que aquelas pessoas provavelmente iriam
ouvir uma mensagem repetida e que haveria uma grande chance de já
terem lido A Isca de Satanás.
Ao entrar no templo, notei que a atmosfera estava enérgica. A empolgação
das pessoas era óbvia. Isso fez com que obedecer às instruções que eu havia
recebido de manhã fosse ainda mais difícil. Por alguma razão, eu não queria
desapontar as pessoas. Cedi à pressão e decidi pregar a mensagem “mais
fresca”, e fiquei satisfeito com o resultado. A pregação foi forte e o público
respondeu com entusiasmo. Alguns até ficaram de pé, afirmando os pontos
fortes que eu estava ministrando. Parecia que eu “havia me dado bem” ou
que talvez não tivesse ouvido de Deus naquela manhã. De qualquer forma,
eu estava contente. Depois, na sala VIP, todos estavam vibrando e gratos
pela ótima mensagem.
Geralmente, vou embora da cidade com um sentimento de satisfação
e alegria; é quase como se Deus sorrisse dentro do meu coração, mas
definitivamente não foi o caso na manhã seguinte. Acordei com o coração
muito pesado, sem energia, e estava até combatendo uma depressão. Eu
ADMINISTRADORES 63

imediatamente soube o porquê: eu havia desobedecido a Deus. A primeira


coisa que fiz naquela manhã foi me ajoelhar, me arrepender e pedir perdão.
Clamei pelo sangue de Jesus para me limpar.
Entretanto, não senti alívio. Carreguei aquele peso e aquela tristeza o dia
inteiro: o restante do período no hotel, na viagem até o aeroporto, durante
a espera pelo voo atrasado e na viagem para a costa oeste. A tristeza, o
peso e a depressão eram quase insuportáveis. Por fim, quando estávamos
sobrevoando a cidade de San Diego, aquilo tudo foi embora de mim.
Eu questionei a Deus:
— Pai, eu me arrependi e pedi perdão esta manhã. Por que o Senhor
restaurou minha alegria, minha paz e o meu contentamento só agora?
Ouvi o Senhor dizer:
— Permiti que você carregasse o peso da sua desobediência para que
pudesse entender a severidade disso. Havia um pastor no culto ontem à
noite que precisava ouvir a mensagem que confiei a você. A Isca de Satanás.
Ele está passando por uma fase crítica na vida e no ministério. Você me
desobedeceu e existem consequências. O peso que você sentiu é um aviso
para não deixar isso acontecer novamente. Estamos chegando a uma nova
cidade; agora me obedeça.
Refletindo sobre a noite anterior, os participantes, a equipe da
conferência, e os líderes ficaram todos felizes. Fui convidado para voltar
e inclusive ouvi relatos depois dos resultados daquele culto. É claro que o
dom de Deus operou através de mim naquela noite, apesar de eu não ter
feito uso dele de acordo com o plano divino.
Você está convencido de que isso pode realmente acontecer? Vejamos
acontecimentos nas Escrituras que ilustram esse mau uso do dom divino.
Considere Moisés. Ele foi chamado para liderar Israel até a Terra Prometida
e recebeu o dom de operar milagres para cumprir sua missão.
Em certa ocasião, Deus instrui Moisés a falar à rocha para que saísse
água dela e o povo pudesse beber. Porém, Moisés bateu na rocha com raiva,
desobedecendo diretamente as instruções divinas.
64 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

No entanto, a água mesmo assim saiu, em abundância, o bastante para


matar a sede de milhões de pessoas no meio do deserto. Foi outro milagre
espetacular para o currículo de Moisés! Mais uma vez, as pessoas ficaram
admiradas com o dom de seu líder. Porém, quando a “conferência” acabou,
Moisés foi chamado para prestar contas por não ter usado o dom da forma
que Deus havia instruído. Sua entrada na Terra Prometida foi negada por
mau uso de seu dom. É algo sério quando paramos para pensar.
Outro exemplo seria Balaão. Ele profetizava sobre Israel, e suas palavras
ainda estão registradas nas Escrituras até hoje. Uau, que grande testemunho
ter a sua profecia na eterna Palavra de Deus! Porém, tem mais na história:
Deus lhe disse especificamente para não ir, e não fazer o que outros queriam.
No entanto, o dom confiado a Balaão operou mesmo quando Deus lhe
ordenou “Não vá com eles” (Números 22:12). Mais uma vez, o dom operou
fora do plano divino original.
A questão é a seguinte: Deus não é um micro gerenciador dos dons que
confia às pessoas. Se Ele nos supervisionasse dessa maneira, não seríamos
chamados de administradores. Pois um administrador recebe autoridade
para gerenciar o que lhe é confiado sem supervisão direta. Um exemplo
bíblico disso é a parábola que Jesus contou sobre o administrador injusto:
Havia um homem rico que tinha um administrador que cuidava dos
seus bens. Foram dizer a esse homem que o administrador estava
desperdiçando o dinheiro dele. Por isso ele o chamou e disse: “Eu
andei ouvindo umas coisas ao seu respeito. Agora preste contas da
sua administração porque você não pode mais continuar como meu
administrador. (Lucas 16:1-2)
Como esse tipo de administração era mais comum na época da Bíblia do
que hoje, é fácil deixar de ver algo significativo aqui. Perceba que havia um
tempo em que o homem rico era ignorante acerca do que estava acontecendo.
Ele não ficava observando os movimentos do administrador diariamente.
Foi preciso um relatório de outra pessoa para chamar sua atenção para a má
administração que estava acontecendo há um bom tempo.
ADMINISTRADORES 65

Isto é visto novamente com José no livro de Gênesis. No Egito, ele


começou como escravo na casa de Potifar, mas eventualmente foi
promovido e se tornou administrador de toda a propriedade. Lemos que
“Potifar entregou nas mãos de José tudo o que tinha e não se preocupava
com nada, a não ser com a comida que comia” (Gênesis 39:6). Potifar não
micro gerenciava nem supervisionava o trabalho de José. Ele lhe confiou
a administração de tudo.
Isso é similar aos dons que Deus coloca em mim e em você. O apóstolo
Pedro nos instrui a sermos bons administradores da multiforme graça de
Deus em nossa vida, o charisma.

DONS ETERNOS NÃO TÃO ÓBVIOS


Vamos cavar mais fundo. Primeiro, refresquemos nossa memória com
as palavras de Pedro: “Tendo cada um recebido um dom, ministrem uns aos
outros, como bons administradores.” Como administradores, Deus espera
que ministremos ou usemos os dons. Mais uma vez, eles não são para nós,
mas para outros. A palavra para ministro é diakonéo, e seu significado é
“servir, assistir alguém, com ênfase no trabalho a ser feito.”6 Nós devemos
manter uma atitude de serviço com nossos dons. Nossos dons nos foram
dados livremente e devemos usá-los voluntariamente com o propósito de
edificar a vida dos outros.
Devemos “ministrar uns aos outros os dons confiados a nós, como
bons administradores da multiforme graça de Deus”. A palavra multiforme
aqui significa “de vários tipos”.7 Seria preciso muitas páginas para listar
os vários dons que Deus deu ao Seu povo. Na realidade, talvez não seja
possível compilar tal lista. Alguns dons são óbvios em sua conexão com a
construção do Reino de Deus. Porém, muitos outros não são tão fáceis de
identificar. Aqui está um exemplo.
Recentemente, ouvi um pastor renomado falar sobre uma conversa
interessante que aconteceu logo antes de sua conferência anual. Esse evento
anual é popular e de alta adesão. Enquanto a equipe estava arrumando o
66 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

auditório, o pastor viu um médico, que era membro de sua igreja, colocando
panfletos nos assentos das conferencistas.
O pastor foi até o médico e se desculpou:
— Doutor, o senhor não deveria estar fazendo isso. Nós temos estagiários
e outros voluntários que podem fazer isso.
O pastor contou que o médico o corrigiu com firmeza, mas educadamente:
— Eu tiro folga da minha profissão todo ano para esta conferência. É a
semana mais querida do meu ano porque posso fazer algo para avançar o
Reino de Deus.
Ao ouvir meu amigo pastor contar essa história, meu coração se
entristeceu. Percebi que ele não havia ligado os pontos sobre o valor
de seu dom para o avanço do Reino. Como disse antes, alguns dons se
conectam diretamente enquanto outros são mais indiretos, porém não
menos importantes.
Este médico não é nada diferente de meu amigo Stan no primeiro
capítulo. E se não houvesse médicos? O que acontece quando pessoas que
são chamadas em outras áreas do Reino ficam doentes? Muitas sofreriam
muito sem ajuda médica.
Vejamos um cenário hipotético ilustrando essa conexão. Um médico
usa seu dom para ajudar a recuperar a saúde de uma mãe que é dona de
casa. Já que essa mulher não ficou na cama sem ajuda prestes a morrer
prematuramente, o resultado é que agora ela pode florescer em seu dom de
criar seus filhos nos caminhos do Senhor. Uma de suas crianças tem o dom
na área de inovação e tecnologia, e a mãe a encoraja. Após formar-se com
um diploma de ciência da computação, a filha consegue um emprego numa
empresa como desenvolvedora de software.
Essa filha, já adulta, agora operando em seu dom, cria uma nova forma
de comunicação que é muito mais eficaz do que qualquer outra no mercado.
Porém, sua inovação não vai longe sem seu colega de trabalho na área de
marketing. Ele usa seu dom para mostrar aos clientes e revendedores o
potencial desse novo pacote de software.
ADMINISTRADORES 67

Um dos revendedores, uma empresa cuja dona é uma empresária


talentosa, compra o produto. Essa loja revendedora tem uma equipe de
vendas e um deles exercita seu dom ao vender o software a um ministro
chamado para discipular nações ao redor do mundo.
Esse ministro tem um funcionário com dom na área de T.I. que
reconhece o potencial desse software e recomenda a compra. Ele integra o
software ao sistema já existente.
Como resultado, esse ministro agora tem a capacidade de impactar
eficazmente pastores e líderes globalmente. Os resultados: Mais homens
e mulheres são alcançados pela salvação, exponencialmente, e são
discipulados através da plataforma desse software de comunicação.
No trono do julgamento, Jesus irá mostrar ao médico, que no início
tratou a saúde da mãe dona de casa, as multidões de pessoas que ele
alcançou nas nações do mundo. Podemos praticamente imaginar o que
acontecerá. O médico irá questionar: “Não, não pode ter sido eu. Nunca
fui a esses países.”
Jesus então lhe mostrará que, porque ele foi fiel ao dom em sua vida,
isso resultou na corrente de reação que eventualmente levou a inúmeras
salvações e ao fortalecimento de crentes globalmente. Jesus provavelmente
dirá ao médico: “Você atuou voluntariamente na sua profissão médica
como se estivesse trabalhando para o Senhor em vez de para as pessoas, e
o seu fruto é evidente. Muitos foram impactados devido à sua obediência.
Muito bem, servo bom e fiel!”
Talvez você esteja questionando: Essa ideia é realmente apoiada pelas
Escrituras? Leia o seguinte:
O que vocês fizerem façam de todo o coração, como se estivessem
servindo o Senhor e não as pessoas. Lembrem que o Senhor lhes dará
como recompensa aquilo que ele tem guardado para o seu povo, pois
o verdadeiro Senhor que vocês servem é Cristo. (Colossenses 3:23-24)
Isto é apenas um cenário. Há inúmeras possibilidades desses tipos de
conexões ou correntes de reação.
68 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Voltemos à verdadeira história do meu amigo pastor. E se o médico


ficar cansado de só sentir satisfação uma vez ao ano? (É claro que a falta de
satisfação é alimentada pela ignorância da importância de seu dom.) É bem
possível que ele eventualmente deixe a área médica, buscando uma plenitude
que dure cinquenta e duas semanas por ano. Vamos presumir que ele aceite
um emprego em sua igreja como editor do material de escola dominical e
professor do curso de discipulado. O que aconteceria no trono do julgamento?
Ele receberia uma grande recompensa já que abandou o dom confiado a ele?
Infelizmente, já testemunhei muitas vezes homens e mulheres terem
dificuldades em cargos no ministério integral porque não reconheciam que
seus dons floresceriam em áreas fora do ambiente da igreja.
É preciso conhecimento, sensibilidade espiritual, e maturidade para ver
as posições menos óbvias de serviço do Reino.
Esta é a verdade nua e crua: O seu dom, seja ele na área da saúde, da
educação, do governo, dos esportes, do mundo empresarial, das artes, da
mídia, do lar, ou outras, tem uma conexão com a construção do Reino de
Deus. Foi assim que o Grande Projetista planejou.
É bem possível que não reconheçamos as conexões da nossa obediência com
o sucesso até que finalmente estejamos diante de Jesus no trono de julgamento.
Como Paulo escreve, “Da mesma forma, as boas obras são evidentes, e as que
não o são não podem permanecer ocultas” (1 Timóteo 5:25).
Portanto, seja o seu dom evidente ou não, a sua responsabilidade é:
“Continue vivendo na condição que o Senhor lhe designou e de acordo
com o chamado de Deus” (1 Coríntios 7:17).

MOTIVAÇÃO É CRUCIAL
Retornemos às palavras de Paulo que estamos usando como modelo
para nossa administração:
Pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar
o evangelho! Porque, se prego de livre vontade, tenho recompensa.
(1 Coríntios 9:16-17)
ADMINISTRADORES 69

A próxima verdade a destacar é que nossa “recompensa” está diretamente


relacionada à nossa “vontade” ou, num sentido mais geral, nossa “atitude”.
Falando de forma simples, se a nossa atitude for altruísta, receberemos uma
recompensa; se a nossa atitude for egoísta, não receberemos uma recompensa.
Os diferentes cenários de motivações altruístas e egoístas são vastos, até
demais para enumerar. Destaquemos mais algumas comparações. Uma
atitude altruísta seria: Que privilégio servir outros com as habilidades que
me foram confiadas. Uma motivação egoísta seria algo como: O que posso
ganhar com essa habilidade? Falando de forma mais direta, o primeiro seria
O que posso fazer por você? O segundo é O que posso tirar disso?
Outra atitude altruísta seria: Farei o meu melhor, não importa o que eu
receba em troca; enquanto uma motivação egoísta seria: Por que eu faria um
trabalho cuidadoso se não ganharei vantagem nenhuma com isso?
Ainda outra motivação altruísta: Tenho que continuar me esforçando;
tenho tanta gente para impactar. Enquanto a egoísta seria: Já sou bem-
sucedido; posso desacelerar agora.
Paulo escreve sobre a importância das nossas atitudes e motivações:
“Vocês nos devem tratar como servidores de Cristo, que foram encarregados
de administrar” e essas palavras são imediatamente seguidas do seguinte:
Mas para mim não tem a menor importância ser julgado por vocês ou
por um tribunal humano. Eu não julgo nem a mim mesmo. A minha
consciência está limpa, mas isso não prova que sou, de fato, inocente.
Quem me julga é o Senhor. Portanto, não julguem ninguém antes da
hora; esperem o julgamento final, quando o Senhor vier. Ele trará para
a luz os segredos escondidos no escuro e mostrará as intenções que estão
no coração das pessoas. Então cada um receberá de Deus os elogios que
merece. (1 Coríntios 4:3-5)

Paulo não está preocupado com a avaliação de seus amigos, críticos e


outras autoridades que se levantam, nem mesmo com sua própria opinião.
Essas avaliações não têm significado em comparação ao que todos nós
70 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

iremos enfrentar: a avaliação divina. O que importa é como Jesus irá avaliar
a nossa administração.
Certamente, nossas ações e obras serão importantes no julgamento. Jesus
diz claramente: “Eis que venho em breve! A Minha recompensa está comigo,
Eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez” (Apocalipse 22:12). Não
é um cenário “um ou outro”, mas “ambos”, pois tanto as motivações quando
as obras serão examinadas no julgamento.
Alguns podem achar que Paulo está se referindo ao julgamento dos
descrentes — o “grande trono branco do julgamento” — onde descrentes
prestarão contas por seus pecados por não terem recebido a graça
salvadora de Jesus Cristo. Esse definitivamente não é o caso, pois no
grande trono branco do julgamento, ninguém receberá “elogio” de Deus,
como disse Paulo.
É importante manter o contexto desse assunto; Paulo está falando sobre
administração. Não há dúvidas quanto ao que ele se refere. Nossos “segredos
escondidos” e “intenções” em lidar com nossos dons serão revelados no
julgamento. Isso realmente chama a minha atenção!
Permita-me deixar isso bem claro usando minha história anterior
sobre desobedecer ao Senhor a respeito do que eu deveria pregar. Aqueles
que participaram da conferência até hoje acreditam que eu estava sendo
obediente a Deus em pregar minha mensagem mais nova. Eu não
estava. É bem possível que no julgamento eles fiquem sabendo da minha
desobediência, pois Jesus declara:
Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto
que não venha a ser conhecido. O que vocês disseram nas trevas será
ouvido à luz do dia, e o que vocês sussurraram aos ouvidos dentro de
casa, será proclamado dos telhados. (Lucas 12:2-3)

É bem possível que no julgamento eu seja chamado para me desculpar


com o pastor e os outros que não receberam a mensagem A Isca de Satanás
naquela noite.
ADMINISTRADORES 71

O QUE É ESPERADO?
Nós estabelecemos firmemente a importância de compreender o que
é administração no Reino. A pergunta mais significante agora é: O que é
esperado de nós? Ou seja, quais os resultados que Jesus irá procurar no
julgamento quando Ele examinar a forma como usamos os dons que nos
confiou? Será que podemos saber? Com certeza sim, pois Jesus declara: “As
palavras que eu tenho dito serão o juiz dessa pessoa no último dia” (João
12:48, NTLH).
Iremos iniciar essa discussão reveladora e poderosa no próximo capítulo.
É o foco deste livro.

REFLETINDO
1. Antes de ler este capítulo, você se enxergava como um
administrador? Por quê ou por quê não?

2. Os dons que você recebeu não são para você; são para serem
dados aos outros através de você. Em outras palavras, você
carrega o que Deus quer que outros tenham. Com isso em mente,
por que é importante administrar os seus dons fielmente? O que
estará em risco se você negligenciar a sua boa administração?

3. A qualquer momento, você pode escolher usar os dons que Deus


lhe deu de três formas. Pode usá-los para construir o Reino.
Pode usá-los para benefício próprio. Ou pode negligenciá-los,
deixando de usá-los. Como você está usando os seus dons?
Quais mudanças você deve fazer a respeito da maneira como
administra o que Deus lhe deu?
Vocês nos devem tratar como servidores
de Cristo, que foram encarregados de
administrar a realização dos planos
secretos de Deus. O que se exige de quem
tem essa responsabilidade é que seja fiel.

— 1 Coríntios 4:1, NTLH


5

FIEL

O
apóstolo Paulo identifica Apolo e a si mesmo como servos
de Jesus Cristo e administradores dos dons confiados a eles.
No capítulo anterior, aprendemos que essa identidade não se
aplica apenas a esses dois grandes santos ou a um líder da igreja atual, mas
a todos os crentes. Você e eu também somos servos de Jesus Cristo, e a
principal forma como cumprimos esse papel é sendo bons administradores
dos dons confiados a nós.
Agora iremos voltar nossa atenção ao que é esperado de um administrador,
e há apenas um atributo listado: fidelidade. Antes de mergulhar nisto,
consideremos o fato de que não há dois, três ou mais características
listadas. Paulo poderia ter declarado que é exigido que administradores
transbordem alegria, ou sejam fortes, ou sejam estudiosos das Escrituras,
ou sejam compassivos, ou tenham qualquer outra característica santa. Não
estou diminuindo a importância de todos esses atributos, é claro. Porém,
estou apontando que há apenas um listado, e é exigido. Então, é muito
importante focar nessa virtude se quisermos ser bons administradores e
um dia ouvir nosso Mestre dizer: “Muito bem”.

A DEFINIÇÃO DE FIDELIDADE
Eu já tive o privilégio de palestrar para equipes de liderança ao
redor do mundo. Não só no ministério, apesar de o ministério ser a
grande maioria, mas também para pessoas em equipes corporativas,
74 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

governamentais, empresariais, educacionais e atléticas. Pedi várias vezes


que os membros da equipe dissessem uma só palavra que definisse
fidelidade. Sendo líderes, eles geralmente são ansiosos para falar. Após
ouvir respostas similares em quase todos os lugares, decidi fazer uma lista
das respostas mais populares:
• Constante
• Estável
• Leal
• Verdadeiro
• Confiável
• Dedicado
• Resoluto
• Obediente
Há outras, mas essas são as mais comuns. E mais importante ainda, todas
essas respostas estão alinhadas com definições e sinônimos do dicionário.
Há uma definição muito importante, no entanto, que eu nunca ouvi
nenhuma vez sequer em nenhum lugar: “multiplicação”.
Talvez você imediatamente pense: Multiplicação? Essa não é uma
definição de fidelidade! Talvez você também esteja questionando minhas
habilidades verbais, assim como meus ex-professores de inglês. Porém,
eu lhe garanto que ao final deste capítulo, você não só concordará, mas
também verá esta como uma das definições mais importantes de fidelidade.

A PARÁBOLA DOS TALENTOS


A fim de fazer uma introdução sobre “multiplicação”, vejamos a parábola
dos talentos de Jesus. Por favor leia com atenção mesmo que você já a tenha
lido várias vezes antes.
O Reino do Céu pode ser ilustrado pela história de um homem que ia
fazer uma longa viagem. Ele chamou os seus empregados e confiou a
cada um seu dinheiro enquanto estaria fora. (Mateus 25:14, tradução
livre do inglês)
FIEL 75

Em primeiro lugar, isso é uma parábola; portanto, é simbólica, não literal.


Então, precisamos interpretá-la à luz do entendimento bíblico — o total
conselho da Palavra de Deus. O homem que ia fazer uma viagem representa
Jesus. Uma administração é confiada a cada um de seus empregados — que
simbolizam eu e você.
Em seguida, note que a viagem é longa, o que fundamenta dois fatos.
Primeiro, faz quase dois mil anos que Jesus nos deixou a cargo de construir
aquilo pelo qual Ele morreu — o Reino. Obviamente, Ele ainda não voltou,
mas mesmo neste tempo da história, faz um longo tempo.
Em segundo lugar, essa parábola mais uma vez mostra que a administração
não é micro gerenciada. O homem na parábola está indo viajar e não irá
retornar todo mês para checar o progresso de seus administradores. De
acordo com a parábola, ele não inspeciona o trabalho deles até retornar.
Continuemos a história:
Deu cinco bolsas de prata para um, duas bolsas de prata para outro, e
uma bolsa de prata para o último — de acordo com a capacidade de cada
um. E depois partiu de viagem. (Mateus 25:15, tradução livre do inglês)

Nesta história, o bem confiado foi dinheiro. A maioria das traduções da


Bíblia usa a palavra talento, e essa palavra é na verdade a mais correta, pois a
palavra grega é tálanton. Um talento é uma medida de peso e é muito usada
para ouro ou prata. Um talento equivale a aproximadamente 34 quilos.
Grande parte dos especialistas estimam que um talento de prata valha
aproximadamente dezoito mil reais (outras estimativas variam, mas não
significativamente). Uma coisa na qual todos os especialistas concordam
é que o Novo Testamento representa um talento como sendo uma grande
quantia de dinheiro. Uma bolsa de 34 quilos de prata não é uns trocados!
Baseado em meu entendimento agora, eu particularmente não acho que
a quantia exata seja importante para a interpretação dessa parábola. O que
podemos concluir com confiança, porém, é que um talento representava
uma grande responsabilidade.
76 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Não acho que Jesus está discutindo sobre dinheiro aqui, apesar de
seu princípio poder ser aplicado. Numa parábola, Jesus raramente usa a
representação exata do que está sendo abordado. Ele usa trigo para pessoas
justas, joio para pessoas más, sementes para palavras, espinhos para as
preocupações da vida, colheita para o fim do mundo, ceifeiros para anjos,
e outros mais. Com base no Novo Testamento em geral, é quase certo que
esses talentos representam charisma, ou os dons confiados a nós.
Outro ponto importante dessa história é que os empregados não
receberam a mesma quantidade. Falaremos sobre este fato com mais
profundidade depois, mas é por isso que, algumas vezes, me refiro aos
nossos dons como “presentes”. Alguns tem um, outros dois, e outros
têm mais.
As quantidades diferentes também podem representar a magnitude
de nossos dons. Sejamos francos; há pessoas com dons maiores que
outras. Há muitas que possuem o dom de cantar e inspiram os outros
a ouvi-las. Mas todos que cantam não têm o nível de talento que Celine
Dion ou Andrea Bocelli têm. Então, se você me perguntasse, eu diria
que cada talento representa um certo dom, ou a magnitude de um dom.
Continuemos:
O empregado que recebeu as cinco bolsas de prata começou a investir
o dinheiro e ganhou mais cinco. O empregado com duas bolsas de
prata também trabalhou e ganhou mais duas. Porém, o empregado que
recebeu uma bolsa cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do
patrão. (Mateus 25:16-18, tradução livre do inglês)

Deixe-me personalizar a história dando nome aos empregados. Vamos


chamar o primeiro de Bob, a segunda de Alice e o terceiro de Larry. Bob
começou com cinco e multiplicou o que lhe foi dado e acabou com dez.
Alice multiplicou seus dois e acabou com quatro. Larry, no entanto, não
multiplicou o dom que lhe foi confiado, pois decidiu simplesmente manter
o que tinha. Agora vamos escrever separadamente:
FIEL 77

Bob: 5 x 2 = 10
Alice: 2 x 2 = 4
Larry: 1=1
Daqui em diante, irei personalizar os versículos com os nomes que
foram dados a cada empregado.

O JULGAMENTO
Mais uma vez, é crucial apontar a ênfase de Jesus na palavra longa nessa
parábola. A história começou com a descrição de uma longa viagem e, mais
uma vez, Ele declara: “Após um longo tempo, o patrão retornou de viagem e
os chamou para prestar contas de como haviam usado seu dinheiro” (Mateus
25:19). A prestação de contas que o patrão exige de cada administrador
representa o julgamento que cada um de nós enfrentará a respeito de como
usamos os dons confiados a nós. Examinemos Bob primeiro:
Bob, a quem foram confiadas cinco bolsas de prata, veio à frente
com mais cinco e disse: “O senhor me deu cinco bolsas de prata para
investir, eu ganhei mais cinco.”

Veja a resposta do patrão:


O patrão celebrou bastante. “Muito bem, meu servo bom e fiel. Você
foi fiel em cuidar desta pequena quantia, então agora lhe darei mais
responsabilidades. Vamos celebrar juntos!” (Mateus 25:20-21, tradução
livre do inglês)

Este é um ponto muito importante que não podemos ignorar: o patrão


diz “Você foi fiel”. Você pode esmiuçar a resposta do patrão o quanto
quiser, mas não há outra interpretação. Jesus atribui fidelidade diretamente
à multiplicação. Leia novamente os comentários do patrão com atenção;
nada mais do que Bob tenha feito foi destacado! O patrão não disse que
ele foi confiável, constante, leal, dedicado, verdadeiro ou nenhuma outra
palavra que possa definir fidelidade. Não me entenda mal — todos esses
78 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

atributos admiráveis descrevem fidelidade, mas não são mencionados


nem destacados. Ele também não apontou para nenhuma outra virtude,
ação ou resultado da administração de Bob, mas apenas ao fato de que ele
multiplicou. Portanto, ele relacionou fidelidade diretamente à multiplicação!
O mesmo acontece com Alice. Leia este relato com atenção:
Alice, que havia recebido duas bolsas de prata, veio à frente e disse: “O
senhor me deu duas bolsas de prata para investir e eu ganhei mais duas.”

O julgamento do patrão seguiu a mesma linha:


O patrão disse: “Muito bem, minha serva boa e fiel. Você foi fiel
em cuidar dessa pequena quantia, então agora irei lhe dar mais
responsabilidades. Vamos celebrar juntos!” (Mateus 25:22-23)

Mais uma vez, Jesus identifica diretamente fidelidade com multiplicação.


Não há nada mais — nem ação, nem virtude, nem resultado — destacado!
Jesus não quer a ênfase do patrão diluída; só há uma interpretação: Ela
multiplicou o que lhe foi confiado e isso claramente equivale a ser fiel.
Além disso, o elogio que Alice recebe é exatamente, palavra por palavra,
o mesmo dito a Bob. Isso revela que no dia do julgamento, nossa pontuação
de multiplicação será baseada em nosso trabalho. Jesus ficará igualmente
alegre conosco independentemente da nossa quantidade de dons ou da
magnitude deles. Tudo que importa é: nós multiplicamos?
Um exemplo disso seria a mãe e dona de casa que multiplicou sua
eficácia. Ela será tão elogiada como o empreendedor que multiplicou seu
negócio e sua generosidade ao Reino.
Agora voltemos nossa atenção a Larry:
Depois Larry com uma bolsa de prata se apresentou e disse: “Eu sabia
que o senhor era um homem duro, que colhe onde não plantou e
junta onde não semeou. Eu tive medo de perder o seu dinheiro, então
o enterrei debaixo da terra. Veja, aqui está o seu dinheiro de volta.”
(Mateus 24:24-25)
FIEL 79

Antes de avançarmos para o julgamento de Larry, vamos mencionar


alguns fatos importantes. Primeiro, Larry não multiplicou; ele manteve o
que lhe foi confiado. Além disso, veja a razão pela qual ele não multiplicou:
Ele não conhecia o caráter de seu patrão, então o percebeu incorretamente
como sendo duro. Ao longo de meus anos ministrando a crentes de todas
as partes do mundo e de todas as caminhadas da vida, notei que uma das
principais pedras de tropeço que bloqueia a frutificação é não conhecer a
natureza de Deus. (Falarei sobre isto num capítulo mais adiante.)
Quando percebemos Deus incorretamente, isso muitas vezes nutre o
que está por trás da falha em multiplicar: o medo. Larry teve medo! Medo,
timidez, ou intimidação irão apagar os dons genuínos de Deus em nossa
vida. Isso é tão importante que não é possível enfatizar o bastante. Eu sei
disso por experiência própria, pois sofri com isso durante anos. (Também
falarei sobre isto mais adiante.)
Agora vejamos o julgamento de Larry:
Mas o patrão respondeu: “Empregado mau e preguiçoso!” (Mateus
25:26, tradução livre do inglês)

Uau! Pausemos e examinemos essa declaração antes de continuar.


Lembre-se de todos os três, não só Bob e Alice, mas também Larry, eram
servos; não eram estranhos. É o patrão deles quem está avaliando o trabalho.
Larry não ouve “Muito bem, servo bom e fiel”, assim como os outros dois.
Ao contrário, ele ouve “empregado mau e preguiçoso!” Isso definitivamente
chama nossa atenção. Jesus não está falando sobre salvação, mas sobre o
julgamento de como usamos nossos dons — sendo recompensados ou
sofrendo perda devido a nosso trabalho.
Vejamos com atenção as duas palavras ásperas do patrão. Começaremos
pela mais fácil de engolir. A palavra grega para preguiçoso é oknerós. Esta
palavra é definida como “atrasar, lento, devagar, indolente”8. Outro léxico a
define como “pertinente a retroceder ou hesitar de engajar em algo valioso,
possivelmente implicando falta de ambição”9.
80 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Meu amigo Rick Renner, que é especialista na língua grega, diz o


seguinte sobre oknerós: “Carrega a ideia de uma pessoa que tem uma
atitude letárgica, apática, indiferente, indolente, e desinteressada em relação
à vida.” Com essas três fontes, vemos que a definição grega amplia nosso
escopo e traz mais revelação.
Se você tiver medo, irá hesitar ou evitar de se engajar numa atividade
que deve ou pode ser feita. Se você for letárgico, irá lhe faltar desejo de
cumprir o que deve ser feito. Se você for apático, você não se importará o
bastante para sequer pensar em agir. Todos os cenários se aplicam a essa
palavra grega, mas o servo confessou: “Eu tive medo.” Pode ser que os
outros aspectos da preguiça possam ter influenciado esse servo, mas no
final das contas, a hesitação devido ao medo foi o fator determinante.
Você já sentiu um impulso de fazer algo — você não conseguiu se livrar
daquilo, principalmente quando estava em oração — mas hesitou por
tempo demais porque tinha medo de falhar? E depois viu alguém ir lá e
fazer? Depois pensou consigo mesmo: Eu tive aquela ideia e deveria ter
agido. Isso é o que Jesus está querendo dizer sobre esse servo. Ele hesitou e
hesitou, não apenas uma ou duas vezes, mas durante todo o período de sua
administração. É aceitável acontecer uma vez ou duas, já que geralmente
superamos e aprendemos com essas situações. Porém, se flertarmos com
a hesitação por muito tempo, ela pode se tornar um padrão que acaba
levando à total anulação e a uma administração infrutífera.
Quando o Senhor me pediu para escrever pela primeira vez, eu hesitei por
dez meses. Eu tinha medo de escrever. Eu havia falhado muitas vezes na escola.
Um colega meu da faculdade criticou minha escrita na frente de todos! Um
aspecto de uma das tarefas era ler o trabalho uns dos outros e, durante o debate
na aula, meu colega disse para o professor em alto e bom tom que desaprovava
meu trabalho. Eu fui o único aluno que recebeu críticas de um colega de classe.
Meu medo de escrever era bem fundamentado: Tive notas terríveis no
vestibular, vários professores me deram críticas negativas, notas ruins, e
FIEL 81

críticas de um colega de classe; o passado não estava ao meu favor. Tudo isso
só confirmava minha hesitação. Escrever um livro exigiria uma quantidade
imensa de tempo, e tempo é crucial. Iria me afastar de outros esforços de
fazer nosso ministério de jovens crescer. Eu tinha que deixar de lado esses
medos e preocupações significativos a fim de obedecer à direção Dele.
E se eu tivesse hesitado tempo demais e não tivesse obedecido? O
resultado teria sido exatamente o que Deus falou através daquelas duas
senhoras que mencionei anteriormente. Ele teria dado o talento para
outra pessoa, um “Bob”, por exemplo, que teria cumprido a missão. Ele
teria recebido minha tarefa. Daí, onde eu estaria hoje? Será que eu acabaria
sendo chamado de “preguiçoso” diante do trono do julgamento?
Eu nunca iria imaginar que o meu destino estaria embrulhado na escrita!
Se você tivesse me dito durante meus vinte e poucos anos, “John, Deus irá
enviá-lo às nações do mundo através dos seus livros”, eu teria dito dando
gargalhadas: “Você enlouqueceu! Não consigo nem escrever um trabalho de
três páginas.” Porém, agora os livros são best-sellers nacionais e internacionais,
em mais de cem idiomas, e seus números atingem dezenas de milhões. E se eu
não tivesse obedecido? E se eu tivesse permitido que o medo me impedisse?
Estremeço só de pensar na extensão da minha oportunidade perdida!
Agora, vamos focar na palavra mais difícil que o patrão disse ao terceiro
empregado. A palavra mau parece intensa demais, mas Jesus nunca usava
palavras sem cuidado. A palavra grega para mau é ponerós. Sua definição é
“Aquele que possui uma falha séria e se torna consequentemente inútil.”10
A respeito de como Larry lidou com o que lhe foi confiado, essa definição
lhe cabe bem. É como Paulo concluindo “ai de mim” se tivesse sido infiel
ao dom de Deus em sua vida. A visão equivocada que Larry tinha de seu
patrão foi uma falha séria que alimentou seu medo. Ele foi inútil para a
operação do dom confiado a ele. Essas são declarações muito fortes; porém,
se compararmos as palavras de Paulo sobre um possível mau uso de seus
dons com o comportamento de Larry, essas afirmações se aplicam.
82 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Permita-me resumir de forma clara que isso não tem a ver com a nossa
salvação, mas com a maneira como lidamos com os dons que nos foram
confiados. A visão de Deus é:
Aqueles que multiplicam são bons e fiéis.
Aqueles que simplesmente mantêm, possuem
uma falha séria, são inúteis e preguiçosos.
Será que nossa visão de fidelidade está incompleta? Considere este exemplo:
Existe um empresário que mora numa área com uma economia forte e em
expansão. Seu negócio, uma pequena loja que o proprietário herdou de seu
pai, é lucrativo, mas não está crescendo. O homem já teve oportunidades de
abrir novas filiais do negócio em outras partes da cidade, mas apesar de seu
dom empreendedor, ele ficou contente em “permanecer confortável”.
Agora, permita-me esticar nosso pensamento mais um pouco. À
luz do julgamento de Larry na parábola, vou fazer duas perguntas. Esse
empresário deveria usar seu dom para abrir novas lojas e se aventurar em
outros mercados pelo propósito de construir o Reino? Seu desejo de “ficar
seguro” é sinônimo da estratégia do servo infiel de “manter”?
Será que usamos os mesmos critérios de Jesus para avaliar fidelidade?
Apesar de o empresário estar vivendo uma vida boa, a pergunta abrangente
não deveria ser: Ele está multiplicando ou mantendo seus dons? Sejamos
sinceros em nossa avaliação. Será que medimos fidelidade apenas por
confiabilidade sem levar em conta a multiplicação? Constância sem expansão?
Consistência sem duplicação? Será que perdemos o escopo completo do que
significa ser fiel — multiplicar os dons que nos foram dados?
O primeiro mandamento de Deus à humanidade quando Ele colocou
o homem e a mulher na terra foi “Sejam frutíferos e multipliquem”
(Gênesis 1:28). É claro, Ele estava dando a direção de que tivéssemos filhos
e povoássemos a terra. Porém, além disso, o mandamento é: Tudo que Ele
colocar sob nosso cuidado, devemos retornar a Ele multiplicado. Devemos
procriar através da multiplicação. Na parábola dos talentos, Jesus aplica este
mandamento do início de Gênesis especificamente aos dons confiados a nós.
FIEL 83

NÃO PELA SUA PRÓPRIA CAPACIDADE!


Você está se sentindo desconfortável? Provavelmente sim, mas lembre-
se, a graça de Deus é tudo que você precisa. Ele não pede que você faça
isso na própria força, mas pelos charis e charisma de Deus. O propósito de
escrever esta mensagem não é desencorajar você, mas trazer consciência do
potencial que Deus lhe deu e expandir a sua fé na graça de Deus e os dons
na sua vida. Não tenho a intenção de colocar um peso — difícil demais —
sobre você. Paulo clamou a Deus três vezes pedindo para que sua carga
fosse mais leve, mas veja como o Senhor respondeu:
“Minha graça é suficiente para você, pois o Meu poder se aperfeiçoa na
fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas
fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por
amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas. (2 Coríntios 12:9-10)

Uma das definições da palavra grega para fraqueza é “limitações”. Você


e eu não somos os únicos que se sentem sobrecarregados às vezes. Todos
nós temos limitações, assim como o apóstolo Paulo. No contexto específico
deste versículo, ele se refere à resistência, à oposição e até às perseguições
físicas que enfrentava em todas as cidades (ver capítulo 11), mas essa
verdade também se aplica a restrições ou impossibilidades que podemos
enfrentar — quando a tarefa parece impossível de ser feita. Apesar de
não ser fácil, isso deveria nos fazer aprofundar nossa determinação e
depender da força de Deus. Ao invés de escutar as limitações gritando na
sua mente, declare as promessas de Deus. Será que damos mais ouvidos
a nós mesmos quando, na verdade, deveríamos estar usando nossa voz
para declarar?
Paulo pediu a Deus para intervir duas vezes, e a cada vez Deus o lembrou
de charis. Na terceira vez, Paulo entendeu; percebeu que suas limitações
deveriam apenas levá-lo a crer na graça de Deus e no dom em sua vida.
É por isso que seu posicionamento mudou de “Deus, retira isso de mim!”
para “Regozijo-me nas fraquezas”. Ele realmente disse regozijo-me? Sim! Ele
84 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

agora percebia que quanto mais impossível o desafio, maior o poder de


Deus manifestado em sua vida — se ele cresse!
Há uma verdade importante aqui: A graça que precisamos para multiplicar
só pode ser acessada através da fé! Paulo escreve: “Obtivemos acesso pela fé
a esta graça” (Romanos 5:2). Imagina dessa forma: Fé é tudo que leva ao
nosso coração a graça necessária para multiplicar. Quando ouvimos esta
mensagem, nossa fé ou nosso tubo deveria se expandir, não diminuir. Mas
a escolha é nossa. A Bíblia diz:
A mensagem que eles ouviram de nada lhes valeu, pois não foi
acompanhada de fé por aqueles que a ouviram. Pois nós, os que cremos,
é que entramos naquele descanso. (Hebreus 4:2-3)

Não veja a mensagem que você está lendo de maneira que não lhe valha
nada; ao contrário, acompanhe-a de fé. A mesma Palavra de Deus cumpriu
duas coisas diferentes para o povo de Israel. Foi de grande valor para
Moisés, Josué e Calebe; eles foram fortalecidos ao terem uma perspectiva
positiva. Porém, a mesma Palavra não valeu nada para os outros israelitas
porque a viram de forma negativa. Essa é a diferença entre crer e não crer.
Creia que Deus já o capacitou para ir além das suas próprias habilidades.
Ele não lhe deu nenhuma outra opção de força e capacitação além de
depender de Sua graça. Quando fizer isso, você entrará no descanso
verdadeiro — acabando com os esforços somente em seus próprios braços,
sem tanta luta para produzir resultados. O que é esse descanso? É cooperar
com a capacidade de Deus para cumprir a sua missão. Quando você entrar
nesse descanso, Deus irá levá-lo à multiplicação!
Essa é a razão pela qual Davi é chamado de “homem segundo o coração
de Deus”. Ele dependia da força de Deus, não de sua própria. Ele proclamava
repetidamente: “O Senhor é a força da minha vida” (Salmos 27:1, ARC).
Em tudo que alcançava, havia um denominador comum: Ele dependia
da habilidade de Deus atuando nele e através dele. É por isso que Paulo
diz a seu filho espiritual, Timóteo, que estava lutando contra o medo e a
FIEL 85

intimidação: “Portanto, você, meu filho, fortifique-se na graça que há em


Cristo Jesus” (2 Timóteo 2:1).
É por isso que dediquei o segundo e o terceiro capítulo deste livro para
estabelecer firmemente charis e charisma antes de discutir a parábola
dos talentos de Jesus. Seria esmagador e desencorajador enfrentar a
administração do que nos foi dado usando nossa própria força.
Por favor, nunca se esqueça: O seu chamado é maior do que a sua
capacidade natural. É por isso que a Bíblia nos diz:
Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos
eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos;
poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu o que para o
mundo é loucura para envergonhar os sábios, e escolheu o que para
o mundo é fraqueza para envergonhar o que é forte. Ele escolheu o
que para o mundo é insignificante, desprezado e o que nada é, para
reduzir a nada o que é, a fim de que ninguém se vanglorie diante dele.
(1 Coríntios 1:26-29)

Por que poucos eram sábios, poderosos e nobres? Será que é porque
é mais fácil que os naturalmente talentosos alcancem “sucesso” com sua
própria força? Eles são tolos! Eles se comparam com os outros e vencem.
Ao invés disso, eles deveriam se enxergar à luz do chamado de seu Criador.
Paulo era diferente. Apesar de, em comparação aos seus contemporâneos,
ele ter sido sábio e nobre antes de ser salvo, ele chegou a um ponto em
que considerou toda sua habilidade natural “estrume” para que pudesse
entrar no poder de Cristo sobre sua vida. Ele era um desses poucos, porque
aprendeu que, apesar de ter sido naturalmente mais sábio que a maioria,
não era sábio em comparação à sabedoria de Deus (ver Filipenses 3:4-11).

SOCIALISTA OU CAPITALISTA?
Continuemos com a parábola de Jesus. Não parece ser possível, mas ela
na verdade fica mais forte e mais chocante!
86 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

“Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez.” (Mateus 25:28)

Espera um pouco! Estamos lendo isso mesmo? Ele realmente ordena


que a bolsa de prata (talento) seja tirada de Larry e dada a Bob. Vamos
detalhar isto para ficar claro:
Bob: 5 x 2 = 10 + 1 (de Larry) = 11
Larry: 1 – 1 (para Bob) = 0
Bob acaba com onze e Larry acaba com zero!
Numa manhã em oração, fiquei chocado com o que ouvi em meu
coração. Deixe-me explicar. Fazia tempo que eu não pensava na parábola
dos talentos. Naquela manhã ouvi o Espírito de Deus me dizer: “Filho, sou
mais capitalista, não socialista, em Meu pensamento.”
O quê?? Eu levantei uma sobrancelha quando ouvi essas palavras, mas
tenho caminhado com Ele por bastante tempo para saber quando Ele nos
revela coisas que não sabemos. Muitas vezes soa contrário ao pensamento
religioso ou normal, e às vezes até soa absurdo! Dessa vez, parecia absurdo
quando ouvi Suas palavras. Pedi por entendimento porque eu pensava que
Deus era mais socialista na forma como fazia as coisas.
Naquela manhã, Ele me levou à parábola e me mostrou que, se Seu
pensamento fosse socialista, essa parábola teria sido diferente. A história
teria começado com todos dos três tendo recebido a mesma quantidade de
talentos:
Bob: 3
Alice: 3
Larry: 3
Bob e Alice teriam sido fiéis (multiplicado), mas Larry, devido às suas
falhas de ser preguiçoso e inútil, teria permanecido do mesmo jeito. O
resultado teria sido:
Bob 3 x 2 = 6
Alice 3 x 2 = 6
Larry 3 = 3
FIEL 87

O hipotético Deus socialista teria feito o seguinte:


Bob 6 – 1 = 5
Alice 6 – 1 = 5
Larry 3 + 1 (de Bob)
+ 1 (de Alice) = 5
Todos teriam acabado com cinco talentos! Porém, isso não aconteceu.
Deus removeu uma bolsa de prata de Larry e deu ao que tinha dez. Por
quê? Jesus explica:
Aqueles que usam bem o que lhes é dado (multiplicam), ainda mais
lhes será dado, e terão em abundância. Mas daqueles que não fazem
nada (mantêm), até mesmo o que tem lhes será tirado. (Mateus 25:29,
tradução livre do inglês)

Não estou dizendo que Deus é capitalista! Não, nunca! É simplesmente que
o capitalismo aqui, em particular, está mais alinhado com o pensamento e a
forma Dele de fazer as coisas do que o socialismo. Nossos jovens na América
e em outros lugares no século XXI estão sendo treinados a pensar de forma
socialista. O socialismo não é benéfico; na realidade, vai diretamente contra a
sabedoria de Deus. É um espírito anticristo, mascarando o bem comum, que
quer recompensar o ócio e penalizar a diligência, o sucesso e a abundância.
A maneira de Deus é recompensar com mais aqueles que multiplicam,
e Ele não tem problema com que eles tenham abundância. Mais uma vez,
Jesus diz: “terão em abundância”. Deus deseja que tenhamos abundância
desde que o desejo do nosso coração seja construir o Reino e usar nossa
abundância para ajudar outros.
Você provavelmente já ouviu essa frase antes: Deus não é contra
possuirmos abundância; Ele é contra a abundância nos possuir. Essa é uma
afirmação verdadeira.
Aqueles cujos corações queimam com as paixões de Deus não têm
satisfação em acumular abundância. Pelo contrário, sua satisfação vem de
caminhar com Deus e usar a abundância que Ele dá para construir Seu
88 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Reino. A abundância é apenas uma ferramenta para que eles possam edificar
outras vidas. E, obviamente, se formos sábios, não nos apaixonaremos por
nossas ferramentas.
É importante pausar e enfatizar uma verdade importante: Nós devemos
cuidar dos pobres, daqueles impossibilitados de trabalhar e daqueles que
precisam de um empurrãozinho. Paulo escreve: “O amor nos capacita para
cumprir a lei do Ungido de Deus levando os fardos uns dos outros. Se você
se acha importante demais para se abaixar para ajudar o outro, você está
vivendo em engano” (Gálatas 6:2-3, tradução livre da TPT em inglês).
Quando os líderes da igreja primitiva se reuniram, perceberam
quais eram suas tarefas e até discordaram em pequenos pontos. Porém,
certamente concordaram sobre a responsabilidade de ajudar aqueles em
dificuldade. Paulo escreve:
Eles só pediram uma única coisa de mim: que me lembrasse dos pobres
e necessitados, o que era o peso que eu já carregava em meu coração.
(Gálatas 2:10, tradução livre da TPT em inglês)
Com essa declaração, é importante identificar se alguém está em
necessidade ou se simplesmente é preguiçoso. Uma abordagem socialista é
dar igualmente aos preguiçosos e aos pobres. Se dermos para aqueles na
categoria “preguiçosos”, aumentaremos a dependência deles de nós. Nosso
objetivo é sempre direcionar as pessoas aos seus dons divinos, para que
também possam florescer e construir o Reino de Deus.

A APLICAÇÃO PRÁTICA
Em qualquer dos casos, o importante é o fato de que nos foram
confiados dons e é esperado que os usemos para multiplicar. Se você ama
a Deus, irá desejar apaixonadamente usar os seus dons para a glória Dele.
Minha principal intenção é despertar você para o seu desejo interior e o
seu potencial. Você foi criado de propósito com um propósito. Você tem
a capacidade de multiplicar o que lhe foi dado para a glória do nosso Rei.
Essa é a lição mais importante deste capítulo.
FIEL 89

Agora que chegamos a um entendimento da parábola dos talentos e o


que ela representa, estamos prontos para avançar para as questões práticas.
Como isso funciona na prática? Como é aplicado em nosso dia a dia?
Nossa jornada seguirá esta direção no próximo capítulo.

REFLETINDO
1. Há um atributo que define claramente um administrador: fiel.
Como você via fidelidade? Após ler este capítulo, como a sua
perspectiva mudou?

2. A multiplicação eterna não é alcançada pela nossa própria força.


É um resultado de cooperarmos com a graça de Deus. Você tem
tentado multiplicar os seus dons com a própria força? Como
você pode multiplicar os seus dons a partir de uma postura de
descanso, em vez de lutar com o próprio braço?

3. Deus não é contra possuirmos abundância; Ele é contra


abundância nos possuir. Por que você acha que é importante
para Deus que você multiplique os seus dons? Como a
multiplicação dos seus dons honram a Deus e impactam os
outros em grande escala?
Aquele que administra o pouco que lhe
foi dado com fidelidade e integridade será
promovido e lhe serão confiadas
maiores responsabilidades.

— Lucas 16:10, TPT


6

DILIGÊNCIA E
MULTIPLICAÇÃO

D
e acordo com as palavras de Jesus, se vivermos com integridade,
se formos constantes, confiáveis, honestos e diligentes, e se
multiplicarmos o que administramos atualmente, receberemos
mais responsabilidades. Falando de forma simples, quando multiplicamos
com integridade, Deus confia mais responsabilidades a nós. Ele nos promove.
É uma lei de Seu Reino.
Faça uma análise pessoal. Você tem uma perspectiva de multiplicação?
Ou tem tido uma mentalidade mais de manutenção? Você se acomodou
quando atingiu um nível de sucesso considerado maior que a maioria,
melhor que os seus pais, ou o suficiente para viver com conforto?
Seja sincero em sua avaliação. Se você tem sido mais um mantenedor do
que um multiplicador, a boa notícia é: Você ainda vive na terra e tem tempo
de mudar, multiplicar e receber mais responsabilidade!

DOIS RESULTADOS DIFERENTES


Mesmo quando eu ainda era um garoto, não foi difícil para mim
reconhecer essas duas motivações opostas de mantenedor e multiplicador,
pois meus dois avôs exemplificaram as diferenças bem diante dos meus
olhos. Um se aposentou aos 63 anos de idade e adotou um estilo de vida
passivo. Ele nos visitava duas semanas por ano, e eu o observava, dia após
92 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

dia, fazer praticamente nada. Ele sentava-se sob a árvore de nosso quintal e
fumava seu charuto. Não era muito diferente de quando nós o visitamos em
sua casa. Infelizmente, em seus últimos anos, parece que ele se contentou
com existir em vez de viver.
Meu outro avô se aposentou aos 62 anos e começou uma segunda vida.
Matriculou-se na Rutgers University e começou a estudar agronomia.
Durante as duas décadas seguintes, ele escreveu dois livros, construiu e
cuidou de um enorme jardim, criou animais, ajudou a levar condomínios
para as praias da Flórida a fim de criar ótimos lugares para pessoas idosas,
e foi ativo em muitos projetos corporativos e comunitários. Ele sempre
estendia a mão para quem estava passando necessidade.
Quando ele nos visitava ou quando nós o visitávamos, era um evento
muito mais esperado. Ele planejava viagens de pesca, dias em parques de
diversão, e viagens para Nova Iorque. Ele brincava com a gente, levava-nos
para conhecer os vizinhos, ajudava os comerciantes locais em suas lojas, e
toda noite fazia um jantar delicioso. Meu outro avô sequer ajudava na cozinha.
Um avô faleceu aos 75 anos e o outro aos 91. Adivinha quem viveu por
mais tempo? Sim, o que tinha visão, o que multiplicou. Aqui está um fato
interessante: Ele só recebeu a salvação aos 89 anos de idade. Mesmo assim,
antes disso ele viveu de acordo com os princípios de Deus, as leis do Reino,
e foi muito abençoado.
Antes de eu ter o privilégio de apresentar Jesus a ele, meu avô me
perseguia muito devido às minhas crenças! Ele zombava da minha fé quase
todas as vezes que estávamos juntos. Após várias tentativas de compartilhar
o Evangelho com ele, eu quase caí no chão quando ele disse “Eu quero
receber Jesus como meu Senhor”. Foi um dia incrível!
Um mês após sua conversão, eu o visitei novamente. Na época, ele
morava a apenas uma hora de nossa casa. Ele havia acabado de se mudar de
seu condomínio em Daytona Beach para um centro de moradia de idosos
em Ormond Beach. Naquela visita, ele disse: “John, você quer saber minha
missão? O que estou nessa terra para fazer?”
DILIGÊNCIA E MULTIPLICAÇÃO 93

Fiquei impressionado que um homem daquela idade que havia acabado


de ser salvo pensava daquela forma. Mas ao invés de comentar isso, eu
simplesmente respondi: “Sim, vovô, qual é a sua missão?”
Ele disse com um sorriso: “O Espírito Santo me disse que estou aqui
para falar de Jesus Cristo para todas essas pessoas.” (Havia centenas de
idosos naquele complexo onde ele vivia.)
Dois anos depois, minha mãe e meu tio o levaram para Oklahoma
para estar perto de seu único filho. Em sua primeira semana lá, ele ficou
acordado a noite toda contando para sua nova cuidadora sobre sua história
de vida. Nas primeiras horas da manhã, um pouco antes do nascer do sol,
ele disse a ela: “É hora de ir para casa. Diga para meu filho celebrar.” Com
isso, ele deixou seu corpo e se juntou à família celestial.
Minha mãe estava angustiada e preocupada de ter colocado muito
estresse sobre ele com a mudança da Flórida para Oklahoma. Quando ela
disse isso, eu rapidamente lhe garanti que ela não havia feito isso: “Mãe,
quando o vovô tinha 89 anos, ele me disse que Deus lhe mostrou que ele
tinha mais dois anos na terra para cumprir sua missão em Ormond Beach.
Essa foi a primeira semana dele em Oklahoma; sua missão estava completa.”
Minha mãe ficou impressionada e consolada.
Apesar de meu avô ter sido um homem descrente, os princípios de
Deus de fidelidade diligente se manifestaram em sua vida. Testemunhando
as escolhas diferentes dos meus dois avôs, mesmo antes de eu ser crente,
eu havia decidido que a minha vida ia seguir a direção do meu avô que
multiplicou e viveu com propósito até seu último respirar.
Porém, permita-me ser franco. Várias vezes a tentação de me desviar para
o outro lado — uma vida de facilidade — surge. É necessário redirecionar
intencionalmente nossos pensamentos e não sucumbir ao estilo de vida
“mantenedor” só porque é mais fácil.
A multiplicação não se manifestará a partir de uma motivação
preguiçosa, hesitante, indiferente ou apática. O apóstolo Paulo nos diz:
94 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

“Trabalhem com entusiasmo e não sejam preguiçosos. Sirvam o Senhor


com o coração cheio de fervor” (Romanos 12:11, NTLH).
Em primeiro lugar, perceba que isto é um comando, não uma sugestão.
Veja a palavra “Trabalhem”. A fim de multiplicar, essa é uma das primeiras
características que você deve mostrar. Além de trabalhar, temos que
trabalhar com entusiasmo. Não me entenda mal — fé, visão e perseverança
são três fatores muito importantes para a multiplicação. Porém, são inúteis
sem o bom e antigo trabalho!
Lisa e eu temos trabalhado diligentemente praticamente desde o dia
que nos tornamos crentes. Parece que foi algo colocado dentro de nós,
e Deus criou todos dessa forma. Nosso entusiasmo não tem sido guiado
por circunstâncias eternas, mas por uma paixão profunda que brota de
duas coisas: nosso amor firme por Jesus e Seu povo. Essa paixão é baseada
numa decisão firme do coração, não em sentimentos, e alimenta o desejo
ardente de construir o Reino Dele. Isso é muito importante, pois emoções
de ânimo nem sempre estarão presentes. Na realidade, virão épocas em que
sentimentos sequer estarão presentes.
Umas das palavras de origem para entusiasmo é a palavra grega
entheos, que significa “ter Deus dentro”.11 Nossa diligência deve ser
guiada pela presença de Deus dentro de nós, não por emoções nem
circunstâncias externas.

MULTIPLIQUE O QUE PERTENCE A OUTRO


Depois que nos casamos, a primeira igreja em que Lisa e eu fomos
membros ficava em Dallas, no Texas. Era uma das igrejas mais bem
reconhecidas em nossa nação com centenas de funcionários. Como
voluntários, nós constantemente nos inscrevíamos para fazer qualquer
coisa que precisavam. Servia na recepção da igreja, servia no ministério
em prisões, ministrava em centros de detenção, visitava asilos, ajudava nas
conferências, auxiliava os funcionários da igreja com pequenas tarefas, e
até dei aula de tênis para os pastores do ministério infantil. Eu nunca disse
DILIGÊNCIA E MULTIPLICAÇÃO 95

“não” para nenhuma forma de serviço, não importa o que fosse, e tudo isso
acontecia enquanto eu trabalhava 42 horas por semana como engenheiro
na Rockwell International.
Eventualmente, vendo minha paixão por servir, a esposa do pastor
sênior (que era chefe de operações da igreja) me perguntou se eu gostaria
de ser contratado pela igreja em tempo integral. Durante nossa entrevista
formal, ela disse: “John, acho que não podemos pagar você o suficiente.”
Minha resposta foi: “Sim, podem sim”. Não me importava com o
quanto iriam me oferecer. Eu estava pronto para aceitar qualquer cargo por
qualquer salário. Após a entrevista, ela me ofereceu o cargo de assistente da
equipe executiva. Lisa e eu não precisamos orar muito sobre isso porque
sabíamos que era a vontade de Deus. Eu aceitei a oferta com um salário de
dezoito mil dólares por ano, o que era uma redução brusca de renda, mas
parecia que era uma promoção. Lisa e eu sabíamos que precisaríamos de
uma provisão miraculosa para viver com esse novo salário, mas não nos
preocupamos. Estávamos engajados no que acreditávamos de todo coração
ser o chamado sobre nossa vida.
A responsabilidade desse cargo era auxiliar os pastores, suas famílias
e seus convidados. Eu operava com três motivações predominantes. Em
primeiro lugar, servi-los como se eu estivesse servindo Jesus. Em segundo
lugar, sempre olhar adiante, antecipar suas necessidades e supri-las antes
que me pedissem. E, por último, se alguém me pedisse para fazer algo,
nunca dizer “Não será possível”. Eu sempre encontrava uma forma através
de oração, criatividade, e trabalho duro. Se fosse algo que realmente não
podia ser feito (o que era raro), eu sempre apresentava a melhor solução
alternativa. Muitas vezes, era até uma maneira melhor de concluir a tarefa
do que a que havia sido pedido originalmente.
Lisa e eu não tínhamos filhos durante esse cargo. Uma semana de
trabalho geralmente exigia de 50 a 72 horas de trabalho num período de
seis dias. Tanto eu como ela sentíamos que era importante evitar todas as
96 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

pressões possíveis de nossos pastores. Queríamos que eles pudessem dar


toda sua atenção a liderar nossa igreja.
Eu poderia compartilhar muitas histórias que ilustram nossas
motivações, mas irei contar somente uma. Meu pastor tinha um convidado
que fazia parte do ministério de um evangelista mundialmente conhecido
que já faleceu. Meu pastor queria saber mais sobre o evangelista, então
os dois ficaram conversando até tarde. Meu telefone tocou uma hora da
manhã. Era meu pastor pedindo que eu fosse até sua casa (que ficava a vinte
e cinco minutos da minha) para levar seu convidado de volta para o hotel.
— Estarei aí logo — eu disse sem hesitar.
Fui para a casa dele, aguardei até que se despedissem e levei o convidado
de volta para o hotel. Fui dormir depois das duas da manhã.
Meu pastor não sabia que eu tinha que buscar outra pessoa no aeroporto,
um convidado que iria ministrar em nossa igreja na noite seguinte. Ele
chegaria no mesmo dia pela manhã às 5:40 da manhã. Eu teria que acordar
às 4:30 a fim de ir buscá-lo. Eu nunca disse ao meu pastor que dormi menos
de três horas naquela noite. Eu estava determinado a suprir qualquer
necessidade que eles tivessem e constantemente lembrava a mim mesmo
de que era um privilégio servir.
Após servir meu pastor e sua esposa como seu assistente por quatro
anos, um dia quando estava sozinho com eles eu disse: “Estou orando e
pedindo a Deus para que o homem que me substitua faça um trabalho duas
vezes melhor que o meu.” Eu queria sair bem e ver meu cargo ser efetuado
com ainda mais força.
Eles responderam: “Isso não é possível. Você tem feito um trabalho
maravilhoso.”
Aquela foi uma afirmação encorajadora. A declaração deles fez com
que todo o trabalho duro parecesse fácil, mas eu queria uma melhora. Eles
eventualmente colocaram duas pessoas naquele cargo. Meu pastor nos
liberou com bênçãos para ir servir outra igreja bem conhecida na Flórida
— no cargo de pastor de jovens que eu mencionei no capítulo 2.
DILIGÊNCIA E MULTIPLICAÇÃO 97

Quando assumi o cargo na Flórida, fiquei frustrado porque não


estávamos alcançando muitos adolescentes. Era meados da década
de oitenta quando nossa única mídia visual era a televisão. Não havia
computadores, tablets nem smartphones. Transmissão ao vivo ainda não
havia sido inventada. Em resumo, a transmissão diária de TV era o melhor
caminho para alcançar pessoas.
Após fazer algumas pesquisas, descobri que uma das redes de televisão
mais poderosas da Flórida tinha um horário disponível às dez da noite dos
sábados. Eu perguntei quanto custaria comprar aquele horário de trinta
minutos. Era um valor pesado.
Abordei meu pastor e perguntei se poderíamos comprar para fazer um
programa para alcançar jovens. Ele respondeu:
— John, não está no orçamento da igreja.
Eu perguntei:
— O senhor se importa se eu abrir aos adolescentes a oportunidade de
contribuir mensalmente a fim de pagar pelo programa?
— Sem problemas, se eles puderem pagar. — Ele respondeu.
Acho que ele não acreditou muito que os jovens poderiam de verdade.
Eu fui até os jovens e compartilhei a visão de alcançar os perdidos. Naqueles
dias, muitos jovens assistiam à televisão no sábado à noite. No programa,
primeiro iríamos pregar a palavra de Deus, depois convidar os telespectadores
a visitar a igreja e o grupo de jovens. Eu pedi aos jovens de nosso grupo que
doassem parte da mesada, do salário do estágio ou que fizessem algum
“bico”. Quando contamos os que se compromissaram, o pastor assistente e eu
ficamos impressionados. O custo do horário na televisão seria coberto.
Meu pastor sênior ficou mais impressionado ainda. Ele deu permissão e
nós começamos nosso programa, Jovens em Chamas. Conseguimos cobrir
as despesas todos os meses e a parte mais incrível é que muitos jovens sem
igreja começaram a participar do nosso grupo e entregaram a vida para Jesus.
Pessoas ainda me contam hoje, mais de vinte anos depois, que no final da
década de oitenta assistiam Jovens em Chamas e eram muito impactados.
98 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Quando deixei o cargo de pastor de jovens, dividimos o grupo de jovens


em três categorias. Três líderes passaram a fazer o que havíamos começado
com um só. Mais uma vez, a graça de Deus, a obediência, e o trabalho duro
haviam gerado multiplicação.
Jesus diz:
Se vocês não forem fiéis com o que é de outra pessoa, quem lhes dará
o que é seu para multiplicar?

Foi esse pastor sênior que declarou o plano de Deus para Lisa e eu
abrirmos a Messenger International. Ele que puxou o assunto conosco, não
fomos nós. Quando iniciei no cargo de pastor de jovens, eu disse: “Pastor,
eu ficarei aqui até Jesus voltar, a menos que Ele mostre para mim e para o
senhor que devo ir para outro lugar.” Se Deus não tivesse falado com ele em
oração sobre qual deveria ser nosso próximo lugar de ministério, não sei se
nós teríamos nos sentido livres para sair da igreja. Até hoje creio que foi por
essa razão que Deus mostrou a ele primeiro.

O NASCIMENTO DA
MESSENGER INTERNATIONAL
Um pouco depois de deixarmos a igreja na Flórida, estávamos
ministrando em Columbia, na Carolina do Sul. Era de manhã cedo, e
eu havia encontrado um lugar remoto para orar. Deus falou comigo:
“Filho, você irá colher uma grande colheita dessas sementes fiéis que você
plantou nesses últimos sete anos servindo outros ministérios. Irá começar
imediatamente e continuará pelos anos adiante.”
Agora, olhando para trás, fico admirado com aquela colheita.
Após sermos enviados pela nossa igreja para abrir a Messenger
International, diligência foi mais uma vez um fator chave em nossa
multiplicação. Lisa e eu passamos muitas noites trabalhando com tarefas
como copiar fitas cassetes, fazendo etiquetas, e montando séries de
mensagens. Nossos amigos vinham para nossa casa regularmente para
DILIGÊNCIA E MULTIPLICAÇÃO 99

etiquetar e envelopar nossas cartas ou ajudar em outras áreas. Lisa e eu


digitávamos cartas, depositávamos cheques, fazíamos a contabilidade,
e organizávamos toda a papelada necessária. Dávamos entrada no
computador, íamos aos Correios, comprávamos materiais, e essa é só uma
pequena parte da lista. Começávamos a trabalhar depois da oração da
manhã e muitas vezes trabalhávamos até às nove da noite ou até mais tarde.
Fazíamos com alegria e considerávamos isso um privilégio. Nossa
motivação vinha de dentro, e suportava inúmeros desapontamentos e
situações difíceis. Creio que a força de não perder a coragem vinha do
tempo que passávamos em oração toda manhã.
Viajávamos para cima e para baixo na principal rodovia da Costa Leste
em nosso Honda Civic com duas crianças no carro no banco de trás,
pregando em pequenas igrejas de oitenta a cem membros. Nossa primeira
reunião foi na verdade numa igreja que tinha cultos numa funerária. Que
início glamouroso!
Vendíamos nossas fitas e usávamos o lucro para expandir o ministério.
Fizemos um compromisso de que aqueles fundos não poderiam pagar
nosso salário; era importante para crescer e multiplicar a Messenger. Houve
vezes em que os fundos que precisávamos para nossas despesas pessoais
só vinham no dia exato do pagamento. Tínhamos dinheiro na nossa conta
de “vendas de materiais de áudio”, mas havíamos nos comprometido a não
tocar nele.
Foi após um ano e meio de trabalho árduo que recebi a palavra de Deus
para escrever. Fiquei muito preocupado de não ter tempo o bastante em
um dia para escrever e cumprir tantas outras responsabilidades. Parecia
arriscado assumir esse compromisso, mas o fizemos. E levei um bom
tempo para escrever o primeiro livro. O que eu não esperava é que alguns
jovens rapazes se voluntariaram para nos ajudar com pequenas tarefas que
tomariam meu tempo de escrita. Eles assumiram a mesma função que eu
tinha com o meu pastor de Dallas. Viram essa necessidade em nossas vidas
e se prontificaram sem que pedíssemos nada.
100 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Terminei o manuscrito de Vitória no Deserto após um ano de trabalho


árduo e, às vezes, frustrante. Aprendi uma verdade chave: Nós devemos
crescer na graça (dons) em nossa vida. A maioria de nós não tem resultados
“fantásticos” no início. Pedro escreveu: “Continuem a crescer na graça...
do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18). Minha habilidade
de escrever agora é muito mais desenvolvida do que quando escrevi o
primeiro livro.
Lisa e eu enviamos o manuscrito para um editor bem conhecido. Para
meu choque completo, ele o criticou fortemente, declarando que eu era jovem
demais e inexperiente para levar aquela mensagem para o corpo de Cristo.
Após aquele balde de água fria de rejeição, Lisa e eu imediatamente
procuramos outro editor. Encontramos um que começou a rabiscar o
manuscrito todo. Lisa e eu ficamos arrasados quando o recebemos de volta.
Ele havia retirado a minha voz e o forte impacto do conteúdo. E, pior ainda,
nada fazia sentido! Falando de forma clara, havia sido destruído. Ainda assim,
outro banho de água fria. O que faríamos? Já havia passado mais de um ano.
Nós não desistimos. Encontramos outra editora, e depois de ler, ela
concordou que o manuscrito original havia sido arruinado. “John e Lisa”,
ela disse, “muitas vezes a direção certa não é consertar os remendos.
Assuma a perda do que você pagou ao editor e comece tudo de novo.” Ela
recomendou que Lisa editasse o original e enviasse para ela.
Seguimos a recomendação da editora e Lisa passou horas trabalhando
no manuscrito original, melhorando a leitura da mensagem. A nova editora
então pegou versão final da edição de Lisa e começou seu processo. Ela fez um
trabalho incrível e sentimos que finalmente tínhamos um grande manuscrito.
Eu o enviei para duas publicadoras renomadas. Nunca tivemos
resposta de uma delas, mas a outra respondeu. Disseram que meu livro
era muito “pregação” e que, como eu não era um ministro conhecido, não
iriam publicá-lo. Tentei com outras publicadoras menos conhecidas, mas
nenhuma teve interesse.
DILIGÊNCIA E MULTIPLICAÇÃO 101

Você pode imaginar minha decepção? Agora, após mais de um ano de


trabalho, tempo e dinheiro investidos, parecia que estávamos numa rua
sem saída. Eu estava perturbado, mas não disposto a desistir.
Publicação independente era algo praticamente desconhecido naquela
época. Ninguém bem-sucedido já tinha feito isso, mas um amigo sugeriu
que tentássemos. Soubemos que nos custaria doze mil dólares para
imprimir alguns milhares de livros e que isso não incluía o custo do design
gráfico e a digitação; e já havíamos pago dois editores.
Era uma quantia enorme de dinheiro para nós. Toda a renda da
Messenger International em 1990 foi quarenta mil dólares. Estávamos
começando nosso terceiro ano como ministério, e não estávamos tendo
entradas muito maiores do que no primeiro ano. Perto do final do segundo
ano, lembro-me de que me senti sobrecarregado quando compramos nosso
primeiro computador, que havia custado algumas centenas de dólares —
doze mil dólares pareciam algo impossível! Precisávamos de um milagre
para conseguirmos essa quantia.
Conhecemos uma senhora que trabalhava como digitadora numa
editora de pequeno porte especializada em livros sobre esportes ao ar livre.
Ela me ouviu falando sobre o livro e abordou Lisa oferecendo seus serviços
para digitar e diagramar nosso livro sem nos cobrar nada. Ficamos muito
felizes por não ter que pagar milhares de dólares por esse serviço.
Deus trouxe o dinheiro para o restante que faltava para a publicação
independente, e imprimimos cinco mil cópias de Vitória no Deserto (que
recentemente foi atualizado para Deus, Cadê Você?!). Nossa empolgação
inicial não durou muito quando percebemos que não tínhamos canais de
distribuição. Distribuidores e livrarias não faziam ideia de quem nós éramos
e, naquela época, essas empresas só compravam de editoras estabelecidas.
Ninguém tinha interesse em um livro independente.
Incluímos o livro na nossa mesa de materiais de séries em fitas cassetes e
vendíamos cópias onde ministrávamos. Quando eu pregava sobre o assunto
102 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

de deserto, vendíamos tudo. As pessoas amavam a mensagem, mas esse foi


o mais longe que conseguimos ir.
Em oração, Deus falou comigo sobre escrever outro livro, então passei
mais nove meses escrevendo A Voz Que Clama. Mais uma vez, nenhuma
publicadora se interessou, então o publicamos independentemente em
1993. Agora tínhamos dois livros na nossa mesa de materiais, mas nenhum
deles estava disponível em lojas.

UMA PORTA DE OPORTUNIDADE ABERTA


Um ano depois, um amigo me ligou e me convidou para almoçar.
“Quero que você conheça um amigo meu”, ele disse.
Eu concordei em ir. Soube que ele era o novo diretor da editora que havia
me recusado dois anos antes. O almoço foi bom, e o homem se interessou
pelo que Lisa e eu estávamos fazendo. “Qual a mensagem que você tem
ministrado ultimamente?”, ele perguntou.
Comecei a compartilhar sobre o tópico mais ardente no meu coração.
Era uma mensagem sobre a importância de vencer ofensas e perdoar
aqueles que nos haviam ofendido. Ele continuou sondando, e lhe contei
mais sobre a mensagem. Após quinze minutos, ele disse:
— John, você sabe que não poderíamos publicar isso porque produzimos
de vinte e dois a vinte e quatro livros por ano, e esse livros são escritos por
autores e ministros famosos.
Eu olhei para ele, confuso, e disse:
— Eu não estava tentando vender a mensagem para você. Você me
perguntou sobre o quê tenho pregado em minhas viagens.
Ele entendeu e riu.
— Verdade, continue.
Então continuei compartilhando. Quinze minutos depois, ele me
interrompeu novamente:
— Você pode me enviar o manuscrito nos próximos três meses?
Intrigado, eu respondi:
— Pensei que você tinha dito que não podia me publicar.
DILIGÊNCIA E MULTIPLICAÇÃO 103

— Mudei de ideia — ele respondeu. — Essa mensagem precisa ser


espalhada pela terra.
A empresa lançou A Isca de Satanás em junho de 1994. Fiquei muito
animado. Deus abriu uma porta que eu não podia abrir sozinho. Eu estava
certo de que o livro se tornaria conhecido imediatamente e venderia bem;
porém, isso não aconteceu nos primeiros sete meses. Mês após mês, eu
recebia relatórios de venda desencorajadores da editora. Eu cria em meu
coração que essa mensagem era destinada a alcançar as massas — às nações
do mundo. Eu me negava a largar essa esperança, mas todos os indicadores
apontavam para outra decepção devastadora.
Alguns meses depois, recebi uma ligação da equipe de marketing da
editora. Disseram:
— John, um programa de TV internacional ao vivo quer receber você
no dia 16 de janeiro de 1995. Você terá vinte minutos, mas eles querem
falar principalmente sobre você, Lisa, seus quatro filhos e o seu ministério
itinerante. Porém, estão dispostos a mencionar o seu livro. É um começo;
uma pequena e boa oportunidade. Quer que aceitemos para você?
— Com certeza sim!
Eu fui e era um casal famoso que estava apresentando o programa
naquela noite. Após me cumprimentar, a primeira coisa que o marido fez
foi levantar o livro A Isca de Satanás e perguntar:
— Qual é a isca de Satanás? Essa mensagem é sobre o quê?
Fiquei surpreso que esse assunto, e não nossa família, surgiu
primeiro, mas eu aproveitei e comecei a falar sobre a mensagem do livro.
Foi como se tudo parasse no estúdio. Eu havia recebido instruções para
olhar sempre para a diretora porque ela levantaria placas indicando
quanto tempo faltava para o término da entrevista. Haviam enfatizado
que eu teria apenas vinte minutos. A diretora não levantou nenhuma
placa. Os apresentadores estavam cativados pelo que eu estava dizendo
e não me interromperam nem disseram nada. O casal e eu perdemos
noção do tempo e depois descobrimos que eu havia falado sem parar
por quarenta minutos.
104 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

O apresentador ficou profundamente impactado. Ele tinha uma das


maiores conferências do país. Uma das primeiras coisas que ele fez, ao vivo,
foi me convidar para pregar sobre aquele assunto em sua conferência.
Dois dias depois, a editora me informou que todas as lojas dos Estados
Unidos haviam vendidos todos os livros A Isca de Satanás e mais vinte mil
cópias haviam sido encomendadas. “John, eu nunca vi isso antes”, ele disse,
“e o programa nos disse que nunca viram uma reação assim”. Eu sabia em
meu coração que era um feito divino, e isso confirmava que aquela era a
mensagem de Deus sendo promovida.
A Isca de Satanás se tornou um best-seller e tem entrado e saído dos
rankings durante os últimos vinte e cinco anos. Até o presente momento,
está se aproximando da marca de dois milhões vendidos em papel, e-book e
áudio book. É irônico olhar para trás e ver como tudo aconteceu. A editora
que primeiramente me rejeitou como autor agora tem A Isca de Satanás
como um de seus livros mais vendidos de todos os tempos. Deus realmente
tem senso de humor!
Se eu tivesse desobedecido e não tivesse escrito, a mensagem não teria
fortalecido tantas pessoas. A escrita fez a mensagem multiplicar, à medida
que o livro estava alcançando substancialmente mais pessoas do que eu
jamais poderia alcançar presencialmente.
Na verdade, essa proliferação profunda não começou com a escrita do
livro. A multiplicação começou muito antes, ao continuarmos no percurso
apesar das decepções que sofremos. Eu trabalhava diligentemente para
tirar a pressão do meu primeiro pastor e depois para multiplicar o alcance
da nossa igreja como pastor de jovens. Continuei a fazer o mesmo na
Messenger International — trabalhando dia e noite e depois obedecendo a
voz de Deus para escrever e multiplicar.
Pensei que o processo de multiplicação da mensagem A Isca de Satanás
estava estabelecido, que continuaria a crescer naturalmente como vendas
de livros e através de mim ministrando em conferências e igrejas pelo
mundo. Eu estava errado. Deus estava prestes a confiar mais a nós.
REFLETINDO
1. Você tem uma perspectiva que encoraja multiplicação? Ou você
tem uma mentalidade mais de manutenção. Você tem vivido de
forma confortável e apenas sobrevivendo, ou tem desafiado a si
mesmo?

2. A multiplicação não é atingida através de preguiça e


passividade. Além de trabalharmos duro, devemos trabalhar
com entusiasmo. Você se considera alguém que trabalha duro?
Você tem entusiasmo no que faz? Você já pisou no freio quando
atingiu um nível de sucesso considerado suficiente ou acima
dos outros?

3. Quando comecei a escrever, passei por frustrações, rejeição e


desencorajamento; porem, minha vitória veio à medida que
permaneci obediente ao que Deus me havia dito para fazer.
Como você tem crescido na graça que está sobre a sua vida?
Como a minha história o encoraja a vencer as frustrações e o
encorajamento?
Ele os abençoa, e eles se multiplicam.

— Salmo 107:38
7

A GRANDE
MULTIPLICAÇÃO

M
uitas vezes, Deus usa a frustração ou o descontentamento
como um catalisador para agitar nossa fé tanto para
uma multiplicação inicial como para o próximo nível de
multiplicação. Um exemplo disso é encontrado na história de Abrão
(Abraão). Deus apareceu a ele quando ele tinha setenta e cinco anos de
idade e lhe disse em uma visão:
“Não tenha medo, Abrão! Eu sou o seu escudo; grande será a sua
recompensa!” (Gênesis 15:1)
Vamos à introdução disso. Deus Todo-Poderoso é Aquele que criou
tudo e é dono de toda a Terra, incluindo seus vastos recursos naturais. Ele
sempre existiu e nunca deixará de existir. Nenhum ser chega perto de Sua
grandeza. Ele não tem vida; Ele é a vida. Todo conhecimento, sabedoria,
tesouros, e prazeres estão Nele. Não há nada de valor fora Dele.
Com isso em mente, esse Ser maravilhoso declara que irá proteger
Abrão e lhe dará uma grande recompensa. Vamos falar sobre proteção e
grande recompensa.
Comecemos por proteção. Imagine se o presidente dos Estados Unidos
ordenasse que todas as forças armadas protegessem você. Todos generais
informariam a seus oficiais que você é prioridade e que qualquer coisa
necessária para a sua segurança deve ser implementada. Se for preciso, irão
108 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

escalar cada soldado, com todo seu armamento avançado, para estar perto
de você. É quase inimaginável, mas se isso acontecesse, tenho certeza que
você se sentiria muito seguro e protegido. No entanto, tudo isso é nada em
comparação ao Deus Todo-Poderoso dizendo: “Eu sou o seu escudo”.
E quanto a uma grande recompensa? Se o seu vizinho disser “Irei lhe
dar uma enorme recompensa”, será muito gentil e generoso, apesar de ele
não ter muito a oferecer. Se o homem mais rico dos Estados Unidos disser
a mesma frase, você ficaria mais animado. Porém, nenhum dos dois é o
bastante aqui. Aquele que é dono de tudo no planeta e no universo está
oferecendo a recompensa! E declara a Abrão: “A recompensa que tenho
para você é grande”. Sinceramente, é difícil compreender a grandeza dessa
promessa. E ainda não terminamos.
Outra realidade surpreendente é que o Criador não envia um mensageiro
— Ele vem pessoalmente. O Deus Todo-Poderoso faz essas promessas
inimagináveis face a face. Você pode imaginar a magnitude? Qual seria a
nossa reação? Como as palavras podem expressar a empolgação, a alegria,
a felicidade e a admiração que qualquer um de nós sentiria? Mas a resposta
de Abrão sequer chega perto dessas emoções. Ele não fica animado. Na
verdade, ele fica frustrado!
“Ó Senhor, meu Deus! De que vale a tua recompensa se eu continuo
sem filhos?” (Gênesis 15:2)

Você consegue ouvir o descontentamento na resposta dele? Incrível!


Mas será que a falta de entusiasmo de Abrão pode na verdade ser algo
bom? Suponha que Abrão tivesse dito: “Uau, isso é maravilhoso! Vamos
começar a festa!” Será que o resultado teria sido diferente mais adiante? Na
realidade, uma pergunta melhor seria: Deus teria aparecido para Abrão se
essa tivesse sido sua resposta? Acredito que não. Deixe-me explicar.
Façamos uma pausa na história de Abrão para trazer clareza.
Anos depois, quando os israelitas estavam dando voltas no deserto, o
descontentamento deles originou-se de sua insatisfação pessoal, o que
A GRANDE MULTIPLICAÇÃO 109

infelizmente lhes custou seu destino. Porém, o apóstolo Paulo mostrou


uma atitude santa ao declarar:
Aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é
passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver
contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com
fome, tendo muito, ou passando necessidade. (Filipenses 4:11-12)

Tanto em Paulo como em Abrão, Deus encontrou alguém disposto a


abraçar a dificuldade e olhar além de si mesmo. A insatisfação deles não era
pessoal, mas focada em outros.
Aqui vai uma regra de ouro: Se a insatisfação vem do que eu não tenho,
ela desagrada a Deus. Por outro lado, se a insatisfação foca na necessidade
dos outros e na construção do Reino, ela agrada a Deus. Essa era a frustração
de Abrão, e o que ela produziu? Deus ampliou a visão dele enfatizando as
estrelas do céu e a areia do oceano, prometendo que sua recompensa iria
impactar mais pessoas do que ele poderia imaginar. Levou Deus a declarar:
“Estabelecerei a minha aliança entre mim e você e multiplicarei muitíssimo
a sua descendência” (Gênesis 17:2).
E se Abrão estivesse contente com sua própria vida sendo muito
abençoado? Será que ele, aos setenta e cinco anos de idade, teria razão para
crer que poderia ser pai? Sua insatisfação se tornou um catalisador para
multiplicar.
Eu aprendi que esse descontentamento não é algo para se ignorar, mas
um trampolim para um aumento de eficácia. Era o que faltava na igreja da
cidade de Laodicéia. Jesus a corrigiu firmemente por sua atitude de “não
preciso de nada” (Apocalipse 3:17). Eles não se sentiam frustrados quando
não viam outros sendo impactados, pois estavam focados em si mesmos
e confortáveis com sua abundância. Consequentemente, não buscavam
multiplicação.
Isso descreve a tentação com qual Stan lutava. Eu, às vezes, também lido
com ela e tenho que vencê-la. Na realidade, a maioria de nós passa por isso.
110 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Quanto mais sirvo a Deus, mais percebo que um dos frutos genuínos de
um verdadeiro crente é uma paixão profunda por impactar outros para o
Reino. No momento da nossa salvação, somos transformados numa pessoa
completamente diferente. Nascemos de novo com a paixão e o desejo de
servir. Jesus declara:
Estejam vestidos para servir, e conservem acesas as suas candeias.
(Lucas 12:35, tradução livre do inglês)

Esse comando do nosso Mestre enfatiza a postura que todos os crentes


devem manter: serviço e paixão por servir. Eu escolhi a palavra manter, pois
já é parte da nossa nova natureza. Isso é frequentemente ignorado devido
ao nosso medo de acabar caindo em “obras” para ser salvos, em vez de ver
a salvação como um dom gratuito. No entanto, este não é o caso de forma
nenhuma; servir é um desejo inato do nosso espírito. Por que evitaríamos
discutir ou esclarecer esse enorme aspecto da nossa nova vida? Será que o
desejo de reinventar o Cristianismo é torná-lo mais como uma experiência
de fé baseada no consumidor? Estamos apelando para a preguiça espiritual
na natureza humana decaída?
Por que Jesus diria “Estejam vestidos para servir”? Por que Ele relacionava
roupas com o serviço? O livro de Apocalipse nos dá uma pista:
Fiquemos alegres e felizes! Louvemos a sua glória! Porque chegou a
hora da festa de casamento do Cordeiro, e a noiva já se preparou para
recebê-lo. A ela foi dado linho finíssimo, linho brilhante e puro para se
vestir. O linho são as boas ações do povo de Deus. (Apocalipse 19:7-8)
Primeiro, vemos que a noiva, não Deus, já se preparou. Em segundo
lugar, vemos a maneira como ela se preparou. Toda noiva gasta muito tempo
escolhendo sua roupa de casamento. É um dos itens mais importantes para
ser resolvido antes do grande dia. Em nossa cultura ocidental, a noiva passa
um tempo considerável escolhendo e comprando o vestido. No Reino de
Deus, sendo a noiva de Cristo, passamos tempo considerável preparando
nossa roupa também. Nosso traje é feito de linho fino que, de acordo com
A GRANDE MULTIPLICAÇÃO 111

o versículo anterior, representa nosso serviço na construção do Reino.


Portanto, servir está em nosso DNA espiritual. Jesus diz: “Assim como o Pai
me enviou, Eu vos envio” (João 20:21). Ele veio com o propósito de servir
(ver Marcos 10:45), e nosso mandato não é diferente. Ele também dá o “por
que” por trás da importância de servir: “A minha comida é fazer a vontade
Daquele que me enviou e concluir a Sua obra” (João 4:34).
Nós não duraríamos muito tempo fisicamente sem alimento ou
nutrientes. Da mesma forma, um crente servindo para construir o Reino
não durará muito sem alimento, e irá eventualmente retroceder. E este é o
cenário que Jesus descreve à medida que continua Lucas 12. Por esta razão,
as forças do sistema decaído deste mundo irão trabalhar arduamente para
nos fazer ter uma perspectiva confortável e complacente, em vez de abraçar
a insatisfação que leva à multiplicação.
Então, querido leitor, não despreze o descontentamento sobre o nível
do seu impacto! Na maioria das vezes, é a forma de Deus de mover a sua fé
para crer numa multiplicação divina.

MEU DESCONTENTAMENTO
Quando o livro A Isca de Satanás deslanchou, não só nos Estados
Unidos, mas também em outros países, eu pensava que ficaria satisfeito.
Mas não fiquei. Comecei a lidar com descontentamento em outro nível.
Eu estava pregando em igrejas e conferências muito maiores, mas a minha
frustração vinha da incapacidade de comunicar a mensagem completa em
um único culto. Levo aproximadamente quatrocentas horas para escrever
um livro, e tanta coisa é revelada pelo Espírito Santo durante o processo de
escrita. Essas verdades são reveladas para as pessoas que Deus ama com o
propósito de fortalecer, libertar ou atraí-las para mais perto Dele.
O tempo estipulado para uma pregação na maioria das igrejas ou
conferências é de 35 a 45 minutos. Então, quando eu ministrava sobre A
Isca de Satanás, eu conseguia cobrir um capítulo, no máximo um capítulo
e meio. Isso significava que noventa por cento da mensagem não estava
112 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

alcançando as pessoas a menos que elas comprassem — e lessem — o livro.


Isso é o equivalente a cerca de 1/5 daqueles presentes.
Como resultado dessa frustração, uma ideia veio quatro ou cinco anos
depois que o livro foi publicado: Por que não criar um material de estudo
do livro? Eu poderia ensinar doze aulas em vídeo de trinta e cinco minutos
cada e abordar as verdades críticas de cada capítulo. Assim, as pessoas,
tanto em grupo como individualmente, poderiam absorver a mensagem
completa, não só através da leitura, mas também vendo e ouvindo. Isso
também expandiria a eficácia da mensagem. Poderíamos criar perguntas
para debate para grupos ou indivíduos que queiram dar ao Espírito Santo a
oportunidade de examinar mais profundamente e tornar a mensagem mais
aplicável a cada pessoa.
Falei com nossa equipe sobre isso. Um membro sugeriu procurar
uma empresa educacional para criar um material prático de devocional
acompanhado de um manual do líder que complementaria os doze vídeos.
Esse material de estudo poderia ser usado em vários ambientes.
Encontramos um fabricante que fazia esse trabalho para mais de 2.500
clientes, inclusive para algumas das maiores corporações dos Estados
Unidos. Logo de primeira pedimos que fosse “de fácil uso, de qualidade e
altamente inovador. Nossa meta é estar anos à frente tanto em estilo como
em tecnologia”. Como observação, tive o privilégio de fazer um estudo
bíblico para a equipe de um de nossos presidentes americanos. Quando
entrei na Ala Oeste da Casa Branca, não pude deixar de notar tamanha
excelência. Naquele dia, um pensamento me ocorreu: Isto representa o
presidente dos Estados Unidos; nós da Messenger representamos o Rei do
universo. Apesar de termos enfatizado excelência desde o início, após essa
experiência, nós nos tornamos ainda mais decididos por não sacrificar
qualidade nem tomar atalhos.
Quando os materiais de estudo ficaram prontos, dois membros da equipe
receberam a responsabilidade de trabalhar integralmente fazendo ligações
(ainda era a melhor maneira de se comunicar com líderes no início do
A GRANDE MULTIPLICAÇÃO 113

ano 2000). Foram instruídos a fazer contato com toda igreja que havíamos
visitado nos últimos dez anos e informar sobre o material de estudo. O
desejo do nosso coração era sermos parceiros dos pastores e ajudá-los a
discipular as pessoas, fortalecendo a igreja local. Naquela época, não havia
muitos materiais parecidos disponíveis; a ideia não tinha pegado.
Ficamos tão felizes quando a ideia fez sentido para os líderes — a
resposta foi surpreendente! Após um curto período, as igrejas começaram
a nos relatar que sua frequência estava aumentando, tanto nos pequenos
grupos quanto nos cultos principais. Inicialmente, pensamos que apenas
igrejas com menos de 300 membros usariam o material em seus cultos.
Entretanto, algumas igrejas com frequência na casa dos mil estavam usando
os vídeos em seus cultos de domingo. Elas também estavam crescendo.
Líderes estava relatando que os membros pediam que não passassem
a próxima aula num domingo de feriado porque eles estariam viajando.
Ouvimos relatos de igrejas que duplicaram e até triplicaram em frequência.
Pastores compartilhavam com outros amigos pastores o que estava
acontecendo em suas igrejas ou grupos pequenos. Então, pastores passaram
a ligar para nós a fim de obter o material. Dentro de alguns anos, tínhamos
milhares de igrejas envolvidas — mais de vinte mil igrejas nos Estados Unidos e
mais de mil igrejas na Austrália. Nosso departamento de relacionamento com
igrejas cresceu para sete funcionários integrais. Os testemunhos sobre vidas,
famílias e igrejas transformadas continuavam inundando nosso escritório.
Durante vários anos seguintes, criamos um material de estudo para
todo livro principal que nosso ministério lançava. Dentro de doze anos,
tínhamos mais de dez materiais diferentes sendo usados em igrejas por
todos os Estados Unidos e por toda a Austrália.
Havia um aspecto dessa multiplicação que não previmos, mas
descobrimos depois. Uma quantidade incontável de pessoas, que nunca
comprariam o livro nem me ouviriam pregar, estavam agora recebendo a
mensagem. Essas pessoas estavam em pequenos grupos ou igrejas cujos
líderes haviam decidido ensinar-lhes o material.
114 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

“VOCÊ TEM SIDO FIEL”


É claro que estávamos cheios de gratidão! O número de livros
vendidos agora atingia os milhões, e os materiais de estudo atingiam
centenas de milhares. Porém, eu ainda estava lidando com insatisfação.
Eu sabia que aquelas mensagens eram para o corpo de Cristo e estavam
dando muito fruto, mas ainda havia muitos crentes precisando das
verdades que elas carregavam.
Pedi a Deus pelo privilégio de doar mais livros do que vendíamos. Eu
sabia que havia pastores, líderes, e cristãos em todo o mundo que não
tinham condições financeiras ou nem mesmo a capacidade de comprar
livros. Havia milhões de igrejas subterrâneas cujos países não autorizam a
venda de livros cristãos. Havia ainda mais igrejas em países que não tinham
os recursos de importar livros.
Como poderíamos ajudá-los?
Eu sabia que havia uma grande necessidade, mas conectar com esses
pastores e líderes parecia uma tarefa impossível. No entanto, tínhamos
que fazer algo. Começamos respondendo o que estava diante de nós.
Instruímos nosso diretor internacional que, se qualquer grupo de líderes
numa nação perseguida ou em desenvolvimento precisasse de livros,
nós enviaríamos todos que quisessem de presente ou pagaríamos pela
impressão em seus países.
A frustração continuou a crescer, pois conseguimos fazer apenas um
pouco: de dez a vinte mil livros por ano. Essa quantidade parecia uma gota no
balde diante da necessidade de materiais de discipulado, mas continuamos
ano após ano, aproveitando toda oportunidade que vinha até nós.
Então veio o feriado do Dia Memorial (31 de maio). Lisa estava na
Inglaterra ministrando numa conferência de mulheres. Eu tinha acabado
de jogar uma partida de golfe. Peguei minha bíblia e fui para nosso porão,
sentindo vontade de ler o livro de Daniel. Enquanto eu lia o segundo
capítulo, de repente senti a presença do Espírito Santo encher o porão e
A GRANDE MULTIPLICAÇÃO 115

ouvi as seguintes palavras no meu coração: “Filho, você tem sido fiel na
esfera do idioma inglês. Agora quero que você leve as suas mensagens às
mãos de líderes e pastores de todo o mundo.”
A presença de Deus permaneceu por alguns minutos. Admirado e
surpreso, permaneci parado até ela ir embora. Naquele dia eu soube
que algo havia mudado. Não iríamos mais meramente aproveitar as
oportunidades que chegavam até nós, mas agora tínhamos uma comissão
divina: Iríamos buscar intencionalmente pastores e líderes em necessidade
— independentemente do país, do idioma e da situação financeira.
O que me chamou atenção naquele encontro com o Espírito Santo
foi o uso da palavra fiel. Naquele tempo, eu não associei “fiel” com
“multiplicação” — essa verdade ainda não tinha sido revelada a mim. Se
me perguntassem naquela época qual a definição bíblica de fiel, minha
resposta nunca incluiria a palavra multiplicação. As palavras do Espírito
para mim no porão marcaram o início da abertura do meu coração a esse
entendimento. Eu sabia que tinha ouvido de Deus, mas ainda questionava
como nosso ministério conseguiria executar uma tarefa tão enorme.
Durante aquele período, tínhamos um amigo de longa data, Rob
Birkbeck, que trabalhava para um evangelista famoso que tinha um grande
ministério internacional. Rob era o diretor sênior naquele ministério e uma
de suas responsabilidades era imprimir e distribuir os livros do evangelista,
então Rob tinha um bom relacionamento com editoras e redes de pastores
em quase toda nação do mundo. Rob havia acabado de perder seu cargo
devido à aposentadoria do evangelista. Lisa e eu convidamos Rob e sua
esposa, Vanessa, para se juntarem à nossa equipe já que havíamos perdido
nosso diretor internacional recentemente. Nenhum de nós percebemos o
impacto que essa parceria iria gerar.
Agora era janeiro de 2011, e Rob e Vanessa, juntamente com os
principais líderes do nosso ministério, estavam se reunindo em nossa sala
de reuniões. No meio da reunião, eu perguntei: “Quantos livros nós demos
para pastores e líderes de outros países no ano passado?”
116 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Um dos membros da equipe olhou o relatório do ano anterior e


respondeu: “trinta e três mil livros”. Ele achou que iria receber uma resposta
favorável, mas foi simplesmente o contrário. Minha frustração falou mais
alto: “Isso é patético!” Em seguida disse abruptamente: “Neste ano iremos
doar 250.000 livros para pastores e líderes de países em desenvolvimento e
nações perseguidas.”
A sala inteira ficou em silêncio mortal. Lisa me disse depois que, naquele
momento, ela sentiu gosto de vômito na boca! (Ela tem um incrível senso
de humor!)
Por fim, nosso COO, que é nosso filho mais velho, falou primeiro.
— Pai, você tem certeza que quer doar tantos assim?
— Sim, é o que vamos fazer — respondi com todo meu coração.
Ele continuou me desafiando pelos próximos vinte minutos. Ficamos
discutindo na frente de todos, que permaneciam em silêncio. Ele foi muito
respeitoso, mas não parava de insistir que a minha diretriz era muito
elevada. Por fim, frustrado, ele soltou a seguinte frase: “Só não quero dar
uma meta irreal para nossa equipe!”
Àquela altura, eu já estava estressado o bastante. Soquei a mesa e declarei
com firmeza: “Eu disse que iremos doar 250.000 livros este ano.” A sala
ficou em silêncio. Logo depois que a reunião foi suspensa, todos nós saímos
nos sentindo desconfortáveis.
Na manhã seguinte, quando estávamos sozinhos, meu filho disse:
— Fiquei um pouco desconfortável com a forma que você falou comigo.
Agora ambos estávamos calmos e buscando reconciliação. Eu respondi:
— Filho, você sabe que amo ouvir a opinião da nossa equipe. Eu
geralmente avalio a sugestão e os pensamentos de muitos antes de tomar
uma decisão final. No entanto, ontem foi diferente. Eu não perguntei para
todos: ‘Vocês acham que deveríamos doar 250.000 livros?’ ou ‘Quantos
livros vocês acham que deveríamos doar no ano que vem?’ Eu afirmei o
que iríamos fazer! Mas você discutiu comigo por vinte minutos.”
A GRANDE MULTIPLICAÇÃO 117

Ele reconheceu e concordou, mas pacificamente fez um último pedido:


— Pai, você poderia orar sobre isso por vinte e quatro horas? Se depois
disso você ainda acreditar que devemos fazer, nossa equipe irá juntar todos
os esforços para fazer acontecer.
— Claro, vou fazer isso — eu respondi.
Sinceramente, eu não orei muito sobre isso! Fiz uma oração a fim de
cumprir minha palavra, mas eu já sabia, desde meu encontro com Deus no
porão, que era a coisa certa a fazer.
Agora você deve estar se perguntando: “Você ficou nervoso?” Pode
apostar que sim. Fiquei apavorado! Tive que me conter para não ficar
pensando de onde viriam as finanças. Se eu deixasse minha mente ir por
esse caminho, teria rapidamente concordado com meu filho e abaixado
aquele número para o que soasse “sensato”. A meta de 250.000 livros
parecia impossível, mas eu estava determinado a permanecer na direção
que havia recebido. Eu sabia que de alguma forma uma estratégia criativa
viria ou haveria uma provisão milagrosa. Mal sabia eu que não só uma
dessas opções ocorreria, mas as duas.
Três semanas depois, eu estava num quarto de hotel na Flórida
escrevendo um novo livro — é o melhor momento para eu me concentrar.
Meu celular tocou e vi que era do escritório. Atendi, pois imaginei que seria
algo urgente ou importante. Ouvi uma atmosfera de grupo jovial do outro
lado. Todas as mesmas pessoas que haviam participado daquela intensa
reunião confrontadora três semanas antes estavam na sala e pareciam estar
rindo e celebrando.
Addison disse: “Pai, ainda não enviamos um comunicado oficial para
nossos patrocinadores sobre a iniciativa de doar 250.000 livros, mas um
dos membros da nossa equipe estava conversando com um homem que
conhece e, quando ele ouviu sobre nosso plano, se comprometeu a doar
trezentos mil dólares para o projeto!”
Até então, a doação mais alta que nosso ministério havia recebido de
uma só pessoa havia sido cinquenta mil dólares. Então, comecei a celebrar
118 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

também! Após muitos comentários jubilosos e surpresos, eu disse a todos:


“Agora vocês entendem por que eu fui tão insistente naquela reunião há
três semanas?”
Meu filho riu e logo disse: “Pai, se você nos disser para doar um milhão de
livros, vou concordar totalmente.” Os outros concordaram enfaticamente.
Nunca irei me esquecer daquela manhã. Eu desliguei o telefone e não
consegui mais escrever. Tudo que podia fazer era andar de um lado para
o outro no quarto do hotel dizendo: “Obrigado! Obrigado! Obrigado!” O
tempo todo, lágrimas rolavam pelo meu rosto. Tudo que eu podia ver em
meu coração eram pastores sedentos e líderes recebendo os materiais de
discipulado pelos quais ansiavam tanto.
Sou muito grato por Addison ter sido sincero e ter me desafiado. Fico
feliz que ele não tenha guardado seus pensamentos para si, mas falou o
que muitos outros naquela reunião estavam sentindo. Eles provavelmente
ouviram suas próprias preocupações sendo articuladas nas palavras de
Addison, e esses pensamentos precisavam ser confrontados. Todo aquele
drama nos fez enfrentar os medos iminentes, os quais poderiam nos levar
a sair da direção e permanecer na nossa zona de conforto. Nossa visão teria
adormecido, e nunca teríamos recebido uma doação tão generosa. Talvez
teríamos distribuído cinquenta mil livros ou permanecido indecisos.
Estabelecemos uma meta e o Espírito Santo a ouviu, e depois tocou no
coração daquele homem para nos dar um presente extraordinário. Como
equipe, crescemos a um novo nível de fé.
Naquele ano, pela graça de Deus, conseguimos doar 271.700 livros para
pastores e líderes em 48 países. Alguns deles foram Irã, Iraque, Síria, Líbano,
Uzbequistão, Cazaquistão, Turcomenistão, Croácia, Albânia, Egito, Vietnã,
Mianmar, Camboja, Chia, Mongólia, Turquia e vários países necessitados
na África, e mais. Nos anos anteriores, havíamos dado dezenas de milhares;
agora havíamos atingido um quarto de um milhão. Nossa eficácia em
alcançar outros cresceu mais de oito vezes mais. Louvado seja Deus — que
grande multiplicação!
A GRANDE MULTIPLICAÇÃO 119

MAIS DESCONTENTAMENTO
Será possível haver mais?
Em maio de 2011, quatro meses após o confronto intenso na sala da
diretoria, Rob e eu estávamos em Beirute, no Líbano, ministrando para
pastores e líderes que haviam viajado de todas as partes do Oriente Médio.
Em meio às reuniões, Rob se aproximou de mim com um pedido:
— Há um pastor aqui de Irbil, no Iraque, que adoraria passar um pouco
de tempo com você. Você gostaria de conhecê-lo?
— Claro que sim!
Rob planejou nosso encontro no lobby do hotel. O pastor era jovem, com
cerca de trinta e cinco anos de idade, e seus olhos queimavam de paixão
pelo Reino. Dava para ver que ele não estava de brincadeira com a obra
de Deus. Ele estava vestido para servir e sua lâmpada estava queimado!
Ele havia vindo de Irbil por uma razão: ser fortalecido pelo ensinamento e
pelas reuniões. Pude notar imediatamente que ele era um líder progressista
e inovador, que entendia a importância de ser relevante para os perdidos.
Nossa reunião começou leve com interação agradável. Porém, num
dado momento, nossa conversa se tornou mais séria e ele disse: “Pastor
Bevere, eu o vejo como um pai espiritual. Eu leio tudo que você escreve.”
(Havia um número limitado de títulos no idioma dele, mas ele sabia ler
inglês.) “Eu até uso meu cartão de crédito para baixar os seus materiais no
site da Messenger International...”
Naquele momento, eu desliguei. Sinceramente, não me lembro mais de
muito do que falamos. Minha mente estava gritando: Estou diante de um pastor
de uma parte do Iraque devastada e destruída pela guerra, e ele tem que usar seu
cartão de crédito para obter materiais do nosso website? Eu mal podia esperar
para estar sozinho com Deus para falar sobre aquela necessidade crônica.
Após nos despedirmos, fui direto para a minha sala e fechei a porta. Eu
estava tão frustrado que gritei: “Deus, o Senhor tem que me mostrar como
levar as mensagens confiadas a mim para os pastores e líderes desse mundo
120 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

que precisam delas.” Eu realmente não me importei com quem mais estava
na sala. Eu tinha que ouvir uma estratégia do céu sobre como cumprir a
tarefa que Ele me deu de prover materiais para aqueles líderes.
Poucos dias após aquele intenso momento de oração, uma ideia surgiu.
A ideia de uma estratégia que faria nosso alcance se tornar muitas vezes
mais eficaz; na verdade, exponencialmente mais eficaz sem muito trabalho
e despesas extras.
Era uma ideia brilhante... só poderia ser a sabedoria de Deus. Algo tão
simples, porém que não havíamos pensado até então. Continue lendo!

REFLETINDO
1. Frustração ou descontentamento podem muitas vezes agir
como um catalisador para mover nossa fé para a multiplicação.
Deus está desafiando você a crescer em determinada área da
sua vida? Se a resposta for sim, como você está respondendo ao
desafio Dele?

2. Se o descontentamento vem daquilo do qual você


particularmente tem falta, isso não agrada a Deus. Por outro
lado, se o descontentamento foca nas necessidades dos outros e
em construir o Reino, isso agrada a Ele. O que tem sido o foco
do seu descontentamento?

3. Pense na minha história sobre doar 250.000 livros. Por que a fé


vital para tomar posse das promessas de Deus e alcançar novos
níveis de multiplicação? Por que é importante que você obedeça
a Deus, mesmo quando outros não concordam com você?
Se você não sabe o que está fazendo,
ore ao Pai. Ele ama ajudar.

— Tiago 1:5, A Mensagem


8

IDEIAS ESTRATÉGICAS

A
cada ano que passa, eu me torno mais convencido do tremendo
valor de uma ideia estratégica inspirada. Muitas vezes,
esperamos a provisão ou intervenção de Deus ocorrer sem
um plano tático, mas frequentemente não é isso que acontece. São ideias
estratégicas vindas de Deus que acontecem! Há muitas ilustrações bíblicas
para listar, mas vamos mencionar algumas que apoiam essa realidade:
• A ideia estratégica de lançar um pedaço de madeira na água amarga
para que milhões de pessoas pudessem beber (ver Êxodo 15:22-25).
• Uma ideia estratégica diferente de bater a rocha, provendo água para
milhões de pessoas (ver Êxodo 17:5-6).
• A ideia estratégica de marchar uma vez em silêncio em volta dos
muros impenetráveis de uma cidade poderosa por seis dias. Depois,
no sétimo dia, uma ideia estratégica diferente — marchar sete vezes
tocando trombetas e dando um longo grito no final. Tudo isso para
conseguir entrar e conquistar a cidade (ver Josué 6)
• A ideia estratégica de identificar os melhores guerreiros militares
ao permitir que dezenas de milhares bebessem água de uma fonte
e separando aqueles que olhavam para baixo daqueles que bebiam
enquanto mantinham os olhos no campo de batalha (ver Juízes 7:4-6).
• A ideia estratégica de não atacar um inimigo de frente, mas de dar a
volta na floresta por trás e esperar ouvir o barulho dos pés marchando
do alto das árvores, assinalando o auxílio do Senhor na batalha (ver
2 Samuel 5:22-25).
124 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

• A ideia estratégica de, em meio à fome severa, pedir que uma viúva e
seu filho alimentassem o profeta com o último alimento que tinham,
em vez de comê-lo; ao obedecer, eles não morreram de fome como
aconteceu com muitas outras famílias (ver 1 Reis 17:8-15).
• A ideia estratégica de perguntar a uma viúva endividada, que estava
prestes a perder seus dois filhos, o que ela tinha em sua casa. Depois
instruí-la a pegar jarras vazias emprestadas de outros para enchê-
las com seu único bem — uma pequena porção de azeite de oliva; e
depois vender o óleo e pagar a dívida (ver 2 Reis 4:1-7).
• A ideia estratégica de enviar um oficial militar com uma enfermidade
para mergulhar no Rio Jordão sete vezes, o que resultou em sua cura
(ver 2 Reis 5:1-19).
• A ideia estratégica de enviar a equipe de louvor e adoração à frente
das tropas militares, o que gerou uma vitória fenomenal (2 Crônicas
20:21-26).
• A ideia estratégica de comer vegetais, ao invés do banquete do rei,
para ser mais saudável, bem nutrido, e se destacar dentre os melhores
homens da terra (ver Daniel 1:8-16).
• A ideia estratégica de encher os potes com água para obter o melhor
vinho a fim de salvar a festa de casamento (ver João 2:6-10).
• A ideia estratégica de pegar uma pequena porção de almoço, abençoá-
la, reparti-la e distribuí-la, para alimentar milhares de pessoas (ver
Mateus 14:13-21).
• A ideia estratégica de cuspir e fazer barro para colocar sobre os olhos
de um homem cego. E depois pedir que ele os lavasse para ter sua
visão restaurada (ver João 9:6-7).
• A ideia estratégica de não abandonar um navio afundando a fim de
ser salvo (ver Atos 27:21-44).
Em cada caso, as ideias inspiradas levaram à intervenção divina. Você
vê algo em comum entre todos os eventos? As estratégias envolviam usar
o que os recipientes já possuíam, como um recurso disponível ou uma
reposição deles. Em todos os casos, a provisão divina estava envolvida
IDEIAS ESTRATÉGICAS 125

por algo familiar. Ou seja, o componente chave que levava ao milagre não
apareceu magicamente.
Deus muitas vezes dá estratégias usando o ordinário, de uma forma
não ordinária, para alcançar resultados extraordinários. Isso destaca
a importância de uma ideia inspirada. Provérbios 4:7 diz que buscar
sabedoria é a coisa mais importante que podemos fazer. Uma forma de
sabedoria divina é ter uma ideia estratégica, e a boa notícia é que Deus
não retém sabedoria. Quando enfrentamos desafios incomuns, o apóstolo
Tiago nos instrui:
Se algum de vocês tem falta de sabedoria [uma ideia estratégica],
peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será
concedida. (Tiago 1:5, inserção do autor)

Ele dará livremente, sem retê-la ou escondê-la de você. Essa é a promessa


Dele. Porém, há duas condições que devem ser supridas para receber uma
ideia estratégica:
Peça-a, porém, com fé confiante, sem duvidar, pois a pessoa ambivalente
acredita em um instante e duvida no outro. Aquele que duvida é
semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Quando
você tem a mente dividida, isso o deixa instável. Você realmente acha
que receberá coisa alguma do Senhor nessa condição? (Tiago 1:6-8,
tradução livre do inglês TPT).

Devemos pedir com fé confiante — não esperamos que talvez tenhamos


uma ideia tática — nós temos expectativa completa. Além disso, devemos ter
uma paixão pelo nosso pedido — precisamos deseja-lo desesperadamente.
Nosso pedido não vem de uma atitude letárgica do tipo Se eu receber, ótimo;
se não, tudo bem. Há um sentimento de desespero e uma determinação
firme para receber.
A ideia estratégica é um presente de Deus e, uma vez recebido, irá abrir
uma nova esfera de eficácia. Capacita-nos para multiplicar.
126 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

UMA IDEIA ESTRATÉGICA, INSPIRADA


Voltando para o hotel em Beirute, não fui para meu quarto para orar
silenciosamente; simplesmente não consegui. Eu estava com a inteligência
esgotada, sem ideias e sabia que havia recebido a responsabilidade de
suprir a necessidade de material daqueles pastores sedentos. Não tenho o
costume de gritar em quartos de hotel, mas, sinceramente, naquele dia, não
me importei que me ouvissem. Fiz um clamor desesperado para receber
estratégia (sabedoria) para multiplicar nossa eficácia.
Após um tempo de oração intensa, uma paz encheu meu coração. Eu
sabia que meu pedido havia sido ouvido e, com aquele alívio, eu agora cria
que a resposta viria. Ação de graças transbordava do meu interior, apesar
de ainda não ter uma ideia estratégica nem um plano.
Alguns dias depois, tive um pensamento: Estamos gastando muito tempo,
dinheiro e energia imprimindo e distribuindo esses livros, mas cada líder está
recebendo apenas um item. Por que não fazemos o que fizemos em inglês anos
atrás? Por que também não disponibilizamos o material completo em outros
idiomas para os líderes? Aumentaremos toda nossa eficácia!
No entanto, ainda havia um desafio enorme; como podemos imprimir
e distribuir tanto material? Mesmo se pagássemos para imprimir todos
os conteúdos de um material em todos os nossos países-alvo, nossos
distribuidores seriam responsáveis por mais pesos do que poderiam
carregar, pois a maior parte da distribuição ocorre em selvas, montanhas,
desertos e vias navegáveis que são difíceis de acessar. Muitas vezes não há
estradas pavimentadas. Não apenas isso, mas em nações hostis, a carga
seria facilmente identificada por autoridades que confiscariam o material.
Após mais oração e contemplação, outra ideia veio sobre colocar o
material completo em DVD-ROM (um disco de DVD que armazena
arquivos “somente leitura” para um sistema de computador). Porém, esse
plano também apresentava algumas questões: Será que líderes e pastores
desses países têm acesso a computadores? Se sim, será que os computadores
IDEIAS ESTRATÉGICAS 127

teriam leitor de DVD? Há espaço suficiente num DVD-ROM para conter


todos os arquivos necessários para um estudo completo?
Eu estava ansioso para investigar, então falei com Rob primeiro. Ele era
quem tinha mais conhecimento sobre as capacidades técnicas daqueles
países-alvo porque já havia estado em mais de 160 países. Eu lhe perguntei:
— Pastores e líderes na maioria dos países, mesmo que sejam pobres,
têm acesso a computador?
— A maioria sim, mas alguns não.
— O computador deles tem leitor de DVD? Se sim, quanto podemos
armazenar num DVD?
Os olhos de Rob brilharam e ele disse:
— Sim. E sobre a segunda pergunta, eu chutaria que bastante!
Então lancei a ideia:
— Podemos incluir uma luva na parte de trás do livro para conter o DVD?
— Sim! — Ele afirmou com entusiasmo.
— Quanto irá custar a mais para fazer tudo isso por livro?
Rob fez uma pesquisa e me respondeu dentro de alguns dias:
— Tenho ótimas notícias. Analisando nosso custo de impressão e
distribuição de um livro, nos custará apenas 5% a mais para adicionar o
DVD.
Fiquei animado, mas ainda um pouco reservado, incerto de quantos
arquivos caberiam num DVD.
— Mas aqui vai uma notícia melhor ainda. — Rob disse. — Além de
colocar todo o material no DVD, podemos incluir também o áudio-livro,
dois ou três outros livros, um Novo Testamento e um arquivo PDF (para
imprimir mais livros se o pastor local tivesse a capacidade)!
Para dizer o mínimo, ficamos jubilosos e energizados.
Isso levou a outra ideia estratégica. Mais uma vez, dependia da capacidade
técnica das nações em que estávamos semeando. Eu perguntei:
— A maioria dos líderes têm acesso à Internet nessas nações?
128 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

— Na maioria dos países, sim — Rob respondeu.


— E se desenvolvermos um website que contém todos esses materiais
traduzidos? Podemos dar um nome que não pareça um website cristão;
dessa forma, governos que são contra ensinamentos bíblicos não irão
bloqueá-lo. Podemos imprimir o endereço do website na primeira página
do livro e instruir os líderes a encorajarem as pessoas a baixarem esses
recursos do website sem custo para que a igreja toda possa ler junto.
Nós dois estávamos como duas crianças numa loja de doce — não
podíamos conter nossa empolgação. Mais ideias fluíram entre nós para
ajudar a fortalecer essa estratégia.
Após cumprir todos os esforços necessários, determinamos que
poderíamos produzir e distribuir esses “kits de liderança” em grande
quantidade por aproximadamente quatro dólares cada. Nossa equipe na
Messenger tinha a habilidade e o conhecimento para desenvolver o website.
Nossa equipe logo percebeu que essa ideia divina provia o potencial
para ensinar, treinar e fortalecer igrejas inteiras ou pequenos grupos, não
só líderes individualmente. Muitos vilarejos ao redor do mundo têm apenas
uma igreja, o que significa que poderíamos impactar significativamente
a comunidade por alguns dólares. Que retorno de investimento! Isso
realmente era possível?
Na próxima reunião da diretoria da Messenger, compartilhamos a
visão. O entusiasmo contagiou a todos; todo membro da equipe ficou
estático de alegria e energizado pelo plano. Eu declarei com paixão:
“Não importa se leve dez, vinte, ou quantos anos forem necessários, nós
iremos alcançar e ajudar todo líder no planeta com os materiais que Deus
nos confiou.”
Um mês depois, um empresário do Texas ligou para o nosso escritório.
Ele pediu uma reunião de quinze minutos comigo e com Lisa. Ele e sua
esposa pegaram um avião para o Colorado. Durante nossa reunião, ele
começou a chorar. Em lágrimas, ele tremia e disse: “Eu sei o que você está
IDEIAS ESTRATÉGICAS 129

fazendo! Sei que você tem fortalecido pastores em locais remotos com
os seus materiais. Eu quero fazer parte disso.” Em seguida, ele deslizou
um cheque pela mesa. Eu quase caí da minha cadeira; era um cheque de
setecentos e cinquenta mil dólares.
Durante os meses seguintes, desenvolvemos o website e trabalhamos
diligentemente para implementar o plano do “kit liderança” em vários
países e regiões do mundo. Assumiríamos o custo único de tradução dos
materiais do livro para cada idioma, do material de estudo correspondente, e
livros extras que iriam com o DVD. Rob contratou e supervisionou equipes
dos melhores tradutores em cada idioma. As duas doações generosas, que
totalizaram mais de um milhão de dólares, cobriram o capital necessário
para o primeiro ano.

A IDEIA DE FORMAR UMA EQUIPE


À esta altura, voltemos na linha do tempo para janeiro de 2011 e os dias
logo após a decisão de doar 250.000 livros. As duas grandes doações ainda
não tinham sido recebidas, e fico feliz que tenha sido assim porque nossa falta
de capital se tornou um catalisador para buscarmos a Deus todas as manhãs
por uma estratégia. Precisávamos de um plano para comunicar a visão, e
subsequentemente criar uma enorme equipe de homens e mulheres que
entrariam com seu dom de doar a fim de sustentar esse feito gigantesco. Isso
possibilitaria todo pastor e líder, independentemente do idioma, localização
ou situação financeira, ser capacitado através dos nossos materiais.
Após várias manhãs de oração, o Espírito Santo sussurrou ao meu
coração: “Filho, você é conhecido pelo seu amor por golfe. Use isso
para reunir pessoas. Eu atrairei os homens e mulheres certos para se
juntarem ao time e apoiarem a missão.” Meus pensamentos se voltaram
imediatamente ao fato de que temos um dos melhores hotéis do mundo
em Colorado Springs, o The Broadmoor, que por “acaso” possui dois
campos de golfe para campeonatos. Então conversei com Addison e Lisa
sobre o plano.
130 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Eles ouviram e perguntaram:


— Quando vamos fazer isso?
— Faremos neste verão — eu respondi.
Ficamos preocupados de não ter tempo o bastante para organizar
tudo. Será que haveria quartos suficientes disponíveis naquele hotel, que
mantinha a categoria cinco estrelas e cinco diamantes por mais tempo no
mundo? Geralmente, as reservas nele são feitas com anos de antecedência,
e nosso evento aconteceria na alta temporada. Outra preocupação: Será
que nossos possíveis convidados já teriam feito planos para o verão?
Meu filho assumiu o controle e dentro de dois dias nos trouxe a notícia:
— Pai, eles estão esgotados por todo o verão, com exceção de uma
semana. Podemos reservar aproximadamente cem quartos, e será logo na
semana que você e a mamãe estarão em casa.
— Vamos fazer as reservas! — Eu disse sem hesitar.
Ele sinalizou:
— Temos que assinar um contrato; assumiremos esse compromisso.
Podemos encher as salas?
Mais uma vez, eu respondi rapidamente?
— Preencheremos todos os quartos.
Eu não queria pensar demais; não queria acabar com o plano por
racionalizar demais.
Eu sabia que existiam muitas igrejas e empresários nos Estados Unidos
que adorariam apoiar essa causa. Convidei todos em quem pude pensar,
e praticamente cem por cento deles ficaram animados para participar.
Dentro de dois meses, conseguimos o número de casais necessário para
preencher os quartos com os quais nós havíamos nos comprometido.
Planejando o torneio, nossa equipe decidiu não fazer do evento apenas
um campeonato de golfe, mas uma experiência memorável e completa.
Determinamos que tudo seria feito com excelência e propósito a fim de
tornar a experiência especialmente divertida para as esposas que não
jogavam golfe. Na chegada, daríamos belas cestas de boas-vindas com
IDEIAS ESTRATÉGICAS 131

presentinhos para cada casal. Haveria refeições espetaculares, experiências


únicas no The Broadmoor, palestras de liderança, e presentes de alta
qualidade para todos os participantes. Tudo isso para transmitir o quanto
estávamos gratos de eles estarem se juntando ao time.
Nossa primeira Copa Messenger ocorreu no final de junho de 2011.
Antes do evento, liguei para atletas profissionais e músicos famosos
e perguntei se poderiam doar alguns itens autografados. Também
conseguimos que outros empresários doassem itens de valor. Fizemos
um leilão dessas contribuições durante o jantar. Arrecadamos um pouco
mais de $340.000,00 em nosso primeiro torneio, mas foi um pouco
esquisito. Ainda não havíamos conectado com a melhor estratégia para
compartilhar a visão.
Naquele outono, um dos membros da nossa equipe teve outra ideia
inspirada. Enquanto estávamos planejando o segundo campeonato que
faríamos no verão de 2012, ele disse: “Iremos leiloar uma bola de beisebol
autografada, um capacete de futebol americano, uma guitarra autografada,
e outros itens. Ao leiloar esses objetos, não estaremos patrocinando por
completo nenhuma nação sequer. Que tal não leiloar um item, mas leiloar
uma nação? O valor de uma nação é muito maior!”
Todos nós amamos a ideia, mas ficou ainda melhor! Ele continuou:
“Temos pessoas altamente competitivas participando do evento, então que
tal criar um placar de liderança e, quando eles patrocinarem uma nação, as
doações acumularão no placar, e dar bolas, guitarras e outros prêmios para
aqueles que mais contribuíram para patrocinar uma nação?”
As ideias criativas continuaram fluindo. Em certo momento, protestei:
“Odeio alongar leilões; alguns minutos de silêncio parecem uma
eternidade. Vamos implementar um relógio, colocar um tempo curto no
relógio, por exemplo trinta e cinco minutos, e dizer aos participantes que,
quando o tempo acabar, o leilão será encerrado. Qualquer nação cujo
projeto não tiver sido patrocinado ficará de fora. Isso irá criar um forte
senso de urgência.”
132 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Agora, deixe-me definir brevemente um projeto. Envolve duas coisas:


primeiro, a despesa de traduzir e interpretar todos os componentes do kit
de liderança, que custa aproximadamente $17.500 dólares por idioma. O
segundo é o custo de produzir e distribuir os livros ou kits de liderança
para uma nação. Cada país tem cerca de 500 a 40.000 líderes. A maioria
deles tem uma média de 5.000 a 10.000 líderes, o que gera uma despesa
média de vinte mil a quarenta mil dólares.
Em reuniões mais à frente, a equipe sugeriu mais ideias para melhorar a
experiência, comunicar a visão e realizar o segundo evento.
Naquele ano, durante o leilão, testemunhamos as doações prometidas
dobrarem em comparação com o ano anterior. Com tempo de sobra no
relógio, mais de cinquenta projetos foram completamente patrocinados.
Nossa força cresceu e um ano depois na terceira Copa Messenger,
arrecadamos $1,3 milhões de dólares para patrocinar muito mais projetos.
Todo ano, o clamor por recursos crescia. Representantes de mais e mais
nações faziam contato com Rob, implorando que seu povo recebesse os
materiais. Eventualmente, o número de projetos ultrapassou a marca dos
100 e, até a sexta Copa Messenger, tínhamos 140 projetos e mais de $2
milhões de dólares arrecadados. No nono ano, testemunhamos quase $3
milhões entrarem para patrocinar quase 200 projetos!
Até o momento do lançamento deste livro, no final de 2020, a equipe da
Copa Messenger já doou mais de 30 milhões de materiais para pastores e
líderes em mais de 100 países e em mais de 120 idiomas.
Ao longo desse período, fomos todos inspirados por um de meus heróis,
Andrew Carnegie. Ele é um dos filantropos mais conhecidos, e doa a maior
parte de sua fortuna. Considerando o valor da moeda de hoje, Carnegie já
doou bilhões de dólares para obras de caridade! Boa parte foi doada para
bibliotecas públicas. Na verdade, entre os anos 1883 e 1918, ele construiu
mais de 2.500 bibliotecas, das quais a maioria se encontra em 47 estados
norte-americanos.
IDEIAS ESTRATÉGICAS 133

Permita-me fazer uma pergunta intrigante: Durante qual período


os Estados Unidos se tornaram uma potência mundial? Foi entre 1883 e
1925, o mesmo período em que Carnegie estava construindo bibliotecas!
Creio que a ajuda dele em tornar o conhecimento disponível ao público
contribuiu para a América emergir como líder mundial.
Este princípio se aplica ao conhecimento espiritual também! Deus declara:
“Meu povo foi destruído por falta de conhecimento.” (Oséias 4:6)

“Meu povo será levado cativo por falta de entendimento.” (Isaías 5:13,
NTLH)

Tem se tornado evidente após muitos anos em nosso ministério que


a forma mais eficaz de transformar uma cidade ou um vilarejo não é
construir uma igreja. Isso simplesmente deixa a liderança local dependente
de nós. Somos muito mais eficazes se oferecermos aos líderes espirituais
indígenas o conhecimento que irá capacitá-los a influenciar seu vilarejo ou
sua cidade. Tal conhecimento ajuda a produzir a fé necessária para crescer
e sustentar o trabalho que, se necessário, incluirá prédios e outros recursos.
No caso da nossa iniciativa estratégica com materiais, a incrível realidade
é que construir uma igreja poderia ter nos custado dezenas de milhares de
dólares. O kit de liderança, que contém centenas de dólares de materiais, só
nos custa uma fração disso!
A década em que doamos kits de liderança para igrejas em
desenvolvimento foi inquestionavelmente a que mais gostei durante meus
quarenta anos no ministério. Eu amo fazer parte de uma equipe de homens
e mulheres unidos em paixão e visão para fazer discípulos de todas as nações
(ver Mateus 28:19-20). Ao nos unirmos, temos feito muito além do que
qualquer um de nós poderia ter feito sozinho. Esse esforço verdadeiramente
exemplifica as palavras: “Cinco de vocês perseguirão cem, cem de vocês
perseguirão dez mil” (Levítico 26:8). Ilustra também outro componente-
chave de multiplicação — unidade — que abordaremos mais adiante.
134 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Nosso grito de guerra se baseia nesta parábola de Jesus:

Então Jesus disse ao que o tinha convidado: “Quando você der um


banquete ou jantar, não convide seus amigos, irmãos ou parentes,
nem seus vizinhos ricos; se o fizer, eles poderão também, por sua vez,
convidá-lo, e assim você será recompensado. Mas, quando der um
banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos. Feliz
será você, porque estes não têm como retribuir. A sua recompensa virá
na ressurreição dos justos”. (Lucas 14:12-15)

Os líderes que temos ajudado talvez não sejam aleijados, mancos e cegos,
mas o que nos conecta a essa parábola é que eles não têm como retribuir.
Quando eu ministro numa igreja ou conferência nos Estados Unidos, eles
dizem “obrigado” dando uma oferta para a Messenger International. Esses
líderes de outras nações nos quais temos investido não podem fazer isso.
Toda nossa equipe — patrocinadores, líderes de igreja, e funcionários da
Messenger — percebem que temos um grande privilégio: dar sem esperar
nenhuma recompensa daqueles a quem ajudamos.
Alguns anos atrás, Lisa e eu viajamos para a cidade de Yerevan, na
Armênia, onde milhares de líderes de todo o Oriente Médio haviam vindo
para uma conferência. Quando estávamos lá, num auditório separado,
reunimos os pastores do Irã, do Afeganistão, da Síria e de outras nações
similares. Não era permitido usar câmeras e as identidades eram mantidas
em sigilo. A presença de Deus era forte e eu pensei: Esses líderes que
deveriam pregar para nós, em vez de Lisa e eu ministrarmos a eles. Em um
dado momento eu disse: “Vocês nos veem como os heróis. Não, não são
John e Lisa Bevere, mas os empresários e as igrejas que têm doado milhões
de dólares para abençoar vocês com materiais. Eles são os verdadeiros
heróis.” Naquele instante, todos nós começamos a chorar.
Depois da reunião, um pastor iraniano perguntou: “Como as pessoas
conseguem dar uma quantia tão alta de dinheiro para aqueles que nunca
conheceram antes?”
IDEIAS ESTRATÉGICAS 135

Minha resposta foi simples demais, mas era a verdade: “É o amor de


Deus em seus corações.” Mais uma vez, as lágrimas rolaram.

MULTIPLICAÇÃO AINDA MAIOR


Em 2019, percebemos que o website que havíamos criado para distribuir
os recursos tinha limitações. Havia funcionado bem em 2011 quando
começamos, mas agora estava dando erro e com uso limitado. Por exemplo,
era muito difícil navegar pelo site usando um smartphone. Lisa, muitos dos
membros da nossa equipe, e eu havíamos viajado para muitos países pobres
e problemáticos. Não pudemos deixar de notar que apesar de as pessoas
viverem em tendas, casas de barro, ou cabanas de madeira, a maioria tinha
algum tipo de smartphone. A estimativa é que até o final de 2020, mais de
cinco bilhões de pessoas tenham smartphones.
Após inúmeras viagens, ficou aparente que logo, se não já, seria possível
alcançar todos do planeta via comunicação online. Senti que estávamos
mais uma vez vivenciando um momento “Estrada Romana” na história.
Permita-me explicar brevemente. A Bíblia diz: “Quando chegou o tempo
certo, Deus enviou Seu próprio Filho” (Gálatas 4:4, NTLH). O “tempo certo”
leva muitas coisas em consideração. Um importante elemento do “tempo
certo” nos diz que o Evangelho irá alcançar o mundo conhecido. Em 312
A.C., os romanos começaram a construir estradas e rotas marítimas que
passavam por todo o mundo conhecido. Quando Jesus disse “Vão a todo
o mundo”, essas rotas já estavam bem desenvolvidas. Isso proveu meios de
espalhar rapidamente a Palavra de Deus pelo mundo conhecido.
Creio que o tempo certo mais uma vez está emergindo para preparar o
caminho para a segunda vinda de Jesus — a Internet é a Estrada Romana
dos dias de hoje. Nós temos a capacidade de espalhar a Palavra de Deus ao
mundo inteiro pelo propósito de fazer discípulos de todas as nações.
Sabendo disso, nossa equipe mais uma vez começou a orar, sonhar, e
criar estratégias. Após meses de pesquisa, comissionamos um projeto com
uma das melhores empresas desenvolvedoras de aplicativos e websites dos
136 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Estados Unidos. Desenvolvemos uma plataforma de discipulado de alta


performance, multifuncional e compatível com iPhone, Android, tablets e
computadores. Estávamos determinados a desenvolver a melhor plataforma
possível com a tecnologia de hoje. Queríamos que líderes de igrejas de todas
as partes, mas particularmente de nações em dificuldades, obtivessem o
melhor. A realidade incrível é que agora localizamos usuários de 227 países
e territórios que estão aprendendo com livros, cursos, e outras ferramentas
de discipulado na plataforma. Faltam apenas alguns países para podermos
alcançar todos!
Com o passar do tempo, pensamos em formas extras de multiplicar.
A fim de expandir e fortalecer a eficácia da nossa plataforma, decidimos
trazer para a plataforma outros mestres notáveis como convidados com
mensagens únicas e transformadores. Agora líderes em todo o mundo
podem usar seus computadores, tablets, ou celulares para treinamentos
individuais, em pequenos grupos ou em igrejas. Isso não só multiplicou a
eficácia da plataforma, mas também irá durar muito mais do que um livro
físico e perdurará por muitas gerações.1
E se Lisa e eu tivéssemos decidido não escrever? Ou, e se tivéssemos
ficado satisfeitos em sermos dois autores best-sellers e não tivéssemos
investido nos materiais de estudo? E se nossa equipe tivesse ficado satisfeita
com alcançar apenas indivíduos e igrejas em inglês? E se nossa equipe
não quisesse colocar energia em reunir um grupo de pessoas de todo os
Estados Unidos no The Broadmoor? Cada nível apresentou desafios que
nos esticaram muito, forçando-nos a depender da graça de Deus. Em cada
nível, teria sido muito mais fácil não nos esforçarmos para alcançarmos
maior eficácia em servir outros.
Quando ouvimos o Espírito de Deus, nós nos movemos passo-a-passo à
multiplicação maior. Ele não irá lhe mostrar todos os passos no início nem
mesmo dois ou três passos adiante. Teria sido muito mais fácil olhar numa

1
Para saber mais sobre como envolver-se, visite www.MessengerX.com.
IDEIAS ESTRATÉGICAS 137

bola cristal em meus trinta e poucos anos e ver o percurso inteiro até onde
estaríamos como equipe trinta anos depois. No entanto, se isso tivesse sido
possível, não teríamos lutado tão intensamente em oração e liderança a
cada passo. Além disso, não teríamos adquirido a fé e a força de caráter que
ocorreu com cada passo de obediência.
Não veio do homem a ideia de multiplicar — é uma ideia de Deus.
Mais uma vez, foi Seu primeiro mandamento à humanidade: “Qualquer
dom que Eu confie a você é para o propósito de multiplicar Meu Reino”
(minha paráfrase de Gênesis 1:22 e Mateus 24:14-29). Deixe-me reafirmar
este ponto tão importante: A multiplicação não deve colocar pressão sobre
você porque, no final das contas, é um presente Dele. Tudo que você tem
que fazer é orar, escutar com atenção, crer e obedecer ao que Ele coloca no
seu coração.
Ou seja: Ele irá levar você a multiplicar.
Talvez você esteja pensando: Meu coração foi tocado com o testemunho
que você deu nos últimos três capítulos. Mas eu sou mãe, estudante, atleta
profissional, funcionário — como posso multiplicar o Reino?
Vamos iniciar essa discussão no próximo capítulo.
REFLETINDO
1. Quando buscamos uma provisão ou uma intervenção de Deus,
ela muitas vezes vem em forma de ideia estratégica. Você já viu
suas circunstâncias mudarem através de uma ideia inspirada
por Deus? Como?

2. Receber sabedoria é a coisa mais importante que você pode


fazer. Em que área da sua vida você precisa de sabedoria? Como
se aproximar de Deus a fim de receber sabedoria Dele?

3. Uma ideia estratégica é um presente de Deus e tem o potencial


de nos levar a um novo nível de eficácia, além de nos capacitar
para multiplicar. Quando uma ideia é recebida, quais os
próximos passos que você precisa dar?
De acordo com Sua graça, Deus nos
deu diferentes dons (charisma) para
fazer certas coisas bem. Se alguém tem
o dom de profetizar, use-o na proporção
da sua fé. Se o seu dom é servir a
outros, sirva-os bem; se é ensinar, ensine
bem; se é encorajar, que assim faça; se é
contribuir, que contribua generosamente;
se é exercer liderança, leve a
responsabilidade a sério; se é mostrar
misericórdia, que o faça com alegria.

— Romanos 12:6-8, NLT


9

INVESTINDO

O
apóstolo Paulo destaca vários dons que Deus deu a cada um
de Seus servos. Eu não acho que seja uma lista exaustiva, mas
engloba uma ampla série de habilidades divinas. Talvez você
não concorde comigo, mas permita-me compartilhar a premissa.
Em nenhum lugar da lista de Paulo vejo a habilidade de cantar, de
defender casos em julgamento, fazer cirurgia de remoção de tumor, pintar
quadros inspiradores, tocar instrumentos, e muitas outras habilidades
dadas por Deus que vemos diariamente. É por isso que eu não creio que
inclua tudo. Se você ainda discorda, respeito a sua posição; o assunto não
justifica um debate estendido já que não é um ponto tão importante.
Voltando à ênfase das palavras de Paulo, eu amo como a tradução bíblica
NLT define charisma como a habilidade de “fazer certas coisas bem”. Isto
certamente identifica o principal foco deste livro. Os últimos três capítulos
testificaram a multiplicação da profecia e do ensino. Agora vamos voltar
nossa atenção a um dom diferente: contribuir.

INVESTIMENTO NO REINO
Eu tenho um amigo chamado Mike. Ele recebeu Jesus Cristo em sua vida
aos onze anos de idade; porém, era improdutivo na construção do Reino. Ele
se tornava cada vez mais insatisfeito com aquele estado e, eventualmente, aos
trinta e cinco anos de idade ficou farto de não estar causando um impacto
eterno. Muitas vezes, aqueles que atingem tal ponto, imediatamente tentam
142 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

fazer a mudança sem conhecimento, sabedoria e fé. Sabiamente, Mike lidou


com a situação de forma diferente. Ele determinou que o primeiro passo
para causar um impacto duradouro era “encher o tanque”, então ao longo
dos seis meses seguintes ele memorizou dois mil versículos!
Logo depois daquele período de seis meses, ele decidiu participar de
uma conferência de liderança em Phoenix, no Arizona. Ele era tão pobre
que não tinha como se hospedar num hotel, então teve que dividir um
apartamento de dois quartos com onze estudantes.
Durante a conferência tiveram um momento de oferta especial. O líder
encorajou os participantes a orarem sobre quanto iriam ofertar. Mike ouviu
o Senhor dizer: “Quero que você oferte duzentos dólares.”
Mike protestou: “Deus, é tudo que eu tenho!”
O Senhor gentilmente respondeu: “Não estou pedindo que você dê mais
que isso.”
Mike obedeceu e deu todo dinheiro que tinha. Deus depois o instruiu a
dar $100 todo mês além de seu dízimo pelo resto daquele ano.
Deus começou a lhe dar ideias estratégicas e seu novo negócio começou
a crescer firmemente. No ano seguinte, Mike sentiu que deveria dar
quatrocentos dólares além de seu dízimo todo mês para construir o Reino.
No ano seguinte, a quantia foi para mil dólares por mês além de seu dízimo.
No ano seguinte, foi para quatro mil dólares por mês além de seu dízimo, e
no ano seguinte, foi para dez mil dólares por mês além de seu dízimo.
Àquela altura, Mike pediu ao Senhor que lhe desse a capacidade de doar
dez milhões de dólares para o Reino. Parecia um pedido enorme, quase
inalcançável, mas ele permaneceu firme em sua fé e em seu pedido. Porém,
o que ele ouviu em seu coração o deixou chocado: “Filho, você está me
colocando numa caixa?” Então Mike removeu os limites e creu por mais
ainda. Logo depois, sua contribuição começou a aumentar rapidamente,
o ano seguinte ele deu quase dezessete mil dólares por mês além de seu
dízimo. Depois passou para vinte e cinco mil por mês, depois quarenta mil,
depois cinquenta mil dólares por mês. Eventualmente, Mike passou a doar
INVESTINDO 143

cem mil dólares por mês além do dízimo para a expansão do Reino. Da
última vez que nos falamos, ele havia atingido a marca de cento e cinquenta
mil dólares por mês além do dízimo!
Mike tem vivido muito bem, mas com aproximadamente 10 a 15 por
cento de sua renda. Sim, você leu corretamente; ele doa em média de 85
a 90 por cento do que ganha por ano. Ele atribui seu sucesso a estudar a
Bíblia, ouvir a Deus quando ora, e a permitir-se ser discipulado por aqueles
que são mais maduros que ele.
No que diz respeito à multiplicação, não podemos ignorar a palavra
contribuir, pois é o ingrediente chave na maioria das vezes. Especificamente
na área de finanças, muitos crentes bem-intencionados veem as ofertas a
partir da seguinte ótica: Do quê estou disposto a abrir mão pelo bem dos
outros? Isto é nobre e piedoso, mas se for a única perspectiva, estará
incompleta. Permita-me explicar.
Primeiro, para afirmar o evidente, Deus colocou Seu amor pelas
pessoas em nosso coração; isso cria um desejo interior de dar e servir
altruisticamente. Deveria ser o desejo preeminente na contribuição de cada
um. Porém, um contribuinte sábio não vê uma oferta como um presente de
amor e serviço, mas também de investimento. Investir é evitar consumir um
recurso a fim de fazê-lo crescer. Especificamente em relação às finanças, é
abster-se de gastar agora a fim de investir os fundos para um crescimento.
Lisa e eu encontramos dois terrenos alguns anos atrás. Achamos que
estavam abaixo do preço e iriam valorizar ao longo do tempo. Tínhamos o
dinheiro para comprar os dois e, na época, decidimos abrir mão de gastá-
lo em consumos pessoais a fim de fazer a quantia crescer. Os terrenos
valorizaram muito mais do que esperávamos, e nosso investimento dobrou
em apenas dois anos. O resultado foi que tínhamos duas vezes mais dinheiro
dois anos depois. Agora tínhamos a capacidade de investir num nível maior.
Jesus diz que quando investimos no Reino, receberá “na presente era,
muitas vezes mais” (Lucas 18:29-30). Ele não disse “na próxima vida”,
mas “na presente era”. Lisa e eu ficamos empolgados em dobrar nosso
144 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

investimento nos terrenos, mas o que o Jesus está dizendo não é o mesmo;
há enorme diferença entre dobrar e muitas vezes mais. Qual o potencial de
um investimento que é multiplicado muitas vezes mais? O testemunho de
Mike é um testemunho dessa verdade.
O apóstolo Paulo compara nossas ofertas a plantar sementes. Apesar de
variar dependendo das condições, em média, um grão de trigo, se em vez de
ser consumido for investido no solo, produzirá mais de cem grãos de trigo.
Isso se encaixa na categoria de “muitas vezes mais”. É por isso que a Bíblia
nos diz: “Há quem dê generosamente e vê aumentar suas riquezas; outros
retêm o que deveriam dar, e caem na pobreza” (Provérbios 11:24). No que
diz respeito a dar, Salomão, Jesus e Paulo não teriam enfatizado essa verdade
se fosse para crentes evitarem pensamentos de multiplicação e crescimento.
Muitos veriam a decisão de Mike de viver com 10 a 15 por cento de
sua renda somente como um sacrifício de amor; porém, Mike vê o cenário
como um todo. Como está cheio da sabedoria de Deus por ter transbordado
sua alma com dois mil versículos memorizados, ele vê não somente como
um ato de amor, mas também enxerga o aspecto de investimento.
Ele vê da mesma forma que eu e Lisa vimos os dois terrenos. A abordagem
dele é como a de uma família que possui um restaurante, por exemplo. Em
vez de consumir todo o lucro consigo mesmos, a família guarda uma grande
parte dos lucros a fim de comprar mais prédios, contratar mais funcionários,
comprar mais alimentos, e o que mais for necessário para fazer o negócio
crescer. Se fizerem isso bem, eventualmente terão cinco restaurantes, que no
final irão gerar cinco vezes mais receita. O resultado: Terão a capacidade de
abençoar muito mais pessoas do que se tivesse apenas um restaurante.
Se tivesse considerado isso outra coisa além de investimento, Mike
não teria passado a entender o significado mais profundo de ofertar.
É exatamente o que a parábola dos talentos aborda. Veja as palavras de
Jesus: “O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os,
e ganhou mais cinco” (Mateus 25:16). Ele usa especificamente a palavra
aplicou a fim de ilustrar a maneira como o servo multiplicou.
INVESTINDO 145

OUTRA PARÁBOLA DE MULTIPLICAÇÃO


Vejamos uma parábola diferente que Jesus usou para ilustrar a
multiplicação:
Estando eles a ouvi-lo, Jesus passou a contar-lhes uma parábola, porque
estava perto de Jerusalém e o povo pensava que o Reino de Deus ia se
manifestar de imediato. (Lucas 19:11)

Eu amo a introdução dessa parábola. O povo esperava que Jesus


estabelecesse o Reino e os libertasse da opressão e do domínio romano. Ele
ajusta a mentalidade deles dando a perspectiva correta: Seu desejo de que
nós construamos o Reino após Sua partida. Mas como isso será cumprido?
Através de investir. Preste atenção à história:
Ele disse: “Um homem de nobre nascimento foi para uma terra distante
para ser coroado rei e depois voltar. Então, chamou dez dos seus servos
e lhes deu dez minas. Disse ele: ‘Façam esse dinheiro render até a
minha volta’.

Assim como na história do livro de Mateus, Ele nos instrui a “investir”.


Não devemos ser preguiçosos com o que foi confiado a nós, mas devemos
trabalhar duro e sermos inteligentes.
Apesar de essas duas parábolas parecerem iguais, elas são diferentes.
Examinemos o que as separa. Primeiro, Mateus fala de três servos, enquanto
Lucas identifica dez servos. Segundo, na história de Mateus, cada servo
recebe quantidades diferentes, mas nesta recebem quantidades iguais —
uma mina. Terceiro, na história de Mateus, uma porção não era apenas
uma mina, mas uma bolsa contendo 34 quilos de prata. Comparando as
duas histórias, creio que a de Mateus fala de dons, que não são distribuídos
igualmente, enquanto a história de Lucas transmite o que todo crente
recebe igualmente de Deus: o fundamento da fé, o amor de Deus, a Palavra
de Deus, as bênçãos da nossa aliança, e daí por diante. No entanto, os
princípios básicos são os mesmos. Continuemos a história:
146 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Contudo, ele foi feito rei e voltou. Então mandou chamar os servos a
quem dera o dinheiro, a fim de saber quanto tinham lucrado. “O primeiro
veio e disse: ‘Senhor, eu investi a tua mina e tive um rendimento de dez
vezes mais’. ‘Muito bem, meu bom servo!’, respondeu o seu senhor. ‘Por
ter sido fiel com o pouco que lhe confiei, sua recompensa será governar
sobre dez cidades.’” (Lucas 19:15-17, tradução livre do inglês)

Há vários pontos para destacar. Primeiramente, o servo investiu o que


lhe foi dado. Em segundo lugar, ele trabalhou duro e foi inteligente, o que
resultou em uma multiplicação de dez vezes mais. Ser inteligente é estar
sintonizado com a sabedoria de Deus, e isso só ocorre quando ouvimos o
conselho de Deus, assim como meu amigo Mike fez. Em terceiro lugar, mais
uma vez a multiplicação é diretamente atribuída à fidelidade. Não há outra
ação ou virtude mencionada, pois aos olhos de Deus, ser fiel é multiplicar.
Por fim, a recompensa eterna do servo é proporcional à sua multiplicação:
o primeiro servo recebe dez cidades para governar.
Agora vejamos o segundo servo:
O segundo servo respondeu: “Mestre, investi a sua mina e tive um
rendimento de cinco vezes mais.” “Muito bem!”, disse o rei. “Você será o
governador de cinco cidades.” (Lucas 19:18-19, tradução livre do inglês)

Este não multiplicou dez vezes, mas cinco vezes. Sua recompensa eterna
refletiu o nível de seu investimento: cinco cidades, e não dez. Por que ele
não multiplicou dez vezes mais como o outro servo? Será que não prestou
tanta atenção à sabedoria de Deus? Será que perdeu oportunidades? Será
que desacelerou em seus últimos anos, assim como o Stan, que vimos no
primeiro capítulo, estava planejando fazer? Será que tinha uma mentalidade
de aposentadoria?
Alguns anos atrás palestrei sobre multiplicação numa conferência de
liderança. Um dos maiores desenvolvedores de propriedades comerciais, que
já havia dado milhões para o Reino, veio até mim após minha ministração.
Ele parecia estar em estado de choque, mas também iluminado. Ele disse:
INVESTINDO 147

“John, eu estava com uma mentalidade de desaceleração por causa do tanto


que sou bem-sucedido. É fácil cair nessa atitude, mas agora vejo o erro. Daqui
em diante, serei mais focado e diligente para multiplicar o que Deus me deu.”
É possível que o arrependimento genuíno dele altere seu percurso de um
multiplicador de cinco vezes mais para um multiplicador de dez vezes mais.
E quanto ao terceiro servo?
“Então veio outro servo e disse: ‘Senhor, aqui está a tua mina; eu a
conservei guardada num pedaço de pano. Tive medo, porque és um
homem severo. Tiras o que não puseste e colhes o que não semeaste’.

“O seu senhor respondeu: ‘Eu o julgarei pelas suas próprias palavras,


servo mau! Você sabia que sou homem severo, que tiro o que não
pus e colho o que não semeei. Então, por que não confiou o meu
dinheiro ao banco? Assim, quando eu voltasse o receberia com os
juros’. (Lucas 19:20-23)

Assim como na história do livro de Mateus, este servo teve as mesmas


duas grandes falhas. Em primeiro lugar, ele teve medo e, em segundo, não
conhecia o caráter de seu senhor. Essa história mais uma vez implica que
manter o que Deus nos dá não é fidelidade, mas maldade. Perceba que o rei
ficou bravo! A atitude preguiçosa deixou o senhor irado e ele mostrou isso
em seu modo de falar! É algo muito sério quando paramos para pensar.
O que acontece depois apenas fortalece o que concluímos a partir do
relato de Mateus:
“E disse aos que estavam ali: ‘Tomem dele a sua mina e deem-na ao
que tem dez’.

‘Senhor’, disseram, ‘ele já tem dez!’

Ele respondeu: ‘Eu lhes digo que a quem tem, mais será dado, mas a
quem não tem, até o que tiver lhe será tirado.’” (Lucas 19:24-26)

Mais uma vez vemos que Deus não é um Criador socialista, mas é mais
“capitalista” em Seu pensamento. Jesus apontou que os que estavam em
148 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

volta protestaram porque o primeiro servo já tinha dez minas, e o senhor


corrigiu a mentalidade “vamos ser justos” deles declarando: “Àqueles que
investem bem, mais será dado”. E ao mesmo tempo, “Àqueles que mantêm,
até mesmo o pouco que possuem será tirado.”
É uma realidade maravilhosa e ao mesmo tempo assustadora que, se não
fizermos o que Mike fez, passar um bom tempo na Palavra de Deus e em
comunhão com Ele, podemos facilmente filtrar o caráter de Deus através
do ambiente em que vivemos. Talvez seja o filtro da sociedade, o filtro de
Hollywood, o filtro do Instagram, o filtro de um noticiário, o filtro de um pai
exigente, um filtro religioso, ou qualquer outro filtro de experiência de vida ou
mentalidade sociológica que gostemos ou não. Quando conhecemos a Deus e
Sua Palavra intimamente, conseguimos reconhecer esses filtros errados.

TODOS SÃO CHAMADOS PARA CONTRIBUIR


Mike tem o dom de contribuir; e é excelente nisso. Porém, todos nós
deveríamos ser contribuintes.
Para ajudar a deixar mais claro, deixe-me comparar isto à comissão
de Jesus de irmos a todo o mundo e pregarmos o Evangelho (ver Marcos
16:15-16). Este mandato é dado a todo crente. Todos nós devemos ser
embaixadores e compartilhar o Evangelho com aqueles que estão perdidos.
Isso também é capturado pelas palavras de Paulo: “Faça a obra de um
evangelista” (2 Timóteo 4:5), que é direcionada a todos os crentes.
Entretanto, há um ofício e dom único chamado evangelista. Paulo
escreve: “E Ele designou alguns para... evangelistas” (Efésios 4:11). Não
todos, mas alguns, são chamados para este ofício. É um dom que se
distingue por trazer uma colheita de almas. No livro de Atos, Filipe — e
não todos os crentes — é chamado de evangelista (ver Atos 21:8). Billy
Graham, T.L. Osborn, e Reinhard Bonnke tinham o dom de evangelista.
Eles, com a ajuda de suas equipes, ganharam cada um dezenas de milhões
de almas. Eles multiplicaram o dom que receberam de Deus, assim como
Mike e outros que mencionei anteriormente.
INVESTINDO 149

Assim como eles foram chamados, todos nós somos chamados para
doar, mas existem alguns que tem o charisma de doar. Eles se distinguem na
contribuição financeira assim como o evangelista se distingue em ganhar
almas. A mensagem deste livro foca em multiplicar os dons que Deus nos
deu. Porém, já que contribuição financeira é um aspecto tão crucial da
multiplicação, até o final deste capítulo quero focar no que cada um de nós
foi chamado para fazer: multiplicar na área de contribuição financeira.
Em meus quarenta anos de ministério, testemunhei dois extremos no
que diz respeito a finanças e doações. Esses extremos afetam muitos na
igreja, e sinceramente espero que isso mude. Primeiro, há aqueles que dão
somente para receber; eles querem mais por razões egoístas. Se formos
objetivos e chamarmos isso do que realmente é, uma palavra que identifica
essa motivação é cobiça.
Infelizmente, essa mentalidade errante tem ajudado a gerar o outro
extremo (o antigo movimento do pêndulo). Ocorre que a maioria das pessoas
não estudam o conselho completo da Palavra de Deus, da forma que Mike
fez. Elas desprezam qualquer ensinamento que edifique a fé das pessoas em
relação à contribuição financeira. Essa atitude pode chegar até ao extremo
do ressentimento a tudo que diz respeito a ofertas. Basicamente, defensores
dessa ideia impedem sua própria eficácia, assim como a daqueles que lhes dão
ouvidos. O resultado é que a obra do Evangelho como um todo fica restrita.
Antes de recebermos Jesus, Lisa e eu éramos membros de uma igreja que
ensinava demais sobre contribuir. Era a década de oitenta e, naquela época,
muitos eram mais focados em si mesmos do que em missões. Apesar de o
ensinamento da nossa igreja ser em sua maior parte correto, devido à falta
de caráter, muitas pessoas contribuíam a partir de desejos de receberem
imóveis maiores, carros luxuosos, férias caras, e várias outras “vontades”
narcisistas. O foco não era diferente do que muitos descrentes buscam,
com exceção de que havia uma fórmula bíblica. Lisa e eu sabíamos desde
o início que algo estava fora de equilíbrio, mas não sabíamos articular
exatamente o que era.
150 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Sinceramente, após termos vivido num ambiente daqueles, levou


purificação e maturidade para que eu e Lisa enxergássemos a contribuição
sob uma ótica saudável. O líder da igreja eventualmente sucumbiu à tentação
e perdeu tudo. Após ver o resultado, foi tentador mudar de ideia, mas nos
comprometemos a acreditar na Palavra de Deus acima das experiências.
Um encontro que abriu nossos olhos aconteceu dois anos após termos
sido enviados por aquela igreja para iniciarmos nosso próprio ministério.
Eu estava num culto pronto para pregar quando o Espírito Santo me
perguntou: “Filho, você sabe o que é um espírito religioso?”
Eu já havia lido, falado e ouvido sobre ele, e até escrito sobre o que é uma
mentalidade religiosa, mas quando Ele perguntou, imediatamente percebi
que havia algo que eu não compreendia. Respondi: “Eu não devo saber.
Senão o Senhor não me perguntaria. Então o que é?”
Ouvi o Espírito Santo dizer: “Um espírito religioso usa a Minha Palavra
para executar sua própria vontade. Essa pessoa não carrega Minhas
instruções colocando os desejos do Meu coração em primeiro lugar. Ela
aplica Minha Palavra para benefício próprio.”
Essas palavras foram catalíticas para os ajustes necessários no meu
coração devido ao ambiente tóxico em que eu havia estado anteriormente.
Aquela mensagem do Espírito Santo revelou que nós podemos doar e até
colher os benefícios, mas isso pode ser feito com intenções erradas. As leis
de Deus serão benéficas, mesmo que a motivação não seja certa.
Como o apóstolo Paulo usou a semeadura no que diz respeito à
contribuição, permita-me fazer o mesmo. Um semeador pode plantar
sementes com um propósito: colher todo o cultivo. Para todo alimento que
não possa consumir, ele constrói armazenamento maior para guardar, e
diz a si mesmo: “Você tem grande quantidade de bens, armazenados para
muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se” (Lucas 12:19).
A resposta de Deus para ele é: “Insensato!” (versículo 20). O princípio de
plantar e colher funcionou para esse semeador, apesar de ele ser cobiçoso
como Jesus apontou.
INVESTINDO 151

Por outro lado, um semeador diferente pode ter o desejo de ajudar e


alimentar pessoas. Ele terá mesma colheita que o primeiro semeador, mas
sua reação será diferente. Ele dirá a si mesmo: “Nossa, eu não só vou comer,
mas também poderei ajudar minha comunidade a ser mais forte e mais
saudável! Posso ser generoso!”
A lei de plantar e colher funciona igualmente para ambos. Seria ridículo
se todos parassem de plantar e colher por causa da motivação da cobiça do
primeiro homem. Porém, isso é o que muitos têm feito na área de contribuir
para o Reino.
Mergulhemos fundo nas palavras de Paulo. Ele começa dizendo:
Por isso achei que era preciso pedir aos irmãos que fossem antes de
mim para preparar a oferta que vocês prometeram. E assim, quando eu
chegar aí, ela já estará pronta, e todos ficarão sabendo que vocês deram
ofertas porque quiseram e não porque foram obrigados. (2 Coríntios
9:5, NTLH)

Não há dúvida, Paulo está falando sobre uma oferta financeira. Ele
continua usando o princípio da semeadura para ilustrar o que Deus faria
por aqueles que contribuem:
Lembrem disto: quem planta pouco colhe pouco; quem planta muito
colhe muito. (2 Coríntios 9:6, NTLH)

Se nossa motivação única em contribuir é ajudar pessoas, então por que


Paulo fala sobre a colheita que receberemos a partir da contribuição? É
errado ter um desejo secundário de multiplicação, principalmente quando
irá ajudar a alimentar e expandir o principal desejo de edificar vidas para
o Reino? Será que Paulo estava treinando os novos cristãos da igreja de
Corinto a como multiplicar sua eficácia, assim como Jesus fez na parábola
dos talentos? Será que Paulo está apelando que eles sejam movidos por
compaixão, mas ao mesmo tempo para também investirem pelo propósito
de serem uma bênção maior ainda? Realmente acho que essa é a motivação
de Paulo, pois veja como ele continua:
152 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Que cada um dê a sua oferta conforme resolveu no seu coração, não


com tristeza nem por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria. E
Deus pode dar muito mais do que vocês precisam para que vocês
tenham sempre tudo o que necessitam e ainda mais do que o necessário
para fazerem todo tipo de boas obras. (2 Coríntios 9:7-8, NTLH)

Veja que duas coisas podem ser alcançadas. Necessidades pessoais serão
supridas, mas Paulo também afirma especificamente que haverá mais do
que o necessário para fazerem todo tipo de boas obras. Nossa capacidade
de sermos generosos é multiplicada quando investimos ou plantamos
sementes. Essa motivação é reforçada ainda mais:
E Deus, que dá a semente para semear e o pão para comer, também dará
a vocês todas as sementes que vocês precisam. Ele fará com que elas
cresçam e deem uma grande colheita, como resultado da generosidade
de vocês. Ele fará com que vocês sejam sempre ricos para que possam
dar com generosidade. (2 Coríntios 9:10-11)

Paulo declara especificamente que, através da contribuição, Deus


fará com que suas sementes deem uma grande colheita. Isso lhe dará a
capacidade de sempre dar com generosidade. Essa verdade não é somente
para aqueles que receberam o dom de contribuir, mas para todo crente. É
uma lei espiritual que Deus estabeleceu há muito tempo.
Quando Lisa e eu iniciamos no ministério, nossa renda era dezoito mil
dólares por ano. Mal conseguíamos pagar nossas contas. Lembro-me de
nosso primeiro Natal no ministério. Tivemos que pegar nossos poucos
dólares guardados e comprar materiais para montarmos cestas de presentes
feitos em casa. Não tínhamos dinheiro para comprar nada além disso.
Dois anos depois, nosso pastor tirou uma oferta especial na igreja. Lisa
e eu queríamos fazer parte daquela ação social. Deus falou conosco: “Dê
mil dólares.”
Acontece que nos últimos dois anos, havíamos poupado muito para
podermos dar entrada numa pequena casa. Havíamos juntado mil e
INVESTINDO 153

oitocentos dólares; era tudo que tínhamos. Não tínhamos aposentadoria,


investimentos nem outra poupança para nos garantir. Se déssemos aquela
quantia, só nos restaria oitocentos dólares. Parecia que nossos anos de
economia seriam significativamente diminuídos com aquela oferta.
Aparentemente, seriam os anos antes de termos o bastante para dar
entrada numa casa. No entanto, nós ofertamos porque queríamos fazer
parte do impacto em outras vidas. Também queríamos ser mais generosos.
Sabíamos, com base na bíblia, que a única forma de aumentarmos nossa
capacidade de contribuir era multiplicando o pouco que tínhamos.
Com o passar dos anos, pudemos dar mais do que cestas feitas por
nós e mais do que uma oferta de mil dólares. Somente este ano, pudemos
contribuir para missões cinquenta vezes mais do que aquela primeira
grande oferta. Queremos impactar mais vidas de todas as formas. Deus
multiplicou nossa capacidade e nos empoderou para sermos generosos. A
tradução bíblica The Passion traz essa verdade de uma bela forma:
Esse Deus generoso que supre ao semeador uma abundância de sementes,
que se tornam pão para nossas refeições, é ainda mais extravagante
em relação a você. Primeiro, Ele supre todas as necessidades, e ainda
mais. Depois, multiplica a semente à medida que você planta, para
que a colheita da sua generosidade cresça. Você será abundantemente
enriquecido de todas as maneiras à medida que contribui generosamente
em toda ocasião. (2 Coríntios 9:10-11, tradução livre da TPT em inglês)

Note que Ele é extravagante em relação a nós. Com um propósito,


Ele multiplicará o investimento que fazemos na construção do Reino,
para que a nossa generosidade cresça. Nós juntamos para nossa conta
celestial, onde a traça e a ferrugem não corroem, nem ladrões entram
e roubam, e também creditaremos nas contas desta vida. Sim, há uma
recompensa eterna, mas também existe uma conta que desenvolvemos
pela generosidade na era presente. Paulo deixou isso muito claro quando
escreveu para os crentes filipenses:
154 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Não é que eu só pense em receber ajuda. Pelo contrário, quero ver mais
lucros acrescentados à conta de vocês. (Filipenses 4:17. NTLH)
Assim como muitas pessoas têm contas bancárias, contas de ações, e
contas de investimentos, todos os crentes têm uma conta celestial. Essa conta
nos capacita a multiplicar nossa eficácia na edificação do Reino nesta terra.
O que aconteceria se todos os crentes começassem a conhecer, compreender
e crer nessa lei espiritual? Nós alcançaríamos o mundo com o Evangelho
muito mais rápido! Agora ficou claro por que o inimigo do Reino tenta de
todas as formas impedir que os crentes semeiem sementes financeiras?
Lisa e eu somos amigos de um casal chamado Phil e Dana que são
contribuintes extraordinários. Eles doam para o Reino aproximadamente
50 por cento de sua renda. Recentemente, deram uma oferta de cem mil
dólares para uma ação evangelística de um ministério. Dois dias depois,
deram mais cem mil dólares para uma ação missionária de outro ministério.
Eu sei disso porque a Messenger International era esse segundo ministério.
Phil iniciou sua empresa anos atrás e ela tinha um desempenho médio,
não acima da média. No entanto, vinte e cinco anos atrás, Phil e Dana
firmaram um compromisso com Deus de que dariam duzentos e cinquenta
mil dólares para um determinado ministério durante os três anos seguintes.
Parecia completamente impossível, mas eles queriam abrir espaço para a
intervenção de Deus.
O negócio de Phil floresceu, mas ele não estava ciente do quão bem as
coisas estavam indo. Três meses depois, ele percebeu que havia duzentos
e cinquenta mil dólares extras na conta. Então, ele e Dana decidiram
cumprir com o voto imediatamente, ao invés de esperar para dar ao longo
de três anos. Ele me disse: “John, foi aí que os níveis loucos de contribuição
começaram na nossa história.”
Assim como Mike, eles evitaram retroceder. Avançaram firmemente
quando teria sido mais fácil recuar; consequentemente, sua conta celestial
foi ampliada a proporções que eles nunca haviam sonhado ser possíveis. Será
que isto está disponível para mim e para você? Paulo nos diz enfaticamente:
INVESTINDO 155

Nunca duvide que o poder de Deus pode agir em você e realizar tudo
isso. Ele cumprirá infinitamente mais do que o seu maior pedido,
o seu sonho mais inacreditável, e excederá a sua imaginação mais
ousada! Ele fará muito além, pois Seu poder miraculoso nos fortalece
constantemente. (Efésios 3:20, tradução livre da TPT em inglês)

RUPTURA
Ao longo dos anos no ministério, aprendi que seremos testados tanto em
nosso charisma quanto em nossa contribuição financeira. Pode ser que haja
um tempo em que nenhuma editora se interesse em conversar com você
sobre o seu livro; na verdade, esse tempo pode durar anos. Você considera
parar porque tem sido um trabalho duro, o livro parece não estar indo a
lugar nenhum, e você não vê forma alguma de mudar isso. Mas continua
em obediência. De repente a ruptura vem.
Ou talvez você esteja contribuindo vez após vez e não esteja vendo
colheitas rápidas, e parece que as suas finanças estão apertadas demais
para continuar contribuindo. Porém, Deus fala com você, assim como
foi com Mike, e você O obedece mesmo quando parece impossível. Você
testemunha uma vitória e entra num novo nível de contribuição.
O que é uma ruptura? O website dictionary.com define essa palavra
como “um ato ou uma ilustração de remover ou ultrapassar uma obstrução
ou restrição.”12 Imagine o seguinte: Uma parede está contendo a passagem
da água. O nível de água continua a subir, mas a parede permanece como
uma obstrução. De repente, rachaduras começam a aparecer na parede;
pouco tempo depois, a água de repente estoura tudo. Agora a obstrução
foi eliminada e a água flui livremente onde estava previamente restringida.
Isso é uma ruptura.
O Rei Davi declara: “Por minha mão, Deus derrotou a meus inimigos,
como a ruptura das águas” (1 Crônicas 14:11, ARC). A elevação da água é
uma ilustração da nossa obediência contínua à verdade e após a ruptura, o
fluir livre da água representa frutos ou abundância.
156 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

No que diz respeito aos nossos amigos Phil e Dana, depois que deram
a primeira oferta de cem mil dólares, Phil me disse que seu negócio teve
uma semana recorde e ganhou os cem mil de volta — e mais — só naquela
semana. Isso que é uma ruptura! Eles não começaram assim; contribuíram
vez após vez sem ver muita colheita imediatamente. Porém, ano após ano
semeando continuamente, eles experimentaram uma ruptura e as colheitas
parecem vir quase tão rapidamente quanto a semeadura.
É um cumprimento das palavras do profeta Amós: “Está chegando o
dia em que o trigo crescerá mais depressa do que poderá ser colhido, as
parreiras produzirão uvas mais depressa do que se poderá fazer vinho”
(Amós 9:13). Na versão King James, a verdade é mostrada através de uma
bela ilustração:
“Veja, estão chegando os dias”, diz o Senhor,

“Em que o lavrador alcançará o ceifeiro,

E o colhedor de uvas alcançará aquele que planta sementes.

Os montes destilarão vinho doce,

E todos os montes irão fluir com ele.” (Tradução livre do inglês NKJV)

O ceifeiro terá uma colheita tão abundante que o semeador irá


ultrapassá-lo.
Aqueles que colhem uvas ainda estarão pisando as uvas da última
colheita quando os lavradores começarem o trabalho para o próximo ano!
Mas o resultado é extraordinário. Os lavradores, os ceifeiros, e aqueles que
pisam uvas têm o desejo comum de fazer vinho. Veja como o resultado é
pronunciado: “Haverá um fluir contínuo de vinho; não irá parar, acabaram
os tempos infrutíferos” (paráfrase do autor).
Há um lugar em relação ao nosso charisma e à nossa contribuição
financeira em que essas coisas acontecem. Aconteceu com Mike e
também com Phil e Dana. Em relação à Messenger International,
INVESTINDO 157

temos vários testemunhos de vidas transformadas pelos recursos que


semeamos ao longo dos anos. As uvas estão crescendo mais rápido do
que podem ser colhidas!
Muitos desistem pouco antes da ruptura. Ficam sobrecarregados com
a adversidade ou a falta de resultados almejados. Lisa e eu poderíamos ter
facilmente nos voltado para a razão e a lógica e ignorado a voz do Espírito
de Deus. Precisávamos de pelo menos cinco mil dólares para dar entrada
na casa da qual tanto precisávamos. A maioria dos bons apartamentos da
nossa cidade eram em condomínios somente para adultos, onde não era
permitido ter bebês. Poderíamos ter pensado: “Primeiro vamos conseguir
nossa casa, e depois poderemos economizar e ofertar mil dólares na
próxima ação social.” Teríamos perdido aquela oportunidade primordial
de investir no Reino e ampliar nossos recursos.
O aspecto incrível dessa história é que seis meses depois, nós tínhamos
os cinco mil dólares milagrosamente. Lisa recebeu uma quantia de dinheiro
de uma conta que seu pai havia aberto para ela, da qual não tínhamos
conhecimento. Além disso, duas pessoas, sem saber da nossa necessidade,
nos deram dois mil dólares. Menos de um ano depois já estávamos na nossa
casa nova. Foi milagroso, e muito melhor para a nossa fé e perseverança
ver que Ele proveu quando parecia “impossível”. Não creio que isso teria
acontecido se tivéssemos retido os mil dólares que o Espírito Santo nos
instruiu a ofertar.
A esta altura, é sábio dar um aviso: Não devemos operar presunçosamente.
O que quero dizer? Devemos buscar o conselho do nosso maior Parceiro,
o Espírito Santo. Ele nos diz: “Eu sou o Senhor o seu Deus, que o leva a
ter benefícios, que o guia pelo caminho em que deve andar” (Isaías 48:17,
tradução livre do inglês NKJV). Manter uma consciência sensível (onde
o Espírito Santo nos ilumina) e uma obediência ao que Ele nos mostra
é essencial, pois Ele é aquele que nos leva aos benefícios de nossos
investimentos no Reino. Nós não teríamos dado os mil dólares se Ele não
tivesse sussurrado o pedido em nosso coração.
158 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Algumas pessoas não ouvem o conselho Dele. Outras não conseguem


ouvi-lo porque disseram “não” muitas vezes. A consciência dela já não está
mais sensível. Se for o seu caso, simplesmente se arrependa e peça perdão
por ter suprimido a voz Dele. A sua sensitividade voltará imediatamente;
Ele é rápido em perdoar! Mas depois fique atento aos sussurros Dele e não
deixe que a voz da sua razão o faça parar de ouvir.

REFLETINDO
1. Deus colocou Seu amor por pessoas em nosso coração, e é
isso que nos posiciona a contribuir e servir. De que maneiras
você serve e contribui atualmente? Quais são algumas formas
criativas como você pode crescer nas áreas de contribuição e
serviço?

2. Um contribuinte sábio vê uma oferta não só como um dom de


amor e serviço, mas também como um investimento. Através
das suas doações e do seu serviço, que tipo de retorno do seu
investimento você pode esperar? Como a sua atitude em relação
ao serviço e à contribuição pode mudar se você os ver como um
investimento?

3. Você será testado tanto no seu charisma como na sua contribuição


financeira. Durantes esses testes, você experimentará momentos
em que a sua colheita parecerá estar atrasada e o seu trabalho
improdutivo. Quando estiver tentado a desistir, qual deve ser a
sua resposta? Como você se mantém encorajado?
Cada um exerça o dom que recebeu para
servir os outros, administrando fielmente a
graça de Deus em suas múltiplas formas.

— 1 Pedro 4:10
10

O CATALISADOR

N
este capítulo tão essencial, irei revelar o catalisador de
aumento de eficácia. Ao usar a palavra eficaz, estou falando de
multiplicação que dura para sempre.
Um catalisador é um ingrediente chave que precipita ou acelera um
evento ou uma mudança (minha definição retirada de muitos dicionários).
Todos nós recebemos dons, mas o que desencadeia o potencial da
durabilidade deles é revelado nas palavras do apóstolo Pedro: “exerça o
dom que recebeu para servir os outros”. Servir é o catalisador, mas o serviço
genuíno é sempre motivado pelo amor. O apóstolo Paulo escreve:
Lembramos continuamente, diante de nosso Deus e Pai, o que vocês
têm demonstrado: o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo
amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso Senhor
Jesus Cristo. (1 Tessalonicenses 1:3)
O verdadeiro serviço é originado a partir de um coração queimando
de amor. É uma disposição interior que não é alterada por adversidade,
dificuldades nem qualquer outra circunstância desfavorável. Ele se
manifesta às vezes em palavras, mas na maioria das vezes em ação.

MOÇA DO PERU
Irei ilustrar o serviço com uma história. O casal que estou destacando
são amigos muito próximos que pedem para permanecerem em anonimato
em sua missão. Então, para atender o pedido deles, irei usar nomes fictícios.
162 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Riley e Dave moram no subúrbio de uma das maiores cidades dos


Estados Unidos. O destino deles era se encontrar, já que seus apartamentos
ficavam colados um no outro.
Logo depois de se casarem, Riley ficou se perguntando por que a maioria
das igrejas, abrigos, e outras organizações de caridade oferecem refeições e
presentes no Natal, mas fazem muito pouco no Dia de Ação de Graças. Ela
acredita que o Dia de Ação de Graças é importante porque foca na família
e a refeição juntos. Muitas mães solteiras, os deficientes, e os moradores de
ruas têm dificuldade de oferecer ou participar de uma refeição adequada. Ela
acredita que sopas servem um propósito necessário, mas falta a intimidade
que uma refeição feita em casa pode oferecer a uma família.
Riley afirmou: “Sozinhos, cada um de nós tem a oportunidade de
causar um impacto, mas juntos o impacto é maior.” Ela está bem baseada
nas Escrituras e sabe que o esforço de dois trabalhando juntos em
harmonia representa dez vezes mais do que poderiam alcançar sozinhos
(ver Deuteronômio 32:30). Ela também é bem consciente do fato de que
resultados aumentam quando mais crentes se juntam. Outra verdade que
queima em seu coração é que verdadeiros servos querem fazer parte de
uma equipe e não se importam se irão ganhar o crédito ou não. A atitude
de Riley personifica esses ingredientes importantes para a multiplicação.
Em sua primeira oportunidade no Dia de Ação de Graças, Riley
arrecadou dinheiro de familiares e amigos para comprar perus. Com uma
mentalidade de multiplicação, ela e David prometeram adicionar um
dólar para cada dólar recebido. Naquele ano, ela comprou onze perus e os
distribuiu anonimamente da mala de seu carro. No segundo ano, o número
aumentou para trinta e um perus.
No terceiro ano, ela disse aos familiares e amigos que podiam
compartilhar a visão com outros amigos, desde que mantivessem a ação
anônima. Eles o fizeram e o trabalho começou a multiplicar. Até o quinto
ano, eles haviam alcançado quinhentas famílias e haviam conseguido
adicionar legumes, verduras e farofa a cada doação.
O CATALISADOR 163

Foi a partir daí que ela formalizou um acordo anônimo de distribuição


com o Exército da Salvação. Essa instituição de caridade está conectada
a serviços sociais e conseguiu implementar um processo de inscrições a
fim de identificar os realmente necessitados. As pessoas selecionadas
não tinham outras opções de sustento (cupons de comida, programas do
governo, etc.). Riley e sua equipe montaram um local de distribuição por
drive-thru e para pedestres no terreno do Exército da Salvação.
Muitos improvisaram a fim de receber o alimento que precisavam. Eles
vinham empurrando carroça, andando de bicicleta, empurrando cestas, de
carona com vizinhos, ou simplesmente chegavam andando e saiam levando
o peru, os vegetais e a farofa a pé — às vezes percorrendo longas distâncias
— de volta para o trailer, o apartamento, o parque ou a rua onde moravam.
Um morador de rua havia descoberto uma maneira de como cozinhar o
peru do lado de fora para ele e seus amigos usando uma fritadeira usada e
um botijão de gás.
Eventualmente, a distribuição cresceu tanto que foi necessário um novo
local para comportar o volume de pessoas. A Associação Cristã de Moços
(YMCA) tinha um terreno perto dali, mas o relacionamento entre eles e o
Exército da Salvação estava tenso. A necessidade forçou as duas instituições a
resolverem suas diferenças. Eles se reconciliaram e desde então têm trabalhado
juntos com o projeto de Riley, assim como em outras ações da comunidade.
Todo ano, Riley e Dave estabelecem uma meta de superar a distribuição
do ano anterior. Determinaram que ninguém daquela área inteira ficaria
sem uma refeição adequada no Dia de Ação de Graças. Conforme o número
aumentava, a distribuição se tornou mais complexa e difícil, especialmente
diante de preços mais altos e alguns amigos saindo do projeto ou se
mudando. O casal estava mais forte financeiramente e não queria parar
o progresso naquele momento, então decidiram adicionar dois dólares
a cada dólar recebido. (Vale uma observação: Não me surpreende que a
força financeira deles tenham aumentado naqueles seis anos. Deus estava
multiplicando a contribuição deles para que pudessem ser mais eficazes.)
164 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Nas palavras de Riley, “De alguma forma, Deus sempre supria dinheiro
de diferentes fontes, fazendo com que os totais aumentassem cada vez
mais.” E o que torna isso ainda mais incrível é que o casal determinou desde
o início que não iria receber um centavo de programas do governo nem de
empresas. Tudo tinha que vir de familiares, amigos e amigos de amigos.
À medida que os números cresciam, novos desafios se levantavam.
Tornou-se impossível dispensar todos os perus em um dia só, já que o
volume de pessoas era tão alto. Riley e Dave foram forçados a acrescentar
um segundo dia de distribuição, mas isso gerou um obstáculo significativo:
Onde armazenariam os perus durante a noite para o segundo dia de
distribuição? Riley foi persistente em sua busca por uma solução. À meia-
noite, uma grande rede de supermercados onde eles compravam todos os
perus entrou em contato e doou o uso de seus caminhões frigoríficos. Agora
o dinheiro poderia ser gasto em alimento em vez de armazenamento.
Havia vários outros obstáculos e dificuldades para vencer, demais
para citar. A fé e a determinação desse casal são sólidas e fortes. Diante
da adversidade, eles oraram continuamente, clamando a Deus, tiveram
ideias estratégicas inspiradas e encontraram favor diante de pessoas que
podiam ajudar.
Eles acabaram de completar vinte e seis anos de serviço, enquanto estou
escrevendo este livro. Somente este ano, já alimentaram 10.500 famílias
(se considerarmos uma média de quatro por família, temos uma média
de 42.000 pessoas). Eles têm alimentado de forma eficaz cada pessoa
necessitada em sua cidade e de uma boa parte dos municípios nos arredores
(lembre-se de que essa área está em uma das maiores cidades do Estados
Unidos). Ao fazer isso, eles encheram cinco caminhões (cada um com
catorze metros de comprimento) com perus e três caminhões de vegetais
e farofa. Mais de duzentos voluntários são mobilizados, sendo que muitos
deles trabalham incansavelmente durante vários dias. Muitos estão com
Riley desde o início. E o mais incrível é que a maioria dos voluntários ainda
não sabem a identidade da “Moça do Peru”!
O CATALISADOR 165

Seria impossível listar os milagres, as histórias, e os testemunhos de


vidas transformadas pela multiplicação deles. Várias pessoas entregaram a
vida para Jesus, inclusive o marido de Riley, Dave, e muitos afastados da fé
retornaram. Familiares se reconciliaram, e muitas pessoas foram inspiradas,
inclusive funcionários do governo, de supermercados, do Exército da
Salvação e da YMCA, voluntários e, de certa forma, toda a comunidade.
Permita-me compartilhar algumas histórias breves. Um amigo de Riley
é tesoureiro de um clube de motocicletas. Todo ano, ele pede ao clube que
façam uma arrecadação para a Moça do Peru. Eles na verdade se desafiam
para ver quem dá mais. Ano passado, ela recebeu uma mensagem de
texto após o Dia de Ação de Graças dizendo que os motociclistas estavam
aumento sua doação em mais três mil dólares para o ano seguinte.
Certo ano, a equipe da Moça do Peru decidiu doar o excesso para uma
igreja local. Isso inspirou a igreja a usar o modelo de Riley para iniciar seu
próprio programa de ajuda aos pobres durante o Dia de Ação de Graças e
em outras épocas do ano.
Os membros da equipe do Exército da Salvação que são transferidos
para outros estados ficam ansiosos para iniciar programas baseados no de
Riley. Outros que se mudaram para a área onde ela atua ficam empolgados
em saber mais sobre o ministério, já que ouviram falar da história de Riley
através de todos os escalões do Exército da Salvação.
Riley não é pastora, não trabalha para uma igreja, e não é uma mulher
de negócios. Ela é esposa, mãe e uma cristã devota que frequenta a igreja
fielmente. Ela é bem ciente de que serve a um Deus poderoso que se agrada
de sua multiplicação. Sinto-me honrado de ser amigo desse casal.

O EXEMPLO NÚMERO UM
DE MULTIPLICAÇÃO ETERNA
Serviço motivado por amor é o catalisador da multiplicação. Considere
algumas das grandes histórias de multiplicação na Bíblia. É claro, o que está
acima de todas elas é Jesus. Ele diz:
166 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Se você quiser ser o maior, então viva como aquele chamado para
servir os outros. O caminho para a promoção e a preeminência vem
ao ter o coração de um escravo que serve a todos. Pois até o Filho do
Homem não veio esperando ser servido por todos, mas servir a todos,
e dar Sua vida como preço de resgate em troca da salvação de muitos.
(Marcos 10:43-45, tradução livre da TPT em inglês.)

Jesus identifica o caminho para a verdadeira grandeza: buscar servir,


e não ser servido. Não é surpresa que ele identifique Seu ato supremo de
serviço com essas palavras: “Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão
de trigo não cair na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer,
dará muito fruto” (João 12:24). Mais uma vez, ouvimos sobre plantar (ou
investir) e colher. Assim como um grão investido gera uma multidão de
grãos, a obediência de Jesus em servir produziu multidões de filhos e filhas
de Deus. Que exemplo! Ele pavimentou o caminho e estabeleceu o padrão,
mostrando-nos como multiplicar efetivamente. Jesus nos diz:
Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. Pois
bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês
também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para
que vocês façam como lhes fiz. (João 13:13-15)

Como líder e comunicador, sei da importância da palavra final. É a


declaração ou a mensagem que você deixa com o seu leitor, ouvinte, aluno,
membro de equipe, funcionário, filho ou qualquer outro. É o pensamento
prevalente que você quer que os seus ouvintes tenham à medida que
seguem adiante.
Em Seu tempo na terra, qual foi a palavra final de Jesus? É interessante
que tenha sido um sermão que apresentou como ilustração antes de Sua
crucificação: a lavagem dos pés de Seus seguidores.
Serei sincero com você; quando era um jovem cristão, eu não gostava
nem um pouco de quando alguém sugeria num grupo pequeno: “Vamos
lavar os pés uns dos outros”. Eu imediatamente pensava numa razão
O CATALISADOR 167

qualquer para ir embora, porque simplesmente detestava que outros


homens ficassem tocando nos meus pés!
Anos depois, estou aliviado em saber que a lavagem dos pés era mais
uma tradição a qual meus amigos eram apegados. Um exemplo paralelo é
quando Moisés colocou a serpente no alto de um poste (ver Números 21:8-
9), e todos que olhavam para ela eram curados de mordidas de cobra. Era
algo milagroso e poderoso. No entanto, muitas gerações depois, Israel fez
daquela serpente um ídolo (ver 2 Reis 18:4). Eles destacaram o objeto em
vez de entender que, originalmente, anos antes, o foco era a obediência à
instrução do Senhor.
Na década de oitenta, seguíamos um caminho similar nos meus
grupos de estudo bíblico. Usávamos a “lavagem dos pés” da forma errada.
Focávamos mais na ação do que no que ela representava. No século I, as
estradas não eram pavimentadas, animais eram o único meio de transporte
além da caminhada, não existiam tênis da Nike nem da Adidas. As pessoas
usavam sandálias ou, em muitos casos, nenhum sapato, então seus pés
ficavam expostos a muita poeira, fezes de animais e outras sujeiras. É seguro
dizer que naquele ambiente, pés sujos e fedorentos atingiam um nível que
nosso mundo ocidental atual nunca conheceu.
Quando as pessoas entravam na casa de uma pessoa rica, servos ou
escravos eram obrigados a limpar os pés de seus senhores, dos familiares, e
dos convidados. Num típico lar de classe alta, havia várias responsabilidades:
cuidar dos estábulos, preparar refeições, limpar os quartos, entre outras.
A tarefa de lavar os pés era reservada ao servo mais humilde. Em alguns
círculos, o desígnio ia ainda mais além; essa tarefa desagradável era atribuída
exclusivamente às servas mais humildes de todas, já que eram consideradas
as únicas “indignas” o bastante para fazer algo tão repugnante.
Na última ceia, os doze discípulos estavam numa casa desse tipo, grande
o bastante para acomodar a equipe inteira de Jesus numa sala separada.
Era possivelmente a casa mais rica da cidade. Horas antes, cada um desses
doze homens teve os pés lavados pelo servo mais humilde. Porém, para
168 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

a surpresa de todos, naquela mesma noite, Jesus não só pegou a bacia e


o jarro de água, mas também se despiu de Seu manto — removendo o
símbolo de sua posição de Mestre, e começou a lavar os pés deles. Eles
sabiam exatamente o que estava acontecendo e o que aquilo representava.
Em contraste, na faculdade, eu ficava confuso e até mesmo repulsava essa
prática porque meus pés estavam limpos; eu sempre tomava banho antes
do estudo bíblico. Aquilo também me deixava desconfortável. Por que esse
cara que eu mal conheço está tentando lavar meus pés?
Se você reler as palavras de Jesus, elas ganharão muito mais significado.
Ele estava causando uma última impressão; uma que ficaria com aqueles
discípulos pelo resto de suas vidas. Uma palavra final.
Em resumo, a fim de ser grande, devemos voluntariamente assumir o
lugar do servo mais inferior. Será que foi por isso que Jesus disse: “Sou
manso e humilde de coração” (Mateus 11:29)?
Demorei um tempo para realmente compreender isto. No início da
minha caminhada cristã, parecia que muitos de nós viam o ministério
simplesmente com a ótica oposta. Nossa crença não-verbalizada era:
Significância só é atingida quando você ministra ou lidera a muitos. Servir era
para as pessoas das menores posições da nossa igreja. Se você trabalhasse
duro o bastante, eventualmente se tornaria uma pessoa de importância.
Ah, como nossa percepção era errada!
Sou muito grato pela paciência do Espírito Santo no processo de
amadurecimento! Ele transformou meu pensamento, mas levou tempo.
Como afirmei antes, meus primeiros quatro anos de ministério envolveram
em sua grande parte cuidar das necessidades pessoais do nosso pastor.
Certo dia, quando eu estava dirigindo para resolver algo para ele,
o Espírito de Deus sussurrou: “Filho, se Eu o promover, será para uma
posição maior de serviço. Se você errar agora, será apenas uma camisa
manchada na lavanderia. No ministério público, não será uma camisa
substituível; ao contrário, serão vidas, as pessoas que Eu amo prejudicadas.”
Fui marcado por essas palavras. Ele não só comunicou que posições mais
O CATALISADOR 169

altas envolveriam maiores responsabilidades de serviço, mas também


comunicou a importância de sempre ser fiel nas coisas menores. Meu nível
de serviço não mudaria com as verdadeiras riquezas: pessoas.

REBECA
Um exemplo marcante de multiplicação a partir de serviço altruísta no
Antigo Testamento é visto em Rebeca. Revisemos a história brevemente.
Abraão enviou seu servo mais confiável de volta para a terra de onde
tinha vindo a fim de encontrar uma esposa para seu herdeiro, Isaque. O
servo partiu prontamente, levando dez camelos para a longa jornada.
Quando chegou, o servo de Abraão percebeu que era o horário do dia
em que as mulheres se dirigiam ao poço comunitário para pegar água.
Ele orou: “Concede que a jovem a quem eu disser: Por favor, incline o seu
cântaro e dê-me de beber, e ela me responder: ‘Bebe. Também darei água
aos teus camelos’, seja essa a que escolheste para teu servo Isaque. Saberei
assim que foste bondoso com o meu senhor” (Gênesis 24:14).
Antes que ele terminasse de orar, Rebeca se aproximou com seu
cântaro de água, então ele lhe pediu de beber. O que acontece em seguida
é espetacular:
“Beba, meu senhor”, disse ela, e tirou rapidamente dos ombros o cântaro
e o serviu. Depois que lhe deu de beber, disse: “Tirarei água também
para os seus camelos até saciá-los”. Assim ela esvaziou depressa seu
cântaro no bebedouro e correu de volta ao poço para tirar mais água
para todos os camelos. (Gênesis 24:18-20)

O servo a observou em silêncio até que ela terminasse de dar água o


bastante para os dez camelos. Nesses poucos versículos encontramos
muitas características extraordinárias envolvidas no serviço de Rebeca. Irei
listá-las uma por uma:
• Disposição. Ela não foi se arrastando. Fez tudo rapidamente, e até
foi e voltou do poço correndo. Serviço lento ou conveniente não é
170 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

serviço verdadeiro. Você já notou pessoas servindo de forma tão


apática e com uma atitude de “Estou cansado de todo esse trabalho”?
Essa não é a atitude de Rebeca nem de nenhum verdadeiro servo.
Servos de verdade têm disposição e energia evidentes em suas ações.
• Milha Extra. Servos são excelentes. Rebeca foi muito além do que lhe
foi pedido. Já que a maioria de nós não tem camelos nem moramos
num deserto do Oriente Médio, não identificaríamos esse fator que
torna o serviço de Rebeca ainda mais esplêndido. Após uma longa
viagem, um típico camelo sedento é capaz de beber de 100 a 200 litros
de água. O servo de Abraão tinha dez camelos! Façamos as contas: Se
cada camelo bebeu 100 litros, então Rebeca teve que carregar 1.000
litros de água do poço! Se cada cântaro contivesse 20 litros, então ela
teve que fazer cinco viagens de ida e volta ao poço para cada camelo.
O que é ainda mais incrível é que havia dois tipos de poços naquela
época. Um permitia que uma corda fosse amarrada ao cântaro e descesse
da superfície até o nível da água no poço. O outro exigia que a pessoa
descesse de vinte a trinta degraus até o nível da água. Sabemos qual tipo
de poço Rebeca estava usando? Com certeza — o segundo, pois depois,
quando o servo relatou as ações de Rebeca para a família dela, ele disse:
“Rebeca... desceu até o poço e tirou água” (v. 45). Ela não só fez cinquenta
viagens com vinte litros de água nos ombros, mas o fez tendo que passar
por todos aqueles degraus em cada viagem. E lembre-se: ela se voluntariou
para fazer isso sem ninguém pedir! E é o que nos leva ao próximo ponto.
• Responsivo. Um verdadeiro servo não espera que lhe peçam
para agir quando uma necessidade é evidente; ele ou ela se move
imediatamente. Em todos os meus anos de experiência, tornou-se
bem evidente que quando as pessoas continuamente esperam por
ordens, elas não multiplicam. Aqueles que são sempre os primeiros a
entrar em ação são os que crescem.
• Comprometimento. Apesar de a tarefa ser difícil, Rebeca foi diligente
no serviço. Ao longo dos anos, eu observei um padrão: quanto mais
O CATALISADOR 171

difícil a tarefa, mais rapidamente as boas atitudes desaparecem — é


a natureza humana. Porém, nós temos a natureza de Jesus Cristo. Ele
nunca desistiu, mesmo quando passou por dificuldade inimaginável.
Viva a partir da natureza de Jesus e inspirado por Rebeca!
• Completude. Rebeca não parou até que o trabalho estivesse concluído.
Ela não era daquelas que desistem. Fazer noventa e nove por cento de
uma tarefa não é terminá-la. Lembremo-nos de quando o Rei Saul
fez isso na batalha contra os amalequitas: Quando matou dezenas de
milhares de pessoas, mas poupou uma, Deus não recompensou seus
esforços (ver 1 Samuel 15). Rebeca fez tudo e não sabia que ganharia
uma recompensa por seu trabalho. Este é o verdadeiro sinal da servidão:
Servos não trabalham pela recompensa, mas veem o ato de serviço
como sua própria recompensa. Amam a alegria, o sentimento de
satisfação, e o contentamento que o serviço traz. Se há uma recompensa,
é apenas uma bênção extra, não a motivação. A recompensa de Rebeca
foi grandiosa. Ela não fazia ideia de que os dez camelos carregavam
tesouros e presentes para ela, e que iria se casar com um homem de
Deus. Porém, nada disso era o prêmio mais significativo: a recompensa
duradoura foi que ela entrou na promessa de Deus para Abraão. Ela
seria a mãe de muitas nações. Todas as nações seriam abençoadas
através dela. Rebeca multiplicou significativamente.

OUTROS EXEMPLOS
Há muitos outros exemplos bíblicos de multiplicação eterna resultantes
de um coração de servo. Aqui vão mais alguns para que você investigue em
detalhes durante o seu tempo de estudo pessoal.

RUTE
Similar à história de Rebeca, a moabita Rute foi encorajada três vezes
por sua sogra, Noemi, a voltar para sua terra natal. Porém, Rute recusou
dizendo:
172 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Não insistas comigo que te deixe e que não mais te acompanhe. Aonde
fores irei, onde ficares ficarei! O teu povo será o meu povo e o teu Deus
será o meu Deus! (Rute 1:16)

Rute, assim como Rebeca, estava disposta a caminhar a milha extra,


trabalhar duro, e manter seu compromisso, mesmo quando o percurso
ficou difícil. A estrada de Rute provavelmente foi mais difícil do que a de
Rebeca. Como ela era moabita, estava mais sujeita a ser perseguida pelos
cidadãos da cidade devido à sua raça e à sua terra de origem. No entanto,
ela suportou toda dificuldade a fim de servir fielmente à sogra.
Qual foi o resultado? Ela se tornou predecessora de muitas pessoas
notáveis como o Rei Davi, o Rei Salomão, e todos os reis de Judá. E, o mais
importante, ela está na linhagem de Jesus. Ela também entrou na aliança da
multiplicação eterna prometida a Abraão.

ELISEU
Eliseu decidiu ficar com Elias e servi-lo, mesmo quando Elias
o encorajou a partir três vezes. Mesmo quando os outros profetas,
mais de uma vez, zombaram dizendo que ele estava perdendo tempo
servindo Elias, Eliseu permaneceu. A análise dos outros parecia lógica:
Eles haviam se tornado profetas em tempo integral, ganhando status e
experiência. Qual seria a sorte de Eliseu quando Elias fosse embora?
Ele teria gastado seus anos servindo Elias sem nenhuma oportunidade
de construir seu próprio ministério? Essa era a lógica dos outros
profetas, mas Eliseu não deu ouvidos. Ao contrário, toda vez lhes disse
firmemente que se calassem (ver 2 Reis 1). Ele não iria se distrair de
servir e completar sua missão.
A conduta de Eliseu foi parecida com a de Rebeca e Rute. Qual foi o
resultado? Ele acabou fazendo o dobro de milagres que Elias e pôde fazer
o que Elias não havia conseguido: colocar um fim da dinastia de Jezabel.
Ele multiplicou!
O CATALISADOR 173

GEAZI
Geazi teve a chance de multiplicar o trabalho de Eliseu, mas não tinha
um coração de servo. Ele buscava seus próprios interesses e era cobiçoso,
então não multiplicou de forma eficaz.
No Novo Testamento, vemos homens que serviam as mesas das
viúvas. Eles levavam a responsabilidade bem a sério. Mãos eram
impostas sobre eles para garantir que a tarefa fosse bem executada.
O resultado era impressionante, pois no livro de Atos, lemos uma
declaração surpreendente:
E crescia a Palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o
número dos discípulos. (Atos 6:7, ARC)

O que é tão surpreendente? Diga essas palavras em voz alta: “se


multiplicava muito”. Pense nisso! Essas palavras não foram usadas após
a clássica mensagem de Pedro que gerou três mil novos crentes do Dia
de Pentecostes. Não, a palavra acrescentados é usada (ver Atos 2:41). Na
descrição das conversões diárias, vemos novamente a palavra acrescentados
(ver Atos 2:47). É o mesmo para os cinco mil que entregaram a vida a Jesus
um pouco depois (ver Atos 4:4).
O verbo multiplicar não é usado antes do sexto capítulo de Atos, quando
toda a igreja se tornou ativa na expansão do Reino.
Hoje, a multiplicação acontece quando pessoas como Stan, Mike, Phil,
Riley e Dave assumem suas posições de serviço e usam seus dons. É aí que
ouvimos sobre grande multiplicação.

O ELEMENTO CRÍTICO
Agora você entende o elemento crítico para a multiplicação? Pense
mais uma vez em nossos amigos Riley e Dave à luz do que vimos na
Bíblia. Este único casal, que tem implementado estratégias inspiradas
e servido com excelência, já impactaram milhares de pessoas. Eles se
tornaram grandes de acordo com as palavras de Jesus. O mesmo vale
174 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

para Stan, Mike, Phil e Dana. Todos eles carregam a característica de


serem verdadeiros servos.
Entretanto, por favor preste atenção nessas palavras importantes: Você
pode multiplicar de forma egoísta, mas o seu impacto não será eterno. Há
pessoas que estão multiplicando, mas um dia verão todos seus esforços
serem queimados, pois são motivadas por ganho pessoal. Isso é ilustrado na
parábola que Jesus contou sobre o homem que construiu armazenamentos
maiores. O homem presunçosamente parabenizou-se dizendo: “Fique
tranquilo, beba, e seja feliz, pois eu cheguei e agora possuo tudo que preciso
e mais.” Porém, essa história não terminou bem, pois todas as conquistas
desse homem desapareceram num instante.
A mensagem central deste livro não tem o objetivo de lhe dar a fé
para multiplicar com o propósito de colher tesouros para si mesmo,
mas encorajar você a dar a sua vida em serviço a outros. Jesus declara
que, quando fazemos isso, todas as coisas que os descrentes buscam
simplesmente serão acrescentadas a nós (ver Mateus 6:33). Eu sei disso
por experiência própria.
Voltemos à minha história sobre a primeira igreja que Lisa e eu
frequentamos juntos. Como resultado de estar naquele ambiente tóxico
por seis anos, por bastante tempo tive atitudes não saudáveis sobre
multiplicação. Logo depois de termos saído, um dos muitos encontros
transformadores e libertadores com o Espírito Santo ocorreu numa manhã
enquanto eu dirigia meu carro. Ele disse: “Filho, não me busque pelas
bênçãos. Permita que Eu as dê a você.”
Imediatamente pensei em Mateus 6:33: “Busquem, pois, em primeiro
lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão
acrescentadas.” As palavras do Espírito trouxeram a perspectiva correta e
me ajudaram a erradicar os resquícios de tendências egoístas.
Sou tão grato a Ele. Sei como é ser egoísta e cobiçoso — a infelicidade,
o estresse, a distância da presença de Deus. Ter aprendido sobre o agir e o
O CATALISADOR 175

coração de Deus — buscar primeiro o Reino — trouxe-me muita alegria,


paz, e a Presença Dele ao meu dia a dia!
Agora chegamos ao ponto em que devemos perguntar: Como multiplicar
quando não somos os líderes do nosso próprio trabalho, mas servimos na
equipe de outra pessoa? Iremos responder no próximo capítulo, e ao fazê-
lo, veremos os grandes benefícios.

REFLETINDO
1. Jesus identifica o serviço como o caminho para a verdadeira
grandeza. Como Jesus demonstrou o serviço? Quais foram os
resultados de Seu serviço? Como o caminho de Deus para a
grandeza difere do caminho do mundo?

2. Lembre-se da história de Rebeca. Quais foram as características


marcantes na maneira como ela serviu?

3. Você pode multiplicar de forma egoísta, mas o seu impacto não


será eterno. Qual a diferença entre servir para ganhar e servir
para dar? Por que é importante servir de forma altruísta?
Portanto, suplico-lhe que sejam meus
imitadores...

— 1 Coríntios 4:16-17
11

SEJAM MEUS
IMITADORES

A
ntes de começarmos a falar sobre o que impede a multiplicação
e o que a gera, temos mais uma área importante para discutir.
Como multiplicamos quando somos funcionários ou
voluntários de outra pessoa? Para muitos de nós, na maioria das vezes, é
exatamente o caso.
A fim de discutir sobre isso, irei focar na área específica do ministério,
mas esses princípios se aplicam a qualquer cargo que você possa ter no
mundo corporativo, nos negócios, na educação, na saúde, no governo, na
mídia, nos esportes, nas artes e em qualquer outro lugar no mundo de hoje.
Paulo declara: “O que se requer destes encarregados é que sejam fiéis”
(1 Coríntios 4:2). Como já estabelecemos a partir das Escrituras, uma das
principais características de ser fiel é multiplicar. Alguns versículos depois
em sua carta, Paulo apresenta um componente-chave para multiplicação
em massa. Ele escreve:
Embora possam ter dez mil tutores em Cristo, vocês não têm muitos
pais, pois em Cristo Jesus eu mesmo os gerei por meio do evangelho.
(1 Coríntios 4:15)

Paulo é um pai para a igreja de Corinto. Como está evidente neste


versículo, um pai é certamente alguém que leva outro à fé. No entanto, um
178 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

pai pode ser definido de outras formas. Na Bíblia, não vemos muitas vezes
um pai ser definido como alguém envolvido especificamente na conversão
de alguém.
Esse mesmo Paulo, ao falar para a igreja dos Gálatas, faz a seguinte
declaração: “E, na minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha
idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (Gálatas
1:14, ARC). Paulo não está se referindo a uma só pessoa já que usa a palavra
pais. Isso também confirma a declaração “vocês não têm muitos pais”. A
palavra muitos é definida no grego como “muito número”. Isso mostra que
podemos ter mais de um pai na vida.
Paulo frequentemente se refere a Timóteo como seu “filho”. Porém, ele
não levou Timóteo à salvação, pois lemos que Paulo foi “a Listra, onde
vivia um discípulo chamado Timóteo. Sua mãe era uma judia convertida
e seu pai era grego. Os irmãos de Listra e Icônio davam bom testemunho
dele” (Atos 16:1-2). Fica claro que Timóteo já era crente quando Paulo
o conheceu.
Se olharmos no Antigo Testamento, Davi se refere a seu severo líder
como “meu pai” (ver 1 Samuel 24:11), e Eliseu se refere a seu líder como
“meu pai” (2 Reis 2:12). Elias diz que não é melhor do que seus “pais” (ver
1 Reis 19:4, ARC), e a longa lista continua.
Por causa do tema deste livro, meu objetivo não é discursar sobre o que
é um pai, mas mostrar quem um pai pode representar. Um pai é alguém que
traz liderança, alimento e cultura para um indivíduo ou uma organização.
Para os propósitos da nossa discussão, um pai pode assumir uma variedade
de posições: o dono da empresa para a qual você trabalha, o líder do seu
departamento, o seu pastor, o seu treinador, o médico a quem você serve
— e essa é só uma pequena lista. É claro, você provavelmente já concluiu
que um “pai” nessas situações pode facilmente ser uma mulher. Portanto,
ao fazer essa referência a “pais” também estou incluindo mulheres que se
encaixam nesse papel.
SEJAM MEUS IMITADORES 179

DIFERENTES OPERAÇÕES

Paulo, como pai da igreja de Corinto, instrui no versículo seguinte:


“Portanto, suplico-lhes que sejam meus imitadores” (1 Coríntios 4:16).

Paulo não diz “Imitem-me assim como eu imito Cristo.” (Ele diz isso
no capítulo onze.) Porém, aqui a instrução é simplesmente “sejam meus
imitadores”. Há uma boa razão para isso e é revelada na próxima declaração:
Por essa razão estou lhes enviando Timóteo, meu filho amado e fiel
no Senhor, o qual lhes trará à lembrança a minha maneira de viver em
Cristo Jesus, de acordo com o que eu ensino por toda parte, em todas
as igrejas. (1 Coríntios 4:17)

Suas palavras iniciais, “Por essa razão” são significativas. Paulo acabou
de pedir a seus leitores que o imitassem. E, para garantir de que não havia
nenhuma desconexão em visão, métodos, cultura e convicções, ele estava
enviando seu filho fiel. Qual é o indicador de um filho fiel? Um filho ou uma
filha fiel irá multiplicar a maneira de viver de seu pai! Abordarei este assunto
com mais detalhes em breve, mas consideremos isto primeiro: Paulo não
escreve para a igreja de Corinto dizendo que Timóteo “trará à lembrança a
maneira de Pedro viver em Cristo”. Pedro era um líder autêntico na igreja?
Com certeza. Era um líder ungido e de Deus? Sim. Ele tem dois livros na
Bíblia! Pedro era apóstolo há mais tempo que Paulo? Novamente, sim.
Além disso, Paulo não escreve que Timóteo “trará à lembrança a maneira
de Tiago viver em Cristo”. Assim como Pedro, Tiago era um pai genuíno
na igreja, havia sido um apóstolo por mais tempo que Paulo, e era um líder
confiável. Ele também tem um livro na Bíblia e serviu como supervisor
chefe da igreja em Jerusalém.
Tanto Pedro como Tiago operavam de forma diferente de Paulo? Sim.
Então a maneira de viver de Paulo e suas escritas invalidam Pedro e Tiago?
Claro que não! Porém, a maneira deles não se encaixava na igreja de
Corinto, onde Paulo era o líder espiritual.
180 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Paulo estava em meio ao processo de estabelecer sua cultura na igreja


de Corinto. Seus métodos eram diferentes dos outros “pais”, mas todos
eram fiéis às crenças fundamentais e aos ensinamentos de Cristo. Ainda
assim, cada um deles tinha métodos, maneiras e convicções diferentes que
adotavam a fim de cumprir a tarefa de fazer discípulos de todas as nações.
Isso destaca uma verdade com a qual muitos crentes não têm
familiaridade: uma falta de consciência que muitas vezes é a fonte de
divisões prejudiciais dentre o corpo de Cristo. Aqui está a verdade: Existem
diferentes atuações na igreja. Em outras palavras, há formas diferentes de
cumprir o mesmo objetivo de avançar o Reino.
Paulo instrui a igreja de Corinto:
Há diferentes variedades de atuações [de trabalhar para alcançar
coisas], mas é o mesmo Deus que inspira e energiza todas eles em
todos nós. (1 Coríntios 12:6, tradução livre da AMPC em inglês)

Trabalhando no ministério em tempo integral por trinta anos, tenho


testemunhado de primeira mão a variedade de cultura, métodos, e
convicções na igreja global. Porém, posso sentir a presença de Jesus em
cada atmosfera.
Paulo frequentemente usa termos militares para instruir a igreja. E não é
apenas figura de linguagem; nós realmente somos membros do exército de
Deus na terra. Eu irei seguir o exemplo de Paulo para ilustrar as diferentes
atuações de ministérios. As Forças Armadas dos Estados Unidos consistem
em diversos braços. Temos o Exército, a Marinha, a Aeronáutica, o Corpo
de Fuzileiros Navais, a Guarda Costeira e a Força Espacial. Esses braços
têm diferentes procedimentos e métodos para alcançar seus objetivos e
responsabilidades. No entanto, estão do mesmo lado no que diz respeito a
proteger e servir a nossa nação.
Um cadete da Força Aérea será especificamente treinado como um
membro ativo da Força Aérea americana. Grande parte da ênfase dos
ensinamentos será relacionada a operações táticas aéreas, pois seu braço de
SEJAM MEUS IMITADORES 181

serviço opera principalmente nos ares. Se esse cadete acabasse indo para
a Marinha, seria exigido um novo treinamento. É claro, há várias técnicas
fundamentais comuns a ambos braços. No entanto, já que a Marinha opera
principalmente no mar, esse antigo membro da Força Aérea teria que
aprender muitas manobras e estratégias militares novas.
Algo parecido acontece no Reino de Deus. Irei apresentar uma
ilustração hipotética. Digamos que os nomes dos seus pastores sejam Joe e
Terri Anderson. Eles e sua equipe, pela graça de Deus, cresceram a igreja
para 1.800 membros e, ao fazer isso, estabeleceram maneiras — métodos
e culturas — que são singulares ao estilo de liderança deles. Os frutos da
sua igreja têm afetado a sua comunidade de forma extraordinária. Possui
reconhecimento local, mas esse é o mais longe que chegou.
Agora, em outra localidade, digamos que há uma igreja muito popular
que tem dezenas de milhares de membros com reconhecimento global. Os
nomes dos pastores são Kevin e Marissa Smith. Eles estão estabelecendo
tendências e liderando com novas táticas de ministério que estão
influenciando muito mais pessoas do que os seus pastores. As maneiras de
quem você irá seguir, dos Smiths ou dos seus pastores, os Andersons?
Talvez você fique tentado a seguir as maneiras dos líderes globais
populares e tente convencer os seus líderes a adotar os métodos deles. Se
você ceder a essa tentação, eu diria que você não estará sendo um servo fiel
de Jesus Cristo, mas, ao contrário, está alimentando desunião, divisão ou
até dissensão. Você, assim como os coríntios, deve buscar conhecer e seguir
os métodos e a cultura dos seus líderes pelo bem da unidade. A realidade é
que os Smiths não são os seus líderes. Os Andersons sim.
Durante os meus anos de viagem global, observando o corpo de Cristo
mais sob o ponto de vista do olho de um pássaro, já testemunhei frequentes
tragédias resultantes da inconsciência dessa verdade fundamental. Já
observei aqueles que foram para seminários ou cursos de liderança que
têm uma cultura diferente da igreja em que cresceram. Muitas vezes, essas
escolas são conectadas a uma grande igreja, que estabelece a cultura total.
182 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Os alunos vivenciam as operações da igreja tanto na escola como nos cultos


de final de semana.
Após a formatura, os alunos voltam para casa cheios de paixão e iniciam
esforços para mudar a cultura e os métodos de sua igreja local. Apesar de eles
talvez estarem corretos ao acreditar que as maneiras que aprenderam são
mais relevantes e eficazes, se forem persistentes demais, podem facilmente se
tornar um impedimento para a unidade geral da missão de sua igreja local.
Se os métodos sugeridos pelos ex-alunos forem recusados pela
instituição, seria melhor para todos que os alunos orassem e perguntassem
a Deus se devem ir para outra igreja ou se submeter de todo coração à
cultura e aos métodos de seu líder.
Se escolherem seguir em frente, devem fazê-lo de forma que não ofenda
sua antiga igreja. Na verdade, geralmente é melhor que se mudem da região.
Deus pode sempre trazer outro líder para uma nova área para começar do zero
e evitar atrair pessoas da antiga igreja devido a relacionamentos já existentes.

FILHO FIEL
Agora, abordemos o fato de que o apóstolo Paulo chama Timóteo de
“filho fiel”. Como já vimos, um filho fiel irá buscar multiplicar a forma de
seu pai fazer as coisas. Você provavelmente tem dons que seu líder não
tem; a pergunta se torna: Você está multiplicando seu dom alinhado com
o coração dele? A motivação em que se baseia a sua multiplicação coincide
com as convicções e a cultura dele? Ou você está lutando para estabelecer a
sua própria maneira que é contrária ao coração dele?
Como isso acontece na prática? De duas formas: primeiro, buscando
usar os seus dons a fim de replicar um resultado do seu líder se ele
estivesse na sua posição com os seus dons. Isso não significa que você deva
comprometer a sua missão específica e se tornar um clone do seu líder. O
que quero dizer é o seguinte: Suponha que você seja um líder de jovens.
Você não irá alcançar os jovens da sua comunidade clonando o culto de
domingo do seu pastor.
SEJAM MEUS IMITADORES 183

É sábio adaptar o seu culto de forma que alcance jovens, mas ao mesmo
tempo fazer isso com o coração do seu pai. Isso só pode ser alcançado
através de comunicação com ele. Deveria haver discussões abertas das suas
estratégias e seus métodos. Quando ouvir as respostas dele, você deveria
prestar atenção em como o coração dele se encaixa nos seus parâmetros.
A fim de fazer isso efetivamente, deve haver uma conversa aberta e
sincera. Se você está implementando algo que espera que ele não perceba
nem fique sabendo, você já sabe que está seguindo pelo caminho errado.
Se tiver dúvidas, leve-as a ele; seja específico para que ele possa ouvir
exatamente quais são as suas preocupações. Talvez seja sábio pedir que ele
assista a um dos seus cultos. Se ele não se sentir confortável com o seu
método, diga-lhe o “porquê” por trás deles. Se ainda assim ele não gostar,
então busque imediatamente um plano com qual ambos concordem.
A segunda forma como isso pode acontecer é reproduzindo a si mesmo.
Suponhamos que você lidera o maior grupo de jovens da cidade. Isso é ótimo;
Deus está abençoando os seus métodos, e o dom Dele sobre a sua vida está
atraindo pessoas. Porém, você está encontrando outras pessoas com dons
similares e transmitindo a sabedoria e as estratégias que aprendeu? Você está
levantando possíveis pastores de jovens? Fazendo isso, se o seu “pai” disser
que irá iniciar uma nova igreja em outra parte da cidade, você já tem pessoas
treinadas e prontas para ir. Creio que uma das razões que muitas igrejas não
conseguem iniciar outras unidades em outros bairros ou plantar igrejas em
outras regiões é porque os líderes abaixo do pastor não estão se reproduzindo.
Você pode ser o melhor engenheiro de som, editor de vídeo, pastor
de crianças, líder de louvor, guitarrista, comunicador, recepcionista, ou
algum dos vários papéis dentro da igreja, mas isso por si só não define
o verdadeiro sucesso do Reino. A verdadeira significância está em se
reproduzir. Pergunte a si mesmo: Estou orando ou buscando por outros com
dons parecidos com os meus? Uma vez que já os tenha encontrado, você
tem ensinado-os, treinado-os e desenvolvido os dons deles à medida que
transmite o coração do Pai para eles?
184 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Essas são as duas formas de sermos fiéis quando servimos à visão de


outra pessoa. Devemos lembrar que Jesus declara enfaticamente: “Se você
não tem sido fiel com o que é de outro homem, quem lhe dará o que é seu?”
(Lucas 16:12, tradução livre da NKJV em inglês).
Vamos repetir as palavras de Jesus usando Sua própria definição de
fidelidade: “Se você não tem sido fiel com o que é de outro homem, quem
lhe dará o que é seu?” Ou, “Se você não tem multiplicado as estratégias,
a cultura, a força, a visão, os recursos e, acima de tudo, o coração do seu
líder, quem lhe dará o que é seu?” Vamos dizer isso ainda de outra forma:
“Se você não tem dado toda a sua força e energia e todo o seu intelecto e
coração para expandir a sua área de responsabilidade, quem lhe dará o seu
próprio ministério?” Isso é muito sério quando dito dessas formas.
Nas minhas viagens, as pessoas bem-sucedidas que conheço foram
originalmente fiéis ao que pertencia a outra pessoa. Muitas vezes, pergunto
como começaram. Nunca encontrei alguém que tem sucesso verdadeiro
agora que não tenha sido primeiro fiel ao que pertencia a seu(s) pai(s).

MINHA MAIOR DIFICULDADE


Quando era jovem no ministério, minha maior dificuldade era uma
insegurança oculta que levava a querer ser conhecido e importante. Eu
tinha que provar para os outros, e principalmente a mim mesmo, que eu
era um líder com ideias originais. Desde então, soube que muitos futuros
líderes lutam com essa mesma insegurança, e se não lidarmos com ela no
nível do coração, pode acabar nos levando à queda.
Eu era o pastor de jovens numa grande cidade em uma das igrejas
que mais cresciam no país, e nossa equipe havia pensado numa forma de
alcançar cada estudante do ensino médio da cidade. Era um plano muito
bom e original. O futuro do nosso grupo giraria inteiramente ao redor
dessa iniciativa, para a qual eu e meus assistentes havíamos passado oito
meses desenvolvendo uma estratégia. Eu havia compartilhado a visão com
o nosso grupo de jovens e eles a abraçaram.
SEJAM MEUS IMITADORES 185

No entanto, na véspera do lançamento do plano, descobri que era


contrário ao coração do meu pastor. Ele pediu que não executássemos
a programação. Discuti com ele por aproximadamente vinte minutos,
mas ele não voltou atrás. Eu não conseguia mais pensar no que dizer,
então por fim calei minha boca — mas eu estava furioso. Oito meses
de trabalho jogados pelo ralo, um grande plano cancelado, mas o pior
de tudo era que toda a nossa visão estava construída sobre aquela
programação. Tivemos que começar do zero completamente. Como
iríamos contar para nossos 24 líderes e o grupo de jovens inteiro? Eles
haviam trabalhado tão duro.
Devastado, fui até Lisa para buscar consolo. Depois de despejar todas as
minhas frustrações, ela disse docemente: “Bem, John, parece que Deus está
tentando lhe ensinar algo.” Agora eu estava com raiva do meu pastor e da
minha esposa!
Comecei a me afastar de Lisa já que, a meu ver, ela não estava me
apoiando. Eu achava que aquele era o melhor plano que existia para
alcançar tantos jovens perdidos do ensino médio. Meu pastor e minha
esposa devem estar totalmente cegos. Pelo menos, era o que eu pensava! Eu
me senti sozinho e frustrado e definitivamente inconsolável. Cheguei a um
ponto em que pensei que fosse um pesadelo do qual eu logo acordaria e
tudo estaria normal novamente. Isso realmente estava acontecendo?
Naquele momento, Deus falou claramente ao meu coração. Ele disse:
“Filho, quando Eu o julgar pelo seu tempo como pastor de jovens, não
julgarei primeiro quantas pessoas você ganhou para Mim. Primeiramente,
julgarei o quão fiel você foi ao homem que coloquei acima de você.
Essas palavras me tocaram, mas não tanto como o que Ele falou em
seguida. Ouvi firmemente em meu coração: “Você pode ganhar cada
estudante do ensino médio da cidade inteira para Mim e perder todo o
crédito e a recompensa pelo seu trabalho porque foi infiel ao seu pastor.”
De repente, comecei a tremer de temor santo. Arrependi-me
imediatamente, pedi perdão, liguei para o meu pastor e pedi perdão a ele
186 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

também. Depois que desliguei e pensei do que havia acabado de acontecer,


o Senhor de repente me deu uma visão. Eu me vi lamentando numa
reunião com meus 24 líderes. Era um clima pesado e triste, e com desgosto
em minha voz eu anunciava: “Pessoal, vocês sabem que trabalhamos nisso
durante meses; é a visão do nosso grupo de jovens, mas nosso pastor sênior
simplesmente barrou a programação. Tudo pelo qual trabalhamos não
significa mais nada.”
Eu vi a cabeça deles abaixando de tristeza, e outros com olhos arregalados
e boquiabertos sem acreditar. Estavam todos chocados e chateados. Eu
sabia naquela visão que todos estavam com raiva do nosso pastor e vi todos
nós como vítimas da falta de criatividade dele.
Deus me perguntou se era aquilo que eu planejava fazer. Eu respondi:
“Não, Senhor! Não, Senhor! Não, Senhor!” Eu sabia que Ele estava
confrontando minha atitude e a postura do meu coração. Essa visão que
Ele me deu me mostrou que eu ainda não tinha o coração do meu pai.
Imediatamente me arrependi num nível mais profundo.
Lembro-me de alguns dias depois estar caminhando para a reunião
com meus líderes. Agora que eu tinha um temor santo queimando no meu
coração, meus passos estavam firmes, meus olhos brilhavam e minha voz
estava alegre. Disse com grande entusiasmo: “Pessoal, tenho uma grande
notícia! Nosso pastor nos poupou de dar à luz um Ismael. Ele disse que o
que estamos planejando não é a direção que deseja que a igreja siga, então
estamos cancelando a programação!”
Todos eles reagiram imediatamente com alegria. Alguns sorriram,
outros apertaram as mãos uns dos outros, e o restante deram um grito de
aprovação. Cada um deles capturou meu coração, pois eu finalmente havia
capturado o coração do meu pastor.
Um ano depois, fui testado novamente com outro projeto significativo
no qual estava trabalhando por alguns meses. Dessa vez, meu pastor estava
ciente e havia concordado com a nossa direção. No entanto, ele mudou de
ideia três meses após o início do projeto. Mais uma vez, foi uma mudança
SEJAM MEUS IMITADORES 187

trágica de percurso, e ele pediu desculpas. Eu lidei com aquilo com uma
atitude totalmente diferente. Cancelei, não discuti, não pressionei, nem
discordei. Lembro-me claramente da diferença que senti; a satisfação de
conseguir concordar quando, na realidade, eu teria seguido o plano original
se fosse escolha minha.
Mais uma vez, apresentei o cancelamento do nosso projeto para nossos
líderes, como se tivesse sido minha própria ideia. Deus abençoou nosso
grupo de jovens. Triplicamos de tamanho durante os dois anos em que
fiquei naquela posição.
Estou convencido de que eu não estaria onde estou hoje se não tivesse
sido aprovado naqueles testes. Posso lhe dizer o que teria acontecido,
pois o Espírito Santo me mostrou. Eu eventualmente teria cancelado a
programação porque não teria escolha. Teria feito isso com uma atitude
que teria afetado e contaminado meus líderes. Eu teria acabado saindo da
igreja e, por causa dos dons na minha vida, teria impactado um pequeno
número de pessoas. Mas nunca teria tido o ministério que tenho hoje,
ministrando e escrevendo para milhões de pessoas em todo o mundo. Por
quê? Porque não teria sido fiel ao que era de outro, e então Deus não teria
me confiado uma missão.
Não foi fácil aprender isso. Como eu era um líder com personalidade
tipo A, minha tendência teria sido lutar pelo que eu achava ser melhor.
Porém, aprendi que Deus estava mais preocupado com o meu caráter do
que com os meus resultados. Ele queria estabelecer uma fundação firme
antes de confiar a mim e à Lisa nossa missão.
Meu querido amigo, você também é um líder. Se andarmos no caminho
de Deus, Ele promete oportunidades de liderança a todos os seus filhos.
Nós somos “a cabeça e não a cauda”, estamos “por cima e não por baixo”
(ver Deuteronômio 28:13). Por favor não resista ao aguilhão, como eu
fiz. Aprenda comigo, para que você também possa avançar o Reino com
responsabilidade.
188 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

A IMPORTÂNCIA DA UNIDADE
Uma organização deve estar unida para poder multiplicar. Umas das
porções mais esclarecedoras das Escrituras está no livro de Gênesis. Um
grupo de pessoas incrédulas sugeriram fazer algo que era quase inalcançável
para o povo daquela época: construir uma torre até o céu. Porém, veja o
que o Deus Todo-Poderoso diz:
Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que
começam a fazer; e, agora, não haverá restrição para tudo o que eles
intentarem fazer. (Gênesis 11:6, ARC)
Lembre-se de quem está fazendo o discurso aqui: o próprio Deus. Veja
Suas palavras: “Não haverá restrições para tudo que eles intentarem fazer”.
Por que Deus disse isso? Porque eles eram “um” e tinha “uma” língua.
Estavam unificados. Caminhavam juntos em concordância.
Se Deus fala isso a respeito de pessoas não salvas, o que diz sobre pessoas
que têm aliança com Ele? É ainda melhor, pois quando Seu povo se une, “ali
o Senhor ordena a bênção” (Salmos 133:3, ARC). A palavra ordena significa
“dar ordem, direcionar, designar”.13 Não há negociação; a unidade sempre
atrai bênção, o que inclui multiplicação.
Isso se aplica muito mais para Seus filhos do Novo Testamento! Não é
surpresa que vejamos repetidamente frases como:
Façam-me feliz de verdade ao concordarem de todo coração uns com
os outros, amando-se mutuamente e trabalhando juntos com uma só
mente e um propósito. (Filipenses 2:2, tradução livre do inglês)
Procurem aperfeiçoar-se, exortem-se mutuamente, tenham um só
pensamento, vivam em paz. E o Deus de amor e paz estará com vocês.
(2 Coríntios 13:11)
Exerçam a sua cidadania de maneira digna do evangelho de Cristo,
para que assim, quer eu vá e os veja, quer apenas ouça a seu respeito
em minha ausência, fique eu sabendo que vocês permanecem firmes
num só espírito, lutando unânimes pela fé evangélica. (Filipenses 1:27)
SEJAM MEUS IMITADORES 189

Estamos lendo as súplicas do pai dessas igrejas. Paulo está usando frases
como “concordar de todo o coração”, “um só pensamento” e “um só espírito”.
Ele quer posicionar essas igrejas a estarem aptas a receber a ordem da benção de
Deus. Ele sabe que é somente assim que irão multiplicar em todos os aspectos.
Aqui está um excelente exemplo da ordem de bênção reservada para
aqueles que estão unidos: Os fiéis seguidores de Jesus obedeceram a Sua
ordem de permanecer no cenáculo (ver Atos 1:4). Durantes os quarenta dias
após Sua ressurreição, Jesus apareceu a pelo menos 500 homens e mulheres
(ver 1 Coríntios 15:6); porém, dez dias após Sua ascensão, apenas 120
permaneceram em Jerusalém. Onde estavam os outros? Concluo que mais de
75 por cento deles não ouviram as palavras de Jesus. Talvez não saibamos onde
eles estavam, mas sabemos que o desejo de Jesus não era a prioridade deles.
Os homens e mulheres no cenáculo estavam unidos sob a autoridade da
Palavra de Deus. A pergunta então se tornou: Como eles iriam responder
a Pedro, autoridade delegada por Jesus, o pai que Jesus havia colocado a
cargo da igreja?
Nos evangelhos, Pedro era frequentemente impulsivo e fora de sintonia
com a vontade de Deus. Quando ele declarou corajosamente que Jesus
era o Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus declarou a benção sobre Pedro.
Porém, dentro de instantes, Jesus virou-se e disse a Pedro: “Para trás de
mim, Satanás! Você é uma pedra de tropeço para mim, e não pensa nas
coisas de Deus, mas nas dos homens” (Mateus 16:23).
Em outra ocasião, Pedro andou sobre as águas enquanto os outros
discípulos só observavam. Ele estava sendo o pioneiro mais uma vez.
Porém, alguns momentos depois, começou a afundar. Jesus lamentou
dizendo: “Homem de pequena fé, por que você duvidou?” (Mateus 14:31)
Ainda em outro incidente, Pedro, juntamente com Tiago e João, foi
acompanhado por Jesus ao monte da transfiguração. Ali eles testemunharam
Seu rosto brilhar como o sol e até Suas vestes serem transformadas. Moisés
e Elias apareceram e conversaram com Jesus. Que honra! No entanto, antes
de Jesus e os três discípulos descerem do monte, Pedro soltou a sugestão
190 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

de que eles deveriam construir tabernáculos: dois deles para Elias e Moisés
(ver Mateus 17). Mais uma vez, ele estava fora de sintonia com os planos e
os propósitos de Deus.
Com isto em mente, examinemos uma das primeiras decisões de Pedro
como líder da igreja inaugural. Porém, antes, temos que nos lembrar de outro
fato importante: Naquele momento, havia passado apenas alguns dias desde
que Pedro havia negado que conhecia Jesus. Isso normalmente teria dado a
muitos homens e mulheres permissão para não dar atenção à liderança de
Pedro, principalmente se discordassem de suas direções e decisões.
Então apresentemos o cenário. Alguns dias haviam passado desde a
ascensão de Jesus, e Pedro encontrou uma palavra profética no livro de
Salmos que se relacionava diretamente aos eventos da traição de Judas.
Pedro leu para a pequena congregação no cenáculo: “Está escrito no Livro
de Salmos: ‘...Que outro ocupe o seu lugar’” (Atos 1:20). Mais uma vez, Pedro
viu o que outros não viram, mas será que lidaria com isso corretamente?
O que você está prestes a ler pode certamente ser visto como especulativo,
mas espero poder oferecer base bíblica o suficiente para tornar meu ponto
válido. Creio que, mais uma vez, Pedro estava fora de sintonia com Deus
em sua tomada de decisão, pois sugeriu que reunissem os homens que
estavam com eles desde o início para que pudessem “tirar a sorte” a fim de
ver quem Deus escolheria para ocupar o lugar de Judas.
Em nenhum outro lugar do Novo Testamento você verá Deus escolhendo
um apóstolo através de um sistema de loteria! Jesus mostrou àqueles
homens o agir de Deus ao deixar um exemplo: Ele orou a noite toda e ouviu
de Deus antes de escolher os doze apóstolos originais (ver Lucas 6:12-13).
Teria sido melhor se Pedro tivesse tentado escolher o novo apóstolo de uma
maneira mais parecida com a de Jesus.
Lembre-se, apenas alguns anos depois, os profetas e mestres da igreja de
Antioquia seguiram o exemplo de Jesus. Eles jejuaram e oraram antes de
Barnabé e Saulo serem separados para o ofício de apostolado (ver Atos 13:1-4).
Essa é ainda mais uma confirmação do erro na decisão precipitada de Pedro.
SEJAM MEUS IMITADORES 191

Os 120 no cenáculo encontraram dois candidatos: Matias e Justus.


Matias tirou a sorte e foi numerado dentre os apóstolos (ver Atos 1:23-
26); porém, nunca mais vemos o nome de Matias no Novo Testamento.
Por quê? Porque a Bíblia mostraria que Paulo era a escolha de Deus para
substituir Judas, não Matias. É por isso que Paulo escreveu:
Depois [Jesus] apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois
destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.
Pois sou o menor dos apóstolos. (1 Coríntios 15:7-9)

Paulo se referiu a si mesmo como se tivesse nascido fora de tempo; em


outras palavras, ele provavelmente era jovem demais para ser um dos doze.
Em minha pesquisa, encontrei diferentes opiniões das datas do nascimento
de Paulo; as estimativas de fontes diferentes podem variar em até catorze anos.
Uma coisa é certa: Ninguém sabe o ano de seu nascimento. Então vejamos
a linha do tempo do Novo Testamento a fim de ter uma ideia de sua idade:
De acordo com a maioria dos relatos, o martírio de Estêvão ocorreu
quatro anos após a ressurreição de Jesus, o que significa que Jesus havia
escolhido Seu grupo original de discípulos sete anos antes. Durante o
apedrejamento de Estêvão, a Bíblia se refere a Saulo (Paulo) como um
“jovem” (ver Atos 7:58). A palavra grega para “jovem” se refere a alguém
logo após a puberdade. Então, subtraindo sete anos, é quase seguro presumir
que Paulo era jovem demais para ser um dos discípulos originais.
Eu creio totalmente que Paulo era a escolha de Deus. Ele possuía
claramente o fruto e a autoridade de um apóstolo, muito mais do que
Matias. O ponto principal é: Creio que Pedro tomou uma decisão de
liderança impulsiva que estava fora de sintonia com o plano de Deus. Se ele
tivesse dado esse passo na igreja moderna de hoje, provavelmente teríamos
uma igreja dividida em três: o grupo contra “tirar a sorte”, o grupo que não
acha necessário ter novos apóstolos, e o grupo a favor de “tirar a sorte” (que
teria permanecido). Entretanto, veja as próximas palavras registradas na
Bíblia após esse incidente:
192 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Chegando o Dia de Pentecoste, estavam todos reunidos em comum


acordo num só lugar. (Atos 2:1, tradução livre da NKJV em inglês)

As palavras em comum acordo são na verdade uma única palavra no


grego: homothumadon. É definida como “em um só pensamento, com
consentimento unânime, em comum acordo, todos juntos.”14 A partir dessa
definição, não há espaço para divisão, nem mental nem comportamental. Eles
estavam unidos em propósito, mente, coração e espírito. Qual foi o resultado?
A Bíblia declara que três mil foram acrescentados ao Senhor naquele dia! Se
você dividir esse número por 120, terá uma multiplicação de vinte e cinco
vezes. Pense nisso: a igreja cresceu vinte e cinco vezes mais em um só culto.
Deus ordenou Sua bênção sobre a unidade deles! É uma lei espiritual.
Tenho certeza de que havia crentes no cenáculo que teriam feito as coisas
de forma diferente de Pedro. Sem dúvida teria sido uma escolha melhor ter
seguido o exemplo de Jesus e buscado primeiro a Deus por um período
mais longo antes de tomar a decisão.
Apesar de haver uma forma melhor de lidar com a situação, as pessoas
naquele cenáculo enxergaram a prioridade maior: permanecer um
aceitando a estratégia de seu líder. Cada um seguiu em frente como se
tivesse sido a própria ideia deles. Quantas vezes causamos divisão devido
às menores ou mais bobas discordâncias em nossos métodos? (Permita-
me lançar uma verdade importante: Se o seu líder tomar uma decisão que
é categorizada pela Bíblia como pecado, essa é a única exceção em que
não devemos aderir. Porém, a maioria dos erros ocorrem em relação a
métodos, não a pecado.)

CONTRACORRENTE
Devemos lembrar que dissensão não se limita a palavras ou ações;
vai mais além: à mente, ao coração e ao espírito. Veja os três versículos
anteriores mais uma vez para refrescar a memória. Nós podemos estar
unidos exteriormente, mas divididos em nossas motivações e pensamentos.
SEJAM MEUS IMITADORES 193

Minha mãe mora em Vero Beach, na Flórida. A aproximadamente


vinte quilômetros de sua residência fica um lugar chamado a Passagem de
Sebastian. É conhecido pelos moradores por suas fortes contracorrentes.
Uma contracorrente é um fenômeno imperceptível a olho nu. Toda a água
da superfície do oceano parece estar fluindo em uma direção, movendo-se
em unissonância em direção à praia. Porém, por baixo da superfície, a água
está se movendo na direção oposta. Essa corrente contrária captura suas
vítimas e as afasta para dentro do mar, às vezes tirando suas vidas.
Existem contracorrentes em igrejas, empresas, escolas, governos, times
esportivos, e clubes que trazem uma prevenção destrutiva à multiplicação?
Com certeza sim. Por que isso acontece? Será que é porque estamos
tentando construir o Reino de Deus com uma mentalidade democrática
em vez de uma mentalidade de reino? Somos cidadãos de um reino real,
e a autoridade delegada pelo nosso Rei não pode ser negligenciada. A
bênção Dele se manifesta quando nossos corações estão submissos aos
nossos líderes.
Devemos nos perguntar: É mais importante estarmos certos ou sermos
um? Você pode estar 100% certo, mas 100% errado ao mesmo tempo. Se
tivesse havido uma petição de coalizão para substituir a escolha de Pedro
de sistema de “sorte” por jejum e oração (de acordo com o padrão bíblico),
a coalizão estaria 100% correta. Porém, por causa da desunião deles, o
derramamento da bênção de Deus seria impedido.
Se você se lembrar, a primeira vez que uma multiplicação extraordinária
aconteceu nas Escrituras foi após os pais terem dado uma diretiva
operacional. Logo depois lemos: “Tal proposta agradou a todos” (Atos 6:5).
Qual foi o resultado? “Se multiplicava muito o número de discípulos” (Atos
6:7, ARC). Todos na igreja compraram a ideia. Mais uma vez, tenho certeza
de que as pessoas poderiam ter feito objeção, mas elas haviam descoberto
uma verdade: Era melhor ser abençoado do que estar certo. Então, abraçaram
o método como se fosse sua própria ideia.
194 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Agora, temos que fazer a pergunta mais difícil: Quantos de nós


ficaremos chocados e confusos diante do trono de julgamento de Jesus
quando Ele fizer Suas revelações? Ele irá nos mostrar, com lágrimas, como
nossas contracorrentes impediram Sua ordem de bênção? Veremos as
vidas que teriam sido impactadas pela eternidade e choraremos com Ele
ao percebermos que perdemos a oportunidade de multiplicar? Quantos de
nós irão desejar voltar e buscar unidade ao invés de estarem certos? Porém,
será tarde mais.

REFLETINDO
1. Um pai é aquele que traz liderança, alimento e cultura a um
indivíduo ou a uma instituição. Ele pode assumir uma variedade
de cargos: CEO, pastor, líder de célula, líder de departamento,
supervisor, professor, treinador (esses são apenas alguns
exemplos). Quem são as figuras de pai na sua vida? De que
formas eles têm sido um pai para você?

2. Um filho ou filha fiel irá multiplicar os métodos de seu pai. Por


que é importante imitar as estratégias de seus líderes? Como isso
garante que não haja desconexão em visão, métodos e cultura?

3. Multiplicar o que pertence a outro requer que você se reproduza.


Você está procurando outros com dons similares aos seus e
transmitindo-lhes a sabedoria e os métodos que aprendeu? Você
está levantando outros para fazerem o que você faz atualmente?
Se não, como pode começar a fazer isso?
Eu sabia que o senhor é um homem se-
vero, que colhe onde não plantou e junta
onde não semeou. Por isso, tive medo, saí
e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui
está o que lhe pertence.

Mateus 25:24-25
12

IMPEDIMENTOS PARA A
MULTIPLICAÇÃO I

A
gora iremos mergulhar nos pensamentos e motivações do
administrador preguiçoso da parábola de Jesus. Por que os
outros servos multiplicaram e ele apenas manteve? Por que
o primeiro e o segundo servo foram identificados como “bons e fiéis”
enquanto ele foi chamado de “mau e preguiçoso”?
Antes de continuar, separemos um momento para estabelecer primeiro
uma verdade: Quando alguém está na presença de Jesus, é impossível
mentir. Por que estou mencionando isso aqui? Permita-me explicar com
uma ilustração trivial. Você já assistiu a um filme de espionagem e em
determinado momento durante um interrogatório, injeta-se o “soro da
verdade” a fim de expor as realidades ocultas? O espião ou agente duplo
então revela aquilo que havia jurado esconder; a verdade é revelada.
Voltemos a uma situação da vida real. Em nossos primeiros anos de
casamento, eu era imaturo e inseguro. Houve incidentes em que me
comportei de forma que parecia aceitável na época, até que Lisa me
confrontava. Em nossas discussões, eu defendia fortemente minhas ações
e motivações. Muitas vezes nessas discussões, eu defendia ousadamente
a exatidão das minhas declarações! Depois, quando estava em oração
e passando um tempo com Deus, eu percebia que Lisa estava certa. Eu
voltava até ela humildemente e admitia o meu erro.
198 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

O ponto: engano, desonestidade, trapaça, duplicidade, e outros


comportamentos similares não pode coexistir na presença real de Deus.
Jesus declara:
Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto
que não venha a ser conhecido. O que vocês disseram nas trevas será
ouvido à luz do dia, e o que vocês sussurraram aos ouvidos dentro de
casa, será proclamado dos telhados. (Lucas 12:2-3)
Jesus está falando especificamente do julgamento quando será impossível
pensar ou falar de maneira enganosa, pois a verdade permeará a atmosfera
e nenhuma mentira ou palavra de engano serão ditas. O próprio fato de
que nossa parábola da administração representa o julgamento significa que
podemos estar confiantes de que a resposta dada pelo servo preguiçoso é
correta. Ele se expõe, apesar de estar sendo acusado.
Há dois fatores principais por trás da razão por que ele não multiplicou
eternamente:
• Ele não conhecia o caráter de seu senhor.
• Ele teve medo.
Esses dois fatores são apresentados em ordem. O segundo é muitas
vezes, mas não sempre, precipitado pelo primeiro, já que não conhecer o
caráter de Deus gera medo. Isso será esclarecido à medida que continuamos
a explorar os dois erros.

“O QUE EU ACREDITO”
Enquanto exploramos o primeiro erro, deixe-me contar uma história.
Eu tinha acabado de sair de um voo de oito horas para uma conferência no
Havaí. Ainda vestido com minhas roupas de viagem, esperando para que
meu quarto do hotel estivesse pronto, encontrei um local para descansar
debaixo de um guarda-sol à beira da piscina. Acontece que uma empresária
também estava esperando; ela iria participar de outra conferência.
Começamos a conversar e, quando ela descobriu que eu era autor e ministro
cristão, ela começou a falar sobre seu relacionamento com Deus.
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO I 199

Não demorou mais de um ou dois minutos para que ficasse perceptível


que ela não conhecia a Deus. Ela continuamente afirmava com confiança
o que acreditava e muito pouco correspondia com o que a Bíblia revela.
Enquanto ela ainda estava expondo suas crenças, eu pedi ao Espírito Santo
por sabedoria, e Ele me mostrou o que dizer.
Quando a mulher terminou seu discurso, perguntei:
— Está vendo aquele homem do outro lado da piscina?
— Sim, por quê?
— Vou contar um pouco sobre ele — eu disse — Ele é vegano severo;
não come nada de origem animal, nem mesmo mel. Seu sonho é entrar
para o time olímpico de natação dos Estados Unidos. Ele malha e treina
três horas por dia. Seus hobbies são raquetebol, tênis, paraquedismo e
pintura. Ele é casado com aquela mulher ali perto da hidro, e ela é dez
anos mais jovem que ele.
A mulher ficou intrigada, mas também um pouco confusa porque
eu havia mudado de assunto tão abruptamente. Ela havia acabado de
compartilhar seus pensamentos profundos sobre Deus e, em resposta,
eu de repente começo a descrever o homem que estava do outro lado da
piscina. Sua curiosidade falou mais alto, então ela perguntou:
— Ele está aqui para participar da conferência com você?
— Não, senhora.
— Bem, então como você o conhece? — ela perguntou ainda mais
curiosa.
— Eu nunca o conheci.
Agora confusa e preocupada, ela perguntou como eu sabia tanto sobre
ele. Não faço ideia se isso é verdade, mas por sua expressão facial, acho que
ela devia estar achando que eu era da CIA, um agente do FBI, um detetive
ou até um perseguidor. Sua curiosidade havia sido despertada.
Eu pausei e lhe disse:
— Isso é o que eu acredito sobre ele.
200 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Ela ficou sem saber o que dizer.


— Você falou com muita confiança sobre o que você acredita a respeito
de quem Deus é, mas quase tudo que você acabou de dizer sobre Ele não é
verdade. Eu sei disso porque eu O conheço.
Então olhei em seus olhos e disse:
— O que acabei de fazer com aquele homem que nunca conheci antes
não é diferente do que você acabou de fazer com Deus. Eu lhe disse o
que eu acredito sobre o homem do outro lado da piscina, e pareceu bem
convincente. Porém, é muito possível que a maioria do que eu disse não
seja verdade, e a razão é que nunca dediquei um tempo a conhecê-lo.
A mulher estava ouvindo, mas parecia estar um pouco trêmula.
— Deus nos deu Sua Palavra, registrada nas páginas da Bíblia, que revela
quem Ele é — eu disse calmamente — Ele também enviou Seu Espírito para
revelar Jesus a nós, que é quem nos mostra o Deus Todo-Poderoso, pois Ele
é Deus manifesto em carne.
Então fiz uma pausa e perguntei gentilmente:
— Você acha que talvez tenha criado um Deus imaginário na sua mente,
que na verdade não existe?
Infelizmente, ou ela não estava pronta para confrontar sua falta de
conhecimento de Deus ou estava com medo de encarar a realidade de
conhecê-lo. Conversamos por mais alguns minutos e logo depois cada um
tomou seu rumo.
Talvez você esteja sorrindo enquanto lê esta história, pensando: Eu
conheço a Deus. Vou para a igreja e leio a Bíblia. No entanto, antes de
qualquer um de nós ficar confortáveis demais com esse pensamento,
temos que nos lembrar do empenho dos fariseus. Eles tinham frequência
perfeita na igreja, oravam e jejuavam regularmente, e podiam citar de cor
os primeiros cinco livros da Bíblia. (Eu certamente não tenho um registro
tão bom assim!) Porém, eles não conseguiram reconhecer Deus manifesto
na carne: Jesus, de pé bem diante deles.
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO I 201

CONHECENDO A DEUS
Quem recebe o privilégio de conhecer a Deus? Todos são convidados, mas
há parâmetros estabelecidos. A porta está aberta para um relacionamento
autêntico quando nós, do fundo de nosso ser, tomamos a decisão de dar
nossa vida completamente a Ele. Não em pretensão, mas acompanhando
com ações correspondentes. Jesus diz: “Quem perder a sua vida por
Minha causa, a encontrará” (Mateus 16:25). O que Ele quer dizer como “a
encontrará”? É simples; a vida verdadeira é encontrada somente Nele.
Nós não conhecemos a Deus frequentando a igreja, cercando-nos de
amigos cristãos, lendo livros, ouvindo músicas de adoração, repetindo uma
“oração de salvação” nem fazendo boas obras. As Escrituras frequentemente
se referem a Jesus como o Noivo e a nós como a Noiva. Quando um noivo e
uma noiva se unem, os dois se tornam um. Paulo escreve: “É uma ilustração
da forma como Cristo e a igreja são um” (Efésios 5:32). Para mostrar como é
conhecê-lo, Deus nos deu um sermão ilustrado, um que é bem comum dentre
a humanidade. Diariamente, uma clara representação de um relacionamento
com Ele pode ser observada: o casamento. O santo matrimônio.
Quando uma mulher anda pelo corredor da igreja com um vestido
branco ao som da marcha nupcial, ela está fazendo uma declaração muito
forte. Ela está dizendo adeus para os outros quase 3.930.000.000 homens
no mundo! Está entregando todo seu coração, toda sua alma, e toda sua
vida para o homem que a está esperando no altar. É interessante que sua
decisão representa “arrependimento” verdadeiro. Ela está deixando todas as
oportunidades de estabelecer uma união de casamento com todo o restante
de homens na terra. Ela e seu marido escolhido entram numa aliança:
Ele é completamente dela; ela é completamente dele. Os dois embarcam
numa jornada que carrega o potencial de um relacionamento profundo, de
conhecer um ao outro mais do que qualquer outra pessoa.
Agora quero dizer algo que pode parecer controverso, mas preste
atenção! Eu particularmente creio que um dos grandes obstáculos que
202 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

criamos para conhecer a Deus é a introdução da “oração da salvação”.


Nossa tradição tipicamente é assim: Vendemos um relacionamento com
Deus quase como se estivéssemos comercializando um produto para um
consumidor. Após a mensagem ou conversa, dizemos “Você quer conhecer
a Deus? Quer um relacionamento com o seu Criador? Então simplesmente
repita essa oração: ‘Jesus, entre na minha vida. Eu me arrependo dos meus
pecados. Eu o recebo como meu salvador. Obrigado por me perdoar e me
tornar um filho de Deus.’”
Em seguida, anunciamos a notícia feliz a todos os que estão presentes,
celebramos que nossos novos convertidos estão para sempre seguros com
Deus, e os convidamos para nossa comunhão. No entanto, não falamos nada
sobre arrependimento — a necessidade de abandonar permanentemente
um estilo de vida egoísta e render sua vida a Ele. Porém, veja a declaração
completa de Jesus:
Se vocês realmente quiserem Me seguir, devem rejeitar e negar
completamente sua própria vida de uma vez por todas. Devem estar
dispostos a compartilhar Minha cruz e experimentá-la, entregando-se
continuamente aos Meus caminhos. Pois se escolherem o autossacrifício
e perderem a vida para Minha glória, irão descobrir continuamente a
vida verdadeira. Porém, se escolherem manter a vida para si mesmo,
irão perder o que estão tentando guardar. (Mateus 12:24-26, tradução
livre da TPT em inglês)
É somente ao entrar em um relacionamento autêntico com Deus que
podemos verdadeiramente conhecê-lo. É isso que Jesus resume nesses
versículos. Conhecer a Deus não acontece uma vez só, mas é uma firme
decisão contínua de se submeter a Ele acima do que você acha ser melhor
para você. Se um determinado assunto está claramente revelado em Sua
Palavra, não há debate nem fuga da obediência. Seguir Jesus significa ter
tomado uma profunda decisão no seu coração de se afastar daquilo que O
ofende e servi-lo continuamente.
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO I 203

O apóstolo Tiago escreve: “Sejam praticantes da Palavra, e não apenas


ouvintes, enganando-se a si mesmos” (Tiago 1:22). A pessoa que ouve a
Palavra de Deus, porém não corresponde em pensamento, palavra e ação,
engana a si mesma. A versão bíblica The Passion chama isso de “autoengano”,
o que eu acho que descreve exatamente o terceiro servo, os fariseus e a
mulher na piscina no Havaí, e muitos outros que já encontrei. Eles acreditam
totalmente que estão em relacionamento com Deus só porque frequentam
a igreja e citam versículos, mas falam e vivem contrariamente à Palavra
Dele. Infelizmente não estão na direção certa. Isto é autoengano.
Permita-me apresentar um ponto importante. Lisa diz que já cometeu
muitos erros em nosso casamento (eu cometi mais, mas estou focando
na noiva aqui!), mas ela nunca buscou seus próprios desejos de propósito
às custas na nossa aliança. Seu comportamento não foi perfeito, mas seu
coração nunca se desviou da lealdade constante.
Da mesma forma, em nosso relacionamento com Deus, se desobedecermos
periodicamente, Ele perdoa. O que é parecido com um casal que não quebra
sua aliança quando um erro é cometido. Um relacionamento com o nosso
Criador se baseia em verdadeira lealdade do fundo do coração, e não em
um culto da boca para fora, sem ações correspondentes.
Jesus faz uma declaração extraordinária: “Se alguém decidir fazer a
vontade de Deus, descobrirá...” (João 7:17). Começa no centro do nosso
ser; quando desejamos profundamente agir e não só ouvir. Fazemos tudo
que Ele diz e então descobrimos. Reconhecemos e descobrimos Deus e Sua
Palavra. A versão bíblica The Passion descreve João 7:17 de uma forma
linda: “Primeiro, seja apaixonado por fazer a vontade de Deus, e depois
você poderá discernir se Meus ensinamentos vêm do coração de Deus.”
Na parábola dos talentos, todos os três servos ouviram exatamente as
mesmas instruções antes de seu senhor partir. Dois colocaram-nas em ação
e um não fez nada. Não é coincidência que o terceiro servo não conhecesse
seu senhor, por isso não levou a sério a importância de suas instruções. Este
servo estava enganado.
204 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

TEMOR SANTO
Uma frase bíblica que descreve o que estamos discutindo aqui é: o
temor do Senhor. Devido ao medo abundante, principalmente hoje em
dia, nós nos esquivamos dessa frase. Porém, existem dois medos e eles são
totalmente opostos. Um é o “espírito de medo” e o outro é o “temor do
Senhor”. A Bíblia faz distinção entre os dois. Moisés disse ao povo de Deus
logo depois que se afastaram da presença de Deus:
“Moisés disse ao povo: “Não tenham medo! Deus veio prová-los, para
que o temor de Deus esteja em vocês e os livre de pecar”. Mas o povo
permaneceu à distância, ao passo que Moisés aproximou-se da nuvem
escura em que Deus se encontrava. (Êxodo 20:20-21)

À primeira vista, parece que Moisés se contradiz. Permita-me parafrasear


o que ele diz a fim de clarificar: “Não tenham medo, pois Deus veio para ver
se vocês têm o temor de Deus.” A declaração dele não é uma contradição,
mas uma diferenciação entre “ter medo de Deus” e “ter o temor do Senhor”
— há uma diferença. A pessoa que tem medo de Deus tem algo a esconder.
Lembre-se de como Adão se escondeu da presença do Senhor depois de
ter pecado contra Ele (ver Gênesis 3:8). Por outro lado, a pessoa que tem o
temor de Deus não tem nada a esconder. Ele ou ela, na verdade, tem medo
de ficar longe Dele.
Então, sendo bem direto, deixe-me apresentar um ponto com firmeza:
O temor do Senhor não é ter medo de Deus. Como podemos ter um
relacionamento íntimo com Alguém de quem temos medo? Como foi dito
antes, o verdadeiro temor santo é ficar aterrorizado de estar longe de Deus.
Não queremos estar em nenhum outro lugar que não seja Sua presença, Seu
cuidado e Seu amor. Ficamos imóveis independentemente das circunstâncias
ou do quão sem vida as coisas pareçam estar; sabemos que não há lugar
melhor do que estar perto Dele. Isso é evidente em nossa obediência a Ele.
Temer a Deus é venerá-lo, reverenciá-lo, honrá-lo e respeitá-lo mais do
que qualquer outra pessoa ou coisa. É tê-lo em grande estima e considerar
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO I 205

os desejos de Seu coração como mais preciosos e valiosos que nossos


próprios desejos. Nós amamos o que Ele ama e odiamos o que Ele odeia.
O que é importante para Ele se torna importante para nós; o que não é tão
importante para Ele não é tão importante para nós.
Essa postura nos coloca dentre aqueles que são convidados a estarem
perto Dele. Se você analisar os filhos de Israel, verá que o amor deles por
Deus era condicional. Quando as circunstâncias eram favoráveis, eles
adoravam, obedeciam, e O amavam. Quando as circunstâncias eram
desfavoráveis, eles reclamavam. Não confiavam Nele implicitamente,
mas, ao contrário, eram comprometidos com sua autopreservação. Ao
buscar salvar a própria vida, eles fizeram o oposto do que Jesus declara
no Evangelho; abandonaram o glorioso privilégio de um relacionamento
genuíno com Ele. Moisés tinha o temor de Deus. Eles não.
As motivações deles se manifestavam correspondentemente: o povo
permaneceu à distância, mas Moisés se aproximou da presença de Deus.
Viviam uma vida cega ao que era melhor. Em contraste, Moisés enxergava
claramente. Moisés conhecia Deus, Sua Palavra, Seus caminhos e Sua
sabedoria. Eles, por outro lado, só conheciam Deus pela forma como Ele
respondia suas orações.
Nós operamos corretamente no temor do Senhor quando O obedecemos
instantaneamente; mesmo que não faça sentido, não haja nenhum benefício
aparente, e talvez até pareça prejudicial ao nosso bem-estar. Conhecemos
Seu caráter e, portanto, somos convencidos. Apesar de algo parecer
desvantajoso, nunca será se tivermos obedecendo a Deus.
Por fim, caminhar no temor do Senhor se manifesta ao obedecê-lo
completamente. Abraão fez exatamente isso quando Deus lhe disse que
para abrir mão do que era mais importante para ele — pelo que ele havia
esperado vinte e cinco anos — e entregar quem ele amava mais do que
qualquer outra pessoa ou posse: seu filho Isaque. Ele partiu cedo pela
manhã e fez uma jornada de três dias a fim de fazer o que Deus havia
lhe pedido. Deus não lhe deu uma razão, e parecia que aquele sacrifício
206 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

iria arruinar tudo pelo qual Abraão vivia. Parecia prejudicial. Porém, ele
confiou implicitamente no caráter de Deus (a antítese de como o servo
preguiçoso agiu).
Quando Abraão levantou a faca para matar Isaque, o anjo do Senhor o
impediu e declarou: “Não toque no rapaz”, disse o Anjo. “Não lhe faça nada.
Agora sei que você teme a Deus, porque não me negou seu filho, o seu
único filho” (Gênesis 22:12). Esse tipo de amor, confiança e fé é o coração
de alguém que realmente tem o temor do Senhor.
Lemos que “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento”
(Provérbios 1:7). Qual conhecimento? Encontramos a resposta logo depois,
mas examinemos também o que leva a essa resposta: colocar Sua Palavra
acima de tudo, o que não é nada diferente do que Abraão fez:
Meu filho, se você aceitar as minhas palavras e guardar no coração os
meus mandamentos; se der ouvidos à sabedoria e inclinar o coração
para o discernimento; se clamar por entendimento e por discernimento
gritar bem alto; se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-
la como quem busca um tesouro escondido, então você entenderá o que
é temer o Senhor e achará o conhecimento de Deus. (Provérbios 2:1-5)

A resposta é bem clara; o temor do Senhor é o princípio do conhecimento


de Deus. Hoje nós falaríamos um pouco diferente: “Você irá entender o
temor do Senhor e começará a conhecer Deus intimamente”. Agora nós
entendemos a raiz do erro do servo preguiçoso. Faltava-lhe temor santo, o
que ficou evidente em sua falta de ação e em sua resposta final. Assim como
Israel às vezes via Deus como um tirano, aquele servo também via assim
seu senhor. Ele estava cego ao caráter de seu líder.
O temor santo é o início de conhecer Deus. O salmista confirma isso ao
declarar: “O Senhor Deus é amigo daqueles que O temem” (Salmos 25:14,
NTLH). Amigos são aqueles que conhecemos em um nível íntimo. Jesus
faz uma declaração chocante: “Vocês são Meus amigos se fazem o que Eu
mando” (João 15:14, NLTH).
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO I 207

Muitos de nós dizemos que “amamos” Jesus da mesma forma que


dizemos que amamos um artista famoso, ou qualquer outra figura
pública. No início de 2020, quando Kobe Bryant e sua filha Gianna foram
mortos num trágico acidente de helicóptero, a nação inteira ficou de luto
e muitos choraram profundamente. As pessoas colocaram muitos balões,
cartões e flores perto do Staples Center em Los Angeles, onde ele jogava
basquetebol. Eu também senti muito pela tragédia e fiquei pensando no
que aconteceu.
Entretanto, a maioria de nós que ficamos tristes não conhecia Kobe
assim como sua esposa, familiares e amigos. Se ele nos visse na rua, não
teria ideia de quem somos. Eu nunca havia passado tempo com ele, porém
fiquei triste com seu falecimento como se tivesse um relacionamento com
ele. Assim como Kobe não me reconheceria quando estava vivo, haverá
uma multidão de homens e mulheres dizendo conhecer Jesus porque
frequentavam a igreja, falavam Dele nas redes sociais, ouviam músicas que
falam sobre Ele, faziam coisas em Seu nome e até professavam que Ele era o
Senhor. Porém, a resposta de Jesus será: “Nunca os conheci”. E essa é razão:

Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos
céus, mas apenas aquele que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em
Teu nome? Em Teu nome não expulsamos demônios e não realizamos
muitos milagres?’ Então Eu lhes direi claramente: Nunca os conheci.
Afastem-se de Mim vocês, que praticam o mal! (Mateus 7:21-23)

Não queremos ouvir isso de nosso Mestre. Se examinarmos a passagem


bíblica com atenção, essas pessoas tinham confiança em seu relacionamento
com Jesus, e eram até apegadas a ele. Kobe teria dito a mim: “Quem é
você? De onde você é? Qual é o seu nome?” Da mesma forma, Jesus dirá
a muitos que dirão conhecê-lo: “Não os conheço, nem sei de onde são
vocês” (Lucas 13:25).
208 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

PASSE TEMPO COM ELE


O temor do Senhor é o início de conhecê-lo intimamente, mas por que
ficar acampado no local de início? Vá mais profundo no seu relacionamento,
pois Ele o está chamando para mais perto. Está escrito: “Aproximem-
se de Deus e Ele se aproximará de vocês” (Tiago 4:8). Somos nós que
determinamos o nível do nosso relacionamento com Ele.
Fico surpreso com como tantas pessoas que professam a fé cristã
são como aquela mulher que conheci na beira da piscina no Havaí. Seu
“conhecimento de Deus” vem das redes sociais, dos louvores, de blogs,
conversas com amigos, e da pregação semanal do pastor. Porém, não
passam tempo em particular com Deus.
As estatísticas mais atualizadas mostram que as pessoas entre 15 e 25
anos passam em média 53,7 horas em frente às telas (smartphones, tablets,
computadores e televisão”)15. Fico imaginando quanto tempo devem passar
com a Palavra de Deus. E isso não se aplica somente aos jovens!
Tenho lido minha Bíblia há mais de quarenta anos, e ainda é uma das
minhas coisas favoritas de fazer. Antes de ler, eu sempre peço ao Espírito
Santo para me revelar Jesus de uma nova forma. Passei anos acordando
cedo para passar tempo caminhando em meu porão, ou do lado de fora
numa área remota, ou em meu quarto de hotel — simplesmente lendo,
orando e ouvindo. Não quero ser um daqueles que pregou o Evangelho por
todo o mundo baseado somente em meu dom, sem ter conhecido Aquele
que me deu o dom.
Deus quer ser íntimo de você. Seu perfeito amor lança fora todo medo.
Muitas vezes nos encontramos agindo como o servo que era cego à bondade
de seu senhor. É por isso que o encorajo hoje a orar para que Deus o encha
de Seu temor santo. Depois passe tempo de qualidade com Ele e descubra
quem Ele realmente é: Amor.
Deus nos buscou, nos amou e morreu por nós muito antes de O
conhecermos. Ele iniciou esse relacionamento magnífico. Ele é por você.
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO I 209

Ele anseia conhecer você intimamente. Porém, Ele nos ama tanto que se
recusa a nos forçar a ter um relacionamento com Ele.
Então escolha agora! Escolha a vida! Escolha conhecê-lo... intimamente.

REFLETINDO
1. O medo é alimentado pela falta de conhecimento do caráter de
Deus. Como uma visão incorreta da natureza de Deus afetou a
forma como você administra os seus dons e o seu chamado?

2. Um relacionamento autêntico com Deus torna-se possível


quando você se entrega completamente e vive obediente à Sua
Palavra. Existe alguma mentalidade ou comportamento que
está impedindo o seu relacionamento com Deus?

3. Há uma grande diferença entre ter medo de Deus e ter o temor


do Senhor. Qual é a diferença? Por que ter o temor do Senhor é
essencial para conhecer Deus intimamente?
Patrão, eu sei que o senhor tem padrões
elevados e detesta as coisas mal feitas,
que é exigente ao extremo o melhor e não
admite erros. Fiquei com medo.

Mateus 25:24-25, A Mensagem


13

IMPEDIMENTOS PARA A
MULTIPLICAÇÃO II

A
gora estamos prontos para explorar a segunda resposta do
servo preguiçoso: “Eu tive medo”. O medo o paralisou. Eu
gosto muito da tradução A Mensagem para as palavras do
terceiro servo: “Eu sei que o Senhor tem padrões altos... O Senhor exige o
melhor e não abre espaço para erros.”
Isso me faz lembrar de uma história. Eu jogava basquetebol sob a
direção de dois treinadores. Em ambos times, eu era guarda de tiro, pois
fazer cestas de 20 pés de salto em uma base regular era uma das poucas
coisas no esporte que eu conseguia fazer bem.
Meu primeiro treinador era um homem que queria o melhor de nós
e usava encorajamento e correção construtiva para nos fazer chegar lá.
Eu sabia que ele era por mim, não contra mim. Eu fazia arremessos com
confiança. O tanto que ele acreditava em mim era um combustível para
essa confiança.
Meu outro treinador era diferente. Em suas próprias palavras, ele era
aquele que “tinha padrões elevados e não abria espaço para erros”. Quando
eu tentava um lançamento e errava, o treinador me corrigia duramente
durante o intervalo seguinte, e muitas vezes eu era deixado no banco logo
depois. Eu não conseguia arremessar bem sob o treinamento dele. Em meu
treino sozinho, quando ele não estava presente, eu mandava muito bem de
212 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

várias áreas da quadra. Eu era o mesmo jogador com o mesmo talento, mas
não conseguia executar quando ele estava presente.
Se notarmos a resposta do servo no versículo anterior, a percepção que
ele tinha do mestre era exatamente a mesma que eu tinha do meu treinador
crítico. Porém, há uma diferença significativa: Na realidade, o mestre do
servo não era nada como meu segundo treinador.
Repito, seguindo o que aprendemos no último capítulo, que é por isso
que separar tempo para conhecer Deus é tão importante. Ele não é nada
parecido com a percepção do servo preguiçoso. Deus é por nós; Ele acredita
em nós e tem confiança em nós. Se não O vemos dessa forma, podemos
facilmente sucumbir ao medo e enterrar nossos dons.
Tendo dito tudo isso, agora nos voltamos para uma raiz totalmente
diferente que causa falta de frutos. Como mencionado no capítulo anterior,
há pessoas que realmente conhecem Deus, mas ainda lutam contra o medo
ou sucumbem a ele. A Bíblia fala sobre as razões por que isso acontece. E
é isto que vamos abordar pelo restante deste capítulo. Antes de começar,
porém, veja alguns comentários sobre medo e assuntos relacionados:
O homem não deveria temer a morte, mas deveria ter medo de nunca
começar a viver.
— Marco Aurélio

Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembre-se, amadores


construíram a arca; profissionais construíram o Titanic.
— Desconhecido

O maior erro que podemos cometer é viver com medo constante de errar.
— John C. Maxwell

Uma das maiores descobertas do homem, uma de suas maiores surpresas,


é descobrir que consegue fazer o que tinha medo de não conseguir.
— Henry Ford
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO II 213

Vamos abrir nossa discussão com uma declaração inabalável e


verdadeira: O oposto do medo maléfico é o amor de Deus. Quando amamos
a Deus e as pessoas incondicionalmente, o medo é exterminado. Como
o apóstolo João escreve, “O perfeito amor expulsa o medo” (1 João 4:18).
A respeito dessa verdade, nunca me esquecerei de um encontro que
tive com o Espírito Santo em San Diego que abriu os meus olhos. Eu
havia acabado de ministrar em um culto, estava sozinho no meu quarto,
e me encontrava lutando contra o medo em relação aos nossos filhos. Eu
havia ouvido sobre filhos de ministros que morreram tragicamente: um
eletrocutado, muitos em acidentes de carro, alguns de overdose de drogas,
e outros por razões variadas. Eu havia acabado de saber de outra tragédia e
estava tentando me livrar da preocupação que me assombrava. De repente,
ouvi em meu coração: “Filho, o medo é um indicador. Ele simplesmente
expõe uma área da sua vida que você ainda não submeteu a Mim; você
ainda é o dono dessa área da sua vida.”
Fiquei chocado com aquelas palavras. Percebi que eu havia assumido
algo que não tinha o poder para manter. Dentro de momentos depois
dessa revelação, gritei no meu quarto: “Pai, esses filhos não são meus. Sou
meramente um administrador daqueles que são Seus. Então, quero que a
Sua vontade seja feita na vida deles, não importa o que aconteça. O Senhor
pode levá-los para o outro lado do mundo ou para o Céu quando o Senhor
estiver pronto para recebê-los, mas peço ousadamente que eles cumpram
tudo que o Senhor os criou para fazer neste mundo.”
Em seguida gritei ainda mais alto: “Mas, diabo, em nome de Jesus, você
não irá tocá-los! Declaro que eles pertencem a Deus e o proíbo de matar,
roubar e destruir o que é de Deus!”
Uma paz sobrenatural encheu o meu coração e desde então não tive
mais aquela preocupação com nossos filhos. Se a preocupação tenta voltar
a me atormentar, eu digo firmemente: “Eu entreguei o cuidado dos meus
filhos a Deus em San Diego, e não vou tomar de volta.” Toda vez, o medo
retrocedeu e a paz voltou.
214 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

O medo é um capataz terrível. É sorrateiro, busca tomar o controle, e


uma vez que consegue nos prender, é opressor. Se não lidarmos com ele
adequadamente, ele pode alterar nosso destino. Porém, aqui vai a boa
notícia: É possível vencer o medo, mas devemos abordá-lo corretamente.

PRESTE ATENÇÃO AO SEU DOM


Paulo escreveu duas cartas a seu “filho espiritual”, Timóteo. Em
ambas, abordou o fato de que o dom (charisma) de Timóteo estava sendo
negligenciado e inoperante. Vamos estabelecer um ponto importante logo
de início; Timóteo era um homem de Deus. Paulo elogiou seu caráter
aprovado e sua fé genuína ao longo das epístolas. Timóteo certamente não
se encaixa na categoria de alguém paralisado pelo medo por não conhecer
o caráter de Deus. A primeira carta de Paulo declara: “Não negligencie o
dom que lhe foi dado” (1 Timóteo 4:14).
A palavra negligenciar no grego é ameléo. Sua definição é “ignorar ou
não dar importância”16. Outra fonte define essa palavra como “não pensar
sobre e, portanto, não responder apropriadamente, não dar atenção”17.
Por que Timóteo — ou qualquer um de nós — ignoraria e não daria
atenção a um dom dado por Deus e, em caso extremo, sequer pensar sobre?
Uma razão pode ser:
Não estar funcionando ou produzindo
de acordo com as nossas expectativas.

O pensamento se torna: Tentei e não funcionou. Fui muitas vezes


tentado a pensar dessa forma nos meus vinte e trinta e poucos anos. Como
escrevi anteriormente, uma ocasião aconteceu depois que Lisa e sua amiga
dormiram durante a minha pregação. Eu tive o seguinte pensamento: Por
que alguém iria querer me ouvir quando os mais próximos não conseguem
nem ficar acordados?
Por volta daquela mesma época, outra realidade que aumentou minha
luta contra pensamentos de derrota aconteceu quando um amigo e eu
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO II 215

estávamos cada um ensinando uma turma de escola dominical. Ele tinha


mais de duzentos alunos frequentando suas aulas, restando apenas lugar
em pé. Durante o mesmo horário, a frequência média da minha classe era
de aproximadamente vinte pessoas. Na verdade, havia uma classe que eu
ensinava também naquele horário que tinha apenas um aluno!
Houve outras ocasiões, demais para enumerar, em que fui tentado
a questionar meus dons. Agora percebo que se eu tivesse me rendido
àqueles pensamentos de expectativas não correspondidas e de aparente
derrota, eu teria desistido do ministério e buscado percorrer outro
caminho — e acabaria vivendo infeliz por ter abandonado o chamado
da minha vida.
Outra razão que pode nos fazer ignorar e não dar atenção ao dom que
recebemos de Deus é:

A CRÍTICA DOS OUTROS


Sem dúvida, fui extremamente tentado a parar de escrever depois de o
meu primeiro manuscrito ser ignorado, criticado e rejeitado pela primeira
editora e depois pelas demais. Mais tarde, logo após ter publicado meu
livro de forma independente, um amigo fez comentários depreciativos
sobre meu estilo de escrita. Depois que ouvi seus comentários, deitei-me
no chão da nossa sala sem me mexer por vinte ou trinta minutos, olhando
para o teto, me sentindo depressivamente oprimido. Perguntei-me se
havia perdido um ano inteiro da minha vida e muito dinheiro naquele
livro! Pensei: A primeira editora, depois as outras, agora meus amigos...
todos criticaram. Acorda, John! Por que você não admite que não é bom o
bastante e que foi uma derrota?
Se eu tivesse sucumbido a esses pensamentos e outros comentários,
não teria escrito o segundo livro, que também parecia ser uma derrota.
Lembro-me de enviá-lo para uma antiga professora do seminário e ela o
criticou severamente também. Fiquei ainda mais arrasado! Faziam agora
dois anos e meio e nenhum dos dois livros havia feito sucesso.
216 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Se a qualquer momento eu tivesse dado ouvidos às críticas dos outros


e aos meus próprios pensamentos de desânimo, teria sido muito fácil
simplesmente desistir. E eu não teria escrito o terceiro livro que foi, é claro,
A Isca de Satanás.
Outra razão que pode nos fazer ignorar e não prestar atenção ao dom
que recebemos de Deus é:

O MEDO DE FALHAR
A realidade irônica desse medo é: Nós esperamos falhar mesmo antes
de começar, então nos protegemos deixando de tentar! O pensamento
é: Por que tentar se não vai dar certo? Quantos sonhos e visões foram
frustrados devido ao medo de falhar? É trágico que dons dados por Deus
são desperdiçados assim como aconteceu com aquele servo preguiçoso.
No que diz respeito àquilo que o medo de falhar produz, meu amigo
Myles Munroe escreveu em seu livro Maximize o Seu Potencial:
O túmulo é o lugar mais rico do mundo, pois é ali que encontramos todas
as esperanças e sonhos que nunca foram alcançados, os livros que nunca
foram escritos, as canções que nunca foram cantadas, as invenções que
nunca foram mostradas, as curas que nunca foram descobertas... tudo
porque alguém teve medo demais de dar aquele primeiro passo.18

Em concordância com Myles, minha forte advertência é: Não retenha a


expressão dos dons de Deus nesta vida.
O que direi a seguir pode surpreender você, já que todos nós temos
Timóteo em grande estima. Porém, nas cartas de Paulo vemos que Timóteo
estava indo na mesma direção que o servo preguiçoso! O dom de Deus estava
adormecido e ele não estava prestando atenção a isso. Felizmente, Timóteo
tinha um bom pai na fé que não permitiria que ele continuasse naquele estado.
Na segunda carta que Paulo escreveu ao seu “filho”, ele não desperdiça
tempo e aborda logo de início o assunto: “Torno a lembrar-lhe que mantenha
viva a chama do dom de Deus que está em você” (2 Timóteo 1:6). O termo
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO II 217

no grego para manter viva a chama é anazõpuréõ, cuja definição é “reavivar


um fogo”19. Porém, o Greek-English Lexicon comunica o significado dessa
palavra de forma ainda mais completa. Define-a como “fazer com que algo
comece de novo — ‘reativar’”20. O dom de Deus em Timóteo estava inativo
e precisava ser reativado. Então como se tornou dormente? Paulo explica a
causa no versículo seguinte:
Porque Deus não nos deu espírito de temor, mas de fortaleza, de amor
e de moderação. (2 Timóteo 1:7, NTLH)

A palavra grega para medo é deilia, que é traduzida mais corretamente


como “timidez”. Paulo está dizendo: “Timóteo, o dom que você recebeu
de Deus está adormecido por causa de um espírito de timidez”, ou falando
ainda mais claramente, “Timóteo, o dom que Deus lhe deu está inoperante
devido a um espírito de intimidação”.
Esta é uma palavra com a qual podemos facilmente nos identificar.
Intimidação significa “ser impedido de agir devido ao medo”. Porém, o
aspecto mais importante é que a origem final de intimidação é um espírito.
É uma força espiritual e, se não abordarmos o medo num nível espiritual,
suas raízes não serão completamente cortadas.

MINHA BATALHA CONTRA A INTIMIDAÇÃO


Sei de tudo isso porque lutei contra esse espírito por muitos anos.
Eu presumia que era uma fraqueza na minha personalidade. Porém,
durante uma série de cultos no início da década de 90, descobri que
estava completamente equivocado em minha análise. As reuniões estavam
agendadas para durar apenas quatro dias numa igreja de uma cidade
pequena, mas, ao invés disso, transformaram-se num mover de Deus de três
semanas. Todas as noites, a igreja ficava lotada até sua capacidade máxima e
muitos eram salvos, curados e libertos. O dom de Deus na minha vida para
pregar estava a todo vapor. Foi extraordinário. Pessoas viajavam até 150
quilômetros para participar dos cultos noturnos. Lembro-me vividamente
218 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

de entrar no santuário vazio durante o dia e sentir como se a presença de


Deus tivesse se instalado ali.
No entanto, certa noite na última semana, tudo mudaria. Alguns dos
ministros de louvor haviam criticado o meu ministério na noite anterior.
O que eles haviam dito foi transmitido a mim por um dos líderes da igreja
pouco antes do culto. Os comentários me pareciam cheios de opinião,
porém inofensivos. Entretanto, eu não conseguia tirar as palavras deles
da minha cabeça. Meu foco deixou de estar no culto e passou a estar
nas críticas sobre o que eu havia ministrado na noite anterior. O pastor
dispensou os comentários deles; nós oramos e nos dirigimos ao santuário,
como havíamos feito durante todos os cultos.
Naquela noite, tudo parecia frio. Tentei ministrar como havia feito nas
primeiras duas semanas, mas eu estava confuso, não conseguia manter um
pensamento, e estava odiando estar ali na frente. Queria escapar pela porta
de trás! Eu me sentia sem poder, como um adolescente numa apresentação
de classe falhando em falar diante de seus colegas. Não havia unção; nem
presença de Deus em mim. Foi horrível. Encerrei o culto mais cedo e voltei
para onde eu estava hospedado.
Deparei-me chateado com Deus. Por que Ele não me ajudou? Por que
esse culto foi tão diferente? Por que eu me senti abandonado? Eu pensei:
Aquela ministração foi patética. Ninguém vai querer voltar amanhã à noite.
Na verdade, eu não quero voltar amanhã.
Fui para a cama com a esperança de que o dia seguinte seria diferente.
Na manhã seguinte, acordei pesado, deprimido e desencorajado. Tentei
orar, mas sem proveito nenhum. A preocupação sobre o que estava errado
começou a crescer. Naquela tarde, passei três horas em oração. Lutei contra
pensamentos de derrota o tempo todo. Eu me despertei para chacoalhar
aquele peso e me animei para o culto que iria começar.
Naquela noite no santuário, o louvor parecia tão frio quanto na noite
anterior, e eu senti que não tinha nada a oferecer. Mais uma vez, quis correr
porta a fora. Quando me apresentaram, levantei-me e gaguejei por alguns
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO II 219

minutos. Não conseguia manter uma linha de pensamento. Em determinado


momento, ouvi uma voz na minha cabeça dizer: “Por que você disse isso?
Aonde você está indo com esta mensagem? Você é patético!”
Naquele instante, foi a gota d’água para mim. De repente falei
abruptamente diante de 600 pessoas: “Não sei o que há de errado, mas algo
está diferente aqui nessas duas últimas noites. Vocês podem por favor ficar
de pé e orar comigo?”
Enquanto todos nós orávamos, Deus falou comigo — foi a primeira vez
que ouvi Sua voz em mais de vinte e quatro horas. Ele me lembrou do que
Paulo escreveu em 2 Timóteo 1:7 e disse: “Filho, você está intimidado pela
equipe de louvor atrás de você. Quebre o espírito de intimidação e fale o que
estou lhe dando.”
Fiz o que Ele disse e uma mensagem poderosa começou a fluir daquele
versículo. Foi o culto mais poderoso dos vinte e um outros. Setenta e cinco
por cento das pessoas vieram até a frente, admitindo que também lutavam
contra intimidação. Os corredores ficaram cheios de pessoas pedindo
oração por libertação.
O pastor me procurou algumas semanas depois para me dizer quão
eficaz aquele culto havia sido. Os líderes que fizeram comentários críticos
sobre mim estavam vivendo em pecados flagrantes: adultério, fornicação e
bebedeira. Tudo foi revelado ao longo das duas semanas seguintes, e todos
eles, com exceção de um, deixaram a igreja. O pastor disse que, desde
então, a equipe de louvor nunca havia estado tão unida e eficiente. Foi uma
experiência que transformou minha vida e meu ministério.
Para mim, acabou com anos de luta contra a depressão tentando conduzir
alguns cultos enquanto os dons que Deus me deu estavam inoperantes. A
descoberta mais importante foi aprender que devemos falar diretamente
ao espírito de intimidação — assim como Jesus declarou a Palavra de Deus
diretamente a Satanás enquanto estava sendo tentado no deserto. Jesus
não pediu a Deus que aliviasse os ataques; Ele lidou sozinho com o diabo,
firmemente e diretamente.
220 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

A SUBSTITUIÇÃO DE ELIAS
Encorajo você a ler 1 Reis 17-19. Você verá uma experiência com a
intimidação, parecida com a minha, que Elias teve com a rainha de Israel,
Jezabel.
Esse grande profeta havia confrontado ousadamente a nação de Israel
no Monte Carmelo — uma oposição de 850 falsos profetas, o rei Acabe e
os membros da realeza. Diante da nação inteira, Deus havia respondido a
oração de Elias com fogo. Elias tinha inclusive instruído o povo a matar
todos os falsos profetas. Elias estava operando poderosamente em seu dom!
Depois, ele orou e a seca de três anos e meio acabou. E, para completar, ele
ultrapassou uma carroça real correndo! Tudo isso aconteceu em um dia!
Que dia na obra do Senhor!
Porém, antes de o sol se pôr, Jezabel ouviu sobre o que havia acontecido
e a verdadeira batalha começou:
Por isso Jezabel mandou um mensageiro a Elias para dizer-lhe: “Que
os deuses me castiguem com todo o rigor, se amanhã nesta hora eu não
fizer com a sua vida o que você fez com a deles. (1 Reis 19:2)
Antes de comentar sobre a ameaça de Jezabel, deixe-me dizer primeiro
que espíritos são similares a surfistas. Surfistas pegam onda; espíritos pegam
onda em palavras. A Bíblia nos diz: “Nenhuma arma forjada contra você
prosperará. Você silenciará toda voz de acusação que se levantar contra você.
Esta é a herança dos servos do Senhor” (Isaías 54:17, tradução livre do inglês).
Note que nós devemos silenciar toda voz que se levanta contra nós. É nossa
função, e não de Deus. Jesus não pediu a Deus que silenciasse Satanás no
deserto. Então, também devemos agir assim quando formos atacados.
Obviamente, as palavras de Jezabel carregavam um espírito pesado de
intimidação. Quando sua mensagem chegou até Elias, veja a reação dele:
“Elias teve medo e fugiu para salvar a vida” (1 Reis 19:3).
Aquele homem, que havia confrontado a nação, os falsos profetas, e o
rei, agora foge. Ele percorreu toda a nação em direção a uma jornada de
um dia no deserto, sentou-se sob uma árvore e orou pedindo para morrer.
IMPEDIMENTOS PARA A MULTIPLICAÇÃO II 221

Uau, é a mesma pessoa? O que está acontecendo? Ele está obviamente


confuso, deprimido, sem esperança e perdeu a visão. Esses são os sintomas
de um espírito intimidador. A triste realidade é que a maioria das pessoas
lidam com os sintomas ao invés de lidar com o espírito por trás deles.
Em ignorância, eu também lutei contra esses sintomas por anos antes
daquela noite em que Deus expôs como aquele espírito mau estava agindo.
Eu estava tropeçando em meu chamado e não conseguia entender por quê.
Elias havia desistido, então Deus enviou o profeta deprimido numa
jornada. Um anjo apareceu a ele e lhe deu comida para uma longa viagem
de quarenta dias ao Monte Sinai. Quando ele chegou, a primeira coisa que
Deus perguntou foi: “O que você está fazendo aqui, Elias?” (1 Reis 19:9).
O quê? Espera aí! Deus havia instruído o anjo a lhe dar comida para a
viagem, então Elias fez a jornada. Porém, ao chegar, Deus pergunta por que
ele está lá. Será que Deus é esquizofrênico?
Não, aqui está algo que devemos perceber. Quando somos vencidos
pela intimidação, muitas vezes Deus nos envia para um lugar neutro para
ministrar ao nosso coração, pois Ele nos ama. Eu era ignorante em relação
ao que estava ocorrendo naqueles cultos, mas acho que foi diferente com
Elias. Ele sabia como confrontar oposição com ousadia, mas estava com
medo daquela rainha.
A verdadeira pergunta agora se torna: O que estava por trás da pergunta
de Deus? Deus estava indagando por que Elias não confrontou a rainha,
pois era ela quem estava liderando todo o mal. Ela precisava ser parada,
mas, ao contrário, Elias fugiu dela.
Ao invés de responder a pergunta por trás da pergunta, Elias mudou de
assunto, reclamando que ele era o único fiel a Deus que havia restado. É
clássica história triste:
Tenho sido muito zeloso pelo Senhor, o Deus dos Exércitos. Os
israelitas rejeitaram a tua aliança, quebraram os teus altares, e mataram
os teus profetas à espada. Sou o único que sobrou, e agora também
estão procurando matar-me. (1 Reis 19:10)
222 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Deus ignorou completamente essa resposta e mais uma vez repetiu


a pergunta: “O que você está fazendo aqui, Elias?” (1 Reis 19:13). E,
novamente, Elias contou a mesma história triste (ver versículo 14). Ele
havia desistido e não queria lidar com o mal por trás do mal.
Deus mais uma vez ignorou completa e totalmente sua história de
“coitadinho de mim” e deu uma ordem chocante:
Volte pelo caminho por onde veio, e vá para o deserto de Damasco.
Chegando lá, unja Hazael como rei da Síria. Unja também Jeú, filho de
Ninsi, como rei de Israel, e unja Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá,
para suceder a você como profeta.
Você percebeu as últimas palavras “suceder a você como profeta”?
Deus estava substituindo Elias porque ele havia sucumbido à intimidação
e se deixado vencer por ela. Se continuarmos lendo o segundo livro de
Reis, veremos que Elias passou a maior parte dos quatro anos seguintes
treinando seu substituto. Além disso, há mais notícias chocantes: Ele não
ungiu Hazael nem Jeú. Seu substituto, Eliseu teve que fazer isso.
Eliseu não era intimidado em nenhum nível. Ele era corajoso e não
recuava diante de nenhuma maldade. Deus diz sobre ele: “Eliseu matará
todo aquele que escapar da espada de Jeú” (1 Reis 19:17). Ente Jeú e
Eliseu, a dinastia pecaminosa de Acabe e Jezabel foi derrubada. Creio que
originalmente era tarefa de Elias fazer isso, mas por causa da intimidação,
o destino foi alterado.
Admitimos que Elias, diferentemente do servo preguiçoso, conhecia o
caráter de Deus. Porém, sua batalha mostra claramente o que o medo e
intimidação podem fazer em relação ao nosso dom e chamado.
É muito importante decidir firmemente não se render diante do medo e da
intimidação. Deus irá nos apoiar quando enfrentarmos essas forças. É possível
vencê-las, mas temos que destruí-las com a Palavra e as promessas de Deus.
Repito: Deus é por você. Ele acredita em você. Ele quer que você floresça
nos dons que colocou na sua vida. Não recue. Não permita que ninguém o
detenha da sua missão e do seu destino.
REFLETINDO
1. O medo tem sido o ladrão de muitos sonhos. Ele é traiçoeiro,
tenta tomar o controle e, se não lidarmos corretamente com ele,
nosso destino pode ser alterado. De que maneiras o medo tem
tentado mudar o seu destino?

2. Timóteo foi advertido a não negligenciar seu dom. Por que é


perigoso ignorar nosso dom? Dentre os exemplos listados, qual
motivo de negligência teve mais a ver com você? Por quê?

3. A intimidação é um espírito. De que formas você já encontrou


esse espírito? Como esse espírito deve ser vencido e derrotado?
Cada um examine com cuidado a si
mesmo e a maneira segundo a qual
está cumprindo a missão que recebeu e
dedique atenção total a ela... Cada um
precisa assumir o compromisso de fazer o
melhor que puder com sua vida.

Gálatas 6:4-5, A Mensagem


14

DESCUBRA E
DESENVOLVA
OS SEUS DONS

A
gora iremos falar sobre descobrir e desenvolver os dons
que recebemos de Deus. Como já foi mencionado antes,
minha intenção não é discutir sobre desenvolver talentos e
habilidades naturais. Com bastante prática, quase todo mundo pode se
tornar proficiente em praticamente qualquer coisa.
Meus familiares talvez discordem disso no que diz respeito a cantar,
e talvez estejam certos. Então, deixe-me citar um exemplo real: Se eu
praticasse um instrumento por dez mil horas, talvez pudesse passar de um
músico terrível para um mediano. Meu tempo e esforço podem até tornar
agradável o som do meu piano ou do meu violão, mas após toda minha
prática e meu foco, ainda assim não seria um charisma que impulsiona meu
chamado para edificar o Reino de Deus.

O ENVOLVIMENTO DE DEUS
Na primeira parte deste capítulo, focaremos nas palavras de Paulo:
“examine com cuidado a si mesmo e a maneira segundo a qual está
cumprindo a missão que recebeu”. Não existem fórmulas para descobrir o
seu chamado e os dons que o acompanham. Apesar de haver vários recursos
226 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

que pode lhe ajudar a descobrir em quê você é bom, quando se trata de
causar um impacto eterno, você precisa da assistência do seu Criador para
revelar o seu chamado e charisma.
Às vezes, é fácil perceber o envolvimento direto de Deus na descoberta
de dons, assim como quando Ele me disse para começar a escrever. Eu
nunca teria tentado escrever se não tivesse recebido aquela palavra em
oração naquela manhã de verão em 1991. Nenhum livro ou curso teria me
convencido a escrever, e eu com certeza não teria escrito nada sem querer.
Outro exemplo: o Rei Davi nunca teria descoberto que era um guerreiro
se não tivesse protegido suas ovelhas do urso e do leão. Depois que isso
aconteceu, surgiu a necessidade de alguém libertar Israel dos filisteus. Para
Davi, aqueles predadores ameaçadores de antes haviam sido apenas um
treinamento para lutar contra Golias, já que o restante dos israelitas havia
se escondido. Deus permitiu que Davi descobrisse seu dom por causa das
necessidades ao seu redor.
Se pensarmos em Gideão, ele era mais parecido comigo. Deus precisou
convencê-lo através de várias lãs de que ele era chamado para ser um
guerreiro.
Partindo do início, é crítico buscar e crer no envolvimento de Deus na
descoberta do seu charisma. A Bíblia diz que Deus recompensa aqueles que
O buscam diligentemente em fé. Não diz que Deus recompensa aqueles que
O buscam casualmente por curiosidade ou porque estão com alguma dúvida
(paráfrase do autor de Hebreus 11:6). Nessa mesma linha, Jesus nos diz:
Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta
lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e
àquele que bate, a porta será aberta. (Mateus 7:7-8)

Devemos ter um desejo apaixonado por conhecer nosso charisma.


Espero que este livro esteja alimentando um desejo ardente em você de
descobrir e se engajar em seus dons. Este anseio irá impedir que a sua
busca, o seu pedido e o seu bater à porta seja indiferente. Ao contrário, você
DESCUBRA E DESENVOLVA OS SEUS DONS 227

será persistente, assim como Jesus diz acima. Não é que Deus esteja retendo
algo de você. Ele quer que uma paixão seja desenvolvida no seu interior por
aquilo que você está pedindo.
No Ensino Médio, eu queria um telescópio potente porque eu amava
astronomia e queria estudar o céu à noite. Um bom escopo custava além do
que eu poderia pagar, mas continuei lendo livros e revistas de astronomia.
Eu pegava quatro ou cinco por vez na biblioteca; lia-os no meu tempo livre,
e às vezes até mais de uma vez antes de devolvê-los e pegar mais. A leitura
desenvolvia um desejo maior ainda de ter um telescópio.
Eventualmente, minha paixão me levou a inventar uma ideia diferente
para arrecadar dinheiro para o telescópio dos meus sonhos. Eu era
instrutor de tênis num clube e dava aulas somente durantes as férias de
verão. Fiz algo que nunca havia sido feito em nosso clube antes. Com a
permissão da direção, bolei um plano de oferecer aulas particulares depois
da escola durante o outono. Se desse certo, eu teria dinheiro suficiente para
comprar o telescópio. E deu! Acredite, nunca deixei aquele telescópio de
lado. Se alguém simplesmente tivesse me dado um telescópio antes de o
meu desejo ter se tornado tão intenso, talvez eu o deixaria de lado depois
que a empolgação passasse.
Deus não tem dificuldades de ouvir. Ele não está retendo nada. Deus
deseja que você não menospreze os dons que Ele lhe dá para edificar o
povo Dele. A sua paixão precisa ser mais forte do que a adversidade que
você enfrenta na busca dos seus sonhos. Então, deixe o desejo crescer, e a
espontaneidade irá manter a sua busca ardente por conhecer os seus dons
e o seu charisma.
Além disso, devemos perceber que não há uma forma padrão como
Deus nos responde; para cada filho, é diferente. Às vezes fico confuso
porque sempre falamos sobre ter um “relacionamento pessoal” com Jesus,
mas no que diz respeito a ouvir Deus, neste caso entender nossos dons ou
charisma, queremos uma fórmula padrão. Deus quer que seja pessoal. Ele
228 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

quer que seja algo especial entre você e Ele. Deus não responde as orações
de cada um de Seus preciosos filhos exatamente da mesma forma. É por
isso que Jesus nos instrui a continuar pedindo, buscando e batendo. Há
uma “busca” de Sua vontade que na realidade nos faz muito bem.
Em nossa busca, devemos fazer perguntas a nós mesmos e aos outros.
Tudo isso faz parte do processo de busca. Não estamos procurando pela
sabedoria do homem, mas pela voz de Deus dentro das vozes daqueles com
quem falamos.
É importante que saibamos com quem conversar. Temos que encontrar os
que são encorajadores, porém não têm medo de falar a verdade. Eu gostaria de
dizer que existem muitas dessas pessoas, mas são raras. Eu conheço pessoas
que posso procurar que sempre irão me dizer o que quero ouvir. E também
existem aquelas que são pessimistas, críticas e negativas a respeito de quase
tudo. Elas não têm visão. Então, evite ambas. Encontre a pessoa que tem fé e
é madura e sábia. Encontre um pai ou uma mãe na fé, ou alguém sábio que
já caminhou pela sua fase na jornada, cometeu erros e aprendeu com eles.
É importante que aqueles com quem você se abre evitem se tornar
fatigados ou cínicos, pois essas atitudes desdenhosas são alimentadas por
aqueles que guardam ofensa. Procure por alguém que seja rápido em perdoar,
que não fique preso na religião mecânica, mas progride com o tempo e os
novos moveres do Espírito de Deus. E, o mais importante, deve ser alguém
que enxerga as coisas com uma perspectiva eterna. Quando você encontrar
essa pessoa, faça o que puder para manter e valorizar o relacionamento.
Há muitas pessoas que são sábias para o mundo, mas não têm a
perspectiva eterna. Você só pode confiar no conselho delas em certo nível.
Cuidado ao ouvi-las, e sempre filtre o conselho delas através da Palavra de
Deus e de oração.
Pais e mães, cônjuge, e pastores deveriam estar na sua lista de interesse
porque geralmente dão conselhos sábios, apesar de haver exceções.
Quando eu era jovem, compartilhei com meu pai o sonho de trabalhar no
ministério. A geração dele é bem rigorosa a respeito de não arriscar (o que
DESCUBRA E DESENVOLVA OS SEUS DONS 229

é uma fraqueza quando vivemos uma vida de fé). Meu pai disse: “Filho,
não há segurança nesse caminho”. Ele sugeriu que eu seguisse a engenharia
porque eu era bom em matemática e ciências, e também porque ele foi
engenheiro por quarenta anos. Foi uma escolha de carreira segura. Eu não
percebi que estava me inscrevendo para seis anos de tristeza na faculdade!
Apesar de ter facilidade nessas matérias, eu não era feliz porque não era o
chamado de Deus na minha vida.
Meu primeiro emprego como engenheiro foi quando trabalhei para a
IBM. Um dia, meu chefe me chamou em seu escritório e disse: “Bevere, o
que você está fazendo na engenharia? Você é alguém que gosta de estar com
pessoas; você deveria estar em algum ramo que envolve interação com os
outros.” Ministros conhecidos também me chamavam em grandes reuniões
e diziam: “Vejo o chamado de Deus sobre você para pregar o Evangelho”.
Em meu tempo sozinho com Deus, Ele continuamente atraía o meu
coração para o ministério, apesar de eu não querer ter nada a ver com isso.
Todos os ministros que eu já tinha conhecido pareciam estranhos. Porém,
meu coração ainda estava sensível ao nosso Criador. Antes de ser salvo, fui
para um seminário católico por uma semana e realmente senti como se
eu fosse chamado para o ministério. Porém, fiquei assustado de, como um
padre, não poder me casar.
Entretanto, vez após vez continuei recebendo confirmação, o que por fim
me ajudou a deixar o conselho do meu pai de lado. Eu o respeitava demais,
o que agradava a Deus, mas sabia que algo não estava bem encaixado
durante a faculdade e depois quando estava no mercado de trabalho como
engenheiro. Como eu vinha perguntando e buscando pela direção de Deus
continuamente, Ele não permitiria que eu fosse mal direcionado (nem mesmo
pelo meu próprio pai bem-intencionado) e mostrou Sua vontade claramente.
Quando tudo ficou claro para mim, eu tinha uma paixão ardente
resultante de mais de um ano e meio de busca. E também faltavam três
semestres para conseguir meu diploma de engenharia. Decidi terminar e
buscar o ministério depois que me formasse. Foi uma boa decisão, pois
230 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

aprendi estratégias que o seminário bíblico nunca teria me ensinado. Deus


irá usar todas as experiências para nos treinar!
Outro elemento muito importante para a descoberta do seu dom é estar
plantado numa igreja local. A Bíblia diz: “Aqueles que estão plantados na
casa do Senhor florescerão” (Salmos 92:13). Se você plantar uma semente
de algodão, não verá abóbora crescendo no solo. O solo é a uma igreja local
saudável, e quando você é comprometido, os dons que Deus lhe deu irão se
manifestar lá. Independentemente de você ser chamado para o mercado de
trabalho, a educação, o governo, os esportes ou qualquer outro ramo, você
irá florescer. Esse é o plano de Deus.

PERGUNTAS PARA FAZER A SI MESMO


E A AMIGOS SÁBIOS
Voltemos nosso foco para fazer perguntas tanto a nós mesmo como a
amigos cheios de sabedoria. As perguntas certas feitas às pessoas certas
podem ajudar a reconhecer o seu dom. Aqui estão alguns exemplos.

Você é naturalmente bom em quê?

Este é um bom início. Talvez o seu dom seja compreender bem os


números, construir frases eloquentes, construir coisas, criar vídeos,
desenhar roupas, ou organizar eventos. Talvez você tenha habilidades
atléticas naturais, um bom olfato ou um bom olho para detalhes. O que
quer que seja, identifique as suas forças.
Se você é afinado e tem o desejo de levar as pessoas à presença de Deus,
isso pode ser um bom indicador de que você pode ser chamado para o
louvor ou para estar envolvido em algum outro tipo de ministério musical.
O mesmo vale caso você tenha interesse no corpo humano e seja fascinado
pela medicina. Você definitivamente deveria perguntar a Deus se tem o
chamado para a área da saúde. A lista é infindável.
No entanto, essas indicações não devem ser a palavra final. Eu era um
jogador de tênis muito bom, comecei a jogar num time de uma escola da
DESCUBRA E DESENVOLVA OS SEUS DONS 231

Primeira Divisão da NCAA, e joguei no circuito USTA e na copa Junior


Davis. Como já mencionei, fui instrutor profissional de tênis por três anos
e também ganhei o campeonato estadual do ensino médio. Porém, em
oração, eu sabia que o tênis profissional não era o meu chamado.
Por outro lado, tenho um amigo, Aaron Baddeley, que é um jogador de
golfe fenomenal e está no PGA Tour. No entanto, em seu segundo ano, teve
dificuldades (quase não se reclassificou para voltar para o torneio seguinte
em 2005 porque terminou em 125° lugar na lista). Quase no final daquele
ano difícil, enquanto jogava em um torneio, ele estava hospedado em nossa
casa e, infelizmente, perdeu a classificação. Juntos, pegamos um avião
e fomos para Las Vegas, onde eu estava agendado para ministrar numa
conferência. Naquele culto, Deus falou ao coração dele quatro vezes: “Eu
não te chamei para o ministério. Eu te chamei para o golfe.”
Aaron estava resistindo dar seus esforços completamente ao golfe, pois
ele queria fazer o que eu fazia. Ele queria viajar e ministrar em conferências
parcialmente e jogar golfe parcialmente. Ele colocou em seu coração naquela
noite que iria se entregar totalmente ao seu dom e chamado. Dentro de dois
anos, ele alcançou o 16° nos rankings mundiais de golfe e eventualmente
venceu quatro torneios PGA e o Australia Masters. Ele está no tour há mais
de quinze anos e continua firme e forte. Sua influência cresceu, e ele tem
tido múltiplas oportunidades de ministrar e compartilhar mensagens com
muitos que não teriam entrado pelas portas de uma igreja.
Um pastor amigo meu, Al, tinha um homem em sua igreja anos atrás que
amava ensinar a Bíblia e era bom nisso. Ele queria ser um pastor pregador.
Ele também tinha uma habilidade singular de consertar carros. Ele recebeu
uma promessa de um cargo como pastor e mestre numa grande igreja em
outra parte da cidade. Ele convidou o Pastor Al para almoçar e contar a
novidade. Al é sábio e disse ao homem: “Quando oro por você, não sinto
que você seja chamado para ensinar a Bíblia em tempo integral. Você tem
um talento excepcional para trabalhar com carros.”
232 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

O homem não ouviu o conselho de seu pastor e foi para a outra igreja.
Um ano depois, o homem estava vivendo uma vida triste. A posição
de pastor pregador ainda não havia sido oferecida a ele oficialmente, seu
casamento estava em declínio, e ele estava com dificuldades financeiras.
Certo domingo na igreja, o Senhor falou com ele: “Eu nunca o chamei para
ser pastor, mas um mecânico que dá aulas bíblicas em sua igreja local.”
O homem voltou ao Pastor Al, arrependeu-se por não ouvir seu conselho
e voltou para sua igreja de origem. Ele voltou a focar em seu negócio de
consertar carros.
Certa noite, Deus deu ao homem um sonho em que ele estava
conectando um computador a um carro a fim de diagnosticar um problema
mecânico. Ele tinha um amigo que entendia de computadores, e os dois
criaram um dispositivo de teste computadorizado. Acabou que aquele
dispositivo de teste era capaz de identificar problemas automobilísticos
quatro vezes mais rapidamente que os métodos convencionais. Depois de
um tempo, esse homem abriu oficinas por toda a Carolina do Norte com
sua invenção única. Mais tarde, o homem foi até o Pastor Al, sorriu e disse:
“Sou chamado para consertar carros!”

O Que Enche Você de Energia?


Certo dia, minha assistente me pediu para manter um registro de “níveis
de energia” para minha rotina normal de trabalho semanal. Ela criou
a seguinte escala de pontuação: As tarefas que sugassem minha energia
receberiam -2; aquelas que sugassem pouca energia receberiam -1; aquelas
que me energizassem um pouco receberiam +1; e, finalmente, aquelas
coisas que me enchessem de energia receberiam +2.
Havia várias tarefas, como reuniões de departamento, viagens,
papelada, arrumar malas para viagens, dentre outras, que receberam
-2 e -1. Algumas receberam +1, mas as únicas duas coisas que eu
sinceramente poderia pontuar +2 eram ministrar e escrever. Fiquei
surpreso com os resultados.
DESCUBRA E DESENVOLVA OS SEUS DONS 233

Ao contemplar esses resultados, percebi que muitas vezes, quando


estou escrevendo, perco a noção de tempo completamente. Há vezes em
que começo a escrever de manhã cedo e não percebo que já está de tarde.
Geralmente, fico mentalmente cansado após escrever tanto, mas também
fico energizado.
A mesma coisa acontece quando estou pregando. Na época em que não
tínhamos limite de tempo, eu muitas vezes me pegava pregando por mais
de duas horas. Pareciam trinta minutos para mim, mas não sei o que meu
público pensava!
Já vi nosso filho criativo, Alec, trabalhar em projetos inovadores durante
horas sem noção nenhuma do tempo. Ele tem sido excelente em nosso
departamento de criação. Já vi Lisa interagir por horas com mulheres após
suas ministrações e perder todo o conceito de tempo. Ela fica energizada
com conversas edificantes.
Albert Einstein trabalhava por horas e horas. Quando ficava fisicamente
exausto, pegava uma bandeja de metal e sentava-se numa cadeira segurando
a bandeja nas mãos apoiada nos joelhos. Quando ele estava prestes a cair
em sono profundo, a bandeja escorregava de suas mãos e caía no chão. O
barulho alto da bandeja atingindo o chão o acordava, e ele voltava a trabalhar.
Essa é uma maneira bem fácil de determinar o seu chamado: O seu
verdadeiro dom irá energizá-lo, apesar de poder deixá-lo mentalmente ou
fisicamente cansado após longas tarefas. Para aqueles que já descobriram
seu verdadeiro dom, as horas de ensaio, competição ou trabalho podem
parecer minutos. Então, pergunte a si mesmo: “O que me energiza e
periodicamente faz com que eu perca a noção do tempo?”
A sua resposta é uma boa indicação de onde se encontra o seu dom.

Você É Atraído Pelo Quê?


O que atrai o seu interesse? O que faz com que você fique animado?
Quando você canta, o seu coração se enche de alegria? Você se pega
cantando quando ninguém mais está? Eu sei que quando eu canto, é um
234 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

grande esforço para mim e fico cansado rapidamente. Não é o meu dom.
Eu não conseguiria sentar-me numa sala e criar harmonizações e compor
canções com outras pessoas. Não tenho interesse nessas coisas, mas
conheço pessoas que amam.
Quais revistas despertam o seu interesse? Quais vídeos do YouTube
você mais gosta de assistir? O que faz você parar quando está rolando a
página do Pinterest? Quais livros chamam a sua atenção nas prateleiras de
uma livraria?
Aqui vai uma pergunta importante: O que você seria atraído a
fazer mesmo sem ser pago por isso? A maioria dos atletas profissionais
praticariam seu esporte mesmo sem serem pagos. Meu pai sentava comigo
nas manhãs de sábado e me falava como um sistema de vapor ou alguma
outra máquina funcionava. Lembro-me de um sábado de manhã em que
ele passou mais de uma hora desenhando e explicando como uma caldeira
funcionava. Aquilo me dava lágrimas de tédio, e eu devia ter descoberto
ali que meu chamado não era ser engenheiro! Eu amava tanto meu pai
que nunca tive coragem de lhe dizer que odiava aquelas sessões. Cometi o
enorme erro de seguir a engenharia a fim de buscar segurança financeira.
Não cometa o mesmo erro.
Quantas pessoas são infelizes em seu trabalho porque o fazem por uma
única razão — receber um pagamento?
Como mencionei anteriormente, anos atrás quando a esposa do meu
pastor me disse que não tinham como me pagar o suficiente, minha resposta
foi: “Não, tem sim!” Eu estava disposto a trabalhar por um salário menor,
pois era atraído por aquele tipo de ministério. Quando estava trabalhando,
setenta horas semanais servindo meu pastor e seus convidados pareciam
nada para mim. Eu muitas vezes dizia à Lisa que eu deveria estar pagando
meus pastores por me permitirem servi-los, ao invés de ser pago por eles.
Eu hesito escrever isso porque há um risco de você achar que estou me
gabando, mas espero que você escolha acreditar que a minha motivação
é ajudar. Quando iniciamos no ministério, Lisa e eu decidimos que os
DESCUBRA E DESENVOLVA OS SEUS DONS 235

royalties dos meus livros iriam para a Messenger International. Até agora, já
escrevi mais de vinte livros e cada um levou entre 400 e 450 horas de escrita
e edição. Isso significa que já investi quase nove mil horas em escrita. Isso
equivale a mais de três anos escrevendo durante oito horas por dia, inclusive
finais de semana. Basicamente, não fui pago nesses três anos. Fiz porque é o
meu dom e avança o meu chamado.
Posso sinceramente dizer que, se eu tivesse que escolher entre fazer isso
e receber 200 mil dólares por ano como engenheiro, eu faria tudo isso de
novo sem pensar duas vezes. É por isso que o apóstolo Paulo escreve:
Por isso, se eu faço o meu trabalho por minha própria vontade, então
posso esperar algum pagamento. Porém, se faço como um dever, é
porque é um trabalho que Deus me deu para fazer. Nesse caso, qual
é o pagamento que recebo? É a satisfação de anunciar o Evangelho
sem cobrar nada e sem exigir os direitos que tenho como pregador do
Evangelho. (1 Coríntios 9:17-18, NTLH)

A Quem Você é Atraído?

Reconhecer a quem você é atraído também revela muito sobre o seu


chamado e os seus dons. Certas pessoas despertam e destravam os dons
dentro de você. Encontre a sua tribo — aqueles que compartilham de dons
e chamados similares aos seus. Eles se tornarão fundamentais em entender
quem você é e como Deus lhe deu seus dons. A sua tribo deve ser pessoas
que o aceitam e o entendem.
Eu amo sentar-me com outros ministros e conversar sobre as aventuras
e os desafios do ministério e, é claro, sobre a Palavra de Deus. Também amo
me sentar com empreendedores e empresários. Essas são as áreas de força
na minha vida.
Administrar uma instituição ministerial tem muitas similaridades
com administrar um negócio. Lisa e eu tivemos que ser empreendedores.
Quando éramos jovens, não havia nenhum ministério conhecido parecido
236 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

com o que queríamos fazer; ninguém cujo padrão poderíamos seguir.


Tivemos que abrir um caminho. Por esta razão, empreendedores no mundo
dos negócios sempre despertaram coisas em mim que me ajudaram, de
forma mais proficiente, a fazer o que somos chamados para fazer.
Se você ama design de interiores, você se sentirá bem ao redor de outros
designers. Se você é médico, se sentirá estimulado ao conversar com outros
médicos. Se é músico, outros músicos irão ajudar a sacudir o seu dom.
Eu poderia continuar sem parar; encontrar a sua tribo pode ajudar você a
identificar, e até esticar, o seu dom.
Mais uma vez, é importante lembrar que nenhuma das respostas dessas
perguntas pode se destacar do seu tempo pessoal de busca a Deus pelo
que Ele o chamou especificamente para fazer. Se eu tivesse dado ouvidos
a maioria dos ministros que me deram palavras durante meus anos de
formação, teria escolhido uma cidade e iniciado uma igreja como pastor.
Muito poucos podiam ver o chamado e dons únicos e diferentes que estavam
sobre mim e Lisa. Por outro lado, houve alguns sábios que ajudaram a nos
conduzir na direção que sentíamos em nosso coração.

DESENVOLVA O SEU DOM


Agora, voltemos nossa atenção à segunda metade do nosso versículo
de abertura: “Cada um precisa assumir o compromisso de fazer o melhor
que puder com sua vida” (Gálatas 6:5, A Mensagem). Deus deu a cada
um de nós o potencial de construir nossa vida, o que ajuda a edificar Seu
Reino. Porém, uma hora ou outra, todos nós temos que encarar o fato de
que não é o bastante simplesmente possuir o potencial — ele tem que ser
concretizado.
Quão triste seria chegarmos ao final da vida sabendo que ainda tínhamos
mais para contribuir? No trono do julgamento, a dor do arrependimento
seria insuportável ao vermos o que poderia ter sido feito, ou pior, as vidas
que nunca impactamos devido à nossa negligência de desenvolver o que
Deus havia confiado a nós.
DESCUBRA E DESENVOLVA OS SEUS DONS 237

Decida agora — que você morrerá vazio, sem ter retido nada. Você terá
derramado tudo que havia em você até ficar vazio. O mundo precisa do que
você tem — os dons que Deus lhe deu.
Uma revelação interessante sobre a realidade de nossos dons é
encontrada em Provérbios 18:16:
O dom de um homem abre o caminho para ele,
E o leva diante dos grandes. (Tradução livre da NKJV em inglês)

O seu dom “abre o caminho” para você e o leva diante de pessoas


importantes. Abrir o caminho significa “criar espaço”. O “espaço” do qual
estamos falando aqui é duplo. Primeiro, o seu dom abre espaço para que
você cumpra o seu potencial — criando um espaço entre onde você está e
onde poderia estar. Em segundo lugar, o seu dom abre espaço para você ser
promovido a novos níveis do seu destino. Tenha em mente que, com cada
promoção, um padrão mais alto de habilidade é exigido. Mais uma vez,
Salomão escreve:
Se você for habilidoso em seu trabalho, será elevado e promovido. Não
será retido. (Provérbios 22:29, tradução livre da TPT em inglês)

Pense sobre Davi. Em 1 Samuel 16, vemos o relato do Rei Saul sendo
atormentado por um espírito mau, pois o Espírito do Senhor havia se
retirado dele. Desesperado por alívio, Saul deu ordens a seus servos para
que lhe trouxessem um músico habilidoso.
Um dos jovens servos respondeu: “Jessé, da cidade de Belém, tem um
filho que toca habilidosamente” (1 Samuel 16:18, tradução livre da AMPC
em inglês). Davi não só era alguém com dom musical, mas era habilidoso.
O que o tornava habilidoso? Seu dom estava desenvolvido e, portanto, o
caminho foi aberto para que ele avançasse em seu chamado.
Será que muitos não estão progredindo em seu chamado porque seus
dons não estão desenvolvidos? Será que o grau em que nossos dons estão
desenvolvidos determina a extensão na qual podemos ser promovidos?
238 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Voltemos para as palavras de Paulo a Timóteo que citamos no capítulo


anterior. Porém, dessa vez iremos continuar até o remédio sugerido para
seu filho espiritual:
Não negligencie o dom que está em você, [aquele talento interior
especial] que foi concedido diretamente a você... Pratique e cultive e
medite nessas tarefas; lance a si mesmo completamente a elas [como seu
ministério], para que o seu progresso seja evidente a todos. (1 Timóteo
4:14-15, tradução livre da AMPC em inglês)
Há muito que aprender com essas sábias palavras. Nós observamos
homens e mulheres que são excelentes em seu campo de atuação. Às vezes,
é fácil justificar o sucesso deles dizendo: “Eles nasceram com um dom
especial”. O fato é que eles, assim como você, realmente nasceram com um
dom, e eles escolheram desenvolvê-lo. Ou seja, só porque não os vemos
aperfeiçoar seus dons, não significa que não se dedicaram a isso.
Como mencionado no capítulo anterior, Paulo começa advertindo
Timóteo a não negligenciar o dom que recebeu de Deus. Nós negligenciamos
nosso dom quando damos pouca atenção a ele. É dito a Timóteo que seu
progresso se tornaria evidente ao investir no desenvolvimento de seu dom,
o que Paulo escreveu que aconteceria através de prática, cultivo e meditação.
Examinemos brevemente cada um desses.

PRÁTICA
Praticar significa “realizar ou trabalhar repetidamente a fim de se tornar
proficiente”, de acordo com o Dicionário Merriam-Webster. A prática
particular determina nosso desempenho em público, pois sempre iremos
executar de acordo com o nível da nossa prática. É fácil nos admirarmos
com uma performance espetacular em público, mas não levar em conta as
semanas, os meses, e os anos de treinamento e trabalho árduo dedicados
àquele nível de prática contínua.
De acordo com os especialistas na ciência do comportamento e do
desempenho humano, é preciso aproximadamente dez mil horas de
DESCUBRA E DESENVOLVA OS SEUS DONS 239

prática para se tornar proficiente e dominar uma habilidade específica.


Porém, o professor K. Anders Ericsson da Florida State University desafia
crenças tradicionais que dizem que “a prática aperfeiçoa”. O professor vai
além ao revelar que não é suficiente praticar por dez mil horas a menos
que essas horas de prática tenham o foco de aprimoramento, ao invés de
simplesmente fazer movimentos. Ele caracterizou esse tipo de prático como
“prática intencionada”. Ele escreveu:
Então aqui temos um resumo da prática intencionada: Saia da sua
zona de conforto, mas faça isso de forma focada, com metas claras, um
plano para alcançar essas metas, e uma maneira de monitorar o seu
progresso.21

Nunca cresceremos se não nos forçarmos a ir além do nosso nível de


conforto e habilidade. Sem intencionalidade, há o perigo de alcançarmos o
nível de “bom o suficiente” e nos tornarmos complacentes facilmente. Daí,
é só uma questão de tempo para que nossa prática se torne descuidada, o
que no final causará um efeito negativo em nosso desempenho e impedirá
nossa multiplicação.
Desenvolver a sua área de força é libertador, não limitador. Aumenta o seu
potencial para multiplicar. Isso não significa que não trabalhamos em áreas
de fraqueza nem adquirimos novas habilidades; significa que estamos focados
e investimos nas áreas que renderão o maior retorno sobre nosso potencial.
Eu recomendo aprender novas habilidades, mas sem negligenciar as
áreas do seu chamado.
A conclusão é: Crescimento não é automático; requer intencionalidade.
A menos que estejamos praticando continuamente a fim de sermos
“habilidosos” em nossos dons, nunca nos daremos conta de nosso potencial
completo. É por isso que temos que permanecer comprometidos com o
crescimento pessoal. A maioria das pessoas quer fazer grandes coisas na
vida, mas nem todas estão dispostas a investir o trabalho necessário para
se aprimorar. Praticar é pagar o preço que produz grandes recompensas.
240 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

CULTIVO
A prática é algo prático, enquanto o cultivo é mais educacional. “Cultivar”
significa “desenvolver ou aprimorar através de educação ou treinamento;
promover o crescimento e o desenvolvimento de algo.”22
Quando considerar a palavra cultivar, pense em coaching. Coaching é
crítico para o seu crescimento e desenvolvimento pessoal, pois oferece crítica
construtiva e direcionamento que você não pode adquirir sozinho. Todos
que são excelentes em seus talentos recebem treinamento e direcionamento
de outros ao longo de sua jornada. O elemento maravilhoso de um coach
é que ele vê o seu potencial e se compromete a tirá-lo de dentro de você,
ainda que seja preciso pegar pesado!
Coaching pode acontecer entre mentor e aprendiz, pai e filhos, mãe e filhos,
professor e aluno, relacionamentos de coaching, aprendizados, estágios,
e indiretamente a partir de livros, cursos e materiais abundantemente
disponíveis a nós.
Outra forma de receber educação na área do seu dom é reunindo-se
com pessoas que compartilham de dons similares. Mais uma vez, como
mencionado anteriormente, isso muitas vezes se refere a “encontrar a sua
tribo”. Quando estamos na presença daqueles que compartilham de talentos
e paixões similares, temos a oportunidade de colaborar e inovar juntos.
Durante as décadas de 1930 e 1940, um grupo de escritores, conhecidos
como The Inklings, reuniam-se numa sala particular de um pub nos
arredores da Universidade de Oxford. Dentre aqueles entusiastas literários
estavam C.S. Lewis e J.R.R. Tolkien. O propósito daquelas reuniões era ler e
criticar as obras inacabadas dos membros, e foi a partir disso que surgiram
as inspirações para O Senhor dos Anéis de Tolkien e As Crônicas de Nárnia
de C.S. Lewis. Que tribo incrível!

MEDITAÇÃO
“Meditar” significa “refletir; contemplar”. Certo crescimento só pode
ocorrer quando dedicamos um tempo para parar e refletir sobre as lições
DESCUBRA E DESENVOLVA OS SEUS DONS 241

que estamos aprendendo. Quando monitoramos nosso crescimento de


forma sincera e nos permitimos ter tempo para avaliar nosso progresso e
desempenho, nós nos posicionamos para nos tornarmos conscientes das
áreas específicas que precisam de atenção ou aprimoramento.
Meu amigo John Maxwell muitas vezes lembra seu público e seus leitores
de que a experiência não é a melhor professora, mas sim a experiência
avaliada. À medida que você reflete sobre o seu progresso, absorva o
feedback que receber de coaches e colegas, e também pense sobre formas
inovadoras de aprimorar e utilizar os seus dons. Faça a si mesmo e a Deus as
perguntas certas: O que eu preciso mudar? Quais têm sido minhas maiores
áreas de crescimento? Quais são as áreas as quais preciso dar mais atenção?
O que é preciso para que eu possa avançar para um novo nível?
Tempo de reflexão nunca é tempo perdido.

NÃO RETENHA NADA


Por fim, revisitemos as palavras de Paulo a Timóteo:
Pratique e cultive e medite sobre essas responsabilidades; lance-se
completamente a elas [como um ministério], para que o seu progresso
seja evidente a todos. (1 Timóteo 4:15, tradução livre da AMPC em
inglês)

Tudo que discutimos depende de nos doarmos totalmente ao que


Deus nos chamou e nos capacitou para fazer. O seu chamado requer o seu
comprometimento total. À medida que nos doamos de todo coração ao
que Deus nos confiou, nosso progresso se tornará evidente a todos e nós
multiplicaremos nosso potencial.
Cada um de nós é responsável por administrar nossos dons e fazer
o melhor que podemos com as nossas próprias vidas. Até agora, vimos
que o nível de desenvolvimento dos nossos dons determinará o nível
em que podemos avançar na esfera do nosso chamado e multiplicar
nossa eficácia.
242 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Nós temos uma chance nesta vida para dar tudo que temos. Não
retenhamos nada, e nos esvaziemos, derramando nosso ser como um
presente de volta para Deus. Isso que é viver. É quando verdadeiramente
nos sentiremos vivos e experimentaremos a vida em sua totalidade.

REFLETINDO
1. Não há fórmulas para descobrir o seu chamado. Apesar de
haver vários materiais que podem ajudar a descobrir em quê
você é bom, localizar o seu chamado e os seus dons exigirão o
envolvimento de Deus. Você já buscou a Deus por discernimento
sobre os seus dons e chamado? O que Ele tem lhe mostrado?

2. Na busca por nosso chamado, devemos fazer perguntas a nós


mesmos e aos outros. Tudo isso faz parte do processo. Encontre
pessoas em quem você confia e pergunte-lhes o que veem em
você e sobre a sua vida.

3. Não é suficiente meramente ter potencial; ele deve ser explorado.


Por que é importante que você desenvolva os seus dons? O
que acontece quando os seus dons são intencionalmente
desenvolvidos e aprimorados?
Ora, é Deus que faz que nós e
vocês permaneçamos firmes em Cristo. Ele
nos ungiu.

— 2 Coríntios 1:21
15

UNGIDOS

D
urante um feriado de Ação de Graças recente, nossa família
estava sentada ao redor da mesa de jantar. Lisa havia feito um
banquete extraordinário. Estávamos todos gozando de seu
resplendor e aproveitando a companhia uns dos outros. Senti que, como
pai, eu precisava dizer algo à minha família, assim como a alguns dos
membros da nossa equipe que estava conosco.
Após fazer uma oração interior, uma palavra veio ao meu coração:
“Pessoal, agora tenho sessenta anos de idade e sinto, de muitas formas,
a responsabilidade do meu papel de pai de compartilhar um pouco de
sabedoria. Se vocês me perguntassem qual a coisa mais importante que
Lisa e eu fizemos na nossa caminhada com Deus nos últimos quarenta
anos, eu diria o seguinte: permanecer consistente.
“Tivemos muitas oportunidades ao longo dos anos de ‘jogar tudo pro
alto’. Tivemos também muitas oportunidades de comprometer a verdade
para obter ganho pessoal, autopromoção, ou para aliviar uma provação que
estávamos passando. Porém, escolhemos fazer da verdade a nossa âncora,
segurando-a não importa quão dolorosa fosse a circunstância.
246 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

“Jó fez uma declaração muito sábia em meio à turbulência que passou:
‘Eu ainda teria o consolo... de não ter negado as palavras do Santo’ (Jó 6:10).
Quando cometo erros (e já foram muitos), sou rápido em me arrepender
e pedir perdão a Deus e ao homem. Vejo agora as bênçãos abundantes
que vêm da obediência consistente à verdade, e são inacreditáveis. Deus
é cheio de graça.”

A UNÇÃO
Uma grande bênção resultante da constante submissão à verdade é a
“unção”. A fim de entender melhor, voltemo-nos à grande ordenação — o
dia em que Deus Pai anunciou Jesus como Rei do Céu e da Terra:
Amaste a justiça e aborreceste a iniquidade; por isso, Deus, o teu
Deus, te ungiu com óleo de alegria, mais do que a teus companheiros.
(Hebreus 1:9, ARC)

Preste atenção às palavras por isso, pois são cruciais para o entendimento
de uma verdade chave. A firmeza de Jesus em dois assuntos resultou em
grande benefício, e Seu exemplo deve ser nosso padrão. Jesus amava a
justiça. É a palavra grega dikaiosúne e é definida como “conformidade às
exigências da autoridade maior.”23 Porém, ao mesmo tempo, Ele odiava
a iniquidade. Há muitos cristãos que não gostam da iniquidade, mas
esse não é o coração de Jesus: Ele a odeia. A palavra grega é anomia,
que basicamente significa “desobediência à autoridade de Deus”. Ele
odiava qualquer coisa que tivesse a ver com se afastar da autoridade de
Deus. Ponto. A obediência constante de Jesus, independentemente das
dificuldades, era a razão por que a unção em Sua vida era mais poderosa
do que a de Seus companheiros.
Por que estou terminando este livro falando sobre a unção? A resposta
é simples, porém importante: A unção é o que alimenta as habilidades que
Deus nos deu para multiplicar eternamente. Pense nela como algo que
potencializa o seu dom. Permita-me dar dois exemplos breves.
UNGIDOS 247

Já ouvi pessoas com uma voz tremenda cujo canto eu apreciei, mas
vi outras com uma voz menos magnífica que tocaram meu coração mais
profundamente, o que resultou em transformação. A diferença era a unção.
Também já ouvi pessoas proferirem mensagens com conteúdo profundo,
enquanto já ouvi outras, com mensagens menos notáveis, que afetaram
profundamente meu coração, o que trouxe mudança de comportamento.
A diferença era a unção.
O mesmo efeito é válido para todos os servos de Deus, independentemente
do campo de seu chamado, seja no governo, nos negócios, nas artes, na
educação e daí por diante. O Rei Davi fez a seguinte declaração:
Mas meu chifre (emblema de força excessiva e graça imponente)
Tens exaltado como um boi selvagem; sou ungido com óleo fresco.
(Salmos 92:10, tradução livre da AMPC em inglês)

As palavras dele são muito reveladoras. Ao examinar alguns dos principais


comentários sobre esse versículo, encontrei uma concordância mútua de que
a ênfase não é o “boi selvagem”, mas a ideia de que “Tens me tornado muito
forte”. A unção traz alegria. Deus a chama de óleo de alegria, que de acordo
com as Escrituras é a nossa força (ver Neemias 8:10). Basicamente, o salmista
declara que a unção nos torna fortes. Ela potencializa e fortalece os dons em
nossa vida a fim de produzir frutos eternos.
Creio que esse é um dos aspectos não ditos e transformadores da parábola
dos talentos e das minas: o trabalho dos dois servos que multiplicaram foi
potencializado pela unção. Eu uso o termo “não ditos” porque esta verdade
é recolhida dos versículos anteriores. A fim de que eles multiplicassem, era
importante obedecer continuamente e odiar desobedecer às instruções de
seu senhor, atraindo, portanto, a unção de potencializar seus dons.
Davi faz menção de o óleo ser fresco. A unção não ocorre uma só vez,
mas, ao contrário, é uma bênção que começa e continua naquele que
caminha continuamente em submissão a Deus. Não é algo que se ganha em
um determinado momento e depois é ignorado, porque agora “já consegui”.
248 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Sansão tinha a unção, mas não a manteve fresca. Ele pecou e desobedeceu;
não odiou a iniquidade. Ele escapou das consequências algumas vezes, mas
eventualmente seu pecado o capturou. As Escrituras declaram:
E a sua força o deixou. Então ela [Dalila] chamou: “Sansão, os filisteus
o estão atacando!” Ele acordou do sono e pensou: “Sairei como antes
e me livrarei”. Mas não sabia que o Senhor o tinha deixado. (Juízes
16:19-20)

Sansão não sabia que a unção havia sido retirada. É por isso que Davi,
após sua desobediência a respeito de Betseba, ora fervorosamente:
Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um
espírito estável. Não me expulses da tua presença, nem tires de mim o
teu Santo Espírito. Devolve-me a alegria da tua salvação e sustenta-me
com um espírito pronto a obedecer. (Salmos 51:1-12)

O clamor do coração de Davi, seu grande apelo, era que a unção não
fosse removida de sua vida, e ele sabia que isso dependia de uma vida
estável ou consistente de obediência a Deus.
Continuemos a examinar a unção e a quem é dada. Veja novamente a
declaração de Paulo enfatizada na abertura deste capítulo:
Ora, é Deus que faz que nós e vocês permaneçamos firmes em Cristo.
Ele nos ungiu (2 Coríntios 1:21).

A palavra para “ungiu” aqui no grego é chríõ. Sua definição é “atribuir uma
tarefa a alguém, com a implicação de sanção, bênção e dons sobrenaturais
— ungir, atribuir, designar.”24
Existem palavras-chaves aqui que não podem ser ignoradas. A palavra
sanção é definida como “permissão ou aprovação de uma autoridade para
uma ação”. Falando de forma simples, a unção é a aprovação divina para
agir. Jesus declara: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois Ele me
ungiu para...” (Lucas 4:18). A unção era a aprovação de Deus sobre Jesus
para fazer algo. Da mesma maneira, o apóstolo Paulo declara: “Deus ungiu
UNGIDOS 249

Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, e Ele fez...” (Atos 10:38,
tradução livre da NKJV em inglês). Novamente, foi para uma ação.
Outro componente-chave de chríõ são as palavras determinantes atribuir
ou designar. Ao servirmos a Deus, sempre há um período de teste. Somos
testados em obediência antes de sermos designados ou ungidos.
Na história de Mike que mencionei no capítulo 9, seu teste crítico
ocorreu quando Deus lhe pediu para dar seus últimos duzentos dólares.
No que diz respeito à Lisa e a mim, nosso teste foi se permaneceríamos
comprometidos com a direção divina de escrever mesmo quando nenhuma
editora estava interessada nos nossos primeiros dois livros, e havia muito
pouco interesse do público em geral.
Jesus fala mais de uma vez: “Muitos são chamados, mas poucos
escolhidos” (Mateus 20:16 e 22:14). Creio que a palavra muitos faz referência
a todos que pertencem a Ele. Cada um de nós tem um chamado divino. No
entanto, a palavra escolhido quer dizer “designado” e, de acordo com Jesus,
esse número infelizmente é pouco. Por quê? Há um processo de aprovação
que deve ser passado. Leia essas palavras cuidadosamente: “Saúdem Apeles,
um irmão testado e aprovado em Cristo” (Romanos 16:10, tradução livre da
AMPC em inglês).
Apeles foi testado, assim como todos nós que desejamos seguir a
jornada rumo ao nosso destino. Ele obviamente passou no teste e, portanto,
foi escolhido ou aprovado. A partir dos princípios bíblicos sabemos, sem
terem nos falado, que Apeles era ungido, pois seu dom tinha o toque
potencializado de Deus.
Existem muitos que se designam prematuramente na área de seu
chamado, mas em vez de lutarem pela própria aprovação, deveriam lutar
pela aprovação divina:
Pois não é o homem que se elogia e se recomenda que é aprovado e
aceito, mas sim a pessoa que o Senhor reconhece e recomenda. (2
Coríntios 10:18, tradução livre da AMPC em inglês)
250 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Voltemos ao jantar de Ação de Graças. Eu queria que meus familiares


e membros de equipe que estavam presentes soubessem que a obediência
consistente (amar a justiça e odiar a iniquidade) é crucial para o cumprimento
do nosso destino, pois tal consistência nos posiciona para a unção de Deus.
Ao olha para trás em nossas vidas, posso dizer que Lisa e eu obedecemos
a Deus em alguns tempos muito difíceis: muitas vezes a obediência parecia
contraproducente ou até prejudicial ao nosso crescimento, bem-estar,
popularidade ou a muitos outros benefícios pessoais dos quais parecíamos
estar nos distanciando. Porém, o que parecia desvantajoso para nós a curto
prazo, na verdade acabava sendo a própria chave que abria uma porta
significativa ao nosso destino.

A SUA COMISSÃO
Você é tão chamado quanto qualquer outra pessoa, incluindo até os
seus grandes heróis da fé. É muito provável que o seu chamado não seja
na instituição da igreja, pois apenas alguns (um pequeno número) são
chamados para essa esfera. Você tem o privilégio de ser excelente e se
destacar na arena da vida a qual foi enviado.
• Daniel se destacou nos ofícios do governo da Babilônia (ver Daniel 6:3).
• José se distinguiu na grande nação do Egito (ver Gênesis 41:39).
• Febe se destacou como ministra do Evangelho em Cencréia (ver
Romanos 16:1).
• O seu chamado não se difere disso.
O seu talento é único. Deus colocou em você as habilidades exigidas para
o cumprimento da sua missão.
Veja o registro bíblico sobre Bezalel e sua equipe de trabalhadores: “Assim
Bezalel, Aoliabe e todos os homens capazes, a quem o Senhor concedeu
destreza e habilidade para fazerem toda a obra de construção do santuário,
realizarão a obra como o Senhor ordenou” (Êxodo 36:1). Esses homens
não possuíam a habilidade de falar a Palavra de Deus ministrar ao povo
como Moisés ou Arão e seus filhos. Porém, tinham o dom de trabalhar com
as mãos para construir o tabernáculo.
UNGIDOS 251

Você também, recebeu o dom de construir o tabernáculo de Deus com


as habilidades que Ele lhe concedeu. No entanto, esse santuário não é
feito de ouro, prata, bronze, pedras preciosas, pele de animais, linho fino,
madeira de acácia ou quaisquer outros materiais usados para construir
o tabernáculo do Antigo Testamento ou o templo em Jerusalém. Hoje, o
tabernáculo de Deus é feito de pedras vivas, seres humanos, e essas pedras
vivas estão sendo edificadas como a habitação de Deus (ver 1 Pedro 2:5 e
Efésios 2:20-22). Você tem o dom de edificar pessoas para a glória de Deus.
Você é capacitado para multiplicar. Nós somos administradores dos
dons que Deus nos dá, e o desejo Dele é que nós lhe devolvamos frutos
multiplicados pelo uso desses dons. A fim de multiplicar, temos que buscar
estratégias do céu. Princípios podem ser ensinados por líderes, mas essas
estratégias únicas e celestiais são pessoais; não são estudadas a partir de um
livro nem aprendidas numa sala de aula.
Nós, líderes, podemos apenas encorajar você a buscar a Deus e ouvir
Sua voz. Obedeça-O mesmo que pareça insignificante. O que acaba
multiplicando geralmente é algo que parece trivial. Lembre-se, é uma
semente de mostarda, menor do que todas as outras sementes, que cresce e
se torna uma das maiores árvores.
Você multiplica ao investir. Isso pode tomar várias formas, mas quando
doamos, recebemos uma colheita de bênçãos. Se a semente não for plantada
(não for investida), ela permanece sozinha; porém, quando é investida,
produz uma colheita multiplicada. A qualquer momento, a sua colheita
pode ser reservada ou reinvestida. Nunca pare de investir; é a chave para o
seu próximo nível de eficácia.
O seu catalisador é servir. Se a sua motivação é outra além de servir, você
acabará onde não quer estar. Poderá parecer bem aos olhos dos outros, mas sua
paixão estará esgotada. A sua lamparina continuará diminuindo, até o ponto
de apagar. Entretanto, o seu consolo é que Deus nunca apagará uma lamparina
que ainda tem fumaça. Ele buscará constantemente ganhar a sua atenção,
252 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

reacender o seu fogo (ver Isaías 42:3). Independentemente do que você faça,
busque servir, ame sem hipocrisia, e suporte toda dificuldade que enfrentar.
Deseje a unção. Ela potencializa; impulsiona o seu trabalho a se tornar
eterno; exalta a sua força e faz você se destacar na área do seu chamado;
separa você daqueles que estão no mundo e até mesmo na igreja, que usam
seus dons divinos para propósitos egoístas ou mundanos.
Você deve ter fé. É a única forma de multiplicar o seu potencial divino. Sem
fé, “é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6). A fim de fazê-la crescer, você
tem que ouvir a Palavra de Deus. Está escrito: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir
pela Palavra de Deus” (Romanos 10:17). É ouvir, e depois ouvir, e depois ouvir
novamente que faz com que a Palavra de Deus seja firmemente cravada no seu
coração. É por isso que seria sábio ler este livro novamente, e depois de novo.
Porém, não leia apenas! Coloque-o de lado e medite sobre como essas verdades
se aplicam a você. E depois aja com base nelas. Insira a Palavra de Deus, que é
sistematicamente apresentada neste livro, no seu espírito através da leitura, da
meditação, e da oração ao ponto de crer que você é chamado para multiplicar
independentemente de como esteja a vida ao seu redor. Essa convicção no seu
interior deve crescer mais do que suas circunstâncias externas possam ditar.
Finalmente, lembre-se: Deus é por você! Ele diz:
“Porque sou Eu que conheço os planos que tenho para vocês”, diz o
Senhor. “Planos de fazê-los prosperar e não de lhes causar dano, planos
de dar-lhes esperança e um futuro.” (Jeremias 29:11)
E, mais uma vez, a Bíblia nos diz enfaticamente:
Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será
contra nós? Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou
por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça,
todas as coisas? (Romanos 8:31-32)
Preste atenção a essas palavras, e não às declarações desencorajadoras
que originam do deus deste mundo, o acusador e desencorajador. O seu
Criador é o seu Pai, e Ele deseja o seu sucesso na obra para a qual o chamou.
UNGIDOS 253

Como um pai na fé, que já passou de seu sexagésimo ano de vida,


também sou por você! Estou torcendo pra que você avance além do que eu
e meus colegas já alcançamos. Nós servimos a um Rei, somos cidadãos de
um Reino, membros do mesmo lar, temos uma fé e uma missão: edificar a
casa de Deus na qual Ele habitará por toda a eternidade.
Vamos trabalhar juntos. Vamos nos tornar um e manter a unidade.
Vamos ver a glória de Deus encher o lugar de Sua habitação mais uma vez.
Não há outra solução para os problemas do mundo.
Eu amo você, mas mais importante que isso é que Deus Pai, o Filho
Jesus Cristo e o Espírito Santo amam você profundamente. E o amor deles
dura para sempre.
Àquele que é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los
diante da Sua glória sem mácula e com grande alegria, ao único Deus,
nosso Salvador, sejam glória, majestade, poder e autoridade, mediante
Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos, agora e para todo
o sempre! Amém. (Judas 1:24-25)

REFLETINDO
1. A unção é o combustível para as suas habilidades divinas
multiplicarem. Como a unção é cultivada? Qual diferença a
unção faz na operação dos seus dons?

2. Como a unção pode se manter fresca na sua vida? O que


acontece se a unção for negligenciada?

3. Em qual arena da vida você é chamado para fazer a diferença?


De que formas a unção pode distinguir você dentro da sua
esfera particular de influência?
Se você confessar com a sua boca que
Jesus é Senhor e crer em seu coração
que Deus O ressuscitou dentre os
mortos, será salvo. Pois é crendo com o
coração que nos tornamos justificados
em Deus, e é confessando com a boca
que somos salvos.

Romanos 10:9-10
Apêndice

Salvação,
Disponível
para Todos

D
eus quer que você viva uma vida abundante. Ele é apaixonado
por você e pelo plano que tem para a sua vida. Porém, há
apenas uma forma de começar a jornada rumo ao seu destino:
recebendo salvação através do Filho de Deus, Jesus Cristo.
Através da morte e da ressurreição de Jesus, Deus abriu o caminho para
que você entre em Seu Reino como um filho amado ou uma filha amada.
O sacrifício de Jesus na Cruz tornou a vida abundante e eterna disponível
para você. Não há nada que possa ser feito para conquistá-la.
A fim de receber esse presente precioso, primeiro reconheça o seu
pecado de viver independente do seu Criador, pois essa é a raiz de todos
os pecados que você já cometeu. Esse arrependimento é uma parte vital do
recebimento da salvação. Pedro deixou claro no dia em que cinco mil foram
salvos no Livro de Atos: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para
que os seus pecados sejam cancelados” (Atos 3:19). A Bíblia declara que
cada um de nós nasceu escravo do pecado. Essa escravidão tem sua raiz
no pecado de Adão, que iniciou o padrão de desobediência voluntária. O
arrependimento é a escolha de parar de obedecer a si mesmo e a Satanás,
o pai da mentira, e voltar-se em obediência para o seu novo Senhor, Jesus
Cristo, Aquele que entregou a própria vida por você.
256 X: MULTIPLIQUE O POTENCIAL QUE DEUS LHE DEU

Você deve dar a Jesus o senhorio da sua vida. Fazer de Jesus seu “Senhor”
significa torná-lo dono da sua vida (espírito, alma e corpo) — tudo que você
é e possui. A autoridade Dele sobre a sua vida se torna absoluta. No momento
em que fizer isso, Deus o libertará da escuridão e o levará à luz e à glória de
Seu Reino. Você simplesmente sai da morte para a vida — torna-se filho Dele!
Se quiser receber salvação através de Jesus, ore essas palavras:
Deus que está no Céu, reconheço que sou um pecador e não tenho
alcançado o Seu padrão de justiça. Mereço ser julgado na eternidade
pelos meus pecados. Obrigado por não me deixar neste estado, pois
creio que o Senhor enviou Jesus Cristo, Seu único Filho, que nasceu
da Virgem Maria, para morrer por mim e levar meu julgamento na
Cruz. Creio que Ele ressuscitou no terceiro dia e agora está assentado
à Sua direita como meu Senhor e Salvador. Então, no dia de hoje, eu
me arrependo de viver independente do Senhor e entrego minha vida
inteiramente ao senhorio de Jesus.
Jesus, eu O confesso como meu Senhor e Salvador. Entre em minha
vida através do Seu Espírito e me transforma em um filho de Deus. Eu
renuncio às coisas das trevas e, de hoje em diante, não viverei mais para
mim mesmo. Mas, pela Sua graça, viverei pelo Senhor que se entregou
por mim para que eu vivesse para sempre.
Obrigado, Senhor; minha vida agora está completamente nas Suas
mãos e, de acordo com a Sua Palavra, nunca serei envergonhado. Em
nome de Jesus, Amém.
Seja bem-vindo à família de Deus! Eu o encorajo a compartilhar essa
novidade maravilhosa com outro cristão. Também é importante que você
se junte à uma igreja local que acredite na Bíblia e se conecte com outros
que possa encorajar você na sua nova fé. Sinta-se à vontade para fazer
contato com nosso ministério (visite www.messengerinternational.org)
para lhe ajudarmos a encontrar uma igreja na sua área.
Você acabou de embarcar na jornada mais extraordinária. Que você
cresça em revelação, graça e amizade com Deus todos os dias!
257

AGRADECIMENTOS
O livro nas suas mãos é um trabalho de equipe, então quero agradecer
alguns dos colegas que contribuíram com esta obra:
Bruce Nygren: Obrigado pela sua especialidade na edição do conteúdo.
Mais uma vez, você pegou a minha escrita e, sem perder a minha voz,
tornou-a muito melhor de ler. E obrigado pelas perguntas desafiadoras que
você fez e que por fim tornaram o livro mais preciso e mais forte.
Cory Emberson, Laura Willbur, e Loran Johnson: Obrigado por
garantirem que a gramática, a pontuação e o estilo desta mensagem estejam
corretos e consistentes. Eu admiro o dom de vocês.
Chris Pace: Obrigado pelo seu encorajamento sem fim ao ler este
manuscrito à medida que progredia capítulo após capítulo. Obrigado
também por me ajudar a dar forma ao capítulo 14. A sua contribuição foi
impagável.
Addison Bevere: Obrigado pelas suas habilidades de edição e perguntas
desafiadoras, que tornaram a mensagem melhor e mais precisa de ler.
Acima de tudo, obrigado por ser um filho fiel e encorajador.
Allan Nygren: Obrigado pelo seu design brilhante no livro e na capa.
Eu admiro o seu dom!
À Messenger International: Obrigado a cada um que trabalha tanto
nos bastidores para construir o Reino de Deus. Celebraremos juntos no
dia em que testemunharmos Jesus recompensar grandemente o serviço
generoso de vocês.
Espírito Santo de Deus: Minha maior gratidão vai para Você! Esta
mensagem nunca teria sido possível sem a Sua direção e sabedoria. Sou
mais que grato pela Sua revelação contínua do meu Senhor e amor maior:
Jesus Cristo. Eu te amo profundamente, e é uma honra servi-lo e trabalhar
ao Seu lado.
259

NOTAS
1. Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary: New Testament.
Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000.
2. Arndt, William, Frederick W. Danker, e Walter Bauer. A Greek— English
Lexicon of the New Testament and Other Early Christian Literature. Chica-
go: University of Chicago Press, 2000.
3. Louw, Johannes P., e Eugene Albert Nida. Greek—English Lexicon of the
New Testament: Based on Semantic Domains. Nova Iorque: United Bible
Societies, 1996.
4. Louw, Johannes P., e Eugene Albert Nida. Greek—English Lexicon of the
New Testament: Based on Semantic Domains. Nova Iorque: United Bible
Societies, 1996.
5. Louw, Johannes P., e Eugene Albert Nida. Greek—English Lexicon of the
New Testament: Based on Semantic Domains. Nova Iorque: United Bible
Societies, 1996, e Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary:
New Testament. Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000.
6. Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary: New Testament.
Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000.
7. Louw, Johannes P., e Eugene Albert Nida. Greek—English Lexicon of the
New Testament: Based on Semantic Domains. Nova Iorque: United Bible
Societies, 1996.
8. Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary: New Testament.
Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000.
9. Louw, Johannes P., e Eugene Albert Nida. Greek—English Lexi- con of the
New Testament: Based on Semantic Domains. Nova Iorque: United Bible
Societies, 1996.
10. Louw, Johannes P., e Eugene Albert Nida. Greek—English Lexicon of the
New Testament: Based on Semantic Domains. Nova Iorque: United Bible
Societies, 1996.
11. “Enthusiasm.” Merriam-Webster.com. Acessado em 18 de março de 2020.
https://www.merriam-webster.com/dictionary/enthusiasm.
260 Notas

12. “Breakthrough.” Dictionary.com. Acessado em 5 de maio de 2020. https://


www.dictionary.com/browse/breakthrough.
13. Baker, Warren, e Eugene E. Carpenter. The Complete Word Study Dictio-
nary: Old Testament. Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2003.
14. Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary: New Testament.
Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000.
15. https://www.barna.com/research/digital-babylon/. Acessado em 10 de ja-
neiro de 2020.
16. Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary: New Testament.
Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000.
17. Louw, Johannes P., e Eugene Albert Nida. Greek—English Lexicon of the
New Testament: Based on Semantic Domains. Nova Iorque: United Bible
Societies, 1996.
18. Myles Munroe, Maximizing Your Potential Expanded Edition, Kindle. Shi-
ppensburg, PA: Destiny Image, 2013, 145.
19. Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary: New Testament.
Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000.
20. Arndt, William, Frederick W. Danker, Walter Bauer, e F. Wilbur Gingrich.
A Greek—English Lexicon of the New Testament and Other Early Christian
Literature. Chicago: University of Chicago Press, 2000.
21. Anders Ericsson, Peak: Secrets from the New Science of Expertise. Nova Ior-
que: Houghton Mifflin Harcourt, 2016, 22.
22. “Cultivate.” Dictionary.com. Acessado em 1 de fevereiro de 2020. https://
www.dictionary.com/browse/cultivate.
23. Zodhiates, Spiros. The Complete Word Study Dictionary: New Testament.
Chattanooga, TN: AMG Publishers, 2000.
24. Louw, Johannes P., and Eugene Albert Nida. Greek—English Lexicon of the
New Testament: Based on Semantic Domains. Nova Iorque: United Bible
Societies, 1996.
O ESPÍRITO SANTO
Uma Introdução

Por três anos, os discípulos estiveram com Jesus, caminhando com Ele
e ouvindo tudo que Ele tinha a dizer. Porém, Jesus disse a Seus amigos
mais chegados que tinha que deixá-los para que o Espírito Santo pudesse
vir, e que seria melhor para eles (João 16:7, 13-14). Se isso era verdade
para os discípulos, que passavam todos os dias com Jesus, quanto mais nós
precisamos do Espírito Santo ativamente envolvido em nossas vidas hoje?
Infelizmente, o Espírito é muitas vezes mal compreendido, deixando
muitos sem saber sobre quem Ele é e como Ele se expressa a nós. O Espírito
Santo é frequentemente considerado algo “esquisito”. Porém, a Bíblia deixa
claro que o Espírito não é algo. Ele é alguém, uma pessoa que prometeu
nunca sair do nosso lado. Neste livro interativo, John Bevere convida você
a uma descoberta pessoal da pessoa mais ignorada e mal compreendida na
Igreja: o Espírito Santo.
Não deixe de ler essa introdução maravilhosa.

Disponível em: MessengerX.com


MOVIDO PELA
ETERNIDADE
Faça a Sua Vida Valer a Pena Hoje e Para Sempre

Esta vida na terra é nada além de um sopro, porém muitos de nós vivem
como se não houvesse nada do outro lado. A maneira como vivemos esta
vida determinará como passamos a eternidade. A Bíblia nos diz que haverá
vários níveis de recompensas para os crentes: desde assistir tudo que alguém
conquistou ser devorado pelo julgamento, até reinar com o próprio Cristo.
Baseado nos princípios de 2 Coríntios 5:9-11, John Bevere nos lembra
que todos os crentes se apresentarão diante de Cristo para receber o que
conquistaram na vida. Muitos de nós ficaremos chocados a saber que
a maior parte de nosso tempo foi gasto em coisas que não contam para
recompensas eternas.
Então como podemos desenvolver uma vida significativa? Em Movido
Pela Eternidade, você aprenderá a descobrir o seu chamado e multiplicar o
que Deus lhe deu. À medida que adquire uma perspectiva eterna, você será
capacitado para trabalhar por aquilo que é duradouro.

Disponível em: MessengerX.com


KRIPTONITA
Como Destruir o que Rouba a Sua Força

Assim como o Super-Homem, que pode ultrapassar qualquer obstáculo


e derrotar todo inimigo, os seguidores de Cristo têm a capacidade
sobrenatural de vencer os desafios que enfrentam. Porém, o problema
tanto para o Super-Homem quanto para nós é que existe uma kriptonita
que rouba a nossa força.
É claro, o Super-Homem e a kriptonita são fictícios, mas a kriptonita
espiritual é real. Este livro oferece respostas para por que muitos de nós
não conseguem experimentar a força divina que era tão evidente dentre os
cristãos do século I.
Em Kriptonita, John Bevere revela o que a kriptonita é, por que prejudica
nosso meio e como se libertar da escravidão dela.
Kriptonita não é para os fracos de coração; é uma adrenalina espiritual.
É uma verdade séria para qualquer seguidor de Cristo que anseia abraçar o
caminho desafiador, mas recompensador, da transformação.

Disponível em: MessengerX.com


DEUS, CADÊ VOCÊ?!
Como Encontrar Força e Propósito no Seu Deserto

Talvez você tenha ouvido Deus falar, mas agora parece que Ele está
em silêncio. Talvez você tenha dado um passo de fé, mas agora parece que
não consegue encontrar a presença Dele. Bem-vindo ao deserto, o lugar
entre o recebimento da promessa e o cumprimento dela.
Porém, aqui vai a boa notícia: este não é um terreno baldio
sem propósito. Deus usa o deserto para preparar e capacitar você para
o seu destino, se você caminhar corretamente. Diferente do que muitos
pensam, passar por esse tempo não é apenas uma questão de esperar
em Deus. Você tem um papel a cumprir ao longo do caminho. Um
grande papel. E, se não quiser desperdiçar tempo andando em
círculos, é importante aprender que papel é esse.
Neste livro revelador, o autor best-seller, John Bevere, capacita
você com revelações bíblicas e histórias profundas que irão ajudá-lo a
caminhar pelas estações secas e difíceis, e tomar posse de tudo que
Deus tem para a sua vida.

Disponível em: MessengerX.com


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“NÃO RETENHAMOS NADA E MORRAMOS VAZIOS, DERRAMANDO-NOS
COMPLETAMENTE COMO UM PRESENTE DE VOLTA A DEUS ...
É QUANDO REALMENTE NOS TORNAREMOS VIVOS E
EXPERIMENTAREMOS A VIDA EM SUA PLENITUDE.”

-JOHN BEVERE.

Você já se sentiu como um espectador no Reino de Deus? Talvez você saiba que
há algo que deveria estar fazendo, mas simplesmente não consegue identificar.
Nós desejamos causar um grande impacto com nossas vidas, mas lutamos com
questões como:

Como ter certeza de que não estou fora da vontade de Deus?

Que papel meus dons desempenham na construção do Reino?

Como saber se estou vivendo todo o meu potencial em Deus?

Meu chamado é menos significativo se eu não estiver no “ministério”?

Como faço para descansar na Graça de Deus e ser ativo no Reino?

Como romper o medo e seguir em frente em meio a incertezas?

Neste livro, o autor best-seller, John Bevere, traz uma exploração cuidadosa das
Escrituras e usa histórias poderosas para nos ajudara pensar de forma diferente
sobre nosso chamado e o porquê de eleser tão importante para Deus. Ao virar
estas páginas, você terá opoder de multiplicar seus dons dados por Deus
e viver a plenitudedo seu potencial.

Se você está pronto para deixar a inação por um propósito maior,


sua jornada começa aqui.

JOHN BEVERE é um palestrante internacional e autorde


best-sellers conhecido por sua abordagem ousadae implacável
da Palavra de Deus. John e sua esposa Lisasão os fundadores do
Messenger International - um ministério comprometido em
desenvolver seguidores implacáveis de Cristo que transformam
nosso mundo. Quando ele está em casa, no Colorado, você pode
encontrar John jogando cartas com sua família ou tentando
convencer Lisa a jogar golfe.

Este livro é um presente do autor


e NÃO deve ser colocado à venda.

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