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A OmniMagnitude de Deus

Juliano Ozga

O trabalho que pretendo apresentar é uma reflexão sobre os “Os futuros


contingentes” aplicados na indagação da prova e/ou existência de Deus ser
uma afirmação falsa ou verdadeira, baseado no LIVRO IX – DA
INTERPRETAÇÃO de ARISTÓTELES.
Falar sobre o futuro como uma sucessão de acontecimentos lineares
entre passado-presente-futuro numa concepção de causa-efeito no espaço-
tempo é tratar com uma via de bifurcação de 50% uma possibilidade
contingente de acontecer X ou 50% de acontecer Y. X e não X não é
semelhante a X e Y. O ser X não é o contrário de não X, ou seja, não X é uma
negação como não aceitação de existência do Ser, independente de aceitar ou
não X, o Ser existe independente da nossa aceitação ou aprovação. Falar do ser
e não ser, ou seja, de X e não X é falar de Aceitar ou Negar X independente da
existência ou não de X.
O mesmo vale para o argumento do ateu que Deus não existe, ou seja, o
ateu nega e não aceita a existência de Deus, mas isso não muda o fato de que
Deus existe ou não existe, isto é, se Deus é ou não é, se Deus é um ser ou não
ser. Negar a existência do ser ou de algo que existe não é negar a ex istência do
mesmo e sim não aceitar que o mesmo existe e isso não afeta a existência do ser,
Deus ou de X.

1º Parágrafo D. I. : Com efeito, a afirmação ou a negação sobre as coisas que


são ou que foram é necessariamente verdadeira ou falsa, e também as proposições
sobre universais tomados universalmente sempre são verdadeiras ou falsas, assim
como as <proposições> sobre singulares, conforme já dissemos; quanto aos
universais não tomados universalmente, isto não é necessário, mas também já
falamos sobre estes <casos>. Contudo, <as proposições> sobre os singulares e os
<estados de coisas que> estão por vir não se comportam do mesmo modo.

Quando falamos sobre o futuro de estados de coisas sobre os singulares


ou particulares as proposições sobre verdade ou falsidade necessariamente
não são possíveis pelo fato de que estamos pretendendo falar sobre algo que
não é, não existe, ou ainda não existiu como ato no espaço-tempo futuro. O
futuro pertence ao domínio da potência que só se concretiza no presente
tempo-espaço com a realização do ato. Falar do futuro é antecipar algo que
pode ou não acontecer, ou seja, não existe uma verdade ou falsidade
necessária para afirmar ou negar de algo que não se tornou ato.

2 º Parágrafo D. I. : Pois se toda afirmação ou negação é verdadeira ou falsa,


então é necessário para todos os estados de coisas <referidos por ambas> que
existam ou não existam, posto que se alguém disser que algo será e <outro> alguém
disser que este mesmo algo não será, é evidente que necessariamente um dos dois
está dizendo a verdade, se toda afirmação <ou negação> é verdadeira ou falsa, pois
não poderá ser o caso que ambos <digam a verdade> simultaneamente nestes
<casos>. Posto que se é verdade enunciar que <algo> é branco ou que não é branco,
necessariamente <este algo> é branco ou não é branco, e <inversamente> se
<algo> é branco ou não é branco, então seria verdadeiro afirmar ou negar; <mas> se
não é o caso <que algo é branco ou não é branco>, <então> é falso, e se é falso
<que algo é branco ou não é branco, então> não é o caso. Deste modo,
necessariamente a afirmação ou a negação é verdadeira. Segue-se que nada é ou
vem a ser, ou será ou não será, nem arbitrariamente nem por acaso, mas todas as
coisas <acontecem> por necessidade e não por acaso (pois aquele que afirma ou
aquele que nega diz a verdade); caso contrário, <todas as coisas> aconteceriam ou
não aconteceriam de igual modo, pois por acaso nada se comporta ou se comportará
mais deste modo do que não deste modo.

Nessa parte o que podemos constatar é uma ligação de necessidade


entre causa-efeito ou ação e reação para um tempo futuro, ou seja, a
necessidade como causa ou ação de efeitos ou reações futuras são baseados
em pressupostos observáveis no passado e presente, e ao tornar-se
postulados, teoremas, princípios, leis físicas e leis universais com
demonstrações teóricas e físicas, inferimos que o sol a manhã vai nascer como
todos os dias da minha existência na terra eu vi nascer, independente de ver
ou não o sol em dias de chuva ou dias nublados, outro dia o mesmo sol que era
no dia anterior o sol eu vejo no dia presente o sol presente e tenho a certeza
que o sol do dia de amanhã aparecerá, independente de eu aceitar, acreditar,
entender ou não as leis universais de gravitação dos corpos celestes, das leis
da gravidade, das leis de entropia universal das galáxias e etc.
O mesmo acontece com a fé em algo que não vemos ou no caso de
acreditar em um ser que não podemos provar sua existência, não pelo fato de
não existir, mas por nossa limitação de tratar com magnitudes infinitas,
quantidades infinitas ou concepções de omnideidades, isto é, omnisciente,
omnipresente e omnipotente. Entendemos esses conceitos mas não somos
omnisapientes. Especular é do direito humano, mas não necessariamente
vamos conseguir expressar algo que está além da alçada humana por ser um
campo omnisapiente e um campo que não se restringe aos limites do
entendimento humano.

3 º Parágrafo D. I. : Contudo, isto [sc. a realidade ou não de um estado de


coisas referido por proposições contraditórias] em nada difere, quer alguém tenha
enunciado ou não tenha enunciado as <proposições> contraditórias, pois é evidente
que os estados de coisas não se comportam deste <ou daquele> modo, quer tenham
sido afirmados ou negados, posto que não é pela afirmação ou pela negação que tal
será ou não será: não importando mais se <foi previsto> dez mil anos antes do que
em qualquer outro tempo.

A questão sobre a predição ou previsão de eventos futuros se assemelha


aos preceitos e predições da ciência sobre determinado fato x, que no passado
e presente ocorreu, esperamos no no futuro x necessariamente irá acontecer,
não importando a verdade ou falsidade da previsão ou não do acontecimento
ou não acontecimento de um eclipse professado pelo profeta Nostradamus. A
questão de poder ser provado ou não se o eclipse ocorrerá ou não no tempo
futuro só será possível após verificação no tempo-espaço determinado, ou seja,
a partir da confirmação de campo ou testagem de erro/acerto no dia-mês-ano
2025 é que podemos verificar e inferir se a afirmação se tornou verdadeira ou
falsa, isto é, a predição da ciência depende de um fator necessários que é o ato
ocorrido para validar ou não como verdadeira ou falsa uma sentença
pronunciada no passado sobre um acontecimento no futuro contingente. A
necessidade (ananké) será a força que vai determinar se algo vai acontecer ou
não se tornar ato. Enquanto não acontecer estamos no campo da contingência
das possibilidades não testadas e provadas cientificamente.
4 º Parágrafo D. I. : Ademais, se <algo> é branco agora, era verdade
enunciar anteriormente que seria branco, de maneira que era sempre verdadeiro
enunciar de qualquer estado de coisas que viria a ser que ele seria; portanto, era
sempre verdadeiro enunciar que algo é ou que será, e também que isto não é ou não
será. Aquilo que não pode não acontecer, é impossível que não aconteça; portanto,
aquilo que é impossível não acontecer, necessariamente acontece; de modo que tudo
aquilo que será acontece necessariamente. Assim, nada será arbitrariamente ou por
acaso; pois se <acontecesse> por acaso, não <aconteceria> por necessidade.

Portanto, a necessidade se torna o fator que determina o que é


verdadeiro ou falso sobre determinado postulado ou preposição inferida no
passado sobre o futuro ser verdadeira ou falsa. O que devemos deixar claro é a
divisão entre predição ou previsão de eventos contingentes no futuro que é um
caso, e a preposição sobre eventos necessários no futuro, ou seja, estamos
falando de ato contingente que pode ou não acontecer e de ato necessário que
independente do espaço-tempo é uma condição necessário sua realização
como manifestação no tempo-espaço. Se X, então Y (condicional), Se X, Então
Y ou Z (condicional exclusiva univalente), Se X, então Y e Z (condicional
inclusiva bivalente). Afirmar se algo é falso ou verdadeiro sobre um evento
contingente futuro que pode ou não acontecer é irrelevante para a necessidade
que vai causar o efeito do ato necessário a partir da potência necessária.
A questão é saber sobre o que estamos predizendo sobre o futuro:
estamos predizendo eventos futuros contingentes ou necessários? Esse é o
primeiro passo para uma análise mais coerente sobre o caso.

5 º Parágrafo D. I. : Porém, também não é possível que seja verdadeiro dizer


de nenhuma das duas [sc. a afirmação e a negação sobre uma mesma instância
futura] que nem será nem que não será <o caso>; posto que, primeiramente, <se for
assim>, a afirmação sendo falsa a negação não será verdadeira; e <no caso> desta
ser falsa, acontecerá da negação não ser verdadeira. Além disso, em relação a estas
[sc. afirmação e negação], se é verdade enunciar que <algo> é tanto branco quanto
grande, <então> ambos <os predicados> devem ser o caso um e outro; se realmente
eles subsistirem ambos, eles subsistirão ambos <no mesmo sujeito>, pois se nem
forem nem não forem ambos, <então> não haveria algo por acaso, como por
exemplo uma batalha naval: pois neste caso nem aconteceria nem não aconteceria
uma batalha naval.
Nesse ponto o importante é definir se Deus é uma magnitude ou se Deus
possui magnitude, ou seja, se Deus é OmniMagnitude? Baseado na reflexão de
LUKASIEWCZ:

Com base nesse fato, faço uma distinção entre esses objetos que
só têm magnitude, e as que são magnitudes. Eu digo que os
objetos pertencentes a um conjunto são magnitudes se houver
dois diferentes, isto é, não idênticos, os entre eles não podem ser
iguais entre si, mas não são magnitudes e só têm magnitude se
duas diferenças entre eles podem ser iguais entre si. [...] A
diferença entre objetos que só têm magnitude e aqueles que são
magnitudes é muito comum. Um homem não é uma magnitude;
mas Ele tem magnitude, pois tem altura, idade e peso corporal. 1
(LUKASIEWCZ. “On the Concept of Magnitude”, 1970, p.
68, tradução nossa).

Ou seja, quanto tratamos de afirmar se uma sentença sobre uma batalha


naval futura é verdadeira ou falsa estamos falando de atos contingentes que
possuem ou não ter magnitude no espaço-tempo (para Russel possuem
posição no espaço-tempo futuro), ou seja, são possíveis de verificação como as
magnitudes do Homem.
Porém, quando falamos de atos necessários baseados em postulados,
princípios, Leis, o caso é saber quando e onde vai acontecer no espaço-tempo
o ato e não saber se vai ou não acontecer um ato necessário. Portanto estamos
falando de duas esferas diferentes, isto é, o que é contingente e possui
magnitude e o que é necessário e é magnitude.
Em qual dessas duas esferas estamos falando quando nos indagamos
sobre a existência de Deus? Deus tem magnitude ou Deus é OmniMagnitude?
Se Deus possuir magnitude é uma OmniMagnitude que está além das
possibilidades de mensurações humanas ou de qualquer instrumento
inventado pelo homem. Se Deus é Magnitude ou seja OmniMagnitude está

1 LUKASIEWCZ, JAN. “On the Concept of Magnitude” (p. 68). The distinction between those
objects which only have magnitude and those which are magnitudes occurred to me under
the influence of a paper by B. Russell. In that paper Russell (on p. 242) makes a distinction
between those series which are positions and those which have positions. It will soon be
seen that the concept of magnitude is closely associated with those of series and order.
além de nossa limitação definir, pesar, medir e muito menos provar algo que
não possuímos um entendimento necessário para testar e provar se um ato
necessário ou não como a existência de Deus pode ou não ser provada. Nesse
caso não estamos falando de atos contingentes futuros como uma batalha
naval que pode ou não se efetivar.

6 º Parágrafo D. I. : Estes (e outros do mesmo tipo) são os absurdos que


resultam no caso em que para todas as afirmações e negações (seja sobre os
universais ditos universalmente, seja sobre os singulares) necessariamente uma das
<proposições> opostas seja verdadeira e a outra falsa, de modo que nada acontece
por acaso no devir, mas que todas as coisas são e devêm por necessidade. De modo
que nem se deveria deliberar nem esforçar-se <por algo>, como no caso em que
fazendo algo, algo <outro> se realizará, e em não fazendo, não se realizará. Com
efeito, nada impede que, de um lado, alguém afirme, dez mil anos antes, que algo
será e, de outro lado, <alguém> afirme que este mesmo algo não será, posto que por
necessidade, uma das duas <proposições> já é verdadeira ao ser enunciada.
Contudo, isto [sc. a realidade ou não de um estado de coisas referido por proposições
contraditórias] em nada difere, quer alguém tenha enunciado ou não tenha enunciado
as <proposições> contraditórias, pois é evidente que os estados de coisas não se
comportam deste <ou daquele> modo, quer tenham sido afirmados ou negados,
posto que não é pela afirmação ou pela negação que tal será ou não será: não
importando mais se <foi previsto> dez mil anos antes do que em qualquer outro
tempo.

O que é evidente é a não necessidade de postulação humana ou não


sobre se algo vai acontecer ou não para que o ato se concretize. A necessidade
do ato não depende da causa ou ação humana, ou seja, o ato necessário se
realizará como efeito e reação da sua necessidade que está além da validação,
observação ou confirmação do estado de coisas no mundo futuro ser
verdadeiro ou falso. O homem existe por um efeito da necessidade que o torna
um ato de Ser, a necessidade é a causa e reação do ato do homem Ser.

7 º Parágrafo D. I. : Deste modo, se em qualquer tempo, tal <estado de


coisas> se comporta de determinado modo, de forma que uma das duas
<proposições> diz a verdade, <então> necessariamente <este> tal <estado de
coisas> vem a ser, e cada um <dos estados de coisas> vem a ser sempre de um
modo determinado, de maneira que vem a ser por necessidade; assim, <se> aquela
<proposição> que enuncia com verdade que algo será, <então> não poderá não vir a
ser, e aquilo que veio a ser, era <desde> sempre verdadeiro enunciar que seria.

Portanto, a pergunta que devemos fazer é: o que estamos afirmando


sobre acontecimentos contingentes futuros é um ato de necessidade ou um
efeito de uma potência contingente? O mesmo se aplica quando estamos
indagando sobre a existência de Deus, é possível provar a existência de Deus
como uma previsão de futuros contingentes?

8 º Parágrafo D. I. : Contudo, estas <conseqüências> são impossíveis: pois


observamos o princípio das coisas que serão a partir da deliberação e de certos tipos
de ações, e que, de modo geral, nos <estados de coisas> que não estão sempre em
ato há o possível de ser e <o possível> de não ser, nos quais ambos podem ser e não
ser, e, por conseguinte, o vir a ser e o não vir a ser. E são muitos os <estados de
coisas> a nós evidentes que assim se comportam, como, por exemplo, que este
manto pode ser cortado e <pode> não ser cortado, mas vir a ser usado
posteriormente; do mesmo modo, porém, pode não ser cortado, pois ele não poderia
ser usado posteriormente se não subsistisse nele a possibilidade de não ser cortado.
De igual modo, também os outros eventos que se dizem segundo a potência deste
tipo.

O que devemos definir é se um ato de existir é contingente ou


necessário? O ser é um ato contingente ou necessário? Nossa existência no
presente é um ato necessário ou contingente? Um evento como a batalha
naval no futuro é um ato necessário ou contingente? Uma potência pode ser
necessária ou contingente? A semente possui a potência de gerar um novo
fruto ou planta, porém, a existência da semente é uma potência necessária ou
contingente? O ato de uma semente gerar o fruto ou uma muda é um efeito
contingente ou um efeito necessário da potência da semente germinar ou não?

9 º Parágrafo D. I. : Portanto, é manifesto que nem tudo é ou vem a ser por


necessidade, mas há os <estados de coisas que são ou vêm a ser> por acaso, e a
afirmação ou a negação não é mais verdadeira de nenhum deles, embora haja
aqueles <estados de coisas> que são no mais das vezes relativamente a seu oposto,
mesmo que seja possível que venha a ser este [sc. o oposto] e não aquele outro [sc. o
que vem a ser no mais das vezes].
Sendo assim, os estados de coisas que não vem a ser por necessidade
são efeitos e reações de causas e ações, isto é, potências contingentes como o
caso da batalha naval que pode ou não se concretizar no futuro.

10 º Parágrafo D. I. : Com efeito, o que é, necessariamente é, quando é, e o


que não é, necessariamente não é, quando não é. Todavia, nem tudo que é, é
necessariamente; e nem tudo que não é, não é necessariamente; posto que não é o
mesmo <sustentar> que tudo que é, quando é, necessariamente é, e o fato de ser
simplesmente por necessidade. Do mesmo modo quanto ao que não é. E o mesmo
argumento se aplica aos <estados de coisas> contraditórios: todos necessariamente
são ou não são, e serão ou não serão; mas <isto> não implica que apenas um dos
dois acontecerá necessariamente. Digo, por exemplo, que necessariamente
acontecerá ou não <acontecerá> amanhã uma batalha naval, o que não quer dizer
nem que amanhã necessariamente acontecerá uma batalha naval nem que amanhã
necessariamente não acontecerá <uma batalha naval>; embora necessariamente
acontecerá ou não acontecerá <amanhã uma batalha naval>.

A necessidade de algo acontecer não torna um ato contingente


obrigatório de se realizar ou não, ou seja, a necessidade de alguma coisa
acontecer no futuro como uma batalha naval não é uma previsão necessária
para concluir e postular a verdade de um acontecimento futuro contingente
com base numa potência necessário, ou seja, que algo necessariamente vai
acontecer, podendo ser uma batalha naval ou qualquer outra coisa que não
seja uma batalha naval.
O fato de não acontecer uma batalha naval não é a mesma coisa que
afirmar que aconteceu uma batalha naval, isto é, não é possível negar algo do
que não existe ou negar algo de uma fato que não aconteceu, por exemplo,
negar que aconteceu a batalha naval é dizer que qualquer outra coisa
aconteceu, mas não se pode negar o que não aconteceu. O caso de fazer
deduções lógicas ou afirmações verdadeiras ou falsas sobre definições
negativas possui o problema que estamos validando acontecimentos como
verdadeiros ou falsos pela sua negativa de existência, o que se torna contra
intuitivo falar que algo é verdadeiro sobre um fato que não existe ou não se
realizou. Negar que aconteceu a batalha naval não é o mesmo que dizer que
aconteceu outra coisa.
Quando afirmamos por contatação estamos afirmando por algo que
existiu, por exemplo a ocorrência da batalha naval que ocorreu e foi verificada.
Mas quando falamos que é falso que ocorreu a batalha naval predicada,
estamos sendo contra intuitivos por afirmar ser falso a predição da ocorrência
da batalha naval por não se concretizar o ato. Seria melhor afirmar que é falso
ou verdadeiro a predição de algo que aconteceu e não afirmar que é falso ou
verdadeiro baseado em algo que não aconteceu. Se não aconteceu, não pode
ser falso ou verdadeiro intuitivamente por não ser existir.
O mesmo vale para a prova ou não da existência de Deus. Afirmar que é
verdadeiro ou falso a existência de Deus sem possuir a verificação da potência
e ato de Deus é contraintuitivo como dizer que se não posso demonstrar ou
provar a existência de Deus, então Deus não existe. A existência divina não
necessita de prova humana para ser ato e potência por estar fora da esfera de
Deus poder ser magnitude ou possuir magnitude.

11 º Parágrafo D. I. : Por conseguinte, dado que as proposições são


verdadeiras enquanto estão de acordo com os estados de coisas, é evidente que
<existem> aqueles <estados de coisas> que se comportam por acaso e que
<possuem> possibilidades contrárias; do mesmo modo, necessariamente,
comportam-se as <proposições> contraditórias, desde que se sigam dos <estados de
coisas> que nem sempre são ou nem sempre não são. Pois nestes <casos>
necessariamente uma das duas partes da contradição é verdadeira ou falsa; contudo
não <necessariamente> esta ou aquela, mas por acaso <esta ou aquela>; e mesmo
que uma seja mais verdadeira do que a outra, embora agora ainda não seja
verdadeira ou falsa. Por conseguinte, é evidente que não necessariamente dentre
todas as afirmações e negações contrárias, uma seja verdadeira e a outra falsa, pois
não é do modo como <os estados de coisas> que são e que não são que se
comportam os <estados de coisas> que podem ser ou <que podem> não ser,
conforme dissemos.

Portanto, sobre os acontecimentos futuros contingentes serem falsos ou


verdadeiros é uma questão de poder verificar ou não sua existência em ato no
tempo-espaço futuro. Seria como discutir algo que independe de nossa
discussão se vai ou não realizar por necessidade ou contingência.
O mesmo é válido para a pergunta se Deus existe ou não e se podemos
provar a existência de Deus? É melhor não duvidar e acreditar que Deus existe
e que sua existência não depende de prova humana do que negar a sua
existência como uma negação ilógica por ser impossível você negar algo
inexistente, ou afirmar por constatação negativa (se não posso provar que
Deus existe, então Deus não existe ou não aceito a existência de Deus por não
poder provar sua existência). Portanto, a minha não aceitação ou
impossibilidade de provar algo não é causa necessária para afirmar a falsidade
ou veracidade de algo que está fora dos meus limites de constatação por
magnitude físicas do entendimento. O que se estaria fazendo é não aceitar ou
negar o que não se pode provar e isso é limitar o que existe ou não existe no
universo baseado no nosso poder limitado de entendimento humano poder
provar ou não o que está fora de nossa magnitude, ou seja, OmniMagnitude.

Referência Bibliográfica:

1- ARISTÓTELES. ÓRGANON. Texto INTEGRAL. Tradução Edson Bini. Bauru, SP:


EDIPRO, 2005.

2- LUKASIEWCZ, JAN. “On the Concept of Magnitude”. SELECTED WORKS.


Edited by L. BORKOWSKI. University of Wroclaw. WARSZAWA: POLISH SCIENTÍFIC
PUBLISHERS, 1970.

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