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FILOSOFIA ANTIGA
E MEDIEVAL
FILOSOFIA 360°
PROF. DR. MATEUS SALVADORI
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que nos acontece; não desejar mudar a Fílon de Alexandria: primeiro a fundir
ordem do mundo; só fazer o que presta filosofia com teologia; filosofia mosaica
serviço à comunidade humana. com o método alegorese para interpre-
- 4. Cé�cos (afasia e epoché): Pirro, tar o significado oculto da bíblia. Logos:
Tímon, Arcesilau, Carnéades; Eneside- Deus segundo/Cristo.
mo, Sexto Empírico e Agripa. As coisas
são indeterminadas, incomensuráveis, 5.1. Patrís�ca:
indiscrimináveis e indiferenciáveis, não
tendo em si uma essência estável, - 1) Padres apostólicos (séc. I): Clemen-
sendo pura aparência. A�tude do sábio: te Romano, Inácio de An�oquia e Poli-
afasia (abstenção consciente de qual- carpo de Esmirna; discípulos direitos
quer juízo originada pelo reconheci- dos apóstolos.
mento da ignorância) e epoché (não - 2) Padres apologistas (séc. II, defen-
dizer nada, não expressar qualquer �po dem o cris�anismo dos filósofos recor-
de julgamento defini�vo) e isso o levará rendo a argumentos filosóficos): Aris�-
a ataraxia (imperturbabilidade). des, Jus�no, Taciano, Atenágoras, Teó-
- 5. Eclé�cos: Fílon de Larrisa, An�oco e filo, autor da Carta a Diogneto, Cle-
Cícero. mente e Orígenes.
- 6. Ciência, neo-aristotelismo, médio- - 3) Patrís�ca (propriamente dita, do
-platonismo, neopitagorismo e neopla- séc. III até o Início da Idade Média):
tonismo (Plo�no). - 3.1) Edito de Milão em 313 por Cons-
tan�no, Concílio de Nicéia (325), Concí-
5. FILOSOFIA MEDIEVAL lio de Éfeso (431), Concílio de Calcedô-
nia (451). Teólogos que se destacaram:
- Fim da filosofia an�ga pagã em 520 Eusébio de Cesaréia, Ário, Atanásio,
d.C., ano em que Jus�niano marca o fim Basílio de Cesareia, Gregório Naziaze-
de qualquer o�cio público pagão; há no, Gregório de Nissa, Nemésio de
aqui a importância da mensagem bíbli- Emesa, Sinésio de Sirene, Pseudo-Dio-
ca: subs�tuição do politeísmo grego nísio Areopagita, Máximo o Confessor
pelo monoteísmo; o criacionismo a e João Damasceno.
par�r do nada; do cosmocentrismo ao - 3.2) Patrís�ca la�na antes de Agos�-
teocentrismo; lei moral em Deus; a nho: Minúcio Félix, Tertuliano (CREIO
desobediência da lei causou a queda do PORQUE É ABSURDO: fé e razão são
homem (pecado original) e o resgate da irreconciliáveis e a fé é superior a
queda parte da vontade de Deus e não razão), Cipriano, Novaciano, Arnóbio,
do homem; do eros para ágape; novos Lactâncio, Ambrósio, Jerônimo e
valores (humildade) e história linear. Rufino.
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das ciências para ir além dos princípios ainda bem jovem, estudar matemá�ca,
ou das hipóteses que cada uma delas porém, sem constrangimento, como se
leva em conta, ou seja, ao conhecimen- se tratasse de um jogo, para dis�nguir
to do princípio não-hipoté�co do Bem. mais facilmente aqueles que revelam
Sem o conhecimento do bem, adje�vo mais inclinações para esta ciência; 2.
essencial da dialé�ca, o homem se Aos 20 anos: serão selecionados os me-
conduz cegamente e o filósofo não po- lhores dentre eles, e serão introduzidos
deria conhecer o que é verdadeiramen- os estudos matemá�cos sob um aspec-
te uma Cidade justa. Somente a dialé�- to sinté�co, a fim de se dis�nguirem
ca tem o poder de revelar o Bem ao aqueles que es�verem mais aptos para
homem versado nas ciências comenta- a dialé�ca. Somente aquele que é
das, e não é possível chegar lá senão dotado de espírito sinté�co é dialé�co;
por esse meio. Platão dis�ngue os graus 3. Aos 30 anos: os melhores, os mais
do conhecimento da seguinte forma: i) seguros, os mais sólidos, os que se arris-
Opinião (doxa): 1° Imaginação – eikasia cam menos a fazer uso abusivo e preju-
– sombras, imagens; 2° Crença – pistis – dicial da matemá�ca, à maneira dos
as coisas, os objetos; ii) Ciência (episte- sofistas, terão durante 5 anos a possibi-
me): 3° pensamento discursivo – dia- lidade de pra�car a dialé�ca. Devem
nóia – matemá�ca e geometria; 4° pen- renunciar ao uso da visão e de outros
samento intui�vo – noesis – dialé�ca. sen�dos e, assim, chegar ao conheci-
mento do ser apenas com a verdade,
Platão destaca a importância da seleção recorrendo unicamente às verdadeiras
e da formação progressiva dos filósofos. Ideias, ao invés de apoiar-se no teste-
O caminho resume-se no seguinte: for- munho incerto dos sen�dos. Só serão
mação �sica e militar, intelectual e ma- admi�das na arte da argumentação
temá�ca antes da filosofia (a dialé�ca). pessoas firmes e estáveis, por natureza;
Contudo, todo este ensino não deve ser 4. Aos 35 anos: serão obrigados a se
imposto pela força. Quem deverá par�- dedicarem, de novo, a ocupações mili-
cipar desses estudos comentados? tares e espor�vas, a fim de não perde-
Aqueles que reunirem, em primeiro rem os conhecimentos e experiências
lugar, qualidades �sicas e morais que nesses domínios. Assim, deverão voltar
caracterizem um soldado corajoso e, ao à caverna; 5. Aos 50 anos: os melhores,
mesmo tempo, disposições intelectu- que se dis�nguirem em tudo, se eleva-
ais. Em que idade? 1. Ao fim dos 2 ou 3 rão até à ciência do Bem. Terão sempre
anos obrigatórios de ginásio: são 2 ou 3 em vista o Bem como modelo e como
anos de ginás�ca obrigatória antes dos fim para governar a cidade e formar
20 anos; primeiramente, é preciso, seus sucessores – alternando ocupa-
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ções polí�cas com a contemplação filo- cação do filósofo na Cidade ideal: ele-
sófica e a prá�ca com a teoria. Quando var-se à contemplação do Bem – sair da
par�rem desse mundo a cidade os caverna –, saber agir no meio dos
venerará como deuses. Tanto o homem homens na cidade – descer à caverna.
quanto a mulher poderão realizar tal Quando isso ocorrer, o filósofo “verá mil
tarefa. vezes melhor do que outros e reconhe-
cerá cada imagem e o que representa,
Concluindo, um semelhante modelo de pois já tereis visto as verdadeiras reali-
cidade perfeita não é uma quimera. Sua dades do belo, do justo e do bom”.
realização é possível se um ou vários
filósofos passam a governá-la e se, para
começar, se protegerem as crianças de
menos de 10 anos, ainda não corrompi-
das pela educação de seus pais, que
devem ficar no campo. Sem dúvida, a
educação é o tema essencial do Livro VII
da obra A República. A reforma da
cidade pressupõe uma reforma da edu-
cação, em par�cular dos futuros filóso-
fos que assumirão a direção da polis.
Esta educação consiste em liberar a
alma da prisão e da obscuridade da opi-
nião comum. A educação não consiste
num saber superficial – mundo do devir
–, exterior da alma (sofistas), mas deve
fazer com que a alma se volte para o
essencial, isto é, para as essências, para
o Ser (o mais brilhante no Ser é o Bem).
No entanto, se desde a infância, a natu-
reza dessa alma fosse subme�da a uma
poda dos prazeres dos sen�dos, se
�vesse sido libertada desse peso, vol-
tando-se para realidades verdadeiras,
poderia vê-las com a mesma agudeza
com que vê as coisas para as quais
ainda se acha voltada. Da meditação
filosófica à ação polí�ca, é dupla a edu-