Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2015.2 - TCC Ingridy Souza Dos Santos - Propapropagao de Ondas de Cheia A Jusante Da Barragem
2015.2 - TCC Ingridy Souza Dos Santos - Propapropagao de Ondas de Cheia A Jusante Da Barragem
2015.2 - TCC Ingridy Souza Dos Santos - Propapropagao de Ondas de Cheia A Jusante Da Barragem
PROPAGAÇÃO DE ONDAS DE
CHEIA À JUSANTE DA BARRAGEM
DE XINGÓ LOCALIZADA NO RIO
SÃO FRANCISCO
PROPAGAÇÃO DE ONDAS DE
CHEIA À JUSANTE DA BARRAGEM
DE XINGÓ LOCALIZADA NO RIO
SÃO FRANCISCO
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por sua presença
em todos momentos.
Aos meus pais, Manoel Pedro dos Santos Filho e Rosemary Souza dos Santos, por
todo apoio, carinho, compreensão, palavras de conforto em momentos de desespero, por
toda a confiança depositada em mim, e por serem os grandes responsáveis da realização
desse sonho.
À minha querida e amada irmã, Isabela Souza dos Santos, por fazer parte da minha
vida, por todo amor e carinho.
À minha orientadora, Prof. Dra Andrea Sousa Fontes, por toda a paciência, ajuda
e disponibilidade. Sua participação foi essencial para a finalização deste trabalho.
Ao meu namorado, Joshua Gandhi Conceição Passos, por toda a paciência, calma
e contribuição para o desenvolvimento desse trabalho.
As minhas amigas do coração que se fazem presentes em minha vida desde a época
do colégio, Luz Marina Sales e Tássia Andrade, o apoio e a presença de vocês é muito
importante em minha vida.
As pessoas que conheci durante a minha trajetória dentro da Universidade.
E por fim, à todo o corpo docente do curso de graduação em Ciências Exatas e
Tecnológicas, por toda a transmissão de conhecimento.
Resumo
A cheia é um fenômeno que ocorre em diversas regiões, por isso, reservatórios são
utilizados como amortecedores das grandes vazões. No estado da Bahia, o fluxo d’água do
Rio São Francisco é controlado pelos reservatórios de Sobradinho e Itaparica. A barragem
de Xingó, localizada à jusante do reservatório de Itaparica, funciona a fio d’água e está
localizada entre os estados de Alagoas e Sergipe, a 12 km de Piranhas-AL e 6 km de
Canindé do São Francisco-SE. As cidades e povoados localizados à jusante da presente
barragem são beneficiadas com irrigação, geração de energia e o próprio abastecimento
de água, no entanto, as mesmas são afetadas quando ocorrem inundações e cheias de
grandes dimensões. Desta maneira, este trabalho tem como principal objetivo estudar a
propagação de ondas de cheia à jusante da barragem de Xingó no Rio São Francisco, entre
as estações de Piranhas e Pão de açúcar. A presente pesquisa foi realizada em três etapas:
caracterização do rio e da ocupação das margens do mesmo no trecho de estudo; avaliação
dos hidrogramas das estações fluviométricas de Piranhas e de Pão de açúcar; simulação da
onda de cheia utilizando o modelo hidrodinâmico HEC-RAS. O resultado das avaliações
dos hidrogramas, das variáveis hidrodinâmicas e das simulações, permitiram verificar que
a onda propagada de uma estação à outra perde intensidade de velocidade e de elevação
devido a geomorfologia do municı́pio de Pão de Açúcar. Foi possı́vel concluir que o modelo
apresenta eficiência e precisão em suas simulações.
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.2 Objetivos especı́ficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.1 Hidráulica fluvial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2 Cheias e inundações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.3 Propagação de ondas de cheia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.4 Modelos hidrodinâmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.4.1 HEC-RAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4 MATERIAIS E MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1 Área de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2.1 Caracterização das seções transversais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2.2 Avaliação dos hidrogramas mensais e diários . . . . . . . . . . . . . . . 28
4.2.3 Procedimentos da simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
5 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5.1 Análise das variáveis hidrodinâmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5.2 Avaliação dos hidrogramas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
5.3 Simulação hidrodinâmica dos eventos de cheia . . . . . . . . . . . 39
6 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
11
Introdução
unidimensional, uma ferramenta gratuita e de fácil manipulação, o que faz desse software
uma boa opção para ser utilizado neste estudo.
A bacia hidrográfica do São Francisco é uma das maiores e mais importantes bacias
do paı́s. A escolha dessa para este trabalho se deu devido a sua grande influência no
âmbito nacional e aos vários estudos já feito na mesma. Esta bacia possui ainda dados
fluviométricos necessários para o desenvolvimento do presente trabalho.
Dessa forma, o presente trabalho vem contribuir para a identificação do compor-
tamento de uma cheia e da planı́cie de inundação, sendo associada a estas, os possı́veis
danos econômicos e sociais.
13
Objetivos
Revisão Bibliográfica
𝑄 = 𝑉.𝐴 (1)
controle de cheias em bacias hidrográficas, se dá pelos riscos e danos causados à população
e ao patrimônio natural ou construı́do. A autora sugere que esse controle pode ser
estabelecido através de medidas estruturais e não estruturais. As medidas estruturais são
ações que afetam as condições hidrológicas da bacia, como a construção de barragens e
canalização dos cursos d’água, enquanto que as não estruturais, àquelas que buscam se
adaptar a ocupação do homem, como ações que regulamentem o uso e ocupação do solo.
Cheias provocadas por chuvas de longa duração em um grande intervalo de tempo
(cheias progressivas) afetam principalmente grandes bacias hidrográficas. A precipitação
em larga escala associada a solos saturados com baixo ı́ndice de infiltração provocam
inundações de maior amplitude (CUNHA et al., 2012).
As inundações assim como as cheias são decorrentes dos fatores meteorológicos e
climatológicos da bacia. Segundo Tucci, Bertoni et al. (2003) a inundação ocorre quando
as águas dos rios, riachos, galerias pluviais saem do leito de escoamento, uma vez que esses
meios estão com suas capacidades saturadas.
Quando a calha do rio supera a sua capacidade de drenagem, inundações tornam-
se inevitáveis e os problemas para as áreas ribeirinhas, iminentes. Pode-se atribuir a
precipitação uma das causas de tais inundações.
Ondas de inundação são ondas de cheia que possuem efeito devastador sobre a
população ribeirinha. De acordo com Carvalho (2012) as ondas de inundação provenientes
de chuvas afetam principalmente a população localizada à jusante do rio, podendo ser
ainda mais agravada caso essas pessoas ocupem a calha secundária do leito fluvial para o
qual a onda se desloca.
O monitoramento de cheias se faz importante, uma vez que inundações causam
grandes impactos à população em termos socioeconômicos, sendo assim, sistemas de alerta
de cheias tem se tornado cada vez mais importante. Um dos principais elementos de
sistemas de alerta de cheias é o sistema de previsão hidrológica, que objetiva diminuir
as incertezas a respeito das condições futuras do rio em trechos sujeitos a inundações
(MELLER, 2012).
Os problemas resultantes das inundações são ainda mais intensificados devido
a artificialização das condições hidrológicas. A interferência antrópica com relação a
impermeabilização de grande parte das superfı́cies como asfalto, telhados, calçadas, desma-
tamento e urbanização são agravantes de grandes inundações. Sendo assim, a caracterização
dos eventos de cheia torna-se importante para a elaboração de hidrogramas de cheia e
consequentemente para a análise da propagação de ondas de cheia.
Capı́tulo 3. Revisão Bibliográfica 18
⃗=−𝜕
∫︁ ∫︁
𝜌𝑉⃗ .𝑑𝐴 𝜌𝑑𝑉 𝑜𝑙 (2)
𝑆𝐶 𝜕𝑡 𝑉 𝐶
a equação da continuidade, assume também a forma:
𝜕𝑉 𝜕𝐴 𝜕𝑦
𝐴 +𝑉 +𝐵 =0 (3)
𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑥
Se uma vazão lateral suplementar sai ou entra no canal, entre as duas seções 1 e 2,
a equação toma a forma de:
𝜕𝑄 𝜕𝐴
+ ± 𝑞𝑙 = 0 (4)
𝜕𝑥 𝜕𝑥
onde 𝑞𝑙 é a vazão suplementar po unidade de comprimento das margens (com sinal positivo
para a entrada e negativo para a saı́da).
Equação dinâmica:
A aplicação do Teorema da Quantidade de Movimento ao fluido que no instante t
ocupa um volume de controle genérico é dada por:
∑︁
⃗
∫︁
⃗ ⃗ 𝜕 ∫︁
𝐹 = 𝑉 (𝜌𝑉 .𝑑𝐴) + 𝑉 (𝜌𝑑𝑉 𝑜𝑙) (5)
𝑆.𝐶 𝜕𝑡 𝑉.𝐶
Isto é, o somatório de todas as forças que atuam sobre o fluido contido no volume
de controle é igual ao fluxo por unidade de tempo da quantidade de movimento através da
superfı́cie de controle, mais a variação por unidade de tempo da quantidade de movimento
da massa no interior da massa no interior do volume de controle.
As forças aplicadas no volume de controle da figura 2 são: a resultante da força de
pressão hidrostática nas seções 1 e 2, a componente da força gravitacional no sentido do
escoamento e a força de atrito nas paredes e fundo do canal:
𝜕𝑦
a) Pressão → 𝑑𝐹 = −𝛾𝐴 𝜕𝑥 𝑑𝑥, no sentido contrário a x;
𝜕𝑧
b) Gravidade → 𝑊𝑥 = −𝛾𝐴 𝜕𝑥 𝑑𝑥 = 𝛾𝐴𝐼𝑜 𝑑𝑥, no sentido de x;
c) Atrito → 𝐹𝑎 = −𝜏𝑜 𝑃 𝑑𝑥, no sentido contrário de x, sendo P o perı́metro molhado
da seção.
Capı́tulo 3. Revisão Bibliográfica 20
𝜕𝑉 𝜕𝑉 𝜕𝑦
𝑉 + +𝑔 = 𝑔(𝐼𝑜 − 𝐼𝑓 ) (6)
𝜕𝑥 𝜕𝑡 𝜕𝑥
onde a força de atrito foi escrita em função de 𝐼𝑓 .
A utilização de modelos hidrodinâmicos para simular as propagações de ondas de
cheia, por utilizarem as equações de Sain-Venant exigem maior quantidade de entrada de
dados e consequentemente, dependem dos dados de topografia das áreas inundáveis. A
utilização desses modelos também são úteis, por exemplo, para a previsão de inundações e
rupturas de barragens. Esses modelos podem ser complexos ou simples, unidimensional,
bidimensional ou tridimensional. Por apresentar maior precisão na descrição do escoamento
este tipo de modelagem tem sido bastante empregado para simulações em trechos de canais
de rios (PONTES et al., 2015).
e com maior precisão dos resultados, esses modelos possuem uma representação fı́sica do
escoamento (TUCCI et al., 1998).
De acordo com Castanharo e Mine (2006), a utilização de modelos hidrodinâmicos
para a propagação de cheias em trechos de canais dotados de reservatórios é uma atividade
necessária no contexto de sistemas de previsão de afluências de curto prazo.
3.4.1 HEC-RAS
The Hydrologic Engineering Center (HEC) é a famı́lia a qual o modelo HEC-RAS
pertence. Esta famı́lia foi desenvolvida pela US Army Corps of Engineers, uma agência
federal dos Estados Unidos, que trabalha na área de hidrologia e hidráulica. A famı́lia HEC
é composta por outros programas como: The Hydrologic Modeling System (HEC- HMS),
The Reservoir System Simulation (HEC-ResSim) e River Analysis System (HEC-RAS).
The Hydrologic Engineering Center - River Analysis System (HEC-RAS) é um
modelo computacional gratuito que permite a execução de modelagens unidimensionais.
HEC-RAS é um programa complexo composto de um sistema integrado, projetado para
uso interativo, multitarefas e múltiplos usuário. O sistema é composto de uma interface
gráfica, armazenamento de dados e capacidades de gestão, gráficos, recursos de relatórios
e componentes hidráulicos (BRUNNER, 2010).
O sistema HEC-RAS contém três componentes de análises hidráulicas: (1) fluxo
constante de perfil de água; (2) simulação de fluxo instável; e (3) cálculo de transporte
de sedimentos. Estes três componentes serão representados através da ferramenta de
geometria hidráulica que o modelo possui (BRUNNER, 2010).
A interface do HEC-RAS permite a interação com outros programas, como AutoCad
e ArcGIS. No entanto, pelo fato deste modelo ser unidimensional, o mesmo apresenta
restrição para a modelagem de ambientes que necessitam de uma modelagem multidimen-
sional.
Vários estudos já foram realizados utilizando a ferramenta HEC-RAS, a seguir
são apresentados os pontos de vista de alguns autores. Rocha (2008), recomenda aplicar
o software HEC-RAS em canais naturais que possuem medição de vazão em diferentes
trechos, o autor também afirma, que ao comparar o volume de água que entra com o que sai,
o software apresenta um aumento no volume de saı́da. Para Carvalho (2012), o programa
HEC-RAS mostrou-se satisfatório no que concerne à interpolação e simulação das ondas de
cheias, contudo essa razoabilidade de simulação só foi conseguida com maiores interpolações
das seções e a redução acentuada do intervalo de simulação. Já para Fernandez, Mourato
e Moreira (2013), o modelo HEC-RAS oferece uma interface mais fácil com o utilizador,
entretanto o mesmo apresenta limitações na modelação da inundação na zona inundável
resultantes da sua formulação 1D.
Capı́tulo 3. Revisão Bibliográfica 22
𝑎2 𝑉22 𝑎1 𝑉12
𝑍 2 + 𝑌2 + = 𝑍1 + 𝑌1 + + ℎ𝑒 (7)
2𝑔 2𝑔
Onde, 𝑍2 e 𝑍1 correspondem às elevações do fundo do canal principal (m); 𝑌2 e 𝑌1
são as alturas d’água nas seções (m); 𝑉2 e 𝑉1 são as velocidades médias nas seções (m/s)
(razão entre vazão e área molhada); 𝑎2 e 𝑎1 os coeficientes de correção da energia cinética
(coeficientes de Coriolis); g a gravidade (𝑚/𝑠2 ); ℎ𝑒 perda de carga (m).
⃒ ⃒
⃒𝑎 𝑉 2 𝑎1 𝑉12 ⃒⃒
⃒ 2 2
ℎ𝑒 = 𝐿𝑆¯𝑓 + 𝐶 ⃒⃒ − ⃒ (8)
2𝑔 2𝑔 ⃒
¯ 𝑚𝑒 + 𝐿𝑐𝑝 𝑄
𝐿𝑚𝑒 𝑄 ¯ 𝑐𝑝 + 𝐿𝑚𝑑 𝑄
¯ 𝑚𝑑
𝐿= ¯ 𝑚𝑒 + 𝑄
¯ 𝑐𝑝 + 𝑄¯ 𝑚𝑑 (9)
𝑄
1
𝑄 = 𝑞 𝑆¯𝑓 2 (10)
1 2
𝑞𝑖 = 𝐴𝑖 𝑅ℎ𝑖
3
(11)
𝑛𝑖
3 3
𝑞𝑐𝑝 3
𝑞𝑚𝑑
𝐴𝑡 [ 𝐴𝑞𝑚𝑒
3 + 𝐴3𝑐𝑝
+ 𝐴3𝑚𝑑
]
𝑚𝑒
𝛼= (12)
𝑞𝑡3
Onde 𝐴𝑡 é a área total da seção (𝑚2 ); 𝐴𝑚𝑒 , 𝐴𝑐𝑝 e 𝐴𝑚𝑑 são, respectivamente, a área
da subdivisão da margem esquerda, do canal principal e da margem direita (𝑚2 ); 𝑞𝑡 , é
a capacidade total de escoamento na seção (𝑚3 /𝑠); 𝑞𝑚𝑒 , 𝑞𝑐𝑝 e 𝑞𝑚𝑑 são, respectivamente,
a capacidade de escoamento na subdivisão da margem esquerda, do canal principal e da
margem direita.
O valor da perda de carga por atrito é dada pelo produto entre a declividade da
linha de energia entre as duas seções (𝑆𝑓 ) e a distância ponderada entre as duas seções
(L). Assim, o resultado corresponde à seguinte equação:
𝑄1 + 𝑄2 2
𝑆𝑓 = ( ) (13)
𝑞1 + 𝑞2
em que, 𝑄1 , 𝑄2 e 𝑞1 , 𝑞2 são respectivamente as vazões e capacidade de escoamento das
margens e canal principal.
Já a perda de carga por expansão ou contração das seções, é dada por:
⃒ ⃒
⃒𝑎 𝑉 2 𝑎2 𝑉22 ⃒⃒
1 1
ℎ𝑒 = 𝐶 ⃒⃒ − ⃒ (14)
⃒ 2𝑔 2𝑔 ⃒
Materiais e métodos
4.2 Metodologia
A presente pesquisa foi realizada em três etapas: (i) caracterização do rio e da
ocupação das margens do mesmo no trecho de estudo; (ii) avaliação dos hidrogramas nas
estações fluviométricas de Piranhas, cujo código é 49330000 e de Pão de açúcar, de código
49370000, a partir dos dados disponı́veis; e (iii) simulação da onda de cheia utilizando o
modelo HEC-RAS.
Durante o desenvolvimento da simulação, foi criada a geometria, esta por sua vez
consiste no conjunto de informações do esquema fluvial, dados das seções transversais, e
os dados da estrutura hidráulica. O desenvolvimento da geometria ocorreu da seguinte
maneira: primeiramente, fez-se o desenho esquemático do rio, para a partir deste começar
a entrar com os dados das seções transversais e da estrutura hidráulica. Para cada seção
transversal foi atribuı́do o nome, o trecho, a estação e a descrição do rio, respectivamente.
Em seguida foram inseridos, também, a distância de uma seção à outra (Downstream
Reach Lenghts), o valor do coeficiente de Manning, as margens, os coeficientes de expansão
e contração e os dados de distância e elevação dos perfis.
A geometria utilizada neste trabalho foi desenvolvida por Santana et al. (2015) e
está apresentada na figura 9. Cabe ressaltar que para a propagação da onda de cheia pelo
modelo hidrodinâmico HEC-RAS foram utilizados os dados da geometria do canal do rio
São Francisco até próximo a sua foz(englobando as estações Traipu e Propriá), entretanto
a discussão dos resultados se restringiu ao trecho até Pão de Açúcar.
Capı́tulo 4. Materiais e métodos 30
Figura 9 – Geometria
∑︀𝑁 1.5
𝑖=1 (𝑃𝑖 𝑛𝑖 ) 2
𝑛𝑐 = [ ]3 (15)
𝑃
Onde, 𝑛𝑐 é o coeficiente de rugosidade equivalente, P é o perı́metro total da seção,
𝑃𝑖 é o perı́metro da subdivisão I e 𝑛𝑖 coeficiente de rugosidade para a subdivisão. Dessa
forma, tendo os dados de vazões afluentes, a geometria, o coeficiente de Manning e
consequentemente os dados para calibração, tem-se que os dados de entrada estão prontos.
Como a simulação está sendo realizada num escoamento em regime não uniforme,
ou seja, escoamento em regime variado, tem-se que o vetor velocidade pode variar de ponto
a ponto, num instante qualquer.
Na calibração do modelo foram utilizados os parâmetros de Chagas (2009). O autor
utilizou para a seleção desses parâmetros uma série histórica de oito anos (1990-1997), a
determinação do coeficiente de rugosidade de Manning o autor fez ajustes necessários e os
coeficientes de contração e expansão foram utilizados os do próprio modelo.
Na simulação do HEC-RAS para regime transitório, foram utilizados nas condições
iniciais e as condições de contorno, que foram extraı́das do hidrograma. A rating curve
(curva de classificação) foi utilizada como condição de contorno para a última seção. Essas
condições foram as mesmas utilizadas por Santana et al. (2015).
A simulação da propagação de onda foi realizada de acordo com os hidrogramas
diários, como descrito no item 4.2.2 (página 28).
31
Resultados
Já a figura 13, representa a relação de cota e velocidade para a estação de Pão
de Açúcar. As curvas representam os perı́odos antes da construção da barragem (pontos
azuis) e pós a construção das barragens (pontos laranjas). Através da imagem percebe-se
que existe uma maior densidade para valores de velocidade inferiores a 1 𝑚/𝑠, tem-se
também que o valor da velocidade pós construção da barragem em Pão de Açúcar passou
a ter velocidades de até 1,4 𝑚/𝑠 para uma cota de 800 m.
nas duas estações, o que não possibilita o registro dessa propagação. Essa superação de
valores acontece apenas quando as vazões atingem valores maiores que 11000 𝑚3 /𝑠.
Este fato é confirmado nos eventos 3 e 4, quando os picos não ultrapassam 9000
𝑚3 /𝑠 e os valores das vazões de Pão de Açúcar são próximos, mas superiores as vazões em
todo o evento de cheia registrado.
Conclusão
Referências
CBHSF, D. Plano de recursos hidricos da bacia hidrografica do rio sao francisco. Módulo
I. Resumo Executivo. Salvador, 2004.
CUNHA, L.; LEAL, C.; TAVARES, A.; SANTOS, P. Risco de inundação no municı́pio de
torres novas (portugal). Revista geonorte, 2012.