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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS


Campus de Rio Claro

PROPOSTA METODOLÓGICA PARA DEFINIÇÃO DA


VULNERABILIDADE DE BACIAS HIDROGRÁFICAS AO
ROMPIMENTO DE BARRAGENS

Fábio Augusto Gomes Vieira Reis

Tese apresentada à Universidade Estadual Paulista


– Unesp, no concurso público de títulos e provas
para obtenção do título de Livre Docência, na
disciplina Geologia Ambiental, do Departamento
de Geologia Aplicada, Instituto de Geociências e
Ciências Exatas, campus de Rio Claro

Rio Claro (SP)


2016
551.48 Reis, Fabio Augusto Gomes Vieira
R375p Proposta metodológica para definição da vulnerabilidade
de bacias hidrográficas ao rompimento de barragens / Fabio
Augusto Gomes Vieira Reis. - Rio Claro, 2016
274 f. : il., figs., tabs., quadros, mapas

Tese (livre docência) - Universidade Estadual Paulista,


Instituto de Geociências e Ciências Exatas

1. Hidrologia. 2. Suscetibilidade à processos geológicos.


3. Ondas de cheia. 4. Movimentos de massa. 5. Ribeirão do
Roque. I. Título.

Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP


Campus de Rio Claro/SP
Dedico este trabalho às pessoas mais importantes de minha vida:
meu querido filho Henrique,
minha esposa, companheira e amiga Liló e
aos meus queridos e insubstituíveis pais, Maria Celeste e Wagner (em memoria).
Agradecimentos

Durante toda a minha vida tive a felicidade e o prazer de compartilhar grandes


amizades sinceras, companheirismos fieis, coleguismos éticos e algumas inimizades
ferrenhas e outras de momento. Gostaria, nessa nova fase de minha carreira, de agradecer a
todas essas pessoas que, por algum motivo, compartilharam esses momentos comigo,
felizes ou nem tanto, mas momentos importantes que me formaram como ser humano e
construíram meu caráter. Guardo todos esses momentos com imenso carinho porque fazem
parte de minha vida, de minha trajetória como pessoa e do meu desenvolvimento como
profissional e cidadão, muito obrigado a todos pelo presente de compartilharem uma parte
de suas vidas comigo.
Nessa trajetória, tive o privilégio de conhecer você, meu grande amor e minha
eterna amiga e companheira, que me proporcionou o momento mais feliz de minha vida,o
nascimento de nosso filho Henrique. Um agradecimento especial a você e ao nosso filho,
pela paciência e ajuda nos momentos mais difíceis de minha jornada. Sua ajuda nessa tese
não foi de carinho, mas de muito esforço, auxílio, ajuda e colaboração, que sempre
demonstram para mim a excepcional profissional que você é. Muito obrigado Liló.
Ao meu filho Henrique pela paciência nos momentos em que não pude brincar,
jogar bola, videogame, buraco ou outras brincadeiras que ficam deliciosas quando
brincamos juntos. Valeu filhão.
Aos meus pais, Maria Celeste e Wagner (em memoria), pelo exemplo de pessoas
honestas, esforçadas e inteligentes, que sempre me ajudaram em momentos complicados,
me dando o apoio incondicional, coisas que somente pais amorosos e carinhosos dão
porque sabem que o melhor ensinamento que existe, é o exemplo. Muito obrigado por
tudo.
Ao meu grande amigo e tutor, Prof. Leandro Cerri, pelos excelentes exemplos
como docente e profissional, que contribuíram imensamente para minha formação como
pessoa. Parabéns Léo, você sempre foi uma grande referência para seus alunos e
orientados, agradeço em nome de todos pelo seu enorme carinho.
Ao meu outro grande amigo, Prof. Zaine, por sempre estar disposto e preparado
para ajudar, com sua calma e paciência, orientando seus alunos com o carinho de um
grande paizão. Muito obrigado Zaine pela colaboração enorme em todos os projetos que
participamos juntos.
Agradeço a toda a minha família, especialmente, a minha irmã Dilênia, pelo seu
carinho e amor.
Aos meus alunos e orientados de graduação e pós-graduação que me incentivam a
sempre buscar ser um melhor professor e orientador.
Aos meus colegas de trabalho na UNESP, pelo apoio e contribuição.
À todos funcionários do Departamento de Geologia Aplicada, especialmente, para
Márcia, Alan, André e Célia, que sempre pacientemente me auxiliaram.
Aos bibliotecários e funcionários administrativos da UNESP que me auxiliaram
bastante, especialmente, a Eliana e Matheus da Diretoria e Seção Técnica Acadêmica do
IGCE.
Ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, principalmente, ao
Departamento de Geologia Aplicada (DGA), ao Programa de Pós-Graduação em
Geociências e Meio Ambiente e aos cursos de graduação em Geologia e Engenharia
Ambiental.
A PETROBRAS, a Fundação para o Desenvolvimento da UNESP (FUNDUNESP),
a Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão (FUNEP) e a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelos projetos de pesquisa desenvolvidos em
parceria, auxílios financeiros e bolsas de estudos ao meus alunos e orientados, que me
auxiliam no desenvolvimento de minhas pesquisas.
A vida sempre vale a pena ser vivida quando é acompanhada de pessoas de grande
estima.
RESUMO
Nos últimos anos tem ocorrido no país uma série de acidentes envolvendo barragens, como foram os casos da
Mineração Rio Verde (2001), Cataguases (2003), Camará (2004) e Samarco (2015), amplamente noticiados e
com consequências negativas para população e meio ambiente. Diversos outros acidentes de menores
proporções envolvendo barragens de pequeno e médio portes acontecem no país anualmente, mas sem tanta
repercussão. Todo esse cenário está ocorrendo mesmo com a existência de uma política pública específica
sobre o tema, a Política Nacional de Segurança de Barragens, e de diferentes legislações, manuais e normas
técnicas que abordam aspectos de projeto, construtivos, operacionais e de monitoramento. Contudo, ressalta-
se que não existe no país uma metodologia específica para avaliar a vulnerabilidade de bacias hidrográficas
ao rompimento de barragens. Nesse sentido, o objetivo principal dessa tese é propor metodologia para definir
a vulnerabilidade de bacias hidrográficas em relação ao rompimento de barragens, por meio da análise de
atributos fisiográficos, morfométricos, de uso e ocupação do solo e das condições de segurança e potencial de
dano das barragens. A pesquisa foi desenvolvida, inicialmente, por meio da análise da suscetibilidade à ondas
de cheia, corridas de massa e escorregamentos, processos que podem ocasionar o rompimento de barragens,
elaborando-se mapas de suscetibilidade para cada processo, por meio de método empírico, correlacionando
mapas de unidades fisiográficas e de uso e ocupação do solo, além de características morfométricas da bacia,
na escala 1:50.000. Posteriormente, definiu-se a Categoria de Risco (CRI) e o Dano Potencial Associado
(DPA) para cada barragem existente na área de estudo. Foram realizados levantamentos de campo e análise
de imagens aéreas para subsidiar a obtenção de dados da área, que situa-se na bacia hidrográfica do Ribeirão
do Roque, inserida na macro bacia do Rio Mogi Guaçu, região central do Estado de São Paulo. Em seguida,
foi determinada a Vulnerabilidade da Barragem à Segurança (VBS), pela integração dos resultados de CRI e
DPA, e a Vulnerabilidade da Barragem à Processos (VBP), considerando as suscetibilidades aos processos
analisados na pesquisa. Para finalizar foi determinada a Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao
rompimento de barragens (VBH), integrando os resultados de VBS e VBP. De um total de 116 barragens
identificadas na área, 67 barragens apresentaram alto VBH e 49 médio, demonstrando que a bacia do
Ribeirão do Roque tem alta vulnerabilidade ao rompimento de barragens. Pelos resultados obtidos durante o
desenvolvimento da pesquisa pode-se concluir que a vulnerabilidade das bacias hidrográficas ao rompimento
de barragens está diretamente relacionada as características hidrológicas, hidráulicas, fisiográficas,
morfométricas e de uso ocupação do solo da bacia e das condições de risco e dano potencial de cada
barragem. A metodologia proposta se mostrou adequada, podendo auxiliar a gestão territorial de bacias e a
fiscalização de barragens, especialmente, no processo de licenciamento de novos empreendimentos, pois,
possibilita identificar, de forma integrada, a suscetibilidade aos processos de ondas de cheia e movimentos de
massa e quais sub-bacias já possuem barragens em risco e o dano potencial que estão submetidas.

Palavras-chave: vulnerabilidade; suscetibilidade à processos geológicos; ondas de cheia; movimentos de


massa; Ribeirão do Roque.
ABSTRACT
In recent years, has been occurred a series of accidents involving dams in Brazil, such as the cases of Rio
Verde Mining (2001), Cataguases (2003), Camara (2004) and Samarco (2015), widely reported and with
negative consequences for population and environment. Several other accidents of smaller proportions
involving small and medium dams occur in the country annually, but with low repercussion. This scenario is
occurring despite the existence of a specific public policy about the issue, the National Dam Safety Policy,
and different laws, manuals and technical standards that treats design, construction, operating and monitoring
aspects. However, it is emphasized that there is not a specific methodology to evaluate the watershed’s
vulnerability to dam failures in the country. The aim of this thesis is to propose a methodology to define the
watershed’s vulnerability to dam failures, through analysis of physiographic, morphometric, land use
attributes, security conditions and potential of dam damage. Initially, the research was developed by the
susceptibility analysis of flash flood, debris flow and landslide events, processes that can cause the dam
failures. Susceptibility maps were develop for each process through empirical method, correlating
physiographic units, land use maps, and morphometric characteristics of the basin, using 1:50.000 scale.
Posteriorly, was defined the Risk Category (CRI) and the Associated Potential Damage (DPA) for each dam
in the study area. Field surveys and aerial images analysis were done to support the data collection in the
study area, which is located in the Ribeirao do Roque basin, which is inserted in the Mogi Guaçu basin,
central region of São Paulo State. The Security Dam Vulnerability (VBS) was determined by the integration
of results of CRI and DPA; and Processes Dam Vulnerability (VBP), considering the susceptibilities to the
processes analyzed in this research. Finally, it was determined the Basin Vulnerability to dam failure (VBH),
integrating results of VBS and VBP. From the 116 dams identified in the study area, 67 dams have high VBH
and 49 medium, which demonstrates that the Ribeirao do Roque basin has a high vulnerability to dam
failures. The results obtained during the research concludes that the vulnerability of watersheds to dam
failure is directly related with hydrological, hydraulic, geomorphological, morphometric and land use
features of the basin, besides the risk conditions and damage potential of each dam. The methodology is
appropriate and can help land management of basins and dam inspections, especially in new projects
licensing processes. Therefore, it turns possible to identify, in an integrated manner, the flash flood and mass
flow susceptibilities, which sub-basins already have dams in risk situation and the damage potential that they
are exposed.

Keywords: vulnerability; susceptibility of geological processes; flash flood; mass flow; Ribeirao do Roque
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Áreas de influência de cheias, enchentes e inundações, com as configurações dos


leitos fluviais. 43

Figura 2. Relação entre os processos de erosão, transporte e sedimentação e a velocidade da


corrente de um rio e o tamanho das partículas envolvidas nos processos. 50

Figura 3. Classificação de movimentos de massa em encostas com base no conteúdo de água


e no tipo de material mobilizado. 53

Figura 4. Combinação das curvaturas para caracterização das formas de terreno. 58

Figura 5. Etapas principais do desenvolvimento de corridas de massa secundárias. 66

Figura 6. Histórico de falhas e acidentes e as principais evoluções nos procedimentos,


práticas e legislação Britânicos sobre Barragem. 95

Figura 7. Fases de análise e interpretação fotogeológica e seus respectivos produtos. 157

Figura 8. Fluxograma com as etapas e principais produtos da pesquisa. 193

Figura 9. Distribuição das classes de uso e ocupação do solo na bacia do Ribeirão do Roque. 204

Figura 10. Mapa do Grau de Suscetibilidade da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) para


ondas de cheia. 209

Figura 11. Mapa do Grau de Suscetibilidade da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) para


corridas de massa e escorregamentos. 215

Figura 12. Mapa do Grau de Suscetibilidade Antrópico (GSA) para ondas de cheia, corridas
de massa e escorregamentos. 217

Figura 13. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final Preliminar (GSF preliminar) para ondas de
cheia (sem considerar os parâmetros morfométricos). 220

Figura 14. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para ondas de cheia (considerando
os parâmetros morfométricos). 212

Figura 15. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final Preliminar (GSF preliminar) para corridas
de massa (sem considerar os parâmetros morfométricos). 222

Figura 16. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para corridas de massa
(considerando os parâmetros morfométricos). 223

Figura 17. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para escorregamentos. 224
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação do relevo com relação ao ângulo de declividade e gradiente. 55

Tabela 2. Valores de parâmetros morfométricos das bacias hidrográficas analisadas na


pesquisa. 202

Tabela 3. Porcentagem das classes de uso e ocupação do solo na bacia do Ribeirão do Roque. 204
LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Conceitos de elementos e da estrutura de uma barragem. 29

Quadro 2. Classificação das barragens quanto ao objetivo. 30

Quadro 3. Tipos de barragens e suas principais características 31

Quadro 4. Classificação das inundações em função de suas magnitudes/frequências. 45

Quadro 5. Principais métodos para previsão de enchentes. 46

Quadro 6. Parâmetros e variáveis utilizados na análise de um canal fluvial 51

Quadro 7. Principais grupos de movimentos gravitacionais de massa típicos de encostas. 53

Quadro 8. Graus de proteção do solo de acordo com a cobertura vegetal. 63

Quadro 9. Principais escolas científicas, termos e critérios utilizados na classificação das


corridas de massa. 64

Quadro 10. Condicionantes e parâmetros de análise para deflagração e dinâmica de corridas


de massa de origem secundária. 66

Quadro 11. Inclinações das encostas com corridas geradas a partir de escorregamentos. 68

Quadro 12. Equações de cálculo de velocidade de pico de corridas de massa. 69

Quadro 13. Categorias e causas de falhas que podem ocorrer com barragens. 71

Quadro 14. Classificação das consequências da ruptura de barragens e frequência de


reavaliações da segurança do empreendimento. 73

Quadro 15. Variáveis selecionadas para eventos de cheias excepcionais. 75

Quadro 16. Variáveis selecionadas para processos de erosão fluvial. 76

Quadro 17. Variáveis selecionadas para rompimento de reservatórios. 77

Quadro 18. Variáveis selecionadas para corridas de massa (origens primária e secundária). 78

Quadro 19. Desastres internacionais de rompimento de barragens que causaram perdas de


vidas. 82

Quadro 20. Histórico de eventos com barragens e corridas de massa na região da Columbia
Britânica, Canadá. 88

Quadro 21. Casos de rompimentos de barragens de contenção de rejeitos e de resíduos


industriais no cenário internacional. 90
Quadro 22. Principais acidentes em barragens no Brasil. 92

Quadro 23. Critérios estabelecidos internacionalmente para aplicação da legislação de


segurança de barragens e obrigatoriedade de elaboração de planos de emergência. 101

Quadro 24. Principais legislações e normas técnicas brasileiras sobre barragens no âmbito
federal e em alguns estados. 104

Quadro 25. Fases de estudo e projeto de uma barragem no âmbito geológico-geotécnico. 107

Quadro 26. Síntese do conteúdo para elaboração de projetos de barragens de rejeito,


conforme a norma ABNT/NBR 13.028. 110

Quadro 27. Critérios para determinação do Grau de Periculosidade (P). 115

Quadro 28. Critérios para determinação do Grau de Vulnerabilidade (V). 116

Quadro 29. Critérios para determinação do Grau de Importância (I). 117

Quadro 30. Critérios para classificação do Potencial de Risco (PR). 117

Quadro 31. Requisitos mínimos a serem apresentados em cada fase de licenciamento de


barragens em Minas Gerais. 119

Quadro 32. Classificação das categorias de potencial de dano ambiental e a periodicidade da


realização de auditorias no Estado de Minas Gerais. 120

Quadro 33. Critérios e metodologia de cálculo para definição da área a jusante (AJ) de
acordo com o tipo de barragem. 121

Quadro 34. Critérios gerais para classificação de barragens quanto à categoria de risco. 123

Quadro 35. Classificação de barragens conforme seu volume e finalidade. 123

Quadro 36. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT)
para as barragens de rejeitos ou resíduos. 124

Quadro 37. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao estado de conservação (EC)
para barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água. 125

Quadro 38. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao plano de segurança (PS) para
barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água. 126

Quadro 39. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao dano potencial associado
(DPA) para barragens de rejeitos ou resíduos. 127

Quadro 40. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT)
para barragens de acumulação de água. 128
Quadro 41. Classificação final da categoria de risco e dano potencial associado das barragens
para disposição de rejeitos ou resíduos. 129

Quadro 42. Classificação final da categoria de risco e dano potencial associado das barragens
de acumulação de água. 129

Quadro 43. Principais instrumentos de gestão de segurança de barragens definidos pelo


Conselho Nacional de Recursos Hídricos. 130

Quadro 44. Matriz para classificação de barragens de mineração conforme sua categoria de
risco e dano potencial associado. 133

Quadro 45. Estrutura e conteúdo mínimo do Plano de Segurança da Barragem para


Mineração. 134

Quadro 46. Critérios e pesos para classificação do Estado de Conservação (EC). 139

Quadro 47. Critérios e pesos para classificação do Plano de Segurança da Barragem (PS). 140

Quadro 48. Critérios e pesos para classificação do Dano Potencial Associado (DPA). 141

Quadro 49. Matriz de Classificação de Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial Associado
(DPA), incluindo a periodicidade máxima da revisão periódica de segurança. 142

Quadro 50. Principais tipos de análise aplicados ao mapeamento de áreas suscetíveis a


escorregamentos, suas respectivas características e escala mínima recomendada. 144

Quadro 51. Etapas e fontes de dados para estruturação do banco de dados da pesquisa. 154

Quadro 52. Principais características das abordagens sintética e analítica. 155

Quadro 53. Critérios de análise e interpretação fotogeológica para delimitação de unidades


fisiográficas. 158

Quadro 54. Características das imagens que são avaliadas durante o procedimento de
classificação visual. 166

Quadro 55. Características do satélite RESOURCESAT. 166

Quadro 56. Parâmetros, variáveis e condicionantes conforme o processo. 170

Quadro 57. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade de


eventos de cheias excepcionais. 171

Quadro 58. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade


aos processos de corridas de massa. 173

Quadro 59. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade


aos processos de escorregamentos. 175

Quadro 60. Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para ondas de cheia e corridas de massa. 180
Quadro 61. Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para escorregamentos. 181

Quadro 62. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT)
para barragens de acumulação de água. 185

Quadro 63. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT)
para as barragens de rejeitos ou resíduos. 186

Quadro 64. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao estado de conservação (EC)
para barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água. 186

Quadro 65. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao plano de segurança (PS) para
barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água. 187

Quadro 66. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativo ao dano potencial associado (DPA)
para barragens de rejeitos ou resíduos. 188

Quadro 67. Critérios e pesos para classificação do Dano Potencial Associado (DPA). 189

Quadro 68. Classificação final da Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial Associado
(DPA) das barragens de acumulação de água. 190

Quadro 69. Classificação final da Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial Associado
(DPA) das barragens para disposição de rejeitos ou resíduos. 190

Quadro 70. Critérios para determinação da Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao


Rompimento de Barragens (VBH). 192

Quadro 71. Formas do relevo identificadas na bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque. 196

Quadro 72. Características dos litotipos que ocorrem na bacia hidrográfica do Ribeirão do
Roque. 197

Quadro 73. Descrição das unidades fisiográficas mapeadas na bacia do Ribeirão do Roque. 200

Quadro 74. Determinação do Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros da


Compartimentação Fisiográfica (GSNF) de áreas afetadas pela ocorrência aos processos de
ondas de cheia excepcionais na bacia do Ribeirão do Roque. 207

Quadro 75. Determinação do Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos


para a Bacia (GSNM) de áreas afetadas pela ocorrência aos processos de ondas de cheia
excepcionais nas bacias hidrográfica analisadas. 208

Quadro 76. Determinação Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros da


Compartimentação Fisiográfica (GSNF) de áreas afetadas pela ocorrência aos processos de
corridas de massa na bacia do Ribeirão do Roque. 212

Quadro 77. Determinação do Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos


para a Bacia (GSNM) de áreas afetadas pela ocorrência aos processos de corridas de massa
nas bacias hidrográfica analisadas. 213
Quadro 78. Determinação Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros da
Compartimentação Fisiográfica (GSNF) de áreas afetadas pela ocorrência aos processos de
escorregamentos na bacia do Ribeirão do Roque. 214

Quadro 79. Determinação Grau de Suscetibilidade Antrópico (GSA) de áreas afetadas pela
ocorrência aos processos de ondas de cheia excepcionais, corridas de massa e
escorregamentos na bacia do Ribeirão do Roque. 216

Quadro 80. Quantidade de barragem classificadas em cada classe nos critérios propostos na
pesquisa. 227
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS 16

2. PREMISSAS, HIPÓTESE E OBJETIVOS 23

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 26

3.1. CONCEITOS BÁSICOS 27

3.1.1. Conceitos Gerais de Barragens 27

3.1.2. Conceitos Gerais de Risco, Vulnerabilidade e Desastre 32

3.1.3. Processos de Dinâmica Superficial e de Rompimento de Barragens 42

3.1.3.1. Processo de Ondas de Cheia Excepcional 42

3.1.3.2. Processo de Erosão Fluvial 47

3.1.3.3. Processos de Movimentos de Massa 51

3.1.3.4. Processo de Rompimento de Reservatórios 70

3.2. HISTÓRICO DE ACIDENTES DE BARRAGENS 79

3.3. ASPECTOS TÉCNICOS E LEGAIS RELACIONADOS A BARRAGENS 94

3.3.1. Evolução das Legislações Internacionais 94

3.3.2. Legislações e Normas Gerais Brasileiras sobre Barragens 102

3.3.3. Legislações e Normas Brasileiras sobre Segurança de Barragens 113

3.4. MÉTODOS PARA MAPEAMENTO DA SUSCETIBILIDADE À PROCESSOS 143

3.4.1. Métodos com Base Heurística 148

3.4.2. Métodos com Base Determinística 149

3.4.3. Métodos com Base Estatística 150

4. MÉTODOS E ETAPAS DA PESQUISA 151

4.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO 151

4.2. ORGANIZAÇÃO E GERENCIAMENTO DO BANCO DE DADOS 153


4.3. COMPARTIMENTAÇÃO FISIOGRÁFICA 154

4.4. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS MORFOMÉTRICOS


COMPLEMENTARES 160

4.5. MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 165

4.6. ANÁLISE DA SUSCETIBILIDADE A OCORRÊNCIA DE PROCESSOS 167

4.7. CLASSIFICAÇÃO DA CATEGORIA DE RISCO E DANO POTENCIAL


ASSOCIADO DAS BARRAGENS 182

4.8. VULNERABILIDADE DA BACIA EM RELAÇÃO AO ROMPIMENTO DE


BARRAGENS 191

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 194

5.1. COMPARTIMENTAÇÃO FISIOGRÁFICA E PARÂMETROS


MORFOMÉTRICOS 194

5.2. MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO 202

5.3. DEFINIÇÃO DO GRAU DE SUSCETIBILIDADE 205

5.4. CLASSIFICAÇÃO DA CATEGORIA DE RISCO DAS BARRAGENS E DA


VULNERABILIDADE DA BACIA HIDROGRÁFICA 225

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 232

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 235

Apêndice 1. Classificação da Categoria de Risco (CRI) e do Dano Potencial Associado (DPA)


das barragens na bacia do Ribeirão do Roque. 258

Apêndice 2. Classificação Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao rompimento de barragens


(VBH), pelo cálculo da Vulnerabilidade da Barragem à Segurança (VBS) e da Vulnerabilidade
da Barragem à Processos (VBP). 265

Apêndice 3. Mapa de Uso e Ocupação do Solo 272

Apêndice 4. Mapa de Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao Rompimento de Barragens


(VBH) 273

Anexo 1. Mapa das Unidades de Compartimentação Fisiográfica 274


1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVAS

As barragens são estruturas construídas historicamente com o objetivo de armazenar


e controlar a água, sendo usadas, desde a antiguidade, como um dos principais pilares do
desenvolvimento das cidades. Atualmente, são usadas para várias finalidades como
abastecimento de água, irrigação, hidroeletricidade, retenção de resíduos minerais e
industriais, controle de enchentes e recreação, tendo com isso, um papel importante na
infraestrutura e desenvolvimento de um país. (MELO, 2014). Como qualquer obra de
engenharia, as barragens também estão sujeitas às falhas, podendo ocasionar acidentes por
ruptura e resultar na liberação descontrolada do volume armazenado, tendo consequências
que variam de simples perda deste volume até catástrofes envolvendo perda de vidas
humanas e o comprometimento total da região atingida (PERINI, 2009).
Melo (2014) destaca que o ideal seria que toda barragem fosse adequadamente
planejada, projetada, construída e mantida, mas nos últimos anos ocorreu um grande
número de acidentes, especialmente, pela falta de monitoramento, manutenção e/ou mesmo
dimensionamento correto das estruturas. Os graves impactos ambientais, econômicos e
sociais decorrentes dessas rupturas têm impulsionado o desenvolvimento de estudos e
normas específicas para definir o nível de segurança e o risco dessas obras. Tannant e
Skermer (2013) demonstraram em estudos feitos na região de Okanagan, na Colúmbia
Britânica, que acidentes com barragens de terra podem ter relação com corridas de massa,
sendo que o rompimento de pequenas barragens de terra causam frequentemente corridas.
No Brasil, a sociedade começou a discutir mais sistematicamente o problema das
catástrofes de rompimento de estruturas hidráulicas pela ruptura das barragens da
Mineração Rio Verde, em 2001, da indústria Rio Pomba-Cataguases, em 2003 e de
Camará, em 2004, embora em 1960 já tivesse ocorrido a ruptura da barragem de Orós, no
Ceará, com um número de vítimas não oficial de 1000 pessoas. Esses acidentes
aumentaram a discussão pública e política no país sobre a segurança dos barramentos e das
populações a jusante, com foco também para as barragens de rejeito (BALBI, 2008;
OLIVEIRA, 2010; CERRI; REIS; GIORDANO, 2011).
Em 2004, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), por meio da
Resolução CNRH no 37, estabeleceu as diretrizes para outorga de recursos hídricos para
implantação de barragens em corpos d’água dos Estados, Distrito Federal ou da União. Em

16
20 de setembro de 2010 foi promulgada a Lei Federal no 12.334, que estabelece a Política
Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos,
à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais. Essa
legislação criou, ainda, o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens
para registro informatizado das condições de segurança de barragens em todo o território
nacional (CERRI; REIS; GIORDANO, 2011). Entretanto, essa política pública não foi
capaz de evitar novos acidentes, como foi o caso do maior acidente ambiental da história
do Brasil, o rompimento das barragens de rejeito de extração de ferro da empresa Samarco
no município de Mariana (MG), em novembro de 2015.
A Política Nacional de Segurança de Barragens é direcionada à barramentos de
médio e grande portes, pois, aplica-se as barragens destinadas à acumulação de água e
disposição de rejeitos e resíduos industriais que apresentem pelo menos uma das seguintes
características: I - altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista,
maior ou igual a 15m (quinze metros); II - capacidade total do reservatório maior ou igual
a 3.000.000 m³ (três milhões de metros cúbicos); III - reservatório que contenha resíduos
perigosos conforme normas técnicas aplicáveis; IV - categoria de dano potencial associado,
médio ou alto, em termos econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas,
conforme definido no art. 6o (BRASIL, 2010)
O Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (1976, s.p.) define onda de
cheia como a "elevação do nível das águas de um rio até o pico e subsequente recessão,
causada por um período de precipitação, fusão das neves, ruptura da barragem ou liberação
de água por central elétrica". Rupturas que ocorrem geralmente devido a falhas estruturais,
galgamento, infiltração, erosão interna (piping), são alguns dos fatores que contribuem
com a liberação do fluxo de água acumulada pela barragem, causando ondas de cheia para
jusante que atuam na capacidade da vazão dos rios, modificando a morfologia dos cursos
d’água e alagando toda a planície. Esse fenômeno pode gerar ou potencializar os processos
do meio físico na bacia com força destrutiva em áreas que até então não apresentavam
risco, mesmo que essas estejam localizadas a quilômetros de distância do evento principal.
O rompimento de pequenas barragens não tem o potencial destruidor das de grande e
médio porte, mas pode potencializar a ocorrência de processos de movimentos de massa,
como é o caso das corridas de detritos, altamente destrutivas e que acarretam sérios
prejuízos sociais, econômicos e ambientais, inclusive com o retrabalhamento de antigos
depósitos primários de corridas de massa. Cerri, Reis e Giordano (2011) ressaltam que as

17
barragens de pequeno porte apresentam uma proliferação cada vez maior pelo país,
fortemente condicionada pelo atual crescimento econômico e a expansão das fronteiras
agrícolas. Contudo, o aumento desse tipo de barragem não foi acompanhado por uma
intensificação da fiscalização das outorgas e, principalmente, do monitoramento e
fiscalização desses empreendimentos. Destaca-se, ainda, ausência de estudos científicos
que abordem de forma mais sistemática os procedimentos operacionais, de monitoramento
e manutenção de pequenos barramentos, demonstrando a real situação desse tipo de
empreendimento pelo país.
Vale ressaltar que em rios com vários reservatórios o rompimento de uma
barragem localizada a montante, pode ocasionar rupturas sucessivas dos mesmos,
formando rompimentos em cascata.
Baseado em Marques Filho e Geraldo (1998), as barragens podem ser
classificadas de acordo com o material de sua construção, em barragens de aterro ou
barragens de concreto. As barragens de concreto são construídas com o material mais
resistente, se comparado ao das barragens de aterro. As barragens de aterro incluem as
barragens de terra, de enrocamento e mistas, sendo construídas, basicamente, com misturas
de solos e/ou rocha. As que são constituídas, principalmente, com um único tipo de solo
são chamadas de barragens de terra homogêneas. Quando apresentam mais de um tipo
predominante em sua construção, são chamadas de barragens de terra zoneadas. O método
de construção é basicamente a compactação do solo em camadas (MARQUES FILHO e
GERALDO, 1998; CAPUTO, 2011).
Jorge (1984) afirma que, tais reservatórios, quando construídos alteram
significativamente a área de implantação e regiões vizinhas, acarretam mudanças
principalmente no meio físico, entre elas a elevação do nível freático. O mesmo autor
afirma que estas alterações podem provocar erosão das áreas marginais, geração de sismos,
assoreamento e fenômenos de instabilidade e escorregamentos em suas encostas marginais.
Para Denghua, Yuefeng e Mingchao (2011), falhas em barragens podem surgir a
partir de uma variedade de fatores, como hidrologia, infiltração de água, instabilidade de
taludes, falhas na fundação, liquefação, má administração, atividades humanas
inadequadas, ou uma combinação de vários. Porém, Massad (2010) ressalta que os três
principais fatores que condicionam o rompimento são os hidrológicos, infiltração e
instabilidade de taludes.

18
Além destes, as barragens estão constantemente expostas a problemas que podem
afetar sua estrutura, como uso e ocupação do solo no entorno, cheias, erosão interna, falhas
em sua fundação, entre outros. A resposta da estrutura da barragem a estes riscos pode ser
entendida como vulnerabilidade. Pela carta de prevenção de riscos elaborada pela
Organização das Nações Unidas (ONU, 2004), “vulnerabilidade é o conjunto de processos
e condições resultantes de fatores de risco, que determinam quanto a área é suscetível aos
impactos”. Avaliação da vulnerabilidade da barragem é a avaliação de exposição aos riscos
e ameaças à que as barragens estão sujeitas. Quanto maiores forem às probabilidades de os
fatores de risco ocorrerem e quanto mais a barragem estiver sujeita a esses fatores, maior é
a vulnerabilidade da barragem à rupturas e acidentes.
Zuquette e Gandolfi (2004) afirma que as cartas de riscos devem ser elaboradas
tomando por base documentos relacionados a eventos perigosos, aos elementos de
ocupação e a vulnerabilidade dos elementos diante do evento perigoso. Carvalho, Macedo
e Ogura (2007) definem alguns conceitos da seguinte forma: evento como fenômeno com
características, dimensões e localização geográfica registrada no tempo, sem causar danos
econômicos e/ou sociais; perigo (hazard) como a condição ou fenômeno com potencial
para causar uma consequência desagradável; vulnerabilidade como grau de perda para um
dado elemento, grupo ou comunidade dentro de uma determinada área passível de ser
afetada por um fenômeno ou processo; suscetibilidade indica a potencialidade de
ocorrência de processos naturais e induzidos em uma dada área, expressando-se segundo
classes de probabilidade de ocorrência; e risco como uma relação entre a possibilidade de
ocorrência de um dado processo ou fenômeno, e a magnitude de danos ou consequências
sociais e/ou econômicas sobre um dado elemento, grupo ou comunidade, sendo que quanto
maior a vulnerabilidade, maior o risco.
Baseado em Cerri (1993) suscetibilidade é a probabilidade a ocorrência de um
evento ou processo. Enquanto que risco é uma situação potencial de ocorrência de
acidente, na qual a probabilidade de ocorrência de um evento é associada com potenciais
consequências sociais e econômicas. A avaliação da suscetibilidade consiste em avaliar os
condicionantes aos processos de escorregamento na área estudada, indicando o grau de
predisposição à ocorrência.
Nesse sentido, a pesquisa considera o termo suscetibilidade como a probabilidade de
ocorrência do processo, abrangendo as características da área de estudo em relação aos
principais condicionantes naturais e antrópicos do processo. Já vulnerabilidade é entendida

19
como a avaliação do grau de exposição ou insegurança que uma bacia hidrográfica possui
em relação ao possível rompimento de barragens, considerando atributos do meio físico, de
uso e ocupação do solo e das características das barragens.
Como área de estudo para desenvolvimento da pesquisa foi definida a bacia
hidrográfica do Ribeirão do Roque, que se distribui pelos municípios de Leme, Santa Cruz
da Conceição, Pirassununga, Analandia, Corumbataí, Rio Claro e Araras, porção central do
estado de São Paulo. A bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque possui área aproximada
de 497 km², no médio curso do rio Mogi Guaçu. Quanto à geomorfologia, está inserida na
Depressão Periférica Paulista, no limite com a Província das Cuestas. A geologia dessa
bacia é composta pelas formações Tatuí, Irati, Corumbataí, Pirambóia, Botucatu, Serra
Geral e Itaqueri, além de coberturas cenozoicas representadas por depósitos coluviais de
espigão (areias, cascalhos e quartzo na base) e depósitos aluviais. Verifica-se a
predominância de Latossolos Vermelho Amarelos, Vermelhos, Argissolos Vermelho
Amarelos e Neossolos Quartzarênicos (OLIVEIRA, et. al, 1999).
Conforme as variações de temperatura e da distribuição das chuvas, o clima dessa
bacia, segundo a classificação de Köppen, é o tipo climático Cwa – subtropical, com verão
quente/chuvoso e inverno seco. Remanescentes florestais indicam a presença da Floresta
Estacional Semidecidual, cerrado e cerradão.
Essa bacia hidrográfica foi selecionada como área de estudo pela presença 116
barragens de terra de pequeno e médio portes, sendo mais de 78% sem outorga no
Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), além de 88
tanques em áreas de planície aluvionar e áreas de mineração com cavas e/ou barragens de
rejeito (REIS, et at., 2014; DAEE; 2013). Ressalta-se que várias dessas barragens são
construídas geralmente sem projeto e/ou acompanhamento técnico que podem gerar fluxos
de detritos e causar acidentes e impactos ambientais de grande proporção, como foi o caso
da ruptura de barragem de rejeito em mineração de areia que ocorreu nessa bacia em 2007.
Em complemento, o pesquisador e coordenador desse projeto de pesquisa já atuou em
algumas dessas barragens, realizando avaliações de estabilidade e monitoramento
geotécnico, identificando situações precárias em muitos casos, com altos riscos de
rompimento.
Atualmente no país, os projetos e a implantação de barragens de pequeno e médio
portes são baseados, exclusivamente, em estudos e cálculos hidrológicos e hidráulicos e,
em alguns casos, em ensaios geotécnicos pontuais no eixo do barramento, quando

20
executados. Outro ponto a destacar é que uma grande parte desses empreendimentos são
construídos sem qualquer tipo de projeto técnico e/ou acompanhamento de responsável
técnico legalmente habilitado, como também muitos não possuem outorgas junto aos
órgãos competentes de licenciamento de barragens, sendo, portanto, empreendimentos
irregulares e de alto risco.
Nesse contexto, verifica-se que no país, mesmo quando as barragens de pequeno e
médio portes são projetadas e implantadas de forma adequada, outros atributos importantes
não são levados em conta, como, por exemplo, a situação fisiográfica, geológica,
geotécnica e de uso e ocupação do solo no entorno e em toda a bacia hidrográfica, ou seja,
não é feito um projeto com base na integração de estudos multidisciplinares e sim foca
basicamente e exclusivamente os atributos hidrológicos e hidráulicos.
A pesquisa tem como principal problema de estudo, a necessidade de considerar
outros critérios, em complemento aos cálculos hidrológicos e hidráulicos, e referentes aos
atributos fisiográficos, morfométricos e de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica e
de risco e dano potencial da barragem, na gestão de bacias hidrográficas em relação a sua
vulnerabilidade ao rompimento de barragens. Já que nas metodologias aplicadas a esses
empreendimentos não há uma integração dos atributos do meio físico e de uso e ocupação
do solo de toda a bacia hidrográfica, incluindo as porções montante, com as características
hidrológicas da bacia, hidráulicas e geotécnicas de cada barragem e a ocupação do vale a
jusante. Na maioria das vezes os planos de gestão consideram somente a barragem de
interesse, esquecendo que toda a bacia montante e as demais barragens a montante e
jusante formam um sistema único, que deve ser gerenciado, operado e monitorado de
forma integrada e não como componentes isolados.
Um acidente em qualquer elemento desse sistema pode afetar em cadeia os demais
elementos, seja pela ocorrência de um processo natural, como, por exemplo, corridas de
massa e ondas de cheia, seja pelo próprio rompimento de uma barragem. Uma pequena
barragem implantada de forma inadequada, sem projeto ou licenciamento, pode gerar um
evento de corrida de detritos afetando outras barragens a jusante projetadas com critérios
técnicos adequados, mas que não levaram em consideração toda a bacia hidrográfica como
um sistema integrado, que apresenta sua vulnerabilidade afetada por cada empreendimento
implantado e pela evolução da dinâmica de seu uso e ocupação do solo.
Portanto, o problema que a presente tese aborda é a necessidade de uma
metodologia integrada para avaliação da vulnerabilidade de bacias hidrográficas em

21
relação ao rompimento de barragens, sendo que as justificativas para o desenvolvimento
dessa pesquisa podem ser sintetizadas da seguinte forma:
 o alto potencial destrutivo dos processos de fluxos de detritos deflagrados e
incrementados pela ruptura de barragens (BALBI, 2008; DUARTE, 2008;
DENGHUA, YUEFENG e MINGCHAO, 2011; CERRI, REIS e GIORDANO,
2011; TANNANT e SKERMER, 2013; REIS, et at., 2014);
 carência de trabalhos técnicos e científicos no Brasil sobre a situação de bacias
hidrográficas em relação a vulnerabilidade ao rompimento de pequenas e
médias barragens de terra, considerando toda a bacia hidrográfica como um
sistema único, que deve ser avaliado de forma integrada (CERRI, REIS e
GIORDANO, 2011; REIS, et at., 2014);
 ausência de metodologias específicas para definição de áreas vulneráveis a
ocorrência de fluxo de detritos causados pelo rompimento de barragens,
especialmente, aplicadas a barragens de pequeno e médio porte;
 proliferação de barragens em meio rural, principalmente, pelo desenvolvimento
agrícola ocorridos nos últimos anos no país, incluindo barragens de rejeito de
minerações (BALBI, 2008; DUARTE, 2008; CERRI, REIS e GIORDANO,
2011; REIS, et at., 2014);
 existência de um grande número de barragens de pequeno e médio portes sem
outorga, projeto e/ou responsável técnico específico pela implantação desses
empreendimentos no Brasil, apesar de farta legislação sobre o assunto (CERRI,
REIS e GIORDANO, 2011; REIS, et at., 2014);
 série de acidentes com barragens de água e rejeito no país nos últimos anos,
sendo que apesar do rompimento das grandes barragens serem mais destrutivos,
as de pequeno e médio ocorrem com maior frequência, além de existir uma
quantidade muito maior desse tipo de empreendimento pelo país, muitas das
quais estão em cadeia ao longo da drenagem, podendo potencializar acidentes
de grandes proporções (BALBI, 2008; DUARTE, 2008); e,
 pela bacia do Ribeirão do Roque possuir um grande número de barragens sem
outorga e por ter sido afetada por um acidente de rompimento de barragem de
rejeito em 2007 (REIS, et at., 2014).

22
2. PREMISSAS, HIPÓTESE E OBJETIVOS

Os objetivos e a hipótese da presente tese estão baseados nas seguintes premissas:


 o rompimento de pequenas barragens de terra é mais comum e periódico devido a
falta de investimentos de seus proprietários, que reflete diretamente na existência
e/ou adequação técnica do projeto, construção, operação, monitoramento e do
acompanhamento por responsável técnico em todas as suas fases;
 o rompimento das barragens, incluindo as de pequeno e médio porte, tem o
potencial de gerar grandes fluxos de detritos, conforme as condições fisiográficas,
morfométricas e de uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica e/ou da presença e
condições de outras barragens a montante e jusante;
 as metodologias de avaliação da segurança de barragens estão fundamentadas
basicamente em atributos analisados pontualmente e as possíveis consequências à
jusante, focando nas características do empreendimento, nas condições hidrológicas
e hidráulicas das barragens e nas particularidades do vale a jusante,
desconsiderando a bacia hidrográfica em seu contexto completo e integrado,
inclusive a operação conjunta de vários empreendimentos em cadeia na mesma
drenagem ou bacia;
 a outorga e licenciamento de barragens de pequeno e médio porte levam em
consideração basicamente aspectos hidrológicos e hidráulicos da bacia e, no
máximo, atributos geológico-geotécnicos locais;
 a maior parte das barragens de pequeno e médio porte apresenta não conformidades
em relação a existência de projeto básico e/ou executivo, plano de operação e
monitoramento e acompanhamento por profissional legalmente habilitado na
elaboração de seus projetos, construção, operação, monitoramento e manutenção,
mesmo considerando aquelas que possuem outorga e licenciamento;
 a existência, no país, de um grande número de barragens de pequeno e médio porte
que ainda não possuem outorga ou licenciamento;
 a carência de trabalhos técnicos e científicos no Brasil sobre a avaliação da
vulnerabilidade de bacias hidrográficas em relação ao rompimento de barragens e
de metodologias específicas para analisar essa vulnerabilidade de forma integrada;

23
 a ocorrência de uma série de acidentes com barragens de água e rejeito no país nos
últimos anos, dentre eles destacam-se: a barragem de Orós, no Ceará, em 1960,
com um número de vítimas não oficial de 1000 pessoas; a Mineração Rio Verde,
município de Nova Lima (MG), em 2001, com 5 pessoas desaparecidas e afetando
12 km a jusante; a Indústria Cataguases de Papel, município de Cataguases (MG),
em 2003, liberando 900 mil metros cúbicos de um licor negro, material orgânico
constituído de lignina e sódio, na Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul; a barragem
de água de Camará, município de Areia (PB), em 2004, matando ao menos cinco
pessoas e deixando cerca de três mil desabrigados; e as barragens de rejeito da
Mineração Samarco, no município de Mariana (MG), em 2015, considerado o
maior acidente ambiental do país, que matou dezenas de pessoas. Esses acidentes e
outros de menor magnitude, que não são noticiados nacionalmente, demonstram a
necessidade de se avaliar a vulnerabilidade das bacias hidrográficas em relação ao
potencial rompimento de barragens.

Portanto, o objetivo principal da presente tese é apresentar proposta metodológica


para definir a vulnerabilidade de bacias hidrográficas em relação ao rompimento de
barragens, por meio da análise de atributos fisiográficos, morfométricos e de uso e
ocupação do solo da bacia hidrográfica e das condições de segurança e potencial de dano
das barragens.
Como área de estudo, a metodologia foi aplicada na bacia hidrográfica do Ribeirão
do Roque, situada na macro bacia do Rio Mogi Guaçu, na porção central do Estado de São
Paulo, pertencente a Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Mogi (UGRHI
09). A bacia do Ribeirão do Roque foi escolhida, pois, já apresentou acidente com
barragem de rejeito de mineração e por apresentar uma grande quantidade de barramentos
sem outorga.
Os objetivos específicos da pesquisa são os seguintes:
 Estabelecer método e atributos fisiográficos, morfométricos e de uso e ocupação do
solo, na escala 1:50.000, que sejam adequados para definição da suscetibilidade à
processos de ondas de cheia, corridas de massa e escorregamentos que podem
ocasionar o rompimento de barragens de terra;

24
 Definir atributos de risco e dano potencial de barragens que devem ser analisados
em estudos de vulnerabilidade de bacias hidrográficas ao rompimento desses
empreendimentos; e,
 Estabelecer um método para avaliação da vulnerabilidade de bacias hidrográficas
ao rompimento de barragens, que seja de fácil aplicação e uso, em termos técnicos
e econômicos, para possibilitar sua aplicação na gestão de bacias hidrográficas por
órgãos e entidades públicas e privadas, principalmente, na tomada de decisão para
implantação de novos empreendimentos.

A hipótese testada nessa tese é a seguinte: “a vulnerabilidade de bacias


hidrográficas ao rompimento de barragens está associada a integração de características
hidrológicas, hidráulicas, fisiográficas, morfométricas e de uso ocupação do solo na bacia e
das condições de risco e dano potencial de cada barragem”.

25
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Segundo as Nações Unidas, cerca de 3,3 milhões de pessoas morreram no mundo


em consequência de desastres naturais entre 1970 e 2010, com um aumento significativo
dos atingidos nas últimas duas décadas. Desde o ano de 1990 até os dias de hoje, foram
contabilizados 8,2 mil casos de desastres, onde 5,6 bilhões de pessoas foram atingidas. No
grupo dos dez países mais atingidos por desastres naturais, no ano de 2013, (China, EUA,
Indonésia, Filipinas, Índia, Vietnã, Japão, Brasil, Afeganistão e Bolívia) cerca de 80% dos
desastres foram causados por eventos meteorológicos e hidrológicos.
Em termos monetários, o ano de 2013 teve menos danos que a média. Neste ano,
estima-se que os danos custaram U$ 118,6 bilhões, enquanto a média anual, comparando o
período entre 2003 e 2012, é de U$157 bilhões. Nas duas últimas décadas foram
registrados três índices superiores à média de mortes por desastres. O ano de 2010, quando
ocorreu o terremoto no Haiti, com 297.598 casos, o ano de 2004, marcado pelo tsunami no
Oceano Índico (241.698), e 2008 (235.293), quando o ciclone Nargis atingiu Mianmar.
Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA, 2015), em seu Relatório de
Segurança de Barragens do ano de 2015, que compreende a coleta de informações no
período de 1° de outubro de 2014 a 30 de setembro de 2015, estão cadastradas no país
17.259 barragens, sendo que os estados com os maiores números de empreendimentos
cadastrados referem-se a São Paulo com 7.284, Rio Grande do Sul com 5.641 e Minas
Gerais 767.
As barragens são notadamente um empreendimento muito sensível a ocorrência de
processos de dinâmica superficial que podem gerar desastres naturais, ocasionando
acidentes ainda mais extensos no caso de seu rompimento, associado aos acidentes
recentes em barragens no Brasil, demonstram que estudos relacionados a segurança de
barragens se tornam cada vez mais prementes e fundamentais para se conhecer melhor a
realidade que ocorre no país.
Nesse sentido, o presente capítulo de fundamentação teórica irá apresentar uma
revisão bibliográfica sobre conceitos gerais relacionados a barragens, a riscos e desastres e
processos de dinâmica superficial que podem ocasionar ou serem gerados pelo rompimento
de barragens. Em seguida, é apresentado um histórico de acidentes com barragens no
mundo e no Brasil. Também são abordados os aspectos técnicos e legais gerais

26
relacionados a barragens, considerando a evolução da legislação internacional e no Brasil,
incluindo as questões sobre a segurança desses empreendimentos. Para finalizar é feita
uma contextualização sobre métodos de avaliação da suscetibilidade à ocorrência de
processos de dinâmica superficial, focando os métodos com base heurística, determinística
e estatística.

3.1. CONCEITOS BÁSICOS

3.1.1. Conceitos Gerais de Barragens


As barragens são obras estruturais, construídas transversalmente em um curso
d'água, gerando um reservatório de água artificial. Desde a antiguidade são usadas pelo
homem e têm se mostrado essenciais para o seu desenvolvimento, sendo os principais usos
o abastecimento de água residencial e industrial, irrigação agrícola e geração de energia
elétrica.
Maciel Filho (1997, p. 243-244) define barragem como “uma obra construída
transversalmente a vales ou depressões com o objetivo de elevar o nível da água dos cursos
naturais, ou para formar reservatórios que acumulem água temporariamente”. Já em
relação a dique, o mesmo autor conceitua como “uma obra semelhante à barragem com a
finalidade de evitar o extravasamento de um reservatório de água após o fechamento da
barragem. Ele não barra o rio”.
Contudo, o conceito estabelecido pela legislação brasileira é abordado na Política
Nacional de Segurança de Barragens, Lei Federal nº 12.334, de 20 de setembro de 2010, na
qual barragem é definida como “qualquer estrutura em um curso permanente ou temporário
de água para fins de contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de
líquidos e sólidos, compreendendo o barramento e as estruturas associadas” (BRASIL,
2010, s.p.).
Essa mesma Lei Federal, em seu artigo 2o, estabelece outras definições importantes
para entendimento das barragens e consolidação dos conceitos envolvidos nos temas dessa
tese, que são os seguintes:
...
II - reservatório: acumulação não natural de água, de substâncias líquidas ou de
mistura de líquidos e sólidos;

27
III - segurança de barragem: condição que vise a manter a sua integridade
estrutural e operacional e a preservação da vida, da saúde, da propriedade e do
meio ambiente;
IV - empreendedor: agente privado ou governamental com direito real sobre as
terras onde se localizam a barragem e o reservatório ou que explore a barragem
para benefício próprio ou da coletividade;
V - órgão fiscalizador: autoridade do poder público responsável pelas ações de
fiscalização da segurança da barragem de sua competência;
VI - gestão de risco: ações de caráter normativo, bem como aplicação de medidas
para prevenção, controle e mitigação de riscos;
VII - dano potencial associado à barragem: dano que pode ocorrer devido a
rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento de uma
barragem (BRASIL, 2010, s.p.).
Em complemento, outros conceitos associados à barragem são apresentados no
Quadro 1. Maciel Filho (1997) lista as principais finalidades das barragens, como:
abastecimento de água doméstica e industrial; irrigação; geração de energia; navegação;
controle de enchentes; controle de poluição; recreação; criação de peixes; e retenção de
detritos. Já Costa (2012) classifica as barragens quanto seu objetivo em três grandes
grupos: barragens de regularização, barragens de retenção ou contenção e barragens de
finalidades múltiplas, conforme apresentado no Quadro 2.
Segundo Marques Filho e Geraldo (1998), as barragens podem ser classificadas de
acordo com o material de sua construção, em barragens de aterro ou de concreto. As
barragens de concreto são construídas com o material mais resistente, se comparado aos
das barragens de aterro. As barragens de aterro incluem as barragens de terra, barragens de
enrocamento e barragens mistas. São construídas, basicamente, com misturas de solos.
As barragens de terra podem ser construídas com um ou mais tipos de solos. As
que são constituídas, principalmente, com um único tipo de solo são chamadas de
barragens de terra homogêneas. Quando apresentam mais de um tipo predominante em sua
construção, são chamadas de barragens de terra zonadas. O método de construção é
basicamente a compactação do solo em camadas. (MARQUES FILHO e GERALDO,
1998; CAPUTO, 2011).
Para Maciel Filho (1997), as barragens podem ser divididas de acordo com seu
material em: barragens de terra, de enrocamento e de concreto, sendo que esta última pode
ser dividida em gravidade maciça, de contraforte, de gravidade aliviada, em arco, em
abóboda ou cúpula e mistas.

28
Costa (2012) classifica as barragens, quanto ao seu tipo, em dois grandes grupos,
as barragens convencionais, as mais construídas com métodos construtivos de amplo
conhecimento na literatura especializada, e as não convencionais, que são poucos usadas,
embora algumas delas tenham sido desenvolvidas recentemente. O Quadro 3 apresenta as
características principais dos diferentes tipos de barragens convencionais e não
convencionais.

Quadro 1. Conceitos de elementos e da estrutura de uma barragem.


Termo Conceito
Superfícies regulares que envolvem os elementos estruturais mais
Paramentos
importantes em ambas as faces de uma barragem.
Parte superior da barragem onde, às vezes, existe uma pista de passagem
Crista
de veículos.
Superfície de apoio da estrutura da barragem sobre o terreno, excluindo
Base
cortinas e trincheiras de impermeabilização eventualmente existentes.
Limitado pela crista ou coroamento, pela base e pelos paramentos de
Corpo
montante e jusante.
Partes da fundação de uma barragem próximas as encostas que limitam
Ombreiras
lateralmente a obra.
Fundação Parte do terreno natural próxima a base da barragem.
Elementos da barragem que tem a função de escoamento das águas
Vertedouro excedentes à acumulação do reservatório, funcionando especialmente
durante as enchentes, também conhecido como vertedor ou sangradouro.
Possui a finalidade de esvaziar o reservatório em casos de reparos da obra
ou descarregar sedimentos depositados no fundo da represa, geralmente
Descarga de Fundo constituídas como uma galeria que atravessa o corpo da barragem de
concreto na altura da base, podendo ser um túnel escavado em terreno
rochoso adjacente a uma das ombreiras e sendo fechada por uma comporta.
Elemento de uma barragem pelo qual é retirada a água do reservatório para
a utilização prevista pelo empreendimento, sendo que o tipo e a posição da
Tomada da Água
tomada da água dependem do tipo de barragem, da maneira de utilização
da água e do arranjo geral do aproveitamento.
Conjunto de tubulações, podendo ser um túnel, que direciona a água da
represa até o local onde será usada, sendo que nas barragens que utilizam a
força hidráulica, a tomada da água está ligada com o conduto forçado, que
Sistema Adutor
consiste em uma ou mais tubulações de aço fortemente inclinadas para
obter a ligação mais curta possível entre os níveis da água na represa e nas
turbinas.
Tem a finalidade de possibilitar a navegação, para que embarcações
Eclusas de Navegação possam vencer o degrau formado pelos níveis de água à montante da
barragem, ocupando geralmente uma das ombreiras da barragem.
Altura Estrutural É a diferença entre a altura da crista e a parte mais baixa da base.
Altura Hidráulica É a diferença de altura do nível de água a montante e jusante da barragem.
Fonte: Adaptado de Maciel Filho (1997).

29
Quadro 2. Classificação das barragens quanto ao objetivo.
TIPO OBJETIVOS DESTINAÇÃO
Barragem para abastecimento: regularização para o aumento do
volume armazenado, exigindo características morfológicas para o
armazenamento de grandes volumes, destinadas ao:
- Doméstico: exigem águas com baixo teor de salinização, devendo
ter sua área montante estar protegida contra poluentes e proibida a
recreação em seu lago.
- Industrial: exigem águas com restrições de salinização conforme o
tipo de indústria, evitando-se, em geral, águas duras (carbonatadas).
Objetiva - Irrigação: exigem águas com restrições de salinização conforme o
regularizar o tipo de cultura e das características do solo.
regime hidrológico Barragens para (com elevação do nível topográfico natural):
de um rio,
armazenando águas - hidrelétricas: para geração de energia elétrica pela transformação
nos períodos em da energia potencial hidráulica, devendo priorizar os desníveis de
Barragens de que a afluência é maior potencial hidráulico do perfil longitudinal do rio e evitar
Regularização maior que a grandes depleções do reservatório.
demanda, para - navegação: para melhorar as condições de navegação fluvial à
utilizá-la nos jusante pela regularização das vazões no período de estiagem ou à
períodos em que a montante por meio do afogamento de eventuais corredeiras e
déficit em relação à cachoeiras, exigindo a construção de eclusas e a garantia de
demanda, manutenção de um nível de regularização de todo o rio compatível
buscando: com o calado das embarcações.
Barragens para turismo: criação de lagos, em geral, extensos e com
declividade suave nas margens para implantação de equipamentos
marginais, como píer e ancoradouros, não podendo o reservatório
sofrer grandes depleções e processos de assoreamento.
Barragens para piscicultura: melhoria das condições de
piscicultura no reservatório e ao longo de todo trecho a jusante,
devendo considerar a qualidade da água, a natureza do fundo e das
margens, a profundidade e a iluminação, evitando-se a eutrofização.
Barragens para controle de enchentes: destinam amortecer onda de
cheia para evitar inundações à jusante, retendo temporariamente a
Objetiva reter água onda de cheia e liberando-a com vazão efluente que não cause danos
de forma a jusante. Exigem um volume compatível com o controle da enchente
temporária ou e áreas montantes adequadas a inundação temporária.
Barragens de acumular
Retenção ou sedimentos, Barragens de contenção: destinam reter cargas sólidas ou mistas
Contenção resíduos industriais para evitar que os materiais danifiquem ou poluam os leitos de cursos
ou rejeitos de d´água a jusante, seja fisicamente por assoreamento ou quimicamente
mineração, pela carga de poluentes. Devem primar pelo máximo de segurança
buscando: quanto a possibilidade de vazamento, de produtos tóxicos
armazenados, pela superfície ou por infiltrações, evitando a poluição
das águas superficiais e subterrâneas.
Existe uma grande dificuldade de conciliar múltiplos objetivos para
uma mesma barragem, necessitando de um rigoroso estudo
Objetiva conciliar hidrológico para analisar o balanço entre os volumes afluente,
Barragens de
mais de um efluente e o usado em cada uma das finalidades propostas. Ressalta-
Finalidades
objetivo para uma se que uma barragem para abastecimento doméstico não pode ser
Múltiplas
mesma barragem usada para fins turísticos e as barragens para controle de enchentes,
que necessitam de um volume vazio para amortização da cheia,
inviabilizam o uso para abastecimento e geração de energia elétrica.
Fonte: Modificado de Costa (2012).

30
Quadro 3. Tipos de barragens e suas principais características
TIPO CARACTERÍSTICAS
Homogêneas: aterro formado com predominância de um único tipo de solo, embora
Barragens de pode conter elementos diversificados (filtros, rip-rap, etc)
Terra Zonadas: aterro formado por um zoneamento de solo com diferentes características,
especialmente, permeabilidade
Com Núcleo Impermeável: material rochoso predominante, com núcleo impermeável
de solo argiloso para vedação da água separado do enrocamento por zonas de transição
Barragens de para evitar o carreamento de material fino para o interior do enrocamento. O núcleo
Enrocamento pode ser centralizado ou inclinado para montante
Com Face Impermeável: a vedação é feita pela impermeabilização da face montante
da barragem por uma camada de asfalto, placa de concreto ou chapa de aço
Gravidade: barragens maciças de concreto, com pouca armação, cuja estrutura física
tem como objetivo trabalhar apenas à compressão, podendo ter o traçado retilíneo
(crista) ou em curva (em arco)
Gravidade Aliviada: estrutura mais leve, com espaços vazados para impor menor
Barragens Convencionais

pressão às fundações e/ou economizar concreto, podendo atingir menos da metade do


consumo de uma barragem da gravidade normal. Há necessidade de uso maior de
armação devido aos esforços de tração, podendo ter o traçado retilíneo (crista) ou em
curva (em arco)
Em Contraforte: assemelha-se à de gravidade aliviada, mas ainda mais leve, por ter
Barragens de pequena área de fundação, os esforços causados pela pressão hidrostática apresenta
Concreto maiores tensões de contato, exigindo uma maior armação e menor volume de concreto
Concreto Rolado ou Compactado: é uma barragem de gravidade na qual o concreto é
espalhado com trator esteira e depois compactado. Como o concreto não é vibrado, a
sua estanqueidade é feita por uma camada de concreto convencional construída no
paramento de montante
Abóbada: tem a forma de abóbada ou arco, sendo que a curvatura ocorre em duplo
sentido, na horizontal ao longo de seu traçado e na vertical. São chamadas também
como barragens de dupla curvatura e os arcos podem ser simples ou múltiplos, sendo
parte das pressões hidráulicas transmitida às ombreiras pelo efeito de arco, consumindo
menor volume de concreto por metro quadrado de superfície represada
Barragem de Seção Mista: constituída por diferentes materiais ao longo de uma seção
transversal, tais como: terra/enrocamento; terra/concreto; e enrocamento/concreto
Barragens Barragem Mista ao Longo do seu Traçado: quando parte do barramento é de um tipo
Mistas de material e parte de outro. Ressalta-se que não se considera barragem mista aquela
com o maciço principal de terra ou enrocamento e o vertedouro de concreto, mesmo
fazendo parte do seu traçado
Obras de pequeno porte, em geral menor de 10 m de altura, projetada para ser parcial
Barragens Não Convencionais

ou totalmente vertedoura, constituída por uma parede de gabião com extensão para
Barragens de jusante formando a bacia de dissipação e aterrada a montante com material argiloso. Há
Gabião necessidade de uma transição ou manta de bidim entre a argila e o gabião para evitar o
carreamento de finos. Pode-se usar uma placa de concreto na parte de vertência deverá
garantir a proteção de coroamento para grandes vazões efluentes
Revestida com uma chapa de aço para garantir a vedação, sendo que as caixas de
Barragens de
armação de madeira devem ser preenchidas com rocha para evitar o deslocamento
Madeira
pelas pressões hidrostáticas
Barragens de Variação da barragem de gravidade, na qual há a substituição do concreto pela
Alvenaria de alvenaria de pedra rejuntada manualmente com cimento, não exigindo o uso de
Pedra armação ou fôrmas
Fonte: Modificado de Marques e Filho (1998) e Costa (2012).

31
3.1.2. Conceitos Gerais de Risco, Vulnerabilidade e Desastre
A definições associadas aos estudos de riscos e desastres naturais ou antrópicos é
bastante discutida, existindo várias interpretações conforme a finalidade e aplicação do
estudo, o que é compreensivo por se tratar de uma área multidisciplinar, com várias formas
de abordagens e metodologias. No caso de barragens, muitos conceitos estão relacionados
a área de Geotecnia e Geologia de Engenharia, havendo muitas similaridades com os
conceitos usados na área de riscos e desastres naturais relacionados aos processos
geológicos, pois, muitos desses processos podem ocasionar danos ou mesmo o rompimento
de barragens, como os escorregamentos em encostas marginais ou nos taludes e corridas de
massa ao longo de cursos d´água. Sobre esse contexto, Alexander (1997) ironiza que "a
roda da 'desastrologia' está constantemente sendo reinventada por profissionais que
ignoram trabalhos prévios fora do seu campo".
Muitos trabalhos nacionais e internacionais buscaram organizar e padronizar os
conceitos sobre os temas de riscos e desastres naturais e antrópicos, dentre eles pode-se
destacar os seguintes: Varnes (1985); Augusto Filho, Cerri e Amenomori (1990); Augusto
Filho, Ogura, e Macedo (1991); Cerri (1992a, 1992b, 1993, 2001); Zuquette (1993);
Augusto Filho (1994); Alexander (1997); Castro (1998); Cerri e Amaral (1998); Lavell
(2000a, 2000b); Nogueira (2002); Carvalho, Macedo e Ogura (2007); Zuquette e Gandolfi
(2004).
Varnes (1985) apresenta uma série de conceitos ligados a riscos, sendo um dos
trabalhos de referência para autores que buscaram estabelecer um padrão de terminologias,
definido risco total por meio da seguinte Equação 1:
Rt = E x Rs (eq. 1)
Sendo,
Rt = risco total (expectativa de perda de vidas humanas, de pessoas afetadas, de
danos a propriedades ou de interrupção de atividades econômicas particularmente,
em razão de um fenômeno natural);
E = elementos de risco (população, propriedades, atividades econômicas,
incluindo serviços públicos, etc, sob risco em uma determinada área);
Rs = risco específico: grau de expectativa de perdas em razão de um fenômeno
natural em particular, expresso pela Equação 2:

32
Rs = H x V (eq. 2)
Sendo,
H = risco natural (probabilidade de ocorrência de um fenômeno potencialmente
danoso);
V = vulnerabilidade (grau de perda de um dado elemento de risco, ou um conjunto
de elementos de risco, resultante da ocorrência de um fenômeno natural de uma
determinada magnitude; expresso em escala de 0 (sem perdas) a 1 (perda total).

Augusto Filho, Cerri e Amenomori (1990) buscaram estabelecer uma


homogeneidade aos conceitos ligados desastres naturais e riscos geológicos, tornando-se
um dos principais artigos de referência por diversos pesquisadores posteriores, definindo:
 Evento: como um fato já ocorrido, no qual não foram registradas consequências
danosas sociais e/ou econômicas relacionadas diretamente a ele;
 Acidente: como um fato já ocorrido, onde foram registradas consequências danosas
sociais e/ou econômicas (perdas e danos);
 Risco: como a possibilidade ou probabilidade de ocorrência de algum dano a uma
população, incluindo pessoas, estruturas físicas, sistemas produtivos, ou a um
segmento da mesma, correspondendo a uma condição potencial de ocorrência de
um acidente e demonstrada pela seguinte Equação 3:
R=PxC (eq. 3)
Sendo,
R = risco;
P = probabilidade (se quantificada) ou frequência (F) ou possibilidade da
ocorrência de um evento. P = S = suscetibilidade de uma área à ocorrência de um
determinado evento;
C = consequências sociais ou econômicas potenciais.
Zuquette (1993) apresenta outras interpretações para o termo evento, inclusive
associando evento perigoso ao conceito de acidente de Augusto Filho, Cerri e Amenomori
(1990), incluindo o conceito de processo perigoso e vulnerabilidade da seguinte forma:
 Evento: fenômeno com características, dimensões e localização geográfica
registrada no tempo.
 Evento perigoso (hazard): representa um perigo (latente) que se associa a um
fenômeno de origem natural ou provocado pelo homem, que se manifesta em um

33
lugar específico, em tempo determinado, produzindo efeitos adversos nas pessoas,
nos bens e/ou no meio ambiente.
 Processo perigoso: conjunto de fenômenos que antecedem o evento perigoso puro
(hazard) e que é tomado erroneamente como sinônimo de evento perigoso (hazard)
que conceitualmente são diferentes.
 Vulnerabilidade: característica intrínseca de um sujeito, sistema ou elemento que
estão expostos a um evento perigoso (hazard), correspondendo à predisposição
destes em serem afetados ou suscetíveis a perdas. É expressa em uma escala que
varia de 0 (sem perdas) a 1 (perdas totais).
 Risco: é a probabilidade de que ocorram perdas (econômicas, sociais e ambientais),
além de um valor e considerado normal ou aceitável para um lugar específico
durante um período de tempo determinado. É considerado o resultado da relação
entre um hazard e vulnerabilidade dos elementos (seres humanos, residências entre
outros) expostos.

Wilches-Chaux (1993) apresenta uma série de conceitos para diferenciar vários


tipos do que foi denominado pelo autor de vulnerabilidade global de uma população frente
a uma determinada ameaça.
 Física (ou locacional): refere-se à ocupação e ao adensamento populacional de
áreas perigosas.
 Econômica: existe uma relação inversa entre renda per capita em níveis nacional,
regional ou local, e internamente a uma comunidade, e o impacto dos fenômenos
físicos extremos, isto é, a pobreza aumenta o risco de desastre.
 Social: refere-se ao baixo grau de organização e coesão interna das comunidades
em risco, que ficam sem capacidade de prevenir, mitigar ou responder a situações
de desastres.
 Política: refere-se à falta de autonomia de decisão em níveis regionais, locais e
comunitários, além da falta de participação, impedindo uma maior adequação das
ações aos problemas diagnosticados.
 Técnica: está ligada às técnicas construtivas inadequadas de edificações e de
infraestruturas básicas utilizadas em áreas de risco, sem as medidas devidas de
preservação e estabilização.

34
 Ideológica: está relacionada a concepções de mundo e do meio ambiente, em que
passividade, fatalismo e prevalência de mitos podem limitar a capacidade de agir
adequadamente frente aos riscos.
 Cultural: expressa pela identidade das comunidades sem cultura de autodefesa,
sofrendo influência dos meios de comunicação, que frequentemente levam à
formação de imagens estereotipadas, transmitindo-lhes informações deturpadas.
 Educacional: está associada à ausência completa de programas de educação, desde
a formal básica e ambiental, até os formadores de cidadania e de cultura de
autodefesa.
 Ecológica: relaciona-se a modelos característicos de desenvolvimento e de
ocupação do solo, que se fundamentam na dominação por destruição do meio
ambiente.
 Institucional: reflete-se na obsolescência e rigidez das instituições, especialmente as
jurídicas, onde prevalecem a burocracia e os critérios personalistas ou eleitoreiros.
Contudo, Wilches-Chaux (1993) não descreve a forma de se definir cada uma
dessas vulnerabilidades, nem estabelece critérios específicos para suas determinações.
Nessa mesma época, Cardona (1993; 1996) em diferentes trabalhos adota as
seguintes definições:
 Ameaça (Amenaza ou Hazard): fator de risco externo (de um indivíduo ou sistema),
representado pelo perigo latente de que um fenômeno físico de origens natural ou
antrópica se manifeste em um lugar específico e durante um tempo de exposição
determinado produzindo efeitos adversos às pessoas, bens e/ou ao meio ambiente,
matematicamente expresso como a probabilidade de exceder um nível de
ocorrência de um evento com uma certa intensidade em um determinado local e em
certo período de tempo.
 Vulnerabilidade: fator de risco interno de um indivíduo ou sistema exposto a uma
ameaça, correspondente a sua predisposição intrínseca a ser afetado ou de ser
suscetível a sofrer danos.
 Risco (ou dano, destruição ou perda esperada): é obtida pela convolação da
probabilidade de ocorrência de eventos perigosos (A) e da vulnerabilidade (V) dos
elementos expostos a tais ameaças, matematicamente expresso como a
probabilidade de exceder um nível de consequências econômicas e sociais em um
determinado local e em um certo período de tempo, pela seguinte Equação 4:

35
R=PxC (eq. 4)

O grupo de trabalho sobre escorregamentos da União Internacional de Ciências


Geológicas (IUGS-WGL, 1997) estabeleceram as seguintes definições:
 Risco (risk): medida da probabilidade e intensidade de um efeito adverso para a
saúde, propriedade ou ambiente. Geralmente, é o produto da probabilidade pelas
consequências.
 Perigo: (danger): fenômeno natural (movimento de massa gravitacional)
geometricamente e mecanicamente caracterizado.
 Ameaça (hazard): uma condição com potencial para causar consequências
indesejáveis. Ameaças de escorregamento devem ser descritas por zonas e
magnitudes.
 Elemento sob risco (element at risk): população, edificações, infraestrutura e
componentes ambientais existentes na área potencialmente afetada pelo movimento
de massa.
 Vulnerabilidade (vulnerability): grau de perda potencial para um dado elemento ou
grupo de elementos dentro da área afetada por um escorregamento.
 Risco Individual (individual risk): risco de perda de vida ou perdas materiais para
um indivíduo que vive ou desenvolve atividades nos domínios da zona exposta ao
movimento gravitacional.
 Risco social (societal risk): risco de múltiplas perdas (ou mortes) para a sociedade
como um todo, causado pelo movimento de massas.

Romo (1997) sintetiza risco pela seguinte Equação 5:


R=P+v+V (eq. 5)
Sendo,
P = a 'periculosidade' (peligrosidad), que representa a agressividade do fenômeno
em termos absolutos, isto é, sua magnitude física e sua área de ocorrência sem
considerar ainda como afeta o entorno cultural;
v = parâmetro que quantifica a suscetibilidade ao dano e/ou perda de vidas
humanas, infraestrutura e capacidade produtiva pelos efeitos destrutivos do
fenômeno, dando ao estudo da 'periculosidade' um caráter aplicado;

36
V = a vulnerabilidade considera as possibilidades técnicas e econômicas de
prevenir ou mitigar os vários efeitos destrutivos do fenômeno e a capacidade da
própria natureza para absorver o avanço do mesmo. Permite avaliar os graus de
exposição aos fenômenos das áreas ocupadas por grupos humanos.

Castro (1998), no Glossário de Defesa Civil, Estudos de Riscos e Medicina de


Desastres, patrocinado pelo Departamento de Defesa Civil, do Ministério do Planejamento
e Orçamento, apresenta uma série de conceitos associados a riscos, muito semelhantes aos
de Augusto Filho, Cerri e Amenomori (1990), dentre eles destacam-se:
 Acidente: evento definido ou sequência de eventos fortuitos e não planejados, que
dão origem a uma consequência específica e indesejada, em termos de danos
humanos, materiais ou ambientais.
 Evento: acontecimento. Em análise de risco, ocorrência externa ou interna ao
sistema, envolvendo fenômeno da natureza, ato humano ou desempenho do
equipamento, que causa distúrbio ao sistema. Estatística. Ocorrência aleatória de
um acontecimento, que pode ser definido a priori, num determinado conjunto.
 Risco: 1. Medida de dano potencial ou prejuízo econômico expressa em termos de
probabilidade estatística de ocorrência e de intensidade ou grandeza das
consequências previsíveis. 2. Probabilidade de ocorrência de um acidente ou evento
adverso, relacionado com a intensidade dos danos ou perdas, resultantes dos
mesmos. 3. Probabilidade de danos potenciais dentro de um período especificado
de tempo e/ou de ciclos operacionais. 4. Fatores estabelecidos, mediante estudos
sistematizados, que envolvem uma probabilidade significativa de ocorrência de um
acidente ou desastre. 5. Relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça
de evento adverso ou acidente determinado se concretize e o grau de
vulnerabilidade do sistema receptor a seus efeitos.
 Vulnerabilidade: 1. Condição intrínseca ao corpo ou sistema receptor que, em
interação com a magnitude do evento ou acidente, caracteriza os efeitos adversos,
medidos em termos de intensidade dos danos prováveis. 2. Relação existente entre a
magnitude da ameaça, caso ela se concretize, e a intensidade do dano consequente.
3. Probabilidade de uma determinada comunidade ou área geográfica ser afetada
por uma ameaça ou risco potencial de desastre, estabelecida a partir de estudos
técnicos. 4. Corresponde ao nível de insegurança intrínseca de um cenário de

37
desastre a um evento adverso determinado. Vulnerabilidade é o inverso da
segurança.
Lavell (2000b) apresenta também o conceito de risco, relacionado com a
vulnerabilidade, seguindo o Programa de Gerenciamento de Emergência da Austrália,
como a probabilidade de consequências danosas que derivam da interação de ameaças
(hazards), vulnerabilidade social e o ambiente. Nesse sentido, risco refere-se a perda
potencial esperada, uma medida de danos futuros possíveis sob determinadas condições.
Lavell (2001) ressalta, ainda, que para que haja uma ameaça ou um perigo, é necessária a
existência de vulnerabilidade, não havendo a propensão para a ocorrência de danos frente a
um determinado evento físico, não há ameaça nem risco, há apenas um evento físico,
natural, social ou tecnológico sem repercussão na sociedade.
Cardona (2001) afirma que também não há riscos ambientais sem a existência de
uma ameaça física concreta, sem que haja uma exposição a um elemento vulnerável. Já a
Organização Mundial de Saúde (WHO, 2001) definiu vulnerabilidade como a relação da
suscetibilidade (condição de exposição e proximidade a um determinado perigo) com a
resiliência (nível de resistência e capacidade de absorver impactos externos de uma
sociedade ou de um sub-componente desta).
A Secretaria de Estratégias Internacionais de Redução de Desastres da Organização
das Nações Unidas (ISDR, 2004) apresenta uma série de conceitos no documento
elaborado como uma revisão global sobre as iniciativas e ações para redução de desastres,
podendo-se destacar os seguintes:
 Ameaça (Hazard): potencial de dano de um evento físico, fenômeno ou atividade
humana que pode ocasionar perdas de vida, prejuízos sociais e econômicos, danos a
propriedades ou degradação ambiental, incluindo condições latentes que podem
representar ameaças futuras e pode ter origem natural (geológica,
hidrometeorológica e biológica) ou induzida por atividades humanas (degradação
ambiental e ameaças tecnológicas), com origem e efeitos isolados, sequências ou
combinados. É caracterizado por sua localização, intensidade, frequência e
probabilidade.
 Vulnerabilidade (Vulnerability): condições de determinadas por fatores e processos
físicos, sociais, econômicos e ambiental, que aumentam a suscetibilidade de uma
comunidade ser impactada por ameaças, sendo que os fatores positivos aumentam a
habilidade da população de conviver com as ameaças.

38
 Risco (Risk): a probabilidade de consequências negativas ou a expectativa de
perdas (mortes, feridos, prejuízos sociais e econômicos e danos ambientais) como
resultado da interação entre ameaças naturais e induzidas por atividades humanas e
as condições de vulnerabilidade (Risco = Ameaças x Vulnerabilidade) Algumas
áreas também incluem o conceito de exposição para se referir particularmente aos
aspectos físicos da vulnerabilidade. Além de expressar uma possibilidade de danos
físicos, é crucial reconhecer que os riscos são inerentes ao sistema social, sendo
criado ou existindo dentro desse sistema.
 Avaliação ou Análise de Risco (Risk assessment/analysis): metodologia para
determinar a natureza, dinâmica e extensão do risco, analisando as ameaças
potenciais e avaliando a existência de condições de vulnerabilidade que poderiam
representar uma ameaça ou dano potencial às pessoas, propriedades, meios de
subsistências ou ambiente, dos quais essas pessoas dependem. O processo de
avaliação de risco é baseado em uma revisão dos elementos técnicos das ameaças
(tais como: localização, intensidade, frequência e probabilidade) e da análise da
vulnerabilidade e exposição das dimensões física, social, econômica e ambiental,
considerando, especialmente, a capacidade de enfrentamento em diferentes cenários
de risco.
 Capacidade/Competência (Capacity): combinação de todos recursos disponíveis em
uma comunidade, sociedade ou organização para reduzir o nível de risco ou os
efeitos de um desastre, podendo incluir meios físicos, institucionais, sociais ou
econômicos, bem como as habilidades pessoais ou atributos coletivos de liderança e
gerenciamento, podendo ser entendido como aptidão da população.
 Capacidade de Gestão (Coping capacity): meios pelos quais populações e
organizações usam os recursos disponíveis para enfrentar consequências adversas
para gestão no caso de desastres, envolvendo gerenciamento de recursos, seja em
condições normais ou durante situações adversas ou de crises. O desenvolvimento
da capacidade de enfretamento e gestão possibilita uma maior resiliência para
resistir aos efeitos de ameaças naturais e induzidas por atividades humanas.
 Resiliência (Resilience/resilient): capacidade de um sistema, comunidade ou
sociedade potencialmente expostos à ameaças de se adaptar, resistindo e mudando
com a finalidade de alcançar e manter um nível aceitável de funcionamento e
estrutura. A resiliência é determinada pelo grau de capacidade do sistema social de

39
se organizar no sentido de aprender com as lições de desastres passados e
desenvolver ações e medidas para redução de riscos futuros.
 Desastre (Disaster): uma séria ruptura do funcionamento de uma comunidade ou
sociedade ocasionando generalizadas perdas humanas, materiais, econômicas u
ambientais, excedendo a capacidade da sociedade ou comunidade afetada de lidar
com a situação com seus próprios recursos. O desastre é função do risco, resultando
da combinação das ameaças, das condições de vulnerabilidade e da capacidade
insuficiente para reduzir o potencial negativo das consequências do risco.
No grupo da Década Internacional de Redução de Desastres Naturais (DIRDN) foi
elaborado o glossário internacional sobre conceitos associados a estudos de riscos e
desastres, dos quais ressaltam-se (DELGADO, 2006):
 Suscetibilidade: corresponde a maior ou menor predisposição do terreno à
ocorrência de um fenômeno potencialmente danoso ou destrutivo numa área
determinada, com base nas condições locais e sem ter em conta o aspecto temporal.
 Perigo ou Ameaça: é a probabilidade de ocorrência de um fenômeno
potencialmente danoso ou destrutivo num dado período de tempo e área
determinada. Leroi (1996), em relação a deslizamentos, ressalta que este conceito
inclui a probabilidade de localização no espaço, condicionada a fatores
permanentes de predisposição ou suscetibilidade, tais como declividade, geologia e
características da encosta, e a probabilidade de ocorrência em um intervalo de
tempo, condicionada aos agentes deflagradores com precipitações e sismos.
 Vulnerabilidade: refere-se ao grau de perda resultante de um fenômeno
potencialmente destrutivo, sendo expressa em uma escala de 0 (sem perdas) a 1
(perda total) e relacionando-se sempre a um elemento natural ou antrópico em
função da sua exposição ao perigo e a perda associada ao risco. Leroi (1996) afirma
que a vulnerabilidade é representada por curvas associadas a fenômenos
específicos.
 Risco: referem-se as perdas esperadas, referentes a vidas, feridos, propriedades ou
atividade econômica interrompida, devido à ocorrência de uma ameaça particular
em uma área e período de tempo determinados. Van Westen (2004) demonstra o
risco total pela seguinte Equação 6:

RISCO TOTAL = ∑ (P * ∑ (V * E)) (eq. 6)

40
Sendo,
P = Perigo (probabilidade);
V = Vulnerabilidade (0 a 1);
E = Elementos sob risco, como prédios, casas, etc (referente a custo $).
Nesse sentido, Carvalho, Macedo e Ogura (2007) definiram alguns conceitos
básicos ligados aos estudos de risco, da seguinte forma:
 Evento: Fenômeno com características, dimensões e localização geográfica
registrada no tempo, sem causar danos econômicos e/ou sociais.
 Perigo (Hazard): Condição ou fenômeno com potencial para causar uma
consequência desagradável.
 Vulnerabilidade: Grau de perda para um dado elemento, grupo ou comunidade
dentro de uma determinada área passível de ser afetada por um fenômeno ou
processo.
 Suscetibilidade: Indica a potencialidade de ocorrência de processos naturais e
induzidos em uma dada área, expressando-se segundo classes de probabilidade de
ocorrência.
 Risco: Relação entre a possibilidade de ocorrência de um dado processo ou
fenômeno, e a magnitude de danos ou consequências sociais e/ou econômicas
sobre um dado elemento, grupo ou comunidade. Quanto maior a vulnerabilidade,
maior o risco.
 Área de risco: Área passível de ser atingida por fenômenos ou processos naturais
e/ou induzidos que causem efeito adverso. As pessoas que habitam essas áreas
estão sujeitas a danos à integridade física, perdas materiais e patrimoniais.
Normalmente, no contexto das cidades brasileiras, essas áreas correspondem a
núcleos habitacionais de baixa renda (assentamentos precários).

Na presente tese é usado o termo vulnerabilidade seguindo o entendimento usado


por ISDR (2004), Carvalho, Macedo e Ogura (2007) e Castro (1998) que se referem ao
termo com um grau ou nível de insegurança intrínseca ou perda associado a um cenário de
desastre ocasionado por um evento adverso afetando um elemento, grupo ou comunidade
dentro de uma determinada área, sendo a vulnerabilidade o inverso da segurança.
Portanto, na presente tese, a vulnerabilidade é entendida como o grau de exposição
ou insegurança que uma bacia hidrográfica possui em relação ao possível rompimento de
barragens, considerando atributos do meio físico, de uso e ocupação do solo e da
quantidade e características das barragens.

41
3.1.3. Processos de Dinâmica Superficial e de Rompimento de Barragens
Nesse item são discutidos os principais processos geológicos de dinâmica
superficial que podem afetar barragens ou mesmo serem gerados ou incrementados pelo
rompimento de barramentos, focando, principalmente, as ondas de cheia excepcional e
movimentos de massa (escorregamentos e corridas de massa) e os processos gerados pelo
rompimento de barragens.

3.1.3.1. Processo de Ondas de Cheia Excepcional


Inicialmente, é fundamental estabelecer alguns conceitos básicos sobre os termos
cheia, inundação e enchente, já que existem certa confusão no uso desses termos e a
presente tese irá definir o entendimento que será usado ao longo do texto. Um dos critérios
utilizados para distinguir esses processos é a seção inundada do canal de drenagem em
cada um deles, envolvendo conceitos dos diferentes leitos fluviais.
Nesse sentido, cheia e enchente referem-se à elevação do nível d’água das
drenagens acima dos seus valores médios dentro de determinado período pluviométrico
(seco e chuvoso), sem extravasar além do leito menor e dos diques marginais da drenagem.
Já, a inundação indica que os volumes de determinada cheia foram suficientes para
provocar o extravasamento das águas além do leito menor, atingindo o leito maior, as
denominadas planícies de inundação, e até mesmo, os terraços mais elevados, adjacentes
ao canal da drenagem, conforme apresentado na Figura 1 (INFANTI JR; FORNASSARI
FILHO, 1998).
No presente texto é considerado o conceito supracitado, contudo os termos serão
utilizados indistintamente e, na pesquisa bibliográfica, todos foram considerados, uma vez
que, mesmo cheias sem extravasamento além dos limites do leito menor, podem ser
prejudiciais à integridade de barragens, inclusive podendo gerar galgamento ou infiltrações
em suas ombreiras.
As inundações podem ser classificadas em função da magnitude e da evolução de
sua dinâmica. Utilizando uma série histórica representativa com dados fluviométricos
(medidas de altura do nível d’água das drenagens e vazões associadas) e de ocorrências de
enchentes/inundação, tais processos hidrológicos são categorizados nas seguintes
magnitudes relativas: excepcionais; de grande magnitude; normais ou regulares, e de
pequena magnitude. As enchentes/inundações/cheias também podem ser classificadas em
função da sua evolução como: enchentes ou inundações graduais; enxurradas ou

42
inundações bruscas; alagamentos, e inundações litorâneas provocadas pela brusca invasão
do mar (DNAEE, 2000).
Figura 1. Áreas de influência de cheias, enchentes e inundações, com as configurações dos
leitos fluviais.

Cheia/Enchente

Inundação

Fonte: adaptado de Christofoletti (1980) e Infanti Jr e Fornassari Filho (1998).

As inundações graduais são típicas de bacias hidrográficas com grandes áreas e


planícies de inundação extensas, nas quais as elevam-se de forma paulatina e previsível,
sendo cíclicas e nitidamente sazonais. As inundações graduais são intensificadas por
variáveis climatológicas de médio e longo prazos e pouco influenciáveis por variações
diárias do tempo, relacionando-se muito mais com períodos demorados de chuvas
contínuas do que com chuvas intensas e concentradas (INFANTI JR e FORNASSARI
FILHO, 1998; DNAEE, 2000).
As inundações bruscas (flash floods) são provocadas por chuvas intensas e
concentradas, sendo mais associadas às bacias com menor área e com condições de relevo
íngreme, com declividades, inclinações do talvegue e amplitudes acentuadas.
Caracterizam-se por produzirem súbitas e violentas elevações dos caudais, os quais
escoam-se de forma rápida e intensa, ocorrendo um desequilíbrio entre o leito do rio e o

43
conteúdo (volume caudal), provocando transbordamento. Geralmente estão associadas com
chuvas intensas e concentradas, circunscrito a uma pequena área (DNAEE, 2000).
O termo alagamento é mais utilizado para acúmulos temporários de água na rede
viária de áreas urbanizadas, muitas vezes não associados diretamente a um canal de
drenagem perene, com condicionante principal decorrente da deficiência no sistema de
drenagem pluvial. Nos alagamentos o extravasamento das águas depende muito mais de
uma drenagem deficiente, que dificulta a vazão das águas acumuladas, do que das
precipitações locais (DNAEE, 2000).
E as inundações litorâneas são provocadas pelas variações bruscas da maré, por
alterações da linha de costa por obras de engenharia ou pela intensa ocupação de planícies
costeiras sem o adequado planejamento das variações da maré.
As inundações têm como causa direta a precipitação anormal de água, gerando
taxas elevadas de escoamento superficial que resultam no transbordamento dos leitos de
rios, lagos, canais e áreas represadas, invadindo os terrenos adjacentes e provocando danos.
O incremento dos caudais superficiais, na maioria das vezes, é desencadeado por
precipitações pluviométricas intensas e concentradas. As inundações também podem ter
outras causas imediatas e/ou concorrentes, como (PRESS et al., 2006): degelo; elevação
dos leitos dos rios por assoreamento; redução da capacidade de infiltração do solo, causada
por ressecamento, compactação e/ou impermeabilização; saturação do lençol freático por
antecedentes próximos, de precipitações continuadas; erupções vulcânicas em áreas de
nevadas; combinação de precipitações concentradas com períodos de marés muito
elevadas; invasão de terrenos deprimidos e dos leitos dos rios em áreas de rebaixamento
geológico, por maremotos ou ressacas intensas; rompimento de barragens construídas com
tecnologia inadequada; drenagem deficiente de terrenos situados a montante de aterros, em
estradas que cortem transversalmente vales de riachos; e, estrangulamento de leitos de rios,
em função de desmoronamentos causados por terremotos ou deslizamentos relacionados
com intemperismo.
Essa tese concentra-se nas chamadas cheias associadas a chuvas (rain floods), que
possuem a bacia hidrográfica como a unidade espacial básica de análise, e a caracterização
de suas frequências e magnitudes é fundamental para a adoção das medidas mitigadoras
estruturais e não estruturais em áreas urbanas, devendo ser obrigatoriamente levadas em
consideração nos cálculos hidrológicos para definir as estruturas hidráulicas de barragens,
buscando evitar, especialmente, o processo de galgamento e erosão nas margens e no corpo

44
da barragem. As cheias associadas às rupturas de reservatórios serão analisadas em item
posterior nessa tese.
Os eventos de cheias (enchentes/inundações) são, usualmente, descritos em termos
de magnitude (altura de elevação do nível d’água e área afetada) e frequência com que
podem ocorrer. No caso das inundações diretamente associadas aos eventos pluviométricos
(rain floods), suas magnitudes e frequências relacionam-se diretamente com as
intensidade/duração e tempos de retorno das chuvas. As cheias são classificadas em
relação a magnitudes e frequências relativas (Quadro 4).

Quadro 4. Classificação das inundações em função de suas magnitudes/frequências.


Classificação
Descrição
(magnitude/frequência)
A inundação que deve ser esperada da combinação mais severa de
condições críticas meteorológicas e hidrológicas que são possíveis de
Máxima Inundação Provável
ocorrer na região. Utilizada no desenvolvimento de projetos de
barragens e suas estruturas auxiliares.
A inundação que deve ser esperada da mais severa combinação de
condições críticas meteorológicas e hidrológicas que são consideradas
Inundação Padrão de Projeto
razoáveis na região. Utilizada no desenvolvimento da maioria nos
projetos de obras civis que podem ser afetadas por inundações.
Chuvas com duração de quatro dias, com a máxima precipitação
ocorrendo no último dia. Esses eventos pluviométricos são baseados em
Tempestade Capital modelos de precipitações com tempo de retorno de 50 anos. São
utilizados nos projetos dos canais e barragens de retenção para controle
das cheias.
Inundação Intermediária O evento de inundação, que, na média, pode ser igualado ou excedido
Regional – Inundação de 1% (*) uma vez a cada 100 anos.
O evento de inundação, que, na média, pode ser igualado ou excedido
Inundação de 2%
uma vez a cada 50 anos.
O evento de inundação, que, na média, pode ser igualado ou excedido
Inundação de 10%
uma vez a cada 10 anos.
Inundação com determinada magnitude utilizada na elaboração de um
Inundação de Projeto
projeto específico.
(*) – Os eventos de inundação de 1%, 2% e 10% também podem ser descritos pelos seus tempos de retorno
(100, 50 e 10 anos, respectivamente).
Fonte: California Department of Water Resources (1990).

A maior parte de estruturas hidráulicas são dimensionadas a partir da vazão máxima


provável em uma determinada seção do curso de água, como por exemplo extravasores de
barragens, seções de escoamento de pontes e a altura de diques de proteção contra
inundações. Contudo, no Brasil, historicamente, as medições diretas das vazões de
enchentes são relegadas a segundo plano devido ao custo e a dificuldade de operação dos
equipamentos, ocasionando o emprego de fórmulas empíricas definidas a partir das
características essenciais das bacias hidrográficas (GARCEZ e ALVAREZ, 1988).

45
Nas áreas mais desenvolvidas do país, principalmente, em grandes centros urbanos
afetados sistematicamente, tem se desenvolvido a coleta de informações em tempo real de
dados hidrológicos, permitindo a utilização de métodos estatísticos na previsão de
enchentes/inundações nessas bacias hidrográficas.
Garcez e Alvarez (1988) apresentam uma classificação dos métodos de cálculo para
previsão e determinação de enchentes em: métodos empíricos, estatísticos, indiretos e
hidrometeorológicos. O Quadro 5 relaciona os principais métodos para previsão de
enchentes.
Quadro 5. Principais métodos para previsão de enchentes.
Tipos Métodos
 Fórmulas de Fuller (1913-1914)
 Fórmula de Foster (1924)
Métodos Empíricos
 Fórmulas para estimativa das vazões máximas em pequenas bacias
hidrográficas: Fórmulas de McMath e de Bürkli-Ziegler
 Método Racional
 Método Racional Modificado
Métodos Empíricos
 Método NRCS
Indiretos
 Método do Fluviograma Unitário
 Método “Streamflow Routing”
 Método de Fuller
 Método de Vem te Chow
 Método de Foster-Hazen
Métodos Estatísticos
 Método de Foster usando a curva normal de probabilidades de Gauss
 Método de Galton-Gibrat
 Método de Gumbel
 Avaliação da Máxima Precipitação Provável
Métodos  Estudos Hidrometeorológicos
hidrometeorológicos  Estudos de Hidrologia das Enchentes
 Avaliação da Enchente mais Provável
Adaptado: Garcez e Alvarez (1988); Gribbin (2009).

Segundo Garcez e Alvarez (1988), os métodos estatísticos possibilitam as seguintes


soluções de problemas na previsão das vazões: estimativa da vazão mais frequentemente
esperada (estimativa do valor central); estudo do grau de dispersão das vazões superiores
ou inferiores ao valor central e a probabilidade de ocorrência ou frequência provável
dessas vazões, incluindo as descargas mínimas e máximas e vazões de enchentes;
determinação das alturas fluviométricas e das velocidades de escoamento para cada vazão;
estudo da propagação das ondas de inundação, ao longo do curso de água.
Os diferentes métodos de análise e dos modelos empíricos e teóricos de cheias
deflagradas por chuvas intensas buscam caracterizar, dentro da bacia hidrográfica
estudada, os seguintes aspectos e características naturais: comportamento pluviométrico
(intensidade, duração e frequência), área e tempo de concentração. O tempo de

46
concentração, por sua vez, é controlado pela forma (circularidade), padrão da rede de
drenagem, presença de soleiras e barramentos naturais; declividade, uso e cobertura e tipos
de solo e rocha presentes na bacia (DNAEE, 2000; PRESS et al., 2006).
Além dos condicionantes naturais, os métodos empíricos consideram os associados
à implantação de obras de desvio, barramentos e qualquer outra estrutura física, que
interfiram no regime de escoamento superficial da bacia hidrográfica analisada.
Dentro dos modelos de estimativa de cheias diretamente associadas aos eventos
pluviométricos, o método racional é um dos mais utilizados, devido à simplicidade e ao
pequeno número de variáveis requeridas (WILKEN, 1978; DAEE,1994). A principal
limitação do método é a perda de precisão para bacias hidrográficas com áreas acima de
300 ha (3.000.000 m2). Este método utiliza a intensidade de precipitação (i, em mm/min),
considerando o tempo de duração (t, em minutos) igual ao tempo de concentração da bacia
(tc, em minutos). A intensidade de chuva é calculada utilizando-se as equações de chuvas
intensas definidas para as diferentes regiões.

3.1.3.2. Processo de Erosão Fluvial


O relevo é apenas uma das componentes da litosfera e que está intrinsecamente
relacionado com as rochas que o sustenta e com os solos que o recobre. As formas
diferenciadas do relevo decorrem da atuação simultânea e desigual das atividades
climáticas de um lado e da estrutura da litosfera de outro, que não se comportam
permanentemente iguais, e ao longo do tempo e do espaço ambos continuamente de
modificam, principalmente, pela atuação dos processos de erosão, movimentos de massa e
assoreamento (ROSS e MOROZ, 1996).
Os conjuntos de formas de relevo que compõem as unidades constituem
compartimentos identificados como planícies, depressões, tabuleiros, chapadas, patamares,
planaltos e serras (IBGE, 2009). As formas de relevo, de acordo com INPE (1992) podem
ser caracterizadas por formas de acumulação, de origem denudacional e de origem
denudacional/estrutural, intimamente ligadas aos processos geológicos de dinâmica
superficial.
Planícies aluviais são formas de acumulação de origem fluvial, com terrenos
baixos, predominantemente planos, junto às margens dos rios, sujeitas a inundações
periódicas, assim como a processo de erosão das margens dos cursos d´água e
assoreamento em seus leitos. Já os terraços baixos, acumulação fluvial de forma plana, são

47
terrenos levemente inclinados, com declividades muito baixas de 0 a 3%, situados poucos
metros acima das várzeas, entalhados devido às mudanças de condições de escoamento,
não inundáveis (INPE, 1992; IBGE, 2009).
Dentre as formas de origem denudacional predominam as colinas, com relevo
plano e suave ondulado, predominam declividades baixas, de 3 a 20%, e amplitudes locais
inferiores a 100 metros. Há também os morros e morrotes. E nas formas de
denudacional/estrutural atuam as serras e montanhas, com declividades altas de 40 a 60%;
e as escarpas, com declividades muito altas, acima de 60%. (INPE, 1992). Cada forma de
relevo está mais ligada a um determinado processo geológico, conforme suas
características.
A erosão fluvial está diretamente associada à ação de agente modelador da
paisagem exercida pelos rios. Geomorfologicamente, o termo rio aplica-se para designar
corrente canalizada ou confinada, podendo se referir aos canais intermitentes das regiões
mais secas. Geologicamente, a palavra rio é empregada, geralmente, para se referir ao
tronco principal de um sistema de drenagem (SUGUIO; BIGARELLA, 1979).
Press et al. (2006) afirmam que, na linguagem técnica, a denominação corrente é a
mais utilizada para designar qualquer corpo de água que flui, enquanto curso d’água se
refere aos canais de uma rede de drenagem, que podem ser de grande porte, os rios, ou de
pequeno porte, os ribeirões, córregos ou arroios.
De acordo com o fornecimento de água pelas precipitações pluviométricas e pelo
fluxo do lençol subterrâneo, os rios, ou cursos d’água podem também ser classificados em:
efêmeros, intermitentes e perenes. Os rios efêmeros não são alimentados pelo lençol
subterrâneo e só contêm água durante, ou logo após chuvas intensas, permanecendo secos
a maior parte do tempo. Os rios intermitentes recebem água do lençol subterrâneo, quando
este se encontra suficientemente elevado (após o período chuvoso) e contêm água em certa
época do ano. Os rios perenes contêm água no seu curso durante todo o ano pluviométrico
(períodos chuvoso e seco) e são alimentados por um fluxo contínuo do lençol freático
(TEIXEIRA et al., 2000).
No presente texto são considerados os cursos d’água perenes, intermitentes e
efêmeros, uma vez que os processos erosivos fluviais podem ocorrer nas três condições,
principalmente, quando associados a eventos de cheias excepcionais.
O trabalho total de modelagem da paisagem de um rio é medido pela quantidade de
material que é capaz de erodir, transportar e depositar. A relação entre os tipos de trabalho

48
modelador do rio depende, basicamente, das taxas de velocidade de seu fluxo e do tamanho
das partículas envolvidas nesses processos (Figura 2).
A erosão fluvial, por sua vez, é realizada por meio dos processos de corrosão,
abrasão e cavitação (SUGUIO; BIGARELLA, 1979; PRESS et al., 2006).
 Corrosão compreende todo e qualquer processo de reação química que se
verifica entre as águas dos rios e as rochas com as quais estão em contato;
 Abrasão é o desgaste pelo atrito mecânico, geralmente, pelo impacto das
partículas carregadas pelas águas. A eversão representa um tipo especial de
abrasão, originada pelo movimento turbilhonar sobre o leito dos rios. Depressões
de vários tamanhos podem ser escavadas, em geral de forma circular, sendo
denominadas marmitas ou caldeirões.
 Cavitação ocorre somente sob condições de velocidades elevadas do fluxo de
água dos rios, quando as pressões geradas sobre as paredes do canal fluvial
facilitam a fragmentação dos materiais constituintes (depósitos, solos e rochas).
Este processo torna-se, particularmente, importante na passagem dos processos de
erosão fluvial para corridas de massa.
A água move-se de acordo com certas características básicas da dinâmica dos
fluidos, podendo caracterizar dois tipos básicos de escoamento: laminar e turbulento,
representados por linha de corrente. No fluxo laminar, as velocidades são moderadas e as
linhas de corrente são retas ou levemente curvas e correm paralelas entre si, não havendo
mistura ou cruzamento das diferentes camadas do fluído. Já, no fluxo turbulento, as
velocidades são acentuadas e as linhas de corrente misturam-se, cruzam-se e formam
espirais e turbilhões. Os dois tipos de escoamento influenciam, diretamente, a taxa de
erosão fluvial de um rio, que passa a ser mais intensa nos regimes turbulentos (PRESS et
al., 2006).
Os canais dos rios aumentam seu comprimento por erosão remontante, da foz para
as nascentes, resultando, geralmente, no solapamento da base, especialmente onde a
superfície do leito é protegida por uma camada mais resistente (rochas, solos ou cobertura
vegetal densa). Concomitante à erosão remontante, pode ocorrer o processo de erosão
retrogressiva ou piping, resultante da percolação da água subterrânea, que remove as
partículas mais finas e geram túneis, que acabam solapando. O piping é um processo de
erosão interna muito comum em barragens com drenagens internas deficientes, que pode
afetar a estabilidade do maciço levando-o a ruptura (REIS, et al., 2014).

49
Figura 2. Relação entre os processos de erosão, transporte e sedimentação e a velocidade
da corrente de um rio e o tamanho das partículas envolvidas nos processos.

Fonte: Press et al. (2006).

O alargamento dos canais fluviais pode ocorrer pela vigorosa abrasão lateral contra
as paredes durante as cheias, ou pela migração de meandros contra os lados do canal. Esta
migração dos meandros é comandada pelas velocidades diferenciadas da corrente de um
rio ao longo de sua seção transversal, mais forte nas margens externas das curvas.
Associado a estes processos erosivos, o canal fluvial também pode ser alargado pela
atuação dos processos de intemperismo combinados com os movimentos de massa, que são
deflagrados pelo aprofundamento do canal fluvial e geração de geometrias menos estáveis,
levando à instabilização das margens (PRESS et al., 2006; REIS, et al., 2014).
Os terraços fluviais também se constituem em feições erosivas fluviais e do
encaixamento dos talvegues dos rios. Os terraços podem ser esculpidos sobre depósitos
aluvionares, sobre material residual não depositado. A análise dos terraços fluviais pode
fornecer informações importantes sobre mudanças da dinâmica do rio, originadas por
mudanças climáticas, tectônicas ou, até mesmo, variações bruscas no regime hidrológico e
vazões da drenagem (CHRISTOFOLETTI, 1980). À medida que um canal fluvial evoluiu
pelos processos de erosão e deposição, pode assumir diferentes trajetórias, acabando por
configurar diferentes padrões de drenagem, que também são condicionados pelas
características geológicas e estruturais do substrato onde o rio está instalado (TEIXEIRA et
al., 2000).

50
Desta forma, a análise da erosão fluvial se baseia em parâmetros hidrológicos e
morfométricos comuns aos utilizados para a análise de cheias e inundações (precipitação,
bacia hidrográfica, tempo de concentração, vazões etc.), acrescida de características
morfológicas e geológicas presentes nos rios estudados (forma do canal, padrão de
drenagem, terraços fluviais etc.). O Quadro 6 apresenta os parâmetros e variáveis que
podem ser utilizados na análise dos processos de erosão e sedimentação de um rio.

Quadro 6. Parâmetros e variáveis utilizados na análise de um canal fluvial


Parâmetros - Variáveis
Elemento Fluxo Material Sedimentar
1- Largura do canal: largura da superfície da camada de
água recobrindo o canal.
2- Profundidade: espessura do fluxo medida entre a
superfície do leito e a superfície da água.
3- Velocidade de fluxo: comprimento da coluna de água
que passa, em determinado perfil, por unidade de tempo.
4- Volume ou débito: quantidade de água escoada, por
unidade de tempo.
1- Granulometria: as classes de diâmetro do
5- Gradiente de energia: gradiente de inclinação da
material do leito e das margens.
superfície da água
2- Rugosidade do leito: representa a
6- Relação entre largura e profundidade: resulta da divisão
variabilidade topográfica verificada na
da largura pela profundidade (itens 1 e 2).
superfície do leito, pela disposição e
7- Área: área ocupada pelo fluxo no perfil transversal do
ajustamento do material detrítico e pelas
canal, considerando a largura e a profundidade.
formas topográficas do leito.
8- Perímetro úmido: linha que assinala a extensão da
superfície limitante recoberta pelas águas.
9- Raio hidráulico; valor adimensional resultante da
relação entre a área e o perímetro úmido. Para rios muito
largos, o raio hidráulico é semelhante ao valor da
profundidade média.
10- Concentração de sedimentos: quantidade de material
detrítico por unidade de volume, transportada pelo fluxo.
Fonte: Christofoletti (1980).

3.1.3.3. Processos de Movimentos de Massa


Os processos de movimentos gravitacionais de massa se constituem como os
processos mais importantes que atuam nas evoluções das vertentes e, por conseguinte na
evolução geomorfológica destas regiões, sendo considerado até como mais importante que
os processos fluviais, no que diz respeito ao total de material mobilizado (RAHN, 1986).
Os movimentos de massa podem ser divididos em quatro diferentes tipos, conforme sua
dinâmica e características, em: rastejo escorregamentos, corridas de massa e movimentos
de blocos.
No Brasil existem muitas áreas suscetíveis aos movimentos de massa devido as
condições climáticas, geomorfológicas, geológicas e pedológicas, fatores que quando

51
aliados à interferência antrópica, como a ocupação de encostas e o desmatamento,
proporcionam inúmeros desastres, principalmente nos períodos de chuva (GOMES, 2006).
Conforme Glade e Crozier (2005), esses fatores podem ser divididos em três tipos,
de acordo com sua ação na dinâmica de desenvolvimento do processo, em: predisponentes,
preparatórios e desencadeantes. Os fatores predisponentes, ou condicionantes, são estáticos
e inerentes ao terreno (declividade, geologia e vegetação), condicionando o grau de
suscetibilidade do terreno. Os fatores preparatórios são dinâmicos (precipitação baixa e
ação antrópica), diminuindo a estabilidade, mas sem iniciar o movimento. Já os fatores
desencadeantes (precipitação intensa), representa a causa imediata.
Em relação ao rompimento de barragens, os escorregamentos de encostas marginais
do reservatório e das ombreiras e do próprio maciço do barramento e as corridas de massa,
são os problemas mais constantes dentre os demais movimentos de massa, seja
condicionando o rompimento, como na própria dinâmica do material após o rompimento
que irá atingir as áreas a jusante.
As corridas de massa ou detritos (mass flow ou debris flow) podem ser,
genericamente, entendidas como o conjunto de movimentos gravitacionais de massa de
grandes dimensões que se desenvolvem na forma de escoamento ao longo dos talvegues,
mobilizando materiais de diferentes tamanhos e conteúdos de água. Tais processos são
menos frequentes que os outros tipos de movimentos gravitacionais de massa, típicos da
dinâmica das encostas, tais como: rastejos, escorregamentos e quedas (INFANTI JR e
FORNASSARI FILHO, 1998; REIS, et al., 2014).
O Quadro 7 apresenta os principais grupos de movimentos gravitacionais de massa
típicos de encostas. E a Figura 3 ilustra a classificação de movimentos de massa em
encostas, com base no conteúdo de água e no tipo de material mobilizado.
Como o rastejo, escorregamento e as corridas de massa são, em geral, uma
evolução do processo de movimentos gravitacionais de massa que são separados
basicamente pela relação de teor de solo/rocha e água presente e pela dinâmica do seu
desenvolvimento ao longo da encosta (rastejo e escorregamento) ou do leito da uma
drenagem (corridas de massa), apresentam fatores condicionantes muitos semelhantes.

52
Quadro 7. Principais grupos de movimentos gravitacionais de massa típicos de encostas.
Processos Dinâmica/Geometria/Material
Vários planos de deslocamento (internos)
Velocidades muito baixas (cm/ano) a baixas e decrescentes com a profundidade
Rastejos
Movimentos constantes, sazonais ou intermitentes
(Creep)
Solo, depósitos, rocha alterada/fraturada
Geometria indefinida
Poucos planos de deslocamento (externos)
Velocidades médias (m/h) a altas (m/s)
Pequenos a grandes volumes de material
Escorregamentos
Geometria e materiais variáveis:
(Slides)
Planares – solos pouco espessos, solos e rochas com 1 plano de fraqueza
Circulares – solos espessos homogêneos e rochas muito fraturadas
Em cunha – solos e rochas com dois planos de fraqueza
Sem planos de deslocamento
Movimentos tipo queda livre ou em plano inclinado
Velocidades muito altas (vários m/s)
Quedas Material rochoso
(Falls) Pequenos a médios volumes
Geometria variável: lascas, placas, blocos, etc.
Rolamento de matacão
Tombamento
Muitas superfícies de deslocamento
Movimento semelhante ao de um líquido viscoso
Desenvolvimento ao longo das drenagens
Corridas
Velocidades médias a altas
(Flows)
Mobilização de solo, rocha, detritos e água
Grandes volumes de material
Extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas
Fonte: Augusto Filho (1992).

Figura 3. Classificação de movimentos de massa em encostas com base no conteúdo de


água e no tipo de material mobilizado.

Fonte: Coussot e Meunier (1996).

53
Caracterização e Dinâmica dos Escorregamentos
Gusmão Filho, Alheiros e Melo (1992) definiram critérios para ocorrência a
processos de erosão e escorregamentos, baseados em três fatores de risco com 5 critérios
para cada fator, da seguinte forma:
 Fatores Topográficos/Geomorfológicos: declividade, morfologia da encosta em
perfil para deslizamento, morfologia da encosta em planta, posição de
deslizamentos observados na encosta, altura e sulco/ravina na face da encosta;
 Fatores Geológicos: litologia, descontinuidade litológica, direção do mergulho em
relação à encosta, processos de erosão e processos de escorregamento;
 Fatores Ambientais: vegetação, densidade de ocupação, drenagem natural e
drenagem formal.
Segundo IPT (2004), a palavra encosta pode ser entendida como toda superfície
natural inclinada (declive), que une duas outras superfícies caracterizadas por diferentes
energias potenciais gravitacionais. Os taludes naturais são definidos como encostas de solo
e rocha, de maciços terrosos, rochosos ou mistos, de superfície não horizontal, originados
por agentes naturais. Os taludes de cortes são definidos como um talude resultante de
algum processo de escavação promovido pelo homem. Por fim, os taludes de aterro
referem-se aos taludes originados pelo aporte de materiais como: solo, rocha e rejeitos
industriais ou de mineração.
A declividade influencia na energia do movimento das águas, no fator de
segurança das encostas e, consequentemente, no volume de massa de terra mobilizado em
processos de erosão e movimentos de massa, influindo no alcance dos prejuízos
(GUSMÃO FILHO, ALHEIROS e GUSMÃO, 1997). Com o aumento da declividade
cresce a tensão cisalhante, sendo assim, valores menores de declividade geralmente
indicam baixa frequência de movimentos de massa (CORONADO, 2006). Valores maiores
de declividade indicam alta possibilidade de ocorrência de movimentos de massa. Com
declividade mais acentuada, a velocidade do escoamento superficial das águas pluviais é
maior, o que implica em maior capacidade erosiva da encosta (INFANTI JÚNIOR e
FORNASARI FILHO, 1998).
A declividade pode ser considerada um dos fatores de maior influência na
ocorrência de movimentos. A declividade da encosta é uma das principais causas
predisponentes na deflagração de escorregamentos (ARAÚJO, 2004; LOPES, 2006).

54
Corroborando com este fato, Dias e Herrmann (2002) consideram a declividade como o
principal fator condicionante dos movimentos de massa, uma vez que ela é diretamente
proporcional à velocidade do movimento e à capacidade de transporte de solo e rocha.
Entretanto, Saito (2004) ressalta que em áreas de baixa declividade, também ocorrem
movimentos de massa, visto que podem se tratar de acumulação de depósitos de vertente
ou até mesmo ocorrer corridas de massa associados ao leito das drenagens.
Nesse contexto, a declividade é representada pelo ângulo de inclinação em uma
relação percentual entre a altura (H) e o comprimento na horizontal (L) da encosta.
Contudo, em vários trabalhos, os autores correlacionam a declividade, em graus com o
gradiente, em porcentagem. Contudo, Valeriano e Albuquerque (2010), afirmam que a
declividade pode ser expressa em graus (de 0º a 90º) ou em porcentagem (de 0% a
infinito).
De acordo com Moreira e Pires Neto (1998), a declividade, ou inclinação, refere-
se à relação entre a amplitude e o comprimento de rampa, que pode ser expressa em graus
ou porcentagem (gradiente topográfico). Quando em graus, pode variar de 0º, plano
horizontal sem força atuante, até 90°, plano vertical com força máxima, igual à da
gravidade (SILVA, 2010). Vários autores correlacionam a declividade em graus com o
gradiente em porcentagem, para a classificação das formas de relevo. A Tabela 1
apresenta um exemplo de classificação do relevo com base na inclinação das vertentes.

Tabela 1. Classificação do relevo com relação ao ângulo de declividade e gradiente.


Ângulo (º) Gradiente (%) Classificação
<2 < 3,49 Plano
2a5 3,49 a 8,75 Brando
5 a 10 8,75 a 17,6 Moderado
10 a 18 17,6 a 30 Pouco íngreme
18 a 30 30 a 57,7 Íngreme
30 a 45 57,7 a 100 Muito íngreme
> 45 > 100 Penhasco
Fonte: Demeck (1972); Andrade (2009).

Gusmão Filho, Alheiros e Melo (1992) avaliaram as classes de declividade para


ocorrência de escorregamentos, classificando-as em três tipos de classes, sendo risco muito
baixo: de 0 a 15%, risco mediano a alto: de 15% a 30% e risco muito alto: acima de 30%.
Gusmão Filho, Alheiros e Gusmão (1997) observaram que, para as encostas ocupadas do

55
Recife, 90% dos deslizamentos ocorreram em declividades acima de 21%, sendo que,
destes, 56% em declividades acima de 31%.
Já Marcelino (2003) relatou que a classe de declividade que apresentou a maior
quantidade de escorregamentos (66,25%) foi a de 47 – 100 %, com ângulos entre 25,2º e
45º, para o município de Caraguatatuba (SP). Fernandes et al (2004) atestaram que, para a
Serra do Mar do Rio de Janeiro, os escorregamentos mais frequentes ocorrem entre os
ângulos de 18,6° e 37,0°.
Já Santos et al. (2007), em estudo sobre vulnerabilidade geoambiental no Estado
do Paraná, define a hierarquia de vulnerabilidade para movimentos de massa em cinco
classes, sendo muito baixa: inferior a 5%, baixa: 5 a 12%, intermediária: 12% a 30%, alta:
30% a 47% e muito alta: superior a 47%.
Silva (2012), em estudo na faixa de dutos entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte,
observou uma concentração maior das cicatrizes de escorregamentos no intervalo de
declividade entre 15 - 30º e, secundariamente, no intervalo de 30 - 45º, em trecho de faixa
de dutos.
Kayastha, Dhital e Smedt (2013), Bijukchhen, Kayastha e Dhital (2013) e
Raghuvanshi, Ibrahim e Ayalew (2014), em estudos desenvolvidos no Nepal e na Etiópia,
classificaram as classes de declividade como: nível um: menor que 15°; nível dois: de 15°
a 25°; nível três: de 25° a 35°; nível quatro: de 35° a 45°; e nível cinco: maior que 45°.
Apesar das inúmeras classificações de classes de declividade, segundo Fernandes e
Amaral (2003), os escorregamentos ocorrem em declividades de encostas acima de 20º,
sendo que os maiores números de movimentos não ocorrem em declividades maiores que
35º, mas entre 21º a 35º. Tal comportamento é devido às variações na cobertura vegetal e
ao fato de que nas encostas mais íngremes os solos já teriam sido removidos por
movimentos anteriores. Assim como, Marcelino (2003) que afirma diversos estudos têm
demonstrado que a maior parte dos escorregamentos tem ocorrido, principalmente, em
declividades na faixa de 20º a 45º
Destaca-se que a declividade do terreno tem influência na quantidade de água
disponível na superfície para ser infiltrada pelo solo e não na velocidade de infiltração,
uma vez que em terrenos com baixa declividade, a água precipitada escoa de forma lenta,
contribuindo para a infiltração da água no solo. O oposto acontece em terrenos com alta
declividade, em que a água tende a escoar mais rapidamente, diminuindo o tempo de

56
contato entre a água e a superfície, fazendo com que diminua sua infiltração na superfície
(AHRENDT, 2005).
Em relação as formas de encostas, de acordo Fernandes e Amaral (2003), o
desenvolvimento de movimentos de massa é fortemente influenciado pela forma da
encosta no perfil e no plano, pelo fato de que condiciona o fluxo de água e de materiais
sólidos, o acúmulo de umidade e os níveis de poro pressão desenvolvidos. A atuação da
morfologia da encosta está relacionada indiretamente ao papel que a forma da encosta
exerce na geração de zonas de convergência e divergência nos fluxos de água de superfície
e sub-superfície.
As vertentes, ou encostas, são superfícies inclinadas, não horizontais, que
compõem a conexão dinâmica entre a linha divisora de águas e o fundo do vale
(MOREIRA e PIRES NETO, 1998; CHRISTOFOLETTI, 1980).
Segundo Moreira e Pires Neto (1998), as formas das vertentes podem ser
classificadas em três tipos de perfis: retilínea (quando os ângulos de declividade são
aproximadamente constantes), convexa (perfil com curvatura positiva e ângulos que
aumentam continuamente para baixo) e côncava (perfil com curvatura negativa e ângulos
que diminuem para baixo). A combinação desses três tipos de perfis indica a forma do
terreno (Figura 4).
A combinação convexa-divergente representa a máxima dispersão do escoamento,
enquanto que a combinação côncava-convergente, apresenta a máxima concentração e
acúmulo de escoamento, já as combinações intermediárias possuem características
hidrológicas mais dependentes das relações entre as intensidades (módulos) dos efeitos
individuais (VALERIANO, 2008).
Para IPT (1991), as encostas retilíneas tendem a apresentar declividades maiores do
que as convexas, sendo mais susceptíveis a escorregamentos. Já as encostas convexas,
apresentam maiores espessuras de solos, influenciando no sentido de favorecer a
instabilidade, potencializando uma ruptura mais profunda. Para Araújo (2004) e IPT
(1988), as vertentes retilíneas tendem a apresentar maiores declividades, estando, mais
suscetíveis a escorregamentos translacionais

57
Figura 4. Combinação das curvaturas para caracterização das formas de terreno.

Fonte: adaptada de Dikau (1990) apud Valeriano (2008).

Fernandes et al (2004) atestaram que no escoamento superficial e subsuperficial


da encosta, as formas côncavas controlam a distribuição espacial de zonas saturadas e o
desenvolvimento de poro pressões críticas capazes de desencadear escorregamentos. De
acordo com Fernandes e Amaral (2003), em encostas retilíneas ou convexas em planta, as
taxas de infiltração podem ser balanceadas pela quantidade de água retirada do interior da
encosta pelo fluxo de sub-superfície, não permitindo o aumento excessivo da poro-pressão
positiva, durante eventos pluviométricos.
Araújo (2004) ressalta que as vertentes de forma retilínea e côncava apresentaram
maior correlação espacial com os eventos de escorregamentos registrados nas áreas, devido
ao acúmulo de materiais nas vertentes côncavas e aos escorregamentos planares nas
vertentes retilíneas. Wolle (1988) verificou que os escorregamentos translacionais
predominam nas encostas retilíneas das cotas mais elevadas, onde, geralmente concentram-
se os maiores índices pluviométricos, que potencializam a instabilidade dos mesmos, nas
Serras de Cubatão e Paranapiacaba.
As seções côncavas das encostas (hollows), por serem zonas de convergência,
concentram sedimentos e fluxos d’água, são as mais favoráveis para a ocorrência de

58
escorregamentos em geral (FERNANDES e AMARAL, 2003; MARCELINO, 2003;
FERNANDES et al, 2004). Sendo assim, durante períodos de precipitação intensa, as
encostas côncavas retém e acumulam a água por um período mais longo.
Nas formas côncavas, o material proveniente de erosão de áreas a montante se
acumulam nas concavidades, até que seu peso seja suficiente para provocar uma ruptura.
Apresentam, em média, maiores espessuras de solos e por serem zonas de convergência de
fluxo de água, possuem grande volume de material a ser mobilizado (colúvio ou tálus),
potencializando uma ruptura mais profunda (DIETRICH, WILSON e RENEAU, 1986)
Silva (2012) relatou que para sua área de estudo, a relação cicatriz por quilômetro
quadrado de cada forma de vertentes mostrou que as vertentes côncavas têm a maior
relação com a ocorrência dos escorregamentos, seguida pelas retilíneas.
No trabalho de Tominaga et al (2005), a classificação de suscetibilidade a processos
de movimentos de massa dos perfis de encosta é dada por: baixa (perfis convexos), média
(perfis convexo-côncavos), alta (perfis côncavos) e muito altas (perfis retilíneos).
Em Macedo (2002), nos casos de escorregamentos em Recife, foi constatado que
46% dos escorregamentos aconteceram em encostas côncavas, 9% em convexas, 15% em
retilíneas e 30% em côncavas-convexas. Por outro lado, no trabalho de Kozciak (2005), foi
constatado que as formas convexas de encostas apresentaram-se mais instáveis que as
côncavas e retilíneas, devido a maior espessura do solo acumulado, o que gera uma
contradição entre os autores citados. Isso demonstra, que os condicionantes não podem ser
analisados de forma isolada, já que todos os condicionantes agem de forma conjunta na
evolução e desenvolvimento da dinâmica de um processo de movimento de massa.
Outro condicionante preponderante no desenvolvimento de movimentos de massa é
a amplitude altimétrica da área, sendo obtida pela diferença entre a máxima e mínima
altitude. Assim como a declividade, ela é responsável pela velocidade de escoamento.
Sendo que quanto maiores os valores, mais rápido é o escoamento, o que faz reduzir o
acúmulo de água na sub-bacia (BRUBACHER, OLIVEIRA e GUASSELLI, 2011).
A variação da altitude também é importante pela influência que exerce sobre a
precipitação, sobre as perdas de água por transpiração e evaporação. Bacias com alta
variação de altitude, apresentam possíveis variações de precipitação anual e grandes
diferenças na temperatura média, o que causa variações na evapotranspiração (CAMPOE,
2012).

59
Já em relação ao solo e substrato rochoso, a textura do solo refere-se à proporção
relativa das partículas sólidas presentes na massa do solo, o que acaba influenciando na
capacidade de absorção e infiltração da água da chuva, ou seja, os solos definem as
quantidades de águas pluviais que infiltram ou que excedem para escoar na superfície do
terreno, assim, pode-se dizer que, os solos determinam o volume do escoamento da chuva
(BIGARELLA, BECKER e PASSOS, 1996; COELHO NETTO, 2000).
De acordo com Braga et. al. (2002), para partículas do solo com dimensões
maiores, a drenabilidade, a permeabilidade e a aeração serão mais acentuadas; e solos com
partículas menores favorecem a resistência à erosão, e a retenção de água e nutrientes. Para
Fiori e Carmignani (2009), a permeabilidade e a porosidade são propriedades que estão
diretamente ligadas e que são inversamente proporcionais à densidade, que por sua vez,
representa a relação entre o volume e a massa total do solo. Portanto, fica expresso, que no
geral, os solos argilosos são menos permeáveis que os solos arenosos.
Em Bigarella, Becker e Passos (2003), afirmam que a espessura do manto, o
pequeno conteúdo de matéria orgânica e a natureza argilosa impermeável dos solos
tropicais, fazem com que se tornam extremamente susceptíveis aos movimentos de massa.
Sendo apenas os latossolos mais permeáveis e os capeamentos lateríticos resistentes aos
processos erosivos.
Os climas tropical e subtropical fornecem características propícias aos processos de
intemperismo. De acordo com Guidicini e Nieble (1983), o processo de alteração por
intemperismo acarreta no enfraquecimento gradual do meio rochoso e/ou terroso, no qual
ocorre, pela dissolução dos elementos com função de cimentação em rochas ou solos
sedimentares, pela remoção dos elementos solúveis que constituem os minerais e pelo
desenvolvimento de uma rede de microfraturas no meio rochoso. Este enfraquecimento se
traduz em uma diminuição dos parâmetros de resistência como coesão e ângulo de atrito
interno.
Em Augusto Filho e Virgili (2004), foi verificado que existem mantos de cobertura
superficial de grandes espessuras, com a formação de zonas de diferentes permeabilidades,
resistências e outras características das quais se relacionam diferentemente com os
mecanismos de escorregamentos e processos correlatos. Os depósitos de colúvio ou
coluvião, usualmente encontrados no sopé de encostas, foram produzidos a montante e
transportados pela ação da gravidade, sendo homogêneos e muito porosos, dando origem a

60
solos bem drenados, facilmente colapsíveis com a saturação e instáveis (VAZ, 1996;
CASSETI, 2005).
Os depósitos de tálus são poucos espessos e ocorrem, principalmente, em encostas
com declividade acentuada, sendo, em muitos casos, saturados e submetidos a
deslocamentos, que podem ser acelerados, tornando difícil a contenção do movimento de
massa (VAZ, 1996).
A pluviosidade é apontada como o principal agente na deflagração de movimentos
de massa no Brasil. Tanto as precipitações intensas e rápidas quanto as menos intensas e de
maior duração podem desencadear esses processos. A interferência das chuvas se dá,
sobretudo, pela elevação do nível d´água, aumento do peso específico do solo e redução de
sua coesão, favorecendo a ocorrência de rupturas (AUGUSTO FILHO e VIRGILLI, 2004).
De acordo com Cerri (1993), quanto maior for o índice acumulado de chuvas,
menores intensidades pluviométricas serão necessárias para desencadear os
escorregamentos. Uma vez que, a infiltração da água no solo aumenta os níveis de umidade
e de saturação. Com o solo saturado a coesão entre as partículas é menor, ou até nula,
desencadeando movimentos de massa. Guerra e Cunha (2000) ressaltam que as chuvas
concentradas associadas aos fortes declives, aos espessos mantos de intemperismo e ao
desmatamento podem criar áreas potenciais de erosão e de movimentos de massa.
A erosividade é o índice que expressa a capacidade de ocorrer tal fato, sendo
estimado por vários métodos que consideram o regime das precipitações, intensidade e
magnitude. A energia cinética tratada como o número total de gotas de chuvas de uma
determinada intensidade, é frequentemente considerada como o parâmetro mais importante
para se determinar a erosividade. (MOREIRA e PIRES NETO, 1998).
Guidicini e Iwasa (1976) citam que ocorrências de chuva intensa e superiores a
12% da pluviosidade média anual tendem a provocar escorregamentos, quando os níveis de
pluviosidade são muito elevados, podem deflagrar escorregamentos tanto em áreas
ocupadas ou alteradas, quanto em áreas virgens. Sendo assim, os outros fatores que atuam
nas encostas assumem papel secundário nas ocorrências de chuvas intensas.
Em Lan et al. (2004) são citados dois caminhos para a previsão de
escorregamentos provocados pelas chuvas: (1) é o uso de correlações estatísticas e técnicas
de previsão para estabelecer relações empíricas entre os movimentos de massa e a
pluviosidade, ou, (2) seria o uso do modelo determinístico, ligando um modelo mecânico

61
de estabilidade de encosta com um modelo hidrológico para moldar mudanças na recarga
da água subterrânea e na pressão da água nos poros do solo que são causadas pelas chuvas.
Ressalta-se que Araújo (2004), Cerri (1993) e Carvalho e Riedel (2004) não
consideraram a pluviosidade como fator condicionante, mas sim como o principal agente
deflagrador dos escorregamentos. Highland e Bobrowsky (2008) definem a chuva como
um mecanismo de desencadeamento, ou seja, os escorregamentos só serão desencadeados
com chuva intensa caso já tenham condições propícias.
Outro condicionante importante é o uso e ocupação do solo, incluindo a presença de
vegetação nativa, que está diretamente associada à manutenção da estabilidade de encostas,
podendo contribuir tanto para a estabilidade quanto para a instabilidade de encostas.
(KURIAKOSE, VAN BEEK e VAN WESTEN, 2009).
A ação dos componentes de uma floresta pode ser exposta no conjunto da copa e
partes aéreas como proteção e interceptação à água da chuva, à ação do vento, aos raios
solares diretos; os detritos vegetais acumulados no solo promovem a diminuição da
velocidade do escoamento superficial; o sistema radicular atua no aumento da resistência
ao cisalhamento do solo, fornecendo estruturação e reduz a infiltração de água no solo,
aumentando assim a coesão do solo (GUIDICINI e NIEBLE, 1983).
De acordo com Vargas (1999), discute-se muito sobre a questão dos efeitos de
desflorestamento sobre a estabilidade dos taludes das encostas naturais. Não há dúvida que
existe a evidência da degradação da cobertura vegetal coincidir com escorregamentos
generalizados das encostas, mas há também casos observados de grandes escorregamentos,
deflagrados de chuvas violentas, em regiões de florestas. Nesses casos, o solo e os blocos
de rochas carregavam consigo enormes troncos de árvores.
Rodrigues (1998) afirma que o meio mais simples e eficiente de proteção de taludes
contra a erosão provocada pelas águas da chuva e do vento refere-se ao revestimento
vegetal. Augusto Filho (1994) aponta a redistribuição da água da chuva e o acréscimo da
resistência do solo devido à presença das raízes como efeitos favoráveis à estabilidade de
encostas. Gusmão Filho, Alheiros e Gusmão (1997) afirmam que em taludes
completamente cobertos pela vegetação, a erosão é pequena, inferior a 5 a 1% das perdas
em um terreno desnudo. As folhas no chão impedem e reduzem a velocidade da água
corrente, enquanto as raízes consolidam o solo no lugar. O mesmo autor verificou que,
para as encostas ocupadas do Recife, 46% dos deslizamentos ocorreram em áreas com
cobertura vegetal menor que 30%.

62
No estudo de Panikkar e Subramanyan (1996), na Índia, foi reportado que 91% dos
escorregamentos em sua área de estudo, ocorreram em áreas não florestadas. De acordo
com Perotto-Baldiviezo et al. (2004), é em declividades acentuadas que a retirada da
vegetação natural implica em maior aumento da suscetibilidade.
Fiori e Borchardt (1997), analisando a influência e o comportamento da vegetação
na estabilidade das encostas da Serra do Mar no litoral paranaense, verificaram que em
vertentes pouco inclinadas, o efeito da vegetação nos índices de segurança é maior,
diminuindo gradativamente com o aumento da declividade.
Encostas íngremes que sofreram queimadas muitas vezes são propensas a
deslizamentos, devido a uma combinação resultante da queima e perda da vegetação nos
taludes, mudança na química do solo devido à queima, e posterior saturação dos taludes
pela água de várias fontes, tais como de precipitações. Perturbação ou alteração dos
padrões de drenagem, desestabilização das encostas e remoção da vegetação são fatores
comuns, induzidos pelo homem, que podem dar início a deslizamentos de terra
(HIGHLAND e BOBROWSKY, 2008).
Rodrigues (2013), em estudo na região de Nova Friburgo, verificou que a maior
parte dos escorregamentos ocorreu em locais com cobertura de vegetação arbórea e
vegetação rasteira. Neste caso, pode-se inferir que movimentos de massa estão associados
ao processo de saturação do solo. Em seu trabalho, Ross (1994) estabeleceu hierarquia de
graus de proteção aos solos pela cobertura vegetal que podem ser vistos no Quadro 8.

Quadro 8. Graus de proteção do solo de acordo com a cobertura vegetal.


Graus de Proteção Tipos de Cobertura Vegetal
Muito Alta Florestas / Matas naturais, florestas cultivadas com biodiversidade.
Formações arbustivas naturais com estrato herbáceo denso, formações arbustivas densas
Alta (mata secundária, cerrado denso, capoeira densa). Mata homogênea de Pinus densa,
pastagens cultivadas com baixo pisoteio de gado, cultivo de ciclo longo como o cacau.
Cultivo de ciclo longo em curvas de nível / terraceamento como café, laranja com
Média forrageiras entre ruas, pastagens com baixo pisoteio, silvicultura de eucaliptos com sub-
bosque de nativas.
Culturas de ciclo longo de baixa densidade (café, pimenta do reino, laranja com solo
Baixa exposto entre ruas), culturas de ciclo curto (arroz, trigo, feijão, soja, milho, algodão com
cultivo em curvas de nível / terraceamento).
Áreas desmatadas e queimadas recentemente, solo exposto por arado / gradeação, solo
Muito baixa a nula exposto ao longo de caminhos e estradas, terraplenagens, culturas de ciclo curto sem
práticas conservacionistas.
Fonte: ROSS, 1994.

63
Caracterização e Dinâmica das Corridas de Massa
As corridas de massa também se caracterizam pelo extenso raio de alcance e poder
destrutivo, mesmo em áreas com baixa declividade. Existem registros de vários acidentes
com graves danos sociais e econômicos decorrentes da deflagração destes processos em
vários locais do território nacional, incluindo o Estado de São Paulo, principalmente nos
trechos de relevo mais acentuado (REIS, et al., 2014).
As corridas de massa recebem uma gama variada de classificações na literatura
técnica nacional e internacional, tais como: corrida de lama (mud flow); corrida de detritos
(debris flow), e corrida de terra (earth flow). Importantes trabalhos desenvolvidos por IPT
(1987, 1988) e Gramani (2001) fazem uma discussão sistemática das classificações e das
dinâmicas características dos diferentes tipos de corridas de massa, sendo que o Quadro 9
sintetiza os principais termos e critérios usados em cada país para classificar as corridas de
massa.

Quadro 9. Principais escolas científicas, termos e critérios utilizados na classificação das


corridas de massa.
Escola Termos Critérios
Influência dos processos locais
Flash floods; turbulent
Quantidade de sedimentos
Russa mudflow; mudflood;
Origem, tipo de material, propriedades desses materiais
structural mudflow
e tamanhos das partículas
Classes refletem a predominância de argilas nos
problemas de estabilidade de encostas
Earthflow; mudflows;
Obs: mudflow = lento e mais viscoso
solifluction; creep;
Inglesa Concentração de sedimentos para dividir diferentes
Normal, high, extreme and
fluxos
high concentrate flows
Limites arbitrários, somente melhor definidos entre
mudflows e correntes hiper concentradas
Propriedade dos materiais (LL, LP e resistência) e
Water flood; mudflood;
conteúdo de água
mudflows, landslides
Erosividade, Desenvolvimento de “fabric”; Densidade,
Americana Stream flow; high
Resistência ao cisalhamento, Espessura e Distribuição
concentrate flood flow;
granulométrica
debris flows
Características sedimentares dos depósitos
Fall; landslide; creep; Mecanismos de suporte das partículas, propriedades do
Japonesa sturzstrom; pyroclastic flow; fluído intersticial, velocidade e distância percorrida
debris flow
Floods; mudflows; debris Tipo de material mobilizado, mecanismos de
Canadense torrents; debris flows; debris movimento, localização do movimento e conteúdo
slides; debris avalanches relativo de água
Fonte: Gramani (2001).

64
Os mecanismos de geração de corridas de massa discutidos na bibliografia nacional
e internacional permitem que tais processos possam ser agrupados, quanto à origem, em
dois tipos básicos: primária e secundária. No primeiro grupo, a corrida de massa inicia-se
nas encostas e vertentes pela transformação de deslizamentos em uma massa viscosa, por
meio de fenômenos de dilatância ou liquefação. No grupo de origem secundária, a
formação de corridas ocorre nas drenagens principais, a partir de remobilização de detritos
naturais, acrescido do material oriundo de escorregamentos nas encostas e torrentes de
água geradas na bacia hidrográfica (AUGUSTO FILHO, 1992).
No Brasil, existem vários registros bem documentados, que podem ser associados
às corridas de origem primária e secundária, como os de Caraguatatuba, SP e Serra das
Araras, em 1967; Serra de Maranguape, CE, em 1974; Lavrinhas, SP, em 1986; Petrópolis,
RJ, em 1988; Blumenau, SC, em 1990; Contagem, MG, em 1992; Timbó do Sul, SC, em
1995, e Lavrinhas, SP, em 2000, entre outros (REIS, et al., 2014).
Em termos de conteúdo de água, textura do material sólido mobilizado e
velocidade, estes eventos podem ser classificados como corridas de lama e terra (mudflow
e earthflow) com textura fina predominante (argila, silte), conteúdo de água médio a
elevado, e velocidades baixas a médias. As corridas de detritos (debris flow) podem ser
caracterizadas por textura média a grosseira (areia, cascalho), presença frequente de blocos
rochosos, conteúdo elevado de água e velocidades médias a altas (IPT, 1987, 1988;
GRAMANI, 2001). As corridas de origem secundária tendem a apresentar maiores
volumes de material mobilizado e para a presente pesquisa, são particularmente
importantes, pois se relacionam diretamente com os processos de cheias excepcionais e
rompimento de barragens (REIS, et al., 2014).
O desenvolvimento das corridas de massa de origem secundária pode ser dividido
em três etapas principais, associadas aos trechos distintos das bacias hidrográficas:
encostas e drenagens. Para cada uma destas etapas e compartimentos das bacias, podem ser
utilizados vários parâmetros de análise da potencialidade de deflagração das corridas de
massa e danos potenciais associados. Augusto Filho (1993) apresenta um exemplo da
aplicação desta abordagem no estudo de corridas de massa em 33 bacias hidrográficas na
região da Serra do Mar, em Ubatuba, SP (Quadro 10).

65
Quadro 10. Condicionantes e parâmetros de análise para deflagração e dinâmica de
corridas de massa de origem secundária.
Compartimentos da Bacia Hidrográfica
Parâmetros de Análise
Etapas de Desenvolvimento

Encostas Suscetibilidade aos escorregamentos

Grau de circularidade da bacia; Declividade dos talvegues;


Drenagens
Volume de depósitos

Baixada Raio de alcance (área de deposição)


Fonte: Augusto Filho (1993).

Gramani e Augusto Filho (2004) usaram uma abordagem semelhante, incluindo


ferramentas de análise espacial disponíveis em programas de SIG, reconhecendo quatro
etapas de geração de corridas de massa associadas aos diferentes compartimentos das
vertentes. Assim, foi possível caracterizar seis bacias hidrográficas na Serra do Mar, na
região de Cubatão (SP), quanto ao volume potencial mobilizado pela deflagração destes
processos na bacia e as respectivas áreas de deposição (Figura 5). Estes autores também
adotaram a equação empírica de descarga de pico proposta por Massad et al. (2000), para
estimativa dos volumes nas bacias (Equação 7).

Figura 5. Etapas principais do desenvolvimento de corridas de massa secundárias.

Transport
Initiation Partial
and Deposition
(I) Deposition
Erosion (IV)
(III)
(II)
1000

Channel
500 gully Debris
Levees deposit
(*) > 30°

> 15°
0 (m)
< 15° < 10°
Fonte: Gramani e Augusto Filho (2004).

66
2
qt  AI (Eq. 7)
1  c  1
Onde:
qt = descarga de pico (m3/s);
c = concentração volumétrica de sólidos (%);
A = área da bacia (km2); e,
I1 = intensidade pluviométrica (mm/h).

Gramani et al. (2005) e Magalhães et al. (2005) analisaram oito bacias


hidrográficas, quanto à potencialidade para a geração e o desenvolvimento de corridas de
massa, que poderiam atingir com perigo o duto OSBAT da Petrobras, nos trechos serranos,
entre as cidades de São Sebastião e Cubatão (SP). O objetivo da análise foi identificar
situações potenciais de perigo para o duto analisado. Os resultados obtidos no trabalho
subsidiaram a proposição de um programa de medidas para prevenção e mitigação dos
impactos negativos potenciais, advindos da deflagração de corridas de massa nas bacias
hidrográficas analisadas.
Iverson, Reid e LaHusen (1997) analisaram corridas de massa de origem primária, a
partir de escorregamentos, utilizando observações de campo, experimentos de laboratório e
análises baseadas em modelos teórico-empíricos, concluindo que a mobilização de corridas
de massa de origem primária é comandada por três grupos principais de mecanismos, que
podem ocorrer de forma independente ou combinada, que são os seguintes: ruptura de
grande porte mobilizando solo, rocha ou depósitos; liquefação parcial ou total da massa
rompida por elevação significativa da pressão neutra, e; conversão da energia cinética do
escorregamento em energia interna vibratória, com atrito entre as partículas sólidas e
elevação da temperatura da massa rompida.
Estes autores avançam em relação aos trabalhos anteriores na mesma linha, com
destaque para os de Takahashi (1978, 1981), ao considerarem modelos mecânicos não
fixos, agregando variáveis refletindo mudanças nas pressões neutras e nas temperaturas das
partículas sólidas da massa mobilizada. No trabalho dos três autores, é também apresentada
uma tabela, sintetizando as inclinações das encostas em eventos de corridas de massa
deflagrados a partir de escorregamentos em diferentes partes do mundo (Quadro 11).

67
Quadro 11. Inclinações das encostas com corridas geradas a partir de escorregamentos.
Localização Inclinação da Encosta (o)
Tanzania 28-44
Sudoeste de British Columbia (Canadá) 24-48
Hong-Kong 25-45
Sul da Califórnia (EUA) 27-56
Nova Zelândia 32-34
País de Gales 27-37
Pensilvânia (EUA) 20-40
Nordeste de Washington (EUA) 20-40
Norte da Califórnia (EUA) 20-50
Havaí (EUA) 30-60
Suíça 27-39
Fonte: Iverson, Reid e Lahusen (1997).

Hürlimann, Copons e Altimir (2006) apresentam um método de mapeamento do


perigo de corridas de massa, fundamentado na retroanálise de eventos de corridas de
massa, correlacionando perfil topográfico, distância percorrida pela massa mobilizada,
declividade do leito e velocidade do processo. O estudo envolveu quatro grandes etapas:
elaboração do mapa de inventário de corridas; análise das áreas de deposição das corridas
inventariadas, com base em seções longitudinais e transversais dos depósitos; elaboração
de uma matriz de análise de perigo considerando a probabilidade e a intensidade do evento
de corrida, e; elaboração de diretrizes para reduzir os perigos identificados.
O cadastro sistemático e a retroanálise de eventos de corridas baseiam-se na
existência de eventos de corridas bem documentados, para realização do mapeamento das
suas áreas de deposição e na utilização dos programas de Sistema de Informação
Geográfica – SIG e na elaboração de Modelos Digitais de Terreno (MDT) detalhados, para
facilitar a produção de diferentes seções longitudinais e transversais ao material
mobilizado (REIS, et al., 2014).
Ainda na linha de abordagem baseada na retroanálise de eventos de corridas de
massa, Chen, Yue e Li (2007) propõem um método para estimativa da descarga máxima de
corridas de origem primária, a partir da fluidificação de escorregamentos, fundamentado na
escolha de setores curvos e retilíneos ao longo do depósito de uma corrida. Nestes setores
são realizadas seções topográficas longitudinais e transversais detalhadas delimitando a
área depositada. Também são feitas medições em planta nos trechos curvos selecionados
previamente e amostragens para caracterização granulométrica do material depositado.
O Quadro 12 apresenta algumas equações de cálculo de velocidade baseadas nos
parâmetros levantados nas seções transversais ao longo do depósito da corrida de massa.

68
As vazões de pico são obtidas pela multiplicação destas velocidades pela área dos
depósitos nas seções.

Quadro 12. Equações de cálculo de velocidade de pico de corridas de massa.

EQUAÇÃO

Onde: V = velocidade de pico (m.s−1); H = profundidade máximo do depósito (m); I = inclinação do canal; α
= fator de correção; n = coeficiente de rugosidade do canal; γc = densidade do depósito; R = raio hidráulico
da parte fluída da corrida (aproximadamente igual à profundidade da parte fluida).
Fonte: Chen, Yue, Li (2007).

Na literatura científica nacional e internacional, existe uma quantidade significativa


de trabalhos que utilizam métodos de análise semiquantitativos apoiados, muitas vezes, em
parâmetros e atributos quantitativos, porém, combinados em ponderações com pesos de
importância relativa na deflagração e dinâmica do processo de corrida de massa. Estas
abordagens são importantes, especialmente, nas fases preliminares e regionais do estudo, e
quando não se dispõe de eventos de corridas bem documentados para a realização de
retroanálises e a obtenção das variáveis necessárias para alimentar os modelos e as
equações empíricas e teóricas para estimativas de volumes de pico, áreas de deposição etc
(REIS, et al., 2014).
As abordagens baseadas em atribuição e ponderação de pesos de importância
relativa vêm sendo empregadas em trabalhos nacionais (AUGUSTO FILHO, 1993;
KANJI, 2001; KANJI; GRAMANI, 2001) e internacionais (DAHAL et al., 2008). Os
trabalhos internacionais dos últimos dez anos adotam uma abordagem de estudo e de
previsão da deflagração destes processos com base em modelos matemáticos e empíricos,
utilizando a suscetibilidade a escorregamentos; parâmetros hidrológicos, incluindo a
precipitação, bacia de captação, vazão de pico etc.; e de desenvolvimento nas linhas de

69
drenagem, considerando o retrabalhamento de depósitos, barramentos naturais e artificiais,
entre outros. A obtenção dos parâmetros e das variáveis para alimentar os modelos é feita a
partir da retroanálise de eventos de corridas. Outra tendência observada nestes trabalhos é a
utilização de ferramentas computacionais na análise e modelagem dos processos, sejam
programas específicos ou aplicativos que trabalham em plataformas de SIG (REIS, et al.,
2014).

3.1.3.4. Processo de Rompimento de Reservatórios


As barragens podem ser afetadas por processos de ondas de cheia e movimentos de
massa ocasionando seu rompimento, sendo, por exemplo, o galgamento um dos principais
causadores de acidentes em barragens. Em complemento, o rompimento de reservatórios
pode atuar como fator principal na deflagração de inundações de grande magnitude ou
corridas de massa, com elevado potencial de danos socioeconômicos e/ou com grandes
volumes de carga sólida e elevado poder de transporte e raio de alcance.
O primeiro aspecto a ser considerado no rompimento de reservatórios diz respeito à
caracterização de seu porte. O Comitê Brasileiro de Barragens elaborou um guia básico de
segurança de barragens, que vem sendo incorporado na legislação e nas normas técnicas de
projetos de barragens de médio e grande porte. Este guia estabelece uma série de normas
de segurança que devem ser obrigatoriamente utilizadas para barragens, independente do
material de que foram ou serão construídas, destinadas a reter e/ou represar água ou
rejeitos, e que tenham altura superior a 15 (quinze) metros, do ponto mais baixo da
fundação à crista, ou entre 10 (dez) e 15 (quinze) metros, do ponto mais baixo da fundação
à crista. Deve também ser verificada, pelo menos, uma das seguintes condições: a crista
tenha, no mínimo, 500 metros de comprimento; a capacidade total de acumulação do
reservatório seja igual ou maior que um milhão de metros cúbicos (CBDB, 2001).
O Manual de Segurança e Inspeção de Barragens apresenta as principais categorias
e causas de falhas associadas a esse tipo de empreendimento, incluindo os processos
relacionados, conforme apresentado no Quadro 13 (BRASIL, 2002)

70
Quadro 13. Categorias e causas de falhas que podem ocorrer com barragens.
CATEGORIAS E CAUSAS DE FALHAS
FALHA DECORREM OU ESTÃO ASSOCIADOS CAUSA
Qualidade e/ou tratamento das fundações. Remoção de matérias sólidas e
Deterioração da
Apresentam rachaduras visíveis; afundamento solúveis retirada de rochas e
Fundação
localizado; retirada de materiais erosão
Liquefação; deslizamentos;
Instabilidade da Materiais solúveis; xistos argilosos ou argilas
afundamentos e deslocamentos
Fundação dispersivas que reagem com água
de falhas
Cheia de projeto; adequação do vertedouro;
Obstruções; revestimentos
histórico de operação de vertedouro e do
fraturados; evidência de
Vertedouros descarregador; obstruções; condição a jusante;
sobrecarga da capacidade
Defeituosos crescimento da vegetação; fissuras e/ou
disponível e comportas e
rachaduras nas estruturas de concreto;
guinchos disponíveis
equipamentos em má condição de uso
Reação álcalis/agregados;
Deterioração do Materiais defeituosos; agregados reativos;
congelamento, degelo e
Concreto agregados de baixa resistência
lixiviação
Alta subpressão; distribuição
Defeitos de Barragens imprevista de subpressão;
de Concreto deslocamento e deflexões
diferenciais; e sobrecarga
Potencial de liquefação;
Defeitos de Barragens Estabilidade e sanidade das rochas do instabilidade dos taludes;
de Terra e/ou de enrocamento; faturamento hidráulico; vazamento excessiva; remoção
Enrocamentos rachaduras no solo; solos de baixa densidade dos materiais sólidos e solúveis
e erosão do talude
Permeabilidade; instabilidade e
Defeitos das Margens
Erosões, deslocamentos de falhas; rupturas fragilidade inerentes das
do Reservatório
barreiras naturais
Fonte: Brasil (2002).

O rompimento de barragens de rejeitos de mineração pode ser considerado com o


de maior potencial para a deflagração de uma corrida de massa. Estima-se que 95% das
barragens no território se enquadrem na categoria de barragens com altura inferior a 15 m,
não estando, portanto, teoricamente submetidas aos mesmos critérios de segurança
estabelecidos para as barragens com mais de 15 m (SIPOT, 2012).
Já os projetos das pequenas barragens, quando estes são elaborados, tendem a
considerar eventos pluviométricos de menor magnitude, não suportando, geralmente,
cheias com tempo de retorno superior a 10 anos, ou seja, eventos de inundação de 10%. O
rompimento destas pequenas barragens provoca ondas de cheias, que podem se multiplicar

71
pelo efeito cascata pelo rompimento sucessivo de vários pequenos barramentos (REIS, et
al., 2014).
Segundo Medeiros (2003), dados estatísticos indicam que, as barragens com altura
inferior a 15m, abrangem cerca de 30% dos casos de ruptura por percolação (ex. piping),
50% dos casos de rupturas por galgamento e 20% dos casos atribuídos a problemas de
escorregamentos de taludes. Foster, Fell e Spannagle (2000) analisaram cerca de 128 casos
de rompimento de barragens de pequeno e grande porte em todo o mundo, classificando-os
pelo modo da ruptura, como: galgamento, piping, escorregamento de taludes, entre outras
classificações.
A partir de 1986, ocorreram 7 rupturas de barragens envolvendo escorregamentos
e cerca de 50 casos de acidentes de barragens em operação, cuja causa foram os
escorregamentos e movimentos de massa a montante do empreendimento. Os incidentes
foram classificados como escorregamentos, no qual o incidente envolveu qualquer forma
de movimento de deslizamento a montante da barragem (FOSTER, FELL e
SPANNAGLE, 2000).
Cerri, Reis e Giordano (2011), elaboraram uma ficha de inspeção de campo para
verificar manutenção das barragens, na qual os principais parâmetros selecionados
apresentavam risco potencial de rompimento de barragens, como: alta inclinação dos
taludes; ausência de vegetação nos taludes; alta inclinação das encostas do entorno;
ocorrência de processos erosivos; tendência a escorregamento. Concluindo que os
escorregamentos ocorridos a montante e/ou nos taludes das barragens, apresentam um risco
potencial para acidentes, e até mesmo o rompimento dos barramentos.
Fatores externos são essenciais para a manutenção da estabilidade dos
barramentos, como a possibilidade de ocorrência de movimentos de massa, portanto é de
suma importância que estudos geotécnicos e geológicos sejam inferidos nos projetos de
construção das barragens, independente da dimensão destas (VINAUD, 2013).
Uma barragem segura é aquela cujo desempenho garanta um nível aceitável de
proteção contra ruptura, ou galgamento sem ruptura, sendo projetada, construída, operada,
monitorada e mantida de acordo com os critérios de segurança utilizados pelo meio técnico
e definidos em manuais e normas técnicas. Cada barragem deve ser classificada de acordo
com as consequências de sua ruptura, sendo a base para a análise da segurança da
barragem e para fixar níveis apropriados de atividades de inspeção. O Quadro 14
apresenta os níveis para a classificação das consequências da ruptura de barragens

72
definidas pelo Comitê Brasileiro de Barragens, incluindo a frequência com que a segurança
de cada barragem deve ser reavaliada.

Quadro 14. Classificação das consequências da ruptura de barragens e frequência de


reavaliações da segurança do empreendimento.
Consequência de Econômico, Social e Danos Período entre as
Perda de Vidas
Ruptura Ambientais Avaliações
Muito alta Significativa Dano excessivo 5 anos
Alta Alguma Dano substancial 7 anos
Baixa Nenhuma Dano moderado 10 anos
Muito baixa Nenhuma Dano baixo 10 anos
Fonte: CBDB (2001).

O Manual de Segurança e Inspeção de Barragens estabelece que toda barragem


deve realizar uma reavaliação de sua segurança, sendo o prazo de 5 anos para
empreendimentos novos e posteriormente a frequência muda conforme a classificação da
barragem em relação a consequência de uma ruptura. O objetivo é efetuar uma avaliação
sistemática da segurança desta, por meio de inspeções pormenorizadas das estruturas,
avaliação de desempenho e verificação dos registros originais de projeto e construção, para
assegurar que estes estão de acordo com as normas e critérios em vigor. Deve ser
executada por profissionais (engenheiros e geólogos) com conhecimento e experiência em
projeto, construção, avaliação de desempenho e operação de barragens (BRASIL, 2002).
Os condicionantes naturais, de projeto e construtivos que, em geral, são
considerados no rompimento de uma barragem podem ser agrupados em parâmetros
hidrológicos e geotécnicos. Os parâmetros hidrológicos são semelhantes aos usados na
análise de cheias. A Cheia Afluente de Projeto (CAP) é a maior cheia selecionada para o
projeto ou avaliação de segurança de uma barragem. O valor da CAP selecionada deve
subir com o aumento da consequência de ruptura da barragem. Outras considerações, tal
como resistência à erosão em barragens de concreto, também podem afetar a seleção da
CAP. Dois métodos de desenvolvimento do hidrograma da CAP são comumente
utilizados, um é baseado no hidrograma da Cheia Máxima Provável (CMP) e o outro em
hidrograma com uma probabilidade de excepcionalidade anual especificada, considerando
cheias de 1, 2 e 10%, ou tempos de retorno 100, 50 e 10 anos (REIS, et al., 2014).
Após a determinação apropriada da CAP de pico afluente e seu correspondente
volume para propósitos de projeto, a próxima tarefa é revisar ou desenvolver o hidrograma

73
correspondente, o qual é usado para avaliar a borda livre (freeboard) e a capacidade do
vertedouro (REIS, et al., 2014).
Os aspectos geotécnicos a serem considerados dependem do tipo de barragem
analisado. Os requisitos e as diretrizes são igualmente aplicáveis às barragens de terra, de
aterro e a outros tipos de barragens com fundações em solo, abrangendo: monitoração e
instrumentação; estabilidade; borda livre; percolação e controle da drenagem; fissuração;
erosão superficial; liquefação, e resistência a sismos. Já para as barragens com fundações
em rocha, os parâmetros geotécnicos adicionais são: estabilidade da fundação; parâmetros
de resistência ao cisalhamento, e; percolação e drenagem.
Maidment (1993) definiu modelo hidrológico como uma representação matemática
da vazão e seus constituintes em uma bacia hidrográfica. Mendes (2008) discutiu os
procedimentos e os modelos de avaliação da vulnerabilidade de barragens ao rompimento
de pequenos barramentos localizados a montante utilizando ferramentas computacionais,
focando basicamente critérios e atributos hidrológicos, focando a definição do índice de
vulnerabilidade na vazão, sem considerar outros atributos geotécnicos e até de uso e
ocupação do solo que podem contribuir para o rompimento de barragens.
Barbosa (2004) apresentou exemplo de aplicação de modelo de cheia, a partir da
ruptura de uma barragem de rejeito, utilizando o programa FloodArea, que funciona como
uma extensão do programa de Sistema de Informação Geográfica – SIG Arcview. Entre os
diversos modelos hidrológicos computacionais baseados nas variáveis chuva e vazão, para
simular cheias associadas ao rompimento de barragens, o Hydrologic Engineering Center -
Hydrologic Modeling System (HEC-HMS) é um dos mais eficazes.
Este modelo permite a adoção de diferentes métodos de simulação dos processos
hidrológicos como: interceptação, infiltração, escoamento direto e escoamento em canais.
É um programa com licença livre, podendo ser utilizado como um aplicativo de programas
de SIG e tem sido empregado com sucesso em vários eventos de cheias envolvendo
rompimentos de barragens (US ARMY CORPY OF ENGINNERINGS, 2008).
Reis et al. (2014) sintetizaram as informações sobre os condicionantes dos
processos geológicos de dinâmica superficial e de rompimento de barragens descritos
anteriormente, com as variáveis identificadas para cada processo, ou seja, eventos de
cheias excepcionais, erosão fluvial e corridas de massa/detritos, incluindo os rompimentos
de barragens, conforme apresentados nos Quadros 15 a 18.

74
Quadro 15. Variáveis selecionadas para eventos de cheias excepcionais.
Variáveis - Parâmetros - Atributos Abordagem da Análise
 Intensidade e duração
Quantitativa
 Período de retorno
Chuvas  Valores máximos diários
 Valores máximos mensais Qualitativa
 Valores médios mensais
 Diferença de cotas
Quantitativa
 Comprimento do talvegue
 Índice de circularidade
Tempo de
concentração  Declividades do talvegue e da bacia
 Padrão de drenagem Qualitativa
 Uso e cobertura do solo
 Tipo de substrato (solo/rocha)
 Área de drenagem da bacia
 Coeficiente de escoamento superficial (Tabelas
padronizadas em função do uso e cobertura e da
Vazões de pico permeabilidade dos tipos de solos e rochas presentes na Quantitativa
bacia).
 Velocidade de escoamento
 Seção do canal
 Vazões de pico
 Topografia de detalhe
 Modelo Digital do Terreno Quantitativa
 Seção do canal de drenagem
Onda de Cheia
Área de  Barramentos naturais e artificiais
inundação
 Seção do canal de drenagem
 Planícies de inundação
Qualitativa
 Terraços
 Barramentos naturais e artificiais
Fonte: Reis et al. (2014).

75
Quadro 16. Variáveis selecionadas para processos de erosão fluvial.
Variáveis - Parâmetros - Atributos Abordagem da Análise
Chuvas, tempo de
concentração, vazões
 Ver Quadro 15 (eventos de cheias
de pico, onda de Quantitativa e Qualitativa
excepcionais)
cheia e área de
inundação
Escoamento laminar
 Velocidade da corrente Quantitativa
ou turbulento
 Largura do canal
 Velocidade da corrente
 Volume (vazão)
 Profundidade
 Declividade
Elementos de fluxo Quantitativa
 Relação entre largura e profundidade
 Área
 Perímetro úmido
 Raio hidráulico
 Concentração de sedimentos
 Granulometria
Material sedimentar Quantitativa
 Rugosidade do leito
 Tipo de substrato do leito e das margens
 Presença de barramentos naturais e artificiais
Processos de erosão
remontante  Presença de processos de erosão retrogressiva Qualitativa
 Distribuição granulométrica dos sedimentos
transportados
 Tipo de substrato do leito e das margens
 Distribuição granulométrica dos sedimentos
transportados
 Variação das velocidades de corrente ao longo
Processos de erosão
das seções transversais do canal (migração dos Quantitativa e Qualitativa
marginal (lateral)
meandros)
 Terraços fluviais
 Processos de intemperismo e movimentos de
massa nas margens do rio
Fonte: Reis et al. (2014).

76
Quadro 17. Variáveis selecionadas para rompimento de reservatórios.
Variáveis - Parâmetros - Atributos Abordagem da Análise
Chuvas, Tempo de
concentração,
 Ver Quadro 15 (eventos de cheias excepcionais) Quantitativa e Qualitativa
Vazões de pico,
Onda de Cheia
 Hidrograma da Cheia Máxima Provável (CMP)
 Hidrograma com probabilidades de
Cheia Afluente de excepcionalidade de 1, 2 e 10% (tempos de
retorno de 100, 50 e 10 anos) Quantitativa
Projeto (CAP)
 Borda livre (freeboard)
 Capacidade do vertedouro
 Monitoração
 Instrumentação
 Estabilidade
Aspectos  Borda livre
Geotécnicos
 Percolação
Barragens de terra Quantitativa e Qualitativa
 Controle da drenagem
Barragens com
fundações em solo  Fissuração
 Erosão superficial
 Liquefação
 Resistência a sismos

Aspectos  Mesmos das barragens com fundações em solo


Geotécnicos  Estabilidade da fundação
Quantitativa e Qualitativa
Barragens com  Parâmetros de resistência ao cisalhamento
fundações em rocha  Percolação e drenagem.
Fonte: Reis et al. (2014).

77
Quadro 18. Variáveis selecionadas para corridas de massa (origens primária e secundária).
Abordagem da
Variáveis - Parâmetros - Atributos
Análise
 Intensidade e duração
Chuvas Quantitativa
 Período de retorno
 Inclinação
 Perfil
 Amplitude
 Perfil de alteração (materiais inconsolidados e rocha)
 Textura dos materiais inconsolidados
Suscetibilidade a  Índices físicos dos materiais inconsolidados (peso
escorregamentos específico, índice de vazios, porosidade)
(encostas)
 Parâmetros geomecânicos (coesão, ângulo de atrito)
 Permeabilidade
 Profundidade do nível d’água
 Grau de saturação Pressões neutras e forças de percolação

 Chuvas, tempo de
Ver Quadro 15
concentração, vazões de pico,
(eventos de cheias
onda de cheia e área de
excepcionais)
inundação
Quantitativa e
Qualitativa
 Escoamento laminar ou
turbulento, elementos de
Desenvolvimento Ver Quadro 16 (erosão
fluxo, material sedimentar,
nas drenagens fluvial)
processos de erosão
remontante, processos de
erosão marginal

(*) Ver Quadro 17


 Presença de barramentos
(rompimento de
naturais e artificiais*
barramentos)

 Topografia detalhada
 Modelos Digitais de Terreno
 Declividade
Deposição
 Traçado do canal (curvo ou retilíneo)
 Seções transversais
 Confinamento lateral
Fonte: Reis et al. (2014).

78
3.2. HISTÓRICO DE ACIDENTES DE BARRAGENS
As barragens são obras de engenharia de fundamental importância para o
desenvolvimento das atividades sociais e econômicas do ser humano, sendo usadas há
séculos para diversas finalidades. Contudo, são empreendimentos que podem ocasionar
consequências catastróficas no caso de falhas, levando a perdas de vidas humanas e
enormes prejuízos sociais, econômicos e ambientais.
Segundo ICOLD (1995) foram registradas 117 rupturas de barragens até 1950, com
exceção aos dados referentes a China, sendo que a maior parte desses acidentes estavam
associados as barragens construídas entre 1910 e 1920. No período entre 1951 e 1986
foram registradas 59 rupturas em um total de 12.138 barragens (BALBI, 2008). Desse
total, estima-se que 60% dos acidentes foram ocasionados por galgamento, 30% por piping
e 10% por outros motivos, como falhas nas fundações ou estruturais, terremotos, corridas
de massa, entre outros (ICOLD, 1995).
O Quadro 19 apresenta uma listagem dos principais desastres internacionais de
rompimento de barragens que causaram perdas de vidas, na qual pode-se verificar que os
acidentes ocorreram em uma diversidade grande países. Observa-se também que os
acidentes mais antigos aconteceram em países atualmente mais desenvolvidos e os recentes
em países em desenvolvimento, conclusão esperada já que são empreendimentos
intimamente ligados ao crescimento e desenvolvimento econômico de uma sociedade.
Entretanto, isso demonstra, ainda, que esses grandes acidentes, na maioria dos casos,
serviram de exemplos para a sociedade, de muitos desses países, concentrassem esforços
na elaboração de políticas públicas e normas técnicas para segurança de barragens, não se
verificando, recentemente, acidentes de grande porte em países desenvolvidos.
Ressalta-se pelos dados apresentados que a maior parte dos acidentes antigos era
ocasionada por problemas de galgamento em processos de inundação, demonstrando a falta
de conhecimento da época em relação aos procedimentos técnicos relacionados aos
cálculos hidrológicos e hidráulicos para construção dessas barragens.
Outro ponto a destacar, é que a maior parte das mortes está associada à acidentes
causados por problemas internos, estruturais e na fundação da barragem ou por
escorregamentos, gerando acidentes inesperados que não possibilitaram a população a
jusante se preparar.

79
Já o galgamento, por estar associado, em geral, a eventos de inundação e
precipitação intensa, possibilita a população ser avisada e se prevenir, de forma mais
rápida, das consequências de um rompimento da barragem, contudo, os acidentes por
galgamento em eventos inesperados, tais como ruptura a barragem a montante ou os
ocorridos em épocas ou países sem sistema de alerta à emergências, causaram mortes
consideráveis, como no caso da Barragem de Banqiao, na China, em 1975, no qual estima-
se que morreram por volta de 230.000 pessoas.
No acidente da ruptura da barragem de St. Francis, situada a norte de Los Angeles,
EUA, ocorrido em 1928, aproximadamente 450 pessoas morreram a jusante por não terem
sido avisadas, no qual formou-se uma onda que atingiu uma altura máxima de 38 metros a
cerca de 1,6 km da barragem, se propagando por 84 km até o Oceano Pacífico. A ruptura
ocorreu por problemas na fundação ocasionada por escorregamento na ombreira esquerda
do maciço, sendo que já tinham sido observadas várias trincas e surgências de água, mas a
avaliação era que a estrutura não estava comprometida (JANSEN, 1980; BALBI, 2008).
Já no caso do rompimento da barragem de Baldwin Hills, também em Los Angeles,
em 1963, os procedimentos foram totalmente diferentes e a população foi avisada e
evacuada, sendo que em cerca de 4 horas aproximadamente 1.600 pessoas foram retiradas
das áreas de risco. Devido a esses procedimentos, somente 5 pessoas morreram, evitando-
se, desta forma, uma catástrofe ainda maior (JANSEN, 1980; BALBI, 2008).
Os casos descritos demonstram que o investimento em programas emergência e
contingência são fundamentais para diminuir as mortes ocasionadas por esses eventos
relacionados a barragens, pois, uma população bem treinada e um sistema de alerta
eficiente possibilitam que as pessoas sejam evacuadas, evitando grandes perdas de vidas
humanas. Também se nota que os acidentes podem ocorrer por problemas técnicos da
construção do empreendimento, por problemas operacionais e de manutenção ou
relacionados a processos naturais em eventos pluviométricos intensos ou processos de
movimentos de massa.
Acidentes amplamente estudados e que serviram de exemplos para inovações
técnicas e criação de normas específicas, foram o da barragem Teton, no estado de Idaho,
EUA, em 1976, e o da barragem de Malpasset, no distrito de Cannes próximo a Fréjus, na
França, em 1959. No primeiro caso o rompimento ocorreu por processo de piping junto a
fundação da ombreira direita, com surgências de água a jusante da barragem, sendo que 2

80
horas foi o prazo entre a identificação do piping no talude jusante e a ruptura do maciço
GOUTAL, 1999; BALBI, 2008).
Na barragem de Malpasset as características geológicas da ombreira eram pouco
conhecidas, o que prejudicou o tratamento da fundação nesse local de forma adequada. O
problema ocorreu durante o enchimento do reservatório, verificando-se uma surgência na
ombreira direita que ocasionou um rompimento quase instantâneo pela elevação da
poropressão da água na rocha da fundação, ocasionando um movimento rotacional pela
separação entre o maciço da barragem e a fundação (GOUTAL, 1999; ERPICUM et al,
2004).
O acidente da barragem de Vajont, na Itália, em 1963, foi um dos maiores desastres
já registrados, matando aproximadamente 2.600 pessoas, contudo, não houve o
rompimento da barragem e sim a formação de uma onda gigante superior a 100 metros de
altura, formada por um escorregamento ocorrido nas margens do reservatório, que galgou o
maciço da barragem e atingiu várias cidades a jusante (USBR, 1999; BALBI, 2008).
Na Espanha dois acidentes foram importantes para uma mudança relativa às
legislações e normas técnicas relativas à segurança de barragens e do vale a jusante, que
foram os casos das barragens de Veja de Tera em 1959 e Tous em 1982 (BERMEJO,
2013).

81
Quadro 19. Desastres internacionais de rompimento de barragens que causaram perdas de vidas.
Volume do
Ano do Tipo de Reservatório Ano de
Barragem País Altura (m) Falha2 Mortes
Rompimento Barragem1 Construção
(x 103m³)
Tunnel End 1799 Inglaterra AS 9 s.d. 1798 GA 1
Puentes 1802 Espanha s.d. 21,9 s.d. s.d. FF 608
Diggle Moss (Black Moss) 1810 Inglaterra AS s.d. s.d. 1810 GA 5
Whinhill 1835 Inglaterra AS 12 262 1828 EI 31
Brent (Welsh Harp) 1841 Inglaterra AS 7 s.d. 1837 GA 2
Glanderston 1842 Inglaterra AS s.d. s.d. s.d. GA 8
Bold Ventura (Darwen) 1848 Inglaterra AS 10 20 1844 GA 12
Bilberry 1852 Inglaterra AS 29 310 1845 EI 81
Dale Dyke 1864 Inglaterra AS 29 3.240 1863 EI 244
Rishton 1870 Inglaterra AS s.d. s.d. s.d. s.d. 3
Cwn Carne 1875 Inglaterra AS 12 90 1792 GA 12
Castle Malgwyn 1875 Inglaterra AS s.d. s.d. s.d. GA 2
Fergoug ou El Habra 1881 Algéria s.d. 43 s.d. s.d. FHO 209
Valparaíso 1888 Chile s.d. 17 s.d. s.d. s.d. 100
South Fork – Johnstown 1889 EUA s.d. 22 s.d. s.d. GA 2.209
Walnut Grove 1890 EUA s.d. 33 s.d. s.d. FHO 150
Bouzey 1895 França s.d. 18 s.d. s.d. FHO 100
Mill River 1899 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. FF 7 143

82
Quadro 19. Desastres internacionais de rompimento de barragens que causaram perdas de vidas (continuação).
Volume do
Ano do Tipo de Reservatório Ano de
Barragem País Altura (m) Falha2 Mortes
Rompimento Barragem1 Construção
(x 103m³)
Clydach Vale 1910 Inglaterra AS s.d. s.d. s.d. GA 5
Austin 1911 EUA s.d. 15 s.d. s.d. s.d. 80
Bilá Desná 1916 Checoslováquia s.d. 17 s.d. s.d. FHO 65
Lower Otay 1916 EUA s.d. 40 s.d. s.d. GA 30
Tigra 1917 Índia s.d. 26 s.d. s.d. FHO 1.000
Gleno 1923 Itália s.d. 44 s.d. s.d. s.d. 600
Skelmorlie 1925 Inglaterra AS 5 24 1861 GA 5
Eigiau e 1925 10 4.500 1911 FF
Inglaterra AS 16
Coedty (Dolgarrog) 8 1925 11 320 1924 GA
St. Francis 1928 EUA CA 62 s.d. s.d. FF 450
Zerbino 1935 Itália s.d. 12 s.d. s.d. FHO 111
Kansas River 1951 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 11
Granadillar 1959 Espanha s.d. 34 s.d. s.d. s.d. 9
6
Malpasset 1959 França CA 66 22 1954 FF 433
Veja de Tera 1959 Espanha CCA 34 7,8 1957 FEE 150
Orós 1960 Brasil s.d. 54 s.d. s.d. FHO + 1.000
Babii Yar 1961 Ucrânia AS s.d. s.d. s.d. GA 145
Hyokiri 1961 Coréia do Sul s.d. 16 s.d. s.d. GA 139

83
Quadro 19. Desastres internacionais de rompimento de barragens que causaram perdas de vidas (continuação).
Volume do
Ano do Tipo de Reservatório Ano de
Barragem País Altura (m) Falha2 Mortes
Rompimento Barragem1 Construção
(x 103m³)
Kuala Lumpur 1961 Malásia s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 600
Panshet / Khadakwasla 1961 Índia s.d. 54 / 42 s.d. s.d. EI / GA 1.000
Vajont 1963 Itália CA 265 150 1960 E* 2.600
Baldwin Hills 1963 EUA AS 71 1,1 1951 EI 5
Little Deer Creek 1963 EUA s.d. 26,2 s.d. s.d. EI 1
Mohegan Park 1963 EUA s.d. 6,1 s.d. s.d. EI 6
Quebrada la Chapa 1963 Colômbia s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 250
Swift / Two Medicine 1964 EUA s.d. 47,9 / 11 s.d. s.d. GA 27
Denver 1965 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 1
El Cobre (rejeito) 1965 Chile s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 200
Torrejon Tajo 1965 Espanha s.d. 62 s.d. s.d. RC 30
Vratsa 1966 Bulgária s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 600
Zgorigrad 1966 Bulgária s.d. 12 s.d. s.d. RM 96
Nanaksagar 1967 Índia s.d. 16 s.d. s.d. EI 100
Sempor 1967 Indonésia s.d. 54 s.d. s.d. FHO 200
Shivaj i Sakar 1967 Índia s.d. 103 s.d. s.d. s.d. 180
East Lee 1968 EUA s.d. 8 s.d. s.d. s.d. 2
Lee Lake 1968 EUA s.d. 7,6 s.d. s.d. EI 2

84
Quadro 19. Desastres internacionais de rompimento de barragens que causaram perdas de vidas (continuação).
Volume do
Ano do Tipo de Reservatório Ano de
Barragem País Altura (m) Falha2 Mortes
Rompimento Barragem1 Construção
(x 103m³)
EI e GA
Lawn Lake e Cascade Lake 1968 EUA s.d. 7,9 / 5,2 s.d. s.d. 5 3

Iruka 1968 Japão s.d. 28 s.d. s.d. FHO 1.200


Frias 1970 Argentina AS 15 0,2 1940 GA 102
Mufilira (rejeito) 1970 Zambia AS s.d. s.d. s.d. s.d. 89
Black Hills 1972 EUA s.d. s.d s.d. s.d. s.d. 245
Buffalo Creek 1972 EUA s.d. 14 s.d. s.d. E 125
Canyon Lake 1972 EUA s.d. 11,3 s.d. s.d. GA 33
Bafokeng (rejeito) 1974 África do Sul AS s.d. s.d. s.d. s.d. 12
Banqiao 1975 China AS 118 492 1953 GA 230.000 3
Bear Wallow 1976 EUA s.d. 15 s.d. s.d. FHO 4
Big Thompson 1976 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 139
Bolan 1976 Paquistão s.d. 19 s.d. s.d. FHO 20
Del Monte 1976 Colômbia s.d. 33 s.d. s.d. FF 80
La Paz 1976 México s.d. 10 s.d. s.d. s.d. 430
Santo Thomas 1976 Filipinas s.d. 33 s.d. s.d. FHO 80
Teton 1976 EUA AS 93 308 1975 EI 11
Laurel Run 1977 EUA s.d. 12,8 s.d. s.d. GA 40

85
Quadro 19. Desastres internacionais de rompimento de barragens que causaram perdas de vidas (continuação).
Volume do
Ano do Tipo de Reservatório Ano de
Barragem País Altura (m) Falha2 Mortes
Rompimento Barragem1 Construção
(x 103m³)
Kansar City 1977 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 25
4
Kelly Barnes 1977 EUA s.d. 12,2 s.d. s.d. EI 39
Sandy Run 1977 EUA s.d. 8,5 s.d. s.d. GA 5
Arcturus (rejeito) 1978 Zimbawe AS s.d. s.d. s.d. s.d. 1
Mochikochi (rejeito) 1978 Japão s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 200
Texas Hill Country 1978 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 25
Machhu II 1979 Índia AS 26 100 1972 GA 2.000
Gotwan 1980 Irã s.d. 22 s.d. s.d. FHO 200
Hirakud 1980 Índia s.d. 61 s.d. s.d. s.d. 118
Prospect Dam 1980 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 0
Karnataka 1981 Índia s.d. s.d. s.d. s.d. FHO 47
Teseno 1982 Itália s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 214
Tous 1982 Espanha s.d. 50 s.d. s.d. GA 40
DMAD 1983 EUA s.d. 8,8 s.d. s.d. DE 1
Northern New Jersey 1984 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 2
Stava 1985 Itália s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 150
Kantalai 1986 Sri Lanka s.d. 27 s.d. s.d. EI 127
Sargozan 1987 URSS s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 28
Bagauda 1988 Nigéria AS 20 0,7 1970 GA 50
Evans e Lockwood (Cascata) 1989 EUA s.d. 5,5 / 4,3 s.d. s.d. GA 2
Nix Lake 1989 EUA s.d. 7 s.d. s.d. GA 1

86
Quadro 19. Desastres internacionais de rompimento de barragens que causaram perdas de vidas (continuação).
Volume do
Ano do Tipo de Reservatório Ano de
Barragem País Altura (m) Falha2 Mortes
Rompimento Barragem1 Construção
(x 103m³)
Kendal Lake 1990 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. GA 4
Belci 1991 Romênia AS 18 13 1962 GA 25 a 78
Gouhou 1993 China AS 70 3 1989 EI 1.257
Tirlyan 1994 Rússia s.d. 13 s.d. s.d. s.d. 75
Virgínia no 15 (rejeito) 1994 África do Sul s.d. 47 s.d. s.d. s.d. 39
Placer (rejeito) 1995 Filipinas AS s.d. s.d. s.d. s.d. 12
Timber Lake 1995 EUA s.d. 10,1 s.d. s.d. GA 2
Bergeron Pond 1996 EUA s.d. 11 s.d. s.d. FF 1
Kénogami 1996 EUA s.d. s.d. s.d. s.d. s.d. 5
Zeizoun 2002 Síria AS 42 71 1996 GA 20
Camará 2004 Brasil CC 50 27 2002 FO 5a6
Shakidor 2005 Paquistão AS s.d. s.d. 2003 GA +135
Situ Gintung 2009 Indonésia AS 16 2 s.d. EI 100
Obs: 1Tipo de barragem: CA: concreto armado; CCA: Concreto e contraforte de alvenaria; AS: Aterro de solo; CC: concreto rolado compactado.
2
Tipo de falhas: EI: erosão interna; FF: falha na fundação ou estrutural; GA: galgamento em evento de inundação; FEE: falha estrutural durante o enchimento; FO: Falha a
ombreira da barragem; FHO: Fatores hidráulicos e/ou operacionais; RC: Ruptura de comporta; RM: Ruptura de barragem à montante; DE: Ruptura causada pelo deplecionamento
rápido do nível jusante em função de ruptura de uma barragem a jusante; E: Escorregamento; E*: Escorregamento de 270 x 10 6 m³ de material dentro do reservatório gerando uma
onda de 125 m de altura que galgou sobre a barragem, mas ocorrer o rompimento da barragem. 3 estima-se que dezenas de milhares de pessoas morreram nesse desastre que
envolveu a falha de várias barragens em cadeia, sendo a maior a de Banqiao, Shimantan e 60 outras. 4 Ruptura por erosão interna pelo maciço associada a escorregamento durante
uma cheia de 10 anos de período de retorno. 5 Lawn Lake rompeu por erosão interna durante clima normal e Cascade por galgamento a jusante. 6 Colapso devido a um movimento
de rocha da ombreira esquerda. 7 Ruptura durante uma redução de extravazão causada por trincas resultantes da pressão do gela da barragem. 8 O rompimento de uma barragem a
montante ocasionou o rompimento de uma outra barragem a jusante por galgamento.
s.d.: sem dados (informação indisponível).
Fonte: adaptado de Charles (1993); Foster, Spannagle, Fell (1998); Hartford (2004); Viseu (2006); Balbi (2008); Duarte (2008); Environment Agency of United Kingdon (2011).

87
Tannant e Skermer (2013) em estudo sobre corridas de lama e de detritos
associados a rompimento de barragens apresenta um histórico de acidentes ocorridos na
região de Okanagan, na Columbia Britânica, Canadá, demonstrando que as condições
naturais que possibilitam a formação de corridas de massa devem ser atributos geológico-
geotécnicos a serem considerados na implantação de barragens. Historicamente, a região
de Okanagan foi afetada por uma série de acidentes em pequenas barragens de terra, sendo
que os dados disponíveis remontam ao início do século 20, quando começaram a ser
construídas barragens de terra na região para abastecimento público de água e irrigação.
Wilson (1989) registrou três casos específicos de rompimentos ou problemas em
barragens entre 1907 a 1914 na região de Okanagan. O Quadro 20 apresenta o histórico de
acidentes envolvendo barragens na região de Okanagan. Tannant e Skermer (2013)
ressaltam, ainda, que na região de Okanagan existem muitas pequenas barragens de terra
não licenciadas que estão em situação de risco de serem afetadas por eventos de corridas
de massa a montante. Pode-se verificar que existe uma associação bastante estreita entre os
processos de movimentos de massa e problemas de acidentes em barragens, seja
ocasionado por escorregamentos no maciço da barragem ou em suas ombreiras, seja por
escorregamentos ou corridas de massa afetando seu reservatório e gerando ondas que
rompem a barragem ou causam o galgamento.
No Quadro 21 são apresentados exemplos internacionais de rompimentos de
barragens de contenção de rejeitos e de resíduos industriais.

Quadro 20. Histórico de eventos com barragens e corridas de massa na região da


Columbia Britânica, Canadá.
Data / Evento Descrição
~ 1907 - Barragem de Rompimento de barragem perto Summerland gerou um fluxo de água ocasionado
Garnett Valley inundação ao longo do vale, afetando ao menos uma casa e pomar.
Primavera de 1912 - Vazamentos na barragem devido ao aumento da vazão e do nível de água, mas o maciço
Barragem de Postill Lake não rompeu completamente
~ 1914 - Barragem de Pequena barragem nas proximidades da cidade de Naramata rompeu, contudo, não há
Naramata informações de prejuízos.
A barragem com um ano de operação, 82 metros de comprimento e cerca de 370.000 m³ de
19 de maio de 1921 -
reservatório rompeu durante a noite devido à forte chuva, inundando todo o vale de Ellis
Barragem Dufresne ou
Creek e a cidade de Penticton, com sérios prejuízos. Nesse mesmo período também
Barragem 3 de Ellis
ocorreram problemas com outras barragens menores e foram registrado prejuízos em todo o
Creek
sistema de irrigação do município.
15 de maio de 1928 - Rompimento da barragem afetando todo o vale de Shuttleworth Creek que destruiu casa e
Barragem de Allendale pontes em Okanagan Falls, após um inverno bastante úmido na região.
Rompimento de uma barragem de 10 metros de altura, com 1 ano de idade e um
15 de maio de 1936 -
reservatório de 1,2 milhões de m³ na cabeceira do Shuttleworth Creek. Após dois dias de
Barragem de Campbell
chuvas intensas foram liberados 123.000 m³ de água, que ocasionaram inundações de
Meadows
fazendas, mortes de animais e destruições de casas, pontes e de 1,6 km da rodovia.

88
Quadro 20. Histórico de eventos com barragens e corridas de massa na região da
Columbia Britânica, Canadá (continuação).
Data / Evento Descrição
Rompimento de uma barragem de 15 metros de altura a 20 km a montante de Okanogan, no
estado de Washington, EUA, na divisa com o Canadá, não ocorrendo mortes já que a
19 de abril de 1938 -
população foi avisada e evacuada da área. O rompimento foi causado pela destruição do
Barragem de Loup Loup
vertedouro pela grande vazão de água pelo degelo da neve. Após 35 minutos de
Creek
rompimento uma parede de água e detritos chegou com uma velocidade aproximada de 9,5
m/s, destruindo 26 estruturas, incluindo casas e prédios comerciais.
Rompimento de barragem de 10 metros de altura com 560 metros de comprimento a
12 de maio de 1941 -
montante da cidade de Penticton. A capacidade de armazenamento do reservatório tinha
Barragem 4 de Ellis
sido triplicada, elevando a altura da barragem em 1,8 m. A inundação ocasionada destruiu
Creek
pomares, casa, ruas e a rodovia principal, assoreando o leito do rio Okanagan com detritos.
Rompimento parcial da barragem por fortes precipitações e degelo da neve inundando a
23 de maio de 1942 - região comercial de Penticton, ocasionando danos na Barragem 2. Houve ainda a
Barragem 4 de Ellis necessidade de abertura das comportas da Barragem de Okanagan Lake, aumentando o
Creek poder destrutivo das inundações e causando danos nas áreas residenciais e industriais das
cidades de Okanagan e Oliver, matando 6 pessoas que tentavam sair de seus carros.
27 de maio de 1944 - Rompimento da barragem no Shuttleworth Creek ocasionado por danos estruturais e de
Barragem de Campbell erosão interna, liberando 370.000 m³ de água em 3 horas, causando danos nas
Meadows proximidades de Okanagan Falls. A barragem não foi mais reconstruída após esse acidente.
O vertedouro de concreto associado a uma barragem de aterro foi danificado na bacia do
Década de 1970 -
Chase Creek, ocasionando erosões ao longo do Charcoal Creek e depositando uma grande
Barragem de Charcoal
quantidade de sedimentos. A barragem foi construída em 1963, formando um pequeno lago
Creek
ao longo do Charcoal Creek. A data exata do evento não é conhecida.
28 de maio de 1983 - Corrida de lama ocasionado por chuvas intensas e degelo de neve, após um período de seca
Corrida no Tinhorn Creek intensa
9 de agosto de 1989 - Corrida de massa ocasionada por chuvas intensas recordes nas proximidades da cidade de
Corrida nos Testalinden e Oliver (60 mm em duas horas), ocasionando danos na área urbana, estradas e áreas de
Tinhorn Creeks irrigação.
1 de set. de 1989 - Chuvas intensas geraram corrida de lama que atingiu o Holiday Hills Resort na Skaha
Corrida no Skaha Creek Lake, sendo registrado 37,3 mm de chuva em 6 horas.
Evento que durou 3 dias com ocorrência de 5 corridas de detritos e uma avalanche ao longo
11 a 13 de junho de 1990
das encostas da Philpott Road, nas proximidades da cidade de Kelowna, alcançado volume
- Corridas de Detritos em
de 23.000 m³ em 12 de junho, que destruíram casas e causaram três mortes. As corridas
Philpott Road
foram geradas por chuvas acima da média e, principalmente, pelo degelo da neve.
11 a 13 de junho de 1990 Corridas de detritos e escorregamentos gerados pelo evento pluviométrico citado de
- Corrida em Fall Creek Philpott Road e por nevascas em altitudes acima de 1.300 metros.
11 de julho de 1997 - Corrida de detritos que iniciou com fluxo estimado em 25.000 m³ de material, que ao
Corrida de Detritos em atingir o Mara Lake depositaram cerca de 92.000 m³ de sedimentos no lago, ocasionando a
Hummingbird Creek destruição de 3 casas, danos em vários prédios e bloqueando a rodovia principal.
30 de junho de 2004 - Intensas precipitações geraram várias pequenas corridas de detritos que atingiram a rodovia
Corridas de Detritos em principal interditando-a e danificando casas. Incêndios no ano anterior que destruíram cerca
Vaseux Lake de 3.300 ha de florestas foram um dos principais fatores que contribuíram para o evento.
17 de agosto de 2004 - Quatro pequenas bacias hidrográficas a oeste de Hedley no vale do rio Similkameen foram
Corridas de Detritos e atingidas por corridas de massa geradas por processo de intensa chuva convectiva (40 mm
Lama em Stemwinder com duração de 1 a 2 horas de chuvas). Erosões nas margens das drenagens alimentaram de
Creek sedimentos as corridas de massa destruindo propriedades privadas e uma rodovia principal.
Uma grande corrida de detritos atingiu o Testalinden Creek destruindo 5 casas e assoreando
13 de junho de 2010 - seu reservatório. Com as chuvas e o degelo da neve ocorreram danos na barragem,
Corrida de Detritos em incluindo o galgamento e erosão do maciço, vazando cerca de 20.000 m³ de água que
Testalinden Creek geraram aproximadamente 200.000 m³ de fluxo, que formaram a jusante um depósito de 7
metros de largura no topo, 3 metros na base e 2,1 metros de profundidade.
Em 27 de abril, fortes chuvas da primavera causaram galgamento em pequena barragem de
concreto no Chute Lake, gerando inundações a jusante com evacuação de 47 casas e
Primavera de 2012 -
interdição de estradas. Em maio, outras 11 casas foram evacuadas em Regal Ridge pelo
Inundações e Danos na
rompimento de duas pequenas barragens de terra não licenciadas. Em 6 a 7 de junho
Barragem de Chute Lake
ocorreram inundações e corridas detritos em Ashton Creek e em 23 a 24 de junho corridas
de detritos afetaram a rodovia principal e causaram danos em Sicamous.
Fonte: adaptado de Tannant e Skermer (2013).

89
Quadro 21. Casos de rompimentos de barragens de contenção de rejeitos e de resíduos
industriais no cenário internacional.
Data Descrição do Acidente
Setembro de 1970 Mufilira, Zambia: 89 mortes, 68.000 m3 derramados na área de mineração
Fevereiro de 1972 Buffalo Creek, EUA: 125 mortes, 500 casas destruídas
Bafokeng, África do Sul: 3 milhões de m3 de lodo seguiram por 45 km, resultando em 12
Novembro de 1974
mortes
Janeiro de 1978 Arcturus, Zimbawe: 20.000 m3, uma morte
Julho de 1985 Stava, Itália: 269 mortes, rejeitos seguiram por 8 km
Fevereiro de 1994 Merriespruit, África do Sul: 17 mortos, 500.000 m3 de lodo seguiram por 2 km.
Agosto de 1995 Omai, Guiana: 4.2 milhões de m3 lodo cianeto.
Setembro de 1995 Placer, Filipinas: 50.000 m3, 12 mortos
Março de 1996 Marcopper, Filipinas: 1.5 milhões de toneladas de rejeitos.
Agosto de 1996 El Porco, Bolívia: 400.000 toneladas envolvidas.
Outubro de 1997 Pinto Valley, EUA: liberação de 230.000 m3 de rejeitos.
Abril de 1998 Aznalcóllar, Espanha: liberação de 4-5 milhões de m3 água tóxica e lodo
Dezembro de 1998 Haelva, Espanha: liberação de 50.000 m3 de resíduos industriais tóxicos e ácidos.
Placer, Surigao del Norte, Filipinas: 700.000 toneladas de rejeitos contaminados com cianeto
Abril de 1999
foram derramadas. 17 casas destruídas.
Janeiro de 2000 Baia Maré, Romênia: 100.000 m3 de cianeto contaminaram água com os rejeitos derramados.
Borsa, Romênia: 22.000 toneladas de rejeitos contaminados por metais pesados foram
Março de 2000
liberados, contaminando água e solo.
Setembro de 2000 Mina de Aitik, Suécia: 1,8 milhões de m3 de água liderada.
Martin Country Coal Corporation, Kentucky, EUA: 0,95 milhões de m3 de rejeitos derramados
Outubro de 2000 nos rios a jusante, ocorrendo mortalidade de peixes e tornando água imprópria ao
abastecimento.
Fonte: ICOLD (2001) apud Duarte (2008).

Segundo dados do WCD (2000), apesar do Brasil ser um país com um grande
número de barragens construídas, 594 grandes barragens até 1998, seu histórico de
rupturas que causaram grandes perdas e comoção popular, até o final do século 20, era
pequeno.
Entretanto, nos últimos 16 anos, tem ocorrido vários casos de acidentes de grandes
proporções envolvendo barragens, especialmente, de rejeitos de mineração ou industriais,
com muitas comoção nacional e cobertura pela mídia, como são os casos recentes do
rompimento das barragens de rejeito da Mineração Samarco, em 2015, e da Indústria de
Papel Rio Pomba-Cataguases, em 2003.
Historicamente, o país apresenta uma série acidentes e incidentes envolvendo esse
tipo de empreendimento, sendo que os principais são os seguintes: barragem da Pampulha

90
(MG – 1954); barragem de Orós (Ceará – 1960); barragens de Euclides da Cunha e
Limoeiro (SP – 1977); barragem Poquim (Nordeste B. T. – 1979); barragem Boa
Esperança (R. Furnas – 1983); barragem Santa Helena (Bahia B. T. – 1985); barragem
Fernandinho (MG-Rejeito B.T – 1985); barragem Pico São Luiz (MG-Rejeito B.T. –
1985); barragem Emas (Nordeste Laje V – 1995); barragem dos Macacos (Nordeste B. T. –
1997); barragem de rejeitos da Mineração Rio Verde, Nova Lima (MG – 2001); barragem
de Piau (MG – 2002); barragem de rejeito da indústria de papel Rio Pomba-Cataguases
(MG – 2003); barragem de Camará, Areias (PB – 2004); barragem Campos Novos (SC –
2006); barragem da Mineração Rio Pomba, Miraí (MG – 2007); UHE Apertadinho
(Rondônia – 2008); PCH Espora (Goiás – 2008); barragem Algodões I (PI – 2009); PCH
Bocaíuva (2010); açude nas Nações (Pernambuco – 2010); barragem Epitácio Pessoa
(Pará); barragem São Gonçalo (Pará); barragem Namorados, São João do Cariri (Pará);
açude Cajazeiras, Pio IX (Piauí); barragem Arneiroz II (Ceará); barragem Espora, Aporé
(Goiás); barragem Apertadinho, Vilhena (Rondônia); PCH Belém (Rondônia); barragem
Itapebi
O Quadro 22 descreve de forma sintética os acidentes mais documentados e
importantes ocorridos no Brasil, destacando-se o caso Barragem de Fundão, da empresa
Samarco Mineração S.A., que ocorreu em 05 de novembro de 2015, considerando o maior
acidente ambiental do Brasil.
Embora o caso Camará tenha sido um importante marco dos acidentes recentes com
barragens para fins de geração no Brasil, foram os desastres com as barragens de rejeitos
da mineração Rio Verde, em 2001, e da indústria de papel Cataguases, em 2003 que
produziram os primeiros efeitos para criação de uma legislação específica no Brasil. O
desastre com a barragem da Cataguases serviu inclusive de exemplo para justificar a
proposição do Projeto de Lei 1.181, em 03 de junho de 2003, na Câmara do Deputados
(BRASIL, 2003). E em 2010, foi promulgada a Lei Federal no 12.334, que estabelece a
Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para
quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos
industriais.
Mas apesar dessa legislação, o maior acidente da história do país não foi evitado e
demonstrou a ausência de sistema de alerta das populações a jusante, apesar de existir o
Plano de Ação de Emergência exigido pela citada legislação. Em complemento, as
barragens da empresa Samarco eram consideradas exemplos de segurança e não definidas

91
em situação de risco pelos órgãos fiscalizadores, demonstrando uma série de graves
lacunas e falhas nos procedimentos técnicos e gestão da empresa, assim como dos
processos de licenciamento e fiscalização dos órgãos públicos responsáveis.
Nos próximos itens serão discutidos de forma mais detalhadas as questões legais e
técnicas sobre barragens no Brasil e em outros países.

Quadro 22. Principais acidentes em barragens no Brasil.


Barragem Descrição do Acidente
Um dos primeiros casos relevantes de rompimento de barragens no Brasil ocorreu em 20
de maio de 1954, em Belo Horizonte. Sua construção foi iniciada em 1936 e houve um
alteamento, ficando o maciço com 16,5 m de altura e 330 m de comprimento e
reservatório com capacidade de 18 hm³, sendo uma barragem de aterro com seção
Barragem da
uniforme e uma placa de concreto armado recobrindo o talude montante para vedação. O
Pampulha
rompimento ocorreu devido a formação de piping com surgência de água no talude
1954
jusante, observado no dia 16 de maio, que rapidamente aumentou e atingiu todo o
maciço, que rompeu no final da manhã de 20 de maio, mesmo com todos os esforços
para tentar salvar a barragem. O processo gerou uma onda de cheia que inundou áreas da
cidade de Belo Horizonte, mas não causou nenhuma morte.
Um dos acidentes mais graves que já ocorreram no Brasil, com estimativa de
aproximadamente 1.000 mortes, mas os dados variam muito. A barragem situa-se no rio
Jaguaribe (CE), com estrutura de terra semicircular com 54 metros de altura, 620 metros
de comprimento e reservatório com 4.000 hm3. Seu rompimento ocorreu durante sua
Barragem de
construção, quando foi afetada por uma onda de cheia devido chuvas de mais 635 mm
Orós
em menos de uma semana, quando foi galgada no dia 25 de março, que gerou uma fenda
1960
de 200 m de comprimento por 35 m de altura. Mais de 100.000 pessoas foram evacuadas
pelo exército no vale do rio Jaguaribe, sendo que a onda de cheia atingiu a cidade de
Jaguaribe situada 75 km a jusante 12 horas após o rompimento. A barragem foi
reconstruída entrando em operação em 1961.
Tratam-se de duas barragens de aterro situadas no rio Pardo (SP) que romperam no dia
19 e 20 de janeiro. A barragem de Euclides da Cunha situada a montante, com 56 de
altura, 312 m de comprimento e reservatório de 2,2 milhões m³, rompeu primeiro por
Barragens de
galgamento, devido as precipitações próximas a de projeto em sua bacia de contribuição
Euclides da
(260 mm em 24 horas), aliada a erro e falhas operacionais na abertura de suas comportas
Cunha e
e em seus extravasores. Uma lâmina de água de 1,2 m galgou sobre a barragem por 4
Limoeiro
horas, provocando uma erosão na ombreira direita e sua ruptura. A onda de cheia gerada
1977
provocou o rompimento da barragem de Limoeiro situada a jusante, com 35 m de altura,
660 m de comprimento e reservatório com 600.000 m³. O acidente não ocasionou mortes,
contudo, mais de 4.000 residências foram destruídas.
Barragem de Situada no distrito de São Sebastião das Águas Claras, município de Nova Lima (MG),
rejeitos da que rompeu no dia 22 de junho de 2001, formando uma onda de cheia que se estendeu
Mineração Rio por mais de 6 km a jusante, matando 5 trabalhadores da mineração e gerando sérios
Verde prejuízos socioeconômicos, destruição de pontes, redes de energia elétrica, adutora e
2001 interditando a BR-040.
Situada no município de Piau (MG), a barragem para produção de energia, construída em
1962, começou a apresentar problemas em seu sistema de drenagem em 1997, sendo
realizados estudos para verificar os problemas. Em 2002, foi observada uma evolução do
Barragem de
nível freático em piezômetros atingindo limites de alerta do sistema de monitoramento da
Piau
barragem, verificando-se que o problema estava no sistema de drenagem que apresentava
2002
colmatação por ação de bactérias. O sistema foi trocado por um sistema utilizando
condutos de PVC. Esse é um exemplo de como o monitoramento de uma barragem por
evitar acidentes se for bem conduzido e os problemas identificados a tempo.

92
Quadro 22. Principais acidentes em barragens no Brasil (continuação).

Barragem Descrição do Acidente


Barragem de Situada no município de Cataguases (MG), na bacia do córrego do Cágado, a barragem
rejeito da rompeu no dia 29 de março, lançando cerca de 400 milhões de litros de lixívia (seiva de
indústria de eucalipto), que também contaminou os rios Pomba e Paraíba do Sul, afetando
papel Rio propriedades rurais e áreas urbanas, provocando a interrupção do abastecimento de água
Pomba- em várias cidades ao longo da bacia do Rio Paraíba do Sul, não ocorrendo mortes.
Cataguases
2003
Localizada em Areia (PB), construída entre os anos de 2000 e 2002, em concreto
compactado com rolo, com altura de 50 m, comprimento da crista de 296 m e
reservatório com 26,5 hm3. A barragem rompeu em 17 de junho, após apresentar
Barragem de
problemas na fundação de sua ombreira esquerda. A água liberada pela barragem causou
Camará
danos por cerca de 20 quilômetros a jusante, provocando a mortes de 6 pessoas, mais de
2004
3.000 desabrigados e destruindo centenas de casas nas cidades de Mulungu e Alagoa
Grande. Foi um acidente que teve sérios problemas com o atendimento as vítimas, apesar
de já existirem no país estrutura possível para uma rápida resposta a emergências.
Localizada no município de Miraí (MG), a barragem de São Francisco da Mineração
Pomba rompeu em 10 de janeiro, liberando mais de 2 hm3 de argila e água no vale a
Barragem da jusante. O rompimento ocorreu possivelmente por uma erosão nas paredes do vertedouro
Mineração Rio de emergência na ombreira direita. Em Miraí 765 moradores foram desalojados, sendo
Pomba que as autoridades municipais alertaram a população com o auxílio de viaturas com
2007 sirene e disponibilizaram ônibus para auxiliar na evacuação. Mais de 300 residências
foram atingidas pelos rejeitos que, embora não fossem tóxicos, afetaram o abastecimento
de água de inúmeras cidades a jusante, mas não houve registro de mortes.
Em 05 de novembro de 2015 ocorreu o rompimento da barragem de Fundão, pertencente
ao complexo minerário Germano, no município de Mariana (MG), que continha 50
milhões de m³ de rejeito de mineração de ferro, classificados como não perigoso e não
inerte para ferro e manganês, de acordo com Norma ABNT/NBR 10.004. Cerca de 34
milhões de m³ desses rejeitos foram lançados no meio ambiente, inicialmente atingindo a
barragem de Santarém logo a jusante, causando seu galgamento e formando uma onda de
lama que percorreu 55 km pelo rio Gualaxo do Norte, 22 km pelo rio do Carmo e 586,2
km pelo rio Doce até chegar ao Oceano Atlântico, no município de Linhares (ES),
percorrendo no total 663,2 km de corpos hídricos diretamente impactados. O acidente foi
classificado pelo IBAMA com Desastre de Nível IV (desastre muito grande porte) e
súbito, conforme classificação da Defesa Civil, sendo considerando o mais acidente
Barragem de ambiental já registrado no Brasil, causando os seguintes impactos: mortes 17 de
Fundão – trabalhadores da empresa e moradores das comunidades afetadas e 2 desaparecidos;
Samarco destruição no distrito de Bento Rodrigues; desalojamento de populações; devastação de
Mineração localidades e desagregação dos vínculos sociais das comunidades; destruição de
S.A. estruturas públicas e privadas (edificações, pontes, ruas, escolas etc); destruição de áreas
2015 agrícolas e pastos, com perdas de receitas econômicas; interrupção da geração de energia
elétrica pelas hidrelétricas atingidas (Candonga, Aimorés e Mascarenhas); destruição de
áreas de preservação permanente e vegetação nativa de Mata Atlântica; mortalidade de
biodiversidade aquática e fauna terrestre; assoreamento de cursos d´água; interrupção do
abastecimento de água, da pesca por tempo indeterminado e do turismo; perda e
fragmentação de habitats; restrição ou enfraquecimento dos serviços ambientais dos
ecossistemas; alteração dos padrões de qualidade da água doce, salobra e salgada; e
sensação de perigo e desamparo da população. O acidente ocorreu durante os trabalhos
de alteamento da barragem, possivelmente, associado a um erro de projeto e/ou da
execução dos trabalhos, no qual estava sendo usado o alteamento a montante, método que
a própria norma ABNT/NBR 13.028 que trata de projetos de barragens de rejeito, não
recomenda como método de alteamento.
Fonte: Vargas et al, (1954); Singh (1996); Brasil (2005); Menescal, Vieira e Oliveira (2005); Valencio
(2006); Balbi (2008); IBAMA (2015); Felippe et al. (2016)

93
3.3. ASPECTOS TÉCNICOS E LEGAIS RELACIONADOS A BARRAGENS
No presente tópico são apresentadas e discutidas a evolução de normas técnicas e
legislações internacionais e brasileiras sobre projetos de barragens em suas diferentes fases
(planejamento, instalação, operação, manutenção, monitoramento e/ou desativação), assim
como sobre a segurança desses empreendimentos e das áreas situadas a jusante, incluindo
as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), do Comitê
Brasileiro de Barragens (CBDB) e as leis federais sobre outorga e segurança de barragens e
resoluções do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e as portarias do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no âmbito federal e a discussão
sobre os normativos nos estado de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente, as
deliberações normativas do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) e a
portaria do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).

3.3.1. Evolução das Legislações Internacionais


A evolução das legislações e normas técnicas sobre barragens, seus riscos e gestão
de atendimentos a emergências está intimamente ligada aos acidentes de barragens com
mortes e prejuízos socioeconômicos, sensibilizando sociedades em vários países para os
perigos desse empreendimento, especialmente, para as populações que vivem a jusante.
Na Grã-Bretanha desde o século 18 são registrados acidentes com barragens de
aterro causando perdas de vidas humanas, demonstrando que os problemas com esse tipo
de empreendimento são antigos e com sérias consequências. Charles (1993) apresenta uma
relação de acidentes com barragens na Grã-Bretanha com perdas de vidas humanas,
descrevendo as principais características dos empreendimentos e os motivos de seu
rompimento. Contudo, desde 1925 na Grã-Bretanha não há mortes associadas ao
rompimento de barragens, devido a investimentos em segurança desses empreendimentos,
a uma evolução nos métodos e técnicas de engenharia nos projetos, construção,
manutenção e monitoramento, e o desenvolvimento de programas de prevenção e
fiscalização, especialmente após a Política de Segurança de Reservatório aprovada em
1930 pelo parlamento da Grã-Bretanha, além de legislações aprovada na década de 1970 e
mais recentemente em 2003, 2009 e 2010, relacionadas inundações e gerenciamento da
água e de riscos. A Figura 6 apresenta os casos históricos de falhas e acidentes e as
consequentes principais evoluções nos procedimentos, práticas e legislação britânicos
sobre barragem.

94
Figura 6. Histórico de falhas e acidentes e as principais evoluções nos procedimentos,
práticas e legislação Britânicos sobre Barragem.
Principais evoluções nos procedimentos, práticas e legislação
Falhas e acidentes significativos na Grã-Bretanha Ano Ano
Britânicos sobre Barragens
Primeira vez do uso de núcleo no maciço da barragem do Serpentine
1730 (Hyde Park)
Uso de camada de argila no talude montante da barragem, em
1755 Petworth
1766 Primeira uso de cut-off na fundação de uma barragem
Primeira vez o uso de camadas zonadas de argila e areia no núcleo
1795 da barragem de Butterley
Falhas na Barragem de Blackbrook devido problemas na construção 1979
Definido o padrão de Telford para projeto de barragens com núcleos
Acidente na barragem de Whinhill com 31 mortes 1835 com camadas de argila e areia, com gradiente hidráulico triplo no
1838 núcleo
Acidente na barragem Bilberry, com 81 mortes 1852 Falhas nos taludes do maciço durante a construção das barragens de
Arnfield, Claf Hey e Piethorne reparadas pela incorporação de
1854-1862 bermas nos taludes.
Especificações para construção de barragem zonadas torna-se prática
1854-1864 comum
Imposição de responsabilidade objetiva pela justiça inglesa no caso
Inundações em Ainsworth Mill Lodge atingindo minas em operações 1860 1868 "Rylands v Fletcher"
Especificações de Simpson (engenheiro da investigação) incorporam
pontos de aprendizado com o acidente: compactação com camadas
Acidente da Barragem de Dale Dyke, com 244 mortes 1864 1864 horizontais não superiores a 9 polegadas
Introdução de projeto hidráulico, com muitas características dos
reservatórios usada na promulgação da Lei de 1930 sobre
1866 Procedimentos de Segurança de Reservatórios
Publicação do artigo de Rankine sobre barragens de gravidade,
1872 incluindo conceitos de tensão principal
Década Barragem Woodhead 2, usa pela primeira vez concreto para
Sérios problemas de erosão interna no cut-off da barragem Pentwyn 1870 1876 preencher da trincheira do cut-off
Binnie promove o uso longas rampas ao invés de mudanças bruscas
na profundidade valas de argila para reduzir o risco de recalques
1877 diferenciais
Barragem de Tunstall e Cowm, infiltração grave através da fundação 1879 1879 Primeira vez do uso de argamassa para impermeabilizar as fundações
Barragem de gravidade de Vyrnwy com galerias de drenagem para
1882 reduzir o aumento das pressões
Carta de Edward Sandeman publicada no Times, que conduziu a
Acidentes com as barragens Skelmorlie, com 5 mortos, e de Dolgarrog, promulgação da Lei de 1930 sobre Procedimentos de Segurança de
com 16 mortes 1925 1925 Reservatórios
Promulgação da Lei de 1930 sobre Procedimentos de Segurança de
1930 Reservatórios
Publicação do “Interim report of the Committee on Floods in relation
1933 to Reservoir Practice”
Uso de modernos equipamentos de terraplenagem e construção.
Primeira vez que conceitos de mecânica de solos são usados para
Falhas construtivas na barragem de Chingford 1937 1937 readequar em projetos de uma barragem britânica
Revisão do “Interim report of the Committee on Floods in relation to
Desastres de inundações de Lynmouth 1952 1960 Reservoir 1960 Practice”
Década Fim do uso de núcleo de argila na construção e início do uso de
1960 núcleo de argila compactada no Reino Unido
Primeira vez do uso de membranas impermeáveis para reparar a
estanqueidade da barragem. Desenvolvimento de regras para uso de
Sérias erosões internas durante do enchimento da barragem Balderhead 1967 1968 materiais filtrantes baseadas na permeabilidade dos materiais
Esvaziamento emergencial do reservatório devido a erosão interna da
barragem de Lluest Wen 1969
Problema com a liberação descontrolada de água na barragem de
Warmwithens 1970 Lei sobre Reservatórios de 1975. Publicação do “Flood Studies
1975 Report”
Publicação da primeira edição do documento “Floods and Reservoir
1978 Safety: an engineering guide”
Criação painel de revisão e o Banco de dados nacionais BRE,
seguindo as recomendações do Relatório Coxon das falhas da
Falhas construtivas na barragem de Carsington e Ruptura da estrutura barragem de Carsington. Lei sobre Reservatórios de 1975 é colocada
montante da barragem de Kielder 1984 1986 em prática
Publicação da primeira edição de “An engineering guide to the safety
1990 of embankment dams in the United Kingdom”
Publicação de “Performance of blockwork and slabbing protection
1995 for dam faces”
1999 Publicação do “Flood Estimation Handbook”
Estabelecimento de sistema atendimento pós incidente e Relatório
Falhas na base de alvenaria do vertedouro da barragem Boltby 2005 2007 Agência Ambiental com proposta de mudanças na legislação
Falha no vertedouro da barragem Ulley ocasiona esvaziamento do Publicação do Relatório Pitt sobre “Security of stepped masonry
reservatório e evacuação 2007 2008 spillways”
Projeto de Lei “Floods and Water Management” define alterações na
Lei de Reservatórios da Inglaterra e País de Gales. Projeto de Lei
2009 “Flood risk management” estabelece mudanças na Escócia
Fonte: adaptado de Environment Agency of United Kingdon (2011).

95
Nos Estados Unidos, um acidente foi historicamente importante para definição de
legislações e normas específicas sobre segurança de barragens, que foi o acidente da
barragem de St. Francis, 1928, apesar da ruptura da barragem de South Fork, em 1889, em
Johnstown ter matado aproximadamente 5 vezes mais pessoas, verificando que nem
sempre acidentes de grandes proporções ocasionam mudanças efetivas em políticas
públicas e nos procedimentos de sociedade e empresas. Em 1929, foi promulgado o
programa de segurança de barragens do Estado da Califórnia, em sequência ao acidente da
barragem de St. Francis, ficando as barragens sob supervisão do governo federal,
procedimentos seguidos por outros estados (BALBI, 2008).
O desenvolvimento econômico ocasionado pelo fim Segunda Guerra Mundial
gerou uma proliferação de obras de grandes barragens em vários países, contudo, apesar da
melhoria dos procedimentos técnicos para construção desses empreendimentos em relação
as décadas anteriores, quatro acidentes provocaram comoção mundial, preocupação com a
segurança desses empreendimentos e criação de legislações e normas para construção e
operação de barragens e seus reservatórios, que foram as rupturas das barragens de
Malpasset (França – 1959), Veja de Tera (Espanha – 1959), Vajont (Itália – 1963) e
Baldwin Hills (EUA – 1963), aliados a outras dezenas de acidentes entre as décadas de
1950 e 1970 em vários outros países, inclusive na barragem de Orós, no Brasil.
Nesse sentido, a partir da década de 1960, surgiram regulamentos e procedimentos
de segurança de barragens, incluindo os efeitos nos vales a jusante e a prevenção contra os
potenciais efeitos de acidentes, surgindo, desta forma, sistemas de aviso prévio e planos de
evacuação das populações a jusante (ALMEIDA, 2001).
Nos casos das barragens de Baldwin Hills (1963) e San Fernando (1971), nos EUA
os sistemas de alerta e evacuação, que já estavam em desenvolvimento nos Estados
Unidos, foram fundamentais para o número pequeno de 5 mortes no primeiro caso, em
relação as proporções do evento e a quantidade de pessoas que estavam em riscos, que
perfaziam cerca de 16.500, ao contrário do que ocorreu com a ruptura da barragem de Veja
de Tera, na Espanha, em 1959, na qual morreram 150 dentre 500 pessoas em risco, que não
foram avisadas do acidente ou mesmo na de Orós, no Brasil que 50 pessoas morreram
(BALBI, 2008).
Foi nessa época que as regulamentações em diversos países mudaram o foco das
normas, centrando procedimentos não somente na segurança das estruturas do maciço da
barragem, mas incluindo ações e medidas de prevenção e atendimento a emergências a

96
jusante no vale, tais como o desenvolvimento de sistemas de alerta, mapas e avaliações de
risco à inundação (ALMEIDA, 2001).
Na França o Regulamento de Segurança de 1966, que surgiu em resposta ao
acidente na barragem de Malpasset, tornou obrigatória a preparação de planos de alerta e
socorro às populações a jusante de barragens, baseados em mapas de inundação, assim
como na Espanha, em 1967, foram promulgadas as primeiras regulamentações a respeito
do tema como reação tardia do acidente de Veja de Tera (ALMEIDA, 1999).
Nesse contexto, a Comissão Internacional de Grandes Barragens (CIGB ou
International Committee on Large Dam - ICOLD) teve um papel fundamental no
estabelecimento de propostas de políticas públicas, procedimentos metodológicos e
técnicas relacionadas a projetos de barragens, com foco especialmente, na segurança
desses empreendimentos. No Congresso Internacional de Grandes Barragens de 1979, em
Nova Delhi, teve como tem principal a segurança de barragens, devido a uma série de
rompimento de barragens, a partir da década de 1950, com consequências catastróficas, ao
aumento das dimensões e de investimentos em grandes barragens, principalmente, em
países com pouca experiência na construção desses empreendimentos. Nesse contexto,
houve um esforço concentrado na publicação de diversos documentos relacionados à
segurança de barragens, dentre pode-se destacar: “Lessons from Dams Incidents” (1974),
“Automated Observations for Safety Control of Dams” (1982), “Deterioration of Dams and
Reservoirs” (1983), “Dam Safety Guidelines” (1987), “Dam Monitoring-General
Considerations” (1988), “Inspection of Dams Following Earthquake” (1988), “Monitoring
of Dams and Their Foundations” (1989), “Dam Failures Statistical Analysis” (1995).
A partir da década de 1970 houve uma evolução significativa em políticas públicas
em vários países relativas à segurança estrutural, hidráulica e operacional das barragens e
dos vales a jusante, conjuntamente com a crescente preocupação ambiental e os impactos
desses empreendimentos, conduzindo a inclusão de aspectos ambientais e socioeconômicos
em todas as fases de planejamento, instalação, operação e manutenção de barragens.
Nas décadas de 1970 e 1980, as agências federais norte americanas (Bureau of
Reclamation - USBR e a Federal Energy Regulatory Commission - FERC) elaboraram
uma série documentos com procedimentos técnicos aplicáveis às barragens, que resultaram
no “Presidential Memorandum”, de outubro de 1979, e nos “Federal Guidelines for Dam
Safety”, de junho de 1979, que foram em resposta a ruptura da barragem de Teton, 1976.

97
Esses procedimentos passaram a ser estudados e adotados por agências ligadas à segurança
de barragens de diversos países (BALBI, 2008).
Na Itália, em 1982, foi aprovada norma técnica para projetos e construção de
barragem e, em 1986, decreto tornando obrigatória a implantação de sistema de segurança
e alerta para barragens, incluindo estudos relativos às áreas inundáveis a jusante, por efeito
de descargas e de hipotéticos colapsos estruturais, inclusive considerando o sistema de
alarme e a sinalização. Em 1988, foi promulgada legislação na província de Alberta no
Canadá que tornou obrigatória a elaboração de Planos de Emergência e de Sistemas de
Aviso específicos para cada empreendimento (ALMEIDA, 1999).
Nesse período e na década de 1990, com a crescente pressão da população e de
organizações não governamentais na discussão para implantação de novos
empreendimentos impactantes e controversos, foram incorporados novos conceitos e
metodologias para segurança de barragens, integrando conhecimentos de engenharia das
barragens, tecnologias de apoio à decisão e à proteção civil, metodologias de ciências
sociais aplicadas como sociologia e a psicologia social e ordenamento territorial e a gestão
da ocupação do vale tendo em conta os riscos de ocorrência de cheias. Os novos sistemas
de segurança integrada de barragens fundamentam-se em aspectos técnico-operacionais;
monitoramento-vigilância; e gestão do risco-emergência. Essa nova fase da
regulamentação de segurança de barragens, envolve critérios para segurança da barragem e
do vale, considerando plano de emergência e evacuação, implementação de sistema de
aviso e execução de treinos e exercícios, mapeamento de áreas de risco e estimativa de
danos (ALMEIDA, 2001).
Nesse contexto, vários países promulgaram e iniciaram estudos de novas
legislações ou normas técnicas de segurança, incluindo a obrigatoriedade de elaboração de
planos de ação de emergência e sistema de alerta integrados aos procedimentos
operacionais das barragens, tais como (BALBI, 2008):
 Argentina: a regulamentação para a elaboração dos planos de emergência está
inserida nos contratos de concessão de cada barragem, sendo o ORSEP o
Organismo Regulador de Segurança de Barragens, descentralizado do Estado
Nacional, que é responsável pelas concessões das grandes barragens. O ORSEP faz
o vínculo entre as barragens e a defesa civil e, além de funcionar como fiscalizador
da segurança de barragens, se responsabiliza por integrar as ações das autoridades
de defesa civil com os planos elaborados pelas concessionárias;

98
 Austrália: Lei das Águas de 2000; e Diretrizes para gestão de segurança de
barragens de Queensland, de fevereiro de 2002;
 Espanha: Lei n° 2, de 21 de janeiro de 1985, sobre Proteção Civil; Lei das Águas
Lei n° 29, de 2 de agosto de 1985, Lei das Águas; Decreto Real n° 407, de 24 de
abril de 1992, Norma Básica de Proteção Civil; Regulamento técnico sobre
segurança de barragens e reservatórios de 1996; Diretriz básica de planejamento
civil para riscos de inundações; Guia técnico para elaboração de planos de
emergência de barragens de 2001;
 Estados Unidos: Lei nº 104-303/1996, Programa nacional de segurança de
barragem; Lei do Congresso Nacional nº 92-367, 08 de agosto de 1972, sobre
inspeção de barragem; Lei nº 107-310/2002, sobre proteção e segurança de
barragem; Norma FEMA nº 93, sobre Diretrizes federais para segurança de
barragem; Norma FEMA nº 64/2004, estudos ambientais para proprietários de
barragem; e Segurança de barragens: política e procedimentos de 2003. Ressalta-se
que existe uma grande quantidade de guias e manuais para segurança de barragens
e gerenciamento de riscos em vales a jusante, de acordo com cada estado. Desde
2002, a legislação passou a considerar ataques terroristas contra barragens;
 França: Lei n° 92, de 3 de janeiro de 1992, Lei da Água; Portaria de 13 de julho de
1999, referente a segurança de áreas próximas e a jusante de barragens e instalações
hidráulicas, em relação aos riscos operacionais; Portaria interministerial
INTB9400227C, de 17 de agosto de 1994, referente a mecanismos de gestão contra
riscos de inundação; Portaria de 28 de maio de 1999, sobre cadastro de diques de
proteção de área urbanas contra inundações fluviais e marítimas; Portaria de 30 de
abril de 2002, que dispõe sobre a Política de Estado de prevenção à riscos naturais e
gestão de áreas situadas a jusante de diques de proteção contra inundações e cheias
marinhas; e Guia prático para proprietários e gestores referente ao diagnóstico,
controle e manutenção de diques de proteção contra inundações;
 Portugal: Regulamento de Segurança de Barragens (RSB), Decreto-lei nº 11/90, de
6 de janeiro de 1990; Regulamento de Pequenas Barragens (RPB), Decreto-lei nº
409/93, de 14 de dezembro de 1993; Normas de Projeto de Barragens (NPB),
Portaria nº 846/93, de 10 de setembro de 1993; Normas de Observação e Inspeção
de Barragens (NOIB), Portaria nº 847/93, de 10 de setembro de 1993; e Normas de
construção de Barragens – NCB de 1998;

99
 Reino Unido: Lei da Água de 2003; e Guia de engenharia para planos de
emergência em reservatórios de 2006, que apresenta procedimentos detalhados para
a elaboração de planos de emergência, estimativa de danos e segurança dos
reservatórios; e,
 Suíça: Cadernos de recomendações para reservatórios de 1998. Ressalta-se que os
Planos de Ação à Emergências na Suíça são exemplos bem sucedidos de
envolvimento da população.
O Quadro 23 apresenta critérios estabelecidos internacionalmente para aplicação
da legislação de segurança de barragens e obrigatoriedade de elaboração de planos de
emergência, destacando que a preocupação principal é com as barragens de médio e grande
porte, em geral, maiores de 8 metros de altura e com alta capacidade de reservação de
água, rejeito ou resíduo. Essa situação demostra que as barragens de pequeno são relegadas
a segundo plano ou mesmo desconsideradas, inclusive o alto potencial de barragens de
pequeno porte em um mesmo corpo hídrico ou o risco que o rompimento delas podem
gerar para as barragens de grande e médio porte situadas a jusante.
Entretanto, milhares de barragens foram sendo construídas, enquanto outras vão
envelhecendo sujeitas a uma potencial deterioração de materiais e perda de capacidade de
resistência estrutural ou a alterações hidrológicas que podem tornar inadequados as
estruturas e elementos de segurança inicialmente construídos.
No entanto, vivem, em todo o Mundo, nos vales a jusante, milhões de pessoas,
nomeadamente em zonas urbanas ou densamente ocupadas. Segundo ICOLD (1998), a
maioria das vítimas mortais de todos os acidentes em barragens que rompem envolvem
barragens com uma altura inferior a 30 m, constituindo este tipo de barragem o de maior
risco no futuro próximo.
Caso recente que demonstra essa problemática com pequenas barragens em cadeia
em uma mesma bacia hidrográfica associada a eventos pluviométricos excepcionais e/ou
processos geológicos de dinâmica superficial, foi o rompimento de 9 pequenas e médias,
de um total de 27 represas na região do norte do Estado do Colorado, nos EUA, em
setembro de 2013, que ocasionou a morte 8 pessoas e mais de 2 bilhões de dólares em
prejuízos econômicos (HISTORY CHANNEL, 2014).
Atualmente, os meios de informação e o tipo de sociedade atual, extremamente
sensível à discussão dos aspectos de segurança ambiental, tornaram a segurança e os riscos
tecnológicos um assunto de interesse público cuja discussão aberta passou a ser

100
incontornável, especialmente, nas discussões dos impactos ambientais que o
empreendimento pode ocasionar em todas as suas áreas de influência.
E mesmo com toda essa evolução e melhora, acidentes de grandes proporções
continuam ocorrendo, especialmente, nos países em desenvolvimento, como o Brasil,
demonstrando que muito há o que avançar nos procedimentos e normas de construção,
operação, monitoramento, manutenção e fiscalização de barragens, sejam elas de grande,
médio ou pequeno porte, pois, os desastres em nenhum desses tipos de barragens devem
ser subestimados em seu potencial de destrutivo.

Quadro 23. Critérios estabelecidos internacionalmente para aplicação da legislação de


segurança de barragens e obrigatoriedade de elaboração de planos de emergência.
País / Critérios para Aplicação da Legislação de Critérios para Obrigatoriedade
Instituição Segurança de Barragens da Avaliação de Riscos a Jusante
H > 15 m
10 < H < 15 m e
ICOLD L > 500 m ou;
V > 1 Hm³ ou;
Q > 2.000 m³/s
Não foi encontrada referência de critérios de Os planos de emergência, quando
definição de barragens que devem seguir as exigidos, fazem parte dos contratos
Argentina
regulamentações. Todas as concessões privadas de concessão, já que não existe
são supervisionadas pelo organismo regulador legislação específica
Barragens que entram na regulamentação NRM A avaliação de impactos é
(2002) necessária para as que se encaixam
Oferecem risco a mais de uma pessoa na legislação.
H > 8 m e V > 0,5 hm³ E, se entrarem nas categorias 1 ou 2,
H > 8 m, V > 0,25 hm³ e a bacia de drenagem é a devem ter um manual de controle de
Austrália
maior que 3 vezes a área do reservatório cheio cheias
Essas barragens são divididas em duas categorias,
conforme o risco oferecido à população a jusante
em caso de ruptura: Categoria 1: 2 a 100 pessoas
Categoria 2: mais de 100 pessoas
Barragens de alta capacidade Todas as barragens de alta
H > 1 m e V > 1 hm³ capacidade
Canadá
H > 2,5 m e V > 30.000 m³
H > 7,5 m
Grandes barragens, conforme regras do ICOLD Apenas as barragens de propriedade
Barragens que apresentam dificuldades especiais do Estado.
em sua fundação ou tenham características não Mais de uma residência na área de
habituais risco.
Barragens que se encontrem classificadas nas Elaborar e implantar o Plano de
Espanha categorias A ou B de risco potencial, conforme Emergência de Barragens para as
abaixo: categorias A e B
Categoria A: Risco a mais de 5 residências
habitadas, o que dá um risco potencial média a 12
ou 15 pessoas;
Categoria B: de 1 a 5 domicílios

101
Quadro 23. Critérios estabelecidos internacionalmente para aplicação da legislação de
segurança de barragens e obrigatoriedade de elaboração de planos de emergência
(continuação).
País / Critérios para Aplicação da Legislação de Critérios para Obrigatoriedade
Instituição Segurança de Barragens da Avaliação de Riscos a Jusante
O Guia para elaboração de PAE do
Estados Unidos H > 7,60 m e V > 61.670 m³ FEMA é para barragens de risco
potencial alto ou significativo
H > 20 m ou barragens que implicam perigo para H > 20 m e V > 15 hm³ obriga a
França
a população planos de emergência
Itália (1996) prevê que os gestores
das barragens sob competência do
“Dipartimento per i Servizi tecnici
nazionali – Servizio nazionale
dighe” devem atender ao disposto
no “Documentos de Proteção Civil”
Itália H > 15 m e V > 1 hm³ que identifica as condições para
ativação do sistema de Proteção
Civil e procedimentos a serem
postos em prática numa situação de
contingência em um complexo
constituído pela represa e
reservatório
Grandes barragens: Todas as grandes barragens
H > 15 m;
Portugal V > 0,1 hm³; ou
Risco de perdas humanas ou importantes
consequências econômicas
Requer Planos de Ações
Emergenciais para a barragem e
para o vale a jusante quando a
barragem é classificada de alta e
Reino Unido V > 25.000 m³
média consequência em caso de
ruptura. A classificação depende da
probabilidade de perda de vidas e
danos à propriedade de terceiros.
Os PAEs são necessários para todas
as barragens contempladas na
H > 10 M ou H > 5 e V > 50.000 m³ legislação.
Suíça Barragens que representam perigo a pessoas ou Para reservatórios com mais de 2
bens hm³ é obrigatória a instalação de
dispositivos de alarme de cheias nas
zonas próximas ao barramento.
OBS: H é a altura da barragem; V é o Volume do Reservatório; e L é o comprimento da crista.
Fonte: Itália (1960); Espanha (1996); Suíça (1998); Austrália (2000); Martins (2000); DEFRA (2006);
Quebec (2007); Balbi (2008).

3.3.2. Legislações e Normas Gerais Brasileiras sobre Barragens


A história das legislações, normas e manuais técnicos sobre outorga de recursos
hídricos, barragens e a segurança desses empreendimentos e da população está muito
ligada a construção de grandes barragens no país e a criação do Comitê Brasileiro de
Barragens – CBDB, que remonta a 1936, pela iniciativa do engenheiro Francisco Saturnino

102
de Brito Filho, que ao voltar do 2o Congresso Internacional de Grandes Barragens,
realizado pela Comissão Internacional de Grandes Barragens – CIBG, direcionou esforços
para criar uma entidade ligada a CIBG, que na época já contava com 26 comitês em vários
países. Com a colaboração do engenheiro Luiz Vieira instituíram a denominada na época
de Comissão Brasileira de Grandes Barragens. Após vários anos sem atividades, em 1957,
a Comissão foi reativada por iniciativa do engenheiro José Candido Castro Parente Pessoa,
mas somente em 1961, o grupo criado pelas Associações Brasileira de Pontes e Grandes
Estruturas - APGE e de Mecânica de Solos - ABMS elaboraram o estatuto, denominando a
entidade de Comitê Brasileiro de Grandes Barragens – CBGB, o qual foi aprovado em 25
de outubro de 1961 (CBDB, 2013).
As atividades da CBGB foram impulsionadas, especialmente, após a década de
1950, devido aos investimentos na construção de grandes barragens no país, tais como:
Orós e Banabuiú para abastecimento no Ceará e as hidrelétricas de Furnas, Três Maria,
Jupiá e Paulo Afonso; tornando-se, portanto, indispensável a participação e colaboração da
CBGB nessas obras, além de organizar eventos técnico-científicos, inclusive
internacionais. Na década de 1990, foram criados dez núcleos regionais em vários estados
brasileiros, sendo que em 1999, o nome da entidade foi alterado para Comitê Brasileiro de
Barragens – CBDB (CBDB, 2013).
Em suas atividades ao longo dessas décadas, a CBDB editou uma série de
importantes documentos para orientar e definir critérios técnicos relacionados a projetos e
obras de barragens, podendo-se destacar: “Diretrizes para a Inspeção e Avaliação da
Segurança de Barragens em Operação” (1979 e 1983), “Recomendações para a
Formulação e Verificação de Critérios e Procedimentos de Segurança de Barragens”
(1986), “Cadastro Brasileiro de Deterioração de Barragens e Reservatórios” (1995),
“Auscultação e Instrumentação de Barragens no Brasil” (1996), “Guia Básico de
Segurança de Barragem” (2001), participando efetivamente da elaboração de normas
técnicas e legislações sobre barragens, principalmente, da Política Nacional de Segurança
de Barragens, Lei Federal no 12.334, promulgada em 20 de setembro de 2010, e do
Cadastro Nacional de Barragens em 2011 (CBDB, 2001).
Em 2009, foi firmado Termo de Cooperação para desenvolvimento de cadastro
informatizado de barragens, com o objetivo deste projeto é verificar a consistência do
Cadastro de Barragens, validar os dados contidos no mesmo, sugerir melhorias para o
sistema informatizado, completar os campos com dados faltantes e fazer a correção dos

103
dados discrepantes. Também é objetivo do projeto a correção de erros e o aperfeiçoamento
do sistema para torná-lo mais funcional e atender novas demandas, como novas
tecnologias, informações, formas de pesquisa, emissão de relatórios, entre outros (CBDB,
2009). Atualmente, o cadastro está disponível no endereço oficial do Comitê Brasileiro de
Barragens, contudo, somente aos profissionais e entidades associadas, não tendo acesso
público aberto, o que dificulta que as informações estejam a disposição da sociedade em
geral.
Nesse contexto, é importante destacar as principais legislações e normas técnicas
sobre o assunto, que são relacionadas no Quadro 24, considerando legislações e normas de
âmbito federal e estadual. Pela análise da legislação atual verifica-se que existe uma clara
dispersão de esforços na fiscalização e licenciamento de barragens por órgãos federais e
estaduais, com competências não claramente definidas, sendo que existem critérios,
procedimentos e órgãos responsáveis diferentes de acordo com o estado e tipo, finalidade e
porte da barragem.

Quadro 24. Principais legislações e normas técnicas brasileiras sobre barragens no âmbito
federal e em alguns estados.
Legislação/Normas
Ementa
Técnicas
Âmbito Federal
Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal
Lei n0 9.984, de 17 de de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação
julho de 2000 do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras
providências.
Política Nacional de Segurança de Barragens: Estabelece a Política Nacional de
Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos, à
Lei Federal nº12.334, disposição final ou temporária de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais,
20 de setembro de 2010 cria o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens e altera a
redação do art. 35 da Lei no 9.433, de 8 de janeiro de 1997, e do art. 4 o da Lei no
9.984, de 17 de julho de 2000
Estabelece diretrizes para a outorga de recursos hídricos para a implantação de
Resolução CNRH no 37,
barragens em corpos de água de domínio dos Estados, do Distrito Federal ou da
de 26 de março de 2004
União.
Resolução CNRH nº Estabelece critérios gerais de classificação de barragens por categoria de risco,
143, de 10 de julho de dano potencial associado e pelo volume do reservatório, em atendimento ao art.
2012 7° da Lei n° 12.334, de 20 de setembro de 2010.
Estabelece diretrizes para implementação da Política Nacional de Segurança de
Resolução CNRH nº Barragens, aplicação de seus instrumentos e atuação do Sistema Nacional de
144, de 10 de julho de Informações sobre Segurança de Barragens, em atendimento ao art. 20 da Lei n o
2012 12.334, de 20 de setembro de 2010, que alterou o art. 35 da Lei no 9.433, de 8 de
janeiro de 1997.

104
Quadro 24. Principais legislações e normas técnicas brasileiras sobre barragens no âmbito
federal e em alguns estados (continuação).
Legislação/Normas
Ementa
Técnicas
Âmbito Federal
Cria o Cadastro Nacional de Barragens de Mineração e dispõe sobre o Plano de
Portaria DNPM nº 416, Segurança, Revisão Periódica de Segurança e Inspeções Regulares e Especiais
de 03 de setembro de de Segurança das Barragens de Mineração conforme a Lei nº 12.334, de 20 de
2012 setembro de 2010, que dispõe sobre a Política Nacional de Segurança de
Barragens.
Estabelece a periodicidade de atualização e revisão, a qualificação do
responsável técnico, o conteúdo mínimo e o nível de detalhamento do Plano de
Portaria DNPM no 526, Ação de Emergência das Barragens de Mineração (PAEBM), conforme art. 8°,
de 09 dezembro de 2013 11 e 12 da Lei n° 12.334, de 20 de setembro de 2010, que estabelece a Política
Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), e art. 8º da Portaria nº 416, de 3
de setembro de 2012.
ABNT/NBR no Elaboração e apresentação de projeto de disposição de rejeitos de
13.028/1993 beneficiamento, em barramento, em mineração.
ABNT/NBR no Elaboração e apresentação de projeto de disposição de estéril, em pilha, em
13.029/1993 mineração.
Mineração - Elaboração e apresentação de projetos de barragens para disposição
ABNT/NBR no
de rejeitos, contenção de sedimentos e reservação de água (atualização da norma
13.028/2006
de 1993).
ABNT/NBR no Mineração - Elaboração e apresentação de projeto de disposição de estéril em
13.029/2006 pilha (atualização da norma de 1993).
Âmbito Estadual - MG
Deliberação Normativa Dispõe sobre critérios de classificação de barragens de contenção de rejeitos, de
COPAM nº 62, de 17 de resíduos e de reservatório de água em empreendimentos industriais e de
dezembro de 2002 mineração no Estado de Minas Gerais.
Altera e complementa a Deliberação Normativa COPAM nº 62, de 17/12/2002,
Deliberação Normativa
que dispõe sobre critérios de classificação de barragens de contenção de rejeitos,
COPAM nº 87, de 17 de
de resíduos e de reservatório de água em empreendimentos industriais e de
junho de 2005
mineração no Estado de Minas Gerais.
Complementa a Deliberação Normativa COPAM no 87, de 06/09/2005, que
Deliberação Normativa
dispõe sobre critérios de classificação de barragens de contenção de rejeitos, de
COPAM no 124, de 09
resíduos e de reservatório de água em empreendimentos industriais e de
de outubro de 2008
mineração no Estado de Minas Gerais.
Âmbito Estadual - SP
Aprova os critérios e os procedimentos para a classificação, a implantação e a
Portaria DAEE nº 3907,
revisão periódica de segurança de barragens de acumulação de água de domínio
de 15 de dezembro de
do Estado de São Paulo, considerando o disposto na Lei Federal nº 12.334, de
2015
20/09/2010.
Fonte: Brasil (2000, 2004, 2010, 2012a, 2012b); DNPM (2012, 2013); ABNT (1993a, 1993b, 2006a, 2006b);
Minas Gerais (2002, 2005, 2008); DAEE (2015).

A Resolução CNRH no 37/2004 estabelece em seu artigo 3o que o órgão outorgante


definirá, por meio de termo de referência, para análise da implantação de barragens, o
conteúdo dos estudos técnicos exigidos nas fases de planejamento, projeto, construção e
operação do empreendimento, considerando as características hidrológicas da bacia
hidrográfica, porte da barragem, a finalidade da obra e do uso do recurso hídrico (BRASIL

105
2004). Isso demonstra que para cada empreendimento haverá determinadas exigências,
inclusive de acordo com o entendimento e estrutura dos órgãos outorgantes.
Essa mesma resolução, em seus artigos 6o e 7o, já definia em 2004 a necessidade de
elaboração de planos de operação dos reservatórios, de ação de emergência e de
contingência, inclusive podendo os mesmos serem reavaliados pela autoridade outorgante,
considerando os usos múltiplos, os riscos decorrentes de acidentes e eventos hidrológicos
críticos, devendo o empreendedor implantar e manter monitoramento do reservatório a
montante e jusante (BRASIL 2004). Contudo, não exige de forma específica a realização
de estudos específicos de toda a bacia hidrográfica, considerando a operação concomitante
de várias barragens em uma mesma bacia e a ocorrência de processos geológicos de
dinâmica superficial.
No planejamento, implantação, operação, monitoramento e manutenção de
barragens de médio e grande porte para diferentes finalidades devem ser seguidas as
seguintes fases de projeto: estudos de inventário ou plano diretor; estudos de viabilidade
técnica-econômica; projeto básico; estudos de impacto ambiental (estudo de viabilidade
ambiental); projeto executivo de construção e operação; planos de monitoramento e
manutenção; e plano de ação emergencial.
O Quadro 25 apresenta para cada fase importante de uma barragem, os diferentes
estudos que devem ser realizados no âmbito geológico-geotécnico que devem ser
contratados pelo empreendedor, estabelecendo seus objetivos, principais atividades e
investigações que devem ser executadas e o produtos a serem entregues pela equipe técnica
responsável.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas desde 1993 possui duas normas
técnicas específicas sobre barragens e pilhas de rejeitos e estéril de mineração, que em
2006, ambas as normas foram revisadas e atualizadas, sendo que a principal norma sobre
barragens de rejeito é NBR 13.028 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
estabelece critérios e procedimentos técnicos para elaboração e apresentação de barragens
para disposição de rejeitos, contenção de sedimentos e reservação de água, que visa
atender as condições de segurança, higiene, operacionalidade, economia, abandono e
minimização dos impactos ao meio ambiente, dentro dos padrões legais. O Quadro 26
relaciona o conteúdo para elaboração e apresentação de barragens de rejeito, conforme
determina a norma ABNT/NBR 13.028.

106
Quadro 25. Fases de estudo e projeto de uma barragem no âmbito geológico-geotécnico.
Fases de
Objetivos Atividades e Investigações Produtos
Estudo/Projetos
Desenvolvimento de estudos multidisciplinares no âmbito  Levantamentos dos dados geológicos e cartográficos existentes da área;  Relatório geológico-
regional, com objetivo de estabelecer alternativas de locais mais  Escolha da escala regional a ser usada na caracterização da geologia: 1:100.000 a 1:250.000 para geotécnico;
favoráveis de caráter topográfico, geológico e hidráulico para grandes bacias e 1:25.000 a 1:50.000 para pequenas bacias;  Mapa geológico regional;
implantação de barramentos e estruturas auxiliares, assim como  Fotointerpretação geológica da área dos possíveis eixos barráveis, reservatórios e seus entornos  Mapa fotogeológico da
avaliar as interferências técnicas e ambientais dos reservatórios a próximos, na escala 1:40.000 a 1:25.000 (aerofotos) e 1:100.000 (mapa resultante), considerando: área dos barramentos e
serem formados. No âmbito geológico-geotécnico os principais litologia e contatos, macroestruturas geológicas, grandes alinhamentos estruturais, evidências de reservatórios e contíguas;
objetivos são: processos geológicos (erosão, movimentos de massa, subsidência, etc), análise geomorfológica,
Inventário ou Plano  Selecionar os melhores locais barráveis em função em função aspectos hidrogeológicos, ocorrência de processos minerários, possíveis jazidas de solo e rocha para
Diretor da geologia e da topografia; obra e possíveis impactos criados nas áreas inundáveis;
 Caracterizar superficialmente os eixos barráveis selecionados  Controle de campo para caracterização geológica, com foco na área inundável e eixos barráveis,
sob o ponto de vista geológico e geotecnológico; incluindo descrição dos perfis de alteração solo/rocha, medição de estruturas geológicas, classificação
 Definir as macrocaracterísticas dos reservatórios formados em tacto-visual dos solos e rochas, evidências de salinização, presença de minas, garimpos, possíveis
cada eixo; jazidas e formas de uso da água subterrânea;
 Definir superficialmente as características dos materiais  Eventuais investigações preliminares para sondagens e geofísica.
naturais de construção.
Realização de estudos com objetivo de determinar, de forma mais Levantamentos dos dados geológicos e cartográficos existentes da área;  Relatório geológico-
detalhada, das características dos meios físico, social e Escolha das bases geológicas em: AI – área de influência (bacia hidrográfica) escala 1:100.000 a geotécnico;
econômico, como também de sua importância para as diversas 1:250.000; ADA – área diretamente afetada (bacia hidráulica), escala 1:50.000 a 1:100.000; AEB –  Mapa geológico regional
possibilidades de aproveitamento, visando análises técnico- área do eixo barrável, escala 1:50.000; da AI;
econômicas comparativas entre as alternativas, considerando: Fotointerpretação geológica da ADA, considerando litologia e contatos, macroestruturas geológicas,  Mapa fotogeológico da
 Caracterizar com mais detalhes algumas alternativas para acessos, atividades antrópicas, evidências de processos geológicos, presença de áreas cársticas, ADA;
barramento; ocorrência de processos minerários;  Mapa Geológico da AEB.
 Detalhar os problemas do reservatório, incluindo aspectos Levantamento de campo na área do reservatório (ADA) aferir os dados da fotointerpretação, incluindo:
ambientais preliminares; qualidade das águas e possibilidades de salinização, perfil de alteração das rochas, identificar
Viabilidade  Selecionar o melhor eixo barrável entre as alternativas processos geológicos, medir estruturas geológicas, verificar explorações minerárias e fontes de água e
priorizadas; levantar poços tubulares e seus usos;
 Caracterizar a viabilidade do eixo selecionado. Estudos nos eixos barráveis: a) mapeamento de detalhe (1:5.000), considerando: tipos de rochas e
solo/sedimentos e suas classificações geotécnicas, atitude das estruturas geológicas, processos
geológicos; b) levantamentos geofísicos (eletroressistividade ou sísmica de refração) para determinar
espessura de solos residuais e/ou aluviões e faturamento; c) abertura de poços e trincheiras; d)
sondagens rotativas com ensaios de perda d´água e, eventualmente à percussão;
Estudos para definir materiais de construção que podem ser usados na obra, considerando:
caracterização dos materiais de solo e rocha, realização de ensaios in situ e laboratoriais e cubagem
preliminar.

107
Quadro 25. Fases de estudo e projeto de uma barragem no âmbito geológico-geotécnico (continuação).
Fases de
Objetivos Atividades e Investigações Produtos
Estudo/Projetos
Desenvolvimento de estudos para detalhamento da concepção do  Levantamentos dos dados geológicos e cartográficos existentes da área;  Relatório geotécnico;
projeto, baseadas em investigações para dimensionamento de  Escolha das bases geológicas em: ADA – área diretamente afetada (bacia hidráulica), escala 1:20.000  Mapa geológico de
escavações e estruturas básicas, para a preparação de documentos a 1:50.000; AEB – área do eixo barrável, escala 1:500 a 1:2.000; detalhes do eixo barrável
que permitam estabelecer o cronograma de execução, definir os  Fotointerpretação na ADA, preferencialmente na escala 1:20.000, com detalhamentos geológicos com seções ilustrativas;
custos e contratar a execução do empreendimento, abrangendo: relevantes e de processos como erosão, assoreamento e instabilidade de taludes;  Mapa geológico de
 Detalhar os problemas geológicos e geotécnicos do eixo  Geologia de campo na ADA para aferir a fotointerpretação, coletar amostras para ensaios laboratoriais, detalhes de estruturas
barrável escolhido; locar eventuais áreas para prospecção geofísica e sondagens rotativas; auxiliares da obra;
 Detalhar os problemas do reservatório;  Fotointerpretação na área do eixo barrável, visando detalhar problemas identificados no estudo de  Mapa geológico de túneis
 Apresentar recomendações técnicas para os problemas viabilidade; e galerias.
caracterizados;  Levantamentos no eixo barrável, considerando mapeamentos localizados, levantamentos geofísicos
 Apresentar programas para minimizar os impactos decorrentes para extrapolar ou interpolar feições geológico-geotécnicas, abertura de poços e/ou trincheiras para
Projeto Básico da obra; coleta de amostras indeformadas, execução de sondagens rotativas e/ou a percussão para definir as
 Apresentar programas orientativos para a fase de construção. características geotecnológicas e hidrogeotécnicas no entorno das principais estruturas e ensaios in
situ de mecânica das rochas para determinar o estado de tensões do maciço rochoso, condições de
resistência ao cisalhamento, deformabilidade e reológicas.
 Estudo de materiais naturais de construção para caracterização in situ, coleta de materiais para ensaios
complementares laboratoriais, avaliação dos volumes de cada material.
 Elaboração de programas de obra: programas de tratamento das fundações; de instrumentação das
fundações e obras subterrânea; de escavações de obras superficiais com plano de fogo; de escavações
(plano de fogo) e contenções (escoramento) de obras subterrâneas; de monitoramento de encostas, do
maciço da barragem, das obras subterrâneas e da sismicidade natural e induzida; de aproveitamento
de materiais escavados;e planos de exploração de materiais construtivos, de depósito de estéreis e de
recuperação de áreas degradadas.
Realizar estudos dirigidos para o diagnóstico ambiental e  Diagnóstico ambiental das diferentes áreas de estudo propostas - áreas de estudo regional (AER) e  Elaborar relatório para
avaliação dos impactos previstos para os aspectos geológico- local (AEL): elaboração de mapeamento geológico, geomorfológico, pedológico e dos aquíferos da compor o Estudo de
geotécnicos nas diferentes áreas de influência indireta (AII), direta AER (escala de 1:100.000 a 1:50.000), incluindo indicação de possíveis áreas carstícas, depósitos Impacto Ambiental (EIA),
(AID) e diretamente afetada (ADA), incluindo a proposição das fossilíferos e processos minerários e jazidas em operação; e mapeamento geotécnico e de possíveis considerando o diagnóstico
respectivas de medidas mitigadores, de controle e/ou áreas de riscos e/ou vulnerabilidade geológico-geotécnica na AEL (escala 1:25.000 a 1:10.000). do meio físico, a avaliação
Estudo de Impacto compensatórias e os programas ambientais nas fases de  Avaliação de impactos: listagem, descrição, classificação e avaliação dos impactos relacionados aos de impactos, a proposição
Ambiental planejamento, instalação e operação do empreendimento. aspectos geológico-geotécnicos, para estabelecer as áreas de influência indireta (AII), direta (AID) e das medidas mitigadoras,
diretamente afetada (ADA) do empreendimento, a partir da abrangência dos impactos verificados e de de controle e/ou
cenários para todas as áreas de influência; compensatórias e os
 Proposição de medidas mitigadoras, de controle e/ou compensatórias e dos programas ambientais: programas ambientais para
definir para cada impacto uma medida mitigadora, de controle e/ou compensatórias para todos os os aspectos geológico-
impactos identificados; geotécnicos.

108
Quadro 25. Fases de estudo e projeto de uma barragem no âmbito geológico-geotécnico (continuação).
Fases de
Objetivos Atividades e Investigações Produtos
Estudo/Projetos
Detalhamento e refinamento do projeto básico das obras civis e  Levantamento planialtimétrico de detalhe do reservatório, eixo da barragem e áreas de apoio, incluindo Projeto Executivo da
dos equipamentos hidráulicos, elétricos e mecânicos, sendo o estaqueamento para execução da obra; Construção
atualizado e modificado conforme o avanço das obras, incluindo:  Bacia hidráulica: problema de erosão e instabilidade de encostas durante o desmatamento e detalhar Relatório de
 Identificar feições geológicas durante as escvações; feições geológicas passíveis de fugas do reservatório; Acompanhamento (as built)
 Modificar e/ou redirecionar as recomendações e programas do  Escavação das fundações da barragem e obras auxiliares: plano de rebaixamento do nível freático,
projeto básico e estudo de impacto ambiental em função dos mapeamento geológico das paredes de escavação e superfícies de concretagem, locação das
conhecimentos adquiridos durante a construção; sondagens e ensaios in situ complementares, acompanhamento dos serviços complementares, análise
 Apontar soluções imediatas para problemas surgidos durante a do material escavado visando o seu aproveitamento na obra;
construção.  Escavação de obras subterrâneas: ajustes no plano de desmonte elaborado no projeto básico;
mapeamento das paredes e tetos dos túneis e cavernas; recomendações para imediata contenção de
trechos instáveis; planejamento de ensaios in situ complementares e seus acompanhamento;
 Tratamento de fundações: ensaios de qualidade de caldas de injeção no laboratório e in situ; locação de
furos de sondagens com eventuais modificações; acompanhamento do tratamento definido;
Projeto Executivo
 Construção da barragem: verificar possíveis modificações na concepção da obra em função do máximo
de aproveitamento dos materiais escavados; acompanhar as condições de compactação e a instalação
de equipamentos para monitoramento; e indicar soluções para quaisquer problemas construtivos
relacionados a geologia;
 Obras auxiliares: recomendar modificações para os projetos auxiliares em função dos problemas
geotécnicos identificados; e acompanhar a construção das obras, apontando soluções imediatas para
os problemas surgidos;
 Materiais de construção: acompanhar as escavações com análise das heterogeneidades verificadas,
ensaiar todos os materiais, indicar a utilização dos materiais e recomendar novas jazidas em função de
eventuais modificações do projeto;
 Meio Ambiente: recomendar a localização dos depósitos de estéreis, orientar o tratamento das pilhas
de estéreis e a recuperação das áreas degradadas

Estudos e serviços de acompanhamento do enchimento do  Reservatório: observar evidências de erosão e/ou instabilidade de encostas; verificar formação de  Relatórios mensais,
reservatório e da operação do empreendimento, considerando: surgências no lado oposto do divisor de águas que representar fugas do reservatório; proceder leituras trimestrais e anuais com os
 Analisar o comportamento da obra diante o enchimento do de piezômetros instalados em encostas instáveis; verificar a ocorrência de sismos nas proximidades dados obtidos e
reservatório e das variações de fluxos anuais; do reservatório; observar eventual uso impróprio das encostas que possa propiciar a contaminação das identificando
 Observar o comportamento das encostas desmatadas ao longo águas do reservatório e das águas do reservatório; conformidades e não
do reservatório;  Barragem e obras auxiliares: fazer medições periódicas de toda a instrumentação instalada; observar o conformidades, inclusive
Plano de Operação
 Possibilitar a tomada de decisão rápida no caso de eminente aparecimento de trincas ao longo do maciço; verificar se a água de percolação pela barragem ou pelas com as soluções propostas.
acidente com algum componente do sistema; fundações não está carreando material argiloso; observar o surgimento de trincas em estruturas de
 Realizar monitoramento e acompanhamento das condições do concreto; verificar o eventual desplacamento das lajes de concreto do vertedouro; observar se as
maciço e do reservatório em termos de estabilidade e presença de águas efluentes não estão provocando erosões que comprometam qualquer parte da obra; analisar
processos geológico. periodicamente o comportamento das obras subterrâneas; e verificar a eficácia do tratamento de
recuperação das áreas degradadas pela construção, em função da reconstituição da flora e fauna.
Fonte: organizado e adaptado de Cruz (1996); Marques Filho e Geraldo (1998); e Costa (2012)

109
Quadro 26. Síntese do conteúdo para elaboração de projetos de barragens de rejeito, conforme a norma ABNT/NBR 13.028.

Tópicos Conteúdo/Estudos
Apresentar a identificação do projeto e concessionária; as características gerais do empreendimento (localização e acesso, substância mineral explorada, método de
Informações Gerais do
lavra e beneficiamento, capacidade instalada, produção anual e vida útil; relação estéril/minério; recuperação na lavra e no beneficiamento; caracterização do estéril e
Empreendimento e
rejeito; estrutura de apoio); e a responsabilidade técnica.
Objetivo
Apresentar o objetivo do barramento, explicando o tipo de rejeito a ser disposto e as finalidades do barramento.
Características do Apresentar a localização geográfica e as características físicas e bióticas da bacia hidrográfica (clima e condições meteorológicas; geologia regional e local;
Barramento e Bacia geomorfologia e topografia; solos; hidrologia superficial; hidrogeologia; ecossistemas naturais; descrição de fauna e flora e as áreas de preservação permanente;
Hidrográfica enfatizar as áreas de comprometimento da cobertura vegetal e alternativas de refúgio faunístico;
Apresentar plantas topográficas da bacia hidrográfica e do local do barramento; fotointerpretação e reconhecimento geológico de campo (áreas do barramento, do
reservatório, e fontes de materiais de construção); investigações geológico-geotécnicas indiretas e diretas de campo executadas na fundação e fontes de materiais
naturais de construção (boletins das sondagens, com amarração planialtimétrica dos furos ou linhas de investigação indireta, a identificação da empresa executora dos
serviços, e os métodos utilizados); ensaios geotécnicos de campo e laboratório para caracterização da fundação e dos materiais naturais de construção (boletins
Dados e Investigações individuais dos ensaios, a identificação da empresa executora dos serviços e os métodos utilizados nos ensaios); ensaios de caracterização do rejeito, (análises
estatísticas ou boletins individuais de ensaios, a identificação das empresas executoras dos serviços e os métodos utilizados); registros de estações fluviométricas;
registros de estações fluviométricas; estudos de precipitação máxima provável (PMP); análises para caracterização da qualidade das águas subterrâneas e superficiais;
dados de engenharia de processo referente à produção de rejeito (volume de material por unidade de tempo, concentração de sólidos em peso e densidade da polpa,
caracterização físico-química e mineralógica da fração sólida e líquida).
Apresentar síntese dos estudos das alternativas consideradas para disposição dos rejeitos, devendo ser estudadas alternativas de utilização múltipla do reservatório,
Estudo de Alternativas local do barramento, tipo de barragem, etapas de construção e sistemas de lançamento do rejeito. Incluir as vantagens, desvantagens e impactos de cada alternativa e a
justificativa da opção pela solução selecionada.
Apresentar análises de consistência de dados fluviométricos (curvas chaves e fluviogramas característicos) e da consistência de dados pluviométricos e/ou
pluviográficos; definição de séries de precipitações mensais e diárias representativas da bacia hidrográfica; estabelecer uma série de vazões afluentes médias mensais
ao local do barramento; estudo de chuvas intensas ou determinação de Precipitações Máximas Prováveis (PMP) locais e comparação com os valores da PMP
regional, fixando os valores das precipitações de projeto dos órgãos extravasores e do desvio do curso d’água; cálculo dos hidrogramas das cheias de projeto;
Estudos Hidrológicos,
determinar a cheia de projeto, considerando os aspectos do volume de reservatório, altura de barragem e riscos a jusante; estudo de laminação e amortecimento da
Hidráulicos e
cheia de projeto no reservatório, fixando as dimensões básicas dos órgãos extravasores; cálculo da borda livre e fixação das cotas de coroamento das etapas de
Sedimentológicos
construção do maciço; estudos sedimentológicos do rejeito e dos sólidos provenientes de erosão a serem retidos, visando à estimativa do volume de assoreamento,
adensamento, classificação e qualidade efluente e previsão de vida útil do reservatório; estudo de regularização de vazões, balanço hídrico e sedimentológico do
reservatório, no caso de aproveitamento com múltiplas finalidades (retenção de sedimentos exógenos e rejeitos, controle de cheias, regularização fluvial para
abastecimento ou recirculação de água industrial).
Objetivam o conhecimento do aquífero local e as interferências a serem introduzidas pela obra projetada, incluindo: localização, natureza, geometria e estrutura
Estudos
geológica dos aquíferos locais e regionais; recarga, armazenamento, fluxo e descarga (natural e artificial); relações com águas superficiais e com outros aquíferos;
Hidrogeológicos
características físico-química e biológica da água subterrânea.

110
Quadro 26. Síntese do conteúdo para elaboração de projetos de barragens de rejeito, conforme a norma ABNT/NBR 13.028 (continuação).

Tópicos Conteúdo/Estudos
Executar para a fundação das obras componentes do barramento, materiais de construção naturais e o rejeito, incluindo mapeamentos de campo, programação e
execução de furos, ensaios de campo e laboratório e a interpretação dos resultados.
 Fundação: apresentar o mapeamento geológico-geotécnico, os furos (poços, trados e sondagens mecânicas) executados e seções geológico-geotécnicas; relatório
interpretativo das investigações com as características geológico-geotécnicas (permeabilidade, resistência e deformabilidade dos materiais de fundação para as
análises de percolação e estabilidade; avaliação das condições de estanqueidade e estabilidade das encostas do reservatório; no caso de rejeito tóxico e de
condições hidrogeológicas desfavoráveis, realizar ensaios especiais de percolação do fluido por amostras de fundação para avaliação do potencial de reação e
neutralização do solo com o fluido.
 Materiais de construção: para solo para maciço, apresentar: resultados das investigações executadas para caracterização tecnológica, delimitação e cubagem das
áreas de empréstimo; ensaios de campo (densidade e umidade “in situ” para avaliação do empolamento e em possíveis problemas construtivos na compactação
Estudos Geológico- do material); ensaios de laboratórios para caracterização do material (granulometria com sedimentação, limites de Atterberg e compactação Proctor Normal) e
Geotécnicos definição dos parâmetros geotécnicos (permeabilidade, adensamento, cisalhamento direto e ensaio triaxial); no caso de rejeito tóxico, devem ser apresentados,
caso julgados necessários, ensaios de permeabilidade entre o fluido e as amostras de solo compactado. Para areia de filtro, apresentar: cadastro dos locais de
extração de areia, ensaios de granulometria e permeabilidade (realizado preferencialmente com o próprio fluido de rejeito). Para agregado graúdo de filtro,
transição e rocha para enrocamento, apresentar: cadastro dos locais de obtenção e descrição geológico-geotécnica dos materiais, incluindo avaliação do potencial
e desagregação do material.
 Rejeito: apresentar ensaios de laboratórios para caracterização e determinação dos parâmetros geotécnicos da fração sólida do rejeito (granulometria com
sedimentação, densidade real dos grãos, limites de Atterberg, permeabilidade); ensaios para verificar o potencial de liquefação no material, no caso do
barramento estar sujeito a abalos sísmicos (natureza tectônica ou escavações a fogo próximas), e o maciço poder ser executado com ou sobre o rejeito; ensaios de
adensamento, caso os rejeitos possuam fração argilosa significativa; em função do porte e do tipo do barramento, recomendasse, execução de ensaios em escala
piloto e/ou em reservatórios com materiais semelhantes, para avaliação mais precisa das características do rejeito.
Apresentar as características do reservatório e das obras constantes do barramento, justificando a adoção dessas características, incluindo: elevação, comprimento e
largura da crista; altura máxima da barragem e seus alteamentos; tipo do maciço da barragem e/ou diques; drenagem interna e superficial; proteção dos taludes; tipos
Descrição do de extravasor, dimensões e elevação da soleira; capacidade e vida útil do reservatório; características funcionais e operacionais do sistema de disposição de rejeitos;
Barramento métodos e sequências construtivas.
No caso de rejeito tóxico, descrever: sistema de recirculação de água em circuito fechado; sistemas de tratamento do efluente; dispositivos de emergência na falha
eventual dos dois sistemas acima; sistemas de impermeabilização; sistemas de proteção da área (cercas, placas de aviso, etc.).
Sistema de Transporte Apresentar a descrição do sistema de transporte e lançamento de rejeito, tanto na sua parte inicial como na evolução do sistema durante a vida útil do barramento. As
e Lançamento de informações devem conter as características básicas deste sistema que possam influir no projeto e construção do barramento e operação do reservatório.
rejeito
Apresentar as análises e dimensionamento das obras componentes do barramento, compreendendo: projeto hidráulico do extravasor de cheias e da drenagem
Dimensionamento das superficial; projeto hidráulico dos dispositivos de desvio de cursos d’água durante ou após a implantação das obras; análise de percolação pela fundação e maciço, no
Obras Componentes do caso de rejeito tóxico e em função do tipo de fundação, verificar a eficiência de dispositivos adicionais de impermeabilização; dimensionamento do sistema de
Barramento drenagem interna; análise de estabilidade do conjunto maciço-fundação; dimensionamento estrutural das obras de concreto armado ou metálicas, componentes do
barramento; dimensionamento de outros dispositivos do barramento.

111
Quadro 26. Síntese do conteúdo para elaboração de projetos de barragens de rejeito, conforme a norma ABNT/NBR 13.028 (continuação).

Tópicos Conteúdo/Estudos
Apresentados os impactos ambientais nas fases de planejamento, implantação e operação, contemplando a possibilidade de não implantação e desativação do
empreendimento, identificando, descrevendo, classificando e avaliando os impactos sobre os meios físicos, biótico e socioeconômicos, nas áreas de influência do
Impacto ambiental
empreendimento. Apresentar para cada impacto as medidas mitigadoras, controle, minimizados e/ou compensatórias, incluindo os programas ambientais para cada
fase do empreendimento.
Apresentados o sistema de instrumentação previsto e o programa de monitoramento a ser implementado durante a vida útil do barramento, assim como uma descrição
das ações em situações de risco a segurança ou operacionalidade do barramento, incluindo: segurança estrutural do corpo do barramento; qualidade estrutural do
corpo do barramento; erosão e assoreamento; tempo de vida útil do reservatório; ecossistema aquático; segurança de terceiros (sistemas de sinalização, cerca e placas
de advertência, local proibido à navegação, pesca e lazer); contaminação de solos, de aquíferos e do ar. Descrever o tipo, quantidade e periodicidade dos ensaios e
Monitoramento leituras e a metodologia de coleta de amostras. Para cada instrumento a ser instalado (piezômetros, marcos superficiais, etc.) descrever o objetivo, informações e
justificativa.
Para ações de emergência apresentar: métodos emergenciais de rebaixamento do nível d’água do reservatório; mapas de inundação para condições catastróficas, no
caso de ruptura da barragem; métodos emergenciais para evitar ou minimizar a contaminação dos cursos d’água a jusante. Periodicamente elaborar laudo de inspeção
de barramento, contendo os dados básicos, observações, gráficos de acompanhamento das leituras dos instrumentos, diagnóstico do comportamento e recomendação.
Apresentar medidas a serem implementadas para a desativação do barramento, para permitir a existência segura e não poluente do barramento, sem necessidade de
manutenção, após a cessação da atividade de mineração na área, incluindo: revegetação dos taludes do barramento, implantação de dispositivos de drenagem
Medidas para superficial; no caso de rejeito contendo resíduos perigosos, a neutralização do fluido e recobrimento da praia com solo argiloso, colocação de cercas e avisos
desativação preventivos ao longo do reservatório para se evitarem acidentes com pessoas e animais de porte, conforme previsto na NBR 10157; construção de extravasor de
superfície livre, para vazão correspondente à EMP (Enchente Máxima
Provável); programa de cobertura vegetal sobre a praia de rejeitos, para minimizar a erosão pluvial e eólica
Cronograma de Apresentar o cronograma físico do empreendimento, constando as fases de implantação, operação e desativação do sistema. Para a fase de operação deve ser
empreendimento apresentada a previsão da produção mensal e acumulada de rejeito. No caso do barramento ser alterado por etapas, estas devem ser apresentadas.
Fonte: ABNT (1993a); ABNT (2006a).

112
3.3.3. Legislações e Normas Brasileiras sobre Segurança de Barragens
Considerando, os critérios de classificação de barragens quanto sua segurança e
riscos potenciais, um documento que foi modelo para elaboração das Resoluções CNRH
nos 143/2012 e 144/2012, no âmbito federal, e as Deliberações Normativas COPAM nos
62/2002, 87/2005 e 124/2008 e Portaria DAEE nº 3907/2015, no âmbito do Estado de
Minas Gerais e São Paulo, respectivamente, foi um manual orientativo denominado de
“Manual de Segurança e Inspeção de Barragens” elaborado pelo Departamento de Projeto
e Obras Hídricas (DPOH), do Ministério da Integração Nacional, que teve o objetivo de
definir parâmetros e um roteiro básico com procedimentos de segurança de barragens para
serem seguidos por proprietários em projetos, manutenção e monitoramento, possibilitando
a compatibilidade a finalidade social e de desenvolvimento do empreendimento com seu
estado de segurança. Esse manual teve como base o Guia Básico de Segurança de
Barragens, elaborado pelo Comitê Brasileiro de Grandes Barragens em 2001 (BRASIL,
2002).
O referido manual definiu uma classificação das barragens fundamentada
essencialmente à sua segurança estrutural, importância estratégica e riscos para populações
a jusante, hierarquizando-as de acordo com seu potencial de risco para que o governo
possa planejar alocação de recursos à manutenção de recursos (BRASIL, 2002). Contudo,
apesar dessa classificação apresentar informações importantes para a gestão de recursos
hídricos, o objetivo da classificação não está relacionado a esse aspecto, mas pode ser
adequado para ser usado no planejamento territorial não somente dos recursos hídricos,
mas da vulnerabilidade de bacias hidrográficas em relação a implantação de novas
barragens ou mesmo o risco de áreas urbanas e de novos empreendimentos situados a
jusante.
A classificação do potencial de risco é apresentada como uma matriz piloto, que foi
estabelecida no Estado do Ceará pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos –
COGERH para monitoramento de 116 barragens que estavam sob sua responsabilidade. A
matriz é composta por quatro atributos, que são os seguintes (BRASIL, 2002):
 Grau de Periculosidade (P): determinado pela somatória de pesos de cinco
parâmetros ou características técnicas do projeto da barragem (dimensão da
barragem, volume total do reservatório, tipo de barragem, tipo de fundação e vazão

113
do projeto), que são hierarquizados conforme o seu grau de perigo, conforme
apresentado no Quadro 27.
 Grau de Vulnerabilidade (V): determinado pela somatória de pesos de sete aspectos
relacionados ao estado atual da barragem, incluindo sua história, operacionalidade e
facilidade de manutenção de suas estruturas hidráulicas, como apresentado no
Quadro 28.
 Grau de Importância (I): determinado pela média de pesos de três parâmetros que
por seu vulto ou magnitude conferem o valor estratégico associável à barragem no
caso de eventual ruptura, considerando volume útil, população à jusante e custo da
barragem, como pode ser observado no Quadro 29.
 Potencial de Risco (PR): classificação de enquadramento da barragem associado ao
nível de risco à sua segurança, relacionado os graus de Periculosidade,
Vulnerabilidade e Importância para enquadrar a barragem em cinco classe de
potencial de risco, de acordo com o mostrado no Quadro 30.

O Manual de Segurança e Inspeção de Barragens é um avanço na classificação de


barragens, especialmente, em relação a periculosidade e vulnerabilidade, que apresentam
mais critérios do que legislações posteriores. Contudo, não considera a questão do Plano de
Segurança de Barragens que irá aparecer como critério fundamental nas legislações
seguintes.

114
Quadro 27. Critérios para determinação do Grau de Periculosidade (P).
Dimensão da Barragem Volume Total do Reservatório Tipo de Barragem Tipo de Fundação Vazão de Projeto
(a) (b) (c) (d) (e)
Altura ≤ 10m e
Pequeno < 20hm³ Concreto Rocha Decamilenar
Comprimento ≤ 200m
(Peso 3) (Peso 4) (Peso 1) (Peso 1)
(Peso 1)
10m < Altura < 20m e Alvenaria de pedra ou
Médio até 200hm³ Rocha Alterada Saprólito Milenar
Comprimento ≤ 200m concreto rolado
(Peso 5) (Peso 4) (Peso 2)
(Peso 3) (Peso 6)
20m ≤ Altura ≤ 50m ou Solo Residual ou Aluvião
Regular 200 a 800hm³ Terra ou Enrocamento 500 anos
Comprimento de 200m a 300m até 4m
(Peso 7) (Peso 8) (Peso 4)
(Peso 6) (Peso 5)
Altura > 50m e Aluvião arenoso espesso Inferior a 500 anos ou
Muito Grande > 800hm³ Terra
Comprimento > 500m ou solo orgânico Desconhecida
(Peso 10) (Peso 10)
(Peso 10) (Peso 10) (Peso 10)
P > 30: ELEVADO
20 < P ≤ 30: SIGNIFICATIVO
10 ≤ P ≤ 20: BAIXO a MODERADO

P=a+b+c+d+e
Nota: Se a vazão for desconhecida, deverá ser reavaliada, independentemente da pontuação
Fonte: BRASIL (2002)

115
Quadro 28. Critérios para determinação do Grau de Vulnerabilidade (V).
Confiabilidade das Deformações, Deterioração dos
Existência de
Tempo de Operação Estruturas Tomada de Água Percolação Afundamentos, Taludes ou
Projeto (as built)
(f) Vertedouras (i) (j) Sentamentos Paramentos
(g)
(h) (k) (l)
Existem: as built, Totalmente, controlada
Satisfatória, controle
> 30 anos projetos e avaliação Muito Satisfatória pelo sistema de Inexistente Inexistente
a montante
(Peso 0) de desempenho (Peso 2) drenagem (Peso 0) (Peso 1)
(Peso 1)
(Peso 1) (Peso 1)
Sinais de umedecimento
Existem Projetos e as Satisfatória, controle Pequenos abatimentos Falhas no rip-rap e na
de 10 a 30 anos Satisfatória nas áreas de jusante,
built a jusante da crista proteção de jusante
(Peso 1) (Peso 3) taludes ou ombreiras
(Peso 3) (Peso 2) (Peso 2) (Peso 3)
(Peso 4)
Zonas úmidas em Falha nas proteções,
taludes de jusante, Ondulações drenagens
de 5 a 10 anos Só projeto básico Suficiente Aceitável
ombreiras, área alagada pronunciadas, fissuras insuficientes e sulcos
(Peso 2) (Peso 5) (Peso 6) (Peso 3) a jusante devido ao fluxo nos taludes
(Peso 6)
(Peso 6) (Peso 7)
Depressão na crista, Depressão no rip-rap,
Surgência de águas em
afundamentos nos escorregamento,
< 5 anos Não existe projeto Não satisfatório Deficiente taludes, ombreiras e área
taludes ou na sulcos profundos de
(Peso 3) (Peso 7) (Peso 10) (Peso 5) de jusante
fundação/trincas erosão, vegetação
(Peso 10)
(Peso 10) (Peso 10)
V > 35: ELEVADA
20 ≤ V ≤ 35: MODERADA A ELEVADA
5 ≤ V ≤ 20: BAIXA a MODERADA
V < 5: MUITO BAIXA
V=f+g+h+i+j+k+l
Nota: Pontuação (10) em qualquer coluna implica intervenção na barragem, a ser definida com base em inspeção especial
Fonte: BRASIL (2002)

116
Quadro 29. Critérios para determinação do Grau de Importância (I).
Volume Útil do Reservatório
População Jusante Custo da Barragem
(população beneficiada) hm³
(n) (o)
(m)
Grande > 800 Grande Elevado
(Peso 2) (Peso 2,5) (Peso 1,5)
Médio 200 a 800 Média Médio
(Peso 1,5) (Peso 2,0) (Peso 1,2)
Baixo < 200 Pequena Pequeno
(Peso 1) (Peso 1,0) (Peso 1,0)

I = (m + n + o)/3
Fonte: BRASIL (2002)

Quadro 30. Critérios para classificação do Potencial de Risco (PR).


Classe Potencial de Risco (PR)
A > 65 (ou V = 10): ALTO
B 40 a 65: MÉDIO
C 25 a 39: NORMAL
D 15 a 24: BAIXO
E < 15: MUITO ALTO

PR = (P + V)/2I
Notas: 1. Barragens com PR acima de 65 devem ser reavaliadas por critérios de maior detalhe
2. Barragens incluías na Classe A exigem intervenção, a ser definida com base em inspeção especial
Fonte: BRASIL (2002)

117
Nesse contexto, foram feitas as legislações específicas sobre classificação e
segurança de barragens, nos âmbitos federal (Resoluções CNRH nos 143/2012 e 144/2012)
e estadual (Deliberações Normativas COPAM nos 62/2002, 87/2005 e 124/2008 e Portaria
DAEE nº 3907/2015), definindo procedimentos e critérios para diferentes tipos de
barragens, porte e localização. As Deliberações Normativas COPAM nos 62/2002, 87/2005
e 124/2008 são as legislações mais antigas no Brasil sobre segurança de barragens, sendo
servido também como base para as demais legislações, assim como Manual de Segurança e
Inspeção de Barragens (BRASIL, 2002) e o Guia Básico de Segurança de Barragens
(CBDB, 2001), conforme já descrito anteriormente. Essa sequência de deliberações
normativas do Estado de Minas Gerais na verdade são atualizações da DN no 62/2002.
Destaca-se Minas Gerais como exemplo mais avançado de normatização e
fiscalização, especialmente, pela série de Deliberações Normativas do Conselho de Política
Ambiental (COPAM) citadas que, após alguns acidentes com barragens de água, rejeitos e
resíduos industriais (barragem de rejeitos da Mineração Rio Verde – 2001; barragem de
Piau – 2002; barragem de rejeito da indústria de papel Rio Pomba-Cataguases – 2003; e
barragem da Mineração Rio Pomba – 2007), foram promulgadas para disciplinar a outorga
e licenciamento desses empreendimentos, incluindo a elaboração de estudos para
classificação do dano potencial e das ações emergenciais em caso de acidentes.
Em Minas Gerais, a Fundação Estadual de Minas Gerais (FEAM) é responsável
pela fiscalização das barragens de rejeito e resíduos industriais e pelo cadastramento desses
empreendimentos, sendo elaborados relatórios anuais da situação de cada barragem, por
meio de instrumentos de auditorias elaboradas e entregues pelos empreendedores. As
barragens de água em propriedades rurais são de responsabilidade do Instituto Mineiro de
Gestão das Águas (IGAM) e as deliberações normativas descritas a seguir não se aplicam
para pilhas de rejeitos de mineração e barragens de infraestrutura para fins de geração de
energia elétrica (usinas hidrelétricas) e para captação de água, sendo que o COPAM está
elaborando normativos específicos para esses tipos de empreendimentos.
Em termos gerais, as Deliberações Normativas COPAM nos 62/2002, 87/2005 e
124/2008 se baseiam na altura do maciço, no volume do reservatório, na ocupação
humana, no interesse ambiental e na presença de instalações da área jusante da barragem.
Um ponto a destacar é a inclusão de alguns requisitos mínimos a serem incluídos no
sistema de gestão das barragens nas fases de projeto, implantação, operação e
fechamento/desativação, que incluem conforme apresentado no Quadro 31. Ressalta-se,

118
ainda, que é estabelecido o proprietário como responsável total pela segurança das
barragens e reservatórios, bem como das consequências pelo seu mau funcionamento
(MINAS GERAIS, 2002; 2005; 2008).
A operacionalidade para cumprimento dessas deliberações normativas foi feita por
meio de cadastro e preenchimento de formulários junto COPAM feito pelo proprietário
para suas barragens. Nesse contexto, as barragens são classificadas em três categorias de
potencial de dano ambiental, a partir da somatória de valores de pesos considerando cinco
diferentes critérios, assim como a periodicidade da realização de auditorias, conforme
apresenta o Quadro 32.
A Deliberação Normativa COPAM nº 87/2005 apresenta um avanço nos critérios
para definição da área a jusante da barragem (AJ) que pode ter danos potenciais a jusante,
pois, define uma metodologia de cálculo dessa área a jusante, de acordo com o tipo de
barragem, como mostrado no Quadro 33. Ressalta-se que o empreendedor poderá, com
base em justificativas técnicas, solicitar revisão dos critérios de definição da área a jusante
da barragem definida na referida deliberação normativa, assim como não poderá se isentar
da responsabilidade de reparação dos danos ambientais decorrentes de acidentes, mesmo
que sejam atingidas áreas externas ao domínio definido pela área a jusante da respectiva
barragem (MINAS GERAIS, 2005).

Quadro 31. Requisitos mínimos nas fases de licenciamento de barragens em Minas Gerais.
Fase do Licenciamento
Requisitos / Conteúdo
Ambiental
Requerimento da Licença Projeto de concepção do sistema, incluindo a caracterização preliminar do
Prévia conteúdo a ser disposto
Projeto executivo da barragem, incluindo caracterização físicoquímica do
conteúdo a ser disposto, estudos geológico-geotécnicos da fundação, execução
de sondagens e outras investigações de campo, coleta de amostras e execução
de ensaios de laboratórios dos materiais de construção, estudos hidrológico-
hidráulicos e plano de instrumentação
Requerimento da Licença Manual de operação do sistema, incluindo procedimentos operacionais e de
de Instalação manutenção, frequência de monitoramento, níveis de alerta e emergência da
instrumentação instalada
Plano de desativação do sistema
Solicitação de outorga de direito de uso de água e de autorização de supressão
de vegetação, quando couber
Análise de performance do sistema e elaboração de plano de contingência, com
Requerimento da Licença informação às comunidades
de Operação Supervisão da construção da barragem e elaboração de relatórios as built (como
construído)
Anual (requisito para
renovação da Licença de Execução de auditoria periódica por profissional legalmente habilitado
Operação)
Fonte: adaptado de Minas Gerais (2002; 2005; 2008).

119
Quadro 32. Classificação das categorias de potencial de dano ambiental e a periodicidade
da realização de auditorias no Estado de Minas Gerais.
Somatório do V para Periodicidade da
Categoria
cada Critério Auditoria
Classe I Baixo potencial de dano ambiental V≤2 3 anos

Classe II Médio potencial de dano ambiental 2<V≤5 2 anos

Classe III Alto potencial de dano ambiental V>5 1 ano

Critérios e Valores de V
Altura da Volume do Ocupação Interesse
Instalações na
Barragem Reservatório Humana a Ambiental a
Área de Jusante 3
H (m) Vr (x 106 m³) Jusante 1 Jusante 2
H < 15 Vr < 0,5 Inexistente Pouco Significativo Inexistente
(V = 0) (V = 0) (V = 0) (V = 0) (V = 0)
15 ≤ H ≤ 30 0,5 ≤ Vr ≤ 5 Eventual Significativo Baixa Concentração
(V = 1) (V = 1) (V = 2) (V = 2) (V = 2)
H > 30 Vr > 5 Existente Elevado Alta Concentração
(V = 2) (V = 2) (V = 3) (V = 3) (V = 3)
Grande
- - - -
(V = 4)

1
Critérios da Ocupação humana a jusante da barragem, à época do cadastro:
 Inexistente: não existem habitações na área a jusante da barragem;
 Eventual: significa que não existem habitações na área a jusante da barragem, mas existe estrada vicinal ou
rodovia municipal ou estadual ou federal ou outro local e/ou empreendimento de permanência eventual de
pessoas (exemplo: indústria, mina operante, planta de beneficiamento, escritórios, etc.);
 Existente: significa que existem habitações na área a jusante, portanto, vidas humanas poderão ser
atingidas, sendo que a barragem armazena rejeitos ou resíduos sólidos classificados na Classe II B –
Inertes, segundo a NBR 10.004/2004 da ABNT;
 Grande: significa que existem habitações na área a jusante, portanto, vidas humanas poderão ser atingidas,
com o agravante de que a barragem armazena rejeitos ou resíduos sólidos classificados como Classe I –
Perigosos ou Classe II A Não Inertes, segundo a NBR 10.004/2004 da ABNT.

2
Critérios do Interesse ambiental da área a jusante da barragem:
 Pouco significativo: quando a área a jusante da barragem não representa área de interesse ambiental
relevante ou encontra-se totalmente descaracterizada de suas condições naturais;
 Significativo: quando a área a jusante da barragem apresenta interesse ambiental relevante.
 Elevado: quando a área a jusante da barragem apresenta interesse ambiental relevante e a barragem
armazena rejeitos ou resíduos sólidos classificados como Classe I - Perigosos ou Classe II - Não Inertes,
segundo a norma NBR 10.004 da ABNT, ou outra equivalente que vier sucedê-la.

3
Critérios das Instalações na área a jusante da barragem:
 Inexistente: quando não existem quaisquer instalações na área a jusante da barragem;
 Baixa concentração: quando existe pequena concentração de instalações residenciais, agrícolas,
industriais ou de infraestrutura de relevância sócio-econômico-cultural na área a jusante da barragem;
 Alta concentração: quando existe grande concentração de instalações residenciais, agrícolas, industriais
ou de infraestrutura de grande relevância sócio-econômico-cultural na área a jusante da barragem.
Fonte: adaptado de Minas Gerais (2005).

120
Quadro 33. Critérios e metodologia de cálculo para definição da área a jusante (AJ) de
acordo com o tipo de barragem.

Tipo de Barragem Critérios de Definição da Área Jusante da Barragem (AJ)

Barragens com reservatórios de água para A área a jusante da barragem deve ser definida por estudos
suprimento ou aproveitamento energético, hidrológicos, que devem ser elaborados por responsáveis
localizadas em empreendimentos técnicos devidamente identificados, com respectiva Anotação
industriais ou de mineração de Responsabilidade Técnica ART.

A área a jusante da barragem (AJ) é definida pela soma das


áreas laterais de dois prismas, pois, assimila-se a trajetória do
fluxo consequente a um evento de ruptura à um volume
desenhado pela massa em deslocamento em forma de dois
prismas sucessivos ao longo do vale, definidos da seguinte
Barragens de rejeitos ou resíduos Classe II
forma:
A – Não Inertes (NBR10.004/2004)
a) Primeiro prisma: a base é a maior seção transversal da
barragem e o topo é a seção de inundação do curso d’água na
distância D1;
b) Segundo prisma: a base é o topo do primeiro prisma e o
topo é seção de inundação do curso d’água na distância D2.
A área a jusante da barragem (AJ) é a soma das áreas laterais
de três primas, seguindo a mesma analogia anterior, os
prismas são sucessivos ao longo do vale e são definidos da
seguinte forma:
a) Primeiro prisma: a base é a maior seção transversal da
barragem e o topo é a seção de inundação do curso d’água na
distância D1;
Barragens de rejeitos ou resíduos Classe I
b) Segundo prisma: a base é o topo do primeiro prisma e o
– Perigosos (NBR10.004/2004)
topo é seção de inundação do curso d’água na distância D2.
c) Terceiro prisma: a base é o topo do segundo prisma e o topo
é seção de inundação do curso d’água na distância D3, medida
no local onde a diluição dos contaminantes alcance os níveis
considerados toleráveis pela OMS para as respectivas
substâncias.

Metodologia de Cálculo
A área a jusante da barragem (AJ) pode ser determinada aplicando-se:

AJ = área lateral dos prismas de alturas D1 + D2 + D3

D1 = (VR + VB) / ST1

D2 = (VR + VB) / ST2

D3 = distância para diluição aos níveis considerados toleráveis pela Organização Mundial de Saúde

Onde:
VR = Volume do reservatório (m3)
VB = Volume da barragem (m3)
ST1 = Área da maior seção transversal da barragem (m2)
ST2 = Área da seção transversal ao vale, na distância D1 (m2)
Fonte: adaptado de Minas Gerais (2005)

121
As Auditorias Técnicas de Segurança são outros avanços da legislação mineira, as
quais devem ser independentes, feitas por profissionais externos ao quadro de funcionários
da empresa, para garantir clareza e evitar conflito de interesses, e executadas por
especialistas em segurança de barragens. O Relatório de Auditoria Técnica de Segurança
de Barragem deve conter, no mínimo, o laudo técnico sobre a segurança da barragem, as
recomendações para melhorar a segurança da barragem, nome completo dos auditores,
com as respectivas titularidades e Anotações de Responsabilidade Técnica. No caso de
ocorrer qualquer imprevisto ou feita qualquer alteração no empreendimento, nova auditoria
deve ser imediatamente executada, mesmo que esteja fora do prazo de periodicidade de
elaboração da auditoria da barragem (MINAS GERAIS, 2005).
Posteriormente, após a promulgação da Lei Federal nº 12.334/2010, que define a
Política Nacional de Segurança de Barragens, várias novas legislações federais e estaduais
foram promulgadas sobre a segurança de barragens, destacando as duas resoluções editadas
pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, resoluções CNRH nos 143/2012 e 144/2012.
A Resolução CNRH no 143/2012 estabelece critérios gerais de classificação de
barragens, a ser feita pelos órgãos fiscalizadores específicos, considerando à categoria de
risco, o dano potencial associado e o volume do reservatório, separando os critérios para as
barragens de disposição de resíduos e rejeitos das de acumulação de água. Ressalta-se que
o órgão fiscalizador pode adotar critérios técnicos complementares, podendo reavaliar
todos os critérios, no máximo, a cada 5 anos. No caso de o empreendedor da barragem não
apresentar as informações sobre qualquer critério, deverá ser aplicado a pontuação máxima
para cada critério (BRASIL, 2012a).
O artigo 4o dessa resolução define, em relação à categoria de risco, que as barragens
são classificadas conforme os aspectos da própria barragem que possam influenciar na
possibilidade de ocorrência de acidente, considerando os critérios gerais do Quadro 34.
Para a classificação em relação ao dano potencial associado são definidos, no artigo
5o, os seguintes critérios, que devem ser avaliados considerando o uso e ocupação atual do
solo na época da classificação (BRASIL, 2012a): existência de população a jusante com
potencial de perda de vidas humanas; existência de unidades habitacionais ou
equipamentos urbanos ou comunitários; existência de infraestrutura ou serviços; existência
de equipamentos de serviços públicos essenciais; existência de áreas protegidas definidas
em legislação; natureza dos rejeitos ou resíduos armazenados; e, volume.

122
Por último, deve-se classificar a barragem considerando seu volume, conforme a
finalidade da barragem, conforme pode-se verificar no Quadro 35. A partir desse
entendimento inicial das categorias e critérios gerais, a Resolução CNRH no 143/2012
apresenta em seus anexos a forma de pontuação e cálculo da classificação da barragem,
separando entre as barragens de rejeito ou resíduos e as barragens de acumulação de água.

Quadro 34. Critérios gerais para classificação de barragens quanto à categoria de risco.

Aspectos da Barragem Critérios Gerais


a) altura do barramento;
b) comprimento do coroamento da barragem;
Características Técnicas c) tipo de barragem quanto ao material de construção;
(CT) d) tipo de fundação da barragem;
e) idade da barragem;
f) tempo de recorrência da vazão de projeto do vertedouro.
a) confiabilidade das estruturas extravasoras;
b) confiabilidade das estruturas de captação;
Estado de Conservação da
c) eclusa;
Barragem
d) percolação;
(EC)
e) deformações e recalques;
f) deterioração dos taludes.
a) existência de documentação de projeto;
b) estrutura organizacional e qualificação dos profissionais da equipe
Plano de Segurança da
técnica de segurança da barragem;
Barragem
c) procedimentos de inspeções de segurança e de monitoramento;
(PS)
d) regra operacional dos dispositivos de descarga da barragem; e
e) relatórios de inspeção de segurança com análise e interpretação.
Fonte: Brasil (2012a).

Quadro 35. Classificação de barragens conforme seu volume e finalidade.


Tipo de
Classificação Critério
Finalidade
Muito Pequena Reservatório com Volume Total ≤ 500 mil m³
Reservatório com
Barragens para Pequena
500 mil m³ < Volume Total ≤ 5 milhões m³
disposição de Reservatório com
rejeito mineral Média
5 milhões m³ < Volume Total ≤ 25 milhões m³
e/ou resíduo
Reservatório com
industrial Grande
25 milhões m³ < Volume Total ≤ 50 milhões m³
Muito Grande Reservatório com Volume Total > 50 milhões m³

Pequena Reservatório com Volume Total ≤ 5 milhões m³


Reservatório com
Barragens para Média
5 milhões m³ < Volume Total ≤ 75 milhões m³
acumulação de
Reservatório com
água Grande
75 milhões m³ < Volume Total ≤ 200 milhões m³
Muito Grande Reservatório com Volume Total > 200 milhões m³
Fonte: Brasil (2012a).

123
O Quadro 36 apresenta os critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as
características técnicas para as barragens de rejeitos ou resíduos, definindo somente três
critérios dentre os seis possíveis, desconsiderando tipo de barragem quanto ao material de
construção já que as barragens de rejeitos ou resíduos são construídas de terra e não com
concreto; o tipo de fundação e a idade da barragem. O Quadro 37 relacionado os critérios,
pesos e fórmula de cálculo relativos ao estado de conservação (EC) para barragens de
rejeitos ou resíduos e de acumulação de água. O Quadro 38 descreve os critérios, pesos e
fórmula de cálculo relativos ao plano de segurança (PS) para barragens de rejeitos ou
resíduos e de acumulação de água.
O Quadro 39 apresenta os critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao dano
potencial associado (DPA) para barragens de rejeitos ou resíduos. Ressalta-se que a
Resolução CNRH no 143/2012 não deixa claro como seria os critérios para a categoria do
dano potencial associado para barragens de acumulação de água, já que o único quadro
apresentado nos anexos sobre essa categoria traz os critérios de volume total do
reservatório e impacto ambiental específicos para as barragens de rejeitos ou resíduos,
sendo uma falha grave dessa resolução. O Quadro 40 descreve os critérios, pesos e
fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT) para barragens de acumulação
de água. Os Quadros 41 e 42 apresentam as classificações finais da categoria de risco e
dano potencial associado das barragens para disposição de rejeitos ou resíduos e das
barragens de acumulação de água, respectivamente.

Quadro 36. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT)
para as barragens de rejeitos ou resíduos.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS (BARRAGEM DE REJEITOS OU RESÍDUOS)
(CT)
Altura (a) Comprimento (b) Vazão de Projeto (c)
CMP (Cheia Máxima Provável)
Altura ≤ 15 m Comprimento ≤ 50 m
ou Decamilenar
(Peso 0) (Peso 0)
(Peso 0)
15 m < Altura < 30 m 50 m < Comprimento < 200 m Milenar
(Peso 1) (Peso 1) (Peso 2)
30 m ≤ Altura ≤ 60 m 200 m ≤ Comprimento ≤ 600 m TR = 500 anos
(Peso 4) (Peso 2) (Peso 5)
TR < 500 anos ou desconhecida
Altura > 60 m Comprimento > 600 m
ou estudo não confiável
(Peso 7) (Peso 3)
(Peso 10)
CT = a + b + c
Fonte: Brasil (2012a).

124
Quadro 37. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao estado de conservação (EC)
para barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO (EC)
Confiabilidade das Deformações e Deterioração dos
Percolação
Estruturas Extravasoras Recalques Taludes / Paramentos
(e)
(d) (f) (g)
Não existem
Estruturas civis bem
deformações e
mantidas e em operação Percolação totalmente
recalques com Não existe deterioração
normal /barragem sem controlada pelo sistema
potencial de de taludes e paramentos
necessidade de estruturas de drenagem
comprometimento da (Peso 0)
extravasoras (Peso 0)
segurança da estrutura
(Peso 0)
(Peso 0)
Umidade ou surgência
Existência de trincas e Falhas na proteção dos
Estruturas com problemas nas áreas de jusante,
abatimentos com taludes e paramentos,
identificados e medidas paramentos, taludes e
medidas corretivas em presença de vegetação
corretivas em implantação ombreiras estáveis e
implantação arbustiva
(Peso 3) monitorados
(Peso 2) (Peso 2)
(Peso 3)
Erosões superficiais,
Umidade ou surgência
Existência de trincas e ferragem exposta,
Estruturas com problemas nas áreas de jusante,
abatimentos sem presença de vegetação
identificados e sem paramentos, taludes ou
implantação das arbórea, sem
implantação das medidas ombreiras sem
medidas corretivas implantação das
corretivas necessárias implantação das medidas
necessárias medidas corretivas
(Peso 6) corretivas necessárias
(Peso 6) necessárias.
(Peso 6)
(Peso 6)
Surgência nas áreas de Depressões acentuadas
jusante com carreamento Existência de trincas, nos taludes,
Estruturas com problemas
de material ou com abatimentos ou escorregamentos,
identificados, com
vazão crescente ou escorregamentos, com sulcos profundos de
redução de capacidade
infiltração do material potencial de erosão, com potencial
vertente e sem medidas
contido, com potencial comprometimento da de comprometimento
corretivas
de comprometimento da segurança da estrutura da segurança da
(Peso 10)
segurança da estrutura (Peso 10) estrutura.
(Peso 10) (Peso 10)
EC = d + e + f + g
Fonte: Brasil (2012a).

125
Quadro 38. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao plano de segurança (PS) para
barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água.

PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM - PS


Estrutura Relatórios de
Organizacional e Manuais de Plano de Ação Inspeção e
Qualificação dos Procedimentos Emergencial – Monitoramento
Documento de
Profissionais na para Inspeções de PAE (quando da
Projeto
Equipe de Segurança e exigido pelo órgão Instrumentação e
(h)
Segurança da Monitoramento fiscalizador) de Análise de
Barragem (j) (k) Segurança
(i) (l)
Emite
Possui unidade regularmente
administrativa com Possui manuais de relatórios de
profissional procedimentos inspeção e
Projeto executivo e
técnico qualificado para inspeção, Possui PAE monitoramento
“como construído”
responsável pela monitoramento e (Peso 0) com base na
(Peso 0)
segurança da operação instrumentação e
barragem (Peso 0) de Análise de
(Peso 0) Segurança
(Peso 0)
Possui profissional
técnico qualificado Emite
Possui apenas
Projeto executivo (próprio ou Não possui PAE regularmente
manual de
ou “como contratado) (não é exigido pelo apenas relatórios
procedimentos de
construído” responsável pela órgão fiscalizador) de Análise de
monitoramento
(Peso 2) segurança da (Peso 2) Segurança
(Peso 2)
barragem (Peso 2)
(Peso 1)
Possui unidade
administrativa sem Emite
Possui apenas
profissional regularmente
manual de PAE em
Projeto básico técnico qualificado apenas relatórios
procedimentos de elaboração
(Peso 5) responsável pela de inspeção e
inspeção (Peso 4)
segurança da monitoramento
(Peso 4)
barragem (Peso 4)
(Peso 3)
Não possui
Não possui
unidade
manuais ou Não possui PAE Emite
administrativa e
procedimentos (quando for regularmente
Projeto conceitual responsável
formais para exigido pelo órgão apenas relatórios
(Peso 8) técnico qualificado
monitoramento e fiscalizador) de inspeção visual
pela segurança da
inspeções (Peso 8) (Peso 6)
barragem
(Peso 8)
(Peso 6)
Não emite
regularmente
Não há relatórios de
documentação de inspeção e
- - -
projeto monitoramento e
(Peso 10) de Análise de
Segurança
(Peso 8)
PS = h + i + j + k + l
Fonte: Brasil (2012a).

126
Quadro 39. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao dano potencial associado (DPA) para barragens de rejeitos ou resíduos.
DANO POTENCIAL ASSOCIADO – DPA (BARRAGEM DE REJEITO OU RESÍDUOS)
Volume Total do Reservatório Existência de população a jusante Impacto ambiental Impacto socioeconômico
(a) (b) (c) (d)
INSIGNIFICANTE
INEXISTENTE
(área afetada a jusante da barragem encontra-se totalmente INEXISTENTE
MUITO PEQUENA (não existem pessoas permanentes/residentes ou
descaracterizada de suas condições naturais e a estrutura (não existem quaisquer instalações na
Vol. Total ≤ 500 mil m³ temporárias/transitando na área afetada a
armazena apenas resíduos Classe II B - Inertes, segundo a NBR área afetada a jusante da barragem)
(Peso 1) jusante da barragem)
10.004 da ABNT) (Peso 0)
(Peso 0)
(Peso 0)
BAIXO
POUCO FREQUENTE POUCO SIGNIFICATIVO
(existe pequena concentração de
(não existem pessoas ocupando (área afetada a jusante da barragem não apresenta área de
PEQUENA instalações residenciais, agrícolas,
permanentemente a área afetada a jusante da interesse ambiental relevante ou áreas protegidas em legislação
500 mil m³ a 5 milhões m³ industriais ou de infraestrutura de
barragem, mas existe estrada vicinal de uso específica, excluídas APPs, e armazena apenas resíduos Classe
(Peso 2) relevância socioeconômico-cultural na
local) II B - Inertes, segundo a NBR 10.004 da ABNT )
área afetada a jusante da barragem)
(Peso 3) (Peso 2)
(Peso 1)
FREQUENTE
MÉDIO
(não existem pessoas ocupando SIGNIFICATIVO
(existe moderada concentração de
permanentemente a área afetada a jusante da (área afetada a jusante da barragem apresenta área de interesse
MÉDIA instalações residenciais, agrícolas,
barragem, mas existe rodovia municipal ou ambiental relevante ou áreas protegidas em legislação
5 milhões m³ a 25 milhões m³ industriais ou de infraestrutura de
estadual ou federal ou outro local e/ou específica, excluídas APPs,e armazena apenas resíduos Classe
(Peso 3) relevância socioeconômico-cultural na
empreendimento de permanência eventual de II B - Inertes , segundo a NBR 10.004 da ABNT)
área afetada a jusante da barragem)
pessoas que poderão ser atingidas) (Peso 6)
(Peso 3)
(Peso 5)
ALTO
EXISTENTE (existe alta concentração de instalações
MUITO SIGNIFICATIVO
GRANDE (existem pessoas ocupando permanentemente a residenciais, agrícolas, industriais ou de
(barragem armazena rejeitos ou resíduos sólidos classificados
25 milhões m³ a 50 milhões m³ área afetada a jusante da barragem, portanto, infraestrutura de relevância
na Classe II A - Não Inertes, segundo a NBR 10004 da ABNT)
(Peso 4) vidas humanas poderão ser atingidas) socioeconômico-cultural na área
(Peso 8)
(Peso 10) afetada a jusante da barragem)
(Peso 5)
MUITO SIGNIFICATIVO AGRAVADO
MUITO GRANDE
(barragem armazena rejeitos ou resíduos sólidos classificados
Vol. Total > 50 milhões m³ - -
na Classe I- Perigosos segundo a NBR 10004 da ABNT)
(Peso 5)
(Peso 10)
DPA = a + b + c + d
Fonte: Brasil (2012a).

127
Quadro 40. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT) para barragens de acumulação de água.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS – CT (BARRAGEM DE ACUMULAÇÃO DE ÁGUA)


Tipo de Barragem
Altura Comprimento Quanto ao Material de Tipo de Fundação Idade da Barragem Vazão de Projeto
(a) (b) Construção (d) (e) (f)
(c)
CMP (Cheia Máxima
Altura ≤ 15 m Comprimento ≤ 200 m Concreto convencional Rocha sã Entre 30 e 50 anos
Provável) ou Decamilenar
(Peso 0) (Peso 2) (Peso 1) (Peso 1) (Peso 1)
(Peso 3)
Alvenaria de pedra /
Rocha alterada dura com
15 m < Altura < 30 m Comprimento > 200 m concreto ciclópico / Entre 10 a 30 anos Milenar
tratamento
(Peso 1) (Peso 3) concreto rolado – CCR (Peso 2) (Peso 5)
(Peso 2)
(Peso 2)
Terra homogênea / Rocha alterada sem
30 m ≤ Altura ≤ 60 m enrocamento / terra tratamento / rocha alterada Entre 5 e 10 anos TR = 500 anos
-
(Peso 2) enrocamento fraturada com tratamento (Peso 3) (Peso 8)
(Peso 3) (Peso 3)
Menor de 5 anos ou maior TR < 500 anos ou
Rocha alterada mole /
Altura > 60 m de 50 anos ou sem Desconhecido / Estudo
- - saprolito / solo compacto
(Peso 3) informação não Confiável
(Peso 4)
(Peso 4) (Peso 10)
Solo residual / aluvião
- - - - -
(Peso 5)
CT = a + b + c + d + e + f
Fonte: Brasil (2012a).

128
Quadro 41. Classificação final da categoria de risco e dano potencial associado das
barragens para disposição de rejeitos ou resíduos.
CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS PARA DISPOSIÇÃO DE REJEITOS OU RESÍDUOS
CRI
Categoria de Risco
PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS
ALTO ≥ 60 ou EC* = 10
MÉDIO 35 < CRI < 60
BAIXO ≤ 35
Dano Potencial Associado DPA
ALTO ≥ 13
MÉDIO 7 < DPA < 13
BAIXO ≤ 13
(*) Pontuação (10) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica automaticamente
CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável da barragem.
Fonte: Brasil (2012a).

Quadro 42. Classificação final da categoria de risco e dano potencial associado das
barragens de acumulação de água.
CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS DE ACUMULAÇÃO DE ÁGUA
CRI
Categoria de Risco
PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS
ALTO ≥ 60 ou EC* = 8
MÉDIO 35 < CRI < 60
BAIXO ≤ 35
Dano Potencial Associado DPA
ALTO ≥ 16
MÉDIO 10 < DPA < 16
BAIXO ≤ 10
(*) Pontuação (maior ou igual a 8) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica
automaticamente CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável
da barragem.
Fonte: Brasil (2012a).

Já Resolução CNRH no 144/2012, elaborada conjuntamente com a Resolução


CNRH no 143/2012, sendo que ambas se complementam, estabelece diretrizes específicas
sobre o conteúdo e responsabilidades em relação a elaboração e gerenciamento o Plano de
Segurança da Barragem, do Relatório de Segurança de Barragens e do Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens – SNISB. O Quadro 43 apresenta os principais
instrumentos de gestão de segurança de barragens definidos pelo Conselho Nacional de
Recursos Hídricos.

129
Quadro 43. Principais instrumentos de gestão de segurança de barragens definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
Instrumento de
Conteúdo Mínimo / Objetivos Responsabilidades e Observações Gerais
Gestão
 Identificação do empreendedor e dados técnicos referentes à implantação do Sua elaboração de responsabilidade do empreendedor.
empreendimento, no caso de empreendimentos construídos após a promulgação da A periodicidade de atualização, o conteúdo mínimo e o nível de
Lei no 12.334/2010, do projeto como construído, bem como aqueles necessários detalhamento são estabelecidos pelo órgão fiscalizador, em
para a operação e manutenção da barragem; função da categoria de risco, do dano potencial associado e do
 Estrutura organizacional e qualificação técnica dos profissionais da equipe de seu volume, devendo ser atualizado em decorrência das
segurança da barragem; inspeções regulares e especiais e das revisões periódicas de
Plano de
 Manuais de procedimentos dos roteiros de inspeções de segurança e de segurança da barragem, incorporando suas exigências e
Segurança da recomendações.
monitoramento e relatórios de segurança da barragem e regra operacional dos
Barragem
dispositivos de descarga da barragem;
 Indicação da área do entorno das instalações e seus respectivos acessos, a serem
resguardados de quaisquer usos ou ocupações permanentes, exceto aqueles
indispensáveis à manutenção e à operação da barragem;
 Plano de Ação de Emergência - PAE, quando exigido;
 Relatórios das inspeções de segurança e revisões periódicas de segurança.
 Cadastros de barragens mantidos pelos órgãos fiscalizadores; A ANA é responsável pela coordenação da elaboração do
 Implementação da Política Nacional de Segurança de Barragens; Relatório de Segurança de Barragens e os órgãos fiscalizadores
 Relação das barragens que apresentem categoria de risco alto e as principais ações responsáveis pelas informações a serem enviadas, devendo
para melhoria da segurança de barragem implementadas pelos empreendedores; compreender o período entre 1o de outubro do ano anterior e 30
 Descrição dos principais acidentes e incidentes durante o período de competência de setembro do ano de referência do relatório.
Relatório de Os empreendedores terão prazo até 31 de outubro de cada ano
do relatório, bem como análise pelos empreendedores e órgão fiscalizador sobre as
Segurança de para enviar aos órgãos fiscalizadores as informações necessárias
causas, consequências e medidas adotadas;
Barragens para sua elaboração.
 Relação dos órgãos fiscalizadores que remeteram informações para a Agência
Nacional de Águas - ANA com a síntese das informações enviadas; e Cabe ao CNRH, anualmente, apreciar o Relatório de Segurança
 Recursos dos orçamentos fiscais da União e dos Estados previstos e aplicados de Barragens, fazendo, se necessário, recomendações para
durante o período de competência do relatório em ações para a segurança de melhoria da segurança das obras, e encaminhá-lo ao Congresso
barragens. Nacional até 20 de setembro de cada ano

130
Quadro 43. Principais instrumentos de gestão de segurança de barragens definidos pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (continuação).
Instrumento de
Conteúdo Mínimo / Objetivos Responsabilidades e Observações Gerais
Gestão
 Banco de dados com o objetivo de coletar, armazenar, tratar, gerir e disponibilizar São responsáveis diretos pelas informações do SNISB:
para a sociedade as informações relacionadas à segurança de barragens em todo o - ANA (gestora e fiscalizadora): desenvolver plataforma
território nacional; e, informatizada para sistema de coleta, tratamento,
 Integração com o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente- armazenamento e recuperação de informações, devendo
SINIMA; o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa contemplar barragens em construção, em operação e
Ambiental; o Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras desativadas; estabelecer mecanismos e coordenar a troca de
ou Utilizadoras de Recursos Ambientais; o Sistema Nacional de Informações sobre informações com os demais órgãos fiscalizadores; definir as
Recursos Hídricos-SNIRH; e demais sistemas relacionados com segurança de informações que deverão compor o SNISB em articulação com
barragens. os demais órgãos fiscalizadores; e disponibilizar o acesso a
Sistema Nacional dados e informações para a sociedade por meio da Rede
de Informações Mundial de Computadores.
sobre Segurança - Órgãos fiscalizadores: manter cadastro atualizado das
de Barragens – barragens sob sua jurisdição; disponibilizar permanentemente o
SNISB cadastro e demais informações sobre as barragens sob sua
jurisdição e em formato que permita sua integração ao SNISB,
em prazo a ser definido pela ANA em articulação com os órgãos
fiscalizadores; manter atualizada no SNISB a classificação das
barragens sob sua jurisdição por categoria de risco, por dano
potencial associado e pelo seu volume.
- Empreendedor: manter atualizadas as informações cadastrais
relativas às suas barragens junto ao respectivo órgão
fiscalizador; articular-se com o órgão fiscalizador, com intuito
de permitir um adequado fluxo de informações.

Fonte: adaptado de Brasil (2012b).

131
Já as Portarias do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) nºs
416/2012 e 526/2013 seguem esses mesmos moldes de classificação do Conselho Nacional
de Recursos Hídricos e do Conselho Estadual de Política Ambiental do Estado de Minas
Gerais, com o cadastro e elaboração de projetos e documentos relativos a segurança de
barragens de mineração, incluindo aqui não somente as barragens de rejeito, mas também
as de acumulação de água e geração de energia elétrica. O cadastro é exigência para
qualquer tipo de barragens, mas os demais instrumentos de gestão são somente para os
empreendimentos que estão em pelo menos uma das seguintes condições: altura do
maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista, maior ou igual a 15m (quinze
metros); capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000m³ (três milhões de
metros cúbicos); reservatório que contenha resíduos perigosos conforme normas técnicas
aplicáveis; e categoria de dano potencial associado, médio ou alto (DNPM, 2012; 2013).
O cadastro está diretamente ligado ao Relatório Anual de Lavra (RAL) entregue
anualmente, em março, pelos titulares de registro de licença, lavra garimpeira e de extração
e de portarias de lavra. Agora para as barragens que se enquadram nas condições citadas
anteriormente são exigidos os seguintes instrumentos de gestão: classificação do
empreendimento quanto ao risco e dano potencial (que será revisada pelo DNPM a cada 5
menos ou menor período, conforme a situação); plano de segurança da barragem; revisão
periódica do plano de segurança (que varia de 5 a 10 anos conforme a classificação da
barragem); inspeções de segurança regular de rotina (quinzenalmente ou em período
menor), anual (elaborada até 20 de setembro emitindo conjuntamente a Declaração de
Estabilidade da Barragem e apresentado extrato juntamente com o RAL) e inspeções
especiais quando constatadas anomalias na barragem; e o Plano de Ação de Emergência
(PAE). Para classificação das barragens de mineração deve-se seguir a matriz apresentada
no Quadro 44. Ressalta-se a determinação que todas as novas barragens implantadas após
a publicação da Portaria DNPM nº 416/2012 devem ser conter o projeto “as built” - como
construído (DNPM, 2012).
A referida portaria define, ainda, a estrutura e os conteúdos mínimos do Plano de
Segurança da Barragem, conforme pode ser observado no Quadro 45, destacando que a
regulamentação do Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM)
é estabelecida pela Portaria DNPM nº 526/2013.

132
Quadro 44. Matriz para classificação de barragens de mineração conforme sua categoria
de risco e dano potencial associado.
Matriz de Categoria de Risco e Dano Potencial Associado

Critérios Dano Potencial Associado

Categoria de Risco Alto Médio Baixo

Alto A B C

Médio B C D

Baixo C D E

Periodicidade Máxima da Revisão Periódica de Segurança de Barragem


 5 anos: Classes A e B;
 7 anos: Classe C;
 10 anos: Classes D e E; ou
 Sempre que houver modificações estruturais ou modificações na classificação dos rejeitos

Os critérios específicos e as fórmulas de cálculo para determinação da Categoria de Risco e do Dano


Potencial Associado seguem os procedimentos estabelecidos na Resolução CNRH no 143/2012 para
barragens de rejeitos e resíduos industriais e de mineração.
Fonte: adaptado de DNPM (2012).

133
Quadro 45. Estrutura e conteúdo mínimo do Plano de Segurança da Barragem para Mineração.

Estrutura Conteúdo Mínimo


Tomo I: informações 1. Identificação do Empreendedor; 2. Caracterização do empreendimento; 3. Características técnicas do Projeto e da Construção; 4. Indicação da
gerais e declaração de área do entorno das instalações e seus respectivos acessos a serem resguardados de quaisquer usos ou ocupações permanentes; 5. Estrutura
classificação da organizacional, contatos dos responsáveis e qualificação técnica dos profissionais da equipe de segurança da barragem; 6. Quando for o caso,
Volume I

barragem quanto ao indicação da entidade responsável pela regra operacional do reservatório; 7. Declaração da classificação da barragem quanto à categoria de risco
risco e dano potencial e dano potencial associado; 8. Processos DNPM associados à barragem.
associado
Tomo II: 1. Projetos (básico e/ou executivo), caso existam; 2. Projeto como construído (As built), caso exista; 3. Manuais dos Equipamentos, caso existam;
documentação técnica 4. Licenças ambientais, outorgas e demais requerimentos legais.
do empreendimento
1. Plano de operação, incluindo, mas não se limitando, à: regra operacional dos dispositivos de vertimento, caso existam; e procedimentos para
atendimento às regras operacionais definidas pelo Empreendedor ou por entidade responsável, quando for o caso. 2. Planejamento das
Volume II

manutenções; 3. Plano de monitoramento e instrumentação; 4. Planejamento das inspeções de segurança da barragem; e 5. Cronograma de testes
Planos e
de equipamentos hidráulicos, elétricos e mecânicos, caso existam.
procedimentos
obs: a) para barragens Classe D e E, somente o item 1 será obrigatório para o Volume II. b) a frequência mínima de inspeções de segurança
regulares de barragens é definida em regulamento específico emitido pelo DNPM e deverá estar contemplada no Plano de Segurança da
Barragem.
1. Registros de Operação; 2. Registros da Manutenção; 3. Registros de Monitoramento e Instrumentação; 4. Fichas e relatórios de Inspeções de
Volume

Segurança de Barragens; e 5. Registros dos testes de equipamentos hidráulicos, elétricos e mecânicos, caso existam.
III

Registro e Controles obs: O conteúdo mínimo e o nível de detalhamento dos relatórios de inspeções de segurança regulares de barragens são definidos em regulamento
específico emitido pelo DNPM e deverão estar contemplados no Plano de Segurança da Barragem.

134
Quadro 45. Estrutura e conteúdo mínimo do Plano de Segurança da Barragem para Mineração (continuação).

Estrutura Conteúdo Mínimo


1. Resultado de inspeção detalhada e adequada do local da barragem e de suas estruturas associadas; 2. Reavaliação do projeto existente, de
acordo com os critérios de projeto aplicáveis à época da revisão; 3. Reavaliação da categoria de risco e dano potencial associado; 4. Atualização
das séries e estudos hidrológicos e confrontação desses estudos com a capacidade dos dispositivos de vertimento existentes; 5. Reavaliação dos
procedimentos de operação, manutenção, testes, instrumentação e monitoramento; 6. Reavaliação do Plano de Ação de Emergência- PAE,
quando for o caso; 7. Revisão dos relatórios das revisões periódicas de segurança de barragem de anteriores; e 8. Relatório Final do estudo.
obs: 2. A reavaliação do projeto existente deve englobar, dentre os elementos dispostos abaixo, aqueles que possam ter sofrido alteração desde a
revisão periódica anterior, em virtude de alterações de critérios de projeto, de atualização de séries hidrológicas, do resultado da inspeção
Tomo I: Revisão
detalhada ou da ocorrência de eventos extremos: a) Registros de construção, para determinar se a barragem foi construída em conformidade com
Volume VI

periódica de
as hipóteses de projeto e verificar a adequabilidade da sua estrutura e dos materiais de fundação. b). Avaliação da estabilidade e adequação
segurança da
estrutural, resistência à percolação e erosão de todas as partes dos barramentos, incluindo-se suas fundações, bem como quaisquer barreiras
barragem
naturais sob condições de carregamentos, normais e extremos; c) Avaliação da capacidade de todos os canais e condutos hidráulicos para
descarregar seguramente as vazões de projeto e a adequação desses condutos hidráulicos para suportar a vazão afluente de projeto e de
esvaziamento do reservatório, caso necessário, em condições emergenciais; d) Verificação do projeto de todas as comportas, válvulas,
dispositivos de acionamento e controle de fluxo, incluindo-se os controles de fornecimento de energia ou de fluidos hidráulicos para assegurar a
operação segura e confiável; e) Avaliação do comportamento da barragem frente a eventos extremos (sismos e cheias), considerando os eventos
ocorridos a partir da construção da barragem; f) Verificação da adequação das instalações para enfrentar fenômenos especiais que afetem a
segurança, por exemplo, entulhos ou erosão, que podem ter sido insuficientemente avaliados na fase de projeto.
Tomo II: Resumo 1. Identificação da barragem e empreendedor; 2. Identificação do autor do trabalho; 3. Período de realização do trabalho; 4. Listagem dos estudos
Executivo realizados; 5. Conclusões; 6. Recomendações; e 7. Plano de ação de melhoria e cronograma de implantação das ações indicadas no trabalho.

135
Quadro 45. Estrutura e conteúdo mínimo do Plano de Segurança da Barragem para Mineração (continuação).

Estrutura Conteúdo Mínimo


1. Informações gerais da Barragem de Mineração (apresentação e objetivo do PAEBM, descrição, estruturas associadas e localização e acesso à
barragem, informações iguais às “Informações Gerais” do PSB). 2. Procedimentos preventivos e corretivos a serem adotados em situações de
emergência (descrição dos procedimentos preventivos e corretivos). 3. Detecção, avaliação e classificação das situações de emergência com
caracterização dos Níveis de Segurança e Risco de Ruptura da seguinte forma, com as ações esperadas para cada nível de segurança:
 Nível 1: detectada anomalia que resulte na pontuação máxima de 10 (dez) pontos em qualquer coluna do quadro de Estado de Conservação
referente à Categoria de Risco da Barragem de Mineração, de acordo com o Anexo I da Resolução CNRH Nº143, de 2012, e para qualquer
outra situação com potencial comprometimento de segurança da estrutura (situação adversa, ainda controlável pelo empreendedor;
segurança estrutura da barragem afetada, porém de maneira remediável; inspeção Especial foi acionada, estado de prontidão na barragem; e
fluxo de notificação interno).
 Nível 2: quando a classificação do resultado das ações adotadas na anomalia foi “não extinto”, de acordo com a definição do art. 31 inciso
X, da Portaria Nº 416, de 2012 (situação adversa não extinta ou não controlada; segurança estrutural barragem afetada; estado de alerta na
barragem; e fluxo de notificação interno e externo).
Volume V

Plano de Ação de
Emergência para  Nível 3 – situação de ruptura iminente ou ocorrendo (situação adversa inevitável ou estrutura em colapso; segurança estrutural barragem
Barragens de afetada de maneira severa e irreversível; acidente inevitável ou estrutura em colapso; estado de emergência na zona de auto-salvamento e
Mineração – PAEBM nas possíveis áreas impactadas a jusante; fluxo de notificação interno e externo).
4. Fluxograma e procedimentos de notificação e detalhamento do fluxograma de notificação, que deve incluir obrigatoriamente os organismos de
Defesa Civil dos estados e municípios abrangidos (Níveis de situação de emergência 2 e 3), Defesa Civil Nacional e o DNPM (todos os níveis de
situação de emergência). 5. Responsabilidades gerais do PAEBM (do empreendedor; do coordenador do PAE; da equipe de Segurança da
Barragem de Mineração; na notificação; na evacuação; e no encerramento e continuidade). 5. Análise do estudo de cenários compreendendo os
possíveis impactos a jusante resultante de uma hipotética ruptura de barragem, com seu associado mapa de cenários georreferenciado, com
detalhamento da área afetada a jusante e das possíveis consequências. 6. Anexos e Apêndices: registros dos treinamentos do PAE; meios e
recursos disponíveis para serem usados nas situações de emergência (materiais, equipamentos e ferramentas para estas situações sua existência,
localização e formas de obtenção); formulário de declaração de início da situação de emergência (quando de Nível 1, deverá ser acompanhado
pela cópia do Extrato de Inspeção de Segurança Regular da Barragem, que detectou a situação de emergência); Formulário de declaração de
encerramento da situação de emergência (quando de Nível 2, deverá ser acompanhado pela cópia do Extrato de Inspeção de Segurança Especial
de Barragem, que extinguiu ou controlou a anomalia); relatório de encerramento do evento de emergência; formulário de controle de atualização
do PAEBM; e relação das autoridades competentes que receberam o PAEBM e os respectivos protocolos
Fonte: DNPM (2012; 2013).

136
No Estado de São Paulo, recentemente foi promulgada, pelo Departamento de
Águas e Energia Elétrica (DAEE), a Portaria DAEE nº 3907/2015, que operacionaliza os
critérios e os procedimentos para a classificação, a implantação e a revisão periódica de
segurança de barragens de acumulação de água. Entretanto, destaca-se que essa portaria é
somente para alguns tipos de barragens, não sendo competência do DAEE a fiscalização da
segurança de barragens destinadas: ao aproveitamento e geração hidrelétrica; à disposição
final ou temporária de rejeitos minerários; e à acumulação de resíduos industriais.
Ressalta-se, ainda, que as barragens fiscalizadas pelo DAEE são as que apresentam,
pelo menos, uma das seguintes características: altura do maciço, contada do ponto mais
baixo da fundação à crista da barragem, maior ou igual a 15 metros (quinze metros);
capacidade total do reservatório, maior ou igual a 3x106 m³ (três milhões de metros
cúbicos); e categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos,
sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas. Ou seja, a maior parte das pequenas
barragens estão fora do âmbito de fiscalização do DAEE, considerando a questão de
segurança, ficando a cargo do bom senso dos proprietários e empreendedores manter seu
monitoramento e manutenção.
A Portaria DAEE nº 3907/2015 para a classificação das barragens de acumulação
de água é muito semelhante aos critérios e quadros definidos pela Resolução CNRH n o
143/2012, com pequenas modificações, considerando para o cálculo da categoria de risco
(CRI) as Características Técnicas (CT) das barragens, seu Estado de Conservação (EC) e o
Plano de Segurança de Barragens (PS) e critérios para determinação do Dano Potencial
Associado (DPA).
Os critérios para determinação das características técnicas (CT) são as mesmas
estabelecidas na Resolução CNRH no 143/2012 para barragens de acumulação de água, já
apresentadas no presente texto no Quadro 40. Para os outros critérios foram feitas
pequenas alterações, sendo que no Quadro 46 pode-se observar os critérios e pesos para o
Estado de Conservação (EC), no Quadro 47 para o Plano de Segurança de Barragens (PS),
o Quadro 48 para o Dano Potencial Associado (DPA) e o Quadro 49 a matriz de
Classificação de Categoria de Risco e Dano Potencial Associado, incluindo a periodicidade
máxima da revisão periódica de segurança.
Ressalta-se que serão classificadas como dano potencial associado baixo, as
barragens que: não se enquadrem nas características definidas no artigo 3º da DAEE nº
3907/2015; e não apresentem a jusante núcleos urbanos, empreendimentos ou áreas de

137
interesse ambiental relevantes, a uma distância de duas vezes o comprimento do
reservatório formado, desde que não se enquadrem nos incisos I e II do artigo 3º, da
referida Portaria, ou seja, desde que não tenham altura do maciço, contada do ponto mais
baixo da fundação à crista da barragem, maior ou igual a quinze metros e capacidade total
do reservatório, maior ou igual a três milhões de metros cúbicos. Para as barragens
classificadas na categoria de dano potencial associado baixo são dispensadas do Plano de
Segurança de Barragem. E o DAEE aplicará a pontuação máxima para os itens não
informados pelo empreendedor. (DAEE, 2015).

138
Quadro 46. Critérios e pesos para classificação do Estado de Conservação (EC).
Estado de Pontos
Condição
Conservação (EC) (Pesos)
Estruturas civis e hidroeletromecânicas em pleno funcionamento/canais de aproximação ou de restituição ou vertedouro (tipo soleira livre) desobstruídos 0
Estruturas civis e hidroeletromecânicas preparadas para a operação, mas sem fontes de suprimento de energia de emergência/canais ou vertedouro (tipo soleira livre) com erosões ou
ITEM 1 4
obstruções, porém sem riscos a estrutura vertente
Estruturas civis comprometidas ou dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados, com redução de capacidade de vazão e com medidas corretivas em implantação /
Confiabilidade das 7
canais ou vertedouro (tipo soleira livre) com erosões e/ou parcialmente obstruídos, com risco de comprometimento da estrutura vertente
estruturas
Estruturas civis comprometidas ou dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados, com redução de capacidade de vazão e sem medidas corretivas / canais ou
extravasoras 10
vertedouro (tipo soleira livre) obstruídos ou com estruturas danificadas
VALOR ITEM 1
ITEM 2 Estruturas civis e dispositivos hidroeletromecânicos em condições adequadas de manutenção e funcionamento 0
Estruturas civis comprometidas ou dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados, com redução de capacidade de vazão e com medidas corretivas em implantação 4
Confiabilidade das Estruturas civis comprometidas ou dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados, com redução de capacidade de vazão e sem medidas corretivas 6
estruturas de VALOR ITEM 2
adução
Percolação totalmente controlada pelo sistema de drenagem 0
ITEM 3 Umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes ou ombreiras estabilizadas e/ou monitoradas 3
Umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes ou ombreiras sem tratamento ou em fase de diagnóstico 5
Percolação Surgência nas áreas de jusante, taludes ou ombreiras com carreamento de material ou vazão crescente 8
VALOR ITEM 3
Inexistente 0
ITEM 4 Existência de trincas e abatimentos de pequena extensão e impacto nulo 1
Existência de trincas e abatimentos de impacto considerável gerando necessidade de estudos adicionais ou monitoramento 5
Deformações e
Existência de trincas, abatimentos ou escorregamentos expressivos, com potencial de comprometimento da segurança 8
recalques
VALOR ITEM 4
ITEM 5 Inexistente 0
Falhas na proteção dos taludes e paramentos, presença de arbustos de pequena extensão e impacto nulo 1
Deterioração dos Erosões superficiais, ferragem exposta, crescimento de vegetação generalizada, gerando necessidade de monitoramento ou atuação corretiva 5
taludes / Depressões acentuadas nos taludes, escorregamentos, sulcos profundos de erosão, com potencial de comprometimento da segurança 7
paramentos VALOR ITEM 5
Não possui eclusa 0
ITEM 6 Estruturas civis e hidroeletromecânicas bem mantidas e funcionando 1
Estruturas civis comprometidas ou dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados e com medidas corretivas em implantação 2
Eclusa Estruturas civis comprometidas ou dispositivos hidroeletromecânicos com problemas identificados e sem medidas corretivas 4
VALOR ITEM 6
EC = ∑ itens 1 a 6
Fonte: adaptado de DAEE (2015).

139
Quadro 47. Critérios e pesos para classificação do Plano de Segurança da Barragem (PS).
Pontos
Plano de Segurança da Barragem (PS) Condição
(Pesos)
Projeto executivo e “como construído” 0
Projeto executivo ou “como construído” 2
ITEM 1 Projeto básico 4
Existência de documentação de projeto Anteprojeto ou projeto conceitual 6
Inexiste documentação de projeto 8
VALOR ITEM 1
ITEM 2 Possui estrutura organizacional com técnico responsável pela segurança da barragem 0
Estrutura organizacional e qualificação Possui técnico responsável pela segurança da barragem 4
técnica dos profissionais da equipe de Não possui estrutura organizacional e responsável técnico pela segurança da barragem 8
segurança da barragem VALOR ITEM 2
Possui e aplica procedimentos de inspeção e monitoramento 0
ITEM 3 Possui e aplica apenas procedimentos de inspeção 3
Procedimentos de roteiros de inspeções de Possui e não aplica procedimentos de inspeção e monitoramento 5
segurança e de monitoramento Não possui e não aplica procedimentos para monitoramento e inspeções 6
VALOR ITEM 3
ITEM 4 Sim ou vertedouro tipo soleira livre 0
Regra operacional dos dispositivos de Não 6
descarga da barragem VALOR ITEM 4
Emite regularmente os relatórios 0
ITEM 5 Emite os relatórios sem periodicidade 3
Relatórios de inspeção de segurança com Não emite os relatórios
5
análise e interpretação
VALOR ITEM 5
EC = ∑ itens 1 a 5
Fonte: adaptado de DAEE (2015).

140
Quadro 48. Critérios e pesos para classificação do Dano Potencial Associado (DPA).
Pontos
Dano Potencial Associado (DPA) Condição
(Pesos)
Pequeno (VT ≤ 5 hm³) 1
ITEM 1 Médio (5 hm³ < VT ≤ 75 hm³) 2
Grande (75 hm³ < VT ≤ 200 hm³) 3
Volume total do reservatório (VT) Muito grande (VT > 200 hm³) 5
VALOR ITEM 1
Inexistente (Não existem pessoas permanentes / residentes ou temporários / transitando na área afetada a jusante
0
da barragem)
Pouco frequente (Não existem pessoas ocupando permanentemente a área afetada a jusante da barragem, mas
4
existe estrada vicinal de uso local)
ITEM 2 Frequente (Não existem pessoas ocupando permanentemente a área afetada a jusante da barragem, mas existe
rodovia municipal, estadual, federal ou outro local e/ou empreendimento de permanência eventual de pessoas 8
Potencial de perdas de vidas humanas que poderão ser atingidas)
Existente (Existem pessoas ocupando permanentemente a área afetada a jusante da barragem, portanto, vidas
12
humanas poderão ser atingidas)
VALOR ITEM 2
Significativo (Área afetada da barragem não representa área de interesse ambiental, áreas protegidas em
3
ITEM 3 legislação específica ou encontra-se totalmente descaracterizada de suas condições naturais)
Muito significativo (Área afetada da barragem apresenta interesse ambiental relevante ou protegida em
5
Impacto ambiental legislação específica)
VALOR ITEM 3
Inexistente (Não existe quaisquer instalações e serviços de navegação na área afetada por acidente da barragem) 0
ITEM 4 Baixo (Existe pequena concentração de instalações residências e comerciais, agrícolas, industriais ou de
4
infraestrutura na área afetada da barragem ou instalações portuárias ou serviço de navegação)
Impacto socioeconômico Alto (Existe grande concentração de instalações residenciais e comerciais, agrícolas, industriais, de infraestrutura
8
e serviços de lazer e turismo na área afetada da barragem ou instalações portuárias ou serviços de navegação)
VALOR ITEM 4
EC = ∑ itens 1 a 4
Fonte: adaptado de DAEE (2015).

141
Quadro 49. Matriz de Classificação de Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial
Associado (DPA), incluindo a periodicidade máxima da revisão periódica de segurança.

CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS DE ACUMULAÇÃO DE ÁGUA


CRI
Categoria de Risco
PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS
ALTO ≥ 60 ou EC* = 8

MÉDIO 35 < CRI < 60

BAIXO ≤ 35

Dano Potencial Associado DPA

ALTO ≥ 16

MÉDIO 10 < DPA < 16

BAIXO ≤ 10
(*) Pontuação (maior ou igual a 8) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica
automaticamente CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo
responsável da barragem.
Matriz de Classificação de Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial Associado (DPA)

Critérios Dano Potencial Associado

Categoria de Risco Alto Médio Baixo

Alto A A B

Médio B B C

Baixo C C D

Periodicidade Máxima da Revisão Periódica de Segurança de Barragem:


I – Classe A: a cada 4 anos;
II – Classe B: a cada 6 anos;
III – Classe C: a cada 8 anos;
IV – Classe D: a cada 10 anos.

Obs: Para novas barragens, a primeira Revisão Periódica deverá ser realizada após 1 ano da implantação
do empreendimento.
Fonte: adaptado de DAEE (2015).

Apesar das citadas legislações de classificação risco e dano potencial serem de


extrema importância e fundamentais para estabelecer a segurança de barragens e o risco
potencial a jusante, não consideram critérios localizados na bacia a montante, como, por
exemplo, a suscetibilidade de processos geológicos de dinâmica superficial, o uso e

142
ocupação do solo, a presença de outras barragens no mesmo curso d´água ou mesmo a
operação conjunta e integrada de várias barragens de um mesmo empreendimento.
Essa análise é fundamental ser realizada nas diferentes fases de elaboração de um
projeto de engenharia para barragens, considerando o detalhamento dos estudos e
levantamentos em cada fase, para conhecimento, cada vez maior, das características do
ambiente e dos potenciais elementos que podem gerar risco ao empreendimento, assim
como, as interferências, riscos e impactos que a implantação de uma nova barragem pode
ocasionar nos demais aspectos do ambiente nas diferentes áreas de influência,
principalmente, em toda a bacia hidrográfica de interesse.

3.4. MÉTODOS PARA MAPEAMENTO DA SUSCETIBILIDADE À PROCESSOS


A avaliação da suscetibilidade pressupõe a consideração de vários fatores que
condicionam a ocorrência dos processos geológicos considerados no estudo. No caso de
movimentos de massa, cada fator influência de maneira distinta na instabilização das
encostas, constituindo-se em um problema complexo, uma vez que o método da
combinação de mapas com base heurística prevê o cruzamento dessas variáveis. Outro
problema observado, é que existem diversas instituições e profissionais envolvidos na
análise dos movimentos de massa, cada qual com um diferente ponto de vista quanto à
importância relativa de cada fator, dificultando estabelecer um consenso (BRITO, 2014).
A análise multicriterial tem sido empregada para correlacionar diferentes atributos
ou fatores, em diversos estudos relacionados ao planejamento territorial e ambiental entre
eles: definição de áreas mais adequadas para instalação de empreendimentos, análise de
risco ambiental, análise de sensibilidade ambiental e planejamento de uso das terras
(SARTORI; POLONIO; ZIMBACK, 2014).
Nesse cenário, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) tornam-se uma
ferramenta extremamente útil, já que permite combinar dados espaciais de diversas fontes,
além de realizar uma série de operações analíticas a fim de resolver conflitos, elaborar
cenários e fornecer suporte às decisões tomadas (BONHAM-CARTER, 1996).
Muitas técnicas têm sido propostas para o mapeamento de suscetibilidade a
movimentos de massa, não existindo um método melhor ou mais adequado
(YESILNACAR e TOPAL, 2005). A escolha da metodologia irá depender da
disponibilidade, qualidade e precisão dos dados existentes, além da escala de mapeamento
e resultados esperados. De modo geral, os métodos de mapeamento podem ser divididos

143
em análises heurísticas, determinísticas e estatísticas (BARREDO et al, 2000). Os
principais tipos de análise e técnicas aplicadas no mapeamento de suscetibilidade, suas
principais características e escalas recomendadas são apresentados no Quadro 50.

Quadro 50. Principais tipos de análise aplicados ao mapeamento de áreas suscetíveis a


escorregamentos, suas respectivas características e escala mínima recomendada.
Escala mínima recomendada
Tipo de
Técnica Características Pequena Média Grande
Análise
1:100.000 1:25.000 1:10.000
Distribuição dos Análise da distribuição espacial dos
sima sim sim
deslizamentos deslizamentos
Inventário

Atividades dos Análise temporal das mudanças das


não sim sim
deslizamentos características do meio
Análise da densidade de deslizamentos
Densidade dos
em unidades de terreno ou a partir de sima não não
deslizamentos
isoietas
Análise Considera a opinião de especialistas de
sim simb simb
Heurística

geomorfológica campo
Considera a opinião de especialistas na
Combinação de
atribuição de pesos nas variáveis simc simb não
mapas
analisadas

Calcula a importância da contribuição


Estatística

Análise bivariada não sim nãod


dos fatores condicionantes

Calcula a equação de previsão a partir de


Análise multivariada não sim não
uma matriz de dados
Determinística

Análise baseada em modelos


Análise de fatores de
hidrológicos e de estabilidade de não não simd
segurança
encostas

a
somente com dados confiáveis de distribuição de cicatrizes de deslizamento
b
somente com suporte de outras técnicas quantitativas para obtenção de níveis de objetividade aceitáveis
c
somente se existe uma base de dados confiáveis dos fatores controladores dos escorregamentos
d
somente em condições de terreno homogêneas, considerando a variabilidade dos parâmetros geotécnicos
Fonte: adaptado de Soaters e Van Westen (1996).

Gusmão Filho, Alheiros e Melo (1992), em estudo da suscetibilidade a


escorregamento das encostas de Jaboatão dos Guararapes (PE), usaram a metodologia
conhecida de informação qualitativa, na qual os multicritérios foram avaliados conforme as
evidências obtidas de várias fontes de conhecimento e classificados com termos
linguísticos, em 5 graus de risco à escorregamentos: muito baixo, baixo, mediano, alto e
muito alto. Segundo CERRI et. al. (2007), mesmo reconhecendo as eventuais limitações,

144
imprecisões e incertezas inerentes à análise qualitativa de riscos, afirmam que os resultados
da aplicação dessa metodologia de mapeamento são decisivos para a eficiência e eficácia
de uma política de intervenções voltada à consolidação da ocupação. Já Raghuvanshi et al
(2014) realizaram a classificação de forma quantitativa, atribuindo pesos baseados na
influência de que cada fator tem para o processo de escorregamentos. Conferiram valores
de 0 a 2 às classes de fatores condicionantes, e, ao final somou as classes de cada área
obtendo cinco zonas de risco de escorregamentos, variando entre a zona de risco muito alto
com valor maior que 12, e a zona de risco muito baixa com valor menor que 2.
Listo (2011) em análise da suscetibilidade e do grau de risco a escorregamentos
rasos na Bacia do Alto Aricanduva, na região metropolitana de São Paulo, classificou cada
critério e integrou todos, classificando qualitativamente em 4 classes de risco a
escorregamentos (baixo, médio, alto e muito alto). Silva (2010) classificou
qualitativamente a suscetibilidade a escorregamento no município de Paraty (RJ) em três
graus baixa, média e alta, considerando a evolução do uso e cobertura do solo.
Os critérios também podem ser classificados de forma quantitativa, atribuindo
pesos baseados na influência para escorregamentos de cada fator (MARTINI et al, 2006;
SANTOS et al, 2007; FERREIRA et al, 2008; GÜNTHER et al, 2013; RAGHUVANSHI,
IBRAHIM e AYALEW, 2014). Martini et al (2006) atribuíram pesos a cada critério e
dentro de cada critério distribuiu em fatores atribuindo um score para cada fator. Os scores
mais altos foram associados aos fatores com menor risco de ocorrência de escorregamento,
e os scores mais baixos aos fatores com maior risco; sendo que na equação final a soma
dos scores era subtraída de 1, assim, quanto mais próxima de 1, maior é a suscetibilidade à
escorregamentos da área.
Taglani (2003), utilizou a análise de multicritérios em ambiente de SIG, tendo
como objetivo avaliar a vulnerabilidade de ambientes costeiros na região da Planície
Costeira do Rio Grande do Sul. Utilizou como critérios a declividade, a vegetação e
capacidade de uso do solo, os recursos hídricos e a idade dos terrenos. Já para a
ponderação dos critérios, foram empregados o método AHP e a combinação linear
ponderada. De acordo com o autor, essa metodologia integrada com o SIG, além de ser
flexível, permite a inclusão de dados complementares ou a reavaliação das informações
temáticas e critérios, sendo possível chegar a um consenso e a tomada de decisão.
Santos et al (2007), em estudo sobre a vulnerabilidade geoambiental do estado do
Paraná, atribuíram pesos para cada classe de fator, por exemplo, o fator declividade foi

145
dividido em cinco classes, cada uma com seu peso característico, variando de 1 (muito
baixa) a 5 (muito alta) o peso de vulnerabilidade. Günther et al (2013) atribuíram pesos
para os fatores, 0.64 para a declividade, 0.26 para a litologia e 0.10 para o uso do solo; e
pesos diferentes para as classes dentro de cada fator.
Machado (2011) utilizou o mesmo método de análise multicritério, atribuindo
pesos de influência para cada mapa inserido na análise, sendo a soma de todos os pesos de
100%. Chegou a conclusão que o mapa mais fiel à realidade foi aquele cujos pesos de
influência foram os mesmos para a declividade e para o uso e ocupação da terra, ambos
com 35%, somando 70% de influência, sendo que os 30% restantes foram distribuídos
igualmente entre os outros parâmetros: solo, geologia e geomorfologia.
Ferreira et al (2008) utilizaram metodologia semelhante aos autores citados
anteriormente, atribuindo diferentes pesos para os critérios usados (declividade, forma de
vertente e geologia) e chegaram à conclusão que os pesos que mais se adequaram a
realidade foram: 70% para declividade, 20% para forma de vertente e 10% para a geologia.
A compartimentação fisiográfica pode ser aplicada ao mapeamento geológico-
geotécnico de uma região e avaliar a suscetibilidade a ocorrência de processos de dinâmica
superficial. Rodrigues (2012), com uso das técnicas de compartimentação fisiográfica,
identificou os processos geológicos existentes na área, como cicatriz de escorregamentos,
erosão de solo e suscetibilidade a movimentos de massa. Oliveira (2004) destaca que o uso
da compartimentação fisiográfica se baseia na análise dos elementos componentes do meio
físico, em relação a sua natureza geológica, geomorfológica, pedológica e na identificação
das formas de ocorrência desses elementos, as quais dependem também do nível
taxonômico e/ou hierárquico considerado.
Esta técnica se baseia na compartimentação do terreno em áreas com
características fisiográficas homogêneas e distintas daquelas observadas em áreas
adjacentes, com a determinação de classes em escalas variáveis (ZAINE, 2011). As áreas
homogêneas são definidas em unidades, que são correlacionadas entre pelos elementos
naturais, constituintes do meio físico: solo, relevo, clima, recursos hídricos e substrato
rochoso (MARETTI, 1998).
Correa (2013) afirma que tal compartimentação pode ser efetuada em diferentes
escalas, sendo comum a denominação de classes de unidades fisiográficas que englobam
outras (em escalas maiores) ou por outras são englobadas (escalas menores).

146
Para Zaine (2011), a obtenção de informações geotécnicas de uma determinada
área pode ser feita a partir da interpretação de fotografias aéreas, efetuando-se correlações
entre as propriedades texturais da foto e propriedades e ou características de interesse
geotécnico. A obtenção de informações geotécnicas pode ser feita a partir da interpretação
de fotografias aéreas, efetuando-se correlações entre as propriedades texturais da foto e
propriedades e ou características de interesse geotécnico (RODRIGUES, 2012).
Correa (2013) desenvolveu um zoneamento ambiental pela compartimentação
fisiográfica, a partir da integração pelo método de sobreposição dos mapas de
compartimentação fisiográfica com os dados resultantes do mapeamento de uso e cobertura
da terra, esse mapeamento consistiu na divisão de unidades homogêneas conforme as
potencialidades e suscetibilidades do terreno para ocorrência de processos do meio físico
(como movimentos de massa, erosão e inundação).
Nesse contexto Aleotti e Chowdhuri (1999) enfatizam que a técnica de avaliação da
suscetibilidade a processos de dinâmica superficial deve ser selecionada em função da
escala de trabalho, levando em consideração da relação custo-benefício, como por
exemplo, na avaliação da suscetibilidade em áreas extensas pode basear-se tanto na análise
heurística ou estatística, em escalas médias. O resultado terá um caráter indicativo e pode
cooperar no planejamento urbano e regional. Quando se trata de áreas menores, o
mapeamento pode ser auxiliado por investigações geotécnicas utilizando abordagens
determinísticas, em escalas grandes, já que essas técnicas são mais adequadas para
situações específicas.
Para Van Westen, Abella e Kuriakose (2008), praticamente todas técnicas fazem
uso de ferramentas de geoprocessamento, independente da abordagem adotada. Elas são
utilizadas na coleta de dados com o GPS (Global Positioning System), no processamento
de imagens e na análise e espacialização desses dados em SIG (Sistema de Informação
Geográfica). Em alguns modelos heurísticos e determinísticos, a decisão é feita
praticamente toda em SIG, enquanto que nas análises geomorfológicas, o SIG serve
basicamente como ferramenta de desenho (ALEOTTI e CHOWDHURI, 1999).
É importante frisar que qualquer análise de suscetibilidade contém incerteza em
seus resultados, seja em função dos modelos utilizados, podendo ser muito simplificados
em relação à realidade, ou seja em função das variáveis selecionadas, que possuem uma
variabilidade intrínseca decorrente da heterogeneidade e anisotropia do meio que
descrevem (SAFAEI et al., 2012).

147
Contudo, são instrumentos de grande importância na tomada de decisão, pois
permitem simular e prever áreas potenciais, além de auxiliar na gestão de riscos. Sendo
assim, os principais métodos existentes para a avaliação da suscetibilidade serão descritos
a seguir, com o objetivo de fornecer uma visão geral de suas potencialidades e limitações.

3.4.1. Métodos com Base Heurística


Nos métodos com base heurística, a fundamentação é feita a partir do conhecimento
de especialistas, para que se possa avaliar diretamente a suscetibilidade ou para ponderar
os seus condicionantes. Eles podem ser divididos em análise geomorfológica e combinação
de mapas (FELL et al., 2008).
Na análise geomorfológica, a determinação do grau de suscetibilidade é feita
diretamente por especialistas, com base em experiências individuais e no raciocínio por
analogia (FELL et al., 2008). Os resultados são de difícil reprodução, pelo fato de as regras
de decisão serem implícitas e de dependerem de conhecimento tácito. Como consequência,
a atualização do mapeamento se torna mais difícil. A identificação dos setores de riscos é
feita com base na opinião da equipe durante a realização de trabalhos de campo, auxiliada
pela utilização de imagens de satélite, fotografias aéreas e aplicação de fichas. Cerri et al.
(2007) comentam que, apesar da subjetividade, esta técnica permite avaliar de forma rápida
e direta, a instabilidade, sendo decisiva na gestão de riscos e para a proposição de
intervenções de caráter geral.
Já na combinação de mapas, o conhecimento de especialistas é utilizado na
atribuição de valores a um conjunto de variáveis que predispõem o terreno à ocorrência de
movimentos de massa (MARCELINO, 2003). As regras de decisão adotadas são explícitas
e a possibilidade de reprodução dos resultados é alta. Em Yacin (2008) e Gemitzi et al.
(2011), ambos obtiveram resultados satisfatórios na aplicação da referida técnica ao
mapearem a suscetibilidade a escorregamentos, com uma concordância de 81,3% e 96,0%
respectivamente, entre os registros de ocorrência e os locais classificados como alta
suscetibilidade.
Os métodos heurísticos são de fácil aplicação além de permitirem uma avaliação
rápida da suscetibilidade. Esses tipos de métodos são aplicados, geralmente, em
mapeamentos com escalas pequenas e médias, tendo como objetivo estabelecer zonas de
maior suscetibilidade. A partir deles, é possível auxiliar no direcionamento dos mapas
quantitativos, otimizando os trabalhos de campo a serem executados (BRITO, 2014).

148
Na presente pesquisa será usada uma metodologia com base heurística,
fundamentada na compartimentação fisiográfica para avaliação das características
geológicas-geotécnicas da área de estudo e, posteriormente, uma abordagem multitemática
para avaliação da suscetibilidade aos processos de ondas de cheia, corridas de massa e
escorregamentos, a partir da combinação de atributos fisiográficos, morfométricos e de uso
e ocupação do solo.

3.4.2. Métodos com Base Determinística


Os métodos com base determinística levam em consideração os princípios da teoria
clássica de estabilidade de encostas e modelos matemáticos, como modelos hidrológicos,
métodos de equilíbrio limite e técnicas de elemento fino (FELL et al., 2008). Segundo
Barredo et al. (2000), esses métodos buscam reduzir a subjetividade, pela quantificação
dos graus de suscetibilidade em valores absolutos, por meio do cálculo do fator de
segurança da encosta.
Vários modelos deterministas têm sido propostos, sendo o SHALSTAB (SHALlow
STABility), o modelo que mais se destaca, o qual é baseado na combinação de um modelo
hidrológico e da equação de talude infinito (CASADEI et al., 2003). Em Guimarães et al.
(2003), o SHALSTAB foi utilizado para a realização do mapeamento da suscetibilidade a
escorregamentos rasos no maciço do Tijuca, Rio de Janeiro. Os resultados obtidos
demonstraram um excelente desempenho do modelo, sendo que quase a totalidade dos
escorregamentos pretéritos localizaram-se nas zonas de alta suscetibilidade.
Zaidan e Fernandes (2009) ressaltam que, apesar de seus benefícios, este modelo
não é adequado para áreas com baixa declividade, solos espessos, afloramentos rochosos e
áreas escarpadas. Sua aplicação é restrita a avaliação de escorregamentos translacionais
rasos, onde esteja bem definido o plano de transição entre solo e rocha (BRITO, 2014).
Mesmo sendo precisos, a aplicação de métodos determinísticos exige que se possua
uma ampla compreensão dos mecanismos de ruptura atuantes, além de uma vasta
quantidade de dados hidrogeológicos e geotécnicos. Sendo necessárias informações de
difícil obtenção para áreas extensas como geometria do plano de ruptura, espessura e
resistência ao cisalhamento do solo, entre outros. Portanto, os métodos determinísticos não
são recomendados para mapeamentos de suscetibilidade em escalas pequenas e médias.
Entretanto, eles são os mais adequados quando se trata de áreas pouco extensas ou para o
mapeamento de encostas específicas, com condições de terreno relativamente homogêneas

149
(SOETERS e VAN WESTEN, 1996; ALEOTTI e CHOWDHURY, 1999; AYALEW e
YAMAGISHI, 2005).

3.4.3. Métodos com Base Estatística


Os métodos com base estatística, se fundamentam no relacionamento existente
entre os fatores que condicionam a instabilidade e os movimentos de massa pretéritos. A
partir dessas relações, é determinado os graus de suscetibilidade para os locais onde não
existem registros de movimento de massa, ou seja, assume-se que as condições que
poderiam causar instabilidades no passado, correspondem às condições que poderão
desencadear futuros eventos (DAI e LEE, 2002; FEEL et al., 2008). Geralmente, os
métodos com base estatística são divididos em duas categorias, análise bivariada e análise
multivariada.
Na análise bivariada, é feita a combinação de cada fator predisponente com o mapa
de distribuição dos movimentos de massa, e pesos baseados na densidade de eventos são
calculados para cada fator. Para isso, é utilizado técnicas de inferência como a lógica fuzzy
e bayesiana (SOETERS e VAN WESTEN, 1996).
Na análise multivariada, é considerada para cada unidade amostral (pixel ou
polígono) a presença ou ausência de movimentos de massa, por meio de uma matriz de
dados que é exportada e analisada em um pacote estatístico, como a análise discriminante e
a regressão múltipla. Este é um método adequado para áreas não ocupadas, zonas
homogêneas e áreas com apenas um tipo de movimento de massa (SOETERS e VAN
WESTEN, 1996).
Os métodos estatísticos quando comparados com os métodos heurísticos, garantem
níveis superiores de reprodutibilidade dos dados, já que as regras de decisão são obtidas a
partir de análises estatísticas e não com base em especialistas (VAN WESTEN,
SEIJMONSBERGEN e MANTOVANI, 1999). Segundo Carrara et al. (1991), não é
possível afirmar que este tipo de análise é mais objetivo, visto que um elevado grau de
subjetividade é incorporado, tanto na coleta dos dados de entrada, bem como na seleção
dos fatores relevantes para a análise (DAI e LEE, 2002).
Dessa forma, quando se usa os métodos estatísticos, a confiabilidade de
mapeamentos depende diretamente da qualidade do mapa inventário e das variáveis
selecionadas (ERMINI, CATANI e CASAGLI, 2005).

150
4. MÉTODOS E ETAPAS DA PESQUISA

O presente capítulo apresenta os métodos e etapas utilizados durante o


desenvolvimento da pesquisa, considerando a proposta metodológica apresentada nessa
tese de livre docência.
É importante destacar que a pesquisa foi desenvolvida a partir de estudos e
resultados obtidos basicamente no âmbito de três projetos de pesquisa, dos quais o
pesquisador responsável pela presente tese foi coordenador principal e orientador de
discentes de iniciação científica, mestrado e doutorado, participando efetivamente da
elaboração de textos, levantamentos de dados em campo e escritório, analisando e
avaliando os resultados obtidos e revisando todos os textos.
Os projetos de pesquisa são os seguintes:
 Título do Projeto: “Metodologia para avaliação de áreas sujeitas à ocorrência de
ondas de cheia e corridas de massa/detritos: estudo piloto no duto OSBRA no
Estado de São Paulo”. Processo FUNDUNESP no 1954/2011-CCP, Termo de
Cooperação PETROBRAS 0050.0071345.119. Desenvolvido entre 2012 a 2014;
 Título do Projeto: “Avaliação da suscetibilidade à ocorrência de escorregamentos
nas encostas marginais de barragens de terra: estudo de caso na bacia hidrográfica
do rio das Araras”. Processo FAPESP no 2014/07189-4(bolsa de Iniciação
Científica). Desenvolvido entre 2014 a 2015; e,
 Título do Projeto: “Avaliação da suscetibilidade à ocorrência de escorregamentos
nas encostas marginais de barragens de terra: estudo de caso na bacia hidrográfica
do Ribeirão do Roque”. Processo FAPESP no 2014/19738-2 (bolsa de Iniciação
Científica). Desenvolvido entre 2014 a 2015.
Nesse contexto, foram desenvolvidas as seguintes etapas de pesquisa.

4.1. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO


Foi realizado um extenso levantamento bibliográfico para elaborar a
fundamentação teórica da pesquisa a partir dos seguintes temas:
a) Conceitos básicos relacionados:

151
 à barragens, seus tipos, estruturas e elementos com o objetivo de contextualizar
as principais definições estabelecidas por autores, normas técnicas e legislações
em geral;
 à definições sobre termos ligados a gestão de risco e desastre, incluindo evento,
ameaça, dano, suscetibilidade, vulnerabilidade, perigo, acidente e resiliência,
com a finalidade de estabelecer o entendimento mais adequado sobre o
conceito de vulnerabilidade a ser usado na pesquisa; e,
 à processos geológicos de dinâmica superficial que podem causar o
rompimento de barragens ou que são gerados em acidentes com barragens,
considerando ondas de cheia por chuvas excepcionais e movimentos de massa
(escorregamentos e corridas de massa), incluindo o próprio rompimento de
barragens, discutindo os principais atributos, variáveis e condicionantes
envolvidos.
b) Histórico de acidentes com barragens em outros países e no Brasil, apresentando e
discutindo os principais motivos desses acidentes, assim como o número de mortes
e prejuízos envolvidos;
c) Aspectos técnicos e legais relacionados à barragens, considerando a evolução das
legislações internacionais e das legislações e normas gerais brasileiras sobre
barragens e da segurança desses empreendimentos e das áreas a jusante,
abrangendo normas técnicas e legislações mais atuais no Brasil, elaboradas após a
sequência de acidentes das últimas décadas, principalmente, sobre projetos e
estudos de barragens e sua segurança em suas diferentes fases (planejamento,
instalação, operação, manutenção, monitoramento e/ou desativação), incluindo as
normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), do Comitê
Brasileiro de Barragens (CBDB) e as leis federais sobre outorga e segurança de
barragens e resoluções do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e as
portarias do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no âmbito
federal e a discussão sobre os normativos nos estados de Minas Gerais e São Paulo,
respectivamente, as deliberações normativas do Conselho Estadual de Política
Ambiental (COPAM) e a portaria do Departamento de Águas e Energia Elétrica
(DAEE);
d) Métodos de mapeamento da suscetibilidade à processos de dinâmica superficial,
focando os métodos empíricos, determinísticos e probabilísticos; e,

152
e) Características fisiográficas e de uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica do
Ribeirão do Roque, para servir de base para o desenvolvimento dos estudos de
mapeamento e levantamento de campo, focando a suscetibilidade desses atributos
em relação aos processos geológicos de dinâmica superficial, principalmente, ondas
de cheia e movimentos de massa.
As principais bases de dados utilizadas nesta etapa foram: Banco de dados
bibliográficos Athena (UNESP) – Acervo Geral; Biblioteca Digital de Teses e Dissertações
da UNESP = PARTHENON; e de outras instituições de pesquisa; Biblioteca Digital
Brasileira de Teses e Dissertações do Ministério da Ciência e Tecnologia; Portal de
periódicos da Capes; Scientific Electronic Library Online (Scielo); Science Classic;
Academic Search Premier; Academic Search Complete; GeoScienceWorld; Scopus; e
outra importante para a pesquisa bibliográfica.
Os materiais de interesse obtidos foram separados nos temas relacionados a este
projeto, de acordo com os títulos e resumos dos trabalhos, sendo organizados por meio de
uma ficha padronizada contendo a listagem dos trabalhos, os títulos, autores, dados
específicos (ano, número, série, volume), local de disponibilidade do trabalho (físico ou
eletrônico), e classificação do trabalho, com o objetivo de facilitar e organizar a análise da
bibliografia da pesquisa.

4.2. ORGANIZAÇÃO E GERENCIAMENTO DO BANCO DE DADOS


A base cartográfica utilizada da área de estudo, que abrange a bacia hidrográfica do
Ribeirão do Roque, inclui as seguintes cartas: Araras: Folha SF-23-Y-A-II-3; Leme: Folha
SF-23-Y-A-II-1; e Corumbataí: Folha SF-23-Y-A-I-2, na escala 1:50.000 e ano 1969 do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Toda a base cartográfica, as imagens aéreas e todos os dados obtidos ao longo dos
levantamentos e resultados foram gerenciados no software ArcGis® 10.1, a partir de
imagens aéreas mais recentes disponíveis pelo Google Pro, ArcGis, Landsat, assim como
outras imagens aéreas da área de estudo já disponíveis no Departamento de Geologia
Aplicada, do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP (DGA/IGCE/UNESP).
O banco de dados georreferenciados da pesquisa compreende a base cartográfica
com os mapas elaborados e os dados obtidos no levantamento de campo, considerando as
avaliações das condições da área de estudo em relação às barragens, caracterização

153
geológico-geotécnica e de feições de relevo, processos geológicos associados a
movimentos de massa e ondas de cheia, e o uso e ocupação do solo.
A escala para levantamento dos dados e elaboração dos mapas foi 1:50.000,
abrangendo a topografia; rede de drenagem; estradas, cidades; unidades de
compartimentação na escala de detalhe; barragens existentes; caracterização geológico-
geotécnica. O Quadro 51 sintetiza as etapas e fontes de dados para estruturação do banco
de dados desenvolvido ao longo da pesquisa.

Quadro 51. Etapas e fontes de dados para estruturação do banco de dados da pesquisa.

ETAPAS FONTE DE DADOS


1) Definição das variáveis usadas na pesquisa incluídas no
 Levantamento bibliográfico
banco de dados
 Equipe técnica do projeto responsável pelo banco
2) Elaboração da estrutura do banco de dados
de dados
3) Preparação da base cartográficas na escala 1:50.000  IBGE (1969)
 RESOURCESAT- resolução espacial 23 metros
4) Aquisição e Preparação das Imagens de Sensoriamento  Imagens áreas do Google Pro e ArcGis
Remoto  Fotografias aérea fornecidas pelo Instituto
Geológico
 Cartografia do projeto
5) Levantamento e inserção de dados secundários:
 Agência Nacional de Águas (ANA)
 Mapa Geológico na escala 1:50.000
 Departamento de Águas e Energia Elétrica
 Localização das barragens
(DAEE)
6) Levantamento e inserção de dados primários:
 Compartimentação fisiográfica da área de estudo
 Fotointepretação e análise de imagens
 Mapas de declividade, hipsométrico e perfil topográfico e
 Cartografia do projeto
geológico
 Avaliação das condições das barragens
 Definição das variáveis morfométricas e paramétricas
 Levantamento de campo
 Dados de campo, com padronização das fichas e planilhas
 Avaliação da situação das barragens na área de estudo
7) Avaliação da vulnerabilidade da bacia hidrográfica em
 Todos os resultados obtidos da pesquisa
relação ao potencial rompimento de barragens

4.3. COMPARTIMENTAÇÃO FISIOGRÁFICA


Para se conhecer a situação de toda a área da bacia hidrográfica estudada em
relação a suscetibilidade de ocorrência de processos de dinâmica superficial que podem
ocasionar problemas em barragens, inclusive seu rompimento, foi definida, inicialmente, o
desenvolvimento de uma etapa específica para levantar as características fisiográficas e de
uso e ocupação de solo, considerando atributos que possam contribuir para a dinâmica
desses processos.
Basicamente, existem duas abordagens gerais para mapeamento das características
geológico-geotécnicas de uma área, a abordagem da análise integrada (abordagem
sintética) e a da análise multitemática (abordagem analítica).

154
A abordagem da análise integrada fundamenta-se na identificação e análise das
feições de relevo, as quais são resultados dos processos naturais atuantes sobre a superfície
terrestre, integrando com atributos geológicos, pedológicos e características de
comportamento geotécnico. Já abordagem multitemática é bastante usada na cartografia
geotécnica, a partir da elaboração de vários mapas temáticos (substrato rochoso, formas de
relevo, materiais inconsolidados, declividade, etc.), que são posteriormente integrados para
a definição das zonas com as mesmas características geológico-geotécnicas, portanto, com
as mesmas potencialidades e limitações em relação a ocupação humana (ARAUJO et al.,
2000; BASTOS et al., 2004; MARQUES e ZUQUETE, 2004; PARIZI e DINIZ, 2004).
O Quadro 52 apresenta as principais características de ambas as análises, ou seja, a
Integrada (abordagem sintética) e a Multitemática (abordagem analítica).

Quadro 52. Principais características das abordagens sintética e analítica.


Abordagem Sintética ou Análise Abordagem Analítica ou Análise
Abordagem Integrada (Compartimentação Multitemática (Variáveis
Fisiográfica) Morfométricas)
 Baseia-se na identificação e análise das  Baseia-se no princípio de que a
feições de relevo (landforms), as quais paisagem é resultante dos múltiplos
são resultados dos processos naturais fatores que constituem o meio
atuantes sobre a superfície terrestre. ambiente.
 São obtidas unidades de terreno com base  Os produtos cartográficos são
na análise dos padrões fisiográficos do trabalhados separadamente para
relevo. posterior integração, de acordo com
 Uso de técnicas de fotointerpretação uma finalidade específica, podendo ter
aplicados em dados de sensoriamento pesos diferenciados ou não.
remoto.  Combinação de diversos temas por
 Identificação de áreas consideradas meio de mapas representativos dos
homogêneas, de acordo com a escala de diversos componentes do meio
trabalho e com o objetivo do ambiente.
Características
mapeamento.  A sobreposição desses mapas, sob
Principais
 O trabalho de campo é fundamental para determinados critérios, permite a
integração e ajustes dos dados obtidos. distinção de áreas mais adequadas
 Abordagem que é altamente dependente segundo uma finalidade.
da experiência do fotointerprete.  Dependência de SIG para realizar as
 Pode-se usar mapas básicos em escalas análises multitemáticas de forma ágil e
regionais, pois, as formas de relevo e precisa, com o uso de algoritmos
drenagem são analisadas diretamente na específicos para executar a combinação
imagem e associadas a propriedades do de dados de diversas fontes, tanto no
terreno, após calibração em campo. domínio vetorial quanto no matricial.
 Maior facilidade de trabalhar com  São necessários mapas temáticos na
diversas escalas, tanto regionais como de mesma escala para uso dessa
detalhe, pois, não dependem de mapas abordagem, dificultando a aplicação do
temáticos. estudo em diferentes escalas.
Fonte: Vedovello (1993, 2000); Brollo et al. (1998); Vedovello e Mattos (1998); Vedovello et al. (2002);
Lollo (1998); Zaine (2011); Araujo et al. (2000); Bastos et al. (2004); Marques e Zuquete (2004); Parizi e
Diniz (2004).

155
Nesse contexto, para a caracterização e análise da área de estudo com a finalidade
de estabelecer a suscetibilidade “natural” em relação à ocorrência de processos de
dinâmica superficial, associados a ondas de cheia e movimentos de massa
(escorregamentos e corridas de massa), foi estabelecida a utilização do método de análise
integrada (abordagem sintética) de determinação de unidades fisiográficas (VEDOVELLO,
1993, 2000; BROLLO et al., 1998; VEDOVELLO e MATTOS, 1998; VEDOVELLO et
al., 2002) ou na determinação das unidades de terreno (LOLLO, 1998).
No âmbito dos métodos de análise integrada para realização do mapeamento da
compartimentação fisiográfica nessa pesquisa foi escolhido o método proposto por Zaine
(2011) para caracterização geral da área de estudo, que consiste na delimitação de unidades
de terreno que refletem as diferentes características referentes ao relevo, solo, litologia e
estruturas geológicas, entre outros aspectos. De modo geral, a compartimentação
fisiográfica da área consiste na delimitação de Zonas Homólogas, que são unidades
fotointerpretativas, e apresentam semelhanças quanto seus elementos de drenagem e
relevo, bem como forma, densidade dos elementos de drenagem e relevo, amplitude,
declividade, forma das encostas/vertentes, formas de topo, entre outras.
O método de Zaine (2011) é fundamentado na análise integrada proposta por Soares
e Fiori (1976), seguindo as etapas de:
(i) fotoleitura: representa o reconhecimento, em imagens aéreas, dos elementos que
compõem a paisagem, considerando: bandas espectrais, resolução espacial e
espectral, entre outras características, com a extração de feições de paisagem
relacionadas ao relevo e a drenagens;
(ii) fotoanálise: são utilizados os quadros de análise elaborados por Zaine (2011) e
critérios analíticos complementares para a compartimentação, desenvolvidos por
IPT (1981b), delimitando preliminarmente a área em zonas homólogas, segundo a
distribuição dos elementos de drenagem e relevo, na qual são analisadas a forma e
estrutura dos elementos da paisagem, considerando aspectos como densidade dos
elementos de drenagem e relevo, amplitude, declividade, forma das
encostas/vertentes, formas de topo, etc; e,
(iii) fotointerpretação: é fundamentada na identificação dos alvos na superfície
terrestre e na caracterização das unidades compartimentadas pela função e relação
dos objetos presentes na imagem de satélite. Baseia-se na assimilação dos
resultados na fotoanálise, de forma a identificar o significado e função dos

156
resultados obtidos e relacioná-los com as características das unidades fisiográficas
delimitadas.
Zaine (2011) sugere que pela análise da densidade textural, segundo a observação e
classificação da densidade de drenagem e elementos texturais, possa se dividir as unidades
pela identificação e separação das litologias que apresentem diferentes comportamentos
quanto sua permeabilidade granular e o escoamento superficial de águas pluviais em
diferentes terrenos geológicos. Essa informação, em conjunto com a delimitação e traçado
de estruturas geológicas observadas nas imagens, auxilia na interpretação acerca da relação
entre os processos de escorregamentos e corridas de massa e as estruturas geológicas
presentes na área de estudo. A Figura 7 apresenta as fases de análise e interpretação
fotogeológica e seus respectivos produtos. E no Quadro 53 pode-se observar os critérios
de análise e interpretação fotogeológica para delimitação de unidades fisiográficas.

Figura 7. Fases de análise e interpretação fotogeológica e seus respectivos produtos.

Fonte: Zaine (2011).

157
Quadro 53. Critérios de análise e interpretação fotogeológica para delimitação de unidades
fisiográficas.

Fonte: Zaine (2011).

158
Quadro 53. Critérios de análise e interpretação fotogeológica para delimitação de unidades
fisiográficas (continuação).

Fonte: Zaine (2011).

159
Para análise e delimitação das unidades foram usados produtos complementares,
partir de análises das cartas de hipsometria e declividade, de forma a identificar conjuntos
de sistemas de relevo.
A partir da compartimentação fisiográfica prévia foram realizados levantamentos
de campo, de forma a conferir a homogeneidade, similaridade e limites das unidades. Os
pontos e caminhamentos foram selecionados com base na necessidade de se obter
informações de cada unidade compartimentada, considerando os materiais geológicos
expostos nos cortes das estradas percorridas e em afloramentos naturais, por meio do
registro em fichas descritivas contendo os seguintes itens: tipo de solo, relevo, material
rochoso, perfil de alteração e processos geológicos presentes, entre outros fatores.
Posteriormente, os dados coletados em campo foram integrados no mapa de
compartimentação fisiográfica e ao quadro descritivo das unidades para complementação
das informações.
Nesse contexto, foi elaborado o Mapa de Unidades Fisiográficas, na escala
1:50.000, abrangendo toda a bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque, no âmbito do
projeto de pesquisa Reis et al. (2014), que foi usado como base para a realização dos
estudos de suscetibilidade a ocorrência de processos de dinâmica superficial na área, assim
como da determinação da vulnerabilidade da bacia hidrográfica a rompimento de barragens
da presente pesquisa.

4.4. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS MORFOMÉTRICOS


COMPLEMENTARES
Como os atributos estabelecidos por Zaine (2011) são mais específicos para
processos de erosão linear e escorregamentos, foram determinados alguns atributos
complementares mais ligados aos condicionantes de processos de corridas de massa e
ondas de cheia, já que são processos mais influenciados pelas características intrínsecas da
bacia hidrográfica, que são: ordem hierárquica do canal principal; densidade de drenagem
(Dd), forma do canal principal (sinuosidade), forma da bacia (índice de circularidade) e
inclinação do canal principal (inclinação do talvegue). Para corridas de massa foi
determinado adicionalmente o índice de Melton.
Esses atributos morfométricos foram determinados para toda a bacia hidrográfica
do Ribeirão do Roque e em outras três sub bacias (ribeirões Descaroçador, do Arouca e do
Moquém), consideradas as mais importantes em termos de presença de barragens e

160
ocupação a jusante pela presença da área urbana do município de Santa Cruz da Conceição
e por elementos de infraestrutura relevantes da região, ou seja, a Rodovia Anhanguera (SP-
330) e a dutovia OSBRA (Oleoduto Paulínia a Brasília). Nesse sentido, foram
estabelecidas na pesquisa quatro sub-bacias, denominadas Descaroçador, Arouca, Moquém
e Baixo Roque, nas quais foram determinados os referidos parâmetros morfométricos. Os
mapas apresentados nos Apêndices 3 e 4 mostram a área de estudo com a bacia
hidrográfica do Ribeirão do Roque e as sub-bacias consideradas no estudo.
A partir das drenagens e das bacias extraídas da base cartográfica do IBGE, na
escala 1:50.000, foi possível calcular os parâmetros morfométricos selecionados para cada
sub-bacia, incluindo: a área e o perímetro da bacia hidrográfica; o comprimento e a
densidade da drenagem; o índice de circularidade; a amplitude altimétrica; a inclinação do
talvegue principal; a ordem hierárquica do canal principal; a forma do canal principal
(sinuosidade); e o índice de Melton adicionalmente para corridas de massa. Os
procedimentos para o cálculo desses parâmetros estão especificados nos itens que seguem:
a) Cálculo da área e do perímetro da bacia hidrográfica
As sub-bacias foram delimitadas manualmente no software “ArcGis” por meio de
digitalização em tela no formato vetorial, a seguir foram calculadas a área e o perímetro de
cada bacia. Para tanto, os seguintes passos foram realizados:
 Na tabela de atributos do shapefile “Open attribute table” criou-se um
campo “Add Field” com o nome “área” e outro com o nome “perímetro”,
ambos do tipo “double” ou “float”, pois tratam-se de valores do tipo
decimal;
 Sobre o campo área, clicou-se com o botão direito do mouse e selecionou-se
a opção “Calculate Geometry”. Em “Property” selecionou-se “area”
escolhendo-se a unidade de medida desejada (neste trabalho a área foi
calculada em km² e em m²);
 Sobre o campo perímetro, clicou-se com o botão direito do mouse e
selecionou-se a opção “Calculate Geometry”. Em “Property” selecionou-se
“perimeter” e escolheu-se a unidade de medida desejada (neste trabalho o
perímetro foi calculado em km e em m).
b) Cálculo do comprimento da drenagem
O comprimento das drenagens na área de cada bacia hidrográfica foi definido a
partir dos seguintes procedimentos:

161
1) Criação um campo na tabela de atributos da drenagem chamado “comprimento”
do tipo “float” ou “double”;
2) Para a seleção apenas das drenagens inseridas em cada bacia utilizou-se a
ferramenta “Select by Location” disponível no menu “Seletion”. No “Selection method”
escolher a opção “select features from”, no “target layer” ticar na opção do shape das
drenagens, no “source layer” escolher a bacia hidrográfica na qual se deseja calcular o
comprimento da drenagem e em “spatial selection method” escolher a opção “Target
layer(s) features contain the Source layer feature”;
3) Com as drenagens selecionadas, na tabela de atributos clicar com o botão direito
do mouse sobre o campo “comprimento” e selecionar o item “Calculate Geometry”. Em
“Property” selecionar “Length” e escolher a unidade de medida desejada (neste trabalho o
comprimento foi calculado em km e em m).
4) Para somar os valores de comprimento de todos os segmentos da drenagem da
bacia, basta clicar no modo da tabela de atributos em que só aparecem os itens
selecionados, “show selected records” e clicar com o botão direito do mouse sobre
“comprimento”, selecionar a opção “Statistics” e visualizar o resultado da soma em “Sum”.
c) Cálculo da densidade da drenagem
Conforme Christofoletti (1969), a densidade da drenagem correlaciona o
comprimento total dos canais ou rios com a área da bacia hidrográfica. Desta forma, para o
cálculo deste parâmetro bastou dividir o resultado obtido com o cálculo do comprimento
total dos canais da drenagem (em km) pelo resultado da área da bacia (em km²).
d) Cálculo do índice de circularidade
Para o cálculo do índice de circularidade, calcula-se a área e o perímetro de cada
bacia, e aplica-se a seguinte fórmula:
Ic = A/Ac
Onde:
A= área da bacia,
Ac= área de um círculo de perímetro igual a bacia.
e) Cálculo da amplitude altimétrica da bacia
Para a realização deste cálculo é necessária a utilização de imagens SRTM (com as
correções obtidas pela ferramenta “Fill”), conforme as etapas descritas a seguir:
1) Cálculo das estatísticas do relevo em relação a área das bacias;

162
 No “Arctoolbox” do “ArcMap” escolher a ferramenta “Spatial analyst tools”
→ “Zonal” → “Zonal Statistics as table”;
 Na caixa de diálogo dessa ferramenta, escolher o vetor da área das bacias
hidrográficas em “Input raster or feature zone data”, no campo “Zone Field”
escolher o “Nome”, em “Input value raster” escolher a imagem SRTM (ou
qualquer vetor com o valor de elevação do relevo) e em “Statistics Type”
escolher a opção “range”. Esse procedimento fará com que o software
calcule o valor da amplitude altimétrica para cada bacia.
2) Adicionar o campo “Range” na tabela de atributos
 Para adicionar os valores do campo “range”, equivalente à amplitude
altimétrica, na tabela de atributos, deve-se criar um novo campo na tabela de
atributos denominado “Amplitude”;
 No “Table Options” selecionar a opção “Joins and Relates” → “Join”;
 Escolher a opção “Join Attributes from a table”, em “1. Choose the field in
this layer that the join will be based on” escolher o item “nome”, em “2.
Choose the table to join to this layer, or load the table from disk” escolher a
tabela com os dados de “range”, equivalente à amplitude do relevo, e em
“Choose the field in the table to base to join on” escolher o campo “nome”.
 Após o processamento surgirá um novo campo na tabela de atributos das
bacias selecionadas. Para inserir os valores do campo “range” no campo
“Amplitude” basta clicar com o botão direito do mouse sobre “Amplitude”,
selecionar a opção “Field Calculator”, e adionar a fórmula
“Amplitude”=”range”.
 Clicar sobre “Table Options” da “Table” clicar sobre “Joins and Relates” →
“Remove Join(s)”, para que o campo “range” desapareça.
f) Cálculo da inclinação do talvegue principal de cada bacia
Para o cálculo da inclinação do talvegue foi realizada a medida da extensão do
canal principal do rio dividida pela diferença altimétrica entre sua nascente e foz, conforme
a fórmula:

It = L/Δa
Onde:
It= inclinação do talvegue,
L= extensão do rio principal,

163
Δa = amplitude altimétrica.
g) Ordem hierárquica do canal principal
A ordem hierárquica do canal principal foi determinada na pesquisa pelo método
Strahler, que considera os canais de primeira ordem como os canais sem tributários,
estendendo-se desde a nascente até sua confluência; os canais de segunda ordem são
formados pela confluência de dois canais de primeira ordem e só recebem afluentes de
primeira ordem; os canais de terceira ordem surgem da confluência de dois canais de
segunda ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeira ordem; os canais de
quarta ordem são formados pela confluência de dois canais de terceira ordem, podendo
receber tributários das ordens inferiores (CHRISTOFOLETTI, 1974).
Nesse contexto, os processos de ondas de cheia estão associados a canais de ordens
superiores, possibilitando uma maior vazão e energia potencial ao processo. Já as corridas
de massa estão associadas aos canais de ordens inferiores, mais próximas as áreas de
geração dos escorregamentos e das corridas.
h) Forma do canal principal (sinuosidade)
O índice de sinuosidade representa a relação entre o comprimento do canal e o
comprimento do eixo do vale, determinado pela distância axial medida ao longo da linha
interrompida, conforme Christofoletti (1974). As razões superiores a 1,5 são consideradas
como o ponto de partida para considerar os canais como meandros. Os canais retilíneos
possuem um maior potencial de velocidade e energia das águas e materiais transportados
no canal, portanto, mais propícios para geração de ondas de cheia e corridas de massa. Já
os rios meandrantes possibilitam maior deposição pela presença de obstáculos para o
desenvolvimento dos processos citados.
i) Índice de Melton (M)
O índice de Melton é um parâmetro morfométrico que tem por finalidade definir
áreas suscetíveis a processos de corridas de massa, incluindo fluxos em geral (enxurradas,
corridas de lama, terra ou detritos) e refere-se a relação entre amplitude e a raiz quadrada
da área da bacia, calculado como M = Amplitude / raiz quadrada da Área (MELTON,
1957; PATTON e BAKER, 1976; JACKSON, KOSTASCHUK e MACDONALD, 1987;
WILFORD et al, 2004).
Na pesquisa o índice de Melton (M) foi calculado para as corridas de massa
considerando sub-bacias com área de até 10 km², por meio da separação de todas as sub-
bacias existentes, menores que essa área, dentro das quatro sub-bacias selecionadas para

164
análise dos parâmetros morfométricos, de acordo com os critérios estabelecidos em Bitar
(2014).

4.5. MAPEAMENTO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO


Com a finalidade de avaliar e considerar os aspectos antrópicos associados ao uso e
ocupação do solo na suscetibilidade à ocorrência dos processos de ondas de cheia e
movimentos de massa (escorregamentos e corridas de massa), foi realizado mapeamento
do uso e ocupação do solo, na escala 1:50.000, da bacia do Ribeirão do Roque.
O mapeamento foi executado pela classificação visual das imagens
RESOURCESAT, sendo que a opção entre classificação visual ou digital se deu,
principalmente, em função do tamanho pequeno da área de estudo. Segundo Novo (2010),
durante a análise visual são executados os procedimentos de detecção (identificação dos
objetos visíveis), reconhecimento (atribuição de nomes aos objetos detectados), análise
(interpretação pelo analista da informação obtida), dedução (conclusão a respeito da
informação, que dependerá de informações de contexto, conhecimento espectral de alvos,
conhecimento do problema estudado e região de estudo), classificação (determinação final
da classe de informação de uso) e avaliação da precisão (são comparados uma série de
pontos da imagem classificada com dados de outros sensores e com dados de trabalhos de
campos confirmando ou refutando a classificação efetuada).
Durante o processo da classificação visual de imagens, Novo (2010) ressalta ainda
que são sete as características da imagem que são interpretadas pelo analista na busca da
classificação dos objetos detectados. No Quadro 54 é apresentada uma adaptação do
trabalho de Curran (1985) explicando cada uma dessas sete características.
E, finalmente, é feita a definição das classes de uso que são desejadas para
determinado mapeamento, estudadas as características apresentadas por essas classes,
formando assim uma chave de interpretação que visa tornar o processo menos subjetivo.
Para o propósito deste trabalho, foram utilizadas as bandas 3, 4 e 5 das imagens
do satélite RESOURCESAT com passagem em setembro de 2012, sendo utilizada a órbita
330, ponto 94. Essas imagens foram adquiridas gratuitamente no site do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (http://www.dgi.inpe.br/CDSR/). Detalhes técnicos deste satélite
podem sem observados no Quadro 55.
As classes de uso estabelecidas na pesquisa consideraram as características e suas
suscetibilidades à ocorrência dos processos de dinâmica superficial que ocorrem na área de

165
estudo, que foram as seguintes: cultura sazonal; mata; pastagem; cultura perene; campo
sujo; área urbana e construções rurais; solo exposto e mineração; barragem sem outorga;
barragem outorgada; lagoa natural; tanque; barragem de rejeito de mineração; e tanque
outorgado.

Quadro 54. Características das imagens que são avaliadas durante o procedimento de
classificação visual.
Características da
Definição
Imagem
“Representa o registro de radiação que foi refletida ou emitida pelos objetos da superfície.
Tonalidades claras estão associadas a área de elevada radiância, emitância ou
retroespalhamento em imagens de sensores ópticos e termais e ativos de micro-ondas
respectivamente.
Tonalidade/Cor
Tonalidades escuras indicam áreas de baixa radiância ou emitância em imagens ópticas e
termais, e áreas de sombra ou de reflexão especular em sensores ativos de micro-ondas. As
cores mais claras e mais escuras e suas combinações são derivadas da combinação de
tonalidade das bandas individuais”.
“A textura da imagem representa a frequência de mudanças tonais por unidade de área
dentro de uma dada região. A textura da imagem depende da resolução espacial do
Textura
sistema, do processo de imageamento e da escala da imagem utilizada. O significado da
textura também varia com o tipo de imagem utilizada”.
“O padrão define o arranjo espacial dos objetos na cena. O significado do padrão também
Padrão
depende do tipo de imagens analisadas, de sua escala e sua resolução espacial”.
“A localização representa a posição relativa do objeto ou feição dentro da cena. Muitas
vezes, em imagens TM-Landsat, não se pode identificar diretamente o rio, mas pela
Localização
localização da mata galeria, e levando em conta o conhecimento de que esta acompanha o
curso do rio, este pode ser mapeado, indiretamente”.
“Representa a configuração espacial do objeto. Esta forma pode ser observada em duas
Forma dimensões em imagens que não possuem o atributo de estereoscopia, ou em três
dimensões em imagens estereoscópicas”.
“A sombra dos objetos pode ser utilizada como fonte de informação sobre limites de
unidades geológicas, dimensões relativas de escarpas, árvores. O significado das sombras
Sombra
também é afetado pelo tipo de sensor utilizado, pela resolução espacial do sensor e pela
escala da imagem”.
“O tamanho dos objetos é função da resolução do sistema e da escala das imagens. O
Tamanho
tamanho do objeto pode ajudar em sua identificação”.
Fonte: (NOVO, 2010).

Quadro 55. Características do satélite RESOURCESAT.


Resolução Resolução Resolução Área Resolução
Sensor Bandas Espectrais
Espectral Espacial Temporal Imageada Radiométrica
LISS III VERDE 0.52-0.59 µm
(Linear VERMELHO 0.62-0.68 µm
Imaging Self- INFRA VERMELHO
Scanner) 0.77-0.86 µm
PRÓXIMO 23,5 m 24 dias 141 km 7 bits
Satélite IRS-
P6 INFRA VERMELHO
(RESOURCE 1.55-1.70 µm
MÉDIO
SAT-1)
Fonte: INPE (2014).

166
4.6. ANÁLISE DA SUSCETIBILIDADE A OCORRÊNCIA DE PROCESSOS
Após o mapeamento das unidades fisiográficas e de uso e ocupação do solo, foi
realizada a definição da suscetibilidade a ocorrência dos processos por meio da análise
multitemática (abordagem analítica), caracterizando cada unidade com graus de
suscetibilidade para cada tipo processo abordado na pesquisa (ondas de cheia, corridas de
massa e escorregamentos).
A avalição da suscetibilidade das unidades aos processos geológicos e eventos
hidrológicos busca indicar situações de instabilidade e áreas críticas. Para tanto, é
necessário analisar as condições naturais inerentes ao meio físico e antrópicas de uso e
ocupação do solo, com base na descrição do evento perigoso e sua distribuição espacial e
temporal (BITAR, 1995; CERRI; AMARAL, 1998).
A análise morfométrica tem como propósito viabilizar uma avaliação objetiva dos
processos, por meio de procedimentos sistemáticos e analíticos, possibilitando sua
caracterização geométrica e, desta forma, determinar o comportamento hidrológico das
bacias hidrográficas estudadas (SOUZA, 2005). Tal abordagem de caráter quantitativo
pode ser realizada em complemento à análise fisiográfica, e visa obter parâmetros
morfométricos que descrevam e relacionem atributos do meio físico às características
hidrológicas, como o escoamento superficial, tempo de concentração e descarga fluvial
associada à deflagração de enchentes e inundações (COLLISCHONN, 2001).
Seguindo os procedimentos adotados, foi analisada a interferência dos
condicionantes antrópicos na deflagração dos processos geológicos de dinâmica superficial
considerados na pesquisa. Para tanto, foram identificadas e descritas as características das
ações decorrentes das atividades socioeconômicas sobre a dinâmica fluvial e
morfogenética da área estudada, em alguns casos, determinantes para o desenvolvimento
de tais processos. A avaliação da susceptibilidade das unidades mapeadas fundamentou-se
nos seguintes tópicos:
1. Definição da dinâmica natural de cada unidade e os processos geológicos
predominantes, pela análise morfogenética e fotointerpretação, resultando no
mapeamento das formas naturais e caracterização geológica-geotécnica preliminar;
2. Cadastro das feições resultantes dos processos hidrológicos, erosão linear e
movimentos de massa, a partir da análise de produtos obtidos por sensoriamento
remoto (fotos aéreas e imagens de satélite) e levantamentos de campo. A

167
identificação das feições (registros) decorrentes dos processos de dinâmica
superficial relaciona a fisiografia da área de estudo com os fatores morfogenéticos e
as propriedades e características geotécnicas descritas, possibilitando indicar
diferentes níveis de suscetibilidade. Também foram considerados os aspectos
socioeconômicos relacionados ao uso e ocupação do solo, os quais puderam ser
depreendidos pela análise dos produtos de sensoriamento remoto e constatações em
campo;
3. Análise morfométrica do relevo, descrevendo e relacionando o comportamento
hidrológico das bacias hidrográficas às características e propriedades geológico-
geotécnicas;
4. Identificação e descrição dos fatores antrópicos associados à ocorrência dos
processos em estudo; e,
5. Avaliação da susceptibilidade, com base nas feições fisiográficas e morfométricas e
dados de uso e ocupação do solo identificados, por meio da classificação por
critérios pré-estabelecidos, com base na bibliografia.
A definição dos atributos utilizados para avaliação e classificação baseia-se nos
trabalhos de Cerri et al. (2006) e Amorim et al. (2012). Complementarmente, para
avaliação da susceptibilidade das unidades à deflagração de ondas de cheias, a seleção dos
parâmetros morfométricos de natureza hidrológica fundamenta-se nos trabalhos de
Collischonn (2001), Souza (2005) e Minella e Merten (2012). Nesse contexto, foram
avaliados os seguintes parâmetros apresentados no Quadro 56.
Nesse contexto, foi estabelecida na pesquisa uma sequência metodológica
considerando separadamente cada processo estudado na pesquisa (ondas de cheia, corridas
de massa e escorregamento), com a finalidade de definir classes de suscetibilidade à
ocorrência desses processos, denominado na pesquisa de Grau de Suscetibilidade Final
(GSF). Para definição do GSF foram considerados atributos naturais (fisiográficos e/ou
morfométricos) e antrópicos (barragens e uso e ocupação do solo) para cada processo.
A seguir são apresentados os procedimentos metodológicos usados para definição
dos graus de suscetibilidade para cada processo. Os Quadros 57 a 59 associam os fatores e
atributos descritos de modo a permitir uma avaliação diagnóstica das unidades quanto à
suscetibilidade aos processos de ondas de cheia excepcionais, corridas de massa e
escorregamentos, respectivamente. Para o seu preenchimento, definiram-se três classes:

168
baixa, média e alta, representadas, respectivamente, pelas cores semafóricas verde, amarela
e vermelha.
Para os processos de ondas de cheia e corridas de massa foram considerados
atributos naturais fisiográficos e morfométricos das quatro sub-bacias (Ribeirão do Roque
denominado de Baixo Roque, e ribeirões Descaroçador, Arouca e Moquém) e antrópicos
(condições das barragens e uso e ocupação do solo), pois, são eventos condicionados pelas
características morfométricas da bacia hidrográfica onde ocorrem e não somente pelas
unidades fisiográficas distribuídas pela área da bacia. Já os escorregamentos estão
intimamente associados as encostas e condicionados basicamente as características
fisiográficas de cada unidade, por esse motivo não foram considerados os parâmetros
morfométricos das quatro sub-bacias para definição da suscetibilidade a esse processo.
Ressalta-se que a classificação das barragens não pode ser realizada na presente
pesquisa de forma completa conforme determina a legislação, devido à dificuldade de
acesso as áreas para análise “in loco” e de se obter informações técnicas detalhadas desses
empreendimentos. Destaca-se, ainda, que os critérios estabelecidos na pesquisa são gerais,
devendo ser adequados conforme as características fisiográficas, morfométricas e de uso e
ocupação de solo de cada área de estudo.

169
Quadro 56. Parâmetros, variáveis e condicionantes conforme o processo.
Tipos de
Processo Parâmetros, Variáveis e Condicionantes
Propriedades
 Tipo e espessura das rochas, solo e materiais inconsolidados
Propriedades e  Amplitude Local
Características  Declividade predominante do terreno
Geológico-Geotécnicas  Forma/Perfil dos vales
 Formas de Encosta e Escoamento Superficial
 Indícios (sinais) de cheias e inundações e ação de erosão
Processos Geológicos
fluvial
Ondas de Cheia
 Ordem hierárquica do canal principal
Propriedades e
 Densidade de Drenagem (Dd)
Características
 Forma do canal principal (sinuosidade)
Morfométricas da
Bacia  Forma da bacia (índice de circularidade)
 Inclinação do canal principal (inclinação do talvegue)
 Condições das Barragens
Antrópicos
 Ocupação do solo
 Tipo e espessura das rochas, solo e materiais inconsolidados
Propriedades e  Amplitude Local
Características  Declividade predominante do terreno
Geológico-Geotécnicas  Forma/Perfil dos vales
 Formas de Encosta e Escoamento Superficial
Processos Geológicos  Indícios (sinais) de movimentos de massa
Corridas de  Índice de Melton (M)
Massa Propriedades e  Ordem hierárquica do canal principal
Características  Densidade de drenagem (Dd)
Morfométricas da  Forma do canal principal (sinuosidade)
Bacia  Forma da bacia (índice de circularidade)
 Inclinação do canal principal (inclinação do talvegue)
 Condições das Barragens
Antrópicos
 Ocupação do solo
 Tipo e espessura das rochas, solo e materiais inconsolidados
Propriedades e  Amplitude Local
Características  Declividade predominante do terreno
Geológico-Geotécnicas  Forma/Perfil dos vales
Escorregamentos
 Formas de Encosta e Escoamento Superficial
Processos Geológicos  Indícios (sinais) de movimentos de massa
 Condições das Barragens
Antrópicos
 Ocupação do solo

170
Quadro 57. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade de eventos de cheias excepcionais.
SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE EVENTOS DE CHEIAS EXCEPCIONAIS
FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Tipo e espessura das - Solo arenoso e areno-argiloso, com espessuras
- Solo argiloso e pouco espesso (< 2 m),
Propriedades e Características Geológico-Geotécnicas

rochas, solo e - Solo arenoso e areno-siltoso espesso (> 5 m), médias (2 a 5 m), com alta a média
sedimentos aluvionares saturados e afloramento
materiais com alta permeabilidade. permeabilidades.
rochoso, com baixa permeabilidade;
inconsolidados - Depósitos com blocos rochosos e colúvio.
Amplitude Local - Alta (> 300 m) - Média (100 a 300 m) - Baixa (0 a 100m)
Declividade
predominante do - Alta (> 30% ou 16,7o) - Intermediária (15 a 30% ou 8,5o a 16,7o) - Baixa (< 15% ou 8,5o)
terreno
- Vales fechados e encaixados;
Forma/Perfil dos - Planícies aluviais e baixos topográficos;
- Vales abertos, com topos arredondados. - Vales abertos, com topos angulosos ou
vales - Terraços fluviais.
superfícies planas.
- Predomínio de encostas convergentes com perfil
- Predomínio de encostas Retilíneas e côncavas côncavo (coletoras de água);
Naturais/Intrínsecos

- Predomínio de encostas divergentes com perfil


dispersoras; - Domínio de escoamento concentrado com
convexo (dispersoras de água);
(Meio Físico)

- Terrenos localizados em meia encosta; formação de canais preferenciais e incisão do


Formas de Encosta e - Terrenos localizados em altos topográficos e
- Linhas de concentração de fluxo de água talvegue;
Escoamento divisores de água;
reduzido; - Áreas saturadas ou presença de surgências
Superficial - Baixa densidade de drenagem;
- Média densidade de drenagem; d’água e alta densidade de drenagem;
- Solos com baixos coeficientes de escoamento
- Solos com coeficientes de escoamento - Planícies aluviais amplas, com terraços fluviais;
superficial < 0,3.
superficial intermediários entre 0,3 e 0,7. - Solos com altos coeficientes de escoamento
superficial > 0,7.
- Sinais na vegetação e depósitos de areia de
grandes extensões na planície de inundação;
Processos Geológicos

- Evidências claras de migração lateral do canal


fluvial (meandros abandonados);
- Registros de alguns sinais na vegetação;
Indícios (sinais) de - Grande volume de sedimentos carreados, com
- Depósitos isolados de areia na planície de
cheias e inundações e assoreamento e redução da seção do canal de
- Sem indícios inundação
ação de erosão drenagem e/ou elevação dos leitos dos rios.
- Feições localizadas de erosão marginal, sem
fluvial - Barrancos marginais subverticais com sinais de
trincas no terreno
instabilidade por solapamento;
- Degraus de abatimento com afundamento da
superfície dos terrenos em áreas próximas aos
canais de drenagem e erosiva remontante.

171
Quadro 57. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade de eventos de cheias excepcionais (continuação).
SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE EVENTOS DE CHEIAS EXCEPCIONAIS
FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Ordem hierárquica do - Canais de ordens inferiores (Canal até 2a - Canais de ordem intermediária (Canal de 3a
- Canais de ordens superiores (canal > 5a ordem)
Propriedades e Características

canal principal ordem) a 5a ordens)


Morfométricas da Bacia

Densidade de
Naturais/Intrínsecos

- Baixa (Dd ≤1,5 km/km²) - Média (1,5 < Dd < 3,5 km/km²) - Alta (Dd ≥ 3,5km/km²)
Drenagem (Dd)
(Meio Físico)

Forma do canal - Meandrante (muito sinuoso) - Sinuoso - Retilíneo (pouco sinuoso)


principal (sinuosidade) Razão ≥ 1,5 Razão entre 1,25 a 1,5 Razão entre 1,0 a 1,25
- Bacias retangulares – alongadas (baixo - Bacias triangulares e quadrangulares (médio
Forma da bacia - Bacias circulares (alto índice de circularidade)
índice de circularidade) índice de circularidade)
(circularidade) Ic ≥ 0,7
Ic ≤ 0,3 0,3 < Ic < 0,7
Inclinação do canal - Área de deposição e espraiamento - Área de Transporte e Erosão - Área de Origem do Processo
principal (talvegue) I < 2o 2o < I < 8o I > 8o
- Barragens projetadas levando em - Barragens projetadas a partir de dados geotécnicos e
consideração requisitos e diretrizes técnicas - Barragens projetadas a partir de dados hidrológicos insuficientes (ex.: eventos pluviométricos de
e localizadas de maneira isoladas em geotécnicos e hidrológicos, contudo sem menor magnitude, fundação inadequada, etc) ou sem
diferentes cursos d’água ou bacia de manutenção e monitoramento; outorga;
Condições das
drenagem. - Barragens classificadas como Médio em sua - Barragens dispostas ao longo do mesmo curso d’água ou
Socioeconômicos/Indutores

Barragens
- Barragens classificadas como Baixo em categoria de risco e no dano potencial bacia de drenagem.
(Nível de interferência)

sua categoria de risco e no dano potencial associado, conforme a Resolução CNRH no - Barragens classificadas como Alto em sua categoria de
associado, conforme a Resolução CNRH no 143/2012. risco e no dano potencial associado, conforme a Resolução
Antrópicos

143/2012. CNRH no 143/2012.


- Áreas rurais com preservação da mata - Área com obras e alto índice de intervenção a montante:
ciliar e/ou fragmentos florestais; soleiras e barramentos artificiais;
- Núcleos urbanos com sistema de - Pequenos núcleos de ocupação urbana não - Aumento do volume d’água por insuficiência /
amortecimento/contenção das águas consolidada; precariedade dos sistemas de esgoto e águas pluviais;
pluviais ou infraestrutura precária, área - Cobertura vegetal deficiente com áreas de - Ocupação urbana com alto índice de impermeabilização;
Ocupação do solo
urbana consolidada com crescimento solo exposto; - Movimentos de terra e escavações nas proximidades de
urbano ordenado; - Pastagens, cultura sazonal (plantio de cana cursos d’água ou em áreas de encostas;
- Mata (fragmentos florestais) e cultura de açúcar, milho, soja, etc) e campo sujo. - Solo exposto e terraplanagem, áreas de mineração e lixões
perene (plantio de eucalipto, laranja, café, e área urbana periférica com crescimento desordenado,
etc). barramentos e drenagens.
Fonte: adaptado de Gramani e Augusto Filho (2004); Souza (2005), Cerri et al. (2006), Amorim et al. (2012) e Minella e Merten (2012).

172
Quadro 58. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade aos processos de corridas de massa.
SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE PROCESSOS DE CORRIDAS DE MASSA
FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Tipo e espessura das
- Afloramento rochoso e elúvio; - Solos arenoso, areno-argiloso e
- Depósitos com blocos rochosos e colúvio;
Propriedades e Características Geológico-Geotécnicas

rochas, solo e
- Solos argiloso, areno-argiloso e areno- areno-siltoso, com espessuras
materiais - Sedimentos aluvionares.
siltoso espessos (> 5 m). pequenas e médias (< 5 m).
inconsolidados

Amplitude Local - Baixa (0 a 100m) - Média (100 a 300 m) - Alta (> 300 m)

Declividade
predominante do - Baixa (< 17º) - Intermediária (17 a 30º) - Alta (> 30º)
terreno
- Vales abertos com topos - Vales abertos em planícies
arredondados, em planícies aluviais, alveolares;
Naturais/ Intrínsecos

Forma/Perfil dos vales - Vales fechados e encaixados


baixos topográficos ou em terraços - Vales abertos, com topos angulosos
(Meio Físico)

fluviais. ou superfícies planas.


- Predomínio de encostas divergentes
- Predomínio de encostas retilíneas e
com perfil convexo (dispersoras de - Predomínio de encostas convergentes com perfil côncavo (coletoras
côncavas dispersoras;
água); de água);
Formas de Encosta e - Terrenos localizados em meia
- Terrenos localizados em altos - Domínio de escoamento concentrado com formação de canais
Escoamento encosta;
topográficos e divisores de água; preferenciais e incisão do talvegue;
Superficial - Linhas de concentração de fluxo de
- Baixa densidade de drenagem; - Áreas saturadas ou presença de surgências d’água;
água reduzido;
- Planícies aluviais amplas, com - Alta densidade de drenagem;
- Média densidade de drenagem.
terraços fluviais.
Processos Geológicos

- Indícios localizados de
- Indícios de movimentação generalizados (cicatrizes de
movimentação, sem trincas no terreno
escorregamentos);
(processos de rastejo);
Indícios (sinais) de - Processos de movimentos de massa nas margens dos canais;
- Sem indícios - Indícios de erosão linear incipiente
movimentos de massa - Intensa atividade erosiva (marginal e remontante): degraus de
(sulcos);
abatimento, solapamento das margens, etc;
- Feições localizadas de erosão
- Barramentos naturais e depósitos com blocos rochosos.
marginal, sem trincas no terreno;

173
Quadro 58. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade aos processos de corridas de massa (continuação).
SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE EVENTOS DE CORRIDAS DE MASSA
FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Índice de Melton (M) M < 0,3 0,3 < M <0,6 M > 0,6
Propriedades e Características

Ordem hierárquica do - Canais de ordens superiores (canal > 5a - Canais de ordem intermediária (Canal de 3a
Morfométricas da Bacia

- Canais de ordens inferiores (Canal até 2a ordem)


canal principal ordem) a 5a ordens)
Naturais/Intrínsecos

Densidade de
- Baixa (Dd ≤1,5 km/km²) - Alta (Dd ≥ 3,5km/km²)
(Meio Físico)

- Média (1,5 < Dd < 3,5 km/km²)


Drenagem (Dd)
Forma do canal - Meandrante (muito sinuoso) - Sinuoso - Retilíneo (pouco sinuoso)
principal (sinuosidade) Razão ≥ 1,5 Razão entre 1,25 a 1,5 Razão entre 1,0 a 1,25
- Bacias retangulares – alongadas (baixo - Bacias triangulares e quadrangulares (médio
Forma da bacia - Bacias circulares (alto índice de circularidade)
índice de circularidade) índice de circularidade)
(circularidade) Ic ≥ 0,7
Ic ≤ 0,3 0,3 < Ic < 0,7
Inclinação do canal - Área de deposição e espraiamento - Área de Transporte e Erosão - Área de Origem do Processo
principal (talvegue) I < 2o 2o < I < 8o I > 8o
- Barragens projetadas levando em - Barragens projetadas a partir de dados geotécnicos e
consideração requisitos e diretrizes técnicas - Barragens projetadas a partir de dados hidrológicos insuficientes (ex.: eventos pluviométricos de
e localizadas de maneira isoladas em geotécnicos e hidrológicos, contudo sem menor magnitude, fundação inadequada, etc) ou sem
diferentes cursos d’água ou bacia de manutenção e monitoramento; outorga;
Condições das
drenagem. - Barragens classificadas como Médio em sua - Barragens dispostas ao longo do mesmo curso d’água ou
Socioeconômicos/Indutores

Barragens
- Barragens classificadas como Baixo em categoria de risco e no dano potencial bacia de drenagem.
(Nível de interferência)

sua categoria de risco e no dano potencial associado, conforme a Resolução CNRH no - Barragens classificadas como Alto em sua categoria de
associado, conforme a Resolução CNRH no 143/2012. risco e no dano potencial associado, conforme a Resolução
Antrópicos

143/2012. CNRH no 143/2012.


- Áreas rurais com preservação da mata - Área com obras e alto índice de intervenção a montante:
ciliar e/ou fragmentos florestais; soleiras e barramentos artificiais;
- Núcleos urbanos com sistema de - Pequenos núcleos de ocupação urbana não - Aumento do volume d’água por insuficiência /
amortecimento/contenção das águas consolidada; precariedade dos sistemas de esgoto e águas pluviais;
pluviais ou infraestrutura precária, área - Cobertura vegetal deficiente com áreas de - Ocupação urbana com alto índice de impermeabilização;
Ocupação do solo
urbana consolidada com crescimento solo exposto; - Movimentos de terra e escavações nas proximidades de
urbano ordenado; - Pastagens, cultura sazonal (plantio de cana cursos d’água ou em áreas de encostas;
- Mata (fragmentos florestais) e cultura de açúcar, milho, soja, etc) e campo sujo. - Solo exposto e terraplanagem, áreas de mineração e lixões
perene (plantio de eucalipto, laranja, café, e área urbana periférica com crescimento desordenado,
etc). barramentos e drenagens.
Fonte: adaptado de Gramani e Augusto Filho (2004); Souza (2005), Cerri et al. (2006), Amorim et al. (2012) e Minella e Merten (2012).

174
Quadro 59. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade aos processos de escorregamentos.
SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE PROCESSOS DE ESCORREGAMENTOS
FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Tipo e espessura das
Propriedades e Características Geológico-Geotécnicas

- Afloramento rochoso e elúvio; - Solos arenoso, areno-argiloso e


rochas, solo e - Depósitos com blocos rochosos e colúvio;
- Solos argiloso, areno-argiloso e areno- areno-siltoso, com espessuras
materiais - Sedimentos aluvionares.
siltoso espessos (> 5 m). pequenas e médias (< 5 m).
inconsolidados
Amplitude Local - Baixa (0 a 100m) - Média (100 a 300 m) - Alta (> 300 m)
Declividade
predominante do - Baixa (< 17º) - Intermediária (17 a 30º) - Alta (> 30º)
terreno
- Vales abertos em planícies aluviais,
Naturais/ Intrínsecos

em terraços fluviais ou baixos


- Vales abertos em planícies - Vales fechados e encaixados;
Forma/Perfil dos vales topográficos;
(Meio Físico)

alveolares - Vales abertos, com topos angulosos ou superfícies planas.


- Vales abertos com topos
arredondados.
- Predomínio de encostas retilíneas e - Predomínio de encostas convergentes com perfil côncavo (coletoras
- Predomínio de encostas divergentes
côncavas dispersoras; de água);
com perfil convexo (dispersoras de
Formas de Encosta e - Terrenos localizados em meia - Domínio de escoamento concentrado com formação de canais
água);
Escoamento encosta; preferenciais e incisão do talvegue;
- Terrenos localizados em altos
Superficial - Linhas de concentração de fluxo de - Áreas saturadas ou presença de surgências d’água;
topográficos e divisores de água;
água reduzido; - Alta densidade de drenagem;
- Baixa densidade de drenagem.
- Média densidade de drenagem. - Planícies aluviais amplas, com terraços fluviais.
- Indícios localizados de
- Indícios de movimentação generalizados (cicatrizes de
movimentação, sem trincas no terreno
Geológicos

escorregamentos);
Processos

(processos de rastejo);
Indícios (sinais) de - Processos de movimentos de massa nas margens dos canais;
- Sem indícios - Indícios de erosão linear incipiente
movimentos de massa - Intensa atividade erosiva (marginal e remontante): degraus de
(sulcos);
abatimento, solapamento das margens, etc;
- Feições localizadas de erosão
- Barramentos naturais e depósitos com blocos rochosos.
marginal, sem trincas no terreno;

175
Quadro 59. Parâmetros para avaliação e classificação do terreno quanto à susceptibilidade aos processos de escorregamentos (continuação).
SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE PROCESSOS DE ESCORREGAMENTOS
FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
- Barragens projetadas levando em - Barragens projetadas a partir de dados geotécnicos e
consideração requisitos e diretrizes técnicas - Barragens projetadas a partir de dados hidrológicos insuficientes (ex.: eventos pluviométricos de
e localizadas de maneira isoladas em geotécnicos e hidrológicos, contudo sem menor magnitude, fundação inadequada, etc) ou sem
diferentes cursos d’água ou bacia de manutenção e monitoramento; outorga;
Condições das
drenagem. - Barragens classificadas como Médio em sua - Barragens dispostas ao longo do mesmo curso d’água ou
Socioeconômicos/Indutores

Barragens
- Barragens classificadas como Baixo em categoria de risco e no dano potencial bacia de drenagem.
(Nível de interferência)

sua categoria de risco e no dano potencial associado, conforme a Resolução CNRH no - Barragens classificadas como Alto em sua categoria de
associado, conforme a Resolução CNRH no 143/2012. risco e no dano potencial associado, conforme a Resolução
Antrópicos

143/2012. CNRH no 143/2012.


- Áreas rurais com preservação da mata - Área com obras e alto índice de intervenção a montante:
ciliar e/ou fragmentos florestais; soleiras e barramentos artificiais;
- Núcleos urbanos com sistema de - Pequenos núcleos de ocupação urbana não - Aumento do volume d’água por insuficiência /
amortecimento/contenção das águas consolidada; precariedade dos sistemas de esgoto e águas pluviais;
pluviais ou infraestrutura precária, área - Cobertura vegetal deficiente com áreas de - Ocupação urbana com alto índice de impermeabilização;
Ocupação do solo
urbana consolidada com crescimento solo exposto; - Movimentos de terra e escavações nas proximidades de
urbano ordenado; - Pastagens, cultura sazonal (plantio de cana cursos d’água ou em áreas de encostas;
- Mata (fragmentos florestais) e cultura de açúcar, milho, soja, etc) e campo sujo. - Solo exposto e terraplanagem, áreas de mineração e lixões
perene (plantio de eucalipto, laranja, café, e área urbana periférica com crescimento desordenado,
etc). barramentos e drenagens.
Fonte: adaptado de Souza (2005), Cerri et al. (2006), Amorim et al. (2012) e Minella e Merten (2012).

176
Após a classificação da suscetibilidade de ocorrência de cada processo (ondas de
cheia, corridas de massa e escorregamentos) para cada unidade fisiográfica e de uso e
ocupação do solo que ocorrem na área de estudo e a determinação da classe de
suscetibilidade das quatro sub-bacias hidrográficas pelas características morfométricas
(somente para os processos de ondas de cheia e corridas de massa), foram elaborados os
mapas de suscetibilidade para ondas de cheia, corridas de massa e escorregamentos
separadamente, considerando os seguintes passos e procedimentos:

a) Grau de Suscetibilidade Natural para Parâmetros da Compartimentação


Fisiográfica (GSNF): estabelece classes de suscetibilidade/potencialidade (baixa, média
ou alta) das áreas afetadas por ondas de cheia, corridas de massa ou escorregamentos com
base nos parâmetros de avaliação e de classificação dos terrenos, considerando somente os
atributos naturais intrínsecos do meio físico, associados as propriedades e características
geológico-geotécnicas e aos processos geológicos, que são os seguintes:
 Para ondas de cheia: propriedades e características geológico-geotécnicas (tipo e
espessura das rochas, solo e materiais inconsolidados; amplitude local; declividade
predominante do terreno; forma/perfil dos vales; formas de encosta e escoamento
superficial) e processos geológicos (indícios/sinais de cheias e inundações e ação
de erosão fluvial), conforme apresentado no Quadro 57.
 Para corridas de massa e escorregamentos: propriedades e características geológico-
geotécnicas (tipo e espessura das rochas, solo e materiais inconsolidados; amplitude
local; declividade predominante do terreno; forma/perfil dos vales; formas de
encosta e escoamento superficial) e processos geológicos (indícios/sinais de
movimentos de massa), conforme apresentados nos Quadros 58 e 59.
Tais parâmetros foram obtidos por meio de atividades de campo e de escritório com
base no Mapa de Unidades Fisiográficas da bacia do Ribeirão do Roque (Anexo 1). Para a
classificação final do Grau de Suscetibilidade Natural para Parâmetros da
Compartimentação Fisiográfica (GSNF) de cada unidade adotou-se o critério de registro do
maior número de atributos classificados em uma determinada classe (baixa, média ou alta).
Por exemplo, uma unidade que apresenta quatro atributos com classe alta e dois atributos
com classe média, é classificada com Alto Grau de Suscetibilidade Natural para
Parâmetros da Compartimentação Fisiográfica (GSNF). No caso de empate, foi
considerada a classe com maior Grau de Suscetibilidade Natural para Parâmetros da
Compartimentação Fisiográfica (GSNF), priorizando aspectos de segurança.

177
b) Grau de Suscetibilidade Antrópica (GSA): estabelece classes de suscetibilidade das
áreas afetadas por ondas de cheia ou corridas de massa, a partir da avaliação e mapeamento
de fatores socioeconômicos/indutores (nível de interferência), considerando os seguintes
atributos: condições das barragens e uso e ocupação do solo, conforme detalhado nos
Quadros 57 a 59. Ressalta-se que não há diferenças nas classes dos atributos antrópicos
para os três processos considerados na pesquisa. Tais parâmetros foram obtidos por meio
de atividades de campo e de escritório, com elaboração do Mapa de Uso e Ocupação do
Solo e análise das condições de cada barragem, sendo a classificação final do Grau de
Suscetibilidade Antrópica (GSA) de cada unidade estabelecida conforme os critérios
descritos nos Quadros 57 a 59, para os atributos antrópicos.

c) Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos para a Bacia


(GSNM): somente aplicado para os processos de ondas de cheia e corridas de massa,
estabelece a suscetibilidade da bacia gerar os processos citados com base na avaliação de
parâmetros morfométricos de cada uma das quatro sub-bacias hidrográficas definidas na
pesquisa, Descaroçador, Arouca, Moquém e Baixo Roque (Apêndices 3 e 4), considerando
os seguintes atributos: ordem hierárquica do canal principal calculada pelo Método
Strahler; densidade de drenagem, que correlaciona o comprimento total dos canais ou rios
de uma bacia hidrográfica com a área total da bacia; forma do canal principal, denominada
de sinuosidade, que refere-se a razão entre o comprimento do canal e a distância do eixo do
vale, conforme Christofoletti (1980); forma da bacia ou índice de circularidade, que é a
relação entre a área da bacia hidrográfica e a área do círculo de mesmo perímetro, de
acordo com Christofoletti (1980); e a inclinação do canal principal (inclinação do
talvegue). Para as corridas de massa adicionalmente foi determinado o índice de Melton
(M) para sub-bacia com até 10 km², por meio da separação de todas as sub-bacias
existentes, menores que essa área, dentro das quatro sub-bacias selecionadas para análise
dos parâmetros morfométricos. Os critérios de classificação são apresentados nos Quadros
57 e 58, sendo considerados os mesmos para ondas de cheia e corridas de massa.
Tais parâmetros foram obtidos por meio de atividades de escritório, calculados da
base cartográfica, na escala 1:50.000, usada na pesquisa. A classificação final do Grau de
Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos (GSNM) é feita para cada uma das
quatro sub-bacias hidrográficas como um todo, não havendo unidades ou divisões dentro
sub-bacia analisada. Para definição do GSNM adotou-se o critério de registro de maior

178
número de atributos classificados em uma determinada classe (baixa, média ou alta). No
caso de empate, foi considerada a classe com maior GSNM, priorizando aspectos de
segurança. Portanto, como se trata de um grau único para toda a sub-bacia, ele será
considerado na determinação do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) como um agravante,
conforme explicado a seguir no item d, destacando que somente é aplicado para os
processos de ondas de cheia e corridas de massa. Ressalta-se, ainda, que no caso do Baixo
Roque, foram considerados os dados morfométricos de toda a bacia do Ribeirão do Roque
já que o baixo Roque recebe influência de toda a sua área montante, mas determinado
como fator de agravante somente para a área do Baixo Roque.

d) Grau de Suscetibilidade Final de cada processo (GSF): estabelece classes de


suscetibilidade das áreas afetadas por ondas de cheia, corridas de massa ou
escorregamentos em quatro classes (Baixo, Médio, Alto ou Muito Alto), por meio da
integração dos aspectos naturais de parâmetros da compartimentação fisiográfica (GSNF) e
antrópicos (GSA), considerando-se que as alterações impostas pelo uso e ocupação do solo
são determinantes para a ocorrência dos processos em estudo, quando comparadas à
suscetibilidade natural dos terrenos ou sub-bacias. A partir deste conceito, foram adotados
os seguintes critérios, considerando o Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros
Morfométricos para a cada sub-bacia (GSNM) como agravante, somente para os processos
de ondas de cheia e corridas de massa:
 Procedimentos para definição do GSF para ondas de cheia e corridas:
Primeiramente é definido o Grau de Suscetibilidade Final Preliminar (GSF
Preliminar) com a integração do GSNF e GSA, sendo o resultado do GSF Preliminar
comparado com o GSNM que irá manter ou aumentar a classe de suscetibilidade para a
definição do GSF para ondas de cheia ou corridas de massa. A seguir são apresentados os
critérios para definição do GSF Preliminar:
- o Grau de Suscetibilidade Final Preliminar (GSF Preliminar) é MUITO ALTO
sempre que o Grau de Suscetibilidade Antrópica (GSA) e o Grau de Suscetibilidade
Natural de Parâmetros da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) forem ALTOs;
- o GSF Preliminar é ALTO quando o GSNF for ALTO e o GSA for MÉDIO, ou
vice-versa;
- o GSF Preliminar é BAIXO somente quando tanto o GSNF quanto o GSA forem
BAIXOs;

179
- o GSF Preliminar é MÉDIO quando o GSNF for BAIXO e o GSA for MÉDIO, ou
vice-versa; quando o GSNF e o GSA forem MÉDIOs; ou quando GSNF for
BAIXO e o GSA for ALTO, ou vice-versa, conforme detalhado no Quadro 60.
Para a determinação do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) correlaciona-se o GSF
Preliminar com o Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos para a
Bacia (GSNM), considerando o GSNM como agravante da seguinte forma:
- sempre que o GSNM for BAIXO é mantido o GSF Preliminar na determinação do
GSF, ou seja, o GSF Preliminar será igual ao GSF;
- quando o GSNM for MÉDIO também é mantido o GSF Preliminar na determinação
do GSF, com exceção quando o GSF Preliminar for BAIXO, nesse caso o GSF será
agravado aumentando seu grau para MÉDIO;
- sempre que o GSNM for ALTO será aumentado o GSF Preliminar na determinação
do GSF, ou seja, o GSF será agravado em um grau maior que o GSF Preliminar.
O Quadro 60 relaciona as possíveis correlações para definição do GSF, pelas
combinações do GSNF e GSA, considerando o GSNM como agravante.

Quadro 60. Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para ondas de cheia e corridas de massa.
Grau de
Grau de Suscetibilidade
Grau de Grau de Suscetibilidade Grau de
Natural de Parâmetros da
Suscetibilidade Suscetibilidade Final Natural de parâmetros Suscetibilidade Final
Compartimentação
Antrópico Preliminar GSF Morfométricos para a GSF
Fisiográfica
GSA (sem GSNM) Bacia (com GSNM)
GSNF
GSNM
BAIXO BAIXO
BAIXO BAIXO BAIXO
MÉDIO / ALTO MÉDIO
BAIXO / MÉDIO MÉDIO
MÉDIO MÉDIO MÉDIO
ALTO ALTO
BAIXO / MÉDIO MUITO ALTO
ALTO ALTO MUITO ALTO
ALTO MUITO ALTO*
BAIXO / MÉDIO MÉDIO
BAIXO MÉDIO MÉDIO
ALTO ALTO
BAIXO / MÉDIO MÉDIO
BAIXO ALTO MÉDIO
ALTO ALTO
BAIXO / MÉDIO MÉDIO
MÉDIO BAIXO MÉDIO
ALTO ALTO
BAIXO / MÉDIO ALTO
MÉDIO ALTO ALTO
ALTO MUITO ALTO
BAIXO / MÉDIO MÉDIO
ALTO BAIXO MÉDIO
ALTO ALTO
BAIXO/MÉDIO ALTO
ALTO MÉDIO ALTO
ALTO MUITO ALTO
OBS: * situação que deve ser levada em consideração na priorização da gestão das bacias.

180
 Procedimentos para definição do GSF para escorregamentos:
O Grau de Suscetibilidade Final (GSF) simplesmente com a integração do GSNF e
GSA, conforme os critérios a seguir:
- o Grau de Suscetibilidade Final (GSF) é MUITO ALTO sempre que o Grau de
Suscetibilidade Antrópica (GSA) e o Grau de Suscetibilidade Natural de
Parâmetros da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) forem ALTOs;
- o GSF é ALTO quando o GSNF for ALTO e o GSA for MÉDIO, ou vice-versa;
- o GSF é BAIXO somente quando tanto o GSNF quanto o GSA forem BAIXOs;
- o GSF é MÉDIO quando o GSNF for BAIXO e o GSA for MÉDIO, ou vice-versa;
quando o GSNF e o GSA forem MÉDIOs; ou quando GSNF for BAIXO e o GSA
for ALTO, ou vice-versa.
O Quadro 61 relaciona as possíveis correlações para definição do GSF para
escorregamentos.

Quadro 61. Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para escorregamentos.


Grau de Suscetibilidade Grau de Suscetibilidade
Grau de Suscetibilidade Final
Natural Antrópica
GSF
GSNF GSA
BAIXO BAIXO BAIXO
MÉDIO MÉDIO MÉDIO
ALTO ALTO MUITO ALTO
BAIXO MÉDIO MÉDIO
BAIXO ALTO ALTO
MÉDIO BAIXO MÉDIO
MÉDIO ALTO ALTO
ALTO BAIXO MÉDIO
ALTO MÉDIO ALTO

Para finalizar a avaliação da suscetibilidade na área de estudo foram


correlacionados todos os Mapas de GSF de cada um dos três processos (ondas de cheia,
corridas de massa e escorregamentos), gerando o Mapa do Grau de Suscetibilidade Total
(GST), sempre prevalecendo a classe mais restritiva de cada processo, ou seja, se somente
um GSF for Alto para um determinado processo e os demais GSF forem Baixo ou Médio,
prevalecerá a classe Alto para o GST e assim por diante (Apêndice 4).

181
4.7. CLASSIFICAÇÃO DA CATEGORIA DE RISCO (CRI) E DO DANO
POTENCIAL ASSOCIADO (DPA) DAS BARRAGENS
Concomitantemente a elaboração do Mapa de Uso e Ocupação do Solo foram
identificadas, por análise visual, todas as barragens existentes na bacia hidrográfica,
definindo sua localização geográfica, delimitando a área do reservatório e o comprimento
do maciço do barramento e estimando o volume do seu reservatório e altura do maciço. Em
complemento, foi verificado, junto ao banco de dados público do Departamento de Água e
Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), as barragens que possuem outorga, com
a finalidade de averiguar quais empreendimentos estão dentro dos padrões legais e
possuem, no mínimo, projetos hidrológicos e hidráulicos, contudo, não foram analisados os
processos junto ao DAEE e, por consequência, seus projetos, devido a quantidade de
empreendimentos existentes na bacia e por não ser esse o objetivo principal da pesquisa.
O volume do reservatório de cada barragem foi estimado pela área e considerando
uma profundidade média de 3,0 metros do reservatório. A altura também foi estimada pela
análise das imagens aéreas e checado, em alguns casos, durante o levantamento de campo.
Durante o levantamento de campo também foram avaliadas as condições atuais de
conservação das barragens, considerando: situação do vertedouro; dos taludes e do maciço
da barragem; presença de vestígios de afundamento, recalque e/ou trincas no maciço; tipo
de uso e ocupação do solo e relevo no entorno do reservatório; existência de instrumentos
de monitoramento geotécnico; presença de processos erosivos no maciço, entorno e no
reservatório. Contudo, como não foi possível avaliar todas as barragens da bacia, devido
muitos proprietários não terem autorizado a entrada do pesquisador para descrição dos
empreendimentos.
Para a classificação da categoria de risco de cada barragem na área de estudo foram
usados os critérios da Resolução CNRH no 143/2012, que foi discutida anteriormente no
presente texto, contudo com algumas modificações devido a dificuldade de se obter
determinados dados, especialmente aqueles relacionados a projeto, como: vazão de projeto,
tipo de fundação e idade da barragem para barragens de acumulação de água e somente
vazão de projeto para barragens de rejeitos ou resíduos. Os critérios e respectivos pesos
usados na pesquisa são apresentados no Quadro 62 (Características Técnicas - CT para
barragens de acumulação de água), Quadro 63 (Características Técnicas - CT para as
barragens de rejeitos ou resíduos), Quadro 64 (Estado de Conservação - EC para ambos

182
tipos de barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água) e Quadro 65 (Plano
de Segurança - PS para ambos tipos de barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação
de água).
Para o cálculo e classificação final da categoria de risco também foram feitas
modificações nos intervalos das classes de risco (alto, médio e baixo) para adequar a
quantidade de critérios considerados na presente pesquisa em relação a apresentada na
Resolução CNRH no 143/2012. Portanto, para as barragens de acumulação de água, como
não foram considerados na avaliação três critérios referentes as características técnicas
(vazão de projeto, tipo de fundação e idade da barragem) de um total de quinze critérios da
Resolução CNRH no 143/2012, houve uma redução de 20%, mesmo percentual que foi
diminuído nos valores de intervalos de classe para determinação da categoria de risco.
Nesse sentido, a classe alta passou de maior ou igual a 60 pontos para 48; a classe
média de intervalo entre 60 a 35 pontos, para o intervalo de 48 a 28; e a classe baixa de
menor ou igual a 35 pontos, para menor ou igual a 28. Ressalta-se que foi mantido o
critério de classificar como categoria de risco alta, para de pontuação maior ou igual a 8
em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC), conforme pode ser observado no
Quadro 64.
Já para as barragens para disposição de rejeitos ou resíduos, como não foi
considerado na avaliação um critério referente às características técnicas (vazão de projeto)
de um total de 12 critérios da Resolução CNRH no 143/2012, houve uma redução de
8,33%, sendo considerada na pesquisa uma redução de 10%, percentual que foi diminuído
nos valores de intervalos de classe para determinação da categoria de risco para as
barragens para disposição de rejeitos ou resíduos, que ficou da seguinte forma: a classe alta
passou de maior ou igual a 60 pontos para 54; a classe média de intervalo entre 60 a 35
pontos, para o intervalo de 54 a 32; e a classe baixa de menor ou igual a 35 pontos, para
menor ou igual a 32. Ressalta-se que foi mantido o critério de classificar como categoria de
risco alta, para pontuação maior ou igual a 10 em qualquer coluna de Estado de
Conservação (EC), conforme pode ser observado no Quadro 69.
Contudo, caso seja possível obter todos os dados requisitados pela Resolução
CNRH no 143/2012, deve-se usar todos os critérios estabelecidos por essa legislação,
destacando que como muitas barragens não tem outorga, esses dados teriam que ser
obtidos diretamente com os proprietários ou, como determina a legislação, serem
encaminhados ao órgão fiscalizador pelos proprietários.

183
Para a definição do Dano Potencial Associado (DPA) para barragem de disposição
de rejeitos ou resíduos foram adotados integralmente os critérios estabelecidos pela
Resolução CNRH no 143/2012, sem nenhuma alteração, conforme apresentado no Quadro
66. Na definição do DPA para barragens de acumulação de água, como a Resolução
CNRH no 143/2012 não deixa claro os critérios para sua definição, foram usados na
presente pesquisa os critérios da Portaria DAEE nº 3907/2015, de acordo com o
apresentado no Quadro 67.
Para classificação final do DPA para ambos os casos, barragens de disposição de
rejeitos ou resíduos e de acumulação de água, foram usados os intervalos definidos nos
Quadros 68 e 69.

184
Quadro 62. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT) para barragens de acumulação de água.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS – CT (BARRAGEM DE ACUMULAÇÃO DE ÁGUA)


Tipo de Barragem
Altura Comprimento Quanto ao Material de
Tipo de Fundação Idade da Barragem Vazão de Projeto
(a) (b) Construção
(c)
Altura ≤ 15 m Comprimento ≤ 200 m Concreto convencional
(Peso 0) (Peso 2) (Peso 1)
Alvenaria de pedra /
15 m < Altura < 30 m Comprimento > 200 m concreto ciclópico /
(Peso 1) (Peso 3) concreto rolado – CCR
Critério não considerado Critério não considerado Critério não considerado
(Peso 2)
na pesquisa (não foi na pesquisa (não foi na pesquisa (não foi
Terra homogênea /
possível obter a possível obter a possível obter a
30 m ≤ Altura ≤ 60 m enrocamento / terra
- informação) informação) informação)
(Peso 2) enrocamento
(Peso 3)
Altura > 60 m
- -
(Peso 3)
- - -
CT = a + b + c (os itens d, e, f não foram considerado na pesquisa)
Fonte: modificado de Brasil (2012a).

185
Quadro 63. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos as características técnicas (CT)
para as barragens de rejeitos ou resíduos.
CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS (BARRAGEM DE REJEITOS OU RESÍDUOS)
(CT)
Altura (a) Comprimento (b) Vazão de Projeto
Altura ≤ 15 m Comprimento ≤ 50 m
(Peso 0) (Peso 0)
15 m < Altura < 30 m 50 m < Comprimento < 200 m
Critério não considerado na
(Peso 1) (Peso 1)
pesquisa (não foi possível obter a
30 m ≤ Altura ≤ 60 m 200 m ≤ Comprimento ≤ 600 m
informação)
(Peso 4) (Peso 2)
Altura > 60 m Comprimento > 600 m
(Peso 7) (Peso 3)
CT = a + b (o item c não foi considerado na pesquisa)
Fonte: modificado de Brasil (2012a).

Quadro 64. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao estado de conservação (EC)
para barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO (EC)
Confiabilidade das Deformações e Deterioração dos Taludes
Percolação
Estruturas Extravasoras Recalques / Paramentos
(e)
(d) (f) (g)
Estruturas civis bem Não existem
mantidas e em operação Percolação totalmente deformações e recalques
Não existe deterioração de
normal /barragem sem controlada pelo sistema com potencial de
taludes e paramentos
necessidade de estruturas de drenagem comprometimento da
(Peso 0)
extravasoras (Peso 0) segurança da estrutura
(Peso 0) (Peso 0)
Umidade ou surgência
Existência de trincas e Falhas na proteção dos
Estruturas com problemas nas áreas de jusante,
abatimentos com taludes e paramentos,
identificados e medidas paramentos, taludes e
medidas corretivas em presença de vegetação
corretivas em implantação ombreiras estáveis e
implantação arbustiva
(Peso 3) monitorados
(Peso 2) (Peso 2)
(Peso 3)
Umidade ou surgência
Erosões superficiais,
Estruturas com problemas nas áreas de jusante, Existência de trincas e
ferragem exposta, presença
identificados e sem paramentos, taludes ou abatimentos sem
de vegetação arbórea, sem
implantação das medidas ombreiras sem implantação das medidas
implantação das medidas
corretivas necessárias implantação das medidas corretivas necessárias
corretivas necessárias.
(Peso 6) corretivas necessárias (Peso 6)
(Peso 6)
(Peso 6)
Surgência nas áreas de
jusante com carreamento Existência de trincas, Depressões acentuadas nos
Estruturas com problemas
de material ou com abatimentos ou taludes, escorregamentos,
identificados, com
vazão crescente ou escorregamentos, com sulcos profundos de
redução de capacidade
infiltração do material potencial de erosão, com potencial de
vertente e sem medidas
contido, com potencial comprometimento da comprometimento da
corretivas
de comprometimento da segurança da estrutura segurança da estrutura.
(Peso 10)
segurança da estrutura (Peso 10) (Peso 10)
(Peso 10)
EC = d + e + f + g
Fonte: Brasil (2012a).

186
Quadro 65. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativos ao plano de segurança (PS) para
barragens de rejeitos ou resíduos e de acumulação de água.

PLANO DE SEGURANÇA DA BARRAGEM - PS


Estrutura Relatórios de
Organizacional e Manuais de Plano de Ação Inspeção e
Qualificação dos Procedimentos Emergencial – Monitoramento
Documento de
Profissionais na para Inspeções de PAE (quando da
Projeto
Equipe de Segurança e exigido pelo órgão Instrumentação e
(h)
Segurança da Monitoramento fiscalizador) de Análise de
Barragem (j) (k) Segurança
(i) (l)
Emite
Possui unidade regularmente
administrativa com Possui manuais de relatórios de
profissional procedimentos inspeção e
Projeto executivo e
técnico qualificado para inspeção, Possui PAE monitoramento
“como construído”
responsável pela monitoramento e (Peso 0) com base na
(Peso 0)
segurança da operação instrumentação e
barragem (Peso 0) de Análise de
(Peso 0) Segurança
(Peso 0)
Possui profissional
técnico qualificado Emite
Possui apenas
Projeto executivo (próprio ou Não possui PAE regularmente
manual de
ou “como contratado) (não é exigido pelo apenas relatórios
procedimentos de
construído” responsável pela órgão fiscalizador) de Análise de
monitoramento
(Peso 2) segurança da (Peso 2) Segurança
(Peso 2)
barragem (Peso 2)
(Peso 1)
Possui unidade
administrativa sem Emite
Possui apenas
profissional regularmente
manual de PAE em
Projeto básico técnico qualificado apenas relatórios
procedimentos de elaboração
(Peso 5) responsável pela de inspeção e
inspeção (Peso 4)
segurança da monitoramento
(Peso 4)
barragem (Peso 4)
(Peso 3)
Não possui
Não possui
unidade
manuais ou Não possui PAE Emite
administrativa e
procedimentos (quando for regularmente
Projeto conceitual responsável
formais para exigido pelo órgão apenas relatórios
(Peso 8) técnico qualificado
monitoramento e fiscalizador) de inspeção visual
pela segurança da
inspeções (Peso 8) (Peso 6)
barragem
(Peso 8)
(Peso 6)
Não emite
regularmente
Não há relatórios de
documentação de inspeção e
- - -
projeto monitoramento e
(Peso 10) de Análise de
Segurança
(Peso 8)
PS = h + i + j + k + l
Fonte: Brasil (2012a).

187
Quadro 66. Critérios, pesos e fórmula de cálculo relativo ao dano potencial associado (DPA) para barragens de rejeitos ou resíduos.

DANO POTENCIAL ASSOCIADO – DPA (BARRAGEM DE REJEITO OU RESÍDUOS)


Volume Total do Reservatório Existência de população a jusante Impacto ambiental Impacto socioeconômico
(a) (b) (c) (d)
INSIGNIFICANTE
INEXISTENTE
(área afetada a jusante da barragem encontra-se INEXISTENTE
MUITO PEQUENA (não existem pessoas permanentes/residentes ou
totalmente descaracterizada de suas condições naturais e (não existem quaisquer instalações na área
Vol. Total ≤ 500 mil m³ temporárias/transitando na área afetada a
a estrutura armazena apenas resíduos Classe II B - afetada a jusante da barragem)
(Peso 1) jusante da barragem)
Inertes, segundo a NBR 10.004 da ABNT) (Peso 0)
(Peso 0)
(Peso 0)
POUCO SIGNIFICATIVO
POUCO FREQUENTE BAIXO
(área afetada a jusante da barragem não apresenta área de
(não existem pessoas ocupando (existe pequena concentração de instalações
PEQUENA interesse ambiental relevante ou áreas protegidas em
permanentemente a área afetada a jusante da residenciais, agrícolas, industriais ou de
500 mil m³ a 5 milhões m³ legislação específica, excluídas APPs, e armazena apenas
barragem, mas existe estrada vicinal de uso infraestrutura de relevância socioeconômico-
(Peso 2) resíduos Classe II B - Inertes, segundo a NBR 10.004 da
local) cultural na área afetada a jusante da barragem)
ABNT )
(Peso 3) (Peso 1)
(Peso 2)
FREQUENTE
SIGNIFICATIVO
(não existem pessoas ocupando MÉDIO
(área afetada a jusante da barragem apresenta área de
permanentemente a área afetada a jusante da (existe moderada concentração de instalações
MÉDIA interesse ambiental relevante ou áreas protegidas em
barragem, mas existe rodovia municipal ou residenciais, agrícolas, industriais ou de
5 milhões m³ a 25 milhões m³ legislação específica, excluídas APPs,e armazena apenas
estadual ou federal ou outro local e/ou infraestrutura de relevância socioeconômico-
(Peso 3) resíduos Classe II B - Inertes , segundo a NBR 10.004 da
empreendimento de permanência eventual de cultural na área afetada a jusante da barragem)
ABNT)
pessoas que poderão ser atingidas) (Peso 3)
(Peso 6)
(Peso 5)
ALTO
EXISTENTE MUITO SIGNIFICATIVO
(existe alta concentração de instalações
GRANDE (existem pessoas ocupando permanentemente a (barragem armazena rejeitos ou resíduos sólidos
residenciais, agrícolas, industriais ou de
25 milhões m³ a 50 milhões m³ área afetada a jusante da barragem, portanto, classificados na Classe II A - Não Inertes, segundo a
infraestrutura de relevância socioeconômico-
(Peso 4) vidas humanas poderão ser atingidas) NBR 10004 da ABNT)
cultural na área afetada a jusante da barragem)
(Peso 10) (Peso 8)
(Peso 5)
MUITO SIGNIFICATIVO AGRAVADO
MUITO GRANDE (barragem armazena rejeitos ou resíduos sólidos
Vol. Total > 50 milhões m³ - classificados na Classe I- Perigosos segundo a NBR -
(Peso 5) 10004 da ABNT)
(Peso 10)
DPA = a + b + c + d
Fonte: Brasil (2012a).

188
Quadro 67. Critérios e pesos para classificação do Dano Potencial Associado (DPA).
Pontos
Dano Potencial Associado (DPA) Condição
(Pesos)
Pequeno (VT ≤ 5 hm³) 1
ITEM 1 Médio (5 hm³ < VT ≤ 75 hm³) 2
Grande (75 hm³ < VT ≤ 200 hm³) 3
Volume total do reservatório (VT) Muito grande (VT > 200 hm³) 5
VALOR ITEM 1
Inexistente (Não existem pessoas permanentes / residentes ou temporários / transitando na área afetada a jusante
0
da barragem)
Pouco frequente (Não existem pessoas ocupando permanentemente a área afetada a jusante da barragem, mas
4
existe estrada vicinal de uso local)
ITEM 2 Frequente (Não existem pessoas ocupando permanentemente a área afetada a jusante da barragem, mas existe
rodovia municipal, estadual, federal ou outro local e/ou empreendimento de permanência eventual de pessoas 8
Potencial de perdas de vidas humanas que poderão ser atingidas)
Existente (Existem pessoas ocupando permanentemente a área afetada a jusante da barragem, portanto, vidas
12
humanas poderão ser atingidas)
VALOR ITEM 2
Significativo (Área afetada da barragem não representa área de interesse ambiental, áreas protegidas em
3
ITEM 3 legislação específica ou encontra-se totalmente descaracterizada de suas condições naturais)
Muito significativo (Área afetada da barragem apresenta interesse ambiental relevante ou protegida em
5
Impacto ambiental legislação específica)
VALOR ITEM 3
Inexistente (Não existe quaisquer instalações e serviços de navegação na área afetada por acidente da barragem) 0
ITEM 4 Baixo (Existe pequena concentração de instalações residências e comerciais, agrícolas, industriais ou de
4
infraestrutura na área afetada da barragem ou instalações portuárias ou serviço de navegação)
Impacto socioeconômico Alto (Existe grande concentração de instalações residenciais e comerciais, agrícolas, industriais, de infraestrutura
8
e serviços de lazer e turismo na área afetada da barragem ou instalações portuárias ou serviços de navegação)
VALOR ITEM 4
EC = ∑ itens 1 a 4
Fonte: adaptado de DAEE (2015).

189
Quadro 68. Classificação final da Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial Associado
(DPA) das barragens de acumulação de água.

CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS DE ACUMULAÇÃO DE ÁGUA


CRI
Categoria de Risco
PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS
ALTO ≥ 48 ou EC* = 8

MÉDIO 28 < CRI < 48

BAIXO ≤ 28

Dano Potencial Associado DPA

ALTO ≥ 16

MÉDIO 10 < DPA < 16

BAIXO ≤ 10
(*) Pontuação (maior ou igual a 8) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica
automaticamente CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável
da barragem.
Fonte: Brasil (2012a).

Quadro 69. Classificação final da Categoria de Risco (CRI) e Dano Potencial Associado
(DPA) das barragens para disposição de rejeitos ou resíduos.

CLASSIFICAÇÃO DE BARRAGENS PARA DISPOSIÇÃO DE REJEITOS OU RESÍDUOS


CRI
Categoria de Risco
PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS
ALTO ≥ 54 ou EC* = 10

MÉDIO 32 < CRI < 54

BAIXO ≤ 32

Dano Potencial Associado DPA

ALTO ≥ 13

MÉDIO 7 < DPA < 13

BAIXO ≤7
(*) Pontuação (10) em qualquer coluna de Estado de Conservação (EC) implica automaticamente
CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de providencias imediatas pelo responsável da barragem.
Fonte: Brasil (2012a).

190
4.8. VULNERABILIDADE DA BACIA AO ROMPIMENTO DE BARRAGENS
Para análise da vulnerabilidade de uma bacia hidrográfica ao rompimento de
barragens adotou-se na pesquisa dois critérios, que são:
 Vulnerabilidade da Barragem à Segurança (VBS): baseada na correlação das
classes da Categoria de Riscos (CRI) e do Dano Potencial Associado (DPA) de
cada barragem, estabelecendo valores numéricos para as classes Baixo (valor 1),
Médio (2) e Alto (3), tanto para o CRI como para o DPA. Em seguida, foi calculada
a vulnerabilidade da barragem à segurança pela somatória das classes de CRI e
DPA de cada barragem, instituindo intervalos de valores para as classes de
vulnerabilidade, como mostrado no Quadro 70.
 Vulnerabilidade da Barragem à Processos (VBP): fundamentada nas classes de
suscetibilidade aos processos analisados no projeto (ondas de cheia, corridas de
massa e escorregamentos), sendo estabelecido que sempre prevalecerá na
classificação à vulnerabilidade da barragem à processos, a classe mais elevada e
restritiva, devendo-se analisar a distribuição da classe que ocorre no entorno
próximo do barramento e seu reservatório, especialmente, no caso de
escorregamento, e na bacia montante, no caso de ondas de cheia e corridas de
massa. Os critérios dessa classificação de vulnerabilidade são apresentados no
Quadro 70.
A definição da Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao Rompimento de
Barragens (VBH) foi feita pela somatória das classes de Vulnerabilidade da Barragem à
Segurança (VBS) e Vulnerabilidade da Barragem à Processos (VBP) de cada barragem,
estabelecendo valores numéricos para as classes Baixo (valor 1), Médio (2) e Alto (3) para
a VBS e para as classes Baixo (valor 1), Médio (2), Alto (3) e Muito Alto (4) para a VBP,
conforme apresentado no Quadro 70. Ressalta-se como premissa da pesquisa, que caso a
Vulnerabilidade da Barragem à Segurança (VBS) for alta, a Vulnerabilidade da Bacia
Hidrográfica ao Rompimento de Barragens (VBH) será necessariamente Alta,
independentemente da classe da VBP.
Desta forma, na gestão da bacia hidrográfica pode-se separar uma área de estudo
em pequenas sub-bacias hidrográficas, definindo a Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica
ao Rompimento de Barragens (VBH) de acordo com os procedimentos descritos. Isso
facilita, de forma considerável, o gerenciamento de novos projetos de barragens em cada

191
sub-bacia, não somente levando em consideração os cálculos hidrológicos, como é feito
atualmente no licenciamento de novas barragens, que considera somente a existência de
outras outorgas, focando na disponibilidade hídrica da bacia, mas não na vulnerabilidade
pela presença de outros empreendimentos na mesma área de contribuição.
Os resultados obtidos foram plotados em Mapas específicos com as informações da
Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao Rompimento de Barragens (VBH) com as
informações das classes de suscetibilidade para cada processo.
A Figura 8 apresenta o fluxograma com as etapas e principais produtos da
pesquisa.

Quadro 70. Critérios para determinação da Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao


Rompimento de Barragens (VBH).
Vulnerabilidade da Barragem à Intervalos da
CRI DPA
Segurança (VBS) Somatória do VBS
ALTO 5a6 ALTO (3) ALTO (3)
MÉDIO 3a4 MÉDIO (2) MÉDIO (2)
BAIXO 2 BAIXO (1) BAIXO (1)

Vulnerabilidade da Barragem à
Suscetibilidade à Corridas de Massa
Processos (VBP)
Caso a barragem apresente, pelo menos, classe muito alto para
MUITO ALTO suscetibilidade de um dos processos (ondas de cheia, corridas de massa
e/ou escorregamentos)
Caso a barragem apresente no máximo e pelo menos classe alto para
ALTO suscetibilidade de um dos processos (ondas de cheia, corridas de massa
e/ou escorregamentos)
Caso a barragem apresente no máximo e pelo menos classe médio para
MÉDIO suscetibilidade de um dos processos (ondas de cheia, corridas de massa
e/ou escorregamentos)
Caso a barragem apresente classe baixo para suscetibilidade para todos
BAIXO
os processos (ondas de cheia, corridas de massa e/ou escorregamentos

Vulnerabilidade da Bacia
Hidrográfica ao Rompimento Intervalo de Valores VBS VBP
de Barragens (VBH)
ALTO * 7a6 ALTO (3)* MUITO ALTO (4)
MÉDIO 5a4 MÉDIO (2) ALTO (3)
BAIXO 3a2 BAIXO (1) MÉDIO (2)
BAIXO (1)
Obs: * sempre que a Vulnerabilidade da Barragem à Segurança (VBS) for alta, a Vulnerabilidade da Bacia
Hidrográfica ao Rompimento de Barragens (VBH) será Alta

192
Figura 8. Fluxograma com as etapas e principais produtos da pesquisa.
ETAPAS PRODUTOS

 Conceitos básicos
1ª. Levantamento Bibliográfico  Histórico de acidentes com barragens
 Aspectos técnicos e legais de barragens
 Métodos de mapeamento da suscetibilidade
 Características fisiográficas da bacia do Ribeirão do Roque

 Banco de dados georreferenciados com todos os resultados da


2ª. Organização e Gerenciamento
pesquisa
do Banco de Dados
 Base Cartográfica e Mapas elaborados na pesquisa

3ª. Compartimentação  Mapa das Unidades de Compartimentação Fisiográfica da Bacia


Fisiográfica do Ribeirão do Roque na escala 1:50.000

4ª. Determinação de Parâmetros  Quadro com os parâmetros morfométricos das sub-bacias do


Morfométricos Complementares Descaroçador, Arouca, Moquém e Baixo Roque

5ª. Mapeamento do Uso e  Mapa das unidades de uso e ocupação do solo da Bacia do
Ocupação do Solo Ribeirão do Roque na escala 1:50.000

 Mapas de Suscetibilidade Natural para Parâmetros da


Compartimentação Fisiográfica (GSNF)
6ª. Análise da Suscetibilidade a  Mapas de Suscetibilidade Antrópica (GSA)
Ocorrência de Processos  Mapas de Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos
para a Bacia (GSNM)
 Mapas de Suscetibilidade Final de cada processo (GSF)

7ª. Classificação da Categoria de


Risco (CRI) e Dano Potencial  Quadro com os cálculos de DRI e DPA para cada barragem
Associado (DPA) das Barragens

 Quadros com os cálculos de Vulnerabilidade da Barragem à


Segurança (VBS), Vulnerabilidade da Barragem à Processos
8ª. Vulnerabilidade da Bacia ao (VBP) e Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao rompimento
Rompimento de Barragens (VBH) de barragens (VBH)
 Mapa da Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao rompimento
de barragens (VBH)

193
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esse capítulo apresenta os resultados obtidos pelo desenvolvimento da pesquisa


considerando os seguintes tópicos:
 Compartimentação fisiográfica e parâmetros morfométricos: são apresentados os
levantamentos de dados do mapeamento das unidades de compartimentação
fisiográfica de toda a bacia do Ribeirão do Roque, efetuados no âmbito do projeto
Reis et al (2014), assim como dos parâmetros morfométricos das quatro sub-bacias
hidrográficas estabelecidas na pesquisa, que são Descaroçador, Arouca, Moquém e
Baixo Roque;
 Mapa de uso e ocupação do solo: os resultados das análises de imagens aéreas e dos
levantamentos de campo para elaboração do Mapa de Uso e Ocupação do Solo na
bacia do Ribeirão do Roque;
 Definição do grau de suscetibilidade: apresentação de todos os mapas de
suscetibilidade feitos para os processos de ondas de cheia, corridas de massa e
escorregamentos, considerando os atributos fisiográficos, morfométricos e de uso e
ocupação do solo; e,
 Classificação da categoria de risco das barragens e da vulnerabilidade da bacia
hidrográfica: resultado das classificações de cada barragem identificada na área de
estudo, considerando a Categoria de Risco (CRI), Dano Potencial Associado
(DPA), Vulnerabilidade da Barragem à Segurança (VBS) e Vulnerabilidade da
Barragem à Processos (VBP), para integrar no cálculo da Vulnerabilidade da Bacia
Hidrográfica ao rompimento de barragens (VBH).

5.1. COMPARTIMENTAÇÃO FISIOGRÁFICA E PARÂMETROS


MORFOMÉTRICOS
A bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque abrange o território dos municípios de
Leme, Santa Cruz da Conceição, Pirassununga, Analândia, Corumbataí, Rio Claro e
Araras, na região central do Estado de São Paulo, ocupando uma área de aproximadamente
497 km², localizada na margem esquerda da macrobacia do Rio Mogi-Guaçu.
Em termos geomorfológicos, a bacia do Ribeirão do Roque está situada na
Província Geomorfológica da Depressão Periférica Paulista, na Zona do Mogi Guaçu, no

194
limite com a Província das Cuestas Basálticas, onde as altitudes alcançam valores acima de
1.020 metros e, nas proximidades do exultório, altitudes abaixo de 540 metros.
As formas de relevo que ocorrem na área da bacia, segundo a classificação proposta
pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, no Mapa
Geomorfológico do Estado de São Paulo, incluem: relevos de agradação (planícies e
terraços fluviais), de Degradação em Planaltos Dissecados (relevos colinosos, de morrotes
e de morros), Residual Suportados por Litologias Particulares (relevos sustentados por
maciços básicos) e de Transição (relevo de encostas não escarpadas). A descrição
detalhada de cada forma de relevo que ocorre na área de estudo é apresentada no Quadro
71.
Geologicamente, na bacia do Ribeirão do Roque afloram rochas dos grupos
Tubarão, Passa Dois, São Bento e Bauru, além de depósitos cenozoicos, abrangendo uma
grande variedade de litotipos com características e comportamentos geológico-geotécnicos
variados. O Quadro 72 apresenta as características principais dos litotipos que afloram na
bacia.

195
Quadro 71. Formas do relevo identificadas na bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque.
FORMAS DO
SUBDIVISÃO UNIDADE CARACTERÍSTICAS
RELEVO
Terrenos baixos e mais ou menos planos, junto às
111: Planícies
margens dos rios, sujeitos periodicamente a
Relevo de Aluviais
Relevo de inundações
agradação
Agradação Terrenos horizontais ou levemente inclinados,
continental 112: Terraços
junto às margens dos rios, alçados de poucos
Fluviais
metros em relação às várzeas, não inundáveis
Relevo de colinas amplas com predomínio de
interflúvios com área superior a 4km², topos
212: Relevo extensos e aplainados, vertentes com perfis
de Colinas retilíneos a convexos. Drenagem de baixa
Relevo Colinoso: Amplas densidade, padrão subdendrítico, vales abertos,
planícies aluviais interiores restritas, presença
Predominam baixas eventual de lagoas perenes ou intermitentes
declividades, até
15%, e amplitudes Relevo de colinas médias com predomínio de
locais inferiores a interflúvios com áreas de 1 a 4 km², topos
100 metros 213: Relevo aplainados, vertentes com perfis convexos a
de Colinas retilíneos. Drenagem de média a baixa densidade,
Médias padrão sub-retangular, vales abertos a fechados,
Relevo de planícies aluviais interiores restritas, presença
Degradação eventual de lagoas perenes ou intermitentes
em Planaltos Relevo de
Dissecados Morrotes: Relevo de morrotes alongados e espigões, onde
Predominam 234: Relevo predominam interflúvios sem orientação
declividades médias de Morrotes preferencial, topos angulosos a achatados,
a altas, acima de Alongados e vertentes ravinadas com perfis retilíneos. A
15%, e amplitudes Espigões drenagem é de média a alta densidade, de padrão
locais inferiores a dendrítico e vales fechados.
100 metros
Relevo de Morros:
Relevo de morros com topos arredondados e
Predominam
localmente achatados, vertentes com perfis
declividades médias 241: Morros
convexos a retilíneos, localmente ravinados.
a altas, acima de Arredondado
Exposições locais de rocha. Presença de espigões
15%, e amplitudes s
curtos locais. Drenagem de média densidade,
locais de 100 a 300
padrão dendrítico a subdendrítico, vales fechados.
metros
Relevo de morros testemunhos isolados (peões e
Relevo
baús), com topos aplainados a arredondados,
Residual Relevos
311: Mesa vertentes com perfis retilíneos, muitas vezes com
Suportados Sustentados por
Basálticas trechos escarpados e exposições de rocha.
por Litologias Maciços Básicos
Drenagem de média densidade, padrão pinulado a
Particulares
subparalelo, vales fechados.
Relevo de 511: Encostas Encostas desfeitas em interflúvios lineares de
Encostas não Sulcadas por topos angulosos a arredondados, vertentes de
Escarpadas Vales perfis retilíneos. Drenagem de média densidade,
Predominam Subparalelos padrão subparalelo a dendrítico, vales fechados
Relevos de
declividades Encostas de vertentes com perfis retilíneos a
Transição
médias, entre 15 a 512: Encostas convexos e trechos escarpados. Drenagem de
30%, e amplitudes com Cânions média densidade, padrão pinulado, vales
maiores que 100 Locais fechados, localmente formando cânions, vales
metros principais com fundos chatos.
Fonte: IPT (1981b).

196
Quadro 72. Características dos litotipos que ocorrem na bacia hidrográfica do Ribeirão do
Roque.
Formação /
Grupo Características
Depósitos
Areias, cascalhos e argilas formando sedimentos inconsolidados
Sedimentos
associados as planícies aluvionares atuais
Aluvionares
Cenozoicos
Sedimentos quaternários predominantemente arenosos
Depósitos

Terraços
inconsolidados, com níveis de cascalhos localizados, em antigas
Fluviais
planícies.
Depósitos coluvionares constituídos por sedimentos arenosos
Coberturas
inconsolidados, com níveis lateríticos no perfil de alteração e seixos
Cenozoicas
na porção basal.
Camadas alternadas de arenitos com cimento argiloso, folhelhos e
Bauru

Formação conglomerados, estes com clastos de composição variada


Itaqueri provenientes de fora da bacia de deposição, situados tanto na base
BACIA SEDIMENTAR DO PARANÁ

quanto no interior do pacote.


Rochas vulcânicas toleíticas dispostas em derrames basálticos, com
coloração cinza a negra, textura afanítica, com intercalações de
Serra Geral arenitos intertrapeanos, finos a médios, apresentando estratificação
cruzada tangencial. Ocorrem esparsos níveis vitrofíricos não
individualizados.
São Bento

Apresentando contatos predominantemente concordantes ou


transacionais com a formação Pirambóia, esta formação é
Botucatu
caracterizada pela composição arenítica eólica, de granulação fina a
média com estratificação cruzada de médio a grande porte.
Esta formação é constituída por arenitos finos a médios e
sedimentos sílticoargilosos, de estratificação cruzada ou plano-
Pirambóia
paralela, contendo níveis de folhelhos e arenitos argilosos, bem
como eventuais intercalações de natureza areno-conglomerática.
Esta unidade é composta por argilitos, folhelhos e siltitos com
Passa Dois

Corumbataí intercalações de bancos carbonáticos, silexitos e camadas de


arenitos finos.
Constituída por siltitos, argilitos e folhelhos, com folhelhos
Irati pirobetuminosos, localmente em alternância rítmica de calcários e
arenitos conglomeráticos na base.
Constituída predominantemente por siltitos, arenitos finos em parte
Tubarão

concrecionados e, subordinadamente ocorrem camadas de arenitos,


Tatuí
calcários, folhelhos e sílex. A base do pacote sedimentar apresenta
relações de discordância com a formação Itararé
Fonte: Suguio et al. (1977); Soares et al. (1980); IPT (1981a); Paula e Silva (2003); Machado (2005).

Como resultados da compartimentação fisiográfica da bacia hidrográfica do


Ribeirão do Roque e dos trabalhos de campo pode-se distinguir dez unidades fisiográficas,
sendo que no Quadro 73 são apresentadas as características de cada unidade, segundo os
critérios de fotoanálise e fotointerpretação (propriedades e atributos geotécnicos
interpretados).
A distribuição espacial e as principais características fotogeológicas das dez
unidades fisiográficas definidas podem ser observadas no Anexo 1, no qual é apresentado
o Mapa das Unidades Fisiográficas da Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Roque. Pode-se

197
verificar que as unidades fisiográficas com maior abrangência na área de estudo são III, VI,
VII, VIII, IX. E localmente tem-se as unidades I, II, IV, Va, Vb e X. Nesse sentido,
destaca-se as seguintes informações para cada unidade:
 Unidade I: Planície Aluvial com sedimentos aluvionares (areias, cascalhos e argilas
inconsolidados) tem sua distribuição associada ao baixo curso do Ribeirão do
Roque, nas proximidades da confluência entre os ribeirões do Arouca e Moquém e
no Ribeirão do Descaroçador. Existem, ainda, depósitos aluvionares representativos
localizados nas porções montantes dos ribeirões do Descaroçador e do Moquém;
 Unidade II: Terraços Fluviais com materiais dominantemente arenosos ocorrem
exclusivamente no Baixo Roque, nas proximidades com a confluência do Rio Mogi
Guaçu, possivelmente, associado a evolução da paisagem na planície desse rio;
 Unidade III: Colúvios e coberturas com solos lateríticos em relevo colinoso
(Coberturas Cenozóicas) se distribuem, principalmente, pelo topo de colinas
amplas no Baixo Roque e, localmente, em encostas de colinas na porção montante
da sub-bacia do Ribeirão do Moquém, onde essa unidade é explorada para
produção de areia para construção civil por diferentes empresas de mineração;
 Unidade IV: Arenitos em topos de relevo de Cuestas (Arenitos da Formação
Itaqueri) tem sua distribuição espacial muito restrita na área de estudo, associada a
pequenas porções no topo das Cuestas basálticas situadas a oeste e sudoeste da
área, nas cabeceiras das sub-bacias dos ribeirões do Descaroçador, do Arouca e do
Moquém;
 Unidade Va: Arenitos e Basaltos em relevos de escarpas (Arenitos da Formação
Botucatu e Basaltos da Formação Serra Geral) e Unidade Vb: Material
inconsolidado proveniente de intemperismo e ação da gravidade no sopé de
Cuestas (Depósito de Talus). Essas unidades estão associadas as escarpas e sopé de
escarpas do relevo de Cuestas basálticas, apresentando, assim como a unidade IV,
uma distribuição muito restrita, a oeste e sudoeste da área de estudo;
 Unidade VI: Diabásio em relevo de morrotes alinhados e encostas íngremes com
talus e colúvios associados (diabásio, diques e soleiras correlatas a Formação Serra
Geral). Apresenta uma distribuição bem representativa nas sub-bacias dos ribeirões
do Descaroçador e Baixo Roque, formando pequenas escarpas em morrotes
alinhados, no primeiro caso, e grande soleira que condiciona o vale do Ribeirão do

198
Roque, no segundo caso. Essa unidade tem outras ocorrências localizadas ao longo
da área de estudo;
 Unidade VII: Arenitos e solos arenosos em relevo de encostas suaves (Arenitos das
Formações Pirambóia e Botucatu), que estão associados basicamente as porções
montantes das sub-bacias dos ribeirões do Descaroçador e do Arouca, nas porções
oeste e noroeste da área de estudo;
 Unidade VIII: Arenitos e solos arenosos em relevo de meia encosta (Arenitos da
Formação Pirambóia), representam uma das unidades mais representativas na bacia
do Ribeirão do Roque, com distribuição espacial nas quatro sub-bacias,
especialmente, nas suas porções montante;
 Unidade IX: Siltitos e argilitos em relevo de meia encosta (Formação Corumbataí),
também se constituem em outra unidade muito representativa da área de estudo, se
distribuindo em todas as sub-bacias, ao longo das meia e baixa encostas e do leito
das drenagens, por representarem uma unidade bem resistente aos processos
erosivos de entale dos vales;
 Unidade X: Folhelhos, calcários e sílex da Formação Irati e siltito e arenitos da
Formação Tatuí em relevo de meia encosta (Formações Irati e Tatuí). Apresenta
uma distribuição bem localizada ao Baixo Roque, a leste da área de estudo.

199
Quadro 73. Descrição das unidades fisiográficas mapeadas na bacia do Ribeirão do Roque.

200
Em relação aos parâmetros morfométricos, a Tabela 2 relaciona os valores
calculados para as quatro sub-bacias hidrográfica analisadas na pesquisa (Ribeirão do
Roque, denominado de Baixo Roque, e ribeirões do Descaroçador, Arouca e Moquém).
Os principais parâmetros morfométricos determinados para serem usados
posteriormente na definição do grau de suscetibilidade aos processos de ondas de cheia e
corridas de massa são: densidade de drenagem, índice de circularidade, inclinação do
talvegue principal, índice de sinuosidade e ordem hierárquica do canal principal segundo o
método Strahler.
Já o perímetro, a área e a amplitude altimétrica de cada sub-bacia hidrográfica e a
soma do comprimento da drenagem foram usados para o cálculo dos principais parâmetros
morfométricos citados anteriormente.
Pelos resultados obtidos pode-se verificar que somente o Ribeirão do Arouca
apresenta uma densidade de drenagem mais acentuada, sendo que as demais sub-bacias
tem baixa densidade de drenagem. Em termos da forma da bacia, basicamente todas
apresentaram valores intermediários para baixos, demonstrando uma forma triangular
predominante para todas as sub-bacias, o que reflete, hidrologicamente, em tempos de
concentração intermediários.
Em relação a forma do canal principal, todos apresentam valores baixos, dentro do
intervalo que representam canais retilíneos, pouco sinuosos, indicando um maior potencial
de velocidade das águas em eventos pluviométricos mais intensos. Para a ordem
hierárquica do canal principal, as sub-bacias do Descaroçador, Moquém e Arouca são de 5a
ordem e a do Baixo Roque de 6a ordem, o que revela sub-bacias bem desenvolvidas em
termos de evolução da paisagem, com formação de planícies aluvionares significativas na
porção jusante. Fato confirmado pelas inclinações dos talvegues com valores bem baixos,
representativos de bacias de porte intermediário, com planícies aluvionares na sua porção
jusante que influenciam no resultado baixo para a inclinação dos talvegues. As amplitudes
altimétricas também são baixas, comumente encontradas em bacias hidrográficas de
regiões de relevo colinoso e de morrotes.
O índice de Melton (M) foi calculado para 308 sub-bacias com áreas menores de 10
km² dentro das quatro sub-bacias estudadas na pesquisa, sendo que nenhuma apresentou
valor de M acima de 0,3, sendo o maior valor de 0,1921 e o menor de 0,0086, ou seja,
nenhuma sub-bacia hidrográfica apresenta alta suscetibilidade a ocorrência de corridas de

201
massa, conforme critérios estabelecidos por Wilford et al. (2004) e Bitar (2014). Isso
demonstra que, com base nos parâmetros morfométricos, o processo predominante no
Ribeirão do Roque é a onda de cheia, que conforme as denominações adotadas por Bitar
(2014) seria processo de enxurrada e por Wilford et al. (2004) como flash flood.
Um outro parâmetro bastante usado para análise de ondas de cheia é o índice de
rugosidade, que é a multiplicação entre a amplitude e a densidade de drenagem, contudo,
como na presente pesquisa os atributos de amplitude e densidade de drenagem já foram
considerados, optou-se por não usar o índice de rugosidade na classificação do grau de
suscetibilidade, pois, caso contrário ocorreria uma sobreposição de mesmos atributos na
análise.

Tabela 2. Valores de parâmetros morfométricos das bacias hidrográficas analisadas na


pesquisa.
Bacia Hidrográfica
Parâmetro Ribeirão Ribeirão do Ribeirão do Ribeirão do
Descaroçador Arouca Moquém Roque
Perímetro (km) 79,76 56,20 68,55 137,48

Área (km2) 164,32 92,85 148,53 497,54


Amplitude altimétrica da bacia (km) 0,44 0,43 0,41 0,48

Amplitude altimétrica do canal (km) 0,27 0,24 0,11 0,28


Comprimento do canal principal (km) 33,40 24,56 25,96 60,64
Soma do comprimento da drenagem (km) 202,41 175,34 191,79 690,31

Densidade de drenagem (km/km2) 1,23 1,89 1,29 1,39


Índice de circularidade 0,32 0,37 0,40 0,33
Inclinação do talvegue principal (graus) 0,46 0,56 0,24 0,27
Índice de Sinuosidade 1,09 1,12 1,08 1,20
Ordem do canal principal 5 5 5 6

5.2. MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO


Com a finalidade de avaliar as intervenções antrópicas na bacia hidrográfica do
Ribeirão do Roque, foi realizado mapeamento de uso e ocupação do solo, na escala
1:50.000. As classes de uso estabelecidas no estudo consideraram as características e suas
suscetibilidades à ocorrência dos processos de ondas de cheia, corridas de massa e
escorregamentos, sendo as seguintes: cultura sazonal; mata; pastagem; cultura perene;
campo sujo; área urbana e construções rurais; solo exposto e mineração; barragem sem

202
outorga; barragem outorgada; lagoa natural; tanque; barragem de rejeito de mineração; e
tanque outorgado.
Nesse sentido, a Tabela 3 e a Figura 9 apresentam os resultados obtidos pelo
mapeamento das classes de uso e ocupação do solo e o Apêndice 3 a distribuição espacial
dessas unidades pela bacia hidrográfica do Ribeirão do Roque.
Pela análise dos resultados pode-se verificar que a classe de cultura sazonal
predomina de forma significativa com distribuição em 61,74% da área de estudo. Em
seguida, aparece a classe de mata com 17,10%, demonstrando que a bacia apresenta um
valor abaixo do esperado para áreas de mata, que pela legislação brasileira deveria atingir
valores mínimos de, aproximadamente, 20%. Com distribuição percentual semelhantes
ocorrem as classes de cultura perene e campo sujo, com 7,96% e 7,91%, respectivamente.
As demais classes apresentam valores abaixo de 1% de ocorrência espacial, mas algumas
delas representam as maiores suscetibilidades a gerarem ou serem afetadas pelos processos
de dinâmica superficial analisados na pesquisa.
A classe área urbana está basicamente associada a cidade de Santa Cruz da
Conceição situada na porção final da sub-bacia do Ribeirão do Moquém, no entorno da
maior barragem existente na área de estudo, a qual tem a finalidade de abastecimento
público. A área urbana de Santa Cruz da Conceição é constituída por áreas residenciais,
que ainda mantém as características de cidades pequenas do interior, sem nenhuma área
densamente ocupada, preservando grandes áreas permeáveis.
Também não se observa favelas, existindo uma infraestrutura adequada na maior
parte da cidade. As áreas que ainda não tem infraestrutura adequada, mantém muitas
características de núcleos rurais, com terrenos com baixa impermeabilização, não sendo
observadas áreas de riscos ocupadas por bairros residenciais ou industriais, somente
existindo construções isoladas em algumas planícies aluvionares, que podem ser afetadas
em eventos excepcionais de inundação.

203
Tabela 3. Porcentagem das classes de uso e ocupação do solo na bacia do Ribeirão do
Roque.
Classes de Uso e Ocupação do Solo %
Cultura Sazonal 61,736
Mata 17,101
Pastagem 7,955
Cultura Perene 7,914

Campo Sujo 3,463


Área Urbana e Construções Rurais 0,866
Solo Exposto e Mineração 0,339
Barragem sem Outorga 0,244
Barragem Outorgada 0,222
Lagoa Natural 0,075
Tanque 0,053
Barragem de Rejeito de Mineração 0,030
Tanque Outorgado 0,003

Figura 9. Distribuição das classes de uso e ocupação do solo na bacia do Ribeirão do


Roque.
0,244 0,075 0,053 0,030
0,866 0,339 0,222 0,003 cultura sazonal

3,463 mata

7,914 pastagem

cultura perene
7,955
campo sujo

área urbana e cosntruções rurais

solo exposto e mineração

barragem
17,101
61,736
baragem outorgada

lagoa natural

tanque

barragem de mineração

tanque outorgado

204
5.3. DEFINIÇÃO DO GRAU DE SUSCETIBILIDADE
A partir dos critérios estabelecidos para determinação do Grau de Suscetibilidade
de áreas afetadas pela ocorrência aos processos de ondas de cheia excepcionais, corridas de
massa e escorregamentos na bacia do Ribeirão do Roque foram feitos os cálculos e
determinações das classes de suscetibilidade em baixa, média e alta para cada unidade de
compartimentação fisiográfica e de uso e ocupação do solo mapeadas na área de estudo,
assim como a definição das classes para os parâmetros morfométricos para cada sub-bacia
hidrográfica.
Os Quadro 74 e 75 relacionam os resultados das classificações para ondas de
cheias excepcionais das unidades para cada atributo de compartimentação fisiográfica e
das sub-bacias hidrográficas em relação aos parâmetros morfométricos. A Figura 10
ilustra o Mapa do Grau de Suscetibilidade da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) para
ondas de cheia com a distribuição espacial de cada classe.
Pode-se verificar que as unidades I, II e IX foram as que apresentaram maior
quantidade de atributos fisiográficos relacionados a suscetibilidade natural a ocorrência de
ondas de cheias, correspondendo as áreas de planícies e terraços aluviais (unidades I e II)
que apresentam áreas significativas de ocorrência na porção jusante da bacia e em pontos
mais localizados nas sub-bacias do Descaroçador e do Moquém, com relevo plano, muito
baixa declividade, sem alterações altimétricas relevantes e sedimentos saturados pela
presença de nível de água subterrânea aflorante a sub-aflorante, onde já ocorrem processos
de inundação de forma recorrente, e as áreas de afloramento dos siltitos e argilitos da
Formação Corumbataí (unidade IX), com perfis de solo pouco desenvolvidos e argilosos,
com baixa permeabilidade, declividade e amplitude, o que possibilita o incremento do
escoamento superficial.
As unidades de baixa suscetibilidade estão situadas nas porções montante da bacia,
sendo representada por arenitos e basaltos em relevos de escarpas das Cuestas basálticas
(unidade Va), que apresenta uma distribuição espacial de pouca relevância na área de
estudo, e aos arenitos e solos arenosos em relevo de encostas suaves com alta
permeabilidade (unidade VII).
As demais unidades apresentaram classificações intermediárias, algumas delas
demonstrando atributos de suscetibilidades baixa ou alta, mas predominando os atributos

205
de média suscetibilidade, como foram os casos das unidades III, IV, Vb, VI e X. Já a
unidade VIII apresentou basicamente atributos classificados como média.
Os resultados dos parâmetros morfométricos para ondas de cheia nas quatro sub-
bacias demonstraram que os Ribeirões do Descaroçador, Moquém e Baixo Roque
apresentaram mais atributos classificados como alta suscetibilidade e o Ribeirão do Arouca
como média, apesar de terem baixa densidade de drenagem.
No caso do Baixo Roque, por ser a sub-bacia que recebe toda a contribuição das
demais três sub-bacias, o resultado já era o esperado, além de ser a área de confluência do
Rio Mogi Guaçu, onde as unidades de planície aluvial e terraço fluvial predominam de
forma relevante.
As sub-bacias dos ribeirões do Descaroçador e Moquém são muitos semelhantes,
apresentando a mesma quantidade de atributos classificados como média e alta
suscetibilidade, mas pelo critério adotado na pesquisa pela prevalência da segurança,
tiveram seu Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos (GSNM) na
classe alta.
A sub-bacia do Ribeirão do Arouca apresentou a maior quantidade de atributos na
classe média, referente a ordem hierárquica do canal principal, densidade de drenagem e
forma da bacia (índice de circularidade)
Para a forma do canal principal (índice de sinuosidade), todos os canais
apresentaram valores baixos, entre 1,08 e 1,20, representativos de canais retilíneos, onde a
velocidade das águas são maiores do que nos canais sinuosos ou meandrantes e, por
consequência, seu poder de erosão fluvial é maior, principalmente, a erosão por
solapamento das margens e do leito fluvial.
Nas áreas de ocorrência dos arenitos das formações Pirambóia e Botucatu há a
tendência de formação de canais mais encaixados por erosão e aprofundamento do leito,
situação que fica bem evidente na sub-bacia do Arouca. Contudo, nas áreas de ocorrência
dos siltitos e argilitos da Formação Corumbataí e dos diabásios haverá uma maior
velocidade para as águas, aumento o poder erosivo nas margens, circunstância relevante na
porção montante da sub-bacia do Moquém e do Baixo Roque e nas porções jusante do
Ribeirão do Descaroçador e Arouca.

206
Quadro 74. Determinação do Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) de áreas afetadas pela
ocorrência aos processos de ondas de cheia excepcionais na bacia do Ribeirão do Roque.

SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE EVENTOS DE CHEIAS EXCEPCIONAIS


FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Processos Propriedades e Características Geológico-

Tipo e espessura das rochas, solo e


VII; VIII III; IV; Va; Vb; VI; X I; II; IX
materiais inconsolidados

Amplitude Local Va; VI IV; Vb; VIII I; II; III; VII; IX; X
Geotécnicas
Naturais/Intrínsecos

Declividade predominante do
Va; VI VIII; X I; II; III; IV; Vb; VII; IX
(Meio Físico)

terreno

Forma/Perfil dos vales IV; Vb; VII; IX; X III; Va; VI; VIII I; II

Formas de Encosta e Escoamento


Va; VII III; IV; Vb; VI; VIII; X I; II; IX
Superficial
Geológicos

Indícios (sinais) de cheias e


Va; VI; IX; X III; Vb; VII; VIII I; II; IV
inundações e ação de erosão fluvial

IV = 1; III = 4; IV = 3; I = 6; II = 6; III = 2; IV = 2;
TOTAL DE OCORRÊNCIAS DAS UNIDADES
Va = 4; Vb = 1; VI = 3; VII = 3; Va = 2; Vb = 4; VI = 3; VII = 1; Vb = 1; VII = 2;
EM CADA CLASSE
VIII = 1; IX = 2; X = 2 VIII = 5; X =3 IX = 4; X =1

GSNF Va; VII III; IV; Vb; VI; VIII; X I; II; IX

207
Quadro 75. Determinação do Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos para a Bacia (GSNM) de áreas afetadas pela
ocorrência aos processos de ondas de cheia excepcionais nas bacias hidrográfica analisadas.

SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE EVENTOS DE CHEIAS EXCEPCIONAIS


FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA

Ordem hierárquica do Ribeirões do Descaroçador, Arouca e


--- Ribeirão Baixo Roque
Propriedades e Características

canal principal Moquém


Morfométricas da Bacia

Densidade de Ribeirões do Descaroçador, Moquém e Baixo


Naturais/Intrínsecos

Ribeirão do Arouca ---


Drenagem (Dd) Roque
(Meio Físico)

Forma do canal
Ribeirões do Descaroçador, Arouca, Moquém e Baixo
principal (índice de --- ---
Roque
sinuosidade)
Forma da bacia
Ribeirões do Descaroçador, Arouca, Moquém
(índice de --- ---
e Baixo Roque
circularidade)
Inclinação do canal Ribeirões do Descaroçador, Arouca, Moquém e Baixo
--- ---
principal (talvegue) Roque
Ribeirão Baixo Roque = 1; Ribeirão do
TOTAL DE OCORRÊNCIAS EM Ribeirão Baixo Roque = 1; Ribeirão do Ribeirão Baixo Roque = 3; Ribeirão Descaroçador = 2;
Descaroçador = 2; Ribeirão do Arouca = 3;
CADA CLASSE Descaroçador = 1; Ribeirão do Moquém = 1 Ribeirão do Arouca = 2; Ribeirão do Moquém = 2
Ribeirão do Moquém = 2

GSNM --- Ribeirão do Arouca Ribeirões do Descaroçador, Moquém e Baixo Roque

208
Figura 10. Mapa do Grau de Suscetibilidade da Compartimentação Fisiográfica (GSNF)
para ondas de cheia.

209
Os resultados da classificação da suscetibilidade às corridas de massa para os
atributos fisiográficos e morfométricos são apresentados, respectivamente, nos Quadros
76 e 77. Já as classes de suscetibilidade à escorregamentos considerando os atributos
fisiográficos são mostrados no Quadro 78. E a Figura 11 ilustra o Mapa do Grau de
Suscetibilidade da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) para corridas de massa e
escorregamentos, com a distribuição espacial das classes de suscetibilidade para ambos os
processos.
É importante relembrar que para os escorregamentos não foram estabelecidos
parâmetros morfométricos e somente fisiográficos, pois, são processos associados as
encostas, nos quais os parâmetros morfométricos da bacia tem pouco relevância em seu
desenvolvimento, diferentemente, do que ocorre para as ondas de cheia e corridas de
massa, nos quais a morfometria da bacia é fundamental para o desenvolvimento do
processo.
Pela análise dos resultados dos atributos fisiográficos pode-se verificar que as
classificações das suscetibilidades para corridas de massa e escorregamentos são
semelhantes, refletindo que as corridas de massa se constituem na continuidade do
desenvolvimento dos escorregamentos, quando os materiais destes atingem os leitos das
drenagens assumindo uma nova dinâmica reológica.
As unidades Va, Vb e VI apresentam alta suscetibilidade para corridas de massa e
escorregamentos, especialmente, por ocorrerem ao longo das escarpas das Cuestas
basálticas (Va), inclusive formando depósitos de tálus (Vb) ou por estarem associadas as
encostas íngremes de morrotes alinhados suportados por diabásio, formando depósitos de
colúvio e tálus (VI), conforme pode ser observado nos Quadros 76 a 78.
Contudo, as unidades Va e Vb apresentam uma pequena distribuição espacial na
área de estudo, sendo pouco representativa. Portanto, pode-se verificar que a bacia
hidrográfica do Ribeirão do Roque apresenta, em termos fisiográficos, poucos locais para
ocorrência de escorregamentos, muito localizados e, por consequência, trata-se de uma
bacia também com baixa suscetibilidade a ocorrência de movimentos de massa em geral
(Figura 11). Situação corroborada pelos atributos morfométricos que demonstram baixa
suscetibilidade à ocorrência dos citados processos nas sub-bacias dos Ribeirões do Baixo
Roque, Descaroçador e Moquém. Somente a sub-bacia do Ribeirão do Arouca apresentou
média suscetibilidade geral, especialmente, devido apresentar uma maior densidade de
drenagem.

210
As unidades fisiográficas I, II, III e VII apresentaram baixa suscetibilidade a
escorregamentos e corridas de massa, por representarem áreas planas associadas as
planícies aluviais e terrações fluviais (unidades I e II); as coberturas cenozoicas com solos
laterizados em áreas de rampas coluvionares planas (unidade III), que poderiam ser
suscetíveis a escorregamentos induzidos por ação antrópica, especialmente, em taludes de
obras civis; ou aos arenitos das formações Pirambóia e Botucatu em encostas suaves
(unidade VII).
As demais unidades fisiográficas mostraram suscetibilidades intermediárias, sendo
que algumas ficaram com a mesma quantidade de atributos entre baixa e média (unidades
IV, IX e X), mas classificadas no final como média suscetibilidade para favorecer a
segurança. Já a unidade VIII apresentou todos os atributos dentro da classe média
suscetibilidade.
Portanto, trata-se de uma área muito tranquila em relação a ocorrência de
movimentos de massa em geral, que estão associados em determinados pontos da bacia que
apresentam encostas íngremes do relevo de Cuestas basálticas e a morrotes alinhados,
situação que pode ser alterada pela ação antrópica na construção de taludes de corte e
aterro em obras civis ou em atividades minerárias.
O Quadro 79 apresenta a classificação da suscetibilidade considerando os atributos
antrópicos relacionados ao uso e ocupação do solo e a Figura 12 ilustra o Mapa do Grau
de Suscetibilidade Antrópico (GSA) para ondas de cheia, corridas de massa e
escorregamentos. Ressalta-se que para os três processos foram classificadas as unidades de
uso e ocupação de solo da mesma forma, já que contribuem de forma semelhante nas
suscetibilidades desses processos.
Pelos resultados pode-se observar que as classes de alta suscetibilidade aos três
processos para os atributos antrópicos estão situadas em pontos muito localizadas,
associadas as barragens de acumulação de água sem outorga junto ao DAEE ou de rejeitos
de mineração e as áreas de mineração, que na área são associadas a extração de areia em
encostas para construção civil e siltitos e argilitos para produção de telhas ou pisos.
A maior parte da área apresenta média suscetibilidade, especialmente, associada a
cultura sazonal e pastagem. Existem, ainda, áreas de baixa suscetibilidade relacionadas,
principalmente, à fragmentos florestais e cultura perene (Figura 12).

211
Quadro 76. Determinação Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) de áreas afetadas pela
ocorrência aos processos de corridas de massa na bacia do Ribeirão do Roque.

SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE CORRIDAS DE MASSA


FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Processos Propriedades e Características Geológico-

Tipo e espessura das rochas, solo e


IV; VII; VIII; IX; X I; II; III; Va; Vb; VI
materiais inconsolidados

Amplitude Local I; II; III; VII; IX; X IV; Vb; VIII Va; VI
Geotécnicas
Naturais/Intrínsecos

Declividade predominante do
I; II; III; IV; Vb; VII; VIII; IX; X Va; VI
(Meio Físico)

terreno

Forma/Perfil dos vales I; II; III; IV; Vb; VII; IX; X VI; VIII Va

Formas de Encosta e Escoamento


I; II; III; VII IV; VI; VIII; IX; X Va; Vb
Superficial
Geológicos

Indícios (sinais) de movimentos de


I; II; III; VII; IX; X IV; VIII Va; Vb; VI
massa

I = 5; II = 5; III = 5; IV = 3;
TOTAL DE OCORRÊNCIAS DAS UNIDADES IV = 3; Vb = 1; VI = 2; I = 1; II = 1; III = 1; Va = 6;
Vb = 2; VII = 6;
EM CADA CLASSE VIII = 6; IX = 3; X =3 Vb = 3; VI = 4
VIII = 1; IX = 3; X = 3

GSNF I; II; III; VII IV; VIII; IX; X Va; Vb; VI

212
Quadro 77. Determinação do Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros Morfométricos para a Bacia (GSNM) de áreas afetadas pela
ocorrência aos processos de corridas de massa nas bacias hidrográfica analisadas.

SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE CORRIDAS DE MASSA


FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA

Ribeirões do Descaroçador, Arouca, Moquém


Índice de Melton (M) --- ---
e Baixo Roque
Propriedades e Características

Ordem hierárquica do Ribeirões do Descaroçador, Arouca e


Ribeirão Baixo Roque ---
Morfométricas da Bacia

canal principal Moquém


Naturais/Intrínsecos

Densidade de Ribeirões do Descaroçador, Moquém e Baixo


(Meio Físico)

Ribeirão do Arouca ---


Drenagem (Dd) Roque
Forma do canal
Ribeirões do Descaroçador, Arouca, Moquém e Baixo
principal (índice de --- ---
Roque
sinuosidade)
Forma da bacia
Ribeirões do Descaroçador, Arouca, Moquém
(índice de --- ---
e Baixo Roque
circularidade)
Inclinação do canal Ribeirões do Descaroçador, Arouca, Moquém
--- ---
principal (talvegue) e Baixo Roque
Ribeirão Baixo Roque = 4; Ribeirão do Ribeirão Baixo Roque = 1; Ribeirão do
TOTAL DE OCORRÊNCIAS EM Ribeirão Baixo Roque = 1; Ribeirão do Descaroçador =
Descaroçador = 3; Ribeirão do Arouca = 2; Descaroçador = 2; Ribeirão do Arouca = 3;
CADA CLASSE 1; Ribeirão do Arouca = 1; Ribeirão do Moquém = 1
Ribeirão do Moquém = 3 Ribeirão do Moquém = 2
Ribeirões Baixo Roque, Descaroçador
GSNM Ribeirão do Arouca ---
Moquém

213
Quadro 78. Determinação Grau de Suscetibilidade Natural de Parâmetros da Compartimentação Fisiográfica (GSNF) de áreas afetadas pela
ocorrência aos processos de escorregamentos na bacia do Ribeirão do Roque.

SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE ESCORREGAMENTOS


FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Processos Propriedades e Características Geológico-

Tipo e espessura das rochas, solo e


IV; VII VIII; IX; X I; II; III; Va; Vb; VI
materiais inconsolidados

Amplitude Local I; II; III; VII; IX; X IV; Vb; VIII Va; VI
Geotécnicas
Naturais/Intrínsecos

Declividade predominante do
I; II; III; IV; Vb; VII VIII; IX; X Va; VI
(Meio Físico)

terreno

Forma/Perfil dos vales I; II; III; IV; Vb; VII; IX; X VI; VIII Va

Formas de Encosta e Escoamento


I; II; III; VII IV; VIII; IX; X Va; Vb; VI
Superficial
Geológicos

Indícios (sinais) de movimentos de


I; II; III; VII; IX; X IV; VIII Va; Vb; VI
massa

I = 5; II = 5; III = 5; IV = 3;
TOTAL DE OCORRÊNCIAS DAS UNIDADES IV = 3; Vb = 1; VI = 1; I = 1; II = 1; III = 1; Va = 6;
Vb = 2; VII = 6;
EM CADA CLASSE VIII = 6; IX = 3; X =3 Vb = 3; VI = 5
VIII = 1; IX = 3; X = 3

GSNF I; II; III; VII IV; VIII; IX; X Va; Vb; VI

214
Figura 11. Mapa do Grau de Suscetibilidade da Compartimentação Fisiográfica (GSNF)
para corridas de massa e escorregamentos.

215
Quadro 79. Determinação Grau de Suscetibilidade Antrópico (GSA) de áreas afetadas pela ocorrência aos processos de ondas de cheia
excepcionais, corridas de massa e escorregamentos na bacia do Ribeirão do Roque.
SUSCETIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE PROCESSOS DE ONDAS DE CHEIA EXCEPCIONAIS, CORRIDAS DE MASSA E
ESCORREGAMENTOS
FATORES ATRIBUTOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Socioeconômicos/Indutores
(Nível de interferência)

Ocupação do solo e
Antrópicos

Condições das Cultura Sazonal; Pastagem; Campo Sujo;


Mata; Cultura Perene; Lagoa Natural; Solo Exposto e Mineração; Barragem sem Outorga;
Barragens Barragem Outorgada; Tanque; Área Urbana e
Tanque Outorgado Barragem de Rejeito de Mineração.
Construções Rurais;
GSA

216
Figura 12. Mapa do Grau de Suscetibilidade Antrópico (GSA) para ondas de cheia,
corridas de massa e escorregamentos.

217
As Figuras 13 e 14 apresentam os Mapas do Grau de Suscetibilidade Final
preliminar (GSF preliminar) e do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para ondas de cheia,
respectivamente, destacando que o primeiro não considera os resultados dos parâmetros
morfométricos e o segundo considera. Pode-se observar que o Mapa GSF para ondas de
cheia ficou muito conservador, apresentando uma distribuição muita grande da classe alta e
nenhuma para a baixa suscetibilidade. Isso ocorreu, principalmente, pela inserção como
agravante dos parâmetros morfométricos, para os quais as sub-bacias do Descaroçador,
Moquém e Baixo Roque ficaram com a classificação de alta suscetibilidade, elevando a
suscetibilidade para todas as classes dessas sub-bacias, como pode-se observar pela
comparação das Figuras 13 e 14.
Verifica-se que o Mapa GSF preliminar foi mais condizente com a situação da área
e facilitando a gestão da própria bacia hidrográfica em termos da avaliação da
vulnerabilidade ao rompimento de barragens induzidos pelos processos geológicos de
dinâmica superficial considerados na presente pesquisa. Mas em ambos os mapas as áreas
com maiores suscetibilidades a ondas de cheia estão associadas as planícies aluviais ou
terraços fluviais das sub-bacias dos Ribeirões Descaroçador, Moquém e Baixo Roque,
além das áreas de afloramentos dos siltitos e argilitos da Formação Corumbataí, como já
havia sido identificado na classificação da suscetibilidade das unidades fisiográficas.
Durante os levantamentos de campo foi possível observar pontos com indicação de
processos de ondas de cheia por precipitação excepcional ou induzidos pelo rompimento
de pequenos barramentos, que destruíram algumas pontes de estradas municipais não
pavimentadas, nas sub-bacias dos Ribeirões do Moquém e Baixo Roque.
As Figuras 15 e 16 apresentam os Mapas do Grau de Suscetibilidade Final
preliminar (GSF preliminar) e do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para corridas de
massa, respectivamente. Verifica-se que ambos os mapas estão muitos semelhantes,
havendo poucas diferenças associadas a sub-bacia do Ribeirão do Arouca, pois, somente
essa sub-bacia apresentou classe de suscetibilidade média, todas as demais foram
classificadas como baixa suscetibilidade.
Apesar da área de estudo não apresentar características fisiográficas e
morfométricas muito favoráveis a ocorrência de corridas de massa, a metodologia usada
forneceu como resultado final a predominância de média suscetibilidade a esse processo,
pois, os atributos antrópicos podem incrementar a ocorrência de processos induzidos,
como, por exemplo, corridas de massa associadas ao rompimento de barragens, como

218
ocorreu em 2007 com o rompimento de duas barragens de rejeito de mineração da
produção de areia na cabeceira do Córrego do Monjolo, afluente do Ribeirão do Moquém.
Esse acidente gerou um processo de corrida de massa nas duas barragens, devido aos
rejeitos de argila, que ocasionou danos em um trecho de cerca de 6 km em ambas as
drenagens citadas, destruindo duas pontes, matas ciliares e áreas cultivadas, morte de
animais, escavação intensa do leito, assoreamento da barragem de abastecimento público
de água de Santa Cruz da Conceição, entre outros impactos.
A Figura 17 ilustra o Mapa do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para
escorregamentos no qual se observa que as áreas com as maiores suscetibilidades estão
associadas as características fisiográficas do terreno, das unidades de encostas íngremes do
relevo de Cuestas basálticas e de morrotes alinhados, com ocorrência de depósitos de tálus
e colúvios, assim como as áreas de solos expostos, especialmente, em barragens de rejeito
de mineração e barragens sem outorga.
Pela análise dos resultados pode-se verificar que, apesar de alguns casos,
principalmente, para ondas de cheia e em pontos localizados para corridas de massa e
escorregamentos, a suscetibilidade aos processos ficar um pouco conservadora, a
metodologia auxilia na identificação de áreas que devem ser priorizadas na gestão da
vulnerabilidade da bacia em relação a ocorrência desses processos, que podem induzir ao
rompimento de barragens. Buscando dessa forma que a manutenção e monitoramento por
parte dos empreendedores das barragens e a fiscalização pelos órgãos fiscalizadores sejam
concentrados nos empreendimentos em áreas mais suscetíveis e, que por consequência,
podem estar em risco dependendo das condições da barragem. Ressalta-se, que outros
métodos de definição da suscetibilidade aos processos de ondas de cheia, corridas de massa
e/ou escorregamentos podem ser usados seguindo as diferentes metodologias apresentadas
no capítulo de fundamentação teórica, mas é fundamental considerar o grau de
suscetibilidade na avaliação da vulnerabilidade da bacia hidrográfica ao rompimento de
barragens, o que não é proposto nos vários métodos de classificação da segurança desses
empreendimentos, inclusive aqueles definidos na legislação brasileira.
Portanto, a integração de resultados de suscetibilidade a processos de dinâmica
superficial com a classificação das barragens, que será visto no próximo sub-capítulo,
auxiliam, de forma considerável, verificar as condições de vulnerabilidade da bacia
hidrográfica ao rompimento de barragens.

219
Figura 13. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final Preliminar (GSF preliminar) para ondas
de cheia (sem considerar os parâmetros morfométricos).

220
Figura 14. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para ondas de cheia
(considerando os parâmetros morfométricos).

221
Figura 15. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final Preliminar (GSF preliminar) para
corridas de massa (sem considerar os parâmetros morfométricos).

222
Figura 16. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para corridas de massa
(considerando os parâmetros morfométricos).

223
Figura 17. Mapa do Grau de Suscetibilidade Final (GSF) para escorregamentos.

224
5.4. CLASSIFICAÇÃO DA CATEGORIA DE RISCO DAS BARRAGENS E DA
VULNERABILIDADE DA BACIA HIDROGRÁFICA
As barragens de acumulação de água e de rejeito de mineração existentes na bacia
hidrográfica do Ribeirão do Roque foram mapeadas por meio de análise de imagem aérea
para realizar a classificação de acordo com sua categoria de risco, totalizando 116
barragens, sendo 110 de acumulação de água e 6 de rejeito de mineração.
Das 110 barragens de acumulação identificadas na bacia do Ribeirão do Roque, 45
estão situadas na sub-bacia do Descaroçador, 25 no Arouca, 22 no Baixo Roque e 18 no
Moquém. Das barragens de rejeito de mineração, 4 estão localizadas no Moquém e 2 no
Arouca. Portanto, a sub-bacia do Descaroçador tem a maior concentração de
empreendimentos na área, com praticamente 39% das barragens da área de estudo.
O Apêndice 1 relaciona todas as barragens identificadas com suas respectivas
classificações da Categoria de Risco (CRI), considerando cada um dos critérios
estabelecidos na pesquisa, assim como, para o Dano Potencial Associado (DPA) de cada
barragem.
Pela análise dos resultados pode-se verificar que a grande maioria das barragens de
acumulação de água e de rejeitos de mineração apresenta alta categoria de risco,
identificando que 84% das barragens de acumulação de água foram classificadas como alto
risco, 14% como média e somente 2% como baixa. Já em relação às barragens de rejeito
todas as seis mapeadas na área de estudo foram classificadas como alto risco.
Ressalta-se que muitas barragens ultrapassaram o limite para a somatória dos pesos
do Estado de Conservação que, pelo critério adotado, já classifica a barragem como alto
risco, referente a: Confiabilidade das Estruturas Extravasoras; Percolação; Deformações e
Recalques; e Deterioração dos Taludes/Paramentos. Isso demonstra que muitos
empreendimentos não possuem qualquer tipo de manutenção e monitoramento, não
somente nas pequenas barragens, mas também nas de médio porte. Fato reforçado pela
grande quantidade de barragens sem outorga existentes na bacia do Ribeirão do Roque, o
que já indica a falta de critérios técnicos e legais adequados para o planejamento,
construção, operação, manutenção e monitoramento dessas barragens.
Tais resultados demonstram que a bacia do Ribeirão do Roque apresenta muitas
barragens em risco elevado que podem ocasionar sérios danos se ocorrer seu rompimento,
destacando que muitos desses empreendimentos estão em uma mesma drenagem, sendo

225
que o rompimento de uma barragem situada a montante pode ocasionar rompimento em
cadeia daquelas que se localizam a jusante.
Os resultados do DPA para barragens de acumulação de água demonstraram 60
empreendimentos classificados como de baixo dano, 22 como médio e 28 como alto. E
para barragens de rejeito de mineração 2 barragens foram classificados em médio e 4 em
alto, sendo que duas de alto já sofreram rompimento em 2007 afetando o Córrego do
Monjolo e o Ribeirão do Moquém, assoreando o reservatório da barragem de
abastecimento de água do município de Santa Cruz da Conceição.
Pela integração do CRI e DPA calculou-se a classe de Vulnerabilidade da Barragem
à Segurança (VBS), conforme apresentado no Apêndice 2, no qual se observa que 52
barragens foram classificadas com alto VBS, 63 como médio e 1 como baixo. Esses
resultados demonstram a precariedade dos barramentos e o alto potencial de dano que
esses empreendimentos podem ocasionar no caso de rompimento, especialmente, em
eventos pluviométricos excepcionais que podem gerar em acidentes em cadeia em uma
mesma drenagem. Das barragens com alto VBS, 19 estão situadas na sub-bacia do
Descaroçador, 15 no Baixo Roque, 10 no Arouca e 8 no Moquém. Esses resultados
demonstram que apesar do Baixo Roque ter um pouco mais da metade das barragens do
Descaroçador, apresenta, relativamente, uma quantidade muito grande de barramentos em
alta vulnerabilidade em relação à segurança. Isso se deve, principalmente, por essa sub-
bacia ser cortada pela Rodovia Anhanguera e pela Dutovia OSBRA, o que aumentou o
DPA calculado para as barragens dessa sub-bacia.
Outro ponto a destacar é que a maior barragem existente na bacia do Ribeirão do
Roque, a barragem de abastecimento público do município de Santa Cruz da Conceição
(barragem com identificador 1), está localizada na sub-bacia do Moquém, sendo
classificada com CRI baixo e DPA alto, totalizando um VBS de médio.
Em complemento, as barragens foram classificadas quanto suas suscetibilidades de
serem afetadas pelos processos de ondas de cheia, corridas de massa e escorregamentos. O
Apêndice 2 apresenta o quadro com as classes de suscetibilidade à ondas de cheia, corridas
de massa e escorregamentos para cada barragem, considerando suas características no
entorno próximo e na bacia de contribuição à montante. A partir desses resultados pode-se
determinar a Vulnerabilidade das Barragens aos Processos (VBP) analisados na pesquisa.
Pelos resultados pode-se verificar que 26 barragens apresentaram muito alto VBP, 75 alto e

226
15 médio, destacando que o processo de ondas de cheia foi o que mais contribuiu para a
classificação das classes muito alto e alto.
Finalizando a classificação da Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica do
rompimento de barragens (VBH), foi feita a somatória dos valores de VBS e VBP
obtendo-se como resultado 61 barragens dentro do intervalo de valores para classe alto
(entre 7 e 6) e mais 6 barragens classificadas como alto para VBH, devido ao critério de
VBS alto conduz automaticamente a classificação alto para VBH, mesmo que o valor tenha
sido 5, totalizando, portanto, 67 com alto VBH. Em complemento, 49 barragens
apresentaram na classe médio VBH. Ressalta-se que nenhum barramento apresentou VBH
baixo demonstrando que a bacia do Ribeirão do Roque tem alta vulnerabilidade ao
rompimento de barragens, sendo que dos empreendimentos classificados com alto VBH,
22 localizam-se na sub-bacia do Descaroçador, 19 no Baixo Roque, 16 no Moquém e 10
no Arouca (Apêndice 2). O Apêndice 3 apresenta o Mapa de Vulnerabilidade da Bacia
Hidrográfica ao Rompimento de Barragens (VBH), com a distribuição espacial das classes
de suscetibilidade mais elevadas, considerando todos os processos de forma integrada.
O Quadro 80 apresenta uma síntese com a quantidade de barragens em cada classe
em todos os critérios propostos na presente pesquisa.
Quadro 80. Quantidade de barragem classificadas em cada classe nos critérios propostos
na pesquisa.
Critérios Classes Quantidade de Barragens
Alto 99
CRI Médio 15
Baixo 2
Alto 32
DPA Médio 24
Baixo 60
Alto 52
VBS Médio 63
Baixo 1
Muito Alto 26
Alto 75
VBP
Médio 15
Baixo 0
Alto 67
VBH Médio 49
Baixo 0

227
Durante os levantamentos de campo verificou-se uma série de problemas graves em
diferentes barragens, sendo o mais comum e recorrente, a presença de vegetação arbórea
no maciço do barramento, muitas vezes até formando um fragmento florestal significativo,
impossibilitando inclusive qualquer tipo de vistoria das condições de estabilidade ou
mesmo manutenção. Outras barragens apresentaram claros problemas associados a erosão
na forma de piping, erosão superficial, afundamentos do terreno, ausência de extravasador,
infiltração e indícios de percolação de água no maciço, ausência de qualquer tipo de
instrumento de monitoramento e vestígios de processo de galgamento e de rompimento
pretéritos.
A fase de levantamento de campo se mostrou extremamente importante tanto para
estabelecer as características fisiográficas, morfométricas e de uso e ocupação do solo,
como para classificar a categoria de risco e dano potencial associado.
A metodologia de determinação do grau de suscetibilidade dos processos de
dinâmica superficial se mostrou conservadora, preservando a segurança. O ideal é realizar
estudos de retro-análise para estabelecer, de forma mais próxima das condições da área de
estudo, os graus de suscetibilidade, reconhecendo os atributos fisiográficos e/ou
morfométricos mais relevantes a ocorrência de cada processo, inclusive podendo-se definir
pesos mais elevados para aqueles atributos mais relevantes na deflagração e
desenvolvimento do processo.
A classificação da categoria de risco não pode ser feita de forma completa, pois,
muitos atributos referentes ao projeto da barragem, como dados de vazão de projeto, tipo
de fundação e idade da barragem, não puderem ser obtidos para compor a classificação,
contudo, para os órgãos de fiscalização esse problema não ocorrerá, já que pela legislação,
o empreendedor ou responsável pela barragem deverá informar esses dados.
Para a definição do dano potencial associado a grande dificuldade é determinar a
abrangência dos danos na área jusante no caso de um possível rompimento, sendo que
somente a Deliberação Normativa COPAM nº 87/2005 apresenta uma metodologia mais
clara para essa finalidade.
Os procedimentos para determinar as Vulnerabilidades da Barragem à Segurança
(VBS), aos Processos (VBP) e da Bacia Hidrográfica ao rompimento de barragens (VBH)
se mostraram de fácil aplicação e gerenciamento em ambiente SIG, após a obtenção de

228
todos os dados referentes a Categoria de Risco (CRI), Dano Potencial Associado (DPA) e
as suscetibilidade aos processos.
Quando se analisa as legislações brasileiras vigentes sobre segurança de barragens é
importante ponderar os seguintes aspectos:
 Apesar de todas as legislações nacionais estabelecerem critérios para cálculo do
risco da barragem e seu dano associado, nenhuma analisa aspectos relacionados aos
processos de dinâmica superficial, principalmente, às corridas de massa e
escorregamentos, que podem ocorrer na bacia montante e condicionar o
rompimento da barragem. As ondas de cheia são levadas em consideração de forma
indireta nas legislações que consideram a vazão do projeto como critério de
classificação. Essa situação é extremamente preocupante, pois, como discutido no
capítulo da fundamentação teórica, vários acidentes no mundo tiveram como
causador processos geológicos de dinâmica superficial ocorridos a montante.
Segundo dados da ICOLD (1995), até 1986, 60% dos grandes acidentes com
barragens de grande porte foram causados por galgamento em eventos
pluviométricos excepcionais e formação de ondas de cheia, 30% por processo de
piping no maciço do barramento e 10% por outros motivos, como falhas nas
fundações ou estruturais, terremotos, corridas de massa, entre outros. Wilson
(1989) e Tannant e Skermer (2013) estudaram casos específicos de rompimento de
pequenas barragens de terra na região de Okanagan, na Columbia Britânica,
Canadá, causado especificamente pela ação de corridas de lama e de detritos,
demonstrando que as condições naturais que possibilitam a formação de corridas de
massa devem ser atributos geológico-geotécnicos a serem considerados na
implantação de barragens. No acidente da barragem de St. Francis, situada a norte
de Los Angeles, EUA, ocorrido em 1928, no qual aproximadamente 450 pessoas
morreram, a ruptura ocorreu por problemas na fundação ocasionada por
escorregamento na ombreira esquerda do maciço (JANSEN, 1980; BALBI, 2008).
No acidente da barragem de Vajont, na Itália, em 1963, que matou
aproximadamente 2.600 pessoas, não ocorreu o rompimento da barragem e sim a
formação de uma onda gigante superior a 100 metros de altura, formada por um
escorregamento ocorrido nas margens do reservatório, que galgou o maciço da
barragem e atingiu várias cidades a jusante (USBR, 1999; BALBI, 2008). Portanto,
existe uma associação bastante estreita entre os processos de movimentos de massa

229
e problemas de acidentes em barragens, seja ocasionado por escorregamentos no
maciço da barragem ou em suas ombreiras, seja por escorregamentos ou corridas de
massa afetando seu reservatório e gerando ondas que rompem a barragem ou
causam o galgamento, que basicamente as legislações brasileira não levam em
consideração na avaliação da segurança desses empreendimentos;
 Nenhuma legislação nacional considera as barragens situadas a montante nos
critérios de classificação da categoria de risco, outro ponto preocupante da
legislação brasileira, pois, acidentes históricos no mundo tiveram como causa o
rompimento de pequenos e médios barramentos em cadeia na mesma drenagem,
como foi o acidente na região do norte do Estado do Colorado, nos EUA, em
setembro de 2013, quando ocorreu o rompimento de 9 pequenas e médias barragens
em cadeia, ocasionando a morte 8 pessoas e mais de 2 bilhões de dólares em
prejuízos econômicos (HISTORY CHANNEL, 2014);
 A maior parte das legislações nacionais colocam as pequenas e médias barragens
em patamar inferior a dos grandes barramentos quando se analisa o risco e o dano
associado, não considerando que muitos pequenos reservatórios rompendo em
cadeia podem gerar processos significativos com impactos relevantes, inclusive
com potencial de ocasionar o rompimento de barragens de médio e grande porte
situadas a jusante. Charles (1993); Foster, Spannagle, Fell (1998); Hartford (2004);
Viseu (2006); Balbi (2008); Duarte (2008); e Environment Agency of United
Kingdon (2011) apresentam os critérios estabelecidos internacionalmente para
aplicação da legislação de segurança de barragens e obrigatoriedade de elaboração
de planos de emergência, demonstrando que a preocupação principal é com as
barragens de médio e grande porte, em geral, maiores de 8 metros de altura e com
alta capacidade de reservação de água, rejeito ou resíduo. Essa situação indica que
as barragens de pequeno são relegadas a segundo plano ou mesmo desconsideradas;
 As barragens que serão fiscalizadas pelo DAEE no Estado de São Paulo, de acordo
com os critérios de enquadramento estabelecidos pela Portaria DAEE nº
3907/2015, serão aquelas que apresentam, pelo menos, uma das seguintes
características: altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à crista
da barragem, maior ou igual a 15 metros (quinze metros); capacidade total do
reservatório, maior ou igual a 3x106 m³ (três milhões de metros cúbicos); e
categoria de dano potencial associado, médio ou alto, em termos econômicos,

230
sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas. Ou seja, muitas barragens que
não se enquadram nesses critérios, mas que situam-se a montante e podem colocar
em risco barragens a jusante, não serão fiscalizadas;
 A existência de vários órgãos, de nível federal e estadual (CNRH, DNPM, ANA,
DAEE, FEAM, IGAM, entre outros), fiscalizando e legislando sobre a segurança
de barragens, é um outro ponto negativo quando se pensa na gestão das bacias
hidrográficas e dos próprios empreendimentos em específico, pois, a presença de
barragens de mineração a montante de barragens de acumulação de água podem
alterar a classificação de risco das mesmas e vice-versa. Além disso, acaba
existindo uma sobreposição de atribuições e responsabilidades, que geralmente
atrapalha a adoção de medidas emergenciais no caso de acidentes ou tomada de
decisões nos procedimentos de gestão, assim como há um aumento no custo da
fiscalização, quando se compara a uma situação na qual somente um órgão é o
responsável pela segurança de barragens em nível federal.
No caso da Portaria DAEE nº 3907/2015 é definido um critério bem subjetivo para
barragens de baixo dano potencial associado, que são aquelas que não apresentarem a
jusante núcleos urbanos, empreendimentos ou áreas de interesse ambiental relevantes, a
uma distância de duas vezes o comprimento do reservatório formado, sendo um valor bem
subjetivo.
Portanto, novas metodologias para avaliar a segurança de barragens e a
vulnerabilidade de bacias hidrográficas, assim como uma revisão das legislações
brasileiras, são fundamentais na gestão territorial e para evitar que novos acidentes
ocorram no país.

231
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Pelos resultados obtidos durante o desenvolvimento da pesquisa pode-se concluir


que a vulnerabilidade de bacias hidrográficas ao rompimento de barragens está diretamente
relacionada as características hidrológicas, hidráulicas, fisiográficas, morfométricas e de
uso ocupação do solo na bacia hidrográfica e as condições de risco e dano potencial de
cada barragem, sendo que muitos acidentes tiveram como causa a ocorrência de processos
de ondas de cheia, corridas de massa e escorregamentos, mas, em geral, associados a falhas
estruturais, de projeto ou manutenção.
A metodologia proposta se mostrou adequada para definir a vulnerabilidade de
bacias hidrográficas ao rompimento de barragens, podendo auxiliar a gestão territorial de
bacias e a fiscalização desses empreendimentos, especialmente, no processo de
licenciamento de novas barragens, pois, possibilita identificar, de forma integrada, a
suscetibilidade aos processos de ondas de cheia, corridas de massa e escorregamentos e
quais sub-bacias já possuem empreendimentos em risco e o dano potencial a que estas
estão submetidas.
O método usado para estabelecer a suscetibilidade aos processos de dinâmica
superficial se mostrou bastante conservador, principalmente, quando houve a integração
dos atributos fisiográficos, morfométricos e de uso e ocupação do solo, devendo em
pesquisas futuras estabelecer a suscetibilidade alinhada a estudos de retro-análise, de
preferência, usando métodos probabilísticos, e a simulação para definir a abrangência
desses processos.
Os atributos referentes a categoria de risco e ao dano potencial associado de
barragens definidos na legislação são apropriados para classificar cada barramento,
considerando uma análise pontual e a bacia jusante, mas sem qualquer avaliação da bacia
montante e de empreendimentos existentes em cadeia em uma mesma drenagem, a não ser
indiretamente pelos cálculos de vazão. Contudo, existe a dificuldade de se obter os dados
em campo e do projeto de cada empreendimento, o que deve ser facilitado para os órgãos
de fiscalização, pois, os proprietários deverão, obrigatoriamente, fornecer esses dados
técnicos, conforme determina a legislação. Como muitas barragens não são outorgadas,
primeiramente há a necessidade de se realizar um intensivo trabalho de fiscalização para
regularização desses empreendimentos em situação irregular.

232
A apresentação dos resultados em um único mapa e quadro facilitou a visualização
das informações e classificações feitas na pesquisa, assim como, o uso de um sistema de
informação geográfica é fundamental para possibilitar a integração dos resultados e dos
cálculos de forma rápida, podendo-se incluir em pesquisas futuras pesos diferentes para
cada atributo.
Entretanto, ainda, não existe consenso na bibliografia sobre o grau de importância
de cada atributo natural e antrópico no desenvolvimento dos processos de dinâmica
superficial analisados na pesquisa. Além disso, os atributos de segurança e dano potencial
de barragens estabelecidos na legislação brasileira são relativamente recentes e, ainda,
estão sendo testados pelos diferentes órgãos de licenciamento e fiscalização e,
possivelmente, sofrerão diversas modificações nos próximos anos, principalmente, devido
aos recentes acidentes, em especial, com as barragens de rejeito da Mineração Samarco,
ocorrido em 2015.
Nesse contexto, o Estado de Minas Gerais está mais avançado em relação a outros,
pois, implementou normativos e procedimentos legais de licenciamento e fiscalização há
mais tempo, possuindo uma maior experiência acumulada, inclusive pelos principais
acidentes com barragens de mineração no país terem ocorrido nesse estado.
A escala 1:50.000 usada no mapeamento dos atributos fisiográficos, morfométricos
e de uso e ocupação do solo é apropriada para estabelecer as suscetibilidades aos processos
de dinâmica superficial, muito usada em diversos estudos na bibliografia, facilitando a
gestão integrada das sub-bacias existentes na área de estudo. Contudo, para definir os
danos potenciais associados a bacia jusante, o ideal seria usar escalas de maior detalhe,
para possibilitar o uso de programas de simulação, que, em geral, necessitam de modelos
digitais do terreno mais acurados no mapeamento da área de abrangência das
consequências de um possível rompimento do barramento.
Esse é um dos pontos de maior dificuldade de análise nas legislações existentes,
sendo que somente a Deliberação Normativa COPAM nº 87/2005 apresenta uma
metodologia de cálculo dessa área a jusante que pode ser afetada. Em projetos futuros
recomenda-se realizar pesquisas comparativas entre programas de simulação e a
metodologia proposta por essa deliberação normativa, incluindo estudos de retro-análise.
Recomenda-se, ainda, que devem ser considerados outros processos geológicos
relevantes em áreas de estudo distintas, assim como comparar a situação em regiões com
características geomorfológicas e geológicas diferentes, pois, os resultados da quantidade

233
de barragens sem outorga em uma bacia hidrográfica, como a do Ribeirão do Roque, são
alarmantes, especialmente, se considerar que São Paulo é um dos estados com os melhores
controles e fiscalização do Brasil.
Portanto, pode-se concluir que a proposta metodológica apresentada na presente
tese é um primeiro passo para que novas pesquisas sejam desenvolvidas em relação a
avaliação da vulnerabilidade de bacias hidrográficas ao rompimento de barragens,
integrando aspectos dos processos de dinâmica superficial em toda a bacia, as
características de projeto, construção, operação, monitoramento e manutenção de
barragens, os danos potenciais na bacia jusante e a operação integrada de diferentes
empreendimentos em uma mesma bacia, independentemente de seu porte.

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257
APÊNDICE 1

QUADRO DE CLASSIFICAÇÃO DA CATEGORIA DE


RISCO (CRI) E DANO POTENCIAL ASSOCIADO
(DPA) DAS BARRAGENS

258
Apêndice 1. Classificação da Categoria de Risco (CRI) e do Dano Potencial Associado (DPA) das barragens na bacia do Ribeirão do Roque.
Deterior.
dos Manuais Soma Volume Impacto Soma
Tipo de Estruturas Deform. e Docum. de Equipe de Inspeção e Classe Popul. à Impacto
Identif. Tipos Altura Compr. Percolação Taludes / de Segur. e PAE Total do Sócio Total DPA Sub-bacia
Material Extrav. Recalques Projeto Segur. Monitor. do CRI Jusante Ambiental
Paramento Monitor. CRI Reserv. Econôm. DPA
s
Barragem
1 1 3 3 0 0 0 2 2 1 2 4 4 22 baixo 1 12 3 8 24 alto Moquém
Outorgada
2 Barragem 0 2 3 0 6 0 2 10 6 8 2 8 47 alto 1 4 3 4 12 médio Moquém
Barragem
3 0 2 0 0 6 0 6 10 1 8 8 6 47 alto 1 5 6 5 17 alto Moquém
Mineração
4 Barragem 0 2 3 10 10 10 10 10 6 8 2 8 79 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém

5 Barragem 0 2 3 10 6 0 6 10 6 8 2 8 61 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém

6 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém


Barragem
7 0 2 3 6 6 0 6 5 6 8 2 8 52 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém
Outorgada
8 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém

9 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém

10 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 4 3 4 12 médio Moquém

11 Barragem 0 2 3 0 10 0 10 10 6 8 2 8 59 alto 1 4 3 8 16 alto Moquém

12 Barragem 0 2 3 0 0 0 2 10 6 8 2 8 41 médio 1 0 3 0 4 baixo Moquém


Barragem
13 0 2 3 6 10 0 10 5 6 8 2 8 60 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém
Outorgada
Barragem
14 0 2 3 0 6 0 6 5 6 8 2 8 46 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém
Outorgada
Barragem
15 0 2 0 0 6 6 6 10 1 8 8 6 53 alto 1 5 6 5 17 alto Moquém
Mineração
Barragem
16 1 2 0 0 6 6 6 10 1 8 8 6 54 alto 1 5 6 5 17 alto Moquém
Mineração
Barragem
17 1 2 0 0 10 6 6 5 1 8 8 6 53 alto 1 5 6 5 17 alto Moquém
Mineração
18 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém

19 Barragem 0 2 3 0 10 2 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém

20 Barragem 0 2 3 0 10 10 10 10 6 8 2 8 69 alto 1 0 3 0 4 baixo Moquém

21 Barragem 0 2 3 6 10 6 10 10 6 8 2 8 71 alto 1 4 3 4 12 médio Moquém

259
Deterior.
dos Manuais Soma Volume Impacto Soma
Tipo de Estruturas Deform. e Docum. de Equipe de Inspeção e Classe Popul. à Impacto
Identif. Tipos Altura Compr. Percolação Taludes / de Segur. e PAE Total do Sócio Total DPA Sub-bacia
Material Extrav. Recalques Projeto Segur. Monitor. do CRI Jusante Ambiental
Paramento Monitor. CRI Reserv. Econôm. DPA
s
22 Barragem 0 2 3 6 10 3 6 10 6 8 2 8 64 alto 1 0 3 4 8 baixo Moquém

23 Barragem 0 2 3 0 10 0 10 10 6 8 2 8 59 alto 1 4 3 0 8 baixo Arouca

24 Barragem 0 2 3 0 10 0 10 10 6 8 2 8 59 alto 1 4 3 0 8 baixo Arouca

25 Barragem 0 2 3 6 6 0 10 10 6 8 2 8 61 alto 1 4 3 4 12 médio Arouca

26 Barragem 0 2 3 6 6 0 10 10 6 8 2 8 61 alto 1 4 3 0 8 baixo Arouca

27 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 4 3 4 12 médio Arouca

28 Barragem 0 2 3 0 10 0 10 10 6 8 2 8 59 alto 1 4 3 4 12 médio Arouca


Barragem
29 0 2 0 0 6 0 10 10 1 8 2 6 45 alto 1 5 2 3 11 médio Arouca
Mineração
Barragem
30 0 2 0 0 6 0 10 10 1 8 2 6 45 alto 1 5 2 3 11 médio Arouca
Mineração
Barragem
31 0 2 2 0 0 0 2 5 6 8 2 8 35 médio 1 4 3 0 8 baixo Arouca
Outorgada
32 Barragem 0 2 3 6 10 6 10 10 6 8 2 8 71 alto 1 0 3 0 4 baixo Arouca

33 Barragem 0 2 3 0 10 0 10 10 6 8 2 8 59 alto 1 0 3 0 4 baixo Arouca

34 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 0 3 0 4 baixo Arouca

35 Barragem 0 2 3 0 0 0 0 10 2 8 2 8 35 médio 1 4 3 4 12 médio Arouca

36 Barragem 0 2 3 0 6 0 0 10 2 8 2 8 41 médio 1 8 3 4 16 alto Arouca

37 Barragem 0 2 3 0 0 0 2 10 2 8 2 8 37 médio 1 8 3 4 16 alto Arouca

38 Barragem 0 2 3 0 0 0 0 10 2 8 2 8 35 médio 1 8 3 4 16 alto Arouca

39 Barragem 0 2 3 0 0 0 2 10 2 8 2 8 37 médio 1 8 3 4 16 alto Arouca

40 Barragem 0 2 3 0 10 6 10 10 6 8 2 8 65 alto 1 0 3 0 4 baixo Arouca

41 Barragem 0 2 3 0 6 0 2 10 6 8 2 8 47 alto 1 0 3 0 4 baixo Arouca

42 Barragem 0 2 3 0 10 0 2 10 6 8 2 8 51 alto 1 0 3 4 8 baixo Arouca

43 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Arouca

260
Deterior.
dos Manuais Soma Volume Impacto Soma
Tipo de Estruturas Deform. e Docum. de Equipe de Inspeção e Classe Popul. à Impacto
Identif. Tipos Altura Compr. Percolação Taludes / de Segur. e PAE Total do Sócio Total DPA Sub-bacia
Material Extrav. Recalques Projeto Segur. Monitor. do CRI Jusante Ambiental
Paramento Monitor. CRI Reserv. Econôm. DPA
s
44 Barragem 0 2 3 6 6 0 2 10 6 8 2 8 53 alto 1 0 3 0 4 baixo Arouca

45 Barragem 0 2 3 6 6 0 2 10 6 8 2 8 53 alto 1 0 3 4 8 baixo Arouca

46 Barragem 0 2 3 6 0 0 2 10 6 8 2 8 47 alto 1 0 3 4 8 baixo Arouca

47 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 8 3 4 16 alto Arouca

48 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

49 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

50 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

51 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

52 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

53 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

54 Barragem 0 2 3 0 0 0 2 5 1 8 2 8 31 médio 1 4 3 4 12 médio Descaroçador

55 Barragem 0 2 3 0 10 6 6 10 6 8 2 8 61 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

56 Barragem 0 2 3 0 10 6 6 10 6 8 2 8 61 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

57 Barragem 0 2 3 0 10 6 6 10 6 8 2 8 61 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

58 Barragem 0 2 3 0 10 0 10 10 6 8 2 8 59 alto 1 4 3 0 8 baixo Descaroçador

59 Barragem 0 2 3 6 10 6 10 10 6 8 2 8 71 alto 1 4 3 0 8 baixo Descaroçador

60 Barragem 0 2 3 6 10 6 10 10 6 8 2 8 71 alto 1 4 3 4 12 médio Descaroçador

61 Barragem 0 2 3 10 10 10 10 10 6 8 2 8 79 alto 1 12 3 8 24 alto Descaroçador

62 Barragem 0 2 3 6 10 0 10 10 6 8 2 8 65 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

63 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 4 3 4 12 médio Descaroçador

64 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 4 3 4 12 médio Descaroçador


Barragem
65 0 2 3 6 0 0 6 5 6 8 2 8 46 alto 1 4 3 4 12 médio Descaroçador
Outorgada

261
Deterior.
dos Manuais Soma Volume Impacto Soma
Tipo de Estruturas Deform. e Docum. de Equipe de Inspeção e Classe Popul. à Impacto
Identif. Tipos Altura Compr. Percolação Taludes / de Segur. e PAE Total do Sócio Total DPA Sub-bacia
Material Extrav. Recalques Projeto Segur. Monitor. do CRI Jusante Ambiental
Paramento Monitor. CRI Reserv. Econôm. DPA
s
66 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 4 3 4 12 médio Descaroçador

67 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 4 3 4 12 médio Descaroçador


Barragem
68 0 2 3 6 6 0 10 5 6 8 2 8 56 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador
Outorgada
Barragem
69 0 2 3 0 6 0 6 5 3 8 2 8 43 alto 1 8 3 4 16 alto Descaroçador
Outorgada
Barragem
70 0 2 3 0 6 0 6 5 3 8 2 8 43 alto 1 8 3 4 16 alto Descaroçador
Outorgada
Barragem
71 0 2 3 0 6 0 6 5 3 8 2 8 43 alto 1 8 3 4 16 alto Descaroçador
Outorgada
Barragem
72 0 2 3 0 0 0 0 5 3 8 2 8 31 médio 1 4 3 8 16 alto Descaroçador
Outorgada
Barragem
73 0 2 3 0 0 0 0 5 3 8 2 8 31 médio 1 4 3 4 12 médio Descaroçador
Outorgada
Barragem
74 0 2 3 0 0 0 6 5 3 8 2 8 37 médio 1 4 3 8 16 alto Descaroçador
Outorgada
Barragem
75 0 2 3 0 6 0 10 5 6 8 2 8 50 alto 1 4 3 4 12 médio Descaroçador
Outorgada
76 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 4 3 4 12 médio Descaroçador

77 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

78 Barragem 0 2 3 0 10 0 10 10 6 8 2 8 59 alto 1 8 3 4 16 alto Descaroçador

79 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

80 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

81 Barragem 0 2 3 0 0 0 6 10 6 8 2 8 45 médio 1 12 3 8 24 alto Descaroçador

82 Barragem 0 2 3 0 10 0 10 10 6 8 2 8 59 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

83 Barragem 0 2 3 0 0 0 6 10 6 8 2 8 45 médio 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

84 Barragem 0 2 3 0 0 0 0 10 6 8 2 8 39 médio 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

85 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

86 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

87 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 0 3 0 4 baixo Descaroçador

262
Deterior.
dos Manuais Soma Volume Impacto Soma
Tipo de Estruturas Deform. e Docum. de Equipe de Inspeção e Classe Popul. à Impacto
Identif. Tipos Altura Compr. Percolação Taludes / de Segur. e PAE Total do Sócio Total DPA Sub-bacia
Material Extrav. Recalques Projeto Segur. Monitor. do CRI Jusante Ambiental
Paramento Monitor. CRI Reserv. Econôm. DPA
s
88 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 4 3 8 16 alto Descaroçador

89 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 8 3 4 16 alto Descaroçador

90 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 4 3 8 16 alto Descaroçador

91 Barragem 0 2 3 0 6 0 2 10 6 8 2 8 47 alto 1 4 3 0 8 baixo Descaroçador

92 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 4 3 0 8 baixo Descaroçador

93 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 0 3 0 4 baixo Baixo Roque

94 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Baixo Roque

95 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 0 3 0 4 baixo Baixo Roque

96 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 8 3 4 16 alto Baixo Roque

97 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 8 3 4 16 alto Baixo Roque

98 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 0 3 0 4 baixo Baixo Roque


Barragem
99 0 2 3 6 6 0 6 5 6 8 2 8 52 alto 1 0 3 4 8 baixo Baixo Roque
Outorgada
Barragem
100 0 2 3 6 6 0 2 5 6 8 2 8 48 alto 1 0 3 0 4 baixo Baixo Roque
Outorgada
101 Barragem 0 2 3 6 10 0 6 10 6 8 2 8 61 alto 1 4 3 4 12 médio Baixo Roque

102 Barragem 0 2 3 0 6 0 6 10 6 8 2 8 51 alto 1 12 3 8 24 alto Baixo Roque

103 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 12 3 8 24 alto Baixo Roque

104 Barragem 0 2 3 0 10 0 6 10 6 8 2 8 55 alto 1 12 3 8 24 alto Baixo Roque


Barragem
105 0 2 1 0 0 0 0 2 1 2 2 4 14 baixo 1 0 3 0 4 baixo Baixo Roque
Outorgada
106 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 8 3 4 16 alto Baixo Roque

107 Barragem 0 2 3 0 10 6 10 10 6 8 2 8 65 alto 1 8 3 4 16 alto Baixo Roque

108 Barragem 0 2 3 6 6 0 6 10 6 8 2 8 57 alto 1 8 3 4 16 alto Baixo Roque


Barragem
109 0 2 3 0 6 0 6 5 6 8 2 8 46 alto 1 4 3 4 12 médio Baixo Roque
Outorgada

263
Deterior.
dos Manuais Soma Volume Impacto Soma
Tipo de Estruturas Deform. e Docum. de Equipe de Inspeção e Classe Popul. à Impacto
Identif. Tipos Altura Compr. Percolação Taludes / de Segur. e PAE Total do Sócio Total DPA Sub-bacia
Material Extrav. Recalques Projeto Segur. Monitor. do CRI Jusante Ambiental
Paramento Monitor. CRI Reserv. Econôm. DPA
s
Barragem
110 0 2 3 6 10 0 10 5 6 8 2 8 60 alto 1 4 3 0 8 baixo Baixo Roque
Outorgada
111 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 8 3 4 16 alto Baixo Roque

112 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 8 3 4 16 alto Baixo Roque

113 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 4 3 4 12 médio Baixo Roque

114 Barragem 0 2 3 0 0 0 6 10 6 8 2 8 45 médio 1 0 3 0 4 baixo Baixo Roque

115 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 4 3 4 12 médio Baixo Roque

116 Barragem 0 2 3 0 6 0 10 10 6 8 2 8 55 alto 1 4 3 4 12 médio Baixo Roque

264
APÊNDICE 2

QUADRO DE CLASSIFICAÇÃO
VULNERABILIDADE DA BACIA HIDROGRÁFICA
AO ROMPIMENTO DE BARRAGENS (VBH), PELO
CÁLCULO DA VULNERABILIDADE DA
BARRAGEM À SEGURANÇA (VBS) E DA
VULNERABILIDADE DA BARRAGEM À
PROCESSOS (VBP)

265
Apêndice 2. Classificação Vulnerabilidade da Bacia Hidrográfica ao rompimento de barragens (VBH), pelo cálculo da Vulnerabilidade da
Barragem à Segurança (VBS) e da Vulnerabilidade da Barragem à Processos (VBP).
Suscetibilidade à
Identificador da Suscetibilidade à Suscetibilidade à
CRI DPA Soma do VBS VBS Corridas de VBP Soma do VBH VBH
Barragem Ondas de Cheia Escorregamentos
Massa

1 1 3 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO


2 3 2 5 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
3 3 3 6 Alto Muito Alto Alto Alto Muito Alto 7 ALTO
4 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
5 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
6 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
7 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
8 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
9 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
10 3 2 5 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
11 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
12 2 1 3 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
13 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
14 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
15 3 3 6 Alto Muito Alto Alto Alto Muito Alto 7 ALTO
16 3 3 6 Alto Muito Alto Alto Alto Muito Alto 7 ALTO
17 3 3 6 Alto Muito Alto Alto Alto Muito Alto 7 ALTO
18 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO

266
Suscetibilidade à
Identificador da Suscetibilidade à Suscetibilidade à
CRI DPA Soma do VBS VBS Corridas de VBP Soma do VBH VBH
Barragem Ondas de Cheia Escorregamentos
Massa

19 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO


20 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
21 3 2 5 Alto Muito Alto Médio Médio Muito Alto 7 ALTO
22 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
23 3 1 4 Médio Médio Médio Médio Médio 4 MÉDIO
24 3 1 4 Médio Médio Médio Médio Médio 4 MÉDIO
25 3 2 5 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
26 3 1 4 Médio Médio Alto Alto Alto 5 MÉDIO
27 3 2 5 Alto Médio Alto Alto Alto 6 ALTO
28 3 2 5 Alto Médio Alto Médio Alto 6 ALTO
29 3 2 5 Alto Alto Alto Alto Alto 6 ALTO
30 3 2 5 Alto Alto Alto Alto Alto 6 ALTO
31 2 1 3 Médio Médio Médio Médio Médio 4 MÉDIO
32 3 1 4 Médio Médio Médio Médio Médio 4 MÉDIO
33 3 1 4 Médio Médio Médio Médio Médio 4 MÉDIO
34 3 1 4 Médio Médio Médio Médio Médio 4 MÉDIO
35 2 2 4 Médio Médio Médio Médio Médio 4 MÉDIO
36 2 3 5 Alto Médio Médio Médio Médio 5 ALTO
37 2 3 5 Alto Médio Médio Médio Médio 5 ALTO
38 2 3 5 Alto Médio Médio Médio Médio 5 ALTO
39 2 3 5 Alto Médio Médio Médio Médio 5 ALTO
40 3 1 4 Médio Médio Médio Médio Médio 4 MÉDIO

267
Suscetibilidade à
Identificador da Suscetibilidade à Suscetibilidade à
CRI DPA Soma do VBS VBS Corridas de VBP Soma do VBH VBH
Barragem Ondas de Cheia Escorregamentos
Massa

41 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO


42 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
43 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
44 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
45 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
46 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
47 3 3 6 Alto Médio Médio Médio Médio 5 ALTO
48 3 1 4 Médio Médio Baixo Baixo Médio 4 MÉDIO
49 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
50 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
51 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
52 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
53 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
54 2 2 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
55 3 1 4 Médio Alto Alto Alto Alto 5 MÉDIO
56 3 1 4 Médio Alto Alto Alto Alto 5 MÉDIO
57 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
58 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
59 3 1 4 Médio Alto Médio Alto Alto 5 MÉDIO
60 3 2 5 Alto Alto Médio Alto Alto 6 ALTO
61 3 3 6 Alto Muito Alto Médio Médio Muito Alto 7 ALTO
62 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO

268
Suscetibilidade à
Identificador da Suscetibilidade à Suscetibilidade à
CRI DPA Soma do VBS VBS Corridas de VBP Soma do VBH VBH
Barragem Ondas de Cheia Escorregamentos
Massa

63 3 2 5 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO


64 3 2 5 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
65 3 2 5 Alto Alto Baixo Baixo Alto 6 ALTO
66 3 2 5 Alto Médio Baixo Baixo Médio 5 ALTO
67 3 2 5 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
68 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
69 3 3 6 Alto Alto Médio Alto Alto 6 ALTO
70 3 3 6 Alto Alto Alto Alto Alto 6 ALTO
71 3 3 6 Alto Alto Alto Alto Alto 6 ALTO
72 2 3 5 Alto Alto Baixo Médio Alto 6 ALTO
73 2 2 4 Médio Alto Baixo Baixo Alto 5 MÉDIO
74 2 3 5 Alto Alto Baixo Baixo Alto 6 ALTO
75 3 2 5 Alto Alto Alto Alto Alto 6 ALTO
76 3 2 5 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
77 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
78 3 3 6 Alto Alto Baixo Baixo Alto 6 ALTO
79 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
80 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
81 2 3 5 Alto Muito Alto Médio Médio Muito Alto 7 ALTO
82 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
83 2 1 3 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
84 2 1 3 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO

269
Suscetibilidade à
Identificador da Suscetibilidade à Suscetibilidade à
CRI DPA Soma do VBS VBS Corridas de VBP Soma do VBH VBH
Barragem Ondas de Cheia Escorregamentos
Massa

85 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO


86 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
87 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
88 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
89 3 3 6 Alto Alto Baixo Baixo Alto 6 ALTO
90 3 3 6 Alto Alto Baixo Baixo Alto 6 ALTO
91 3 1 4 Médio Alto Médio Alto Alto 5 MÉDIO
92 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
93 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
94 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
95 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
96 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
97 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
98 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
99 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
100 3 1 4 Médio Muito Alto Médio Médio Muito Alto 6 ALTO
101 3 2 5 Alto Muito Alto Baixo Baixo Muito Alto 7 ALTO
102 3 3 6 Alto Alto Baixo Baixo Alto 6 ALTO
103 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
104 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
105 1 1 2 Baixo Muito Alto Baixo Baixo Muito Alto 5 MÉDIO
106 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO

270
Suscetibilidade à
Identificador da Suscetibilidade à Suscetibilidade à
CRI DPA Soma do VBS VBS Corridas de VBP Soma do VBH VBH
Barragem Ondas de Cheia Escorregamentos
Massa

107 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO


108 3 3 6 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
109 3 2 5 Alto Alto Baixo Baixo Alto 6 ALTO
110 3 1 4 Médio Alto Médio Médio Alto 5 MÉDIO
111 3 3 6 Alto Muito Alto Médio Médio Muito Alto 7 ALTO
112 3 3 6 Alto Muito Alto Médio Médio Muito Alto 7 ALTO
113 3 2 5 Alto Alto Médio Médio Alto 6 ALTO
114 2 1 3 Médio Alto Alto Alto Alto 5 MÉDIO
115 3 2 5 Alto Alto Alto Alto Alto 6 ALTO
116 3 2 5 Alto Alto Alto Alto Alto 6 ALTO

271
APÊNDICE 3

MAPA DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

272
APÊNDICE 4

MAPA DE VULNERABILIDADE DA BACIA


HIDROGRÁFICA AO ROMPIMENTO DE
BARRAGENS (VBH)

273
ANEXO 1

MAPA DAS UNIDADES DE COMPARTIMENTAÇÃO


FISIOGRÁFICA

274

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