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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

CELSO SUCKOW DA FONSECA – CEFET/RJ

Enchentes
Um estudo da Bacia do Canal do Mangue

Edgar Richter

Rio de Janeiro
Junho 2014
ii

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA


CELSO SUCKOW DA FONSECA – CEFET/RJ

Enchentes
Um estudo da Bacia do Canal do Mangue

Edgar Richter

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em cumprimento às


normas do Departamento de Educação Superior do CEFET/RJ,
como parte dos requisitos para obtenção do título de
Tecnólogo em Gestão Ambiental

Professor orientador: Doutor Marcelo Borges Rocha

Rio de Janeiro
Junho 2014
iii

Richter, Edgar
Enchentes – Um estudo da Bacia do Canal do Mangue / Edgar Richter – 2014
ix, 92f + anexos: il (algumas color), grafs, tabs; enc
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Centro Federal de Educação Tecnológica
Celso Suckow da Fonseca – CEFET/RJ, 2014
Bibliografia: f.53-55
1.Enchentes 2.Medidas estruturais 3.Medidas não estruturais I.Título
iv

DEDICATÓRIA

À minha querida esposa Dolores, presente ao meu lado há 33 anos, incansável em


doar-se à causa da família, não só nos bons momentos, mas também nos momentos de
dificuldades... na saúde e na doença... haja sol ou haja chuva... seja dia ou seja noite... minha
eterna companheira... não importam as circunstâncias.

Ao meu querido filho Bernardo, sempre zeloso e preocupado com os meus horários e
trabalhos acadêmicos. Sempre me lembrando, durante esta caminhada, que é necessário
manter uma vida regrada e saudável para sustentar corpo e mente.

Ao meu querido filho Raphael, sempre atento e preocupado com o meu desempenho
acadêmico. Sempre me apresentando novas metodologias de aprendizado, para que esta
caminhada se tornasse mais branda e menos desgastante.

Não sei como agradecer tanta dedicação, paciência e compreensão pelos momentos em
que me fiz ausente do convívio familiar, ou quando fui vencido pelo cansaço e apresentei
sinais de descontrole emocional. Mas desejo que saibam que admirei e admiro, que valorizei
e valorizo, cada palavra de incentivo recebida de vocês durante esta caminhada.

Dedico e agradeço a vocês este título de Gestor Ambiental, que ora busco conquistar.
Recebam toda a minha gratidão e admiração por tudo que fizeram por mim e, finalmente,
recebam um agradecimento especial por fazerem parte da minha vida de forma tão próxima,
ativa e carinhosa. Amo vocês ! ! !

Do esposo e pai,

Edgar Richter
v

AGRADECIMENTOS

Inicialmente, acima de tudo e todos, agradeço a Deus, por sua infinita bondade e
misericórdia, que possibilitaram a concretização deste meu projeto de vida.

A todos os meus professores do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental


do CEFET/RJ, que independente das adversidades do sistema educacional da instituição,
contribuíram para o desenvolvimento da minha formação acadêmica.

Aos meus colegas de curso, pela oportunidade de participar de um convívio salutar e


livre do preconceito de gerações, integrando-me naturalmente aos grupos de estudo e
trabalhos no decorrer dos períodos acadêmicos cursados.

À Professora Roberta da Matta pela sua disponibilidade de participar da banca


examinadora deste Trabalho de Conclusão de Curso, atendendo pronta e voluntariamente à
solicitação do presidente da mesma, o Professor Doutor Marcelo Borges Rocha.

À Professora Doutora Maria José Paes Santos, não apenas pela sua disponibilidade de
participar da banca examinadora deste Trabalho de Conclusão de Curso, mas pela sua
incansável dedicação e preocupação em transmitir conhecimento de altíssimo nível científico
aos alunos do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do CEFET/RJ, através de
material ricamente ilustrado que apresenta regularmente aos mesmos em sala de aula.

Ao Professor Doutor Marcelo Borges Rocha, por aceitar o compromisso de ser o meu
orientador neste Trabalho de Conclusão de Curso, independente da sua sempre requisitada e
lotada agenda de compromissos de participação em eventos acadêmicos e científicos no
CEFET/RJ e no Brasil. Pela sua postura de educador, acima da postura de professor, pois
desde o primeiro período do curso conquistou o meu respeito e admiração exatamente pela
seriedade e dedicação com as quais conduz a sua missão no magistério público, sempre
ressaltando, acima de tudo, a questão da Educação Ambiental como a possível e viável
solução para sanar ou minimizar os problemas do meio ambiente global, gerados por ações
antrópicas e eventuais interesses políticos.

Do servo, colega e aluno,

Edgar Richter
vi

RESUMO

Nos últimos anos, a ocorrência de desastres, como enchentes, alagamentos, deslizamentos de


encostas e desabamentos, tem feito um grande número de vítimas, além de perdas materiais.
Este cenário está se tornando cada vez mais frequente devido ao crescimento desordenado dos
grandes centros urbanos e devido às mudanças climáticas pelas quais o planeta está passando,
sendo que parte delas tem como causa o próprio crescimento urbano desordenado, que está
direta e principalmente relacionado à ocupação de áreas de risco, falta de infraestrutura,
excesso de impermeabilização do solo, aterro de áreas normalmente inundáveis, entre outros.
As enchentes, um fenômeno natural a que todo corpo hídrico está sujeito de forma cíclica, tem
se potencializado, principalmente, pelas atividades antrópicas praticadas nas áreas urbanas. A
topografia da cidade do Rio de Janeiro, formada por planícies costeiras entre montanhas, favorece
tanto a ocorrência de precipitações intensas, de efeito orográfico, quanto altas velocidades de
escoamento. O efeito da maré reduz a capacidade hidráulica dos canais. Os aterros sobre o mar e
mangues, agrava a ocorrência de enchentes, pelo incremento na geração de sedimentos, pela
concentração dos pontos de lançamento e prolongamento de canais ao longo dos aterros com
baixa declividade. O gerenciamento da macrodrenagem requer um tratamento integrado do
sistema, ao nível de bacia hidrográfica, considerando a natureza das enchentes e as características
físicas e socioeconômicas de cada região. Este trabalho objetiva demonstrar a importância das
medidas estruturais e não estruturais, das soluções ambientais e legais, para minimizar os
efeitos causados pelas enchentes urbanas, baseado nos problemas específicos da Bacia do
Canal do Mangue.

Palavras-chave: enchentes, medidas estruturais, medidas não estruturais.


vii

ABSTRACT

In recent years, the occurrence of disasters, such as floods, flooding, landslides and
mudslides, has done a large number of victims and material losses. This scenario is becoming
increasingly common due to uncontrolled growth of large urban centers, and due to climate
changes that the planet is going through, and part of them have been caused by urban sprawl
itself, which is directly and mainly related to the occupation risk areas, lack of infrastructure,
excessive soil sealing, filling in normally flooded areas, among others. The floods, a natural
phenomenon that every water body is subject cyclically, has boosted mainly by anthropogenic
activities practiced in urban areas. The topography of the city of Rio de Janeiro, formed by
coastal plains between mountains, favors both the occurrence of heavy precipitation from
orographic effect, the high flow velocities. The effect of the tide reduces the hydraulic
capacity of the channels. Landfills sea and mangroves, exacerbates the occurrence of floods,
the increase in the generation of sediment concentration of launch points and prolongation of
channels over the landfills with low slope. The management of macrodrainage requires an
integrated treatment system, the watershed level, considering the nature of the flooding and
the physical and socioeconomic characteristics of each region. This work aims to demonstrate
the importance of structural and nonstructural measures, environmental and legal solutions, to
minimize the effects caused by urban floods, based on the specific problems of the Mangue
Canal Basin.

Keywords: floods, structural measures, nonstructural measures.


viii

SUMÁRIO

1.0 Introdução ........................................................................................................... 01


1.1 Objetivos do trabalho ……………………………………………………….. 01

2.0 Desenvolvimento ……………………………………………………………… 02


2.1 Enchentes ...................................................................................................... 02
2.1.1 Grandes enchentes no mundo ......................................................... 06
2.1.2 As maiores enchentes do Brasil ............................................................ 06
2.1.3 Grandes enchentes no Rio de Janeiro .................................................. 09
2.2 A Bacia do Canal do Mangue ........................................................................ 16
2.2.1 Histórico regional ................................................................................. 16
2.2.2 Descrição geoambiental ........................................................................ 20
2.2.3 Problemas específicos .......................................................................... 22
2.3 Propostas de soluções ..................................................................................... 26
2.3.1 Medidas estruturais e não estruturais ................................................... 27
2.3.1.1 Medidas não estruturais ............................................................. 28
2.3.1.1.1 Medidas ambientais ........................................................ 30
2.3.1.1.2 Medidas Legais ................................................................. 31
2.3.1.2 Medidas estruturais .................................................................... 32
2.3.1.2.1 Específicas para a Bacia do Canal do Mangue ................. 33
2.3.1.2.1.1 Metodologia do modelo hidráulico-hidrológico ..... 33
2.3.1.2.1.2 Hidrogramas .......................................................... 35
2.3.1.2.1.3 Verificação hidráulica das seções .......................... 37
2.3.1.2.1.4 Projeto estrutural ................................................... 39
2.3.1.2.1.5 Desvio e derivação dos rios Joana e Maracanã ...... 40
2.3.1.2.1.6 Reservatórios online e offline ................................. 42
2.3.1.2.1.7 Polder da Praça da Bandeira ................................. 45
2.3.1.2.1.8 Correção da seção de travessia Mata Machado ...... 47
2.3.1.2.1.9 Eficiência das intervenções propostas ................... 49

3.0 Conclusões ............................................................................................................. 50


ix

Referências bibliográficas ........................................................................................... 53

Anexos ......................................................................................................................... 56
1

1.0 Introdução

Nas últimas décadas, a ocorrência de desastres em áreas urbanas, como enchentes,


inundações, alagamentos, deslizamentos de encostas e desabamentos, tem feito um grande
número de vítimas, além de perdas materiais. Este cenário está se tornando cada vez mais
frequente, principalmente nos grandes centros urbanos, devido ao seu crescimento
desordenado e devido às mudanças climáticas pelas quais o planeta está passando, sendo que
parte delas tem como causa o próprio crescimento urbano desordenado, que está direta e
principalmente relacionado à ocupação de áreas de risco, falta de infraestrutura pública,
excesso de impermeabilização do solo, aterro de áreas normalmente inundáveis, entre outros.
Para demonstrar que é possível minimizar os efeitos produzidos por estas ações
antrópicas praticadas na Bacia do Canal do Mangue, torna-se imperativo apresentar e analisar
soluções de ordem estrutural e não estrutural, além das específicas para esta bacia, baseadas,
principalmente, nos dados do projeto de obras estruturais do PDMAP – Plano Diretor de
Manejo de Águas Pluviais da Cidade do Rio de Janeiro, elaborado pela Prefeitura no ano de
2010, devidamente revisado e atualizado.
Considerando-se que a gestão dos sistemas de macrodrenagem pluvial requer um
tratamento integrado, ao nível de bacia hidrográfica, torna-se necessário pesquisar não
somente a natureza das enchentes, mas também as características físicas e socioeconômicas
da região, para a obtenção de dados e resultados finais confiáveis.

1.1 Objetivos do trabalho

Este trabalho tem como objetivos estudar a evolução da ocupação urbana da região
pertencente à Bacia do Canal do Mangue, através do seu histórico regional, descrever a sua
condição geoambiental, apontar os seus problemas hidráulicos e hidrológicos específicos e,
diante dos dados apresentados, analisar as soluções propostas para minimizar os efeitos
causados pelas enchentes na região, particularmente nos bairros da Tijuca, Praça da Bandeira
e Maracanã, onde está localizado o CEFET/RJ, baseadas no projeto estrutural do Plano
Diretor de Manejo de Águas Pluviais da Cidade do Rio de Janeiro, ressaltando a importância
das medidas estruturais envolvidas no processo e apresentar opções não estruturais
complementares às primeiras.
2

2.0 Desenvolvimento

Considerando-se que os avanços na área de estudo e pesquisa hidráulico-hidrológica


estão em constante evolução e que estas ocorrem com muita rapidez, exigindo uma também
constante atualização de conhecimento tecnológico, apresentar-se-ão neste capítulo os dados
pesquisados e as tecnologias disponíveis utilizadas, para posterior análise e conclusões.

2.1 Enchentes

"Enchente é um fenômeno natural que ocorre nos cursos de água em regiões urbanas e
rurais. Ela consiste na elevação dos níveis de um curso de água, seja este de pequena (córrego,
riacho, arroio, ribeirão) ou de grande (rio) dimensão." (SANTOS, 2007, p. 96).
Entretanto, uma enchente pode se transformar em inundação a partir do momento em
que ocorre o extravasamento da água de um rio. Na verdade não existe rio sem ocorrência de
enchente. Todos têm sua área naturalmente inundável e este fenômeno não significa,
necessariamente, sinônimo de catástrofe. Porém, quando o homem ultrapassa os limites das
condições naturais de uma bacia hidrográfica, então as enchentes podem se transformar em
inundações e passam a ser um problema social, econômico e/ou ambiental para a região. A
inundação torna-se um problema catastrófico principalmente quando a área inundável da
bacia hidrográfica apresenta uma ocupação irregular, como a construção de moradias às
margens dos seus cursos hídricos. Ela pode ser provocada devido a um excesso de chuvas ou
devido a uma obstrução que impede a passagem da vazão de enchente, como por exemplo, um
bueiro mal dimensionado ou entupido por descarte irregular de lixo (SANTOS, 2007).
"Além das precipitações das chuvas, em determinadas regiões a fusão da neve
acumulada no inverno também dá origem às inundações cíclicas na primavera." (RIOS, 2000,
p. 11).
De acordo com pesquisa realizada por Santos (2007), as ocorrências mais frequentes
de enchentes estão relacionadas com grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, onde
as mesmas provocam sérios problemas à sociedade. No entanto, este tipo de problema ocorre
em muitos outros locais, com registros de danos econômicos, sociais e ambientais
significativos e muitas vezes irreversíveis.
Rios (2000) entende que o conceito de enchente, cheia ou inundação pode ser
estendido a eventos artificiais desencadeados por atividades antrópicas, tais como rupturas de
barragens, diques e pontes, e também às canalizações subdimensionadas. Este conceito se
3

estende, também, às inundações decorrentes da urbanização desordenada e das agressões


ambientais, tais como o aterro de áreas normalmente inundáveis, à impermeabilização
excessiva do solo, à concentração de vazões em áreas não apropriadas, efetuadas por obras
mal planejadas ou, simplesmente, sem planejamento algum.
As enchentes, e até mesmo as inundações, enquanto fenômenos naturais, nos quais não
ocorre o escoamento superficial para bacias adjacentes, em determinados casos podem trazer
consequências positivas e benéficas à bacia, fertilizando o solo de áreas naturalmente
inundáveis e controlando a população de várias espécies vegetais e animais. Entretanto,
[...] as cheias quase sempre têm tido destaque apenas pelos seus aspectos
negativos causados às populações ribeirinhas, principalmente no que diz respeito
à perda de vidas humanas, destruição de casas e moradias, prejuízos materiais
diversos, paralisação das atividades econômicas, etc. (RIOS, 2000, p. 11).
“O homem considera violentas as enchentes que destroem suas casas e tudo arrastam,
mas não considera a violência das obras que comprimem o rio em seu leito, atentando contra a
própria natureza e não deixando passagem para as suas águas.” (RIOS, 2000, p. 11, apud
BRITO, 1944).
A elevação do nível de um rio está diretamente relacionada à sua seção de escoamento
fluvial. Esta elevação será mais ou menos significativa, dependendo das condições físicas do
curso de água, como a declividade do canal, ou calha, e o material do seu leito e das suas
margens. A seção transversal de um curso de água pode ser dividida em canal principal, ou
calha menor, e canal secundário, ou calha maior. A calha menor sempre apresenta escoamento
de água, enquanto que a calha maior pode ter escoamento durante certos intervalos de tempo,
de forma temporária. Isto é característico de rios denominados de perenes.
A presença de escoamento de água, na calha menor, ao longo de um período de tempo
e a ausência em outros períodos, pode ser encontrada em rios denominados intermitentes,
situados em regiões com pouca ou sem nenhuma precipitação durante meses. Neste caso, por
motivos óbvios, a calha menor nunca deve ser ocupada (SANTOS, 2007).
Quando o nível de água de um rio atinge a parte superior da sua seção hidráulica, a
calha maior, provocando o seu extravasamento, acontece a inundação temporária das áreas
laterais ao mesmo. Após a passagem do pico de cheia as superfícies laterais retornam ao seu
estado normal, porém retendo grande parte do material carreado pelas águas. Santos (2007)
relata que as enxurradas, fenômeno geralmente resultante de chuvas de altas intensidades,
ocorrem, em geral, no final das tardes de verão, em bacias com elevada declividade, com
baixa capacidade de retenção e/ou com elevada geração de escoamento superficial. Estas
inundações apresentam grande capacidade de transporte, provocando estragos ambientais e
4

materiais, como a erosão de margens e o consequente deslizamento de encostas, arrastamento


de veículos e desmoronamento de casas, prédios e estradas. Os seus efeitos aparecem
principalmente nas confluências dos rios, quando as seções hidráulicas das suas calhas
perdem a capacidade de escoar as vazões das enchentes, nas curvas dos cursos de água ou
quando as enchentes transportam material irregularmente descartado nas margens ou leitos
dos rios, provocando a retenção ou o bloqueio do seu escoamento. O efeito catastrófico
geralmente acontece após o rompimento natural destes eventuais bloqueios, gerando elevados
picos de cheia com grande poder de destruição a jusante.
Para entender a formação das enchentes e inundações, é necessário analisar e entender,
inicialmente, o funcionamento do ciclo hidrológico da bacia, onde ocorre a transferência de
água entre compartimentos: uma parte da precipitação é retida pela cobertura vegetal e o
restante atinge a superfície do solo. Segundo Santos (2007), dependendo das condições desta
superfície, a água poderá infiltrar-se no mesmo e seguir vários caminhos no seu interior,
podendo atingir as águas subterrâneas, de forma lenta e contínua. A água que permanece na
superfície do solo escoará rapidamente em direção ao sistema de drenagem superficial,
formado por rios, lagos, canais artificiais e reservatórios. Esta parcela da precipitação é a
principal responsável pela formação das enchentes e inundações.
Superfícies permeáveis, como áreas com cobertura vegetal, infiltram maior quantidade
de água da chuva no solo, restando pouco ou nenhuma água para escoamento superficial.
Superfícies impermeáveis, como áreas edificadas, asfaltadas e estacionamentos pavimentados,
produzem pouca infiltração e muito escoamento superficial. De onde entende-se que a
impermeabilização das superfícies urbanas é o principal fator de agravamento das enchentes e
inundações. Em compensação, a manutenção das superfícies permeáveis minimiza a
probabilidade de ocorrência de enchentes e inundações.
No caso da Bacia do Canal do Mangue, além das áreas densamente urbanizadas e
impermeabilizadas, as enchentes são potencializadas a jusante, próximo da área costeira,
devido ao fenômeno de remanso promovido pelas marés da Baía de Guanabara.
Eventualmente, nesta mesma região, os ventos contrários ao escoamento fluvial podem
contribuir para agravar ainda mais os eventos de enchentes locais.
A ocorrência de uma enchente é o resultado de vários fatores que contribuem na
formação dos escoamentos e na sua propagação ao longo da bacia. Toda a área de drenagem
situada a montante contribui com o volume de água escoada em uma determinada seção
transversal do rio a jusante. Os fatores contribuintes na formação das enchentes podem ser de
origem natural e/ou de origem antrópica. Os principais fatores naturais são a topografia e a
5

natureza da drenagem a montante das zonas inundáveis. As altas declividades das vertentes e
dos cursos de água reduzem o tempo de resposta da bacia às precipitações, gerando elevadas
vazões a jusante. As vazões máximas são proporcionais às declividades da rede de drenagem
e às alturas onde ocorrem as precipitações na bacia. As velocidades dos escoamentos são
igualmente proporcionais às declividades. Quanto maior a declividade maior a velocidade e,
portanto, maior a capacidade destrutiva dos escoamentos.
A capacidade de escoamento da seção de um rio representa a vazão que ela pode
escoar. Ela depende da rugosidade do leito e das margens, do perímetro da seção
molhada, da área da seção transversal e da declividade do rio. [...] a cobertura
vegetal nas vertentes atrasa o tempo de resposta da bacia, além de reduzir os
volumes escoados no sistema de drenagem. [...] A permeabilidade dos solos
influencia na geração de escoamentos superficiais, mas seu papel passa a ser
secundário em caso de chuvas intensas, quando o solo é rapidamente saturado na
camada superficial, podendo tornar-se quase impermeável, principalmente em
vertentes de elevada declividade e com pouca cobertura vegetal (SANTOS,
2007, p. 97-98).
A retenção de água a montante das áreas de risco de inundação é de fundamental
importância na redução das vazões máximas ao longo da bacia. Ela pode ocorrer de forma
natural, devido à interceptação da água precipitada pela cobertura vegetal, devido à infiltração
da água no solo ou devido ao armazenamento da água nas depressões naturais ou áreas planas
situadas ao longo dos cursos de água da bacia.
A falta de fatores contribuintes naturais para exercer a função de retenção de água
citada no parágrafo anterior, devido à degradação ambiental causada pelas intervenções
antrópicas realizadas na bacia, pode ser solucionada, ou pelo menos minimizada, por medidas
estruturais, como a construção de reservatórios de detenção, que objetivam restituir o
amortecimento dos picos de cheia e o retardo no tempo de concentração da bacia, função
anteriormente exercida pela natureza.
Para a Bacia do Canal do Mangue, os reservatórios de pé de morro, estrategicamente
construídos no meio ou no final dos declives da bacia, representam a melhor solução
estrutural para minimizar parte dos problemas das cheias rápidas, geralmente resultado de
chuvas de efeito orográfico e causadas pela grande declividade dos rios que nascem nos
maciços regionais, recaem na bacia impermeabilizada e tendem a carrear todos os sedimentos
bacia abaixo. Cabem, ainda, outras medidas estruturais e não estruturais a jusante destes
reservatórios, para complementar as soluções propostas para o controle das enchentes e
inundações locais.
6

2.1.1 Grandes enchentes no mundo

As enchentes vêm aumentando continuamente em todos os países do mundo. A cada


ano elas surgem com maior frequência e mais força, acarretando destruição nas cidades,
perdas agrícolas, doenças e mortes.
Segundo dados do World Almanac Book (1995-1997), em todo o século XIX foram
registradas três grandes enchentes, onde morreram cerca de 940 mil pessoas. No século XX,
até agosto de 1996, haviam ocorrido 93 grandes enchentes em diversos pontos do globo, as
quais mataram aproximadamente 4 milhões de pessoas. Um exemplo localizado é o Rio
Mississipi, nos Estados Unidos, que ocasionou apenas uma grande enchente em todo o século
XIX, em 1844. No século XX, esse mesmo rio provocou oito grandes enchentes, até 1993. O
Quadro 01 mostra o número das grandes enchentes mundiais, por década, no século XX.

Quadro 01: Grandes enchentes no mundo – Fonte: World Almanac Book 1995-1997.

GRANDES ENCHENTES NO MUNDO


DÉCADAS Nº DE ENCHENTES
1900 a 1909 02
1910 a 1919 03
1920 a 1929 02
1930 a 1939 03
1940 a 1949 02
1950 a 1959 06
1960 a 1969 16
1970 a 1979 18
1980 a 1989 15
1990 a 1996 26

Observa-se um grande aumento no número das enchentes nas últimas décadas do


século XX. Nos primeiros 40 anos (1900 a 1939) houve 10 grandes enchentes. Nos 40 anos
seguintes (1940 a 1979) houve 42 grandes enchentes. E nos últimos 17 anos da pesquisa (de
1980 a 1996), houve 41 grandes enchentes.

2.1.2 As maiores enchentes do Brasil

A exemplo das estatísticas mundiais, as enchentes no Brasil1 tem tido um expressivo


aumento de frequência, principalmente nos eventos registrados nas últimas décadas.
____________________
1 Anexo 1: registros fotográficos das maiores enchentes do Brasil.
7

Pelos dados a seguir comprova-se não somente o aumento da frequência destes eventos, mas
também a intensidade cada vez maior dos mesmos.

1911 – Blumenau (SC).

1940 – Rio de Janeiro (RJ).

1941 – Porto Alegre (RS) – A enchente de 1941 foi a maior registrada na cidade de Porto
Alegre. Durante os meses de abril e maio a precipitação somou 791 mm. Deixou 70 mil
flagelados sem energia elétrica e água potável. As águas do Guaíba alcançaram a cota recorde
de 4,75 metros, com um tempo de recorrência de 370 anos. As cheias que ocorrem no Lago
Guaíba são causadas por fatores ambientais inter-relacionados, principalmente pelas chuvas
intensas que ocorrem nas cabeceiras dos rios afluentes, juntamente com o efeito de
represamento decorrente do Vento Sul no Estado. O centro da cidade ficou debaixo da água e
os barcos se tornaram o principal meio de transporte de Porto Alegre em maio daquele ano.
Após esta data, o Arroio Dilúvio foi canalizado, o Muro da Mauá foi construído e um sistema
de drenagem foi instalado, para evitar a repetição do problema. A cidade não teve mais
enchentes de tais proporções.

1942 – Rio de Janeiro (RJ).

1959 – Rio de Janeiro (RJ).

1966 e 1967 – Rio de Janeiro (RJ).

1974 – Estado de Santa Catarina.

1980 – Tucuruí (PA).

1983 – Blumenau (SC).

1988 – Rio de Janeiro (RJ).

1997 – Estado do Acre.

2001 – Estado de Minas Gerais.

2004 – Estado da Paraíba – A barragem de Camará, inaugurada em 2002, foi construída em


concreto rolado no leito do Rio Riachão (afluente do Rio Mamanguape) que serve de divisa
entre os municípios de Alagoa Nova e Areia, no Estado da Paraíba. Na noite de 17 de julho de
8

2004, a barragem rompeu-se por uma falha de construção, atingindo parte dos territórios e
moradores dos municípios de Alagoa Nova, Areia e os sítios urbanos das cidades de Alagoa
Grande e Mulungu, onde o desastre assumiu maior dimensão.

2008 – Estado de Santa Catarina – As enchentes em Santa Catarina em 2008 ocorreram


depois do período de grandes chuvas durante o mês de novembro de 2008, afetando em torno
de 60 cidades e mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o estado. 135 pessoas morreram e 02
desapareceram. 9.390 habitantes foram forçados a sair de suas casas para que não houvesse
mais vítimas e 5.617 ficaram desabrigados. 150.000 habitantes ficaram sem eletricidade e
houve racionamento de água por motivo de purificação. Várias cidades na região ficaram sem
acesso devido às enchentes, escombros e deslizamentos de terra. Em 25 de novembro de
2008, o prefeito de Blumenau declarou estado de calamidade pública na cidade, assim como
outros 13 municípios. Além disso, 60 cidades no Estado ficaram sob estado de emergência. O
nível de água no Vale do Itajaí chegou a subir 11,52 metros acima do nível normal. Os
terrenos que receberam chuva equivalente a 1.000 litros de água por metro quadrado
demoraram aproximadamente 06 meses para se estabilizar.

2010 – Angra dos Reis (RJ) – As fortes chuvas do dia 1º de janeiro transformaram um dos
principais paraísos turísticos do Estado do Rio de Janeiro num cenário de terror. O
deslizamento de uma encosta atingiu uma pousada e sete casas na Ilha Grande, na Baía de
Angra dos Reis, matando 19 pessoas. No continente, outras 11 pessoas morreram em outro
único desmoronamento de terra no Morro da Carioca, no Centro Histórico da cidade, que
ficou literalmente isolada por vários dias, deixando um saldo de 52 mortes e um grande
número de nativos e turistas desabrigados e desalojados.

2010 – Estado de Pernambuco – No mês de junho, 25 municípios foram atingidos por


enchentes, totalizando 20 mortes e aproximadamente 29.000 desabrigados e desalojados. 22
municípios decretaram situação de emergência e 03 decretaram estado de calamidade pública.

2010 – Estado de Alagoas – Em Rio Largo, na região metropolitana de Maceió, toda a parte
baixa da cidade, onde está o centro comercial e principais prédios públicos, foi inundada e
destruída pela enchente. Em todo o Estado registraram-se 27 óbitos e 53.000 desabrigados.

2011 – Estado do Rio de Janeiro (Região Serrana) 2 – Em menos de 24 horas choveu o que
costuma chover em um mês na Zona Serrana do Estado do Rio de Janeiro. Não só as cidades
______________
2 Anexo 2: registros fotográficos da tragédia da Região Serrana do RJ (2011).
9

ficaram debaixo de água como o solo das encostas cedeu, causando deslizamentos que
passaram por cima do que estava no caminho, gerando mais de 900 óbitos e deixando cerca de
35 mil pessoas desalojadas e desabrigadas.

2012 – Estado do Amazonas – Dos 62 municípios do Estado do Amazonas, 52 tiveram


decretada situação de emergência, pelas suas respectivas prefeituras, devido às enchentes
ocorridas no Estado. Pelos dados da Defesa Civil Estadual, 77.000 famílias foram afetadas de
alguma forma pela subida do nível dos rios da região. Os dois municípios mais atingidas
foram Careiro da Várzea e Anamã, que ficaram praticamente com 100% dos seus territórios
alagados. O nível do Rio Negro atingiu a cota de 29,78 metros (relativos ao nível do mar). Foi
a maior marca registrada na sua história.

2013 – Duque de Caxias (RJ) – No dia 02 de janeiro, no Distrito de Xerém, na cidade de


Duque de Caxias, localizada na região metropolitana do Rio de Janeiro, pelo menos 03
pessoas morreram e cerca de 350 ficaram desabrigadas e desalojadas após uma forte chuva
que provocou a cheia dos rios Saracuruna, Capivari e Cachoeira. Neste único dia Xerém
registrou 58% da chuva prevista para todo o mês de janeiro.

2013 – Estado do Espírito Santo – No mês de dezembro fortes chuvas e temporais


provocaram enchentes em 50 municípios do Estado do Espírito Santo, causando 25 óbitos e
deixando 62 mil desabrigados. Foi necessária a intervenção da FAB - Força Aérea Brasileira,
para resgatar vítimas que ficaram literalmente isoladas pelas enchentes.

2013 – Estado de Minas Gerais – As mesmas chuvas que causaram mortes e estragos de
ordem material, além de deixar milhares de desabrigados no mês de dezembro, no estado do
Espírito Santo, também deixaram 51 municípios do Estado de Minas Gerais em estado de
calamidade pública, com um saldo de 22 mortes e aproximadamente 12.000 pessoas
desabrigadas e desalojadas.

2.1.3 Grandes enchentes no Rio de Janeiro

Ao longo de séculos, várias enchentes ficaram registradas na história da Cidade do Rio


de Janeiro3, devido aos seus efeitos catastróficos. A seguir, os principais eventos dos quais se
tem notícia segundo relatório do Projeto de Cooperação Técnica Brasil/Alemanha
(PLANÁGUA/SEMADS/GTZ, 2001) e registros documentais da imprensa carioca.
__________________________________________

3 Anexo 3: registros fotográficos das grandes enchentes no Rio de Janeiro.


10

Setembro de 1711 – Primeiro registro de grande enchente na Cidade do Rio de Janeiro, com
dados oficiais desconhecidos ou perdidos ao longo dos séculos.

04 de abril de 1756 – Um grande temporal, precedido por ventos fortes, atingiu o Rio de
Janeiro na parte da tarde. Foram três dias consecutivos de fortes chuvas, que provocaram
enchentes e inundações em toda a cidade e desabamentos de casas, fazendo inúmeras vítimas
fatais. Até o dia 06 de abril, canoas ainda navegavam do Valongo até a Sé.

10 a 17 de fevereiro de 1811 – A catástrofe que castigou a cidade ficou conhecida como


Águas do Monte, em virtude da grande violência com que enxurradas desciam dos morros da
cidade. Grande parte do Morro do Castelo desmoronou, provocando o desabamento de muitas
casas. Tal foi a magnitude deste temporal que o príncipe regente ordenou que as igrejas
ficassem abertas para acolher os desabrigados e encomendou estudos sobre as causas da
catástrofe.

17 de março de 1906 – Uma das maiores enchentes que castigaram a cidade. Naquele dia,
choveu 165 mm em 24 horas. O Canal do Mangue sofreu transbordamento, houve
desmoronamentos com mortes nos morros de Santa Teresa, Santo Antônio e Gamboa.

23 de março de 1911 – Chuva de 150 mm em 24 horas, grande enchente na Praça da Bandeira.

07 a 09 de março de 1916 – Transbordamento do Canal do Mangue.

17 de junho de 1916 – Novo transbordamento do Canal do Mangue.

03 de abril de 1924 – Fortes chuvas provocaram o transbordamento do Canal do Mangue,


inundação em vários bairros além da Praça da Bandeira, e desabamentos de barracos, com
vítimas fatais, no Morro de São Carlos.

26 de fevereiro de 1928 – Desabamentos e mortes nos morros de São Carlos, Salgueiro,


Mangueira e Santo Antônio, além de cheia na Praça da Bandeira.

09 de fevereiro de 1938 – Chuva de 136 mm em 24 horas, com alagamento da Praça da


Bandeira e desabamentos de prédios com mortes.

29 de janeiro de 1940 – Chuvas de 112 mm em 24 horas causaram alagamentos na Praça da


Bandeira e mortes por desabamentos no bairro de Santo Cristo. A Figura 01 registra o
alagamento na Praça da Bandeira.

06 e 07 de janeiro de 1942 – Enchente com 05 mortos. Foram 132 mm de chuva, com um


desabamento que soterrou cinco pessoas no Morro do Salgueiro.
11

Figura 01: Alagamento na Praça da Bandeira (1940) – Fonte: Hidrostudio Engenharia

17 de janeiro de 1944 – 172 mm em 24 horas, ocasionando transbordamento do Canal do


Mangue, e inundação na Praça da Bandeira, Catete e Botafogo.

06 de dezembro de 1950 – Grande alagamento da Praça da Bandeira.

19 de maio de 1959 – Temporal que causou grandes transtornos a cidade, porém sem
registros oficiais.

15 e 16 de janeiro de 1962 – Temporal que provocou 25 mortos e centenas de desabrigados,


totalizou 242 mm e causou o transbordamento do Rio Maracanã e do Canal do Mangue e
deslizamentos em vários pontos da cidade.

11 de janeiro de 1966 – Ocorreu uma das maiores enchentes da história da cidade, com uma
chuva de 237 mm em 24horas. Deslizamentos provocaram o desabamento de dois prédios no
Bairro de Laranjeiras e de 2.500 barracos nas favelas, deixando aproximadamente 36.000
desabrigados e 250 óbitos.

20 de janeiro de 1967 – Fortes chuvas deixaram 200 mortos e 300 feridos, provocando vários
deslizamentos isolados na cidade.
12

26 de fevereiro de 1971 – Enchentes e deslizamentos na Zona Norte e Baixada Fluminense.

08 de dezembro de 1981 – Choveu quase 15% do total médio anual, provocando


deslizamentos por toda a cidade e transbordamento de rios e canais em Jacarepaguá.

03 de dezembro de 1982 – Enchente causou 06 mortos, deslizamentos no Morro Pau da


Bandeira, inundando várias ruas com o transbordamento do Rio Faria Timbó.

20 de março de 1983 – Um grande temporal caiu na madrugada, provocando a desabamento


de casas e a morte de 05 pessoas em Santa Teresa, onde a chuva atingiu 189 mm em 24 horas.
O transbordamento de rios e canais em Jacarepaguá deixou mais de 150 desabrigados.

24 de outubro de 1983 – Forte temporal, com enchentes e deslizamento de terra no Morro do


Pavãozinho, provocou 13 mortes.

18 de março de 1985 – Enchentes provocaram 23 mortes e deixaram 200 desabrigados em


vários bairros da cidade.

12 de abril de 1885 – Caíram 144 mm em 24 horas, alagando várias localidades em


Jacarepaguá.

06 e 07 de março de 1986 – Chuva de 121 mm em 24 horas provocou vários deslizamentos


de encostas na cidade.

29 de dezembro de 1986 – Temporal de 64 mm em 03 horas, fez transbordar o Rio


Maracanã.

26 de fevereiro de 1987 – Enchentes e alagamentos na cidade causaram 94 mortes.

01 de fevereiro de 1988 – Enchentes e deslizamentos na Baixada Fluminense, com 277


mortos e 2.000 desabrigados (Rio de Janeiro e Petrópolis).

12 de fevereiro de 1988 – Enchentes e deslizamento no Morro Dona Marta, totalizaram 06


mortos, 40 feridos e 300 desabrigados. Uma tela usada em uma obra de contenção de encosta
rompeu-se sob o peso do lixo e da lama acumulados durante uma semana de fortes chuvas. A
enxurrada destruiu cerca de 30 barracos.

18 a 21 de fevereiro de 1988 – Uma das maiores enchentes deste século, com 430 mm nas
primeiras 24 horas. Houve vários deslizamentos, com 289 mortos, 734 feridos e 18.560
desabrigados. Prejuízos materiais de US$ 935 milhões.
13

18 de abril de 1990 – Um grande temporal com 165 mm em 24 horas no Parque do Flamengo


paralisou a cidade, causando inúmeros transtornos, principalmente na sua circulação viária.

07 de maio de 1990 – Chuva de 103 mm em 24 horas, provocou mortes nos bairros da Glória
e do Maracanã.

17 de janeiro de 1991 – Enchente com vários deslizamentos de encostas pela cidade,


provocou a morte de 25 pessoas, deixando 28 feridos.

05 de janeiro de 1992 – Temporal de 132 mm em 24 horas afetou o Bairro do Maracanã e


toda a Zona Norte da cidade.

06, 12 e 19 de março de 1993 – Chuvas de grande intensidade, com duração média de 06


horas, provocaram paralisações no sistema viário da cidade.

09 de junho de 1994 – Enchente no Bairro do Jardim Botânico, com chuva de cerca de 100
mm em 24 horas, interrompeu o acesso à Zona Sul da cidade.

14 de fevereiro de 1996 – Após dois dias de chuva ininterrupta, um forte temporal de 200
mm em 08 horas, comparável às Águas do Monte de 1811, provocou um grande número de
óbitos e enormes estragos de ordem material e ambiental na região de Jacarepaguá. Houve
rompimento de uma represa na região da Freguesia, que devastou um condomínio de mansões
e riscou do mapa a então sede campestre da Caixa Econômica Federal, deixando para trás um
rastro de destruição nunca registrado na região. Vários veículos, alguns ainda com passageiros
no seu interior, foram literalmente tragados por rios que cortam o bairro.

Janeiro de 1999 – Enchentes e deslizamento de encostas no Rio de Janeiro e municípios do


Vale do Paraíba e Região Serrana, causaram 41 mortos, 72 feridos e deixaram 180 famílias
desabrigadas.

05 de abril de 2010 – Um forte temporal caiu sobre a cidade no final da tarde, causando a
morte de 95 pessoas e deixando centenas de desabrigados. As Figuras 02 e 03 mostram a
Praça da Bandeira, cujo nível da água neste dia chegou a atingir a cota de 1,60 metros. As
Figuras 04 e 05 ilustram, respectivamente, o transbordamento do Rio Maracanã, em frente
ao CEFET/RJ, e a Avenida Maracanã no dia seguinte ao temporal.
14

Figura 02: Praça da Bandeira antes do anoitecer Figura 03: Praça da Bandeira após o anoitecer
Fonte: acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias Fonte: acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias

Figura 04: Av. Maracanã as 23h45min Figura 05: Av. Maracanã no dia 06/04/2010
Fonte: Youtube (autor desconhecido) Fonte: acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias

12 de janeiro de 2011 – Estado do Rio de Janeiro (Região Serrana) – Neste dia choveu o que
costuma chover em um mês na zona serrana do Rio. Não só as cidades ficaram debaixo de
água como o solo das encostas cedeu, causando deslizamentos que passaram por cima do que
estava no seu caminho, gerando mais de 900 óbitos e deixando cerca de 35 mil pessoas
desalojadas e desabrigadas.

25 de abril de 2011 – Chuvas intensas, que caíram no início da noite, provocaram enchentes
e deslizamentos em vários pontos da cidade. A região da Praça da Bandeira, Tijuca e
Maracanã, que recebeu 274 mm em 09 horas, mais uma vez sofreu as consequências da falta
de infraestrutura local. Saldo de uma morte e dezenas de desabrigados, além dos prejuízos
materiais. A Figura 06 ilustra o campus do CEFET/RJ, ainda alagado, um dia após as fortes
chuvas do dia 25 de abril de 2011.
15

Figura 06: CEFET/RJ no dia seguinte, 26/04/2011 – Fonte: acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias

05 a 09 de janeiro de 2012 – Estado do Rio de Janeiro (Regiões Norte e Noroeste) – As


fortes chuvas que caíram no interior do Estado neste período deixaram 14.300 pessoas
desalojadas e desabrigadas. Os municípios de Laje do Muriaé, Santo Antônio de Pádua,
Itaperuna, Italva, Cardoso Moreira, Miracema e Aperibé decretaram estado de emergência
devido às inundações e deslizamentos na região. Saldo de 18 óbitos.

11 e 12 de dezembro de 2013 – Fortes chuvas atingiram diversos bairros da região


metropolitana do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense, paralisando os seus sistemas viário e
ferroviário, e também o Metrô da capital. A Defesa Civil recebeu 235 chamados somente no
período da madrugada, devido a alagamentos e deslizamentos em encostas. Toda a região da
Praça da Bandeira, Tijuca e Maracanã sofreu com o transbordamento dos rios Joana,
Maracanã e Trapicheiro, além do próprio Canal do Mangue.
16

2.2 A Bacia do Canal do Mangue

2.2.1 Histórico regional

Inicialmente, o termo tijuca deriva do tupi guarani clássico (tiyug - líquido podre,
lama, charco, pântano, atoleiro). Segundo Gontijo (2011 apud OLIVEIRA, 2009), este
significado vem dos diversos rios e cursos de água que nascem no topo do Maciço da Tijuca e
percorrem a região das terras baixas até desaguarem no Canal do Mangue. Neste local, a
história da formação da Tijuca se consolidou através das construções do homem e das grandes
marcas deixadas pela urbanização. Tudo começou com o plantio de cana-de-açúcar, café e
chá na região da Floresta da Tijuca, antes mesmo dela se transformar neste paraíso ambiental
que hoje está consolidado como Unidade de Conservação, uma vez que é um Parque
Nacional, protegido pela Lei Federal nº 9.985/00, o Parque Nacional da Tijuca.
A Tijuca nasceu e se desenvolveu, inicialmente, às margens do Rio Trapicheiro, em
uma área onde os jesuítas edificaram, de 1582 a 1585, a igreja de São Francisco Xavier,
justamente entre o Rio Trapicheiro e o Morro da Babilônia, no então Engenho Velho,
propriedade dos padres jesuítas. Com o decreto de expulsão da Companhia de Jesus do Brasil
em 1759, o território se transformou e os bens da ordem religiosa foram sequestrados e
incorporados aos bens públicos. Segundo relato de Azevedo e Ribeiro (2009), logo surgiram
chácaras e fazendas de abastadas famílias brasileiras que procuravam a região para fugir do
calor e das epidemias que assolavam o centro da cidade.
Os engenhos e grandes sesmarias margeavam a Cidade do Rio de Janeiro e o cultivo
do café e do chá nos morros tijucanos recebeu grande destaque naquela época. O plantio da
cana-de-açúcar demandava mudanças de infraestrutura e uma ação antrópica na região gerou
grande impacto ambiental já na época, pois o Rio Trapicheiro teve seu curso desviado a fim
de melhor abastecer o Engenho Velho. Ainda segundo Azevedo e Ribeiro (2009), mesmo
após a expulsão da Companhia de Jesus, a ocupação portuguesa no recôncavo da Guanabara
continuava sendo promovida pelos jesuítas que ainda detinham a função de abastecer a zona
central da cidade com vários produtos alimentícios.
Cardoso (1984) relata que mais tarde, já no final do Século XIX, a área ocupada pelos
grandes cafezais sofreu um grande incêndio, provocado por um longo período de seca, que
tornou todas as fazendas e engenhos de café improdutivos. Após este triste evento, em 1861
iniciou-se uma grande intervenção do homem no Maciço da Tijuca, conduzida sob a direção
17

do Major Manuel Gomes Archer, que durante 13 anos plantou mais de 80 mil árvores nativas
e exóticas na região. Esta intervenção foi concluída pelo administrador Thomás Nogueira da
Gama, que durante 25 anos recuperou as matas do Sumaré e das Paineiras, tudo isto por
encomenda do Imperador Pedro II, que foi, portanto, o grande responsável pelo processo de
reflorestamento de toda a área da Floresta da Tijuca, a qual, pela sua atual condição
ambiental, reforça a teoria de que é possível promover a recuperação de áreas degradadas,
seja por incêndio ou outro evento, a partir de decisões políticas.
Além destas peculiaridades, Oliveira (2009) afirma que a Tijuca ainda guarda
remanescentes da época da escravidão, como regiões onde são encontrados antigos sítios
arqueológicos, senzalas desativadas e até mesmo construções da época em que o óleo de
baleia e a argila eram o elemento de liga para as pedras portuguesas que contribuíram para a
edificação dos engenhos e casarios daquela época.
Foi às margens do Rio Maracanã, nome atribuído à existência de uma maritaca
denominada Ara maracana, hoje quase não mais vista na região, que muitas áreas da Grande
Tijuca foram nascendo. Segundo relato de Oliveira (2009), ele chegou até mesmo a ser
navegável, fato que pode ser comprovado por um cais que até hoje é encontrado nos fundos
do casarão da Rua Garibaldi esquina com Rua Conde de Bonfim.
A Figura 07 ilustra um trecho do Rio Maracanã, retificado e canalizado entre 1902 e
1906, em registro fotográfico datado de 1912.

Figura 07: Rio Maracanã (1912)


Fonte: Acervo do IEVA - Instituto Eventos Ambientais
18

Até hoje encontra-se, em lugares como Usina e Muda, casas que ainda mantêm nos
fundos, pequenos degraus onde as lavadeiras, no passado, desciam até o Rio Maracanã para
lavar roupas e usar as suas águas, ainda limpas (informação verbal)4.
O Rio Maracanã é um importante contribuinte da Bacia do Canal do Mangue, e
durante muitos anos forneceu água para a Cidade do Rio de Janeiro. Chegou, inclusive, a
abastecer as represas que hoje se encontram no interior do Parque Nacional da Tijuca.
Outro importante rio da região foi o Andaraí Pequeno, atualmente denominado Rio
Joana. Este rio também foi um importante contribuinte para a formação histórica da Tijuca.
Seu nome tem origem tupi, que significa Rio dos Morcegos. Segundo Oliveira (2009), a
região do então denominado Rio Andaraí Grande era formada pelos bairros da Tijuca,
Andaraí, Vila Isabel, Aldeia Campista e antiga Freguesia do Engenho Velho.
Às margens do Rio Joana surgiram muitos empreendimentos, principalmente
pequenos trapiches, e grandes fábricas têxteis e de papel. Azevedo e Ribeiro (2009) relatam
que a formação e ocupação urbana do local se desenvolveram em razão das vilas operárias
que foram construídas por estas empresas, que mais tarde deram início à ocupação das
encostas e morros do local.
O Rio Trapicheiro, que também nasce no Maciço da Tijuca e atualmente deságua no
Rio Maracanã e no Canal do Mangue, teve a sua maior contribuição histórica para o bairro da
Tijuca na área da Praça Saenz Peña, onde, segundo Oliveira (2009), também são encontrados
antigos vestígios de escadas de acesso às áreas de lavagem de roupa.
A Figura 08 mostra um trecho do Rio Trapicheiro, no passado, nas proximidades da
atual Praça Saenz Peña, observando-se, ao fundo, o Maciço da Tijuca, local da sua nascente.

Figura 08: Rio Trapicheiro, no passado


Fonte: Acervo do IEVA – Instituto Eventos Ambientais
____________________
4 Informações obtidas com moradores da região do Alto da Boa Vista e Usina.
19

Estes três rios tijucanos, são hoje os principais contribuintes da Bacia do Canal do
Mangue, onde está localizada a Praça da Bandeira. Neste local, além dos rios Maracanã,
Joana e Trapicheiro, também deságuam o Rio Comprido, que nasce no Alto do Sumaré e
percorre toda a Avenida Paulo de Frontin, o Rio Papa Couve, ou Coqueiros, que nasce no
Morro da Coroa no Catumbi e passa por debaixo do sambódromo e deságua no Canal do
Mangue, e o próprio Canal do Mangue, que de acordo com relato de Oliveira (2009), era
formado basicamente de brejos, várzeas, pântanos, lagunas, manguezais, que faziam ligação
com a Baía de Guanabara pelo antigo estuário de São Diogo, que recebia todos os dejetos da
área central da cidade.
A ocupação e desenvolvimento da área da Praça Saenz Peña foi estimulada pela
construção da antiga Fábrica de Chitas, que é um tecido de algodão com estampas de cores
fortes, geralmente florais, e tramas simples. Segundo pesquisa de Azevedo e Ribeiro (2009), o
Largo da Fábrica das Chitas ficava localizado no entroncamento do Caminho do Andaraí
Pequeno, hoje Rua Conde de Bonfim e a Travessa do Andaraí, que foi aberta em 1820 nos
terrenos das Chácaras do Barão de Bonfim, de Izabel Martins e de Dona Maria Bibiana de
Araújo, que levava à Fábrica. Esta travessa, que posteriormente passou a ser chamada de Rua
da Fábrica de Chitas, é atualmente a Rua Desembargador Isidro.
Os antigos e extintos cinemas da região também fazem parte da história do bairro da
Tijuca, em particular os que marcaram o desenvolvimento socioeconômico da Praça Saenz
Peña. Lá foi construído o famoso Cinema Olinda, o maior do Brasil, com espaço para 3.500
pessoas, que ficava localizado onde hoje encontra-se o atual Shopping 45.
Pelo histórico regional da Bacia do Canal do Mangue observa-se que o crescimento
imobiliário local desordenado, gerando excesso de impermeabilização do solo, a falta de um
planejamento público adequado às demandas socioambientais da região, a crescente ocupação
das áreas de risco, a infraestrutura deficiente e o aterro de áreas normalmente inundáveis,
entre outros, degradou drasticamente o meio ambiente local, alterando e comprometendo
diretamente também o sistema hidráulico-hidrológico da sua macrodrenagem.
Todas estas ações antrópicas que vem sendo executadas há séculos na Bacia do Canal
do Mangue, tendo como consequência direta a degradação ambiental citada acima, são a
causa responsável pelo expressivo aumento da frequência das enchentes e inundações na
bacia, as quais atualmente só não tem efeito mais catastrófico sobre a mesma devido ao
processo de reflorestamento da Floresta da Tijuca deflagrado no ano de 1861 pelo então
Imperador Pedro II.
20

2.2.2 Descrição geoambiental

Segundo informações e dados relatados por Canholi e Graciosa (2011, p. 05-08), a


Bacia do Canal do Mangue, com cerca de 42 km² de área, é composta pela rede hidrográfica
dos rios Maracanã, Joana, Trapicheiro, Comprido e Papa-Couve, entre outros, menos
extensos. Caracteriza-se por forte declividade, com cotas de até 1.022 metros, no alto do
Maciço da Tijuca. Abrange os bairros Alto da Boa Vista, Praça da Bandeira, Maracanã,
Tijuca, Grajaú, Andaraí, Vila Isabel, Rio Comprido, Leopoldina, São Cristóvão, Santa Teresa,
Catumbi, Cidade Nova e Santo Cristo.
O seu principal canal artificial, o Canal do Mangue, tem 2,8 km de extensão, e a sua
foz, que deságua na Baía de Guanabara, encontra-se na cota de – 3 metros. Recebe, de forma
concentrada e pela margem esquerda, a quase totalidade das vazões afluentes, em seu estirão
médio e final, o que dificulta o controle das enchentes, sobretudo na região mais afetada pelos
extravasamentos na bacia, a Praça da Bandeira.
O Rio Maracanã é o mais extenso curso de água da bacia, com 10,1 km de extensão.
Tem sua nascente no Maciço da Tijuca e foz no Canal do Mangue. Seus principais tributários
são os rios Joana e Trapicheiro. Sua área de drenagem engloba os bairros do Alto da Boa
Vista, Tijuca e Maracanã.
O Rio Trapicheiro é afluente da margem direita do Rio Maracanã e, como este, nasce
no Maciço da Tijuca. Sua extensão total é de 5,2 km. À exceção da cabeceira, é praticamente
todo tamponado, com pequenos trechos em canal aberto. Em virtude da implementação de um
extravasor, tem atualmente dois pontos de deságue: um no Rio Maracanã e outro no Canal do
Mangue, compondo dois braços, esquerdo e direito, entre os quais está localizada a Praça da
Bandeira.
O Rio Joana nasce na Floresta do Grajaú, formado pela confluência dos rios Perdido e
Jacó, e percorre uma extensão de 5,5 km, ao longo dos bairros do Grajaú, Andaraí e Vila
Isabel, até a sua foz na margem esquerda do Rio Maracanã.
O Rio Comprido nasce na Serra do Sumaré e percorre aproximadamente 4,5 km ao
longo do bairro Rio Comprido até sua foz, no Canal do Mangue, junto à foz do braço direito
do Rio Trapicheiro, nas proximidades da sede da Prefeitura.
O Rio Papa-Couve é o menor dos principais tributários do Canal do Mangue, com 2,3
km de extensão entre a nascente, no morro do Catumbi, e a sua foz. É quase todo tamponado e
seu trecho final consiste de uma galeria instalada sob a passarela do sambódromo.
21

Ainda segundo Canholi e Graciosa (2011, p. 05-08), não são raros os casos de bairros
que tiveram sua geografia modificada para dar espaço ao desenvolvimento urbano. A própria
Praça da Bandeira é um exemplo disso: antiga área de manguezal, a região servia como
depósito de sedimentos que vinham dos morros e encostas. Dessa forma, a vegetação ajudava
a reduzir a velocidade da água e permitia sua penetração no solo, abastecendo o lençol
freático. O não desempenho da função ambiental da vegetação de manguezal, que existia no
local, tem promovido históricas enchentes e prejuízos a todos que moram, trabalham ou
simplesmente transitam regularmente pela região. O Quadro 02 apresenta a localização e
extensão de todos os cursos de água pertencentes à Bacia do Canal do Mangue.
Quadro 02: Cursos de água da Bacia do Canal do Mangue – Fonte: Instituto Pereira Passos

BACIA DO CANAL DO MANGUE


Extensão
Cursos de água Localização
(em Km)
Rio das Bananas Rio Comprido 1.2
Canal do Mangue Cidade Nova; Santo Cristo; Leopoldina 2.8
Rio Papa-Couve Santa Teresa; Catumbi; Cidade Nova 2.3
Rio Maracanã Alto da Boa Vista; Tijuca; Maracanã; Praça da Bandeira 10.1
Rio São João Alto da Boa Vista 1.6
Rio Trapicheiro Tijuca; Praça da Bandeira 5.2
Rio Joana Grajaú; Andaraí; Vila Isabel; Maracanã 5.5
Rio Andaraí Andaraí 2.0
Riacho Excelsior Grajaú 1.9
Rio Perdido Alto da Boa Vista; Grajaú 2.2
Rio Jacó Alto da Boa Vista; Grajaú 1.8
Rio dos
Vila Isabel; Maracanã 2.5
Cachorros
Alto da Boa Vista; Santa Teresa; Rio Comprido; Praça da
Rio Comprido 4.5
Bandeira
Rio Agostinho Alto da Boa Vista; Tijuca 1.7
Rio Cascata Tijuca 1.2
Rio dos Urubus Grajaú; Andaraí 3.8
Rio Cachoeira Grajaú 0.6
Rio Joana Inferior São Cristovão 1.7
22

2.2.3 Problemas específicos

Segundo dados publicados pela Fundação Rio-Águas5 (2002), a Bacia do Canal do


Mangue comportava, no passado remoto, uma grande região de manguezal que drenava toda a
água de uma área de 42 km² na Zona Norte da cidade, incluindo o Maciço da Tijuca e
composta, entre outros, por cinco principais rios: Maracanã, Joana, Trapicheiro, Comprido e
Papa-Couve. O manguezal funcionava como um filtro natural e amortecedor das águas desses
rios, principalmente do Rio Maracanã, com 10,1 km de extensão, que do seu ponto mais alto,
na cota 710, desce quase 700 metros nos dois primeiros quilômetros, ou seja, um rio de
altíssima declividade e altas velocidades nas enchentes. A Figura 09 apresenta o contorno
sudoeste do mapa cartográfico da Bacia do Canal do Mangue, contendo as cotas das nascentes
dos rios Maracanã (710m), Trapicheiro (300m) e Joana. Este último formado a partir dos rios
Perdido (615m) e Jacó (590m).

615m

590m
300m

710m

Figura 09: Mapa cartográfico contendo as cotas das nascentes dos rios Maracanã, Trapicheiro e Joana
Fonte: Setor de Cartografia da Fundação Rio-Águas

Esta condição de alta declividade faz com que na época de chuvas os rios da bacia
carreguem barro, lama e outros produtos de erosão para uma baixada com declividade quase
nula, na região do antigo manguezal, que no passado conseguia absorver esta condição e
levava as águas dos rios da bacia para a Baía de Guanabara.
______________________________________________________________

5
Revista Rio-Águas; artigo Águas passadas, problema presente.
23

Antes da urbanização local, toda a água da bacia passava por um processo de retenção
e infiltração natural, no qual as velocidades de escoamento eram menores devido à presença
de recortes e vegetação no solo.
Ainda segundo os dados publicados pela Fundação Rio-Águas (2002), várias
intervenções foram realizadas na Bacia do Canal do Mangue ao longo dos anos, alterando
significativamente a configuração original da sua macrodrenagem. Em 1857 aconteceu a
construção do Canal do Mangue, com uma extensão de 2.800 metros, como medida de
saneamento básico, acumulando esgoto e doenças sanitárias. A obra fez com que a região
perdesse a sua drenagem natural e concentrasse as vazões, intensificadas pela construção de
canais e galerias que aceleraram a velocidade da água. Entre 1902 e 1906, os rios Maracanã,
Joana e Comprido foram retificados e canalizados, e entre 1920 e 1922, com a construção da
Avenida Maracanã e Estrada de Ferro Central do Brasil, as águas do Rio Joana, que antes
desembocavam na Baia de Guanabara, foram desviadas para o Rio Maracanã, aumentando a
sua vazão. Na década de 1990, no projeto Rio Cidade, várias galerias de macrodrenagem
foram implantadas no bairro da Tijuca. A Figura 10 mostra o diagrama unifilar dos rios da
Bacia do Canal do Mangue, com as suas respectivas galerias de contribuição.

Figura 10: Diagrama unifilar dos cursos hídricos da Bacia do Canal do Mangue
Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia
24

Atualmente o curso do Rio Joana apresenta pontos de enchente especialmente nos


trechos tamponados. O trecho final, localizado entre a travessia sob a Avenida Radial Oeste e
a sua foz é constituído por uma galeria que apresenta uma importante restrição ao
escoamento, causando o represamento a montante e inundações na região do estádio do
Maracanã e UERJ. O estudo hidráulico realizado pela Fundação Rio-Águas apontou restrições
devido ao efeito de remanso no desemboque do Rio Joana no Rio Maracanã, o qual, durante
eventos de cheia, ocorre em seção totalmente afogada. No trecho final, ao longo da linha
férrea, foram constatadas em vistorias de campo, restrições como o cruzamento de tubulações
adutoras e a redução de seção por acúmulo de lixo.
No Rio Maracanã, o trecho a jusante, onde ocorrem as confluências com os rios Joana
e Trapicheiro, constitui o principal trecho de enchentes e inundações, ao longo do qual
ocorrem restrições localizadas, devido ao estrangulamento de seção em pontes, como a da
Rua Mata Machado na região do CEFET/RJ. Além disto, devido a uma diferença de cotas,
durante os eventos de enchentes, ocorre o transbordamento do Rio Maracanã e a derivação
para o Rio Joana através de escoamento superficial na Rua Felipe Camarão. Isto vem a
agravar as enchentes na já sobrecarregada calha do Rio Joana, na Avenida Professor Manoel
de Abreu. Na inundação de 25 de abril de 2011, foi registrado, nesta rua, um nível d’água de
50 cm.
No Rio Trapicheiro, a área mais crítica ocorre na parte a jusante, após a bifurcação
que divide o curso de água nos braços direito e esquerdo. O braço esquerdo segue ao longo da
Rua Felisberto de Menezes, em direção ao Rio Maracanã. O braço direito segue ao longo da
Rua Barão de Iguatemi, em direção ao Canal do Mangue. Entre os dois ramos está localizada
a Praça da Bandeira, numa região mais baixa que o nível do mar. A saída do Canal do
Mangue está em uma cota – 3, o que significa que, em eventos de enchentes, ele não
consegue despejar todo o seu volume de água na Baía de Guanabara, causando históricas
inundações na Praça da Bandeira e entorno.
Além dos locais críticos já relacionados, a Fundação Rio-Águas também destaca o
próprio Canal do Mangue, no trecho entre o deságue na Baía de Guanabara até a Avenida
Presidente Vargas, na altura da Rua Marquês de Sapucaí.
Em todas estas seções de rio descritas acima, a capacidade de escoar a água é
extremamente baixa. Os técnicos da Fundação Rio-Águas calcularam as vazões e as
confrontaram com os dados pluviométricos. O objetivo das intervenções de engenharia,
através de obras estruturais, é fazer com que todos estes rios e seus respectivos sistemas de
25

drenagem sejam capazes de suportar fortes eventos de chuvas, sem a ocorrência de


transbordamento e consequentes inundações.
Isso não significa dimensionar o sistema de escoamento para suportar qualquer chuva.
O principal parâmetro usado para avaliar o problema de escoamento foi o volume de uma
chuva muito forte que tem grande probabilidade de cair na região a cada 25 anos, a chamada
TR-25, segundo critério adotado no projeto. Hoje, segundo levantamento realizado pela
Fundação Rio-Águas, há muitos trechos em que os rios que compõe a Bacia do Canal do
Mangue não suportam nem mesmo chuvas menos intensas, que podem cair a cada cinco anos
(TR-5).
A Prefeitura do Rio de Janeiro, através dos seus órgãos de meio ambiente e de
controle de trânsito viário urbano, fez o levantamento de toda a água que cai na Bacia do
Canal do Mangue quando chove e mapeou o caminho do escoamento, as singularidades e
interferências de cada ponto, para dimensionar a vazão total da bacia. Ou seja, a chuva que
cai nesta região e a quantidade de água que vai para os rios. Assim pode identificar os “nós” e
saber em quais pontos passa determinada quantidade de água. Para a rede de microdrenagem,
trabalhou com a TR-10. Na canalização, ou macrodrenagem, passou da TR-20 para a TR-25.
A Figura 11 mostra o mapa hidrográfico da Bacia do Canal do Mangue, com os seus
principais cursos hídricos, apresentados em regime aberto e coberto.

Figura 11: Mapa hidrográfico da Bacia do Canal do Mangue


Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia
26

2.3 Propostas de soluções

Segundo o Relatório R4 – Medidas Não Estruturais (2010, p. 8-9), do Plano Diretor de


Drenagem, elaborado pela Secretaria de Infraestrutura Municipal da Prefeitura do Município
de Jacareí – SP, a gestão das águas urbanas tem sido inserida ao longo dos anos de forma
difusa e descentralizada na administração municipal. A sua desarticulação com a urbanização
e o crescimento das cidades dá origem a um sistema de drenagem condicionado e ineficiente,
que frente às situações meteorológicas extremas, reage de forma igualmente condicionada e
ineficiente.
As soluções para os problemas, baseadas exclusivamente em medidas estruturais de
grande porte, tornam-se extremamente onerosas e, na maioria dos casos, o poder público não
dispõe de capacidade de intervenção que possa se dissociar das questões de uso e ocupação do
solo e de ordenamento territorial.
Ao final, o Relatório R4 – Medidas Não Estruturais (2010), conclui que ainda que
tecnicamente executáveis, as limitações orçamentárias, somadas à imprevisibilidade dos
eventos hidrológicos, impedem que os eventos extremos possam ser totalmente manejados,
com todos os seus impactos negativos evitados e todas as suas consequências mitigadas. O
aumento da população, a abertura de novos territórios para ocupação e a intensificação de uso
dos territórios já submetidos à ação antrópica ampliam os conflitos com os fenômenos
naturais e determinam, cada vez mais, a necessidade de se buscar formas de convivência com
as situações ambientais extremas, através da adoção combinada de medidas estruturais e
medidas não estruturais. Ressalta, ainda, que grande parte dos projetos de drenagem urbana
elaborados hoje no Brasil ainda seguem procedimentos cujos conceitos globais se baseiam nas
propostas de implantações exclusivamente estruturais, com intervenções pontuais que
normalmente apenas transferem os problemas para jusante e não levam em conta a bacia de
drenagem como um sistema integrado. São, portanto, conceitos anteriores àqueles defendidos
pela ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos, na Carta de Recife (1995) 6.
Um Plano de Controle das Águas Pluviais de uma cidade, ou região, deve adotar como
medida de estudo e parâmetro, as bacias hidrográficas nas quais o desenvolvimento urbano
ocorre. As medidas de controle não devem priorizar apenas soluções locais para os problemas
de drenagem das bacias, gerando, como consequência, danos ambientais, sociais e materiais
nas regiões a jusante.
____________________
6 Anexo 4: Carta de Recife (ABRH, 1995).
27

2.3.1 Medidas estruturais e não estruturais

Ainda segundo o Relatório R4 – Medidas Não Estruturais (2010, p. 12-13), existem


três conceitos a serem definidos, que são as medidas estruturais convencionais, as medidas
não estruturais e as medidas estruturais não convencionais:
Medidas estruturais convencionais ou intensivas: correspondem às obras que visam
o escoamento mais rápido das águas pluviais, ou sua retenção em grande escala e pontual, por
meio de canalizações, derivações, bacias de detenção e modificações nas seções dos rios e
galerias, objetivando controlar os picos de cheias.
Medidas não estruturais: correspondem às ações que visam diminuir os danos das
inundações não por meio de obras, mas por meio de normas, leis, regulamentos e ações
educacionais. Em geral, as medidas não estruturais são classificadas em:
(i) medidas de gestão (planejamento e plano de ação de emergência);
(ii) medidas de uso e ocupação do solo (legislação e Infraestrutura Verde);
(iii) Educação Ambiental.
Na maioria dos casos, a implantação das medidas não estruturais exige investimentos
menores quando comparada com as medidas estruturais. Porém, exigem ações de gestão que
muitas vezes esbarram em limitações legais, políticas e institucionais, exigindo empenho do
administrador público e da sociedade para que sejam executadas.
Medidas estruturais não convencionais ou extensivas: constituem obras de pequeno
porte dispersas na bacia, que atuam no sentido de reconstituir ou resgatar padrões
hidrológicos representativos da situação natural. São medidas que visam compensar os
incrementos do escoamento superficial, decorrentes do aumento da impermeabilização, com a
utilização de dispositivos de retenção e/ou retardo – com ou sem possibilidades de infiltração
e/ou reuso, das águas pluviais coletadas.
Cabe ressaltar que em muitos casos, as obras como os pavimentos permeáveis, os
parques lineares ou os telhados verdes, são classificadas como medidas não estruturais, o que
pode confundir o conceito de medidas estruturais extensivas, ou não convencionais, com o de
medidas não estruturais.
Estas medidas estruturais não convencionais em geral são de natureza mais
sustentável, aproximando o sistema de drenagem às características naturais, permitindo a
infiltração da água no solo, efetuando pequenas retenções localizadas, reflorestando áreas e
aproveitando e reservando o recurso que seria normalmente descartado.
28

2.3.1.1 Medidas não estruturais

A inclusão de medidas não estruturais no planejamento de ações para o controle de


enchentes requer informações precisas sobre o ambiente físico e geográfico da bacia
hidrográfica onde ocorrem os eventos, como os seus rios, montanhas, declives e planícies. A
partir desta macrovisão é possível reunir elementos que possam contribuir na identificação e
definição das melhores alternativas de intervenção para o controle das enchentes. Nos últimos
anos, o papel das medidas não estruturais vem ganhando espaço no controle de desastres
naturais, principalmente porque, quando bem planejadas, também contribuem para a
preservação do meio ambiente.
Entender e respeitar as dinâmicas naturais é fundamental para construirmos uma
relação sustentável com o ambiente natural urbano (informação verbal)7.
As medidas não estruturais que englobam as ações da gestão das águas pluviais, tem
foco principalmente nas áreas ambiental e legal, objetivando resolver ou minimizar problemas
causados por processos de crescimento urbano desordenado e ocupação de áreas de risco.
Neste sentido tem sido comum observar-se a inclusão da Infraestrutura Verde como medida
não estrutural sustentável, com baixo impacto ambiental negativo e boa relação custo-
benefício. A Infraestrutura Verde utiliza sistemas naturais para captar e reduzir o impacto
negativo das águas pluviais nas bacias hidrográficas dentro das áreas urbanas. Este conceito
tende a fundamentar um processo ecologicamente mais eficiente no manejo das águas
pluviais, entendendo a vegetação e a paisagem como parte da infraestrutura. Por vezes a
Infraestrutura Verde demanda o emprego de obras civis, o que as denominariam como
medidas estruturais. No entanto ela ainda pode ser classificada como medida não estrutural,
devido ao pequeno porte destas obras. Segundo o Relatório R4 – Medidas Não Estruturais
(2010), na esfera do poder público ela é classificada como medida estrutural não
convencional, pois é compreendida como um conjunto de obras a serem executadas pelos
municípios em áreas públicas, como por exemplo, áreas verdes e áreas de lazer. Já na esfera
de empreendimentos privados é considerada como medida não estrutural, pois é
regulamentada por diretrizes e recomendações técnicas que constam nos manuais específicos
de drenagem desenvolvidos pela própria iniciativa privada.
O Quadro 03 apresenta exemplos de medidas não estruturais para a gestão de águas
pluviais em centros urbanos de média e alta densidade, com foco em soluções legais e
ambientais, e suas respectivas funções para o controle direto e indireto de enchentes.
___________________________

7 Informação obtida em aula da disciplina Saneamento Ambiental - CEFET/RJ (ROCHA, 2011).


29

Quadro 03: Medidas não estruturais para a gestão de águas pluviais


Fonte: PDDU de 2010 do Município de Jacareí – SP

Medidas Não Estruturais


(para urbanização consolidada de média e alta densidade)

Medidas Função
Definir taxas de permeabilidade para as áreas
não edificadas, tanto maiores quanto forem
as taxas de ocupação;
Uso e Ocupação Aumento da infiltração no escoamento das águas
pluviais e impedir a ocupação de áreas de risco.
do Solo
Prever áreas estratégicas de conservação e
preservação para a contenção de cheias;
Legais Controle das áreas de risco e aumento do tempo
de retenção das águas pluviais.
Fomentar a implementação de Infraestrutura
Incentivos Fiscais
Verde na propriedade privada.
Código de Obras Promover reservatórios de reuso de água
Estatuto Intervenção em áreas consolidadas:
da redução de densidade
Cidade e aumento de permeabilidade.
Elaboração de um PDDU eficiente;
Complementares Fiscalização;
Desapropriação de construções irregulares.
Campos Esportivos Redução da vazão de escoamento superficial em
Gramados grandes áreas, aumento da permeabilidade do solo
Praças (infiltração e percolação), retendo uma
e porcentagem do volume de água recebido e
Jardins gerando evapotranspiração.
Telhados Verdes
Jardins de Chuva
Valas de Infiltração Redução da vazão de escoamento superficial em
Ambientais Canteiros Pluviais pequenas áreas, aumento
Biovaletas da permeabilidade do solo (infiltração e
Pavimentos e Calçadas percolação), facilitando a drenagem.
Permeáveis
Grades Verdes
Evitar desmatamentos;
Não descartar lixo nos rios;
Complementares
Incentivar o aumento de áreas verdes;
Promover a revitalização dos rios.
30

2.3.1.1.1 Medidas ambientais

Coberturas Verdes (Telhados Verdes)


Uma cobertura verde é um telhado ou uma construção coberta completa ou
parcialmente com vegetação de pequeno ou médio crescimento, na qual a cobertura é
revestida com uma membrana a prova de água. Esta cobertura deve incluir também camadas
como o substrato e sistemas de drenagem e irrigação.

Jardins de Chuva
Os jardins de chuva são depressões topográficas, existentes ou feitas especialmente
para receber o escoamento da água pluvial proveniente de telhados e demais áreas
impermeabilizadas limítrofes. O solo, geralmente tratado com composto e demais insumos
que aumentam sua porosidade, age como uma esponja absorvendo a água, enquanto
microrganismos no solo removem os poluentes difusos trazidos pelo escoamento superficial.

Valas de Infiltração
As valas de infiltração são dispositivos lineares (comprimento extenso em relação à
largura e profundidade) que recolhem o excesso superficial para concentrá-lo e promover sua
infiltração no solo de forma natural.

Canteiros Pluviais
Os canteiros pluviais são muito parecidos com os jardins de chuva, porém
compactados em locais menores, os canteiros podem compor a paisagem de edificações,
praças, parques, residências, centros comerciais e empresariais, indústrias, entre outros locais.

Biovaletas
As biovaletas são semelhantes aos jardins de chuva, porém normalmente longitudinais
e nelas existem depressões com vegetação ou barreira artificial que limpam a água da chuva
enquanto a valeta a dirige para os jardins de chuva ou sistemas convencionais de drenagem.
São ligadas em série de células, para que a água transborde de uma para outra, e neste
transbordamento retarde a velocidade do escoamento, favorecendo a sedimentação de
particulados que se encontram na água da chuva.

Pavimentos e Calçadas Permeáveis


Os pavimentos permeáveis ou porosos, permitem que a água se infiltre no solo,
mantendo ao mesmo tempo, enquanto úmidos, o pavimento e a atmosfera locais frescos. Os
31

pavimentos permeáveis podem ser construídos com vários materiais, incluindo o betão, o
asfalto e ainda estruturas plásticas tipo grelha, preenchidas com solo, cascalho e grama.

Grades Verdes
As grades verdes são uma combinação das diversas infraestruturas verdes citadas
anteriormente, que acabam por formar uma rede de mudanças sustentáveis para setores
urbanos inteiros. Desse modo, é possível que as soluções técnicas mais eficazes se integrem,
aumentando o desempenho geral do sistema.

2.3.1.1.2 Medidas legais

O PDDU – Plano Diretor de Drenagem Urbana, tem como objetivo criar os


mecanismos de gestão da infraestrutura relacionados com o escoamento das águas pluviais e
fluviais na área urbana da cidade. Este planejamento visa evitar perdas econômicas, melhoria
das condições de saúde e meio ambiente da cidade. Portanto, uma das propostas para
solucionar ou minimizar os problemas das enchentes, não somente na Bacia do Canal do
Mangue, mas também em outras bacias do município, seria a observância e o cumprimento
integral do que está previsto no PDDU da Cidade do Rio de Janeiro.
A exemplo do PDDU, a observância e cumprimento do Código Florestal8, dentro das
disponibilidades das áreas urbanas já consolidadas, no que diz respeito principalmente à
FMP – Faixa Marginal de Proteção9, minimizaria vários problemas relacionados às enchentes,
através do aumento da permeabilidade do solo adjacente aos cursos hídricos.
A formação vegetal nas margens dos rios, córregos, lagos, lagoas, represas e
nascentes, necessária à proteção, defesa, conservação e operação de sistemas fluviais e
lacustres, compõe a Mata Ciliar. Também é conhecida como mata de galeria, mata de várzea,
vegetação ou floresta ripária. É tratada pelo Código Florestal como Área de Preservação
Permanente - APP, com diversas funções ambientais, devendo respeitar uma extensão
específica de acordo com a largura do rio, lago ou represa. Essas faixas de terra são de
domínio público e suas larguras são determinadas em projeção horizontal, considerados os
níveis máximos de água (NMA), de acordo com as determinações dos órgãos federais e
estaduais. A preservação desses locais é considerada importante para, entre outras coisas, reter
e filtrar resíduos de agroquímicos, evitando a poluição dos cursos de água, fornecer proteção
____________________
8 Anexo 5: Comparativo parcial entre o Código Florestal de 1965 e de 2012.
9 Anexo 6: Diagramas da FMP – Faixa Marginal de Proteção.
32

contra o assoreamento, evitar enchentes, formar corredores para a biodiversidade, conservar o


solo, auxiliar no controle biológico das pragas e equilibrar o clima (PEREZ, 2010).
A Faixa Marginal de Proteção é um tipo específico de Área de
Preservação Permanente, nos termos do art. 268, inciso III, da
Constituição do Estado do Rio de Janeiro. [...] A FMP e a APP
coexistem, tendo referências distintas. A FMP visa proteger
especificamente o corpo hídrico, enquanto a APP tem como objetivo
proteger a vegetação. [...] Legalmente, a demarcação da Faixa Marginal de
Proteção atende aos critérios estabelecidos pelo Código Florestal e pela Lei
Estadual nº 650/1983, que trata da Política Estadual de Defesa e Proteção das
Bacias Fluviais e Lacustres do Rio de Janeiro (PEREZ, 2010, p. 13-17).
O maior problema das FMPs, conforme consta no Código Florestal, é que elas foram
criadas para regiões rurais ou, como diz o nome, florestas, e não para regiões urbanas.
Segundo Perez (2010), é extremamente difícil para as cidades brasileiras garantir que a
ocupação das áreas urbanas se adapte ao Código Florestal. Em muitos casos a ocupação das
margens dos cursos hídricos já é questão consolidada e o Código Florestal é simplesmente
ignorado.
Talvez seja o momento de se propor um Código Urbano, ou pelo menos discutir o que
é passível de aplicação em regiões urbanas e o que poderia ser aplicado apenas em áreas
rurais. Uma legislação específica dirigida ao solo urbano poderia garantir que as FMPs dos
rios urbanos se tornassem uma contribuição para a melhoria da drenagem das bacias urbanas e
não uma lei praticamente impossível de se cumprir.

2.3.1.2 Medidas estruturais

De acordo com Rocha (2011), pode-se enumerar as seguintes obras/ações como


exemplos de medidas estruturais para o controle de enchentes:
(i) Execução integral do PDDU – Plano Diretor de Drenagem Urbana;
(ii) Canalização, retificação e/ou desvio de rios;
(iii) Dragagem de rios e galerias;
(iv) Construção de túneis extravasores;
(v) Construção de barragens e/ou diques;
(vi) Construção de reservatórios de amortecimento, inclusive polders;
(vii) Ampliação das seções hidráulicas das calhas dos rios e/ou galerias.
33

A reservação na macrodrenagem constitui uma solução estrutural que visa restituir ou


fornecer à bacia o amortecimento dos picos de cheia e o retardo no tempo de concentração, a
fim de promover a adequação das vazões de projeto à capacidade hidráulica dos rios e canais.
A reservação artificial é feita por meio de reservatórios, que armazenam os volumes de cheia
durante os eventos de maior intensidade, e os devolvem ao curso de água, em condições
condizentes com a capacidade da calha, por meio de gravidade (reservatórios online) ou por
bombeamento (reservatórios offline).
O reforço hidráulico de galerias e canais constitui uma alternativa que visa aumentar a
capacidade hidráulica dos mesmos, sendo viável quando há área disponível e, principalmente,
quando sua aplicação não constitui incremento de vazões que agravem o problema das
enchentes a jusante. No caso da Bacia do Canal do Mangue, devido a sua proximidade com a
Baía de Guanabara, a alternativa de reforço de capacidade hidráulica das calhas e alteração do
exutório dos cursos de água para o mar torna-se particularmente viável, uma vez que
possibilita veicular as vazões sem transferir as enchentes a jusante.
Medidas complementares, como as técnicas compensatórias para pequenas áreas,
citadas no Capítulo 2.3.1.1.1 – Medidas Ambientais, podem ser executadas de modo a
compensar e/ou minimizar a impermeabilização antrópica do solo e também minimizar a
geração de sedimentos na bacia.
As alternativas para estas soluções devem ser avaliadas do ponto de vista da
disponibilidade de áreas para as intervenções, da eficiência hidrológico-hidráulica da bacia e
da condição socioeconômica da região.

2.3.1.2.1 Específicas para a Bacia do Canal do Mangue

Para minimizar os problemas das enchentes e inundações na Bacia do Canal do


Mangue, a Fundação Rio-Águas propôs, no âmbito do atual Plano Diretor de Manejos de
Águas Pluviais da Cidade do Rio de Janeiro, um conjunto de soluções estruturais baseado nas
características da macrodrenagem local e nas condicionantes naturais e antrópicas do processo
de formação das enchentes locais, apresentadas nos próximos subcapítulos.

2.3.1.2.1.1 Metodologia do modelo hidráulico-hidrológico

Foram desenvolvidos estudos hidráulico-hidrológicos para avaliar as vazões de


projeto e a capacidade dos rios e canais da macrodrenagem. Os hidrogramas, gráficos que
34

mostram a relação entre vazão e tempo, foram calculados por meio da metodologia do Soil
Conservation Service, de acordo com os critérios estabelecidos no Plano Diretor de Manejo
de Águas Pluviais da Cidade do Rio de Janeiro, elaborado pela Prefeitura no ano de 2010. As
simulações hidrológicas foram realizadas a partir do software HEC-HMS (Hydrologic
Engineering Center – Hydrologic Modeling System), sendo considerado um período de
recorrência das chuvas de 25 anos. A Figura 12 apresenta a topologia da Bacia do Canal do
Mangue, utilizada para a simulação hidráulico-hidrológica HEC-HMS, e a Figura 13 mostra
uma tela do software para elaboração da respectiva modelagem hidráulico-hidrológica.

Figura 12: Mapa da topologia da Bacia do Canal do Mangue, usado para simulação no software HEC-HMS
Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

Figura 13: Tela do software HEC-HMS utilizado para simulação hidráulico-hidrológica


Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia
35

2.3.1.2.1.2 Hidrogramas

O levantamento de dados realizado na Bacia do Canal do Mangue para simulação


hidráulico-hidrológica HEC-HMS engloba as condições de drenagem mais críticas da região e
baseia-se no tempo de recorrência de 25 anos (TR-25), conforme o atual padrão indicado pelo
Ministério das Cidades. Para o desenvolvimento do projeto definiram-se as vazões e
diagnosticaram-se os déficits de capacidade da rede de macrodrenagem por meio de
hidrogramas simulados matematicamente.
O hidrograma de uma cheia rápida, típica de bacias com cursos hídricos com nascentes
localizadas em cotas altas e sujeitas a chuvas de efeito orográfico, mostra um altíssimo pico,
muito diferente de uma cheia aluvial, que é uma cheia normal de uma bacia mais plana, com
picos menores e que acontece de forma lenta, com uma maior duração. A Figura 14 ilustra, de
forma genérica, a comparação gráfica entre as curvas de um hidrograma de cheia rápida e um
hidrograma de cheia aluvial, onde pode-se observar, além da diferença dos picos de vazão, a
existência de uma diferença de tempo entre a ocorrência dos dois picos. Já as Figuras 15, 16 e
17 apresentam os hidrogramas simulados pelo software HEC-HMS para a foz dos rios
Maracanã, Joana e Trapicheiro, nos quais, além da reta indicativa da vazão de restrição
pontual, são apresentadas duas curvas correspondentes à vazão atual e à vazão de projeto.

Figura 14: Hidrograma de cheia rápida x cheia aluvial


Fonte: Edgar Richter / CEFET/RJ
36

Figura 15: Hidrograma simulado pelo HEC-HMS para a Foz do Rio Maracanã
Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

Figura 16: Hidrograma simulado pelo HEC-HMS para a Foz do Rio Joana
Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

Figura 17: Hidrograma simulado pelo HEC-HMS para a Foz do Rio Trapicheiro
Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia
37

2.3.1.2.1.3 Verificação hidráulica das seções

Para a verificação hidráulica, considerou-se a condição média de maré na Baía de


Guanabara, com o espelho de água NA na cota zero, para um tempo de recorrência de 25
anos (TR-25). Os Quadros 04, 05 e 06 apresentam a verificação hidráulica das seções nos rios
Maracanã, Joana e Trapicheiro. A nomenclatura das seções e dos nós HEC-HMS segue o
cadastro do Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais da Prefeitura da Cidade do Rio de
Janeiro, elaborado no ano de 2010, e as atuais seções que apresentam déficit de vazão estão
destacadas na cor vermelho-claro.

Quadro 04: Verificação hidráulica nas seções do Rio Maracanã


Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

VERIFICAÇÃO DE SEÇÕES NO RIO MARACANÃ ATUAL PROJETADA

NÓ Q RESTRIÇÃO Q AFLUENTE DÉFICIT Q RESTRIÇÃO Q AFLUENTE DÉFICIT


SEÇÃO DESCRIÇÃO
HEC-HMS (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)

M-22 Rio Maracanã, Av. Edson Passos x R. Pontes Castelo 1 95.00 23.80 0 95.00 23.80 0

M-21 Rio Maracanã, Av. Edson Passos x R. Eduardo Xavier 1 90.00 23.80 0 90.00 23.80 0

M-20 Rio Maracanã, Av. Edson Passos x R. Conde de Bonfim 3 81.00 29.70 0 81.00 29.70 0

M-19 Rio Maracanã, Av. Edson Passos x R. São Rafael 4 240.00 34.40 0 240.00 34.40 0

M-18 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Santa Carolina 6 300.00 37.70 0 300.00 37.70 0

Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Garibaldi, a montante


M-17 15 106.00 63.30 0 106.00 63.30 0
da Pça. Comandante Xavier de Brito

M-16 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Dona Delfina 20 92.00 73.40 0 92.00 73.40 0

M-15 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Dona Delfina 20 132.00 73.40 0 132.00 73.40 0

Rio Maracanã, Av. Maracanã, entre as Ruas José Higino


M-14 20 73.40 73.40 0 73.40 73.40 0
e Conde de Itaguaí

M-13 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Barão de Mesquita 23 171.80 78.10 0 171.80 78.10 0

Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Baltazar Lisboa, em


M-12 23 127.10 78.10 0 127.10 78.10 0
frente ao Shopping Center Tijuca

Rio Maracanã, Av. Maracanã x Pça Varnhagem


M-11 106 111.00 80.20 0 111.00 47.30 0
A jusante do ponto de derivação para o Rio Joana

M-10 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Deputado Soares Filho 106 62.60 80.20 17.6 62.60 47.30 0

M-9 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Severino Brandão 106 108.40 80.20 0 108.40 47.30 0

M-8 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. São Francisco Xavier 106 141.90 80.20 0 141.90 47.30 0

M-7 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. São Francisco Xavier 106 202.90 80.20 0 202.90 47.30 0

M-6 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Prof. Eurico Rabelo 106 79.70 80.20 0.5 79.70 47.30 0

M-5 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Prof. Eurico Rabelo 106 59.50 80.20 20.7 59.50 47.30 0

M-4 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Mata Machado 25 17.40 81.00 63.6 55.60 49.60 0

M-3 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Mata Machado 25 83.10 81.00 0 83.10 49.60 0

Rio Maracanã, Av. Oswaldo Aranha, em frente à Estação


M-2 47 31.30 176.20 144.9 54.60 53.30 0
São Cristóvão do Metrô

Rio Maracanã, seção do Posto Pluviométrico/


M-2' 50 120.40 181.50 61.1 120.40 57.40 0
Fluviométrico Maracanã Ipiranga

M-1 Rio Maracanã, Foz no Canal do Mangue 69 124.60 193.90 69.3 124.60 63.30 0
38

Quadro 05: Verificação hidráulica nas seções do Rio Joana


Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

VERIFICAÇÃO DE SEÇÕES NO RIO JOANA ATUAL PROJETADA

NÓ Q RESTRIÇÃO Q AFLUENTE DÉFICIT Q RESTRIÇÃO Q AFLUENTE DÉFICIT


SEÇÃO DESCRIÇÃO
HEC-HMS (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)

Rio Jacó, Rua Bambuí, 1ª seção cadastrada, 470m a


J-49 27 26.67 18.20 0 26.67 3.50 0
jusante do reservatório do Alto Grajaú
J-48 Rio Jacó, Rua Bambuí 27 12.42 18.20 5.78 12.42 3.50 0
J-47 Rio Jacó, R. Uberaba x R. Sá Viana 27 17.35 18.20 0.85 17.35 3.50 0
J-46 Rio Jacó, R. Uberaba 27 22.04 18.20 0 22.04 3.50 0
J-45 Rio Jacó, R. Uberaba 28 22.04 28.40 6.36 22.04 17.50 0
J-44 Rio Jacó, R. Uberaba 28 22.04 28.40 6.36 22.04 17.50 0
J-43 Rio Jacó, R. Uberaba x R. Ferreira Pontes 28 22.04 28.40 6.36 22.04 17.50 0
Rio Joana, seção a jusante da confluência do Rio Jacó
J-42 29 31.44 36.30 4.86 31.44 26.50 0
com o Rio Andaraí
J-41 Rio Joana, R. Maxwell x R. Barão de Mesquita 29 30.50 36.30 5.8 30.50 26.50 0
J-40 Rio Joana, R. Maxwell x R. Barão de Mesquita 29 30.50 36.30 5.8 30.50 26.50 0
J-39 Rio Joana, R. Maxwell x R. Gomes Braga 32 43.40 43.20 0 43.40 35.60 0
J-38 Rio Joana, R. Maxwell x R. Gomes Braga 32 43.40 43.20 0 43.40 35.60 0
Rio Joana, R. Maxwell, entre as Ruas Gomes Braga e
J-37 32 70.00 43.20 0 70.00 35.60 0
Barão de São Francisco
Rio Joana, R. Maxwell, entre as Ruas Gomes Braga e
J-36 32 70.00 43.20 0 70.00 35.60 0
Barão de São Francisco
J-35 Rio Joana, R. Maxwell x R. Barão de São Francisco 32 43.40 43.20 0 43.40 35.60 0
J-34 Rio Joana, R. Maxwell x R. Barão de São Francisco 32 43.40 43.20 0 43.40 35.60 0
Rio Joana, R. Maxwell, entre as Ruas Barão de São
J-33 32 70.00 43.20 0 70.00 35.60 0
Francisco e Barão de Itaipu
Rio Joana, R. Maxwell, entre as Ruas Barão de São
J-32 32 70.00 43.20 0 70.00 35.60 0
Francisco e Barão de Itaipu
Rio Joana, R. Maxwell, entre as Ruas Barão de São
J-31 33 43.40 46.60 3.2 43.40 39.80 0
Francisco e Barão de Itaipu
J-30 Rio Joana, R. Maxwell x R. Barão de Itaipu 33 70.00 46.60 0 70.00 39.80 0
J-29 Rio Joana, R. Maxwell x R. Uruguai 33 43.40 46.60 3.2 43.40 39.80 0
J-28 Rio Joana, R. Maxwell x R. Uruguai 39 43.40 48.30 4.9 43.40 42.40 0
J-27 Rio Joana, R. Maxwell x R. Amaral 39 49.80 48.30 0 49.80 42.40 0
J-26 Rio Joana, R. Maxwell x R. Amaral 39 47.08 48.30 1.22 47.08 42.40 0
Rio Joana, Av. Eng. Octacilio Negrão, entre as Ruas Silva
J-25 41 47.08 72.20 25.12 47.08 16.20 0
Teles e Agostinho Menezes
Rio Joana, Av. Eng. Octacilio Negrão x R. Agostinho
J-24 41 45.20 72.20 27 45.20 16.20 0
Menezes
Rio Joana, Av. Eng. Octacilio Negrão x R. Agostinho
J-23 41 45.20 72.20 27 45.20 16.20 0
Menezes
Rio Joana, Av. Eng. Octacilio Negrão, Jusante do
J-22 41 55.07 72.20 17.13 55.07 16.20 0
reservatório da Praça Niterói
Rio Joana, Av. Eng. Octacilio Negrão, entre as Ruas
J-21 41 47.40 72.20 24.8 47.40 16.20 0
Gonzaga Bastos e Pereira Nunes
Rio Joana, Av. Eng. Octacilio Negrão, entre as Ruas
J-20 41 55.07 72.20 17.13 55.07 16.20 0
Gonzaga Bastos e Pereira Nunes
Rio Joana, Av. Eng. Octacilio Negrão, entre as Ruas
J-19 41 55.07 72.20 17.13 55.07 16.20 0
Gonzaga Bastos e Pereira Nunes
Rio Joana, Av. Eng. Octacilio Negrão, entre as Ruas
J-18 41 44.50 72.20 27.7 44.50 16.20 0
Gonzaga Bastos e Pereira Nunes
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas
J-17 41 44.50 72.20 27.7 44.50 16.20 0
Pereira Nunes e Felipe Camarão
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas
J-16 41 47.80 72.20 24.4 47.80 16.20 0
Pereira Nunes e Felipe Camarão
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas
J-15 41 65.38 72.20 6.82 65.38 16.20 0
Pereira Nunes e Felipe Camarão
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas
J-14 41 65.38 72.20 6.82 65.38 16.20 0
Pereira Nunes e Felipe Camarão
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas
J-13 41 65.38 72.20 6.82 65.38 16.20 0
Pereira Nunes e Felipe Camarão
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas
J-12 42 65.38 77.70 12.32 96.59 60.40 0
Felipe Camarão e S. Francisco Xavier
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas
J-11 42 65.38 77.70 12.32 96.59 60.40 0
Felipe Camarão e S. Francisco Xavier
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas
J-10 42 60.40 77.70 17.3 91.61 60.40 0
Felipe Camarão e S. Francisco Xavier
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu x R. São Francisco
J-9 42 58.05 77.70 19.65 89.26 60.40 0
Xavier
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas S.
J-8 42 58.05 77.70 19.65 89.26 60.40 0
Francisco Xavier e Eurico Rabelo
Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu, entre as Ruas S.
J-7 45 58.05 99.80 41.75 89.26 85.40 0
Francisco Xavier e Eurico Rabelo

J-6 Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu x Rua Eurico Rabelo 45 58.60 99.80 41.2 89.81 85.40 0

Rio Joana, Av. Prof. Manoel de Abreu x Pç. Pres. Emilio


J-5 45 72.42 99.80 27.38 103.63 85.40 0
Garrastazu Médici - Montante do Túnel
Rio Joana, Av. Presidente Castelo Branco - jusante da
J-4 46 80.30 105.40 25.1 80.30 6.10 0
entrada no túnel de desvio
Rio Joana, Av. Presidente Castelo Branco - montante da
J-3 46 80.30 105.40 25.1 80.30 6.10 0
linha férrea
Rio Joana, Av. Presidente Castelo Branco - montante da
J-2 46 46.60 105.40 58.8 46.60 6.10 0
linha férrea
J-1 Rio Joana, Foz no Rio Maracanã 46 60.70 105.40 44.7 60.70 6.10 0
39

Quadro 06: Verificação hidráulica nas seções do Rio Trapicheiro


Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

VERIFICAÇÃO DE SEÇÕES NO RIO TRAPICHEIRO ATUAL PROJETADA

NÓ Q RESTRIÇÃO Q AFLUENTE DÉFICIT Q RESTRIÇÃO Q AFLUENTE DÉFICIT


SEÇÃO DESCRIÇÃO
HEC-HMS (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)

T-15 Jusante do RT-1, Rua Heitor Beltrão 62 15.50 41.80 26.3 15.50 15.40 0

T-14 Entrada da galeria, Rua Silva Ramos 62 7.20 41.80 34.6 19.60 15.40 0

Trecho em galeria, Rua Silva Ramos, entre R. Martins


T-13 Pena e R. Afonso Pena 62 19.60 41.80 22.2 19.60 15.40 0

Trecho em galeria, Rua Silva Ramos, entre R. Martins


T-12 Pena e R. Afonso Pena 62 19.60 41.80 22.2 19.60 15.40 0

Trecho em galeria, Rua Vicente Licínio, entre R. Martins


T-11 Pena e R. Campos Sales 62 19.60 41.80 22.2 19.60 15.40 0

Trecho em galeria, Rua Vicente Licínio, entre R. Campos


T-10 Sales e Tr. Soledade 63 19.60 44.80 25.2 19.60 19.60 0

Trecho em galeria, Rua Vicente Licínio, entre R. Campos


T-9 Sales e Tr. Soledade 63 19.60 44.80 25.2 19.60 19.60 0

Trecho em galeria, Rua Vicente Licínio, entre R. Campos


T-8 Sales e Tr. Soledade 63 19.60 44.80 25.2 19.60 19.60 0

Trecho em galeria, Rua Vicente Licínio x Tr. Soledade -


T-7 Seção do Extravasor do Rio Trapicheiros 63 21.60 44.80 23.2 21.60 19.60 0

Trecho inicial da galeria do braço esquerdo do Rio


T-6 Trapicheios, Rua Felisberto de Menezes x R. Mariz de 64 5.30 13.40 8.1 13.80 5.90 0
Barros
Braço esquerdo do Rio Trapicheios, Rua Paulo Fernandes
T-5 x R. Teixeira Soares 108 13.80 16.70 2.9 13.80 10.60 0

Braço esquerdo do Rio Trapicheios, Rua Paulo Fernandes


T-4 x Pça da Bandeira 109 22.40 16.70 0 22.40 4.90 0

Braço esquerdo do Rio Trapicheios, Rua Elpídio Boamorte


T-3 x Rua Ceará 66 42.80 16.70 0 42.80 4.90 0

Braço esquerdo do Rio Trapicheiros, Seção sob a


T-2 Flumitrens 66 42.80 16.70 0 42.80 4.90 0

Foz do braço esquerdo do Rio Trapicheiros, no Rio


T-1 Maracanã 67 5.80 18.40 12.6 13.70 7.20 0

T-2' Braço direito do Rio Trapicheiros, Rua Barão de Iguatemi 65 13.70 31.40 17.7 13.70 13.70 0

2.3.1.2.1.4 Projeto estrutural

Segundo o Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais da Prefeitura da Cidade do Rio


de Janeiro, o projeto estrutural elaborado em 2010 prevê a reconfiguração da macrodrenagem
da bacia de modo a possibilitar a veiculação das vazões de projeto para um TR-25. Prevê
reservações de pé de morro para os rios Joana e Maracanã, para tratar as enchentes rápidas.
Promoverá, também, a desconcentração de vazões, com o desvio do Rio Joana para a Baía de
Guanabara e uma derivação do Rio Maracanã para o Rio Joana, que terá um segundo
reservatório a jusante desta contribuição. A construção de um polder na Praça da Bandeira,
região de cotas extremamente baixas, objetiva solucionar os problemas da drenagem local e
reduzir os picos de cheia do braço esquerdo do Rio Trapicheiro, que terá outro reservatório a
montante. Os reforços nas canalizações dos rios e galerias existentes na bacia aumentarão a
capacidade dos mesmos a partir da ampliação das suas seções hidráulicas, seja através do
deslocamento ou alteamento de obstruções, como pontes e adutoras, seja através da alteração
40

da geometria das suas seções, a exemplo da travessia da Rua Mata Machado sobre o Rio
Maracanã. A Figura 18 ilustra as intervenções estruturais propostas para a Bacia do Canal do
Mangue.

Figura 18: Intervenções propostas pelo projeto estrutural


Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

2.3.1.2.1.5 Desvio e derivação dos rios Joana e Maracanã

Para maior eficiência da macrodrenagem da bacia, além das duas reservações, no Alto
Grajaú e na Praça Niterói, o Rio Joana terá seu curso desviado para a Baía de Guanabara e
receberá, através de uma galeria de derivação, uma parte da vazão do Rio Maracanã, pela Rua
Felipe Camarão. Desta forma, o Rio Joana terá a sua foz devolvida para a Baía de Guanabara,
como o era antes do processo de urbanização da região.
Esse desvio foi estudado pela primeira vez em 1993, e desde então alternativas de
traçado vêm sendo discutidas. O traçado aprovado pelo Plano Diretor de Manejo de Águas
41

Pluviais da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro prevê um desvio com um sistema de túnel
extravasor e galeria com desemboque na Baía de Guanabara, próximo à foz do Canal do
Mangue. O túnel, já em construção, tem seção de 38 m², com 2.400 m de extensão e
capacidade de vazão de 100 m³/s, enquanto que o trecho em galeria terá 800 m de extensão e
irá percorrer a Rua São Cristóvão até a Baía de Guanabara, de maneira a completar um total
de 3.200 m de extensão de desvio. A Figura 19 ilustra o desvio do Rio Joana (túnel
extravasor) e a derivação do Rio Maracanã (galeria Felipe Camarão). Observa-se ainda na
Figura 19, os reservatórios de amortecimento do Rio Joana (Alto Grajaú e Praça Niterói), do
Rio Maracanã (Praça Varnhagen) e do Rio Trapicheiro (Heitor Beltrão e Praça da Bandeira).

Figura 19: Desvio do Rio Joana e derivação do Rio Maracanã


Fonte: Programa de Pós-Graduação em Engenharias da UFRJ

O desvio também irá comportar parte da vazão do Rio Maracanã, aproximadamente 27


m³/s, para a recorrência de 25 anos, o que irá aliviar a sua calha nos seus trechos mais baixos,
que apresentam registros de inundações frequentes. Essa derivação será construída ao longo
da Rua Felipe Camarão, com cerca de 400 m de extensão, a partir da Praça Varnhagen, até a
Avenida Professor Manuel de Abreu, e irá desembocar na galeria de reforço projetada, com
extensão de cerca de 500 m. Esta galeria de reforço vai até a entrada do túnel extravasor de
desvio na Praça Presidente Emílio Garrastazu Médici, e irá possibilitar a veiculação de 30
42

m³/s a mais de vazão. A Figura 20 ilustra o reservatório offline da Praça da Varnhagen, com a
derivação do Rio Maracanã para o Rio Joana, direcionada para a galeria Felipe Camarão.

Figura 20: Reservatório offline da Praça Varnhagen, junto ao Rio Maracanã, com derivação para o
Rio Joana, via Rua Felipa Camarão – Fonte: Revista Infraestrutura Urbana maio 2013 / Editora Pini

2.3.1.2.1.6 Reservatórios online e offline

O processo de reservação na macrodrenagem constitui uma solução estrutural que visa


restituir ou fornecer à bacia o amortecimento dos picos de cheia e o retardo no tempo de
concentração, a fim de promover a adequação das vazões de projeto à capacidade hidráulica
dos rios e galerias da própria bacia.
As reservações de pé de morro visam resolver o problema das enchentes rápidas,
geralmente resultado de chuvas de efeito orográfico e causadas pela grande declividade dos
rios que nascem nos maciços regionais, recaem na bacia impermeabilizada e tendem a carrear
todos os sedimentos morro abaixo.
Para a Bacia do Canal do Mangue não cabe simplesmente realizar obras de aumento
de calha nos rios para conter as enchentes rápidas, e transferir o problema a jusante. Por isso,
optou-se pela construção de reservatórios online e offline em pontos estratégicos que
pudessem receber a água e os detritos excedentes, armazená-los e, posteriormente, devolver a
43

água aos rios e permitir a coleta dos sedimentos. Portanto, além da detenção, as obras de
reservação trarão outros benefícios à região, como o controle da poluição e a redução de
sedimentos na bacia.
A Figura 21 apresenta o hidrograma das vazões afluente e efluente de um reservatório
de detenção, podendo observar-se o amortecimento do pico de cheia e o retardo do tempo de
concentração introduzidos pelo processo de detenção.

Figura 21: Hidrogramas de vazão afluente x vazão efluente


Fonte: Aquafluxus – Reservatórios de detenção

Estão previstos dois reservatórios online, um no pé do morro junto ao Rio Maracanã,


ainda em estudo quanto ao local, e outro na região do Alto Grajaú, com capacidade para
armazenar 50.000 m³ de água proveniente do Rio Jacó, ilustrado na Figura 22. A
característica dos reservatórios online é o fato de serem abertos e, ao longo da calha do rio,
devolverem a água ao mesmo por gravidade. Além disso, por reterem sedimentos
provenientes das enxurradas, protegem a rede a jusante.

Figura 22: Reservatório online do Alto Grajaú, junto ao Rio Jacó


Fonte: Revista Infraestrutura Urbana maio 2013 / Editora Pini
44

Além dos reservatórios online, está prevista a construção de três reservatórios offline
junto às calhas dos rios nas suas cotas intermediárias: um na Praça Niterói, junto ao Rio
Joana, com profundidade de 26 m e capacidade para armazenar 75.000 m³ de água; um na
Praça Varnhagen, junto ao Rio Maracanã com profundidade de 22 m e volume de 45.000 m³,
e um junto ao Rio Trapicheiro, na Avenida Heitor Beltrão, com um volume de 70.000 m³ e
profundidade de 25 m. Este último tem por objetivo amortecer os picos de cheia que atingem
a região da Praça da Bandeira e os picos de cheia do braço direito do Rio Trapicheiro. As
Figuras 23, 24 e 25 mostram os diagramas dos três reservatórios offline descritos acima, com
os seus respectivos sistemas de bombeamento.

Figura 23: Reservatório offline da Praça Niterói, junto ao Rio Joana


Fonte: Revista Infraestrutura Urbana maio 2013 / Editora Pini

Figura 24: Reservatório offline da Praça da Varnhagen, junto ao Rio Maracanã


Fonte: Revista Infraestrutura Urbana maio 2013 / Editora Pini
45

Figura 25: Reservatório offline na Avenida Heitor Beltrão, junto ao Rio Trapicheiro
Fonte: Revista Infraestrutura Urbana maio 2013 / Editora Pini

Os reservatórios offline são profundos e tamponados, para onde a água das enchentes é
desviada por uma estrutura hidráulica, um vertedouro ou uma soleira invertida, e só retorna ao
rio com o auxílio de bombas. Também retém sedimentos, só que de outra natureza,
decorrentes da presença de lixo no escoamento e da eventual presença de esgoto, proveniente
de ligações irregulares do sistema de esgoto na rede de drenagem.
Estes reservatórios substituem o amortecimento natural que a Bacia do Canal do
Mangue promovia antes de ser urbanizada, porque a água retida só é liberada quando a calha
do rio estiver com a sua vazão condizente para não sofrer transbordamento.

2.3.1.2.1.7 Polder da Praça da Bandeira

Considerando-se que a Praça da Bandeira está localizada numa região de cota


extremamente baixa, além de sofrer com o refluxo da maré da Baía de Guanabara, a melhor
solução para resolver as suas recorrentes inundações foi a construção de um polder no local.
Quando a água precipitada em uma determinada localidade não consegue ser drenada
para um rio próximo, porque está em uma cota mais baixa que o mesmo, isola-se a localidade
por meio de um muro de contenção, dique ou barragem, formando-se um reservatório,
conhecido como polder. Como não consegue ser drenada direta e naturalmente para o rio, a
água da micro e macrodrenagem local será drenada para este reservatório, de onde será
posteriormente bombeada para o rio, quando a calha do mesmo estiver com a sua vazão
condizente para não sofrer transbordamento (RIOS, 2011).
46

No caso da Praça da Bandeira, cujas enchentes tem origem principalmente pela


deficiente macrodrenagem local, pelo transbordamento do Rio Trapicheiro e Canal do
Mangue e, ocasionalmente, pelo efeito de remanso de maré da Baía de Guanabara, o seu
polder receberá a água proveniente de uma área de drenagem de 5,5 km², além da vazão
excedente do braço esquerdo do Rio Trapicheiro, através de uma galeria de entrada derivada
do mesmo. A Figura 26 ilustra o diagrama deste polder, com capacidade volumétrica de
18.000 m³ e profundidade de 17 m, cujas obras aconteceram em trecho densamente
urbanizado e sob intenso tráfego viário, com uma reduzida área de trabalho. Além disso, trata-
se de um reservatório enterrado em média profundidade, em solo de baixa coesão, permeável
e com lençol freático quase aflorando (1,5 m a 2,5 m). A sua estrutura circular, com 35 m de
diâmetro, foi construída com parede diafragma (fck: 25 MPa) com espessura de 0,8 m apoiada
em rocha fragmentada, e anéis internos de concreto (fck: 50 MPa) a cada 3 m.

Figura 26 – Diagrama do polder da Praça da Bandeira


Fonte: Revista Infraestrutura Urbana maio 2013 / Editora Pini
47

2.3.1.2.1.8 Correção da seção de travessia Mata Machado

Segundo o estudo da rede de macrodrenagem da Bacia do Canal do Mangue


disponibilizado pelo Plano Diretor de Manejos de Águas Pluviais (PDMAP), a seção de
travessia do Rio Maracanã sob a Rua Mata Machado, próxima ao CEFET/RJ, apresenta uma
restrição de vazão em relação ao tipo de canal neste trecho do rio, conforme dados da seção
M-4 apresentados no Quadro 07.
Quadro 07 – Verificação de seções no Rio Maracanã
Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

VERIFICAÇÃO DE SEÇÕES NO RIO MARACANÃ ATUAL PROJETADA

NÓ Q RESTRIÇÃO Q AFLUENTE DÉFICIT Q RESTRIÇÃO Q AFLUENTE DÉFICIT


SEÇÃO DESCRIÇÃO
HEC-HMS (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s) (m³/s)

M-22 Rio Maracanã, Av. Edson Passos x R. Pontes Castelo 1 95.00 23.80 0 95.00 23.80 0

M-21 Rio Maracanã, Av. Edson Passos x R. Eduardo Xavier 1 90.00 23.80 0 90.00 23.80 0

M-20 Rio Maracanã, Av. Edson Passos x R. Conde de Bonfim 3 81.00 29.70 0 81.00 29.70 0

M-19 Rio Maracanã, Av. Edson Passos x R. São Rafael 4 240.00 34.40 0 240.00 34.40 0

M-18 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Santa Carolina 6 300.00 37.70 0 300.00 37.70 0

Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Garibaldi, a montante


M-17 15 106.00 63.30 0 106.00 63.30 0
da Pça. Comandante Xavier de Brito

M-16 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Dona Delfina 20 92.00 73.40 0 92.00 73.40 0

M-15 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Dona Delfina 20 132.00 73.40 0 132.00 73.40 0

Rio Maracanã, Av. Maracanã, entre as Ruas José Higino


M-14 20 73.40 73.40 0 73.40 73.40 0
e Conde de Itaguaí

M-13 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Barão de Mesquita 23 171.80 78.10 0 171.80 78.10 0

Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Baltazar Lisboa, em


M-12 23 127.10 78.10 0 127.10 78.10 0
frente ao Shopping Center Tijuca
Rio Maracanã, Av. Maracanã x Pça Varnhagem
M-11 106 111.00 80.20 0 111.00 47.30 0
A jusante do ponto de derivação para o Rio Joana

M-10 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Deputado Soares Filho 106 62.60 80.20 17.6 62.60 47.30 0

M-9 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Severino Brandão 106 108.40 80.20 0 108.40 47.30 0

M-8 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. São Francisco Xavier 106 141.90 80.20 0 141.90 47.30 0

M-7 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. São Francisco Xavier 106 202.90 80.20 0 202.90 47.30 0

M-6 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Prof. Eurico Rabelo 106 79.70 80.20 0.5 79.70 47.30 0

M-5 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Prof. Eurico Rabelo 106 59.50 80.20 20.7 59.50 47.30 0

M-4 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Mata Machado 25 17.40 81.00 63.6 55.60 49.60 0

M-3 Rio Maracanã, Av. Maracanã x R. Mata Machado 25 83.10 81.00 0 83.10 49.60 0

Rio Maracanã, Av. Oswaldo Aranha, em frente à Estação


M-2 47 31.30 176.20 144.9 54.60 53.30 0
São Cristóvão do Metrô
Rio Maracanã, seção do Posto Pluviométrico/
M-2' 50 120.40 181.50 61.1 120.40 57.40 0
Fluviométrico Maracanã Ipiranga

M-1 Rio Maracanã, Foz no Canal do Mangue 69 124.60 193.90 69.3 124.60 63.30 0

Atualmente se ocorrer uma vazão a montante (afluente), da ordem de 81,00 m³/s nesta
seção M-4 (TR = 25 anos), a vazão a jusante (efluente ou de restrição) será de 17,40 m³/s,
gerando um déficit de 63,60 m³/s, a ser lançado para fora da calha do rio. Isto acontece em
virtude da altura da ponte em relação à seção, que ocasiona uma altura livre de escoamento
48

muito restritiva. Esta seção deverá ser replanejada, de modo a comportar a vazão afluente a
este trecho que, após todas as intervenções na bacia, poderá chegar ao máximo de 49,60 m³/s,
para um TR = 25 anos. Propõe-se para esta seção, manter a mesma cota de fundo, altura e
declividade, e alterar a geometria para uma seção retangular, de mesma largura de topo que a
seção atual. A seção atual está esquematizada na Figura 27, que apresenta também a seção
proposta. A extensão longitudinal desta travessia é de 50m e a capacidade de vazão de projeto
da seção proposta é de 55,60 m³/s.

Figura 27 – Seção atual e proposta para a travessia do Rio Maracanã sob a Rua Mata Machado
Fonte: XIX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos – Maceió - AL – Novembro 2011
49

2.3.1.2.1.9 Eficiência das intervenções propostas

Todas as alternativas de projeto para redução do risco de enchentes na Bacia do Canal


do Mangue, segundo diretrizes do Plano Diretor de Manejo de Águas Pluviais da Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro, foram elaboradas com base nos critérios de eficiência
hidráulico-hidrológica, disponibilidade de áreas e viabilidades socioeconômica, geológico-
geotécnica e estrutural da região, de modo a obter-se um sistema hidráulico capaz de atender
às vazões de projeto sem aumentar o impacto das enchentes em áreas a jusante.
Além de controlar as vazões da macrodrenagem pluvial, as intervenções estruturais
propostas visam a retirada de cerca de 100 m³/s de água do Rio Maracanã e Canal do Mangue,
referentes ao desvio da foz do Rio Joana para a Baía de Guanabara.
O Quadro 08 apresenta as vazões atuais e de projeto da foz dos rios Joana, Maracanã e
Trapicheiro, considerando-se, para efeito de análise dos seus valores, a foz do Rio Joana
desaguando no Rio Maracanã, a foz do Rio Maracanã desaguando no Canal do Mangue (com
e sem a contribuição de 100 m³/s do Rio Joana e, com e sem a retirada de 30 m³/s da sua
derivação para o Rio Joana) e a foz do Rio Trapicheiro (braço esquerdo para o Rio Maracanã
e braço direito para o Canal do Mangue).

Quadro 08 – Eficiência das intervenções propostas: redução das vazões de pico segundo modelo HEC-HMS
Fonte: Fonte: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro / PDMAP / Hidrostudio Engenharia

Vazão de Projeto na Foz – TR = 25 anos


Curso de Água / Nó HEC-HMS Q Atual (m³/s) Q Projetada (m³/s)
Rio Joana / Nº 46 105,40 6,10
Rio Maracanã / Nº 69 193,90 63,30
Rio Trapicheiro (E) / Nº 67 18,40 7,20
Rio Trapicheiro (D) / Nº 65 31,40 13,70
50

3.0 Conclusões

- Grande parte da área da Bacia do Canal do Mangue vem sofrendo um acelerado e


desordenado processo de urbanização nas últimas décadas. A cada ano surgem novos
empreendimentos imobiliários, que além de impermeabilizarem cada vez mais a área da
bacia, também lançam parte do seu esgoto doméstico e parte do seu lixo nos rios da região, o
que contribui, em muito, para o agravamento do problema das enchentes e inundações locais.
A substituição de áreas antes recobertas de vegetação por áreas impermeabilizadas diminui o
volume de água infiltrado no solo e o seu tempo de escoamento, gerando, consequentemente,
um aumento do volume total de água escoada superficialmente para os rios, dando origem às
recorrentes enchentes e inundações locais.

- Portanto, a questão da fiscalização do cumprimento do padrão de taxas de


impermeabilização do solo urbano, para novas edificações, vinculada aos instrumentos de
planejamento urbano do poder público e às questões relacionadas com a educação ambiental,
é de fundamental importância para conter o contínuo e descontrolado processo de aumento de
impermeabilização do solo e necessita uma atenção mais aprofundada, tanto por parte do
poder público como da sociedade, em toda e qualquer abordagem relacionada à esta temática.

- Analisando-se os resultados obtidos no processo da modelagem hidráulico-


hidrológica realizada pelos técnicos responsáveis pela execução do Plano Diretor de Manejo
de Águas Pluviais da Cidade do Rio de Janeiro, nos rios Maracanã, Joana e Trapicheiro, para
verificação das suas seções hidráulicas, observa-se que as principais causas de enchentes e
inundações na região da Bacia do Canal do Mangue, além dos altos índices pluviométricos
nos meses de verão, têm relação direta com a execução de obras estruturais mal projetadas
e/ou mal executadas pela própria Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

- A ocupação irregular da calha maior dos rios da Bacia do Canal do Mangue, o


lançamento também irregular de resíduos sólidos nos mesmos e seus entornos, o
desmatamento e a ocupação de encostas, com o consequente assoreamento dos leitos fluviais,
a excessiva impermeabilização do solo e a falta de integração entre os planejamentos urbano e
ambiental, tem contribuído não somente para o agravamento das enchentes e inundações
locais, mas também para a degradação ambiental da bacia. A adoção de medidas não
estruturais complementares, de cunho mais sustentável que as estruturais, trariam grande
51

benefício ao meio ambiente, além de somar resultados positivos para o controle das enchentes
e inundações locais.

- Outra importante contribuição para a ocorrência de enchentes e inundações na Bacia


do Canal do Mangue, sob o ponto de vista de ações antrópicas, é a atual concentração dos
pontos de lançamento final dos seus cursos hídricos. A expansão dos aterros urbanos
construídos sobre o mar ou sobre as áreas dos extintos manguezais locais demandou a
implantação de várias galerias e canais artificiais na bacia, cujas vazões somadas às vazões
dos principais rios da região, formam um grande volume de água que acaba convergindo
praticamente numa única região do Canal do Mangue, na área da Praça da Bandeira, gerando,
consequentemente, as suas históricas inundações.

- Independente das chuvas de efeito orográfico, típicas de bacias localizadas entre


montanhas e planícies costeiras, como a Bacia do Canal do Mangue, a ocupação urbana
desordenada da mesma promoveu, ao longo de décadas, alterações climatológicas pontuais
que desequilibraram o Ciclo da Água local, gerando temperaturas mais elevadas, maiores
índices de evaporação e, consequentemente, chuvas mais torrenciais na região.

- Considerando-se o elevado nível de complexidade técnica das intervenções


estruturais realizadas na Bacia do Canal do Mangue, tais como os sistemas de bombeamento
dos reservatórios offline, tornar-se-á imprescindível adotar medidas de manutenção preventiva
pertinentes a cada intervenção realizada, objetivando garantir o perfeito e contínuo
funcionamento do novo sistema hidráulico de drenagem, que se encontra em fase de
implantação.

- As intervenções estruturais propostas para a Bacia do Canal do Mangue irão


minimizar os efeitos causados pelas suas recorrentes enchentes e inundações, mas não
solucionarão o processo de degradação ambiental pelo qual a mesma está passando. Será
necessário um estudo de alternativas não estruturais para complementar o gerenciamento do
sistema, começando com a completa compreensão da natureza do processo de formação das
enchentes na bacia, considerando-se todas as componentes naturais e antrópicas envolvidas no
processo de formação destas enchentes e inundações. Somente uma gestão integrada do uso
da água, do solo e do saneamento básico, apoiados em programas de educação ambiental e
nos princípios enunciados na Lei 9433/97, a Lei das Águas, poderá reverter a supracitada
degradação ambiental.
52

- A seleção das alternativas não estruturais mais adequadas para a Bacia do Canal do
Mangue vai depender de fatores como o risco admitido, expresso pelo período de recorrência
(TR) adotado pelo projeto estrutural, da eficiência hidráulica das obras estruturais, da
disponibilidade de áreas para a implantação de medidas não estruturais, das características
geológico-geotécnicas da região, das interferências de outros sistemas urbanos, como o viário,
o ferroviário e o metroviário, e da relação custo-benefício destas alternativas.

- Considerando-se a configuração geográfica da Bacia do Canal do Mangue, localizada


junto à Baía de Guanabara, a alternativa estrutural do desvio de curso do Rio Joana, alterando
o seu exutório para a mesma, constitui-se numa solução particularmente aplicável, por não
representar perigo de agravamento das enchentes e inundações sobre áreas a jusante.

- Ao considerar-se que o uso do solo urbano deve respeitar as Faixas Marginais de


Proteção descritas no Código Florestal, coloca-se uma grande parte das cidades brasileiras na
ilegalidade. É problemático tentar garantir que a ocupação das áreas urbanas se adapte ao
Código Florestal. Em muitos casos a ocupação das margens dos rios é algo já consolidado e o
Código Florestal é simplesmente inviável de ser cumprido, sendo, portanto, ignorado.
Talvez este seja o momento de se propor um Código Urbano, ou pelo menos discutir o
que é passível de aplicação em regiões urbanas e o que é passível de ser aplicado apenas em
áreas rurais. Uma legislação específica dirigida ao solo urbano poderia garantir que as Faixas
Marginais de Proteção dos rios urbanos se tornassem uma contribuição para a melhoria da
drenagem das bacias urbanas e não uma lei praticamente impossível de se cumprir.

- Os gestores ambientais não devem jamais permitir que o sistema os force a tomar
decisões irresponsáveis, como a liberação de áreas de risco para assentamentos, em nome do
política e socialmente justo, para que amanhã não se sintam cúmplices de covardias praticadas
contra pessoas inocentes, menos esclarecidas e desavisadas.
53

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THE WORLD ALMANAC AND BOOK OF FACTS; World Almanac Book 1995-1997,
edição anual; New York; Editora World Almanac Book; 1995-1997; 3 v.
56

Anexos
Anexo 1: registros fotográficos das maiores enchentes do Brasil

Figura 28: Largo do Mercado, Porto Alegre - RS (1941)


Fonte: Departamento de Geodésia / UFRGS

Figura 29: Tucuruí - PA (1980)


Fonte: www.tucuruionline.com
57

Figura 30: Itajaí - SC (2008)


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Enchentes_em_Santa_Catarina_em_2008

Figura 31: Centro de Itajaí - SC (2008) – Fonte: http://www.efetividade.net/2008/11/exemplo-de-


efetividade-comunicacoes-entre-abrigos-na-enchente-em-sc.html
58

Figura 32: Rua inundada em Angra dos Reis - RJ (2010)


Fonte: André Luiz Mello / Agência O Dia

Figura 33: Centro de Angra dos Reis - RJ (2010)


Fonte: André Luiz Mello / Agência O Dia
59

Figura 34: Estragos causados pela cheia do Rio Una, em Água Preta - PE (2010)
Fonte: Guga Matos / AE

Figura 35: Parte baixa da cidade arrasada pela enxurrada do Rio Mandaú, em Rio Largo - AL (2010)
Fonte: Thiago Sampaio / Agência Alagoas
60

Figura 36: Inundação do Rio Mandaú, em Jacuípe - AL (2010)


Fonte: Thiago Sampaio / Agência Alagoas

Figura 37: Nova Friburgo durante enxurrada - RJ (2011)


Fonte: Domingos Peixoto / Agência O Globo
61

Figura 38: Nova Friburgo após enxurrada - RJ (2011)


Fonte: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Figura 39: Centro de Manaus atingido pela cheia do Rio Negro - AM (2012)
Fonte: Acervo do Jornal do Brasil
62

Figura 40: Alagamento no Distrito de Xerém, Município de Duque de Caxias - RJ (2013)


Fonte: Fabio Teixeira / Estadão Conteúdo

Figura 41: Enxurrada no Distrito de Xerém, Município de Duque de Caxias - RJ (2013)


Fonte: Fernando Quevedo / Agência O Globo
63

Figura 42: Inundação na Cidade de Vila Velha - ES (2013)


Fonte: Prefeitura de Vila Velha

Figura 43: Rua em residencial inundada na Cidade de Serra - ES (2013)


Fonte: noticias.uol.com.br/álbum/2013/12/23
64

Figura 44: Resgate de um bebe na região de Lages, Município de Baixo Guandu – ES (2013)
Fonte: 5º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação da Força Aérea Brasileira (Esquadrão Pantera)

Figura 45: Enchente no Município de Juatuba – MG (2013)


Fonte: Douglas Magno / Folhapress
65

Figura 46: Bairro inundado pela cheia do Rio Doce na Cidade de Governador Valadares – MG (2013)
Fonte: Lalo Almeida / Folhapress

Figura 47: Rua residencial inundada na Cidade de Governador Valadares – MG (2013)


Fonte: Daniel Antunes / Hoje em Dia/Folhapress
66

Anexo 2: registros fotográficos da tragédia da Região Serrana do RJ (2011)

Figura 48: Rio Grande transborda e inunda o Distrito de Manoel de Moraes, no Município de
Santa Maria Madalena (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Figura 49: Rio Grande transborda e inunda o Distrito de Manoel de Moraes, no Município de
Santa Maria Madalena (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Gabriel de Paiva / Agência O Globo
67

Figura 50: Área de um deslizamento de terra em Teresópolis (12 de janeiro de 2011)


Fonte: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Figura 51: Casas atingidas por queda de barreira no centro de Nova Friburgo
(12 de janeiro de 2011) – Fonte: Marcos de Paula / AE
68

Figura 52: O ginásio Pedro Jahara, o "Pedrão", no centro de Teresópolis, transformou-se em abrigo
para famílias atingidas pelas chuvas (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Carlos Ivan / Agência O Globo

Figura 53: Detalhe do ginásio Pedro Jahara, o "Pedrão", no centro de Teresópolis, abrigando famílias
vitimadas pelas chuvas (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Carlos Ivan / Agência O Globo
69

Figura 54: Crianças dormem em um ginásio esportivo utilizado como abrigo para as vítimas dos
deslizamentos de terra em Teresópolis (13 de janeiro de 2011) – Fonte: Bruno Domingos / Reuters

Figura 56: Moradores buscam sobreviventes e resgatam pertences depois que suas casas foram
soterradas em bairro de Nova Friburgo (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Jadson Marques / AE
70

Figura 57: Homens do Corpo de Bombeiros buscam por moradores que foram soterrados em
deslizamento de terra em Nova Friburgo (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Marcos de Paula / AE

Figura 58: Moradores em busca de sobreviventes após desabamento de casas, provocado por
deslizamento de terra em Nova Friburgo (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Jadson Marques / AE
71

Figura 60: Corpos das vítimas de deslizamento de terra após fortes chuvas no bairro do Caleme,
em Teresópolis (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Paulo Cezar / Agência O Globo - AP Photo

Figura 61: Vítimas de deslizamento de terra no bairro Vale do Cedro, em Nova Friburgo, veladas
em cima de uma mesa de sinuca de um bar (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Jadson Marques / AE
72

Figura 62: Parentes e amigos de vítimas na porta do IML de Teresópolis, em busca de


desaparecidos (12 de janeiro de 2011) – Fonte: Domingos Peixoto / Agência O Globo

Figura 63: Caixões com os corpos das vítimas dos deslizamentos de terra no cemitério de
Nova Friburgo (15 de janeiro de 2011) – Fonte: Felipe Dana / AP Photo
73

Anexo 3: registros fotográficos das grandes enchentes no Rio de Janeiro.

Figura 64: Águas do Monte (1811)


Fonte: Acervo do IEVA - Instituto Eventos Ambientais

Figura 65: Praça da Bandeira (1940)


Fonte: Acervo Rio-Águas

Figura 66: Praça da Bandeira (1942)


Fonte: Acervo Rio-Águas
74

Figura 67: Desmoronamento de dois prédios no Bairro de Laranjeiras (1966)


Fonte: Acervo do jornal O Globo

Figura 68: Deslizamentos de encostas em vários bairros da cidade (1966)


Fonte: Acervo do jornal O Globo
75

Figura 69: Capa do Jornal Última Hora de 12 de janeiro de 1966


Fonte: Acervo do Jornal Última Hora
76

Figura 70: Jornal Última Hora de 12 de janeiro de 1966


Fonte: Acervo do Jornal Última Hora
77

Figura 71: Capa do Jornal Última Hora de 13 de janeiro de 1966


Fonte: Acervo do Jornal Última Hora
78

Figura 72: Jornal Última Hora de 13 de janeiro de 1966


Fonte: Acervo do Jornal Última Hora
79

Figura 73: Capa do Jornal Última Hora de 25 de janeiro de 1967


Fonte: Acervo do Jornal Última Hora
80

Figura 74: Jornal Última Hora de 25 de janeiro de 1967


Fonte: Acervo do Jornal Última Hora
81

Figura 75: Capa do Jornal Última Hora de 26 de janeiro de 1967


Fonte: Acervo do Jornal Última Hora
82

Figura 76: Rua Jardim Botânico (1988)


Fonte: Acervo do Jornal O Globo

Figura 77: Deslizamento de encosta no Morro do Vidigal (1996)


Fonte: Marcia Foletto / Agência O Globo
83

Figura 80: Rio Grande transborda e inunda Santa Maria Madalena - RJ (2011)
Fonte: Marcos de Paula / AE

Figura 81: Deslizamento de terra provocado por chuvas em Nova Friburgo – RJ (2011)
Fonte: Marcos de Paula / AE
84

Figura 84: Alagamento na Av. Brasil, causado por falta de drenagem pluvial (2012)
Fonte: Genilson Araújo / Agência O Globo

Figura 85: Alagamento em Santo Antônio de Pádua - RJ, causado pelo transbordamento
do Rio Pomba (2012) – Fonte: Fabrício Mansur / Arquivo pessoal
85

Figura 86: Km 120 da BR-356 (Itaperuna-Campos) interrompida pela cheia do Rio Muriaé (2012)
Fonte: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT)

Figura 87: Rua Morais e Silva esquina com Rua Ibituruna, no Bairro do Maracanã (2013)
Fonte: Severino Silva / Agência O Dia
86

Figura 88: Passageiros ilhados em ônibus, no bairro de Marechal Hermes (2013)


Fonte: Reprodução/riowaterplanet.tumblr.com

Figura 89: Morador ilhado no 2º andar da sua residência no bairro da Pavuna (2013)
Fonte: Thiago Lara / Agência O Dia/Estadão Conteúdo
87

Anexo 4: Carta de Recife (ABRH, 1995)

O desenvolvimento urbano das cidades brasileiras tem sido realizado sem considerar o
impacto potencial das inundações. As consequências desta omissão têm sido o aumento do
prejuízo médio anual devido às enchentes urbanas.
Com o objetivo de reduzir esses impactos e permitir um melhor planejamento da
ocupação do solo urbano, em harmonia com os processos naturais do ciclo hidrológico, são
apresentadas a seguir as seguintes recomendações de ações:

• as cidades brasileiras devem priorizar a definição do plano de drenagem urbano em


consonância com o planejamento urbano. Esse plano diretor deve conter o controle de
enchentes na várzea ribeirinha e o aumento da inundação devido a urbanização;
• priorizar as medidas não estruturais no controle da inundação das várzeas ribeirinhas. As
principais medidas não estruturais recomendadas são: zoneamento de área de risco, previsão
em tempo real e o seguro contra enchentes;
• o controle da enchente devido a urbanização deve basear-se nos seguintes princípios
básicos:
(i) o plano de uma cidade deve contemplar as bacias hidrográficas sobre a quais a urbanização
se desenvolve. As medidas não podem reduzir o impacto de uma área em detrimento de outra,
ou seja, os impactos de quaisquer medidas não devem ser transferidos. Caso isso ocorra deve-
se prever uma medida mitigadora;
(ii) os meios de implantação do controle de enchente são o plano diretor urbano, a legislação
municipal/estadual e o manual de drenagem. O primeiro estabelece as linhas principais, a
legislação controla e o manual orienta;
(iii) depois que a bacia, ou parte da mesma estiver ocupada, dificilmente o poder público terá
condições de responsabilizar aqueles que estiverem ampliando a cheia. Portanto, se a ação
pública não for realizada preventivamente através do gerenciamento, as consequências
econômico-sociais futuras serão muito maiores para o município. O plano diretor urbano deve
contemplar o planejamento das áreas a serem desenvolvidas e a densificação das áreas
atualmente lotadas;
(iv) a cheia natural não deve ser ampliada pelos que ocupam a bacia, seja num simples
loteamento, como nas obras e macrodrenagem existentes no ambiente urbano. Isso se aplica a
um simples aterro urbano, à construção de pontes, rodovias e, fundamentalmente, à
88

impermeabilização dos loteamentos. O princípio é de que nenhum usuário urbano deve


ampliar a cheia natural;
(v) o controle de enchentes é um processo permanente, não bastando estabelecer regulamentos
e construir obras de proteção, é necessário estar atento as potenciais violações da legislação na
expansão da ocupação do solo das áreas de risco.
Recomenda-se que:
a) nenhum espaço de risco deve ser desapropriado se não houver uma imediata ocupação
pública que evite sua invasão;
b) a comunidade deve ter uma participação nos anseios, nos planos, em sua execução e em
sua contínua obediência às medidas de controle de enchentes;
(vi) a educação de engenheiros, arquitetos, agrônomos, geólogos, entre outras profissões, da
população e de administradores púbicos, é essencial para que as decisões públicas sejam
tomadas conscientemente por todos. Também é necessário modificar no ensino de graduação
e de pós-graduação, a filosofia hoje existente de drenar toda a água, sem se responsabilizar
sobre os impactos a montante ou a jusante;
(vii) a administração da manutenção e controle das enchentes é um processo local, depende
dos municípios, que através da aprovação de projetos de loteamentos, obras públicas e
drenagens atua sobe a drenagem urbana. Os aspectos ambientais também devem ser
verificados na implantação a rede de drenagem;
• o controle da produção de sedimentos urbanos deve ser introduzido dentro das normas de
desenvolvimento urbano, como medida preventiva de proteção dos reservatórios, condutos e
canais artificiais e naturais e do meio ambiente urbano;
• o controle da poluição devido a drenagem urbana está diretamente associado ao lixo, à
limpeza das ruas e às ligações cloacais na rede pluvial. Para minimizar o impacto deve-se
prever um plano de melhoria da limpeza urbana e a redução das ligações entre os sistemas de
coleta;
• os dados de bacias urbanas no Brasil são extremamente reduzidos. Recomenda-se o
aumento da aquisição de dados hidrossedimentométricos e de qualidade dessas bacias. Esses
dados são essenciais para o desenvolvimento de metodologias de projeto e planejamento para
a realidade das bacias brasileiras;
• a necessidade de reformulação dos programas das disciplinas de graduação e pós-
graduação com as recomendações desta carta;
• a necessidade de atualização das normas brasileiras de drenagem urbana.
(ABRH, 1995).
89

Anexo 5: Comparativo parcial entre o Código Florestal de 1965 e de 2012

Principais diferenças entre o antigo e o novo Código Florestal, referentes a Faixa


Marginal de Proteção – FMP (Mata Ciliar) e Área de Preservação Permanente – APP.

Quadro 09: Código Florestal de 1965 (FMP x APP)


Fonte: INEA – Faixa Marginal de Proteção

Código Florestal de 1965

Faixa Marginal de Proteção – FMP Área de Preservação


Sanções
(Mata Ciliar) Permanente – APP

30 metros para matas ciliares em rios


até 10 metros de largura. 50 metros
nas margens de rios entre 10 e 50
Proteção da vegetação
metros de largura, e ao redor de
nativa de margens de
nascentes de qualquer dimensão. 100
rios, lagos e nascentes,
metros nas margens de rios entre 50 e
tendo como parâmetro o Pena de três meses a um
200 metros de largura. 200 metros
período de cheia. ano de prisão simples e
para rios entre 200 e 600 metros de
Várzeas, mangues, matas multa de 1 a 100 vezes
largura. 500 metros nas margens de
de encostas, topos dos o salário mínimo, por
rios com largura superior a 600
morros e áreas com utilização irregular de
metros. 100 metros nas bordas de
altitude superior a 1800 áreas protegidas.
chapadas. Exige autorização do
metros não podem ser
Executivo Federal para supressão de
exploradas para
vegetação nativa em APP e para
atividades econômicas.
situações onde for necessária a
execução de obras, planos, atividades
ou projetos de utilidade pública ou
interesse social.
90

Quadro 10: Código Florestal de 2012 (FMP x APP)


Fonte: INEA – Faixa Marginal de Proteção

Código Florestal de 2012

Faixa Marginal de Proteção – FMP Área de Preservação


Sanções
(Mata Ciliar) Permanente – APP

30 metros para matas ciliares em rios


de até 10 metros de largura; quando
houver área consolidada em APP de
rio de até 10 metros de largura, reduz-
se a largura mínima da mata para 15
metros. 50 metros nas margens de rios
entre 10 e 50 metros de largura, e ao
redor de nascentes de qualquer Proteção da vegetação
dimensão. 100 metros nas margens de nativa de margens de
rios entre 50 e 200 metros de largura. rios, lagos e nascentes,
200 metros para rios entre 200 e 600 tendo como parâmetro o Isenta os proprietários
metros de largura. 500 metros nas nível regular da água. rurais das multas e
margens de rios com largura superior Várzeas, mangues, matas sanções previstas na lei
a 600 metros. 100 metros nas bordas de encostas, topos dos em vigor por utilização
de chapadas. Permite a supressão de morros e áreas com irregular de áreas
vegetação em APPs e atividades altitude superior a 1800 protegidas até 22 de
consolidadas até 2008, desde que por metros podem ser julho de 2008.
utilidade pública, interesse social ou utilizadas para
de baixo impacto ambiental, incluídas determinadas atividades
atividades agrossilvipastoris, econômicas.
ecoturismo e turismo rural. Outras
atividades em APPs podem ser
permitidas pelos estados por meio de
Programas de Regularização
Ambiental (PRA). A supressão de
vegetação nativa de nascentes, de
dunas e restingas somente poderá se
dar em caso de utilidade pública.
91

Anexo 6: diagramas da FMP – Faixa Marginal de Proteção

Figura 96: Diagramas da Faixa Marginal de Proteção


Fonte: INEA- Série Gestão Ambiental - FMP

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