Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Silo - Tips A Industria de Bolsas em Serrolandia Ba e Os Des Caminhos para o Desenvolvimento Local Sustentavel
Silo - Tips A Industria de Bolsas em Serrolandia Ba e Os Des Caminhos para o Desenvolvimento Local Sustentavel
TERMO DE APROVAÇÃO
Banca Examinadora
_____________________________________
Prof. Dra. Rocío Castro Kustner
_____________________________________
Prof. Dra. Alícia Ruiz Olalde
____________________________________
Prof. Dra. Maria Suzana de Souza Moura
3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus, Ser supremo no qual mantenho sempre viva a
minha fé.
Agradeço com carinho especial, à professora Drª Rocío Castro, pela orientação
sempre importante e esclarecedora que me ajudou na realização deste trabalho bem
como pelo carinho, atenção e paciência demonstrados durante este período,
contribuindo para que meu esforço tivesse condições plenas de ser exercido.
Aos meus colegas da UNEB – DCH Campus –V, Santo Antônio de Jesus,
especialmente aos amigos do colegiado de geografia que sempre estiveram prontos
a ouvirem minhas lamentações e dificuldades de realizar o mestrado, contribuindo
para que eu pudesse concluí-lo.
Aos amigos, Claudia Sousa e Marcone Denys que gentilmente elaboraram os mapas
utilizados neste trabalho, bem como auxiliaram na construção dos gráficos.
Aos professores Dr. Cristóvão Brito e Dra. Mª Suzana Moura, pelas valiosas
contribuições durante a qualificação e indicação de bibliografia.
Ao amigo Rodrigo dos Reis, pela gentileza das traduções do texto para o inglês.
Aos amigos do grupo Artefato, em especial à Rafaela Mendes e Lucas Novais pela
ajuda na aplicação dos questionários.
Por maior que fosse, uma lista de nomes seria incompleta para indicar todos que
contribuíram para que alcançasse este resultado; pessoas que em contextos
diferentes, colaboraram de forma significativa para a realização deste exercício,
apoiando-me e encorajando-me, nos momentos difíceis, a trilhar este caminho,
assumindo, tantas vezes, as atividades que eram de minha responsabilidade,
proporcionando-me maior tempo para a dedicação na execução e conclusão deste
trabalho.
RESUMO
ABSTRACT
The main objective of this research work constituted in the analysis of contributions
and the fetters of the purses’ factories in Serrolândia-Bahia for sustainable local
development. It treats of a Study of Case with qualitative and quantitative approach,
in which a bibliographic survey was done. It was done interviews with manufacturers
of the purses’ factories, and to the populations, focal groups with young people, men
and women. Visits were done to observation of reality, as well the application of
questionnaires to the populations and to the servants of the factories. Throughout the
work, we discussed the conceptions of development and its relation with
industrialization, focusing the sustainable local development as new alternative amid
the globalization impacts. The results obtained in this research show that the small
industry of purses in Serrolândia contributes to the local economy and guarantees
the economy sustainability for mobilizing the physical, territorial and social
potentialities of that town, and consequently, generating employees. However, we
evidenced there isn’t partnership between manufacturers of purses and the other
local social agents to share interests in terms to the planning ant to the realization of
the development of that town. We perceived that there’s still any preoccupation of
these factories related to environmental situation, due to production of residues
generated for them where this can interfere in environmental sustainable. The
process of outsourcing also interferes in q uality of work in relation to the lack of
responsibility with social incumbencies and valorization of workers. Thus, these
factors are obstacles and can “misguide” for sustainable local development.
LISTA DE FOTOS
LISTA DE GRÁFICOS
SUMÁRIO
Introdução..............................................................................................................................15
REFERÊNCIAS................................................................................................................... 125
INTRODUÇÃO
Por acreditar que o estudo desta temática é de grande relevância não só para meu
campo profissional e acadêmico, mas, sobretudo, para a sociedade serrolandense
no que tange à implantação e atuação da indústria de bolsas e os (des) caminhos do
desenvolvimento local sustentável, é que justifico a importância desta pesquisa. Ao
longo dos últimos anos o número de fábricas de bolsas instaladas nesta cidade
aumentou consideravelmente, promovendo uma reestruturação do espaço
geográfico local. Desta forma, a importância deste trabalho se dá também pela
intervenção na realidade através da análise dos fatos locais e as discussões sobre a
participação dos agentes sociais locais para promoverem o desenvolvimento local
sustentável. O referido trabalho também é importante devido à preocupação com a
questão ambiental da cidade em relação à implantação e atuação destas fábricas de
bolsas. O aprofundamento teórico sobre essa questão reforça o caráter científico da
pesquisa e os rumos que ela irá tomar.
É importante ressaltar que estas fábricas foram originadas pelos próprios moradores
da cidade no início da década de 1990 e implantadas sem nenhum incentivo dos
órgãos públicos estadual e municipal, dispondo apenas de criatividade e recursos
próprios de seus fabricantes e, mesmo assim, conseguiram se consolidar na cidade
de Serrolândia e expandir seu mercado consumidor. Atualmente geram
aproximadamente 300 empregos diretos e contam com o processo de terceirização
da produção, contribuindo para uma produtividade em larga escala e em curto tempo
sem que os fabricantes tenham que se preocupar com os encargos sociais e as
condições de trabalho dos funcionários – o que pode ser um entrave para o
desenvolvimento local sustentável.
O referido trabalho também tem como intenção compreender como estas fábricas
utilizam as potencialidades locais; saber como se relacionam com os demais
agentes sociais locais; analisar o papel destas fábricas na geração de empregos e
19
Com base nos objetivos estabelecidos, a pesquisa constitui-se num estudo de caso
que se serviu, primeiramente, do uso de fontes de análise bibliográfica em
bibliotecas e Internet, leitura de teses, dissertações, monografias, livros e demais
obras que tratam das concepções teóricas de desenvolvimento, Industrialização,
desenvolvimento local e sustentável. As reflexões de alguns autores como Augusto
de Franco (2000, 2002), Enrique Leff (2000, 2001), Guillermo Foladori (2001), Ignacy
Sachs (2002, 2004, 2007), Joyal e Martinelli (2004), Milton Santos (2001, 2004a,
2004b, 2005) entre outros, foram de extrema importância para a fundamentação
teórica e realização deste trabalho. Também realizei consultas em documentos do
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado da Bahia – SEBRAE;
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI; Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e dos órgãos públicos e entidades
sociais da cidade tais como: Prefeitura, Câmara Municipal e a Associação
Comercial, Industrial e Agropecuária de Serrolândia – ACIASE, bem como análise
dos dados e comparação com a base teórica.
Apesar da importância das técnicas qualitativas para o estudo de caso, já que “[…]
não é possível formular regras precisas sobre as técnicas utilizadas […] porque cada
entrevista ou observação é única: depende do tema, do pesquisador e de seus
pesquisados” (GOLDENBERG, 2005, p. 34), não pude deixar de utilizar das
contribuições da pesquisa quantitativa com o uso de recursos e técnicas estatísticas.
Segundo E.Burges (1927 apud GOLDENBERG 2005 p. 30) “[…] os métodos da
estatística e dos estudos de caso não são conflitivos, mas mutuamente
complementares e que a interação dos dois métodos poderia ser muito fecunda”.
Minayo (1994) confirma esta idéia ao abordar que o conjunto de dados quantitativos
e qualitativos não se opõe, ao contrário, se complementam, pois a realidade
compreendida por eles interage de forma dinâmica excluindo qualquer dicotomia.
Uma nova discussão que vem sendo muito debatida e que será mais bem
trabalhada no próximo capítulo, é sobre a concepção de desenvolvimento local,
frente aos fluxos da globalização em curso, reestruturação do modo de produção
industrial e novas demandas do mercado. Este processo de desenvolvimento se
propõe a apresentar novos agentes sociais que se articulem e, através de ações e
alternativas coletivas, visem dinamizar as potencialidades de uma dada comunidade,
região, cidade, ou seja, a partir das pessoas que vivem num dado local ou unidade
socioterritorial delimitada. È um processo em que seus agentes orientem para novas
formas de produção que assegurem a conservação dos recursos naturais, gerem
empregos e superem a pobreza (BUARQUE, 2002; FRANCO, 2000).
1
Oliveira e Souza-Lima (2006) afirmam que o desenvolvimento pode ser encarado como um
processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e,
principalmente, humana e social.
30
Impactos Impactos
sociais ambientais
1- Desenvolvimento + +
2- Selvagem - -
3- Socialmente benigno + -
4- Ambientalmente - +
benigno
Quadro 1: Padrões de Crescimento Econômico
Fonte: SACHS, 2004, p. 36.
Por outro lado, Celso Furtado (1996) nos apresenta uma idéia diferente: a de que o
desenvolvimento econômico possui algumas características, como concentração da
riqueza da terra, da renda e do poder das forças hegemônicas da economia. O autor
afirma que, além de promover a competitividade e a desigualdade social e
econômica, como também a extração ilimitada dos recursos naturais renováveis e
não-renováveis e o consumo desenfreado pelas populações, esse desenvolvimento
não passa de um mito:
Veiga (2005) cita os relatórios elaborados pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) e afirma que o desenvolvimento:
O autor critica a idéia de que o desenvolvimento pode ser medido pelo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) que é uma média comparativa (de 0 a 1) dos
índices de renda, escolaridade e longevidade. Acredita que o IDH não é “[…] uma
medida compreensiva, pois não inclui, por exemplo, a capacidade de participar nas
decisões que afetam a vida das pessoas e de gozar do respeito dos outros na
comunidade” (VEIGA, 2005, p. 87), mesmo assinalando a diferença entre
rendimento e bem-estar de uma determinada comunidade.
2
A Oficina de Convivência Comunidade/Universidade foi realizada na cidade de Serrolândia
no dia 26 de maio de 2007, com a participação de 30 pessoas dentre elas, representantes
das fábricas de bolsas. O tema central da oficina foi “Participação e política para o
Desenvolvimento Local” com ênfase na realidade de Serrolândia.
34
Wertein (2003, p. 16) trata da cultura como capital social; “[…] é um setor que tem
como matérias-primas a inovação e a criatividade […] é peça-chave da economia do
conhecimento e pode significar um estímulo permanente para outros setores”. Para
o autor, a cultura pode mobilizar as pessoas a terem atitudes em prol do
desenvolvimento sustentado com participação e respeito ao lugar onde vivem e ao
ambiente. Leff (2000) colabora com essa discussão ao afirmar que a cultura:
3
Segundo Camargo (2003) o enfoque do modelo industrial de desenvolvimento sobre o qual
se estabeleceu a sociedade moderna tem como pressuposto básico a idéia de progresso, ou
seja, as sociedades podem progredir em direção a patamares cada vez mais elevados de
riqueza material.
37
maior das cidades. Junto com o avanço do progresso na produção industrial surgiu
também uma crescente oferta de matéria-prima, mão-de-obra e mercados
consumidores.
Não obstante, sabemos que desde o seu surgimento, a indústria tem provocado o
uso intensivo das diferentes técnicas de produção capitalista e novas fontes de
energia para a fabricação de mercadorias em grande escala, a extração e
transformação dos recursos naturais. Esta atividade está vinculada ao avanço nos
meios de transportes de mercadorias e pessoas, ampliando as fronteiras geográficas
que interligam as diferentes regiões do globo terrestre, e também, a inovação dos
meios de comunicação, com a rapidez nas informações simultâneas aos
acontecimentos dos fatos em nível planetário.
O trabalhador da fábrica teve que aprender a conviver com novas condições de vida
e sobreviver em cortiços sem saneamento básico, o que levou ao surgimento de
várias doenças como a cólera, o tifo e a tuberculose, devido à pobreza que crescia
cada vez mais. Atrelada a isso, houve a exploração do trabalho feminino e infantil e
o desemprego, desencadeando greves e problemas sociais, psicológicos e políticos,
devido ao uso de técnicas de poder disciplinar4 por parte dos empresários para
controlar as ações do trabalhador.
4
Cerqueira Filho (2000) discute sobre o poder disciplinar nas sociedades industriais
modernas sob a ótica de Michel Foucault, o qual acredita que há um seqüestro da
subjetividade do trabalhador, tornando-o fragmentado por controles psicológicos e por
técnicas disciplinares a partir das relações de poder, de estratégias entre as forças
dominantes e dominadas.
40
Antes mundo era pequeno. Porque Terra era grande. Hoje mundo é
muito grande. Porque Terra é pequena. Do tamanho da antena
parabolicamará. Ê, volta do mundo, camará. Ê-ê, mundo dá volta,
camará. Antes longe era distante. Perto, só quando dava. Quando
muito, ali defronte. E o horizonte acabava. Hoje lá trás dos montes,
den de casa, camará.
Ainda de acordo com Franco (2000), uma dada comunidade para se desenvolver
deve identificar uma vocação e as vantagens originais em relação às demais
localidades. A partir desta ação, deve fazer as necessárias conexões com outras
escalas sócio-espaciais através de redes cooperativas e solidárias para que possam
se inserir de forma competitiva e racional no mercado nacional e internacional. Isto,
em prol da gestão de um projeto coletivo e potencializador da economia e da política
local para que o desenvolvimento resulte na ampliação do emprego, do produto e da
renda, bem como na qualidade da educação, saúde, segurança e conservação dos
recursos locais.
Deve-se levar em conta que com um baixo nível de capital humano, social e natural
o desenvolvimento humano, social e natural, também será impróprio. É preciso que
haja uma equação e investimento adequado de todos esses capitais para que se
possa promover o desenvolvimento de forma adequada e efetiva, criando ambientes
favoráveis à inovação de determinada localidade. Essa dinâmica pode ocorrer
mesmo que uma dessas variáveis (capital humano, social e natural) apresente
valores mais baixos em relação às outras, já que uma variável pode superar a falta
das outras. Segundo Franco (2002):
Aqui colocamos outra questão pertinente que diz respeito à política social do
desenvolvimento, a qual se torna um fator fundamental para regular o embate entre
os agentes envolvidos na configuração do sistema social em prol de uma mudança
positiva na qualidade do capital social e humano, aliados ao capital natural. Esta
política estabelece uma nova relação entre Estado, sociedade civil organizada e
demais agentes sociais para a convergência e integração das ações de forma
coletiva, multiplicando a atividade produtiva e socializando a riqueza.
Para Diogo, Fontes e Veloso (2002), o significado da sigla DLIS pode ser entendido
como:
50
Franco (1999 apud JOYAL; MARTINELLI, 2004) afirma que a metodologia do DLIS
visou empregar uma tecnologia social inovadora de investimento em capital social e
humano, e cita os principais elementos dos processos de DLIS, os quais são: os
programas de DLIS, interligados à sensibilização da sociedade local com
capacitação para a gestão, montagem do fórum, conselho ou agência de
Desenvolvimento Local; elaboração do plano de Desenvolvimento Local a partir do
levantamento técnico de potencialidades, vocações e vantagens comparativas;
construção da agência básica; implantação, monitoramento e avaliação dos
programas e projetos de ações. Estes resguardados com ofertas de recursos do
governo, do mercado e do pacto de Desenvolvimento Local. Diogo, Fontes e Velloso
(2002) apontam os parceiros do processo proposto pela metodologia DLIS os quais
foram:
Vale ressaltar que a metodologia DLIS não existe mais, contudo, alguns impasses
deveriam ter sido enfrentados para se obter uma implementação e iniciativas mais
consistentes. As capacitações deveriam se adequar a cada realidade com o apoio
de uma ampla assistência institucional e o uso de tecnologias inovadoras. A
sociedade local deveria ser instrumentalizada para agir juntamente com as demais
parcerias no processo de DLIS, para possibilitar a redução das desigualdades e
promover a inclusão social, objetivos máximos de qualquer estratégia autêntica de
desenvolvimento local (DIOGO; FONTES; VELOSO, 2002).
Imaginar que a terra possa ser bem melhor. Pra permitir semente
sem dividir o chão. Imaginar a fome dando lugar ao pão. Não é
loucura nem sonho. Além de mim há mais alguém. Se junte a quem
pensa assim também.
(Imagine – John Lennon)
A ação antrópica sobre o meio ambiente 5 está ficando cada vez mais preocupante
para a sociedade contemporânea por desencadear sérias catástrofes em vários
espaços do planeta Terra. Neste contexto, a exploração dos recursos naturais de
forma exagerada provoca um consumo intenso de matéria e energia além do que os
ecossistemas podem suportar. Esta exploração leva parte destes recursos ao
esgotamento, dos que não são renováveis e até mesmo dos renováveis que forem
explorados com uma intensidade superior a sua auto-reprodução. Estes
condicionantes refletem na organização da sociedade a qual estabelece uma
relação dialética com a natureza.
5
Apesar da ambigüidade do conceito de meio ambiente, adotaremos a concepção proposta
pelo Dicionário de Ciência Ambiental (2003, p. 183) o qual afirma que meio ambiente “são
todos os componentes vivos ou não, assim como a todos os fatores, tais como clima, que
existem no local em que um organismo vive”.
55
Esta crise ambiental complexa vem sendo provocada, principalmente, pelos modelos
tradicionais de desenvolvimento e crescimento econômicos, pelas relações
capitalistas de produção que visam à maximização do lucro e do excedente
econômico a curto prazo, bem como pelos padrões de consumo em massa. Neste
contexto, há uma falta de gestão participativa bem como de implementação de
políticas de intervenção urbanística que beneficiem toda a população. A maioria
dessas políticas está voltada apenas para atender aos interesses das populações
das áreas nobres das cidades, e não chega até as menos favorecidas, no que se
refere à questão de habitação, saneamento básico e qualidade ambiental. Estes
fatores podem gerar segregação espacial, o que dificulta o processo de inclusão
social e participação cidadã na tomada de decisões coletivas na vida política e social
que são fundamentais para a garantia da sustentabilidade do ambiente e do próprio
desenvolvimento (CASTRO; SANTOS, 2006).
A preocupação com esta questão nos leva a refletir sobre maneiras alternativas de
desenvolvimento que não prejudiquem as estruturas socioambientais
contemporâneas e gerem riqueza e melhoria da qualidade de vida, ou seja, o bem-
estar físico, social, psíquico e ambiental da sociedade como um todo, respeitando as
diferenças étnico-culturais e proporcionando condições de reprodução da sociedade
humana na Terra. Pensar num tipo de desenvolvimento que corrobore para uma
nova organização da economia e da sociedade na relação equilibrada com a
natureza, redesenhando esta atual estrutura e conjugando eqüidade social e
conservação ambiental. Neste sentido, vale ressaltar algumas considerações tecidas
no capítulo anterior a respeito da importância do local como instância imprescindível
para a efetivação desta proposta de desenvolvimento.
No atual contexto de mundo, a questão ambiental vem tomando ênfase nos diversos
setores da sociedade, principalmente no que se refere à degradação socioambiental
e à qualidade de vida das espécies animais, vegetais e humanas e suas
catastróficas conseqüências em nível planetário. Este quadro se agravou muito em
virtude das sociedades terem adotado padrões de desenvolvimento econômico que,
visando a modernização e o progresso, provocaram e ainda provocam drásticas
alterações na dinâmica do ambiente natural.
6
Sachs (2002. p. 54) utiliza esse termo para abordar o crescimento econômico que não leva
ao desenvolvimento sustentável.
57
Mesmo recebendo energia do Sol o planeta Terra em termo de matéria é finito e não
pode suportar todo esse processo de exploração dos ecossistemas visto que
determinados recursos naturais são esgotáveis. O uso inadequado e contínuo
destes recursos pode provocar impactos irreversíveis para a sustentabilidade do
planeta.
Leff (2000) faz uma crítica ao padrão de homogeneização cultural pensado pelas
potências econômicas mundiais. No que concerne ao uso dos recursos naturais e
aos padrões culturais, o autor comenta sobre a necessidade de se desenvolver
práticas de manejo e uso integrado destes recursos no processo de
desenvolvimento. Isto através do resgate de diferentes valores culturais e
preservação das identidades étnicas dos povos, bem como da gestão participativa
das próprias comunidades no ambiente onde vivem para que haja satisfação das
necessidades básicas em consonância com os objetivos do desenvolvimento
sustentável. Desta forma, para Leff (2000):
59
EVENTO/ PERÍODO/
OBJETIVOS RESULTADOS
ORGANISMO LOCAL
Debater sobre a
poluição e degradação
Elaboração do relatório
Criação do Clube do ambiente,
intitulado The limits to
1968-1972 ocasionadas pela
de Roma growth (Os limites do
indústria e uma
Crescimento).(1)
população
crescente.(1)
Criação do Plano de
Ação para ser
implementado e
colocados em prática os
princípios estabelecidos
I Conferência Definir os limites da pela Declaração Geral
Internacional racionalidade da
Estocolmo – econômica e os Conferência sobre temas
sobre Meio
Suécia em desafios da
Ambiente e como, poluição,avaliação
1972 degradação ambiental
Desenvolvimento ambiental, e impactos do
para a modernidade modelo de
Humano (ONU).
(2). desenvolvimento no
ambiente.
Criação do PNUMA e
da CMMAD (1).
Examinar os Elaboração do
problemas mais críticos relatório intitulado Nosso
Criação do
em relação ao Futuro Comum em 1987;
PNUMA e da 1972-1973
CMMAD desenvolvimento e Definição do conceito
meio ambiente, de Desenvolvimento
indicando propostas de Sustentável (CMMAD)
61
Legitimar e difundir
amplamente a
discussão sobre Criação da Agenda 21,
Desenvolvimento para orientar a
Sustentável. transformação de
II Conferência
Mundial de Rio de Janeiro nossas sociedades bem
Debater sobre as como, propor soluções
Desenvolvimento – Brasil em alterações climáticas e
e Meio Ambiente junho de 1992. a preocupação com a dos problemas
(Rio 92). ambientais através de
atmosfera devido à
estratégias de
emissão de gases
convivência para o
poluentes em todo o
século XXI (1) - (4).
planeta (1).
Avaliar os acordos e
convênios
estabelecidos na Rio
92 sobre Meio Compromissos
Ambiente e firmados entre os países
Desenvolvimento, em que se deve diminuir
inclusive a Agenda 21; pela metade a proporção
Rio + 10 ou
“Cúpula Mundial Johannesburgo Propor a efetivação de pessoas sem acesso
do - África do Sul do desenvolvimento a saneamento e a água
Desenvolvimento em 2002. sustentável, a potável até 2015, bem
erradicação da pobreza como, aumentar o
Sustentável”,
e a mudança nos acesso a modernos
padrões insustentáveis serviços de energia e
de produção e com uso renovável (4) -
consumo, conjugando (5)
com a proteção dos
recursos naturais (4) -
(5).
Quadro 2: Principais eventos e organismos internacionais sobre Desenvolvimento e Meio
Ambiente.
Fontes: RIBEIRO, 2001(1); LEFF, 2000(2); FOLADORI, 2001(3); AFONSO, 2006(4); DINIZ,
2002(5).
Cabe aqui afirmar que o desenvolvimento sustentável também foi bastante criticado
em relação à sua ideologia. Segundo Zacarias (2000 apud CUNHA; GUERRA,
2007), o desenvolvimento sustentável vem sendo constituído dentro dos limites da
economia de mercado. Este representa uma ilusão por combinar medidas de
proteção e conservação ao lado da produção de mercado e do crescimento
convencional estabelecido pela lógica do sistema capitalista. Nesta perspectiva
existe um jogo de interesses que busca uma possibilidade de sustentabilidade que
não interfira no quadro institucional e econômico do capitalismo, ou seja, que não
63
É importante destacar mais uma vez que, desde a Conferência de Estocolmo (1972)
até a Rio + 10 (2002), não foram registrados grandes avanços em relação a uma
gestão mais racional dos recursos do planeta por parte dos países signatários.
Segundo Leff (2000), este quadro se agrava porque, por trás desses acordos, estão
em jogo os interesses das empresas transnacionais de biotecnologia defendidos
pelos países desenvolvidos, que se apropriam injustamente dos recursos genéticos
existentes nos países subdesenvolvidos bem como, do direito pela apropriação da
natureza.
Neste processo de mudança social vale ressaltar que não devemos nos esquecer da
concepção de desenvolvimento local sustentável (DLS) q ue, segundo Buarque
(2002), é o resultado da interação e sinergia entre a qualidade de vida da população
local, a eficiência econômica e a gestão pública eficiente que devem ser mediados
pela governança, organização da sociedade e distribuição de ativos sociais.
Segundo o autor o desenvolvimento local sustentável pode ser esquematizado no
gráfico 1 a seguir:
66
GESTÃ O PÚBLICA
EFICIE NTE
O gráfico 1 nos mostra que a união entre estes fatores resulta na promoção do
desenvolvimento local sustentável de forma consistente. Para isto, devem ser
compatibilizados no tempo e no espaço, o crescimento e a eficiência econômica, a
conservação ambiental, a qualidade de vida e a eqüidade social com solidariedade
entre as gerações (BUARQUE, 2002).
Desta forma, esta pesquisa toma como conceito operacional para a análise da
indústria de bolsas em Serrolândia a concepção de desenvolvimento local
sustentável enquanto um processo de mudança social que concilia crescimento e
eficiência econômica com a conservação ambiental, a qualidade de vida e eqüidade
social (BUARQUE, 2002). Destarte é interessante discutirmos sobre as dimensões
da sustentabilidade para entendermos a ligação destas com o desenvolvimento
sustentável.
Segundo Veiga (2005), ainda que não seja entendida como um conceito científico, a
idéia de sustentabilidade adquiriu nos últimos vinte anos grande importância mesmo
sendo usada com sentidos diferentes. Todavia, a sustentabilidade é contraditória
porque nunca poderá ser encontrada em estado puro. Nunca será a natureza
precisa, discreta, analítica, mas, é fundamental para o processo de
institucionalização da agenda política internacional a qual introduz o meio ambiente
nas discussões referentes à necessidade de implementação de políticas públicas em
todos os Estados e organismos multilaterais. Sobre esta questão Veiga (2005)
adverte que:
É Sachs (2007) quem mais contribui para uma discussão aprofundada sobre
sustentabilidade no meio científico. Segundo o autor, o conceito de sustentabilidade
perpassa cinco dimensões: a sustentabilidade social, a qual considera que o
processo de desenvolvimento ocorrerá de forma que a sociedade tenha maior
equidade na distribuição de renda, diminuindo a diferença de padrão de vida entre
ricos e pobres; a sustentabilidade econômica, que deve se preocupar com o
gerenciamento e alocação dos recursos e investimentos no setor público e privado.
Nesta dimensão, é preciso superar as contradições entre os países do Norte e os do
Sul em termos de barreiras protecionistas e das dívidas externas bem como, o
acesso limitado à ciência e tecnologia, avaliando a eficiência econômica em termos
macrossociais e não microeconômico; a sustentabilidade ecológica, (também tratada
como sustentabilidade ambiental), na qual se intensifica o uso do potencial de
recursos sem causar degradação aos sistemas de sustentação da vida, ou seja,
mais consumo de recursos renováveis e menos consumo de combustíveis fósseis
para reduzir o volume de resíduos e poluição. Também visa intensificar os estudos e
pesquisas para a obtenção de novas tecnologias que não agridam o meio ambiente
através da efetivação de normas de proteção ambiental.
Contudo, podemos concluir que eqüidade social, com ética e solidariedade, em que
os grupos sociais atuais possam ter acesso aos recursos ambientais do planeta de
forma equilibrada; prudência ecológica com melhoria na qualidade de vida,
70
respeitando as populações que estão por vir; e, eficiência econômica, uso da mão-
de-obra e recursos materiais são instâncias que devem andar juntas para se obter a
sustentabilidade. Sobre esta questão Afonso (2006) aborda que é necessária
também, a participação de todos os setores da sociedade, já que a sustentabilidade
é um processo de mudança e transformação estrutural que não pode ser obtido
instantaneamente. Segundo Franco (2000), a sustentabilidade pode ser conquistada
com a estratégia de DLIS que pode ser incorporada a qualquer unidade
socioterritorial, como exemplo a cidade de Serrolândia, que conheceremos melhor
no capítulo a seguir.
71
Cada lugar é, à sua maneira, o mundo. […] Mas, também, cada lugar
irrecusavelmente imerso numa comunhão com o mundo, torna-se
exponencialmente diferente dos demais.
MAPA 1
MAPA 2
Segundo dados da SEI (2008), o tipo climático de Serrolândia é o Semi -Árido com
temperatura média anual de 23.0º; máxima de 28.1º e mínima de 18.9ºC. Este
município apresenta pluviosidade entre 600 e 800mm ao ano com período chuvoso
geralmente, entre os meses de novembro e janeiro, portanto, esta é uma área
inserida 100% no Polígono das Secas com alto risco de seca. Vale ressaltar que
esse fenômeno gera sérios problemas para a população local, sobretudo para as
74
famílias de baixa renda que não possuem recursos financeiros para a construção de
reservatórios de água, como tanques e cisternas, de modo a garantir o
abastecimento da água nestes períodos; também não possuem recursos para o
desenvolvimento das produções agropecuárias, ficando a cargo do poder público
municipal a assistência destas pessoas, tanto para o uso humano quanto para o
consumo animal.
No que tange aos aspectos demográficos, este município de pequeno porte, com
área total de aproximadamente 374Km², desde sua emancipação política, foi
marcado, por muito tempo, pelo elevado declínio populacional devido ao fenômeno
da seca e do êxodo rural para as grandes cidades, principalmente Salvador e São
Paulo. Sua população teve significativas oscilações de crescimento. Segundo dados
dos censos demográficos do IBGE (2008), em 1991 a população possuía um total de
11.812 habitantes e em 2000 aumentou para 12.616, tendo um decréscimo
populacional para 12.120 habitantes em 2007, em virtude de questões políticas e
territoriais de desmembramento de povoados. Contudo, apesar deste decréscimo do
número de habitantes, a população urbana de Serrolândia vem aumentando
75
uma roçagem nas proximidades da sua fazenda para fundar naquele local um
comércio e, recebendo o apoio de seu conterrâneo Amaro Bispo Vieira, em 1929
inauguraram a roçagem formando ali um arraial com suas primeiras casas de palha.
Em 1930 foram edificadas as primeiras casas de telha, bem como iniciaram as
primeiras feiras livres. O arraial passou a se chamar Serrote devido a este ter em
suas proximidades uma pequena serra (atualmente denominado Monte Serro te)
onde foi fixada uma grande cruz de madeira pela família Moreira que tinha um
sentimento religioso (REIS, 1994).
A foto 6 nos mostra parte do centro da cidade onde se localiza o Estádio Municipal
Waldetrudes Carneiro de Magalhães e o Clube Recreativo Esportivo e Social de
Serrolândia – CRESS na Praça Manoel Reis de Oliveira, e, o Mercado Municipal na
Praça Ruy Barbosa, onde são realizadas, aos sábados, as feiras livres que antes
ocorriam nas Praças Manoel Novaes e Juracy Magalhães. Atualmente, neste local
também se concentram as atividades comerciais e de serviços.
79
7
Dados do IBGE, Cadastro Central de Empresas 2006; Malha municipal digital do Brasil:
situação em 2006. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. Disponível em: www.ibge.gov.br/cidades
80
8
Dados coletados através de entrevista com técnicos do escritório local da ADAB -
Serrolândia, Outubro de 2008. Os dados correspondem ao mês de março de 2008 na
campanha da vacina.
81
9
Relato concedido pelo grupo focal de mulheres em Serrolândia, 28 de outubro de 2008.
82
Mesmo com os entraves das condições climáticas, podemos perceber que ao longo
do tempo Serrolândia cresceu em números no que tange à economia. Segundo
dados da SEI/IBGE (2008), o valor adicionado na agropecuária em 2002 foi da
ordem de R$ 2, 330 mil reais (dois milhões, trezentos e trinta mil reais); na indústria,
R$ 1,920 mil reais (um milhão, novecentos e vinte mil reais); e, nos serviços R$
13,760 mil reais (treze milhões, setecentos e sessenta mil reais). Obteve um PIB de
R$ 18, 800 mil reais (dezoito milhões e oitocentos mil reais) e renda per capta de R$
1. 806 reais (um mil, oitocentos e seis reais). Em 2005 os dados nos mostram que o
valor adicionado na indústria aumentou para R$ 3, 309 mil reais (três milhões,
trezentos e nove mil reais) (Segundo os empresários entrevistados, atualmente este
valor chega a cinco milhões, referente às fábricas de bolsas), enquanto que na
agropecuária aumentou para R$ 2, 736 mil reais (dois milhões, setecentos e trinta e
seis mil reais). No setor de serviços houve aumento significativo para R$ 19, 926 mil
reais (dezenove milhões, novecentos e vinte e seis mil reais) com um PIB no valor
de R$ 27, 214 mil reais (vinte e sete milhões, duzentos e quatorze mil reais) e renda
per capta de R$ 2. 264 reais (dois mil, duzentos e sessenta e quatro reais) (IBGE,
2005).
No que concerne ao capital social que segundo Franco (2000), diz respeito aos
níveis de organização de uma sociedade, o associacionismo, a formação de redes
de cooperação, e prosperidade econômica, Serrolândia conta com algumas
associações de bairros, educativa, de pescadores, bem como a Associação
Comercial e Agropecuária de Serrolândia – ACIASE, um agente que vem
desempenhando um papel importante para o desenvolvimento econômico local. É
formada por uma pequena parcela de comerciantes, agropecuaristas e empresários
83
da cidade desde 1996, a qual possui atualmente 80 associados10. Vale destacar que
a ACIASE é filiada à Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia –
FACEB a qual vem fortalecendo o associativismo e o empreendedorismo no Estado
da Bahia através da articulação e coordenação das associações filiadas. Entretanto,
apesar do papel desempenhado por esta na economia local, ainda falta mobilização
de vários agentes sociais locais para promoverem ações que dinamizem a economia
da cidade, pois, o número de associados é relativamente pequeno dentro de um
universo de aproximadamente 500 empresários, agropecuaristas e comerciantes
locais. Vale ressaltar que é de fundamental importância a mobilização de todos os
agentes sociais locais com a realização de atividades que implementem as
transformações na realidade, preparando-se para o futuro desejado, através de um
planejamento de desenvolvimento local (BUARQUE, 2002).
[…] então eu trouxe uma bolsa de lá de Itabuna, essa bolsa veio aqui
e eu sentei com Raulinda, nós desmanchamos a bolsa toda
observando detalhes, a costura essas coisas e recriamos a bolsa
trazida de Itabuna e assim gerou a primeira bolsa que foi Raulinda
que me deu esse suporte essa condição de fazer uma bolsa […] 11
10
Dados fornecidos a Ivaneide S. Santos do escritório da ACIASE em Serrolândia, 10 de
dezembro de 2008.
11
Noel Roque Rodrigues. Ex-fabricante de bolsas. Entrevista concedida a Ivaneide S.
Santos em Serrolândia, 31 de agosto de 2008.
84
E assim deu-se início a primeira fábrica ainda com uma estrutura rudimentar,
cujas atividades eram realizadas num depósito da própria casa do idealizador
com máquinas de costura de pedal; Raulinda e as demais costureiras, com vasta
experiência, produziam as bolsas enquanto Noel tirava o molde, cortava, revelava
as telas para pintar as logomarcas, pintava, embalava e entregava a mercadoria
vendida, até sentir a necessidade de contratar mais pessoas para ajudarem nas
tarefas. Em seis meses esta fábrica já havia sido registrada, tendo
aproximadamente 10 funcionários, contribuindo para aumentar a fonte de renda
da cidade. A compra dos insumos utilizados para a fabricação das bolsas era
realizada em Feira de Santana-Ba e neste processo, muitas dificuldades foram
enfrentadas como afirma Noel:
A partir daí, esta atividade foi se expandindo, outros moradores viram que estava
dando certo e começaram a investir no negócio, principalmente os vendedores
empregados na fábrica de Noel, a qual funcionou durante dez anos, mas por motivos
financeiros foi fechada. Desta forma podemos concluir que o processo de
implantação das fábricas de bolsas em Serrolândia pode ser considerado endógeno
12
Raulinda Maria Oliveira. Ex-costureira. Entrevista concedida a Ivaneide S. Santos em
Serrolândia, 18 de outubro de 2008.
13
Noel Roque Rodrigues. Ex-fabricante de bolsas. Entrevista concedida a Ivaneide S.
Santos em Serrolândia, 31 de agosto de 2008.
85
por ter sido articulado pelos próprios agentes sociais locais, num processo
permanente de aprendizagem e criatividade (BUARQUE, 2002; ROYAL;
MARTINELLI, 2004), mesmo que tenha havido influências de caráter exógeno
(OLIVEIRA; SOUZA-LIMA, 2006).
Foto 10: Setor de Layout/Separação de cores para pintura; Foto 11: Setor de corte.
Elaboração: Ivaneide Silva dos Santos, abril de 2008.
14
Fundo de quintal é a denominação dada àquelas empresas que não são registradas na
Secretaria da Receita Federal/ Secretaria Estadual da Fazenda e não pagam os impostos
devidamente, no caso das fábricas de bolsas, o Simples (Sistema de tributação simplificada)
e Super-simples.
15
O termo “rebarba” significa: o acabamento do produto em que se realiza o corte de linhas
e sobra de materiais.
86
Foto 12: Revelação e pintura das bolsas; Foto 13: Separação de peças para costura;
Foto 16: Setor de embalagem; Foto 17: Mercadoria pronta para ser transportada.
Elaboração: Ivaneide Silva dos Santos, abril de 2008.
87
Como podemos visualizar nas fotografias acima (10 a 17), no interior da fábrica as
etapas da produção de bolsas ocorrem da seguinte forma: tudo começa no setor de
compra e venda da mercadoria onde os pedidos são processados e é gerado um
roteiro de acompanhamento; em seguida vai para o setor de corte onde se tira o
molde e corta-se o material que depois segue para a serigrafia em que é feito o
trabalho de layout e pintura dos logotipos e revelação de telas para a pintura. Após
esse processo, o material segue para o setor da costura onde também são
reguladas as alças e coloca-se o zíper, depois segue para a rebarba, embalagem e,
por fim, o transporte para a entrega da mercadoria encomendada. Esta mercadoria
por, sua vez, é entregue tanto por transportadoras como pelos próprios
representantes de vendas. Estas atividades seguem um modelo da divisão do
trabalho que segundo Santos (2004a), é movida pela produção e atribui a cada
movimento, um novo conteúdo e uma nova função aos lugares.
É importante ressaltar que a maioria destas fábricas foi implantada sem nenhum
incentivo dos órgãos públicos estadual e municipal, dispondo apenas de criatividade
e recursos próprios dos fabricantes e, mesmo assim, conseguiram se consolidar na
cidade de Serrolândia e expandir seu mercado consumidor. Conforme informações
de alguns fabricantes, poucas fábricas buscaram ajuda de micro-créditos do Banco
do Nordeste, Banco do Brasil e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S/A -
EBDA, para investir na compra da matéria-prima, capital de giro para movimentação
da empresas e maquinário. Atualmente produzem diversos modelos de bolsas
personalizadas e promocionais e de pronta-entrega, atendendo a um mercado
consumidor formado por óticas, casas de materiais esportivos e de construção,
farmácias, casas de revelação fotográfica, lojas de celulares, etc, utilizando-as como
brindes, sendo destinadas basicamente para exportação. Segundo um relato do
grupo focal de homens (Fotos 18 e 19), a indústria de bolsas de Serrolândia é
referência em todo o Brasil já que o mercado consumidor está situado em todos os
Estados do país, sobretudo na Bahia, Minas Gerais, Maranhão, Piauí, Distrito
Federal, Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo os participantes do grupo,
esta expansão comercial se dá devido ao preço baixo e à qualidade com que são
produzidas as bolsas de Serrolândia.
88
A fala do grupo nos revela que, pelo fato da confecção das bolsas ser de boa
qualidade, estas empresas vêm atraindo cada vez mais o mercado consumidor. No
que se refere à confecção dos produtos, são vários os insumos utilizados como:
zíper, cursor, fita, linha, tela para revelação do logotipo, papel vegetal, papelão,
reguladores de alças, tinta, solvente, nylon, bagum, lona, plástico, couro sintético,
entre outros. Grande parte destes produtos é importada, principalmente da China, e
a outra vem basicamente de Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Também já
existem duas casas comerciais na própria cidade, destinadas à venda da matéria-
prima das bolsas.
Podemos concluir que as fábricas de bolsas são muito importantes para Serrolândia
devido às grandes transformações ocorridas na dinâmica local após o processo de
implantação das mesmas. Destarte, no próximo capítulo será feita uma análise mais
detalhada sobre nosso objeto de estudo, no que tange aos (des) caminhos do
desenvolvimento local sustentável.
89
(Pra não dizer que não falei das flores – Geraldo Vandré)
Para uma melhor compreensão deste capítulo, apresentarei a seguir a análise dos
resultados das entrevistas realizadas com alguns fabricantes de bolsas e com
segmentos da sociedade serrolandense (os grupos focais de homens, mulheres e
jovens). Também explanarei os dados obtidos através dos questionários aplicados à
população (120 pessoas que corresponde a 1% da população total de Serrolândia),
entrevistas com seis funcionários das dez fábricas visitadas (30 pessoas que
corresponde a 10% dos funcionários de cada fábrica) e da visita a campo, bem
como a comparação com a base teórica.
91
16
Relato concedido pelo grupo focal de homens em Serrolândia, 21 de outubro de 2008.
17
Lenivalter Mota Bispo. Fabricante de bolsas em Serrolândia. Entrevista concedida a
Ivaneide S. Santos em 3 de novembro de 2008.
93
2,5%
97,5%
SIM
NÃO
3%
20%
77%
Sim
Não
Não respondeu
21%
79%
Trabalha ou já
trabalhou
Não trabalha
As respostas dos questionários nos revelam que 79% dos entrevistados têm
familiares que trabalham ou já trabalharam em fábricas de bolsas, dentre eles,
primos, tios, mães, cunhados, irmãos, sobrinhos, sogras, esposos, pais, genros e
filhos. Desta forma, fica evidente que estas fábricas de bolsas vêm dinamizando a
economia do lugar e ao mesmo tempo se relacionam com outras empresas, serviços
e mercados de outras regiões. Por conseguinte, a ação destas pequenas e micro
empresas caminha para a eficiência econômica com agregação de valor na cadeia
produtiva, conforme salientado por Buraque (2002), evidenciando, assim, a
dimensão econômica do desenvolvimento. Sobre esta questão, Caron (2006)
salienta que:
25%
22%
20%
16% 17%
14%
15% 13%
10%
10%
5%
5% 2,5%
0,5%
0%
100%
90%
80% 70%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 6% 6% 12% 6%
10%
0%
18
Wanderley Oliveira Rios, fabricante de bolsas. Entrevista concedida a Ivaneide S. Santos
em 30 de outubro de 2008.
99
serigrafia tudo isso influi pela prática que já tem aqui em Serrolândia
que é essa especialização19.
19
Noel Roque Rodrigues. Ex-fabricante de bolsas. Entrevista concedida a Ivaneide S.
Santos em Serrolândia, 31 de agosto de 2008.
100
20
Noel Roque Rodrigues. Ex-fabricante de bolsas. Entrevista concedida a Ivaneide S.
Santos em Serrolândia, 31 de agosto de 2008.
101
2% 7%
91%
SIM
NÃO
NÃO RESPONDEU
Os dados obtidos nos questionários revelam que a maioria dos entrevistados (91%)
desconhece a relação entre os fabricantes de bolsas e os demais agentes sociais
locais, para promoverem o desenvolvimento de Serrolândia, principalmente com o
poder público municipal. Não obstante, 7% responderam que existe essa parceria e
que juntos eles oferecem mais oportunidade de trabalho e ajudam no crescimento da
cidade. Os entrevistados chamam a atenção de que essa relação entre estes
agentes sociais é importante, pois, para facilitar a permanência das fábricas na
cidade é preciso que haja o apoio do poder público e também da sociedade civil, que
os impostos sejam diminuídos e a economia local dinamizada. Segundo o grupo
focal de jovens, existe uma relação entre os fabricantes de bolsas e os demais
agentes sociais locais dentre eles: associações, escolas, igrejas, grupos culturais,
entre outros, para promover o desenvolvimento local, porém, ocorre de forma
pontual, ou seja, através de patrocínios em eventos de várias modalidades e
financiamento de máquinas para pessoas que costuram bolsas em suas próprias
casas. Os participantes do grupo focal chamam a atenção de que a principal relação
entre as fábricas e os demais agentes sociais é a de empregar pessoas. Desta
forma, podemos dizer que a falta de parceria entre os agentes locais, ou a parceria
de forma pontual, gera entrave ao desenvolvimento local sustentável em Serrolândia
já que, também devem ser consideradas “variáveis políticas, tecnológicas, sociais,
ambientais e de qualidade de vida da população” (JOYAL; MARTINELLI, 2004, p.
52) na relação entre estes agentes sociais locais, para que o desenvolvimento seja
pensado e planejado de maneira sinérgica e consistente.
Podemos concluir que, não há uma preocupação, por parte dos fabricantes de
bolsas, com a qualidade no ambiente de trabalho terceirizado e nem com os
trabalhadores, apesar de a maioria destes serem antigos trabalhadores diretos das
fábricas que foram demitidos e passaram a ter condições inferiores de trabalho
como: emprego sem registro na carteira; falta de equipamento de proteção individual
de trabalho e de preocupação com a segurança e saúde do trabalhador. De acordo
com Sachs (2004), com a terceirização ocorre a substituição de empregos estáveis
por outros mal remunerados e instáveis. Segundo uma funcionária de uma das
fábricas visitadas, atualmente cerca de 90% dos empregados demitidos tornaram-se
terceirizados, prestando serviço à mesma empresa. Na fala da funcionária fica
evidente que, no processo de terceirização da produção de bolsas a empresa
terceirizada é a mesma terceirizadora. Sobre esta questão, o grupo focal de homens
salienta que esta atividade ocorre para que os fabricantes fujam da fiscalização do
Ministério do Trabalho no que se refere ao pagamento de impostos. Assim,
perguntei aos funcionários e à população serrolandense em que contribui o trabalho
terceirizado nas fábricas e, obtivemos os seguintes resultados (Gráficos 8 e 9):
45 42,5%
40
35
30
25%
25
20%
20
15
10%
10
5 2,5%
0
Aumentar o Diminuir o Melhorar a Diminuir os Diminuir a resp.
salário dos salário ds quali. da produ. encargos dos fabricantes
funcionários funcionários de bolsas sociais com os direitos
trabalhistas
40 37%
35
30
25%
25
20 17%
15 11%
10%
10
5
0
Aumentar o Diminuir o Melhorar a Diminuir os Diminuir a
salário dos salário ds quali. da encargos resp. dos
funcionários funcionários produ. de sociais fabricantes
bolsas com os direitos
trabalhistas
0%
50% 50%
Menos de um salário
mínimo
Entre um a dois
salários mínimos
Acima de dois salários
mínimos
Os dados nos revelam que nenhum dos funcionários entrevistados possui renda
superior a dois salários mínimos e ainda existem funcionários (50%) que, apesar de
receberem por hora extra e terem direito a férias, recebem menos de um salário
mínimo pelo trabalho realizado no interior das fábricas de bolsas. Este problema
21
Elias Gomes Diniz, fabricante de bolsas. Entrevista concedida a Ivaneide S. Santos em 29
de outubro de 2008.
106
alguns fabricantes de bolsas afirmaram que estas empresas não causam impacto ao
meio ambiente, principalmente porque a maioria das atividades realizadas para a
produção de bolsas que utilizam produtos químicos, os quais são prejudiciais ao
ambiente, são terceirizadas. Na fala de um dos fabricantes entrevistados ficou
evidente a transferência de responsabilidade a terceiros com a questão da gestão
ambiental nestas empresas, sendo que as companhias terceirizadoras também não
desenvolvem uma gestão eficiente dos refugos produzidos nos espaços de trabalho.
Segundo o fabricante entrevistado, as fábricas de bolsas:
[…] não causam impacto no meio ambiente porque a gente não, não,
não solta gases ao meio ambiente né, é um produto que é, digamos
a matéria-prima, ele é um produto que não vai ta deixando cheiro
nem odor e nem produto líquido que a gente solta em algum rio em
alguma coisa, acho que não, por conta disso. Se existir algum
problema ao meio ambiente é com os restos da matéria-prima né,
aqueles restos, mas também não são coisas que comprometam
tanto, são assim de pequeno porte de pequena quantidade e muito
deles a gente terceiriza, muitos dos produtos que a gente já usa já
terceiriza. Tamos guardando pra revender no caso o plástico, o
papelão, a gente, na verdade agente não vendemos o papelão, mas
doamos pra pessoas que fazem reciclagem, então, por isso a gente
não causa problema ao meio ambiente e já ta gerando emprego e
renda 22.
Por conseguinte, o relato do fabricante nos revela uma contradição no que se refere
aos cuidados com os resíduos produzidos na fábrica de bolsas, pois, ao mesmo
tempo em que há terceirização da produção para que não haja responsabilidade na
gestão destes resíduos, também existe uma preocupação em doar os mesmos para
pessoas da cidade que catam lixo para vender. Por conseguinte, alguns fabricantes
entrevistados afirmaram que ainda não se têm uma gestão dos resíduos produzidos
nestes espaços, sendo o refugo jogado a céu aberto no lixão municipal da cidade e
outra parte dos resíduos produzidos no local é trocada por matéria-prima ou é
repassada para os catadores como papelão e tubos de linhas. É importante destacar
que todo o material químico/tóxico descartado como: napa, fitas, plásticos,
solventes, tintas, tínner e derivados, não têm nenhum tipo de tratamento especial, o
que implica em sérios danos ao meio ambiente como nos mostram as fotografias a
seguir (22 a 25):
22
Wanderlei Oliveira Rios, fabricante de bolsas. Entrevista concedida a Ivaneide S. Santos
em 30 de outubro de 2008.
108
Foto 22: Material tóxico utilizado no setor de pintura. Foto 23: Resto de matéria-prima
depositada no fundo de uma fábrica de bolsa.
Elaboração: Ivaneide Silva dos Santos, abril de 2008.
Foto 24: Lixo produzido pelas fábricas espalhados em vias públicas; Foto 25: Tubos de
linhas armazenados para serem trocados por matéria-prima.
Elaboração: Ivaneide Silva dos Santos, abril de 2008.
Como podemos visualizar nas fotografias, grande parte do material utilizado nas
fábricas de bolsas é prejudicial ao meio ambiente e, também não há um destino
adequado para os resíduos produzidos nestes espaços. Desta forma, os empresários
deveriam aproveitar de maneira mais eficiente os recursos no que concerne ao uso da
109
2%
33%
52,5%
12,5%
Não causam poluição
Muita poluição
Pouca poluição
Não respondeu
13%
40%
47%
Causam pouca
poluição
Como podemos visualizar nos gráficos 11 e 12, enquanto que a maior parte da
população afirma que as fábricas causam pouca poluição ao meio ambiente
(52,5%) os funcionários, em sua maioria, afirmam que estas fábricas causam
muita poluição (47%), já que eles estão diretamente em contato com os produtos
químicos utilizados nas mesmas. Contudo, tanto a população como os
funcionários entrevistados enfatizam que o material utilizado nas fábricas, por sua
vez, ofende o solo porque demora de se decompor, e deveria ter locais
apropriados para jogar as embalagens dos produtos como: solventes, plásticos e
tintas. Os entrevistados chamam a atenção de que não existe uma política para o
depósito e reciclagem dos resíduos destes materiais, além disso, o cheiro da tinta
polui o ar por ser material químico líquido que também prejudica a saúde dos
funcionários e da vizinhança que mora nas proximidades das fábricas. Sobre esta
questão, 100% dos funcionários entrevistados responderam que o material
utilizado na produção de bolsas é prejudicial à saúde. Segundo os entrevistados
de ambas as categorias, há também poluição auditiva, em virtude do barulho das
máquinas, que incomoda as pessoas que moram nas proximidades das fábricas
ou de casas de costureiras que realizam trabalho terceirizado.
111
6%
29%
65%
SIM
NÃO
NÃO
RESPONDERAM
Podemos afirmar que, apesar de 29% da população entrevistada ainda não terem
ouvido falar de desenvolvimento local sustentável e 6% não terem opinado, as
respostas dos que responderam positivamente são bastante contundentes,
relacionando-se com a opinião dos autores que fundamentam teoricamente a nossa
pesquisa.
45%
39
40%
35%
30%
25%
20% Sim
17
15%
12
10% 7 Não
6
2,5 4 4
5% 1,5 2 2
1 1 1
0% Não
opinou.
Uma análise acurada do gráfico 14 nos revela que há uma variação significativa na
opinião dos entrevistados que já ouviram falar em desenvolvimento local sustentável
a partir do nível de escolaridade. Notamos, pelas respostas dos que marcaram sim,
que o índice aumenta à medida que aumenta a escolaridade do serrolandense,
principalmente as pessoas que possuem o ensino médio completo (39%), chegando
a 7% e 12% entre os indivíduos que possuem ensino superior incompleto e superior
114
Quanto aos entrevistados que ainda não ouviram falar em DLS, notamos que o
índice percentual é baixo em todos os níveis de escolaridade, variando de 1% a
2,5% entre os indivíduos que possuem ensino fundamental incompleto, fundamental
completo, superior incompleto e superior completo, e tendo um aumento
considerável apenas entre os indivíduos que possuem o ensino médio completo
(17%). Foram poucos os serrolandenses entrevistados que não souberam opinar
sobre o DLS: os indivíduos que possuem ensino médio incompleto (6%), médio
completo (4%) e superior completo (2%).
35%
30
30%
25%
20 Sim
20% 17
Não
15% 13
12
Não
10% opinou.
5
4
5%
1,5 2,5 1,5 2,5 1
0 0 0 0
0%
16 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65 Acima de
anos anos anos anos anos 65 anos
2%
12%
46%
40%
SIM
NÃO
NÃO RESPONDERAM
AS DUAS OPÇÕES
Como podemos visualizar no gráfico 16, 46% dos entrevistados afirmam que em
Serrolândia há desenvolvimento local sustentável. Segundo estes, as ações
117
35%
30
30%
Sim
25%
21
20% Não
15% Não
8 8 respond.
10%
6 6 As duas
4 3 3
5% 1,5 1,5 1,5 1,5 opções
1 1 1 1 1 0
0%
Quanto à renda (gráfico 18), os dados nos mostram que há uma variação
significativa em relação à visão da população sobre o desenvolvimento local
sustentável na cidade de Serrolândia. Podemos observar que os índices percentuais
119
18% 17 17
16%
14% 13
12% 11
10% Não
8% 7
6 Sim
6% 5 5
4
4% 2,5 2,5 Não
2% 1,5 1,5 1,5 1,5 respond.
1 1 1 1
As duas
0%
opções
salários…
salários…
salários…
desem.
um salário
De um a
de quatro
De três a
de dois a
Só estuda
salários…
Não trab.
menos de
quatro
mínimo
a cinco
Está
dois
três
Como podemos visualizar no gráfico 18, a porcentagem dos que responderam não é
maior (17%) entre os entrevistados que têm renda mensal inferior a um salário
mínimo baixando para 11% entre as pessoas que recebem renda de um a dois
salários mínimos; 5% entre os indivíduos que recebem um valor mensal de dois a
três salários mínimos; 2,5% e 1% entre os indivíduos que recebem de três a quatro
salários mínimos. Este percentual também é baixo entre os indivíduos que não
trabalham, só estudam e os que estão desempregados (1,5%). Já em relação aos
entrevistados que responderam sim, há uma variação significativa nos percentuais,
obtendo 13% entre os indivíduos que recebem menos de um salário mínimo,
aumentando para 17% entre os indivíduos que têm renda mensal de um a dois
salários mínimos; e, baixando novamente para as pessoas que recebem entre entre
dois a quatro salários mínimos (7% e 1,5%), atingindo 5% entre as pessoas que
estão desempregadas. Apenas as pessoas que possuem renda mensal de um a
dois salários mínimos responderam as duas opções. Esta rea lidade nos faz refletir
que a renda dos indivíduos entrevistados é um fator fundamental para analisarmos o
processo de desenvolvimento local sustentável de Serrolândia, já que, com uma boa
renda, os cidadãos podem investir em educação, segurança, saúde, la zer, enfim, ter
120
Podemos concluir que a análise dos dados dos questionários, das entrevistas e da
observação in locu responde à nossa problemática acerca da indústria de bolsas em
Serrolândia e os (des) caminhos do desenvolvimento local sustentável. Vale
ressaltar que não foi por acaso a opção de utilizar o prefixo de negação “des” no
título deste trabalho, uma vez que algumas práticas realizadas, sobretudo pelos
fabricantes de bolsas, não estão promovendo sinergia entre a qualidade de vida, a
eficiência econômica e a conservação dos recursos naturais. Estas práticas fazem
com que, muitas vezes, o caminho para o desenvolvimento local sustentável seja
percorrido num sentido oposto em relação ao que seria desejado, sendo necessário
serem repensadas e modificadas.
121
CONSIDERAÇÕES FINAIS
realidade, as gerações futuras terão chance de existir e viver bem, de acordo com as
suas necessidades, a partir da melhoria da qualidade de vida. Para isto, é
necessário que seja pensado e promovido um desenvolvimento que não leve em
consideração apenas a dimensão econômica, mas também a eqüidade social e a
conservação ambiental.
125
REFERÊNCIAS:
___________Por uma outra Globalização. 12. ed. Rio de Janeiro. São Paulo:
Record, 2005.
BIBLIOGRAFIA:
SITES PESQUISADOS:
www.cepal.com.br
www.ibge.gov.br/cidades
www.mma.br
www.sei.ba.gov.br
131
www.sistemafaceb.com.br
APÊNDICE
C – ESCOLARIDADE:
( ) Não alfabetizado(a) ( ) Fundamental completo (1ª a 8ª série) ( ) Fundamental
incompleto ( ) Médio completo (1º ao 3º ano) ( ) Médio incompleto
( ) Superior completo ( ) Superior incompleto
D – RENDA:
( ) Menos de R$ 415,00 ( ) R$ 415,00 a 830,00 ( ) R$ 830,00 a 1.245,00
( ) R$ 1.245,00 a 1.660,00 ( ) R$ 1.660,00 a 2.075,00 ( ) R$ 2.075,00 a 2.490,00 ( )
Acima de R$ 2.490,00 ( ) Não trabalha ( só estuda) ( ) Está desempregado (a)
2. Você acha que houve uma mudança no modo de vida das pessoas de Serrolândia
devido à implantação das fábricas de bolsas?
( ) SIM ( ) NÃO
7. Você acha que existe uma parceria entre o poder público, as fábricas de bolsas e
a sociedade civil para promover o desenvolvimento da cidade?
( ) SIM ( ) NÃO
7.1 Para quem responder sim, explicar como é essa
parceria:________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
8. Você acha que as fábricas de bolsas causam poluição ao meio ambiente?
( ) Não causam nenhuma poluição ( ) Muita poluição ( ) Pouca poluição / Quais os
tipos?___________________________________________________________
________________________________________________________________
9. Você já ouviu falar de desenvolvimento local sustentável?
( ) Sim ( ) Não
9.1 Para quem responder sim dizer o que entende por desenvolvimento local
sustentável:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
10.2 Para quem responder sim: Quais as ações existentes na cidade que você
considera como desenvolvimento local
sustentável?______________________________________________________
_________________________________________________________________
11. No que se refere ao trabalho no interior das fábricas, você acha que a atuação dos
fabricantes em relação aos funcionários está sendo:
( ) Ótima ( ) Regular ( ) Péssima ( ) Precisa melhorar. Em
quê?__________________________________________________________________
______________________________________________________________________
12. Em relação ao salário, as fábricas:
( ) pagam um salário muito bom ( ) pagam um salário muito pouco
( ) pagam um péssimo salário ( ) pagam um salário razoável
D – RENDA:
( ) Menos de R$ 415,00 ( ) R$ 415,00 a 830,00 ( ) R$ 830,00 a 1.245,00
( ) R$ 1.245,00 a 1.660,00 ( ) R$ 1.660,00 a 2.075,00 ( ) R$ 2.075,00 a 2.490,00 ( )
Acima de R$ 2.490,00
( ) Paga um salário muito bom ( ) Paga um salário muito pouco ( ) paga um péssimo
salário ( )pagam um salário razoável
( ) SIM ( ) NÃO
6. No que se refere ao trabalho no interior das fábricas, você acha que a atuação dos
fabricantes em relação aos funcionários está sendo:
( ) Ótima ( ) Boa ( ) Péssima ( ) Precisa melhorar. Em
que?___________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
7. Você acha que o trabalho terceirizado nas fábricas contribui para:
( ) Aumentar o salário dos funcionários ( ) Melhorar a qualidade da produção de
bolsas ( ) Diminuir o salário dos funcionários ( ) Diminuir os encargos sociais dos
fabricantes ( ) Aumentar a responsabilidade dos fabricantes em relação aos direitos
trabalhistas ( ) Diminuir a responsabilidade dos fabricantes em relação aos direitos
trabalhistas.
10. Você acha que existe uma parceria entre o poder público, as fábricas de bolsas e
a sociedade civil para promover o desenvolvimento?
( ) SIM ( ) NÃO
11.1 Para quem responder sim, explicar como é essa
parceria:________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
11. Você acha que as fábricas de bolsas causam poluição ao meio ambiente?
( ) Não causam nenhuma poluição ( ) Muita poluição ( ) Pouca poluição / Quais os
tipos?_________________________________________________________________
13.1 Para quem responder sim dizer o que entende por desenvolvimento local
sustentável:
________________________________________________________________
14 Em sua opinião, podemos dizer que em Serrolândia tem desenvolvimento local
sustentável?
( ) SIM ( ) NÂO
14.1 Para quem responder não: O que falta em Serrolândia para o
desenvolvimento local sustentável existir?
136
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
14.2 Para quem responder sim: Quais as ações existentes na cidade que
você considera como desenvolvimento local
sustentável?__________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________