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FARMACODINÂMICA

FARMACODINÂMICA

“É a área da ciência que estuda


os mecanismos de ação dos
fármacos e seus efeitos nos
organismos.”
AÇÃO E EFEITO
• Ação: local onde a droga age.
• Efeito: resultado desta ação.

Um determinado fármaco pode atuar em diferentes


sítios do organismo e, em decorrência, provocar
ou exercer efeitos diversos, muitos deles à
distância.
EFEITO MÁXIMO OU EFEITO “PLATÔ”

• É o efeito máximo produzido por uma droga, mesmo


que se aumente ainda mais sua dose.
• Aspirina: efeito máximo para a maioria dos
indivíduos é obtido através de uma dose de 650mg.
• O aumento aleatório da dose deste analgésico, acima
dos limites citados, não irá trazer benefícios ao
paciente. Ao contrário, apenas irá contribuir para os
efeitos adversos.
REAÇÕES ANÔMALAS E EFEITOS
ADVERSOS DOS MEDICAMENTOS
• Quando a resposta do organismo a um
medicamento não é aquela desejável.

– Fatores dependentes do próprio medicamento;


– Fatores dependentes do organismo;
– Interação dos fatores.
FATORES DEPENDENTES DO
MEDICAMENTO
• Efeitos colaterais: são os que ocorrem de
forma simultânea com o efeito principal, de
caráter maléfico e geralmente limitando a
utilização da droga.
• Ex.: morfina – efeito principal (analgesia);
efeito colateral (sonolência, depressão
respiratória, constipação intestinal).
• Teratogenicidade: pode ser considerado como
um efeito colateral grave.
FATORES DEPENDENTES DO
MEDICAMENTO
• Superdosagem: relaciona-se a efeitos maléficos da
droga em relação a quantidade ou forma com que a
dose é administrada.
– Absoluta: é a administração de doses
anormalmente elevadas de uma droga.
– Relativa: a dose é adequada, em valores absolutos,
porém é administrada com grande velocidade em
um vaso sanguíneo.
• Ex.: anestésicos locais quando injetados em um
vaso sanguíneo.
FATORES DEPENDENTES DO
ORGANISMO
• Hipersensibilidade: são reações imunológicas
que podem se manifestar desde uma simples
urticária até mesmo um choque anafilático
fatal.
• Patogenia: primeiro contato com a droga pode
provocar hipersensibilização do organismo e
uma subsequente administração, desencadear
reações alérgicas ou anafiláticas.
HIPERSENSIBILIDADE
• Drogas geralmente se ligam a proteínas, formando-se
assim um complexo antigênico que por sua vez pode
induzir a formação de anticorpos.
• Em uma nova exposição à droga, estabelece-se uma
reação antígeno-anticorpo que acarretará na liberação
de autacóides (histamina, serotonina, leucotrienos,
etc), responsáveis pelas reações alérgicas.
HIPERSENSIBILIDADE
• Podem desenvolver imediatamente após a
administração da droga: urticária, coriza,
lacrimejamento, edema de glote, etc.
• Tardiamente: eczema, dermatite de contato, etc.
• Qualquer droga pode desenvolver hipersensibilidade,
dependendo do indivíduo.
• Penicilina: maior frequência, apesar de serem
atóxicas.
• Hipersensibilidade independe da dose.
FATORES DEPENDENTES DA DROGA
E DO ORGANISMO
• Tolerância ou resistência: reação que pode
ocorrer após o uso prolongado de certas drogas
(principalmente com ação no SNC);
• Nestes casos há necessidade de aumentar
progressivamente as doses do medicamento
para manter a intensidade dos efeitos iniciais.
• Raro a ocorrência em meio odontológico.
DEPENDÊNCIA
• Após o uso prolongado de certas drogas, o
indivíduo passa a necessitar da droga para
manter-se em equilíbrio.
• Ocorre junto com a tolerância e, se o paciente
for privado da droga, pode desenvolver crise
de abstinência.
– Depressoras e estimulantes do SNC: dependência
psiquíca e/ou somática.
EFEITO PARADOXAL

• É o efeito contrario àquele esperado após o uso


de um determinado medicamento.
• Mais comum em crianças abaixo dos 5 anos de
idade e de idosos acima de 65 anos.
• Ex.: benzodiazepínicos: agitação intensa,
hiperatividade.
A LIGAÇÃO DAS MOLÉCULAS DE
DROGAS COM AS CÉLULAS

Moléculas de uma droga devem


exercer alguma influência química
em um ou mais constituintes das
células para produzir resposta
farmacológica – sendo para isso
necessário que as moléculas da droga
fiquem tão próximas a estas
moléculas celulares a ponto de alterar
sua função.
RELAÇÕES DOSE-RESPOSTA
TEORIA DA OCUPAÇÃO
“A magnitude de uma resposta farmacológica produzida
por uma droga que se combina reversivelmente a seu
receptor é diretamente proporcional ao número de
receptores ocupados pela droga.”
• Dose limiar: menor dose necessária para produzir
uma resposta mensurável.
• Dose máxima: não se observa aumento dos efeitos
terapêuticos – saturação dos receptores.
ESPECIFICIDADE DAS DROGAS.
Para determinada droga ser útil do ponto de vista
terapêutico e científico deve ATUAR
SELETIVAMENTE sobre determinadas células e
tecidos – EXIBIR ELEVADO GRAU DE
ESPECIFICIDADE DE SÍTIO DE LIGAÇÃO.
Proteínas alvos – ALTO GRAU DE
ESPECIFICIDADE DE LIGANTE.
Ex: angiotensina – peptídio que atua fortemente
sobre a musculatura lisa vascular e no túbulo
renal, com pouco efeito sobre outros tipos de
músculo liso ou sobre epitélio intestinal.
NENHUMA DROGA ATUA COM
TOTAL ESPECIFICIDADE

Em geral, quanto menor a potência de


uma droga e maior a dose necessária,
maior será a probabilidade de que outros
sítios de ação, que não o primário,
tenham importância aparecimento de
efeitos colaterais indesejados.
ASPECTOS QUANTITATIVOS DAS
INTERAÇÕES DROGA-RECEPTOR.
Complexo
Droga
Droga-Receptor

Efeito
Receptor
• Primeira etapa na ação de uma droga sobre receptores
específicos consiste de formação de um complexo droga-
receptor reversível
MECANISMOS GERAIS DE
INTERAÇÕES DAS DROGAS
“A medida que o número de drogas aumenta
aritmeticamente, o risco de uma reação adversa
às drogas aumenta geometricamente.”
• Nem todas interações das drogas são clinicamente
importantes ou indesejáveis.
• Algumas são ativamente procuradas em
farmacoterapia para aumentar a eficácia das drogas,
diminuir a toxicidade ou ambas.
• As fontes das drogas que podem participar das
interações são variadas.
MECANISMOS GERAIS DE
INTERAÇÕES DAS DROGAS
• Tipos de atividades das drogas:
1. Entre a droga e o estado patológico do paciente
– objetivo do tratamento;
2. Entre a droga e o paciente, não relacionado à
patologia – reação indesejada do paciente;
3. Entre duas ou mais drogas administradas
concomitantemente com interação entre elas –
alteram o efeito terapêutico ou outras reações à
droga.
CLASSIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES
DAS DROGAS
ANTAGONISMO
• Agonista: produzem resposta em um tecido (totais ou
parciais).
• Antagonista: se ligam a um receptor, mas possuem
atividade intrínseca zero (ausência de ativação dos
receptores) – competitivos.
• Implica que a resposta biológica ou clínica a uma
droga seja reduzida pela administração de um
segundo fármaco.
• Ex.: penicilina e tetraciclina.
ANTAGONISMO
• A ação de uma ou ambas drogas poderá ser
diminuída ou completamente perdida.
1. Quando um antagonista produz uma alteração física
ou química no agonista;
2. Quando modifica a disposição do segundo fármaco;
3. Competição enzimática pelo mesmo receptor;
4. Antagonismo da ativação do receptor (modificando
a afinidade do receptor);
5. Drogas que possuem ação oposta em diferentes
receptores.
EM FARMACOLOGIA RESERVAR O TERMO
RECEPTOR PARA INTERAÇÕES DO TIPO
REGULADOR, ONDE A MOLÉCULA
PEQUENA (LIGANTE) PODE FUNCIONAR
COMO AGONISTA OU COMO ANTAGONISTA.
–Agonistas – ativam receptores, induzindo
respostas celulares e moleculares do
receptor.
–Antagonistas – podem se combinar aos
mesmos receptores sem causar ativação,
impede a resposta do agonista.
EFEITO ADITIVO
• Atividades associadas de duas ou mais drogas
que produzem efeitos farmacológicos
similares.
• Se as drogas agem no mesmo local e produzem
simples adição matemática dos efeitos na
variação linear da curva dose-resposta, são
consideradas aditivas.
• Ex.: morfina e mepiridina.
POTENCIAÇÃO
• Duas drogas que não possuem atividade
farmacológica semelhante interagem-se e
resultam em efeito de uma das drogas maior
que o esperado.
• O “potenciador” sensibiliza a pessoa ao
fármaco ativo.
• Pelo aumento de sua absorção, alteração de
sua distribuição e diminuindo sua excreção,
elevando a concentração livre da droga ativa.
NOVO EFEITO DA DROGA
• Alteração do metabolismo de uma droga por outra,
levando a formação de um metabólito altamente
ativo.
• Ex.: dissulfiran inibe o metabolismo intermediário do
etanol provocando o acúmulo de alcetadeído.
• Os sintomas da intoxicação por alcetadeído (cefaléia,
hipotensão, visão turva, dor toráxica) não ocorrem se
uma das duas drogas forem administradas
isoladamente mesmo em altas doses.
MECANISMOS DE INTERAÇÃO DAS
DROGAS
INTERAÇÕES FARMACÊUTICAS
• Incompatibilidade entre as drogas de natureza
físico-química.
• Interações entre ácidos e bases orgânicos
resultando na precipitação de uma ou ambas.
• Odontologia: drogas administradas
parenteralmente para sedação.
• De maneira geral, é melhor evitar misturar
drogas em uma mesma seringa.
INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS

• Originam-se da influência de uma droga


sobre a absorção, distribuição,
biotransformação ou excreção de uma outra
droga.
1. Absorção: associação de vasoconstritores à
anestésicos locais, a fim de retardar a
absorção do anestésico no local de
administração.
INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS

2. Distribuição: anticoagulantes orais, que se ligam


muito as proteínas, são deslocados de seus locais de
ligação nas proteínas plasmáticas por certos
antibióticos, potencializando assim o efeito
anticoagulante.
3. Metabolismo: drogas com capacidade de indução
enzimática podem estimular o metabolismo de
outras drogas. Ex.: depressores do SNC e
anticoagulantes orais.
INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS

4. Excreção: a excreção renal é afetada pelo pH


urinário e reabsorção tubular.
Ácidos fracos (aspirina) são mais rapidamente
excretados em urina alcalina (produzida pelo
bicarbonato de sódio), enquanto bases fracas
(anfetaminas) são mais facilmente excretadas
em urina acidificada pelo cloreto de amonia.
INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS

Inibição da absorção:
• Penicilina + suco ácido: hidrolise da penicilina –
menos antibiótico é absorvido e as concentrações
sanguíneas são reduzidas;
• Cetoconazol + antiácidos: aumento do pH gástrico –
diminuição da absorção do cetoconazol.
• Tetraciclinas + leite: quelação pela tetraciclina –
formação de complexos insolúveis que são mal
absorvidos.
INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS

Alteração de ligação das drogas:


• Corticosteróides + anti-inflamatórios não
hormonais: deslocamento dos corticosteróides
do local de ligação tecidual – efeitos anti-
inflamatórios benéficos.
Indução de enzimas:
• Diazepan + tabagismo: indução de enzimas
para metabolização do diazepan.
INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS

• Representam modificações nos efeitos


farmacológicos de uma droga
independentemente de qualquer alteração na
disposição quantitativa desta droga.
• Podem aumentar, diminuir ou alterar
qualitativamente o efeito terapêutico da
administração da droga.
• Mecanismos: competição pelo receptor ou
alterações no transmissor ou receptor.
INTERAÇÕES FARMACODINÂMICAS

• Depressores do SNC + Anfetamina: oposição aos


efeitos;
• Álcool + diazepan: adição de efeitos depressores do
SNC;
• Aspirina + álcool: potenciação do tempo de
sangramento produzido pela aspirina;
• Éter + antibióticos: potenciação dos efeitos de
bloqueio neuromuscular do éter. Pode levar apnéia,
depressão respiratória e paralisia respiratória.

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