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INTRODUÇÃO

Poucas ciências podem ser consideradas ao mesmo tempo


sedutoras e penosas como a análise pedagógica.
Em essência, a análise pedagógica cuida do aproveitamento e da
distribuição de uma educação de qualidade. Item muitas vezes
escasso, devido a vários fatores.
Todos os indivíduos têm necessidade ou desejam que a educação
venha acompanhada de determinados “acessórios”, como:
democratização no processo de distribuição do conhecimento
formal, noções teóricas e práticas de cidadania, certeza de
pertencer a uma sociedade e não apenas ser mais um item
excluído da mesma, etc.
Em uma determinada escola paradisíaca, ideal, onde não existisse
a escassez, teríamos professores bem preparados, carismáticos e
dedicados; bem como alunos interessados e questionadores.
Resumindo: todos iríamos à escola mais por prazer do que por
obrigação, mais por satisfação pessoal do que por obrigação social.
Nesta escola ideal não haveria problemas educacionais e a teoria
pedagógica não serviria sequer como hobby.
Como o mundo não é o paraíso terrestre, a maioria destes itens
dificilmente pode ser conseguida individualmente. O que podemos
fazer, então? Descambar para o mais cínico pessimismo?
As circunstâncias ideais para uma boa aprendizagem realmente
mostram-se rarefeitas e para obtê-las é necessário intervenção direta.
Como somos seres determinados pelo espaço-tempo. E o que
caracteriza nosso momento? O tecnicismo arrogante, a resposta
cientificista onipresente, a amargura por um mundo com tantos
recursos tão pobremente distribuídos, etc. Logicamente tudo isto se
reflete no Processo Pedagógico.
Há um princípio que diz “para consumir é necessário primeiro produzir”.
Numa sociedade primitiva, com poucos indivíduos e com escassa
divisão de trabalho é provável que todos se apercebam desse
fenômeno. Um exemplo extremo... A Educação Formal.
O problema é que nas sociedades modernas, altamente sofisticadas
pela divisão do trabalho, o homem comum perde de vista esse princípio
simples.
Que o homem comum das sociedades modernas perde essa visão de
conjunto é algo que se infere em seu comportamento político.
Se verificarmos todas as falhas no processo educacional veremos que ,
em resumo, elas se situam na tentativa de distribuir os frutos da árvore do
conhecimento em partes maior que o todo.
as chamadas “elites” econômicas das diversas sociedades sempre obtêm
as melhores escolas, professores, livros, enfim, condições. É triste verificar
que se ninguém produz mais e se alguém adquire melhora na qualidade de
ensino porque ganha mais nas trocas, alguém há de piorar ganhando
menos nessas mesmas trocas. É o início do déficit educacional.
A credulidade do público, todavia, deriva da existência dos complexos
mecanismos de troca. Quando um desses políticos promete melhorar a
qualidade da educação para uma pessoa dita de baixa renda aumentando
seu salário, a promessa é de que esse eleitor potencial melhorará de vida
sem produzir mais, ganhando mais nas trocas com terceiros. Isso pode ser
perfeitamente exeqüível em relação a um indivíduo ou a um grupo de
indivíduos. Mas é claro que melhorar a vida de todos apenas por essa
mágica de trocas, é o que se pode intitular pura demagogia distributiva.
Como aproveitar e distribuir recursos escassos? Como diferenciar
Pedagogia de Demagogia?
DESENVOLVIMENTO – RADIOGRAFIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

 
NÍVEL DE INSTRUÇÃO DA POP. BRASILEIRA (DADOS APROX.) - 1996
 
NÍVEL DE INSTRUÇÃO POP. PORC.
(%)

Nunca freqüentou a escola e/ou não concluiu a 1 a. série do ensino    


fundamental 15.150.000 14,1

Ensino fundamental incompleto 55.000.000 51,6

Fundamental completo e médio incompleto 16.300.000 15,3

Médio completo e superior incompleto 14.400.000 13,5

Superior completo 4.900.000 4,7

Sem declaração 850.000 0,8

total 106.600.000 100


ANALFABETISMO

1991 21,1%

1996 14,7%

TAXA DE ESCOLARIZAÇÃO (POPULAÇÃO EM IDADE ESCOLAR OBRIGATÓRIA)

1998 95,8% (índice pouco superior ao estabelecido pela onu)

ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM SÉRIES NÃO CORRESPONDENTES À IDADE

1998 48,7%

ALUNOS QUE NÃO COMPLETARAM O ENSINO FUNDAMENTAL

1998 65 %
BRASIL MÉDIA DE ESCOLARIDADE - 1996

HOMENS 6 anos

MULHERES 5,7 anos

OBS: em alguns países europeus chega à média de 12 anos

NORDESTE BRASILEIRO - MÉDIA DE ESCOLARIDADE - 1996

HOMENS 4,4 anos

MULHERES 4,4 anos

NORDESTE BRASILEIRO - MÉDIA DE ESCOLARIDADE - 1996

NEGROS 3,4 anos

PARDOS 3,5 anos


MÉDIA ANUAL DE DESPESAS POR ALUNO
(segundo a ONU o ideal é de U$ 1.100,00)
GERAL U$ 935,00

PRIVADO U$ 1.100,00

MÉDIA ANUAL DE DESPESAS POR ALUNO

SUPERIOR U$ 3.500,00

FUNDAMENTAL U$ 350,00

INVESTIMENTO PÚBLICO NO ENSINO FUNDAMENTAL

1995 R$ 11,8 bilhões

1996 R$ 13,7 bilhões

ALUNOS POR NÍVEL DE ENSINO NO BRASIL – 1998

FUNDAMENTAL 35,8 milhões

MÉDIO 6,9 milhões

SUPERIOR 1,8 milhões


I. O Brasil gasta em média, incluindo os gastos públicos da União, dos Estados e
municípios 4,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em programas de educação, segundo
o MEC. Considerando os investimentos privados, os custos chegam a 5,5% do PIB.
Esse valor é comparável ao de países como EUA (5,3% do PIB) e Inglaterra (5,5%).
 II. O Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do
Magistério (FUNDEF), é criado em 1996; que reúne 15% dos impostos arrecadados
por estados e municípios, redistribuídos mensalmente de acordo com o número de
alunos matriculados na rede pública de ensino fundamental.
É assegurado um valo mínimo anual por aluno, fixado por decreto presidencial (em
1998 este valor é de R$ 315,00). Estados e municípios que não atingirem este
patamar têm ajuda do Governo Federal.
Anteriormente estados e municípios eram obrigados a investir 25% de sua receita em
todos os níveis educacionais, sem considerar o número de alunos matriculados na
rede pública. Com isto havia municípios com reduzido número de alunos ou sem
escolas públicas de ensino fundamental, com verba superior às suas necessidades.
Outras cidades, principalmente das regiões Norte e Nordeste, não conseguiam
assegurar um gasto anual de R$ 50,00 por aluno do nível fundamental.
CONCLUSÕES
A Educação a 200 anos.
Há recursos, porém a desigualdade e a corrupção política na aplicação dos
mesmos resulta em um ensino carente de material didático de qualidade e
com profissionais pouco treinados e mal remunerados
Analisando o mundo atual da Educação no Brasil, é bom nos situarmos.
Nossa geração vem de 21 anos de arbitrariedade.
Talvez nem o poder estabelecido, nem mesmo as peças-chave do
processo educacional (professores, alunos) tenham respostas claras para o
problema tão crucial que é a distribuição efetiva de todos os frutos nascidos
na Árvore do Conhecimento.
Precisamos da lúcida argumentação, da humildade em aceitar a mudança
de estruturas quase tidas como “sagradas”. Por fim, é preciso a coragem da
contestação. Se não temos ainda propostas claras, porém, uma pista nós
temos. A participação, a Democracia. Onde todos sejam ouvidos
atentamente. Se chegarmos a este estágio, certamente terá sido um grande
avanço: o de sentirmos que, ao menos na Educação, já caminhamos todos
juntos.
BIBLIOGRAFIA
 
1. TEXTOS PRÓPRIOS NA INTRODUÇÃO E CONCLUSÃO.

2. TABELAS E TEXTOS CONTÍGUOS ÀS TABELAS:


ABRIL 1999, Almanaque.
Seção “Brasil – Educação”.
pp 155-164.
São Paulo. Editora Abril.

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