A bioética, como uma ética aplicada à vida, busca se relacionar
com as questões de direitos humanos e de cuidados com a vida em sua plenitude.
A mesma agrega valores morais, sejam estes denominados:
direitos, princípios, virtudes ou cuidados.
A história da bioética se confunde com a história da luta do ser
humano por uma sociedade mais justa, igualitária e com luta de respeito à dignidade da pessoa humana. A BIOÉTICA Resumo histórico
O nascimento da bioética está associado a acontecimentos históricos
e personagens:
• Fritz Jahr (1927);
• Artigo de Henry Beecher (1966); • Van Rensselaer Potter – Bioethics: Brigde to the future - (1971);
• André Hellegers - Kennedy Institute – (1971);
• Caso Tuskeege (1932 – 1972); • Relatório Belmont (1978); • Beauchamp e Childress - Principles of Biomedical Ethics - (1979); Principialismo (Beneficência, Não-Maleficência, Justiça e Autonomia). • Garrafa - Bioética de Intervenção - (a partir da década de 90). Bioética O nascimento da Bioética
O nascimento da bioética geralmente está associado a
acontecimentos e personagens.
Segundo sugere alguns autores, o médico Fritz Jahr teria sido o
primeiro estudioso a utilizar a palavra bioética, ao propor, em 1927, em um artigo publicado no periódico alemão Kosmos, uma ética de respeito a todos os seres vivos. Bioética O nascimento da Bioética – O caso Tuskeege
Outros fatos são também atribuídos a essa origem, como a publicação,
em 1966, do artigo de Henry Beecher sobre os abusos de médicos em relação aos pacientes em experimentos clínicos controversos e abusivos. O fator determinante destas experimentações absurdas foi o “caso Tuskeege”, em que homens negros sifilíticos foram usados em experimentos clínicos sobre a sífilis sem nenhum respeito, dignidade e consentimento por eles, por cerca de 40 anos. Bioética O nascimento da Bioética – O caso Tuskeege
Essa experimentação absurda teve uma conivência criminosa por
parte da comunidade científica geral dos Estados Unidos, pois artigos foram publicados sobre os resultados sem que ninguém se opusesse a essa transformação de seres humanos em “cobaias”.
Dica: Assistir ao filme: Cobaias (relato do caso Tuskeege).
Bioética O nascimento da Bioética
Em 1971, André Hellegers, ginecologista e obstetra, fundou o Kennedy
Institute, na Universidade de Georgetown. Este médico, preocupado com a ética médica que não conseguia ajudar os médicos nas difíceis decisões sobre o uso ou não de biotecnologias, criou o renomado instituto com o objetivo de abranger parâmetros morais além do código de ética hipocrático, para uma ética mais ampla, que ele também chamou de bioética. Bioética O nascimento da Bioética – O caso Tuskeege
Mais tarde, em 1971, Van Rensselaer Potter, preocupado com
questões que envolviam a ecologia, a degradação do meio ambiente e com a sobrevivência da vida nosso planeta, propôs uma teoria que ele chamou também de bioética, como sendo um conjunto de valores morais e interfaces diferentes daquela provocada inicialmente por Fritz. Principialismo em Bioética RELATÓRIO BELMONT
•Em 1978, uma comissão americana (Comissão Nacional para
Proteção de Sujeitos Humanos nas Pesquisas Biomédicas e Comportamentais) apresentou um relatório intitulado: “Relatório Belmont: Princípios Éticos e Diretrizes para a Proteção de Sujeitos Humanos nas Pesquisas” a respeito dos trabalhos realizados.
•Este relatório, que apresentava diretrizes morais que deviam
pautar pesquisas com humanos, é considerado um marco histórico dentro do crescimento exponencial dos ideais bioéticos propostos por Potter. Essas diretrizes ficaram conhecidas em toda a comunidade científica como os três primeiros princípios da bioética: respeito às pessoas, depois denominado de autonomia, beneficência e justiça. Bioética
A reação da população, impulsionada por ideais de direitos humanos
e ativistas do movimento negro e feminista, forçou o governo americano a criar, em 1974, a “Comissão Nacional para Proteção de Sujeitos Humanos nas Pesquisas Biomédicas e Comportamentais”. Em 1978, a comissão apresentou relatório dos trabalhos realizados e que foi intitulado: “Relatório Belmont: Princípios Éticos e Diretrizes para a Proteção de Sujeitos Humanos nas Pesquisas”. Bioética O nascimento da Bioética – O relatório Belmont
O relatório Belmont é considerado um marco histórico dentro do
crescimento exponencial dos ideais bioéticos propostos por Potter, e apresentava diretrizes morais que deviam pautar pesquisas com humanos. Essas diretrizes ficaram conhecidas em toda a comunidade científica como os três primeiros princípios da bioética: respeito às pessoas, depois denominado de autonomia, beneficência e justiça. Principialismo em Bioética HISTÓRICO • Contudo, a bioética obteve expansão mundial pela publicação do livro Principles of Biomedical Ethics em 1979.
• Nessa obra, os autores Beauchamp e Childress sugerem a
ampliação dos três princípios expressos no Relatório Belmont, para quatro princípios universais que se tornaram conhecidos como o principialismo em bioética.
1. Beneficência; 2. Não-maleficência; 3. O respeito à autonomia e 4. Justiça. Bioética O nascimento da Bioética – Principialismo
A bioética obteve expansão mundial através da publicação do livro
Principles of Biomedical Ethics. Nessa obra, Beauchamp e Childress sugerem a ampliação dos três princípios expressos no Relatório Belmont, para quatro princípios universais a saber - a beneficência, a não-maleficência, o respeito à autonomia e a justiça - que se tornaram conhecidos como o principialismo em bioética. Principialismo em Bioética HISTÓRICO
• A partir da adoção desses princípios, tornou-se
fundamental para o desenvolvimento da Bioética e ditou uma forma peculiar de definir e manejar os valores envolvidos nas relações dos profissionais de saúde e seus pacientes.
• Estes quatro princípios, que não possuem um caráter
absoluto, nem têm prioridade um sobre o outro, servem como regras gerais para orientar a tomada de decisão frente aos problemas éticos e para ordenar os argumentos nas discussões de casos. O PRINCÍPIO DE NÃO MALEFICÊNCIA: • De acordo com este princípio, o profissional de saúde tem o dever de, intencionalmente, não causar mal e/ou danos a seu paciente. Considerado por muitos como o princípio fundamental da tradição hipocrática da ética médica, tem suas raízes em uma máxima que preconiza: “cria o hábito de duas coisas: socorrer (ajudar) ou, ao menos, não causar danos”.
• Este preceito, mais conhecido em sua versão para o latim
(primum non nocere), é utilizado frequentemente como uma exigência moral da profissão médica. Trata-se, portanto, de um mínimo ético, um dever profissional, que, se não cumprido, coloca o profissional de saúde numa situação de má-prática ou prática negligente da medicina ou das demais profissões da área biomédica. O PRINCÍPIO DE NÃO MALEFICÊNCIA: • A Não Maleficência tem importância porque, muitas vezes, o risco de causar danos é inseparável de uma ação ou procedimento que está moralmente indicado.
• Por exemplo: uma simples retirada de sangue para realizar
um teste diagnóstico tem um risco de causar hemorragia no local puncionado. Do ponto de vista ético, este dano pode estar justificado se o benefício esperado com o resultado deste exame for maior que o risco de hemorragia.
• Porém, se o paciente tiver problemas de hemostasia, este
risco ficará aumentado. Quanto maior o risco de causar dano, maior e mais justificado deve ser o objetivo de cessar o procedimento para respeitar o princípio da não- maleficência. O PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA: • A beneficência tem sido associada à excelência profissional desde os tempos da medicina grega, e está expressa no Juramento de Hipócrates: “Usarei o tratamento para ajudar os doentes, de acordo com minha habilidade e julgamento e nunca o utilizarei para prejudicá-los”.
• Beneficência quer dizer fazer o bem. De uma maneira
prática, isto significa que temos a obrigação moral de agir para o benefício do outro. Este conceito, quando é utilizado na área de cuidados com a saúde, que engloba todas as profissões das ciências biomédicas, significa fazer o que é melhor para o paciente, não só do ponto de vista técnico- assistencial, mas também do ponto de vista ético. O PRINCÍPIO DA BENEFICÊNCIA: • É usar todos os conhecimentos e habilidades profissionais a serviço do paciente, considerando, na tomada de decisão, a minimização dos riscos e a maximização dos benefícios do procedimento a realizar.
• Por exemplo: um pesquisador submete um protocolo de
investigação ao Comitê de Ética em Pesquisa de uma Instituição: se espera que o investigador esclareça quais são os riscos para os sujeitos pesquisados e quais são os benefícios esperados com o estudo, tanto para os participantes como para a sociedade em geral, e, então, argumente porque os possíveis benefícios sobrepujam os riscos, pois só neste caso a pesquisa é considerada eticamente correta ou adequada. O mesmo raciocínio pode ser utilizado para os procedimentos da prática clínica, com o intuito de definir a sua utilidade e beneficência. REFERENCIAIS DA BIOÉTICA PRINCIPIALISTA NO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA Beneficência e não maleficência no CEM
•A beneficência pressupõe um conjunto de ações que buscam
compatibilizar o melhor conhecimento científico e o zelo pela saúde do paciente. •Ex: Nos Princípios Fundamentais, Capítulo I, inciso II, preconiza a beneficência:
II – O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser
humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
•Vale lembrar que no modelo paternalista, dominante no início
do século passado, apenas o médico com seu conhecimento era considerado competente para a escolha da melhor conduta terapêutica oferecida ao paciente. REFERENCIAIS DA BIOÉTICA PRINCIPIALISTA NO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA Beneficência e não maleficência
A não maleficência, não obstante controversa,
compõe com os outros três princípios o alicerce do principialismo e se propõe a não acarretar dano intencional. É universalmente consagrado o aforismo hipocrático primum non nocere (primeiro não prejudicar), cuja finalidade é restringir os efeitos adversos ou indesejáveis das ações diagnósticas e terapêuticas. No CEM, em Princípios Fundamentais, preconiza a ideia de não maleficência: VI - O médico guardará absoluto respeito pelo ser humano e atuará sempre em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade. O PRINCÍPIO DE RESPEITO À AUTONOMIA: • Autonomia é a capacidade de uma pessoa para decidir fazer ou buscar aquilo que ela julga ser o melhor para si mesma. Para que ela possa exercer esta autodeterminação são necessárias duas condições fundamentais:
a) capacidade para agir intencionalmente, o que pressupõe
compreensão, razão e deliberação para decidir coerentemente entre as alternativas que lhe são apresentadas;
b) liberdade, no sentido de estar livre de qualquer influência
controladora para esta tomada de posição. O PRINCÍPIO DE RESPEITO À AUTONOMIA: • Já o Respeito à Autonomia significa ter consciência deste direito da pessoa de possuir um projeto de vida próprio, de ter seus pontos de vista e opiniões, de fazer escolhas autônomas, de agir segundo seus valores e convicções.
• Respeitar a autonomia é, em última análise, preservar os
direitos fundamentais do homem, aceitando o pluralismo ético-social que existe na atualidade. • Immanuel Kant, em sua ética deontológica, explicita que a dignidade das pessoas provém da condição de serem moralmente autônomas e que, por isso, merecem respeito. Diz, ainda, que é um dever moral tratar as pessoas como um fim em si mesmas e nunca apenas como um meio.
NINGÚEM PODE SERVIR DE MEIO PARA NENHUM FIM, POIS O
HOMEM É UM FIM EM SI MESMO (I. KANT) REFERENCIAIS DA BIOÉTICA PRINCIPIALISTA NO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA Autonomia
Autonomia pode ser conceituada como a capacidade
de tomar decisões segundo valores próprios de cada indivíduo livre de quaisquer coações externas.
De acordo com Kant, é a capacidade da vontade
humana de autodeterminar-se segundo uma legislação moral por ela mesma estabelecida, livre de qualquer fator estranho à sua vontade. No entendimento de Foucault, os doentes tendem a perder o direito sobre seu próprio corpo, o direito de viver, de estar doente, de se curar e morrer como quiserem. O PRINCÍPIO DE RESPEITO À AUTONOMIA: • Na prática assistencial, é no respeito ao princípio de Autonomia que se baseiam a aliança terapêutica entre o profissional de saúde e seu paciente e o consentimento para a realização de diagnósticos, procedimentos e tratamentos.
• Este princípio obriga o profissional de saúde a dar ao
paciente a mais completa informação possível, com o intuito de promover uma compreensão adequada do problema, condição essencial para que o paciente possa tomar uma decisão.
• Respeitar a autonomia significa, ainda, ajudar o paciente a
superar seus sentimentos de dependência, equipando-o para hierarquizar seus valores e preferências legítimas para que possa discutir as opções diagnósticas e terapêuticas – CONSENTIMENTO INFORMADO. REFERENCIAIS DA BIOÉTICA PRINCIPIALISTA NO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA Autonomia O novo CEM contempla a autonomia do médico e a do paciente. Os incisos VII e XXI dos Princípios Fundamentais expõem, respectivamente a autonomia de cada um destes interlocutores: Inciso VII: O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência e emergência, ou quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.
Inciso XXI: No processo de tomada de decisões
profissionais, de acordo com seus ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas. O PRINCÍPIO DA JUSTIÇA •A ética biomédica tem dado muito mais ênfase à relação interpessoal entre o profissional de saúde e seu paciente, onde a beneficência, a não maleficência e a autonomia têm exercido um papel de destaque, ofuscando, de certa maneira, o tema social da justiça.
•Justiça está associada preferencialmente com as relações
entre grupos sociais, preocupando-se com a equidade na distribuição de bens e recursos considerados comuns, numa tentativa de igualar as oportunidades de acesso a estes bens.
•Estes critérios de merecimento, ou princípios materiais de
justiça, devem estar baseados em algumas características capazes de tornar relevante e justo este tratamento. O PRINCÍPIO DA JUSTIÇA • Neste contexto, o conceito de justiça deve fundamentar-se na premissa que as pessoas têm direito a um mínimo decente de cuidados com sua saúde.
• Isto inclui garantias de igualdade de direitos, eqüidade na
distribuição de bens, riscos e benefícios, respeito às diferenças individuais e a busca de alternativas para atendê- las, liberdade de expressão e igual consideração dos interesses envolvidos nas relações do sistema de saúde, dos profissionais e dos usuários.
• “A distribuição natural dos bens não é justa ou injusta; nem
é injusto que os homens nasçam em algumas condições particulares dentro da sociedade. Estes são simplesmente fatos naturais. O que é justo ou injusto é o modo como as instituições sociais tratam destes fatos”. John Rawls REFERENCIAIS DA BIOÉTICA PRINCIPIALISTA NO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA Justiça
O princípio da justiça é conhecido como a expressão
de justiça distributiva, que seria contemplar a justa e equitativa apropriação dos benefícios auferidos pelo progresso tecnocientífico por toda a sociedade, de acordo com normas que respeitem a cooperação social.
Entretanto, para haver equidade real há necessidade
de tratar-se de maneira desigual os desiguais. De acordo com esta premissa, torna-se possível minimizar as injustiças sociais vigentes em sociedades profundamente desiguais, como ainda ocorre no Brasil atual, assim como em outros contextos orientados pelo sistema capitalista. REFERENCIAIS DA BIOÉTICA PRINCIPIALISTA NO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA Justiça
O novo CEM prevê em seus Princípios Fundamentais a
inclusão da temática a partir da saúde pública como campo para as ações de equidade, demonstrando a preocupação com a matéria, como exposto no inciso XIV:
O médico empenhar-se-á em melhorar os padrões
dos serviços médicos e em assumir sua responsabilidade em relação à saúde pública, à educação e à legislação referente à saúde. LIMITES DO PRINCIPIALISMO • Desde seu aparecimento, o Principialismo gerou críticas. O problema reside no caráter relativo dos princípios, fazendo com que surjam conflitos entre eles porque, na prática, nem sempre se pode respeitá-los igualmente.
E, apesar de terem sido muito usados para a resolução de
problemas bioéticos no mundo, estes princípios se mostraram insuficientes para alcançar questões de grande impacto social que atingem os países periféricos. Sua desvantagem é que nem sempre é suficiente a análise destas quatro condições, tendo-se que buscar em outras teorias éticas a fundamentação para resolver os conflitos.
• Essa nova concepção traz para a discussão bioética
princípios diferenciados como responsabilidade, cuidado, solidariedade, comprometimento, alteridade, tolerância, dentre outros. LIMITES DO PRINCIPIALISMO • As razões das críticas à idéia de adaptação da teoria de Tom L. Beauchamp e James F. Childress à realidade das demais culturas estão associadas, segundo alguns bioeticistas a várias razões: 1) a restrição à concepção original da Bioética ao âmbito biomédico; 2) os princípios, com frequência, competem entre si; 3) a teoria seria insuficiente para a análise contextualizada de conflitos que exijam flexibilidade para uma determinada adequação sócio-cultural; 4) A teoria seria insuficiente para analisar os macro-problemas bioéticos persistentes e emergentes enfrentados por grande parte da população de países com significativos índices de exclusão social; 5) Maximização da autonomia em relação aos demais princípios originais. LIMITES DO PRINCIPIALISMO
CONFLITOS ENTRE A BENEFICÊNCIA E AUTONOMIA
•A maioria das discussões na literatura a respeito do exercício
da autonomia do paciente, refere-se a procedimentos e tratamentos em pessoas adultas e competentes, ou seja, capazes de entender sua situação de saúde/doença e de assimilar as informações relevantes que lhes permitirão uma tomada de decisão adequada.
•Em Pediatria, por exemplo, surge a importante questão da
falta de competência das crianças para decidir. Como elas não preenchem as condições mínimas para fazer escolhas autônomas e racionais, torna-se necessário que outras pessoas decidam por elas (autonomia relativa). LIMITES DO PRINCIPIALISMO CONFLITOS ENTRE A BENEFICÊNCIA E AUTONOMIA
•A tomada de decisão, envolvendo pacientes pediátricos, deve
ser uma responsabilidade compartilhada entre equipe de saúde e pais. A permissão informada dos pais deve ser sempre buscada antes de qualquer intervenção, salvo em situações de emergência, quando os pais não podem ser localizados. •Algumas vezes, a aplicação do princípio de Beneficência pode ser complicada por conflitos entre as concepções da equipe de saúde e dos responsáveis sobre o que é melhor para a criança. A conciliação entre estas duas abordagens deve sempre ser buscada, através de um diálogo esclarecedor, com informações acessíveis ao nível de compreensão dos responsáveis, na tentativa de convencê-los dos benefícios do procedimento proposto pela equipe, esclarecendo-os também sobre os riscos. LIMITES DO PRINCIPIALISMO CONFLITOS ENTRE A BENEFICÊNCIA E AUTONOMIA
•O princípio de Autonomia se torna, então, um super princípio
em relação aos demais.
•A beneficência fica suprimido pelo princípio da autonomia.
•David Ross identifica uma adaptação dos deveres do
principialismo: ele diz que quando não se pode ser igualmente satisfeitos, deve-se dar mais valor, em determinado momento, a um princípio em relação ao outro, ou seja, submetê-lo a uma verdade não igual. Bioética O nascimento da Bioética – Críticas ao Principialismo
Apesar de terem sido muito usados para a resolução de problemas bioéticos
no mundo, estes princípios se mostraram insuficientes para alcançar questões de grande impacto social que atingem os países periféricos.
Por meio de ações interventivas, a bioética vem se incrustando na política
para incluir as questões sociais em sua agenda.
Assim, princípios da bioética clássica, o principialismo, não conseguem
mais expressar de maneira clara o pluralismo moral das situações emergentes e persistentes da bioética latino-americana e, em especial a bioética no Brasil. Bioética O nascimento da Bioética – Bioética de Intervenção Desta forma, o pensamento bioético adquiriu uma dinâmica própria em algumas instâncias da América Latina e Caribe, e floresceu no Sexto Congresso realizado em Brasília no ano de 2002, cujo tema oficial foi “Bioética, Poder e Injustiça.” Surgiu assim uma bioética crítica, a fim de definir parâmetros éticos capazes de nortear a interpretação da realidade dos fatos contemporâneos e locais e mediar seus conflitos. Surgiu, portanto, a bioética de intervenção com novos conceitos e princípios vanguardistas contextualizados. Bioética O nascimento da Bioética – Bioética de Intervenção Dentre esses novos conceitos aplicados à bioética, podemos destacar: o não-universalismo, o relativismo moral, o utilitarismo consequencialista, a teoria da complexidade, a totalidade concreta, o direito de identidade e individualidade, além dos princípios: solidariedade crítica, alteridade, comprometimento social, tolerância e os quatro p’s – prevenção, prudência, precaução e a proteção. Esses princípios tornaram-se importantes ferramentas epistemológicas para o discurso contextualizado da bioética latino-americana.