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Direito Penal I

Extradição

mjinguane@gmail.com
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Estrutura da apresentação

Extradição
Conceito e generalidades;
Condições para efectivação;
Processo de extradição;
Sistemas de apreciação do pedido de extradição.
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Conceito e Generalidades sobre a Extradição


É o facto pelo qual o Governo remete um indivíduo que se
refugiou no seu território ao Governo de um outro
Estado para que aí ele seja julgado pelos respectivos
tribunais ou quando aí já tenha sido julgado para
cumprir a pena que lhe foi aplicada Correia (2010, p.
183)

É a entrega que o Estado faz de um arguido ou condenado


que se encontra no seu território a outro Estado para que
este o submeta a julgamento ou ao cumprimento da pena
ou medida de segurança em que foi condenado Silva
(2001, p. 313)
NOTA: Conferir (Cfr), também, Beleza (1984, p. 503)
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Quadro jurídico-constitucional em Moçambique


• A Constituição da República de Moçambique (2004)
consagra nos termos do artigo 67 o quadro legal sobre a
extradição, nos seguintes termos:
1. A extradição só pode ter lugar por decisão judicial.
2. A extradição por motivos políticos não é autorizada.
3. Não é permitida a extradição por crimes a que corresponda na lei
do Estado requisitante, pena de morte ou prisão perpétua, ou
sempre que fundadamente se admita que o extraditando possa vir
a ser sujeito a tortura, tratamento desumano, degradante ou
cruel.
4. O cidadão moçambicano não pode ser expulso ou extraditado do
território nacional.

• A lei 17/2011 de 10 de Agosto (Lei de extradição), rege


os termos da efectivação da extradição em Moçambique.
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Cont.
• No começo a extradição foi feita recorrendo-se a acordos
particulares mas a partir do séc. XVII já era regulada por
tratados internacionais, havendo casos de países com leis
(internas ) sobre o âmbito e execução da extradição
(Correia, p. 184)
• A extradição pode ser pedida por todo o Estado que
segundo as leis de competência internacional deve punir
um determinado facto.
• Assim, podem surgir conflitos de pedidos (mesmos
pedidos) entre diferentes Estados. Se isto acontecer
soluciona-se o problema nos termos do quadro que se
segue:
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Cont.
Concessão de extradição havendo coincidência de
pedidos

Tipo de conflito no pedido Solução por aplicar


Coincidência no Prioriza-se o Estado onde houve o crime mais
pedido/fundamento grave
1. Concede-se ao Estado onde o agente já tiver
sido preso ou
Se a gravidade do crime for a mesma 2. Se não esteve preso num dos Estados
pedintes, tem primazia o Estado em que se
verificou a última infracção.
Não sendo possível pelas vias acima Concede-se ao Estado que produziu primeiro
um despacho correspondente ao despacho de
pronuncia no Direito interno.

Fonte: adaptado de Correia (p. 185)


Conferir, igualmente, artigo 8 da Lei de extradição.
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Casos em que não há lugar a extradição


A extradição não tem lugar :
1. Em relação a agentes de crimes no Estado a quem é pedida;
2. A cidadãos nacionais;
3. Com fundamento de crimes políticos ou militares (desertores
militares).

Nota: o grupo que vai abordar o tema sobre a


classificação das infracções penais deverá explicar
os conceitos de crime político versus crime militar.

Conferir, igualmente, o artigo 4 da Lei de extradição


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Principios Gerais da extradição
O professor Germano Marques da Silva avança os seguintes
principios:
• Proibição de extradição dos nacionais [ art. 4 nº1 al.
a) Lei de extradição] (alguns países como os EUA e
Inglaterra aceitam extraditar os nacionais, mas em regime de
reciprocidade)
• Proibição de extradição por crimes puramente
militares e políticos [cfr art. 4 nº1 alinea c) da Lei de
extradição]
• Proibição de extradição por crimes que o não sejam
também pela lei do Estado onde os extraditandos se
encontram punidos ou puniveis com penas leves (cfr
art 3 n8º2 in fine da lei de extradição )
• Não se extraditam os arguidos e delinquentes por
crimes cometidos no territorio do Estado onde se
encontram
Nota: conferir também a manifestação destes princípios e
outras limitações na Constituição (2004).
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Processo de extradição
Para o professor Eduardo Correira, o processo de
extradição é composto de duas fases:
1.Fase do pedido: o Ministério Público do Estado que
pede a extradição instaura um processo anexando as
provas justificativas (que indiciam o criminoso), remete
ao Ministério dos Negócios Estrangeiros que, por sua
vez, acciona mecanismos diplomáticos à parte homóloga
do Estado onde se encontra o criminoso.

2.Fase da concessão: o Estado a quem se pede a


extradição analisa o processo e, não havendo algo em
desabono, pode-se conceder a extradição.
Cfr. Art 22 e ss da Lei de extradição.
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Sistemas de apreciação do pedido de extradição
Ainda o professor Eduardo Correia, elucida que existem o
sistema judiciário e os sistema administrativo para
apreciação do pedido de extradição.
• Sistema judiciário
Pelo sistema judiciário material (sistema anglo-
americano) é necessário previamente fixar a
possibilidade de contradição a existência de razões sérias
de culpabilidade do extraditando.

Pelo sistema judiciário formal (sistema francês), o


tribunal limita-se a verificar a regularidade do pedido.
• Sistema administrativo
Com base neste sistema a extradição é um puro acto
administrativo do Governo (o pedido e as provas são
apreciados de forma burocrática).
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Referências bibliográficas
• Beleza, T. P (1984). Direito Penal – 1º Vol. (2ª Ed.).
Lisboa: AAFDL
• Correia, E. (2010). Direito criminal. Coimbra: Livraria
Almedina
• Silva, G. M. (2001). Direito Penal Português (2ª edição).
Editorial Verbo
• Gonçalves, M. L. M. (2007). Código de Processo Penal –
Anotado e Comentado, Coimbra: Livraria Almedina
• República de Moçambique. (2004) Constituição,
Maputo: Imprensa Nacional
• Lei n º17/2011 de 10 de Agosto – Lei de extradição.

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