Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
selvagem,
infantil
O FETICHISMO E AS
EXCLUSÕES DA RAZÃO
Exu e Exua brasileiros com um Echú Allé cubano e um Legba
da República do Benim, em 2011 (Durham, NC, Estados
DO CULTO DOS DEUSES FETICHES
O termo FETICHISMO foi proposto em 1757 pelo francês Charles De
Brosses, adotado depois pelo discurso iluminista, pelo pensamento
alemão, psicanálise e acabou se tornando uma marca recorrente e
fundante nas ciências e nas artes até a contemporaneidade.
06/27/2021
1. São de uma temporalidade anterior à razão, uma temporalidade
humana puramente animal;
PURO CORPO 3. Os filósofos e religiosos tentam esconder esse tempo humano para
nos enganar e convencer da origem transcendente da razão. “os
A TRANSFERÊNCIA DE humanos criam os deuses”;
PODERES SE DÁ DE FORMA 4. EXCLUSÃO TEMPORAL. Civilizações que não evoluíram —
CORPORAL: DO CORPO DO segundo uma ordem — e ficaram estacionadas no tempo, portanto
OBJETO (UM AMULETO, POR estão por definição FORA DO CAMPO RACIONAL.
EXEMPLO) PARA O CORPO 5. ANALOGIA = EXCLUSÃO ESPACIAL. No entanto, algumas
HUMANO QUE O TOCA. civilizações “bárbaras” como nativos da África e das Américas,
mantém o mesmo tipo de raciocínio civilizatório, portanto estão
também FORA DO CAMPO RACIONAL, mas pela distância, em
uma analogia: quanto mais distante do centro de desenvolvimento,
mais primitivo como civilização.
06/27/2021
1. Não tem conhecimento ADEQUADO ou científico e guiam-se por
pensamento mágico;
06/27/2021
Excluídos da
AGÊNCIA DO Selvagem
MUNDO
Infantil
Louco
06/27/2021
Selvagem =
CASTRADO ou
Excluídos da CENSURADO
agência
Infantil
Louco
06/27/2021
Selvagem =
CASTRADO ou
Excluídos da CENSURADO
agência
Infantil =
TREINADO ou
EDUCADO
Louco
06/27/2021
Selvagem =
CASTRADO ou
Excluídos da CENSURADO
agência
Infantil =
TREINADO ou
EDUCADO
Louco = BANIDO ou
ANIQUILADO
06/27/2021
Excluídos da AGÊNCIA
Não sabe o que vê, não sabe o que faz e não sabe o que sente.
06/27/2021
Aparato do Corpo
corpo
Modo de vida
Comunicação
06/27/2021
Excursus
Aparato
do corpo
06/27/2021
Materialidade da ideologia
APARATOS DOS CORPOS, de Pascal:
Os nossos magistrados conheceram bem esse mistério. As suas togas vermelhas, os arminhos com que se enfaixam como gatos
peludos, os palácios em que julgam, as flores-de-lis, todo esse APARATO augusto era muito necessário. […]
é mostrar, pelos cabelos, que se tem um criado grave, um perfumista, etc.; pelo ornato, o fio, os passamanes, etc. Ora, não é
simples APARATO, nem simples arnês, ter vários braços. Quanto mais braços se tem, mais forte se é. Ser elegante é mostrar a
própria força.
Outras aparecem de forma não explícitas, pois a característica básica da ideologia é se auto ocultar. Muitas vezes apaga
a própria história para se justificar.
O racismo, a misoginia, o preconceito não são normatizados, ao contrário, avançam leis de combate. Entretanto são
ideológicos, pois acontecem de fato na vida do dia a dia. E são regulados pelo modo de vida: vagas, ganhos,
satisfações, saldos.
O direito é virtual, mas a regulação e o constrangimento do corpo é efetivo e real. O direito não é um bem efetivo, o
constrangimento do corpo é um mal efetivo.
MATERIALIDADE DA IDEOLOGIA: pode prende-lo, tirar suas coisas, mata-lo ou ignorar sua fala.
Materialidade da ideologia
A materialidade da ideologia é sua consequência efetiva sobre os
corpos.
Quando todas as ideias se encontram censuradas ou reféns de regulação,
as pessoas não tem para onde ir ou onde estar, os corpos contrariando
tudo acabam de fato se alastrando por onde puder, rompem sua própria
limitação: ao se moverem, ao se beijarem, ao ocuparem um terreno ou
prédio abandonado, ao transcenderem um sexo biológico para assumir
uma sexualidade humana...
(...) O combate filosófico por palavras é uma parte do
combate político.
Modo de vida
Comunicação
06/27/2021
Excluídos da AGÊNCIA
Não sabe o que vê, não sabe o que faz e não sabe o que sente.
06/27/2021
Movimento
Desejo
Poder
Expressão
06/27/2021
Estranhamento
Contraste entre a DIVERSIDADE DO OBJETO IMPUTADO (o fetiche, o fetichista) e a
REGULARIDADE NA FORMA GERAL DO DISCURSO que o (des)qualifica.
1. Os fetichistas podem ser os mais variados: Des Brosses (1988) aponta como paradigma os selvagens da África; Marx (
2006) as próprias relações de produção da mercadoria e, por consequência, fetichizados os trabalhadores que produzem
mercadorias; Adorno (1980) as mercadorias da indústria cultural e fetichista todo ouvinte que se curvar aos seus gostos…
Os fetiches também os mais diversos: qualquer objeto de escolha, “árvore, montanha, flor… tudo o que se imaginar” (
DE BROSSES, 1988, pág. 15); o ouro (MARX, 2006, Livro I, sec I, cap III, § 3) ou mesmo o que domina todo o universo
musical “passando por Gershwin, Sibelius e Tchaikóvski, dominados por fetiches” (ADORNO, 1980, pág. 74).
2. No entanto, a estrutura geral do discurso é sempre a mesma: aponta-se o que, diante da razão e do senso comum, não
pode ter expressão ou representação: segregado no tempo (infância, primitivo) ou no espaço (selvagem, outra raça).
06/27/2021
JUSTIFICAÇÃO O termo FETICHISMO nasceu do choque
entre colonizadores e colonizados que foram
NECESSÁRIA E escravizados e tornou-se um operador
SUFICIENTE necessário à afirmação da ciência e da estética
DA RAZÃO modernas: para a delimitação do campo da
exclusão da razão e a desumanização do corpo
Pensamento perverso
do escravo.
06/27/2021
Logos, discursivo
Silogismo: VERDADEIRO OU FALSO.
Se as premissas são aceitas, então a conclusão
é necessária.
Dialético
DEMONSTRAÇÃO. Provas.
Entimema: VEROSIMILHANÇA.
Não apresenta premissas, baseia-se no senso
Retórico comum e certeza habitual.
06/27/2021
Gêneros do discurso
Tempo: Passado
Função: Acusação e defesa
Judicativo
Finalidade: Descoberta em cada caso
específico, do que é "Justo ou Injusto"
Tempo: Futuro
Função: Persuasão e despersuasão
Deliberativo
Finalidade: Provar que algo é profícuo ou
improfícuo
Tempo: Presente
Epidíctico, ou Função: Apreciar e depreciar
demonstrativo Finalidade: Indicar o que é honroso ou
desonhoroso
06/27/2021
ROSANE MAVIGNIER GUEDES, 2014, PÁG. 71
QUENTIN SKINNER, PÁG. 64
Segundo Aristóteles, quando uma censura se dirige a um outro
indivíduo, geralmente nos movemos pela cólera e queremos que o outro sofra, se
coloque em nosso lugar e reconsidere: está implícito no movimento a conciliação. Mas
quando a censura se dirige a um tipo de pessoas, a um perfil, não é a cólera que
prevalece, mas sim o ódio.
A cólera pode curar-se com o tempo; o ódio, não. A cólera procura fazer pena, o ódio
procura fazer mal. Porque o homem irado quer que a vítima saiba quem a feriu; o que
odeia não se importa com isso. O primeiro, à vista dos males sofridos pelo adversário, é
suscetível de sentir compaixão; o segundo não a sente em caso algum. É porque o
primeiro quer que aquele que provocou sua cólera sofra por seu turno; o outro quer que
o objeto de seu ódio seja aniquilado. (ARISTÓTELES, 2005, Livro II, § IV.IV.31)
06/27/2021
FETICHE E CASTRAÇÃO.
Se eu afirmar agora que o fetiche é um substituto para o
pênis, certamente causarei decepção. Apresso-me então a
acrescentar que não é o substituto de um pênis qualquer,
mas de um especial, bem determinado, que nos primeiros
anos infantis tem grande importância, porém é perdido
NÃO É RECONHECIDO COMO DOENÇA.
Não se suponha que essas pessoas tenham recorrido à
análise por causa do fetiche, pois ele é reconhecido como
anormalidade por seus adeptos, mas raramente percebido
como sintoma de doença; em geral parecem bem
satisfeitos com ele, e chegam a louvar as facilidades que
traz à sua vida amorosa. (245)
06/27/2021
FETICHISMO E DEPRAVAÇÃO.
As obras que sucumbem ao fetichismo e se transformam
em bens de cultura sofrem, mediante este processo,
alterações constitutivas. Tornam-se depravadas. (81)
FETICHISMO E ESCRAVIDÃO.
Sempre de novo os indivíduos ainda não inteiramente
coisificados querem subtrair-se ao mecanismo da
coisificação musical,estão entregues, porém na
realidade cada uma das suas revoltas contra o
fetichismo acaba por escravizá-los ainda mais a ele. (98)
06/27/2021
Espaço público:
ÁGORA E
ESPAÇO DE
DISCUSSÃO E
ASSEMBLEIA