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FOLHA DE S.

PAULO Qulnto-felra, 30 da maio de 1985 -35

ACOZINHA
OOSOL·
F.aeultura em ferTO
IM.MEIA-NOITE
do mineiro
neoconcreto DE 28 DE MAIO A 2 DE JUNHO• NO VIKINGS,
milcarde Castro: MAKSOUD PlAZA.
o humor em
tré& dimeni6ee Uma semana com a
delUlla
eetrutlll"II gastronomia escandinava
lna6liw sob a batuta de Ida Davldsen,
proprletárla do
''Osl<ãr Dãv1asen··· - 011'! "Cfo"S' •­
mais famosos restaurantes de
de novas linguagens, falecidos, res­ Copenhague, onde Ida
ANTONIO GONÇALVES FILHO Amilcar de Castro, 65 anos, que exerce sua arte com

S
Do lt•portogam Local pectivamente, em 1973 e 1980, apresentou sete trabalhos na 1 ª
Alguns dos trabalhos que integram Exposicão Neoconcreta. "Mas", con­ Insuperável mestria.
e o neoconcretismo, movi­ a eX?05ição do MAC fizeram parte da clui, "de certa maneira tomei outros Venha saborear as delícias
mento artístico que agitou histórica "1• Exposição Neoconcre­ rumos, apesar de reconhecer o mo­ do 'smorgasbord' : saboroso
os clrculos intelectuais ca­ ta" realizada em 1959, no Museu de vimento como de grande importância buffet com mais de 70 pratos
rioca e paulista no final da Arte Moderna do Rio de Janeiro, para uma \>e5<1uisa de origem da arte dinamarqueses, frios
década de 50 e inicio dos quando os artistas participantes (se­ brasileira' e quentes.
anos 60, constituiu uma tomada de te) lançaram um manifesto através Castro admite que jamais gostou
posição em facP. da arte não-figurati­ do suplemento dominical do "Jornal do �orne ''neo:concreto", "porque o • Almoço e Jantar diariamente. exceto
va "geométrica", classificada por do Brasil" (21 de março de 1959). almoço de sábado, dia 1 �-
Basicamente, o manifesto contestava movtmento foi, ao mesmo tempo,
um de seus mentores, o poeta e uma ruptura e um desdobramento do Reservas: 251-2233.
critico de arte Ferreira Gullar, como a "perigosa exacerbação racionalis­ concretismo, embora isso não se
uma "antropofagia legitima", ou se ta" da arte concreta, que roubava à aplique à minha experiência particu­

=
aeenas �ssou à história como uma arte, segundo os neoconcretistas, lar, porque mesmo antes de Max Bill Apoio 1/IU/..fil.J'
n.,.___,�
diluição do movimento concreto bra­ "tdda a autonomia, substituindo as introduzir a arte concreta em nosso
sileiro, como defende o ensaísta e qualidades intransferiveis da obra de meio, em 1951, já vinha fazendo
poeta Décio Pignatari, é o que os arte per noções da objetividade experiências nesse sentido",
visitantes da exposição "Rio: Verten­ cientifica".
te Construtiva" - aberta de hoje, a "Momento cruciol"
partir das 18h30, e até o próximo dia Re,,oluçi\o plástic:11
23 de junho, no Museu de Arte Para o crítico e escritor Ronaldo
O poeta Ferreira Gullar, 54 anos,
Contemporânea CMAC), no Ibirapue­
ra - terão oportunidade de julgar,
um dos que assinaram o manifesto,
Brito, 35, autor do livro "Vértice e
Ruptura do Projeto Construtivo Bra­ VIKINGS
via, também na poesia concreta, o sileiro" (lançado este ano pela Fu­
observando 45 obras realiwdas no mesmo objetivo mecanicista da pin­
período. narte), "o neocroncretismo foi um
tura e, hoje, decorridos 26 anos da momento crucial da modernidade no
Depois de São Paulo, a mostra exposição, defende ainda a posição Brasil, que retomou a questão da
seguirá, provavelmente, para Porto de que os ncoconcretos provocaram
Alegre, Santa Catarina e Curitiba.
Provavelmente, porque o seguro das
uma verdadeira "revolução" nas
..contemporaneidade da arte pela ex­
plosão interna da tradição construti­ E MAIS:
artes plásticas brasileiras. "Os neo­ va, uma questão obscurecida por
obras (avaliadas em Cr$ 1 bilhão> é concretos tiraram a pintura do espa­
alto e foi assumido apenas pelo causa do mercado. Hélio Oiticica e
ço bidimensional, criando formas
+-
Banerj. Lygia Clark, para mim, permanecem
abertas à participação do espectador, como os dois principais nomes desse
Os nomes dos artistas participantes além de terem rompido os limites
do movimento - sediados, na época, movimento, datado, é certo, mas
que sepnravam os gêneros - pintura, muito importante."
no Rio e em São Paulo - ao menos escultura 1 poesia - e deixado uma
escaparam ilesos dessa batalha ideo­ herança mestimãvel para os novos Quanto às interminãvt;is discussões
lógica regionalista, onde o raciona­ artistas, por exemplo Rubem Ger­ entre concretistas paulistas e neo­
lismo concretista se opwlha à nega­ chman, que bebeu na fonte dos concretistas "cariocas" (é bom lem­
ção das atitudes"cientificistas pelos brar que dos sete artistas que Especlolld� francesas.
neoconcretos. São todos célebres e neoconcretista:& ". Dejeuner Expiess: de segundo o sexto,
Gullar, entretanto, não nega que os assinaram o manifesto apenas Lygia dos 12 Os l4:30n
extremamente considerados, hoje: neoconcretistas sofriam do "mal da Pape era do Rio), Brito prefere não Jantar: de segundo o sõbodo,
Hércules Barsotti, Alulsio Carvão, época". "Desligados da realidade levar a sério "esses episódios anedó­ o partir dos 19 30h
Amilcar de Castro, Willys de Castro, nacional, eles representavam o últi­ ticos, porque arte nunca foi um Entre os opções. 'Menu du Jour' - o que hó
Lygia Clark, Hélio Oiticica, Lygia mo ramo de uma experiência van­ problema de geografia". de melnor no época em comes. legumes
Pape, Décio Vieira, Osmar Dillon, guardista européia que aqui veio e verduros E 'Menu Gostronomlque'
Franz Weissmann e os poetas Ferrei­ florescer, acentuada pela 1• Bienal Concretoe contra nc:oconcretOtl • do entrado oo calê com petít fours •
ra Gullar, Fortes de Almeida, Rcy­ de São Paulo, cm 1951, com a O poeta e critico Ferreira Gullar
e especiolídodes muito saborosos
naldo Jardim e Theon Spanudis. E, O requinte noturol do fronço presente
introdução das obras e idéias de Max tenta provar que "a arte concreta em cada detalhe
ao lado destes, o critico Frederico Bill" (então diretor da Escola Supe­ chegou a uma concepção teórica da Suave músico oo vtvo
Morais, 49 anos, curador da mostra, rior da Forma, de Ulm, Alemanha forma que terminou por limitá-la a
acrescentou mais ai�. que inte­ Ocidental). determinados es9uemas percepti­
gram o ciclo de exposições sobre arte
no Rio de Janeiro e que a Galeria de
Rctom11d11 e rupturu
vos", no livro • Etapas da Arte
Contemporânea" (Nobel, 263 pãgs.,
131:LAVISTA
Arte Banerj vem realiwndo desde Cr$ 48 mm, que estará lançando
setembro do ano passado. Dos artistas que participaram do hoje, às 18h30, durante a inauguração Cul!nõrio brosilaíro e internocionol
movimento neoconcreto - inclusive da exposição "Rio: Vertente Constru­ Aberto 24 h01as por dia.
Antiga pol�micn a5$inando o "manifesto", em 59 - No almoço e jontor de segundo a sexto,
No Rio, a atual exposição do MAC poucos ainda defendem com ardor tiva". Mas o poeta Décio Pignatari, sempre um proto especlol com
conceitos emitidos na época, prefe­ 53, continua achando que o neocon•
foi dividida em três micleos distintos: cretismo "surgiu mais de urna ruptu­
trraststlvel toque coseíro
"Ne.o concretismo/ 1959-1961' '. rindo situá-lo como uma "fase". E o Dlorlomente, o partir dos 2311 e por todo a
"Grupo Frente/ 1954-1956'' e "l ª caso, por exemplo, de Lygia Pape, 47 ra regionalista entre Rio e São madrugado. Mexido a Sõo. Pllulo Mtígo
Ex�içâo Nacional de Arte Abstra­ anos, que recentemente fez uma Paulo". Dobrodlnho O brosile11t1 e
Para Gullar, os artistas neoconcre­ Picadinho à carioca
ta', realizada no Hotel Quitandinha, individual na Galeria Arco, em São oe domingo a sexta, CllO dos 5 estrelos pertelto.
em 1965. "Agora as três mostras Paulo t"O Olho do Guará"). "Parti­ tos "apenas rejeitavam o primado da kJs sõbodos, o buMet-lel!OOda
estão reunidas porque o espaço do cipei efetivamente do grupo que era, razão sobre a sensibilidade". mais disputada dt, c1dodo
MAC é maior, o que possioilita ao de resto, muito interessante. Inven­ "Qual nada", diz Pignatari, "Pa­ Pragromo cena ae bon gourmel
visitante observar, de uma só \!ez, o tava-se muito e a liberdade de rece natural que os artistas concre­
rico filão construtivo da arte abstrata criação era extrema, mas não me tos, que moravam numa metrópole
brasileira dos anos 50, sediada no considero, hoje, uma neoconcretista, industrial, tivessem uma visão me­ ,,,�zzu111110
Rio", explica o curador Frederico até mesmo porque o movimento nos intuitiva da arte. Os cariocas f/rt lOS l>O \l◄N t /tl<A\
Morais, não sem antes esclarecer que morreu. Prossegui; depois, com ou• sempre tiveram apoio oficial. Nós, de Wnch Express: de segundo o sexto,
nlo pretende, com essas exposições tros tipos de experiências que não se S.'io Paulo, éramos a 'legião estran­ dos 12õs 14 30h.
\em particular a dos artistas neocon, enquadram exatamente nessa trmli, geira', porque não ne�ligenciávamos Almoço rópklo, econômico, delicioso.
cretistas) reeditar a antiga polêmica c;do", diz ela. os aspectos ideológ1c<r da arte. À noite, àe segunda a sõbodo, trutas do mar
entre Rio e São Paulo, "mas apenas Parece claro para quem viu a Trabalhávamos jW1to ao 'Partidão' e. dos rios preporodos na chapa. bife de
oferecer elementos para uma reOe­ ültima exposição de Lygia Pape. Se <Partido Comunista Brasileiro), por­ picanha e especialidades fontõsticas. do
xão por parte dos críticos, historiado­ os neoconcretos, na é�a. acusavam que nossa luta era para fazer uma cullnõrla japone5Q: nlgirl-sushi, soshiml
res, pesquisadores, estudantes e ar• a ciência e a tecnologia de ofuscarem arte que pud�e ser entendida por soshiml de logosto, telll«J-maki,
tistas". Elrmentos para tal avaliação certos artistas. que recorriam a todos. Os neoconcretistas eram sub:­ koppo-makl e mlso-Shltu
jetivistas, apesar de, hoje, críticos Umo panorômlco fosclnanle do
o �bllco tem de sobra: ao todo s.'\o 97 noções objetivas para aplicá-las co­ Atnum LobbY do Moksoud. Plozo
trabalhos assinados pelos principai$ mo método criativo lcritica aos como Aracy Amaral e artistas como
repttSentantes dos trêS movimentos, concretos), hoje parccem seduz.idos Lygia Pape distorcerem a verdade,
do meticuloso lvan Serpa ao libertá• pelo rigor do método. ''Mudei pou• afirmando que eles tinham uma
rio Oiticica, incansável investigador co", sentencia o escultor mineiro posição poUtica de esquerda".

Pizzas, massas. queijos. tondues,


ecrne-s e vlnllos,
Aberta todos os dias. a partir das 1 S.'1
Pluas. tnd1V1dua1s. moSSQs ftescos. com
molhos. dlVill'$QS e, entre outros
vscolope de Vitela õ pormeg1ana

uloCettw:1

St,ows da segundo o sábado com o


Banda 150, Johnny AI!. &ob Mckay e os.
matQres.astros ua. musico mundial
Sàbado, l� dit Junho, õs 23h. último dia do.
loqulnhoem "Müslctu Latcc". Um shoWde.


virtuosismo oo VtQlõo com dllQÇQo artlstlco.
de Ftrnanda F<lro & dlreç<!o do. produçõo de
Fled Rossl. Adqui,o seus Ingressos agora ou.
18$�!'/EI pelo 181 25l · 2233

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