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NOTAS TESE
DOUTORADO
(Arnaud, 2009, page 55)
{verde e roxa, amarela e azul), por serem cromaticamente mais vivas, equilibram a atenção. O
resultado é uma imagem bastante balanceada, apesar da complexidade, mas que, como as
obras de artes plásticas, convida a leituras múltiplas.
Quando abrimos um jornal diagramado por Amílcar, a plenitude de uma experiência de leitu
ra se comunica antes mesmo que leiamos uma linha. A página faz sentido porque ali tudo é
significativo, inclusive os espaços brancos, e isso nos proporciona a impressão de que, atra
vés daquele bombardeio de notícias, nós possamos interpretar o mundo. Se recebermos um
convite diagramado por Willys, a experiência estética já começou, porque o cartão que temos
em mãos nos leva a uma série de escolhas perceptivas mais complexas e intensas do que na
vida comum. Na frente de um convite de Willys, como na frente de uma obra sua, nos senti
mos um pouco mais inteligentes.
Pelo caráter afirmativo de sua presença, o jornal de Amílcar já é um fato, e não a imagem ou a
descrição de um fato. Pela maneira dubitativa com que se insere no mundo, a peça gráfica de
Willys não é apenas produto de um pensamento, mas pensamento em ato, tanto nosso quan
to dele. Nos dois casos, não se trata de conferir à peça gráfica um estatuto de obra de arte
(isso ainda seria uma maneira de escamotear o problema), mas de conferir ao objeto de uso,
além de uma perfeita funcionalidade, a espessura e a abertura estética que uma fruição sem
pre mais acelerada tende a cancelar.
Lorenzo Mamml
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