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Acessibilidades em sua dimensão artístico pedagógica

São Paulo, 2 de maio de 2023

O GT AcessibilidadeS pretende dar consequências artísticas, pedagógicas e históricas


ao trabalho do Gt AcessibilidadeS [no plural], que há três anos vem acumulando
saberes, práticas e experiências dentro e fora do programa Vocacional. 
A intenção é interseccionalizar questões que envolvem luta por acesso pensado em
sua dimensão política, social, arquitetônica, comunicacional, de mobilidade,
permanência, cultural e artística, em um primeiro momento abordando o capacitismo
e o etarismo. 
Pretende criar, promover e estimular partilhas, reflexões e espaços de acolhimento.

1. PEDAGOGIAS
O primeiro ponto que integra todo processo coletivo no Programa Vocacional é o
encontro de orientação e a reflexão artístico pedagógica interna e externa, na
construção de uma política pública.
A reflexão artística e pedagógica deve estar, nesse sentido, integradas a um
pensamento de caráter acessível, com materiais, referências, práticas e procedimentos
que estejam abertos também a corpos e corpas não normatives.
É necessário o preparo para proporcionar encontros de pesquisas de artistas com
deficiências e artistas que podem não se encaixar por questões diversas, como o
capacitismo e o etarismo, do ponto de vista das pedagogias: o cuidado na seleção de
assuntos, a forma de abordagem, a especificidade dos grupos nos conteúdos e nas
aplicações corporais e físicas.
Consideramos importante que as questões sobre preconceitos por capacitismo e
etarismo (muitas vezes dissimuladas) sejam estendidas para além de nossas reuniões e
incorporadas na prática pedagógica, levando-as aos encontros com Vocacionades.
De onde partimos, partimos para falar de AcessibilidadeS? Não é possível avançar em
acessibilidades sem avançar sobre qual o conceito e lugar que partimos para falar a
respeito.  Pois se não houver definição desse espaço e de como esse espaço é grande a
chance de gerar equívocos sobre acesso.
Quais outras questões podem brotar desse lugar? Quais pedagogias podemos explorar
que falam de acesso?
É preciso compreender a amplitude e as camadas que se envolvem acessibilidades,
com seus inúmeros campos artísticos de referência:  O que é acessibilidade nos
territórios pensando em campos políticos, artísticos e sociais? Pensando Espaço, Lugar,
Paisagem, a partir do texto: “O espaço, O lugar, O território, A paisagem: uma visão
humanista” (p.81-89 do documento Gênero, Trabalho e Migração- Celso Antônio
Spaggiari Souza.
REFERÊNCIAS TEÓRICAS
Pensar, pesquisar e partilhar referencias, textos e material de estudo: de onde partem
suas pesquisas? quais artistas tem integrado suas referências nas orientações?
Enviamos em ato de inscrição do GT Acessibilidades uma lista de artistas PcDs. São
artistes que desenvolvem sua poética de forma plena, sem uma caixinha que contenha
o trabalho pedagógico ou implique em diminuição do protagonismo. Arte é arte, como
diria a pesquisadora e artista Estela Lappone e essa lista de artistas reforça o fato de
que não estamos falando apenas de acessibilidade como um campo específico de
atuação e criação, mas como um campo expandido de práticas artísticas pedagógicas.
Caso contrário poderíamos cair em um pensamento de “cercadinhos da inclusão”,
como diz o performer e dançarino Edu. O.
Também na proposta elencamos uma série inicial de bibliografia e material de apoio e
referência, que deve ser trabalhada ou consultada na medida das necessidades
temáticas.
MATERIAL DE ORIENTAÇÃO
É importante também elaborar e construir propostas de atuações em Ações culturais:
exibição de vídeos, filmes, sobre os temas referidos, Acessibilidades, sessões com
Artistes Vocacionades, em diálogos com equipamento e entorno.  
AÇÕES CULTURAIS
Ações culturais como rodas de conversa e preparação de materiais artísticos
pedagógicos, envolvendo Vocacionades, equipamento e comunidade. Trazendo
também aspectos como: as necessidades de estruturas favoráveis que vão de
condições arquitetônicas, ao preparo dos equipamentos, respaldo de informação por
parte dos gestores sobre diversidade.  

2. ACOLHIMENTO
Outro ponto que faz parte da concepção artístico pedagógicas é o acolhimento. É
fundamental a busca por formas de trabalhar juntes para acolher da melhor forma
possível os vocacionades PCDs e 60+ sem esbarrar em capacitismo ou etarismo.
Para isso é importante um resgate cultural e histórico, identificando e elencando
pedagogias e o estudo da ancestralidade das pessoas com deficiência.
Por fim, criar ambiente adequado para o bem estar e acolhimento das pessoas,
evitando termos, atitudes, movimentos corporais inacessíveis para um determinado
grupo, criando alternativas de trabalho em diversos graus e formas de pertencimento.

3. ACESSIBILIDADES
Deve-se pensar aqui as acessibilidades físicas, comunicacionais e culturais.
FÍSICAS
Escolha e preparação do espaço de orientação, identificação de barreiras ou
dificuldade de acesso.  Pensar nas estruturas, identificando o espaço físico e emocional
adequado para encontros e localização nos equipamentos, a fim de criar e otimizar a
inclusão, pertencimento e acolhimento de Artistes Vocacionades, Artistes
Orientadores, participantes diversos.

CULTURAIS
Abordagens que resgatem a ancestralidade PCD, o contexto da luta pela acessibilidade
e sua história.
COMUNICACIONAIS
Apresentar este material baseado em bibliografias sobre os referidos assuntos, com
apontamentos levados aos encontros semanais - Descrições e LIBRAS. Leitura de textos
com Vocacionades, instigá-los ao olhar sensível para além dos processos artísticos, dos
encontros. A arte antes da Arte.
Incorporar a autodescrição aos encontros, aos processos, às Ações do Programa.
Enfim, estimular os vocacionades a terem esta “conduta”, que seja praticada por
todes, não só no Vocacional, como também no cotidiano, na vida. 
ATITUDINAIS
Os processos artísticos pedagógicos com Vocacionades e em encontros entre Artistas e
Equipes devem sempre levar em conta a reflexão sobre as barreiras atitudinais, ou
seja, formas de tratamento, jeito de abordagem e atitudes pensadas do ponto de vista
da plena participação e luta contra o constrangimento de pessoas com deficiência e
pessoas de terceira idade no Programa.  Essa construção advém da prática de
Supervisão de Formação SMC, Coordenação Artístico Pedagógica, Coordenação de
Equipe e Artistas Orientadores em suas atribuições no processo de formação da
política pública.

Angélica Rovida
Dança, Sto. Amaro (Sul), AO
Antonio Herci
Música, Grajaú/Parelheiros (Sul), AO 
Desiree Helissa
Artes Visuais, Jaçanã/Tremembé (CO/Norte), CE 
Glauce Teixeira
Teatro, Freguesia/Brasilândia (CO/Norte), CE 
Tânia Granussi
Teatro, Butantã/Centro (CO/Norte), AO

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