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1. Introdu•‹o
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encontramos termos espec’ficos como Òprojetos sociaisÓ e Òorganiza•›es n‹o
governamentaisÓ (ONGs). De acordo com Kleber,
As ONGs s‹o espa•os que buscam a inclus‹o social atravŽs do acesso aos bens
culturais. Isso se d‡, de maneira geral, atravŽs da oferta de atividades art’sticas, esportivas,
ecol—gicas, de gera•‹o de emprego e de profissionaliza•‹o (ANDRADE, 2015a, p. 58). No
campo estŽtico destacam-se as aulas de mœsica, dan•a, artes visuais e teatro. As atividades
t•m um car‡ter lœdico, flex’vel e procuram atender os interesses e necessidades do pœblico-
alvo.
Para Kater (2004, p. 46) as propostas do Terceiro Setor podem ocorrer em diversos
locais, incluindo hospitais, abrigos, asilos, centros de atendimento e de reclus‹o. Por meio de
a•›es que buscam a transforma•‹o social, as a•›es propostas promovem o respeito ao
pr—ximo, o sentimento de pertencimento, a aceita•‹o da diversidade e a estimula•‹o de
aprendizagens diversas, potencializando as oportunidades de rela•›es interpessoal e, em
alguns casos, uma futura profissionaliza•‹o.
Nesse contexto, a educa•‹o musical tornou-se uma importante ferramenta,
apresentando-se como uma ponte de acesso aos bens culturais, principalmente para crian•as
e jovens em situa•‹o de vulnerabilidade social. Guazina (2010) enfatiza os benef’cios das
pr‡ticas musicais em projetos sociais, bem como a possibilidade de construir novas
oportunidades de vida:
A atua•‹o dos projetos tem sido marcada pela concep•‹o de que as pr‡ticas
musicais podem construir novas oportunidades de vida. E, mais alŽm,
podem, ainda, modificar as realidades sociais de maneira positiva ao
realizarem Ôtransforma•‹o social pela mœsicaÕ (ou Ôinclus‹o social pela
mœsicaÕ) no enfrentamento das adversidades como desemprego, acesso
prec‡rio ˆ educa•‹o e cultura, o enfrentamento da viol•ncia (boa parte dela
advinda do Estado), atŽ lutas por direitos e legitimidade. Os projetos sociais
s‹o uma forma de levar educa•‹o de forma democr‡tica de levar educa•‹o
e cultura para a sociedade. (GUAZINA, 2010, p. 942).
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musicaliza•‹o e forma•‹o de grupos corais. Entre essas modalidades, a pr‡tica coral
apresenta-se como uma das mais acess’veis, pois, alŽm de caracterizar-se como uma
atividade coletiva o seu desenvolvimento pode ocorrer em espa•os adaptados. Andrade
(2015) menciona alguns aspectos para que a pr‡tica coral seja efetivada em projetos sociais:
A busca33 por artigos publicados nos Anais dos Congressos Nacionais da ABEM,
realizados nos anos de 2010, 2013, 2015 e 2017, revelou oito trabalhos voltados para a
pr‡tica coral em projetos sociais: dois artigos em 2010; um artigo em 2013; e, cinco artigos
em 2015. ƒ importante mencionar que, n‹o foram identificadas publica•›es que abordassem
o canto coral no Terceiro Setor nos Anais de 2017. A Tabela 1 apresenta as informa•›es
gerais dos artigos identificados:
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Os Anais foram acessados atravŽs do site da associa•‹o: http://abemeducacaomusical.com.br/anais_abem.asp
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Quadro 1 - Lista de artigos identificados
Autores T’tulo do artigo Ano de
publica•‹o
1. SILVA, Alessandra Araœjo da. Saudades do Nordeste: pr‡ticas 2010
musicais em um espet‡culo de coro
infantil
2. BRITO, Mikely Pereira. Est‡gio em canto coral: uma 2010
experi•ncia com participantes leigos
3. CARVALHO, Jo‹o Gabriel Coral Nova Sinfonia: Uma an‡lise da 2013
Santana; BATISTA, Leonardo forma•‹o musical por meio do Canto
Moraes. Coral num projeto social
4. BARROS, Clara Bezerra Nunes. Canto coral e Projeto Social: 2015
transforma•›es sociais a partir da
experi•ncia educativa e estŽticas
5. FONSECA, Claudia Cavalcante; Pr‡tica coral no Programa Conquista 2015
DIAS, Leila Miralva Martins Crian•a: um estudo de caso em
andamento
6. ANDRADE, Klesia Garcia O coro infantil, seus ensinos e suas 2015b
aprendizagens: perspectivas te—ricas e
metodol—gicas de uma pesquisa no
Projeto ÒUm Canto em Cada Canto
7. ANDRADE, Klesia Garcia A a•‹o pedag—gica no Projeto ÒUm 2015c
Canto em Cada CantoÓ
8. ANDRADE, Klesia Garcia ÒUm Canto em Cada CantoÓ: o coro 2015d
infantil e suas perspectivas mœsico-
educativas
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por parte dos coralistas e a falta de um trabalho de educa•‹o musical abrangendo os aspectos
de percep•‹o, afina•‹o, concentra•‹o e coordena•‹o motora, dentre outros, que poderiam
colaborar com o processo de aprendizagem do repert—rio.
O artigo de Carvalho e Batista (2013) relata uma experi•ncia de observa•‹o
participativa nos ensaios do coro de adolescentes no projeto social Ag•ncia do Bem,
localizado no Rio de Janeiro-RJ. Os autores tinham por objetivo analisar e entender o
processo de musicaliza•‹o nos ensaios do grupo, compreendendo o processo de ensino-
aprendizagem musical na pr‡tica coral. Para fundamentar o relato, foram citadas as
propostas de mœsicos e educadores que consideram a ludicidade, a criatividade e a
musicaliza•‹o como as bases do ensaio coral. Carvalho e Batista concluem a discuss‹o
enfatizando as possibilidades do ensino da mœsica atravŽs de uma pr‡tica coletiva e a
import‰ncia da prepara•‹o do regente para resolver v‡rias quest›es que envolvem o
cotidiano do coro.
A pesquisa desenvolvida por Barros (2015) apresenta as transforma•›es sociais a
partir de uma experi•ncia educativa e estŽtica no coro infanto-juvenil do Projeto Jacques
Klein, atendidos pelo Instituto Beatriz e Lauro Fiœza, na periferia de Fortaleza/CE. Barros
tinha por objetivo investigar as possibilidades de transforma•›es pessoais e sociais a partir
da experi•ncia estŽtica, vivenciada atravŽs da educa•‹o por meio do canto coral. A partir das
observa•›es das viv•ncias das crian•as, nas atividades de mœsica e nas rodas de conversa,
Barros conheceu o cotidiano dos alunos, suas hist—rias de vida, da comunidade e de suas
fam’lias. Desta forma, a autora compreendeu que o coral se caracterizava como uma
estratŽgia pedag—gica para o reestabelecimento da sensibilidade nas rela•›es humanas, alŽm
de estimular a verbaliza•‹o de ideias e a expressividade dos participantes.
O artigo de Fonseca e Dias (2015) apresenta um recorte da pesquisa de mestrado.
As autoras discutem as intera•›es e aprendizagens musicais na pr‡tica coral, tendo como
campo emp’rico um coro infantil inserido no Programa ÒConquista Crian•aÓ, administrado
pela Secretaria de Bem-Estar Social da prefeitura de Vit—ria da Conquista/BA. Fonseca e
Dias compreendem a pr‡tica coral como um campo favor‡vel para as intera•›es sociais.
Nesse contexto, em que a ludicidade coopera para o envolvimento dos participantes, Ž
poss’vel desenvolver habilidades musicais, aprimorar as rela•›es sociais e a constru•‹o de
novas rela•›es de amizade, trabalhar a autoestima, a confian•a e o respeito mœtuo entre os
participantes. Para as autoras, a estimula•‹o de tais aspectos favorece um ambiente musical e
socioeducativo de transforma•‹o significativa.
Nos Anais de 2015, foram encontrados tr•s artigos publicados por Andrade. Cada
artigo relata trechos espec’ficos da pesquisa de mestrado. O objetivo geral do estudo foi
compreender as concep•›es, conteœdos e metodologias de ensino e de aprendizagem que
caracterizam a forma•‹o musical no Projeto ÒEduca•‹o Musical AtravŽs do Canto Coral Ð
um canto em cada cantoÓ (Projeto UCCC). No primeiro artigo (2015b) Andrade evidencia os
aspectos culturais e sociais relacionados a pr‡tica da educa•‹o musical, mediados pela
atividade coral. Por meio do di‡logo entre a Educa•‹o Musical e a Etnomusicologia, as
an‡lises consideram o contexto social em que o Projeto UCCC est‡ inserido e a
singularidade de sua proposta mœsico-educativa.
O segundo artigo (2015c) descreve a a•‹o pedag—gica no Projeto UCCC. Segundo
Andrade, a a•‹o pedag—gica tem como base o repert—rio trabalhado. Por meio do ensino e
aprendizagem das can•›es, os alunos t•m contato com no•›es b‡sicas de tŽcnica vocal
(resson‰ncia, respira•‹o, articula•‹o, entre outros), hist—ria da mœsica, par‰metros do som,
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forma, g•neros e estilos musicais. A partir dessa pr‡tica os alunos tambŽm vivenciam
conteœdos n‹o propriamente sonoros como, por exemplo, organiza•‹o, respeito, postura etc.
No terceiro artigo, Andrade (2015d) contextualiza os aspectos hist—ricos do Projeto UCCC.
A autora descreve como os ensaios s‹o organizados, o processo de escolha das escolas
municipais que integram o Projeto, as caracter’sticas do pœblico-alvo (alunos) e os
profissionais envolvidos diretamente com os ensaios e as apresenta•›es.
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976 artigos apenas 8 discutem o coro em projetos sociais Ð nota-se a import‰ncia da
singularidade nas discuss›es de cada trabalho e de como eles dialogam. Observa-se que, de
maneira geral, as pesquisas est‹o vinculadas a dois tipos de perspectivas de pr‡tica coral: 1)
O coro como proposta de musicaliza•‹o (SILVA, 2010; BRITO, 2010; CARVALHO,
BATISTA, 2013; ANDRADE, 2015b, 2015c, 2015d), e 2) As transforma•›es, intera•›es e
fatores sociais a partir das viv•ncias corais (BARROS, 2015; FONSECA, DIAS, 2015).
Os artigos que apresentam discuss›es sobre a metodologia de ensino e o cotidiano
educativo no canto coral revelam pr‡ticas fundamentadas nas perspectivas pedag—gicas dos
mœsicos e educadores ƒmile Jacques-Dalcroze, Keith Swanwick, Carl Orff, Zoltan Kod‡ly e
Murray Schafer. Entretanto, os autores dos artigos n‹o apresentam que tipo de atividades
propriamente ditas s‹o propostas a partir das perspectivas desses educadores.
Considerando que o Terceiro Setor se caracteriza por a•›es da sociedade civil na
democratiza•‹o no acesso aos bens culturais, emerge uma lacuna sobre inclus‹o na
perspectiva das pessoas com defici•ncias f’sicas e/ou intelectuais. Os oito artigos n‹o
discutem inclus‹o considerando este pœblico-alvo. H‡, ainda, aus•ncia de relatos sobre
dificuldades e conflitos encontrados ao longo dos processos mœsico-educativos, da pr‡tica
coral, no Terceiro Setor. As publica•›es evidenciam, apenas, os bons resultados e os
benef’cios, abordando de maneira superficial os desafios cotidianos da pr‡tica pedag—gica.
4. Considera•›es finais
Refer•ncias
ANDRADE, Klesia Garcia. Projeto ÒUm Canto em Cada CantoÓ: o coro infantil, seus ensinos e
suas aprendizagens. 2015a. Disserta•‹o (Mestrado em Mœsica) - Universidade Federal da Para’ba,
Jo‹o Pessoa, 2015.
ANDRADE, Klesia Garcia. O coro infantil, seus ensinos e suas aprendizagens: perspectivas te—ricas
e metodol—gicas de uma pesquisa no Projeto ÒUm Canto em Cada CantoÓ. In: ENCONTRO
NACIONAL DA ABEM, XXII, 2015b, Natal. Anais... Natal: ABEM, 2015.
ANDRADE, Klesia Garcia. ÒUm Canto em Cada CantoÓ: o coro infantil e suas perspectivas mœsico-
educativas. In: ENCONTRO NACIONAL DA ABEM, XXII, 2015d, Natal. Anais... Natal: ABEM,
2015.
ANDRADE, Klesia Garcia. A a•‹o pedag—gica no Projeto ÒUm Canto em Cada CantoÓ. In:
ENCONTRO NACIONAL DA ABEM, XXII, 2015c, Natal. Anais [...]. Natal: ABEM, 2015.
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BARROS, Clara Bezerra Nunes. Canto coral e Projeto Social: transforma•›es sociais a partir da
experi•ncia educativa e estŽticas.Ó. In: ENCONTRO NACIONAL DA ABEM, XXII, 2015, Natal.
Anais [...]. Natal: ABEM, 2015.
BRITO, Mikely Pereira. Est‡gio em canto coral: uma experi•ncia com participantes leigos. In:
ENCONTRO NACIONAL DA ABEM, XIX, 2010, Goi‰nia. Anais [...]. Goi‰nia: ABEM, 2010.
CARVALHO, Jo‹o Gabriel Santana; BATISTA, Leonardo Moraes. Coral Nova Sinfonia: Uma
an‡lise da forma•‹o musical por meio do Canto Coral num projeto social. In: ENCONTRO
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FONSECA, Claudia Cavalcante; DIAS, Leila Miralva Martins. Pr‡tica coral no Programa Conquista
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Grande do Sul, Instituto de Artes, Departamento de Mœsica, Porto Alegre, 2006.
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SOUZA, Jusamara. Educa•‹o musical e pr‡ticas sociais. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 10, p.
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