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ALGUMAS EXPOSIÇOES COLETIVAS


1953 -
li Bienal de Sao Paulo.
1954 -
III Salão Nac1ona1 de Arte Moderna- R1o de Jane1rci
1955 -
III Bienal de São Paulo
1956 -
· Pintura Brasileira Contemporânea - Montev1deu -
Uruguai.
1959 -Apresentação do Grupo Neoconcreto- MAM. RJ.
1959 - V Bienal de São Paulo
1960 - XXX Bienal de Veneza
1960 - Expos1çáo itinerante pela Alemanha.
1960 - Museu de Arte Moderna de La Paz- Boliv1a
1960 - Museu de Arte Moderna de Nova York - EUA
1962 - XXXI B1enal de Veneza
1962 - Apresentação de art1stas brasile1ros na· The Pan
American Union -Washington O C.· EUA.
1962 - Concorre ao Prém1o lnternàc,onal do Instituto
Di Te/la- Buenos Aires- Argentma.
1963- ·Mostra da Arte Brasileira· - Tneste · ltal1a
1963 - Art Gallery of lhe Pepsi-Cola Co -Nova York - EUA.
1964 -··o HoJe de Amanhá ... Museu de Arras- França
1964- ··1 . ·Festival de Arte Moderna da Arner1ca Latina -
S1gnals- Londres- Inglaterra
1964 - ·Movimento Ir"- Galerie Den1se Rene- Pans. Franca
1965- "Antologia da Escultura Movei· - Signals London ·
Londres- Inglaterra
, g55 - Arte e Movimento - Arts Council- Ed1nbur·go-
Inglaterra.
1965 - Arte e Mov1mento -Museu de Arte Moderna de
Kelvingrove e Galeria de Arte Moderna de Kelv1nqrove-
Glasgow- Escoc1a.
1965 - Obtectifs 65 .. - Galene de la L1bra1r1e Angla1se- Pans-
França.
1965 - Sono-Montage· - Hampstead Arts Festival- Londres-
Inglaterra.
1965 - Arte-Ciénc1a · - Univers1ty of Liverpool Students Un1on ·
Liverpool- Inglaterra
1966 - Nova Ob]8t·iv1dade Brasile1ra - MAM. RJ
1966 - IX Bienal de São Paulo
1969 - Kunst Ais Spiel Sp1el Alskunst -Alemanha
1969- ·Bonalum1-Ciark-Cruz D1ez - Galena ME Thelen-
Essen- Alemanha.
1969- 24eme Salon Des Realites Nouvelles· - Pans- Franca
1969 - Simposium de Arte Sensonal .. - Californra- EUA
1970 - .. Bienal de Medellín Colteger .. - Medellin- Colomb1a
1970 - 'Kolner Kunster Mark!' - Colón1a- Alemant1a.
1970 - .. Arts Counc1l of Great Bntam .. - Londres- Ing laterra
1970 - Museu de Arte Moderna- Oxford- Inglaterra.
EXPOSIÇÓES INDIVIDUAIS
• Galene de L lnst1tute Endoplaslique- Parrs- Fr;wca. 9S2
• M1nisterio da Educação e Cultura - R10 de J;me1ro. 1952
• Galena Bom no - R1o de Janerro. 1960.
• Louis Alexander Gallery- NovtJ York- EUA. 1963
• Museu de Arte Moderna- Rio de Jane1ro. 1963.
• Sala Espec1al da Bienal de Sao Paulo. 1963.
• Studium Generale Technrsche Hochschule 1Max Bense1-
Stuttgart- Alemanha. 1964
• Signals- Londres- Inglaterra. 1965
• Sala Espec1al na I B1enal da Bah1a 1966
• A Casa e o corpo .. - MAM. RJ- 1968
• Sala Especial na B1enal de Veneza Icom retrospectiva de 1 O
anos). 1968.
• Galeria M.E. Theler- Essen- lnqlélterra. 1968
1970 a 1975 - Professora na Sorbonne- F'ans - Francél
1978 - 1980 -Terap1a 1nd1vldual com Ob]etos rel<1c1onars . Bras11
1980- Nomeada Académ1ca da ltal1a. pelo con1unto de obrél.
titulo recebido atraves de medalha de ouro ern Pam1;1

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Os orversos movimentos de vanguarda ocorridos
a partir d a Exposição Neoconcreta no Rio de
Janeiro. em 1959, participam de uma preocupa-
ção comum - acionar de maneira permanente
os mecanismos da experimentação. A produção
nascida da utilização das várias linguag ens
experimentais correntes, rotuladas como nova fi-
guração, happening, arte pop. arte cinética, arte
conceituai, body art, video art etc., veio se agru-
pando, de 1959 até hoje. em vários momentos
vanguardistas, alguns já bem definidos historica-
mente, como, por exemplo, a Nova Objetividade
ou o Tropicalismo.
É propósito desta Coleção documentar a obra de
alguns dos artistas que participaram ativamente
desse período, sem se preocupar com a análise
exaustiva dos movimentos mais representativos
nem com a dissecação de cada uma das lingua-
gens experimentais mencionadas, não se esque-
cendo de que existem proposições que esca-
pam de uma ótica estritamente visual. E como
também existem trabalhos que, por sua natureza,
tendem ao desaparecimento completo, é essen-
cial ressaltar a importância da documentação,
em livro, desta produção específica.
Por último, a FUNARTE espera, através da Cole-
ção, abrir a um público maior a possibilidade de
tomar contato com a reflexão e com o debate
sobre as tendências atuais e futuras das artes
visuais brasileiras.

EQUIPE EDITORIAL
Roberto Parreira. Jayme Frejat e Magda Maciel
Montenegro.
Projeto da coleção: Afonso Henriques Neto.
Eudoro Augusto Macieira e Vera Bernardes.
Preparação de texto e legendas: Afonso Henriques
Neto.
Projeto gráfico: Sulamita Danowski e Vera Bernardes.
Produção gráfica: Sérgio de Garcia.

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ARTE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

LYGIACLARK

Textos de Ferreira Gullar


Mário Pedrosa
LygiaCiark

Edição FUNARTE- Rio de Janeiro 1980

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M e s i nto sem categoria , tortos, sou uma velha de 5
onde meu lugar no mundo? 5.000 anos de idade. Com-
Tomo horror a ser cataliza- preendo Goya pela primeira
dora de minhas proposi- vez. Da varanda vejo o mar
cõ es . Quero que as pes- a terra o ar e tudo me pa-
soas as vivam e introjetem rece mercúrio. Os sons me
o seu próprio mito indepen- penetram de maneira aguda,
dente de mim. passam pelos meus nervos
Sonho: Me vi nua, enorme. invadindo todo o meu corpo.
Eu era a paisagem, o conti- A Terra sempre no processo
nente, o mundo. Em torno do fazer-se a cada instante.
do meu púbis , pequenos Passa uma manada de bodes
homens construlram uma pretos que me olham com
bar ragem . Barragem de olhos rasgados cor de mel.
contenção ou grande lago Magia negra, estou invadida
para todos nele mergulha- pelo inconsciente.
rem. Engalinhando desço o
Sonho: Estou fazendo mi- morro pego na água na
nhas experiências com os areia na terra e aspiro o ar.
plá sticos dentro do oceano. Penso em arrolhar dentro
A água era o elemento que de uma garrafa esses ele-
preenchia todo o vazio do mentos para num rótulo
espaço. dar-lhes outra vez identi-
Aco rdo e choro todo o dade. Como alguns calama-
oceano. res: é como se engolisse a
O que me falta para com- paisagem, é algo sensacio-
plementar todo esse vazio. nal. Três noites, três dias
Do avião: o solo todo revol- sem dormir. Na quarta co-
vido, a Terra se move num meço a chorar e a bocejar
processo continuo como o até que, caindo na exaus-
começo do mundo. Sinto tão, dormi: ao acordar me
um calor que vem de dentro vejo no espelho e redescu-
do corpo como se tivesse bro a minha cara, o meu eu
engolido um tijolo quente. que me fora negado e dis-
Sinto-me grávida. Num táxi, solvido por tanto tempo.
em direção à praia, tenho a A recolocação do real em
percepção de um sonho an- termos de vida.
tigo: e me vejo no cosmos,
Pensamento mudo, o se ca-
assentada na garupa de um lar, a consciência de outras
diabo em cima de um pa-
realidades, do meu egocen-
cote vermelho vendo aTerra
trismo que de tão grande
embaixo. Perco o sentido me fez dar tudo ao outro,
do tempo e percebo a Terra até a autoria da obra. O si-
que continua o mesmo pro- lêncio, a interação no cole-
cesso, se fazendo e se des- tivo, a recomposição do
fazendo continuamente. meu eu , a procura de um
Passam-se horas que na
profundo sentido de vida no
realidade são segundos.
grande sentido social, o
Chego à praia . Passo a
meu lugar no mundo. A
noite num estado alucinató- consciência de que o en-
rio total, o tempo continua
tregar-se no fazer amor não
elástico, enorme, num mi- existe, mas sim uma apro-
nuto tenho a percepção de
priação do pênis como
séculos. Visão constante de parte integrante do meu
uma forma que me parece
corpo, o sentir-me através do
ser a soma dos dois sexos, outro como se copulasse co-
feminino e masculino. Den-
migo própria. O outro passa a
tro de mim uma criança ser eu, o inverso do conceito
chora de pavor.
expresso e vivido por tanto
Vou ao banheiro - vejo tempo como eu sendo o
minha cara no espelho, de- outro.
formada , a pele está solta,
os ossos por baixo estão PENSAMENTO MUDO

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OBJETO RELACIONAL Agradeço a colaboração de Suely Rolnik

O " objeto relacional " não tem especificidade em si. Como 8 .. escritora. veio à minha casa muito
seu próprio nome indica é na relação estabelecida com a fan- cansada. Começou por pegar na ··almo-
fada leve-pesada·· (2) colocando-a
tasia do sujeito que ele se define. O mesmo objeto pode ex- sobre a perna . senti ndo-a como um
pressar significados diferentes para diferentes sujeitos ou bicho quente e vivo amoldado sobre
seu joelho. Pegou as " almofadas leves"
para um mesmo sujeito em diferentes momentos. Ele é alvo (3) , pr ession o u -as com as mãos e .
da carga afetiva agressiva e passional do sujeito, na med ida passando-as sobre seu corpo, teve uma
sensação de euforia como se as boli-
em que o sujeito lhe empresta significado, perdendo a condi- nhas fossem células vivas pululando
ção de simples objeto para, impregnado, ser vivido como por todo seu corpo. Ao sair de minha
parte viva do sujeito. A sensação corpórea propiciada pelo casa, teve a sensação de que faz ia
parte de um todo harmonioso e ao
objeto é o ponto de partida para a produção fantasmática. O mesmo tempo sentia sua individual i-
"objeto relacional " tem especificidades físicas. Formalmente dade. Parecia-lhe que poderia ter uma
comunicação sem barrei ras com qual-
ele não tem analogia com o corpo (não é ilustrativo), mas cria quer pessoa. As bolinhas a massagea-
com ele relações através de textura, peso, tamanho, tempera- vam por dentro de seu corpo como se
outras pessoas a apalpassem . A sensa-
tura, sonoridade e movimento (deslocamento do material di- ção de bem-estar e de euforia prolon-
versificado que os preenche): gou-se por uma semana.
V., analista, passou sobre seu co"rpo o
" Ele cria formas cujas texturas e metamorfoses contínuas en- ·"grande colchão" (4), sentindo-se ime-
gendram ritmos corolários aos ritmos sensuais que experi- diatamente relaxado. Ao terminar disse:
" Meu corpo é uma massa densa e to-
mentamos na vida" (1). No momento em que o sujeito o ma- ,tal". Depois l)lanipulou as " almofadas
nipula, criando relações de cheios e vaz ios, através .de mas- pesadas" (5) que lhe deram uma sensa-
ção muito desagradável: peso, cercea-
sas que fluem num processo incessante, a identidade com mento, bloqueio, comprometimento de
seu núcleo psicótico desencadeia-se na identidade proces- liberdade. Precisou utilizando o termo
" aranhação" (mãe aranha) , localizando
sual do plasmar-se. Citarei curiosos exemplos de pessoas a percepção no registro pré-natal : per-
amigas que vivenciaram os " objetos relacionais" . manecera no ventre da mãe 1O meses.

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50 OBJETO RELACIONAL
EM CONTEXTO TERAPÉUTICO

Há dois anos venho fazendo experiência de uti- acting-out pelo sujeito que o manipula: ele vi-
lização dos " objetos relacionais" para fins tera- vencia no concreto suas tendências agressivas
pêuticos. No início utilizava-os aplicando o mé- ou amorosas em relação ao objeto. Por exem-
todo de Sapir pelo qual passara em Paris: rela- plo: ao destruir o " objeto relacional " no ac-
xação baseada em indução verbal; uma sessão ting-out , o sujeito percebe que, mesmo des-
por semana. Pouco a pouco abandonei a indu- truindo , o mediador está presente para negar
ção passando a utilizar unicamente meus mate- esta destruição. O oposto se dá, o sujeito pode
riais, aumentando o número de sessões para destruir o " objeto internalizado" mediador,
três por semana com duração de uma hora. O mantendo nas mãos o "objeto relacional " como
processo se torna terapêutico pela regularidade garantia de que não perdeu substãncia vital.
das sessões, que possibilita a elaboração pro- Através disto o sujeito capta a medida do real,
gressiva da fantasmática provocada pelas po- focando a destruição como pertencente ao
tencialidades dos " objetos relacionais" . Ao ma- mundo de sua fantasia. Simultaneamente pois o
nipular o " objeto relacional " o sujeito vive uma objeto descostura (descompensa) e costura
linguagem pré-verbal. O " objeto relacional" toca (compensa). O processo parte do núcleo psicó-
diretamente o núcleo psicótico do sujeito, con- tico para a periferia criando a membrana num
tribuindo para a formação do ego, este digerido, arremate final. Os textos que se seguem
metabolizado e transformado em equação sim- referem-se à prática terapêutica com os "obje-
bólica (6). O "objeto relacional" se torna alvo de tos relacionais" .

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ESTRUTURAÇÃO DO SELF 51

A " estruturação do self" foi minha primeira sis-


tematização de método terapêutico com os " ob-
jetos relacionais" .
A pessoa deita-se sumariamente vestida sobre
um grande colchão de plástico recheado de iso-
por, coberto por um lençol solto. Com o seu
peso a pessoa já abre sulcos no colchão dentro
dos quais seu corpo se acomoda. Massageio
longamente a cabeça e a comprimo com as
mãos. Pego com as mãos todo o corpo, junto as
articulações docemente com firmeza, o que dá a
muitos a sensação de " colar" ou "soldar" peda-
ços do corpo. Para outros o toque tem o poder
de " fechar" os " buracos" do corpo ou " deslo-
cá-los" para outras áreas. Trabalho o corpo in-
teiro com as " almofadas leves" . friccionando
longamente a planta dos pés e a palma das
mãos. Coloco numa das mãos do sujeito uma
pedrinha envolta num saquinho de textura
macia (dos que são utilizados para vender le-
gumes).
Para todas as pessoas que passam pelo pro- W.). Coloco minha mão como uma concha no
cesso a pedrinha na mão é fundamental. Ela é rosto da pessoa, no ventre , ou em outra parte ,
vivida como um objeto concreto que não é nem dependendo das fissuras que ela expressa. Em
o sujeito nem o med iador que a aplica. Ela se alguns casos o afastamento de minhas mãos do
posiciona fora da relação adquirindo um esta- corpo é sentido como fragmentação, como
tuto de " prova de realidade". Em toda a minha perda de uma parte do corpo . Exemplo de um
experiência só houve uma exceção a esta regra : testemunho desta experiência: " Quando você
um borderline que viveu a pedrinha dentro de retira suas mãos de meu corpo , sinto que uma
sua fantasmática como bosta. Passo sobre o parte de meu corpo se vai e o que resta dele não
corpo "sacos plásticos contendo água" , depois tem estrutura para se manter sozinho". No final
"sacos plásticos cheios de ar", soprando em retiro docemente a manta, as almofadas. pego
seguida ar quente através de um tubo sobre na cabeça do sujeito girando-a de um lado para
toda a superfície do corpo. Coloco as " almofadas o outro. Para alguns passo ainda o " grande col-
leves" ao redor da cabeça, pressiono o colchão chão" sobre o corpo . Peço à pessoa que se es-
em torno do corpo para " enformá-lo" ; coloco preguice longamente. Sentada, pego em toda a
ainda as "almofadas pesadas" ao da cin- superfície de seu dorso. No final dou um ou vá-
tura, entre as pernas, suprindo todos os vazios rios " sacos plásticos cheios de ar" para que a
do corpo. No lugar onde foi detectado um " bu- pessoa os manipule ou eventualmente os arre-
raco" (manque) coloco minhas mãos, pressio- bente. Massageio a cabeça da pessoa durante
nando-as, podendo eventualmente substituí-las esta manipulação, criando condições favoráveis
por " almofadas leve-pesadas" . Cubro o corpo para que ela passe ao acting-out. Quando o su-
com uma manta de lã, sento-me no chão atrás jeito estoura o saco plástico pela primeira vez o
da cabeça do sujeito, bem próxima a ele. Deixo faz com grande temor , mesmo que não tenha
o silêncio se instalar ou o sujeito expressar atra- consciência do significado simbólico do objeto
vés do verbal todos os seus temores, todas as naquele momento.
suas sensações, podendo mesmo chegar a viver Trata-se de vivenciar a " ambivalência" em rela-
suas " agonias primitivas" (cf. WINNICOTT , O. ção ao objeto. Na destruição o " objeto relacio-

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52 nal" é um receptáculo para receber os ataques
do sujeito, não como um objeto, mesmo parcial
(cf. KLEIN, Melanie) , mas ainda na indiferencia-
ção: os dois corpos são como vasos comunican-
tes , continente em que a criança não diferencia
o que é ela e o que é o objeto. Em seguida incito
o sujeito a encher outro saco plástico para repor
o saco destruído. Processo de " reparação" que
assegura uma identificação estável ao objeto
benéfico (" bom objeto" ) reforçando o ego e o
desculpabilizando. Processo que se dá ao
mesmo tempo que o aparecimento do objeto
global, através da devolução da integridade ao
objeto de amor que fora alvo dos ataques agres-
sivos do sujeito. Este momento tem, pois , um
papel estruturante. A " estruturação do self" se
dá no espaço pré-verbal. Durante esta fase do
trabalho , o silêncio é totalmente respeitado e a
palavra intervém depois que a pessoa quiser ex-
pressar verbalmente i magens ou sensações vivi-
das, ou ainda na sessão seguinte se ela notou
modif_icações em seu comportamento no real. A
"estrutura do self" consiste na maternalização
maciça: estabelecer entre o mediador e o su-
jeito, de modo real e simbólico, uma relação MÉTODOS PARA TIRAR O SUJEITO
análoga à que existiria entre uma " boa mãe" e DE ESTADO REGRESSIVO
seu filho. A ação é reparadora - trazer ao su-
jeito satisfações reais das quais fora privado a) A " genital ização"
pela mãe. Trata-se de compreender as necessi- Quando o sujeito entra em processo regressivo
dades fundamentais do sujeito e responder a intenso consigo fazê-lo sair deste estado através
elas através do contato com o corpo e não da do que chamo de " genitalização" . Este método ·
interpretação analítica clássica. Isto implica evi- surgiu no trabalho com uma paciente: colo-
dentemente num engajamento afetivo do me- cando em suas pernas e em seu sexo as " almo-
diador. Quando o paciente teme uma " super- fadas pesadas" ela disse sentir-se "adulta da
mãe" ele reage contra a maternalização com di- cintura para baixo" . Isto teve o efeito de tirá-la
versos sintomas : asfixia, tosse . esmagamento , de uma regressão " galopante" que estava vi-
sensação de peso que o sufoca. Aplico a " estru- vendo naquela sessão . Foi a partir daí que co-
turação do self" em diferentes estruturas com mecei a aplicá-lo em outros pacientes, obtendo
diferentes problemáticas psicológicas: pessoas sempre resultados positivos.
que se drogam, que têm " buracos" no corpo, b) A " verticalização"
distúrbios sexuais ou de identidade, e pessoas Depois de trabalhar todo o corpo de um pa-
com extrema dificuldade para se expressar no ciente na " estruturação do self" , apliquei o que
verbal. Por ora observo progressos em todas passei a chamar de " verticalização": coloquei
elas - mesmo e sobretudo com os borderlines . na base de seus pés "almofadas pesadas ", e
O corpo vivido como parcial , ou fragmentado , com as mãos fiz pressão em sua cabeça. Ele se
começa a se tornar global , os " buracos" do sentiu de pé, embora ainda deitado. Esta desco-
corpo se fecham , a relação com a droga muda berta foi feita recentemente , e me pareceu inte-
de qualidade e há desbloqueamento da sexuali- ressante aplicá-la para que a pessoa não saia da
dade, tanto polimorfa como gen ita l. Aplico sessão em estado regressivo. No entanto aindà
atualmente este método de maneira invariável não sei precisamente quando aplicar este mé-
em todas as terapias . todo.

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54 AMOSTRA DE ESTUDOS DE CASO momento em que S. começa a processo de regressão, muda de
descobrir seu corpo como um ado- voz, seu corpo se descarna, só lhe
Sendo meu trabalho experimental, lescente, testando desmesurada- restam os ossos e se sente morrer.
os textos aqui apresentados foram mente sua potência sexual com Vira os olhos para cima e abre
elaborados diretamente a partir da inúmeras mulheres. Nesta sessão uma enorme boca. Intuitivamente,
prática. Proponho alguns exem- diz estar emagrecendo, sua bar- para preencher este buraco, co-
plos de momentos de sessão para riga diminuindo e que em breve loco dentro dele um "saco plástico
que o leitor possa constatar de poderá ver seu sexo e sentir sua cheio de ar" e ela mama. Mais
onde parto para a formulação de medida. Coincide também com o tarde, retirando lentamente o col-
m(nhas hipóteses ou mesmo des- desaparecimento de um sintoma chão de seu corpo, massageio-o
cobrir elementos que me passa- fóbico: pavor de entrar na água com o saco plástico/seio, revitali-
ram despercebidos. " fria" do mar (nesta mesma ses- zando todo seu corpo. Saindo da
são ele aceita pela primeira vez ser r.egressão ela diz que enquanto
a) Acting-out na relação do sujeito tocado pelo " objeto relacional" : mamava se via ao seu lado ama-
com o " saco plástico cheio de ar" . " saco plástico cheio de água" ). mentando seu primeiro filho. A
1.0 caso meu ver sua regressão se deu por
S. , homem de idade madura, ca- b) Acting-out na relação do sujeito ela ter ficado em posição passiva.
sado, pai de família, profissional com o objeto " grande colchão"
liberal. Passara por várias expe- 2.0 caso c) Mudanças vividas na relação do
riências psicanalfticas. Ao come- C. , homem de 33 anos, intelectual sujeito com o objeto " almofada
çarmos o trabalho encontrava-se e artista. Nunca passara por uma pesada"
em estado regressivo. Nosso traba- terapia e nosso trabalho teve a du-
lho teve a duração de três meses, ração de um ano. 4.0 caso
no final dos quais estava apto para T., mãe solteira, artista. Passara
3.8 sessão: No início ele é muito
retomar uma psicanálise (7). O por vários tratamentos terapêuti-
passivo com os objetos. Peço a ele
processo teve efeitos de mudan- cos antes de nosso trabalho, in-
que manipule o "grande colchão".
ças importantes em sua vida, o clusive um internamento.
que jamais conseguira anterior- Ele começa por expressar-se com
voracidade para depois tornar-se 4.8 sessão: Aplico a "estrutura do
mente. se/f" colocando desta vez "almo-
terno no toque. Ao terminar pega
19.8 sessão: S. arrebenta cinco ou bolinhas de isopor que escaparam fadas pesadas" entre suas pernas
seis " sacos cheios de ar" expres- do colchão e expressa que se e ela as sente como vísceras
sando estar destruindo todas as sente culpado pela violência com saindo de seu corpo. Detecta uma
mulheres. Ao mesmo tempo me ar- que tocara o colchão e o estra- sensação no corpo que conhece
rancava os olhos, me picava viva. gara. Peço-lhe que seja passivo e profundamente, mas não conse-
Sentiu-se sem sexo. Percebeu o repito a experiência massagean- gue identificá-la.
corpo da mãe como uma gigan- do-o leve e docemente. Coloco em 5.8 sessão: Na "estruturação do
tesca barriga de peixe contend_o sua testa as bolinhas que escapa- se/f" T. sente as almofadas entre
milhares de ovas. Meteu as mãos ram do colchão. Após um mo- as pernas como brinquedos à sua
dentro de " sacos vazios" : arran- mento de relaxação ele diz : volta, faltando-lhes peças, como
cava o útero para que o mesmo " Agora eu o vivi de uma maneira num quebra-cabeça. Conta que
nunca mais procriasse. completamente diferente. Eu saí seus irmãos brincavam perto dela;
Este acting-out se situa num con- inteiro e o objeto está intacto". ela, sempre introspectiva, não par-
texto de vida de S. , em que ele Este exemplo ilustra a simultanei- ticipava da brincadeira. Acaba a
deixava de nomear sua esposa " a dade do processo de destruição e sessão destruindo três sacos plás-
mãe" quando se dirigia aos filhos, qe " reparação" do objeto. ticos com grande alegria dizendo :
passando a nomeá-la "sua mãe" . E interessante notar que nesta "Homenagem à minha impotên-
Ele expressa na mesma sessão mesma sessão C. se sentia culpa- cia" .
uma mudança de qualidade na re- bilizado por ter conseguido rece-
lação com sua própria mãe. 6.8 sessão: Sente novamente as
ber duas sessões pelo mesmo almofadas como vísceras, dizendo
20.8 sessão: S. pede o " saco plás- preço inicial, ao invés de duplicar que elas são estranhas e incómo-
tico" para ver se tem vontade de o preço de uma, como havíamos das e as identifica como excre-
arrebentá-lo. Vive-o como um re- combinado.
cipiente de vidro. Estou dentro e mentos.
ele me tortura. O saco se trans- 3.0 caso 13.8 sessão : Desta vez assim ex-
forma numa barriga e esta num M., mulher de idade madura, ca- pressa sua vivência com as "almo-
seio incomensurável : coloca-o na sada, mãe, profissional liberal e ar- fadas pesadas": "São ótimas,
boca e mama. Sai um fio de leite, tista. Passara por uma terapia de apóiam meu corpo todo, não as
ele sente até o seu cheiro. Enche pouca duração. sinto como cunhas, mas elas me
baldes com ele: diz que fará quei- 1.8 sessão: Começou manipulando protegem" . Nesta mesma sessão
ios e outros derivados do mesmo, o " grande colchão" de maneira ela vive a "verticalização".
guardando tudo para ele, mas, muito ativa. Peço-lhe que fique 39.a sessão : Sente as almofadas
conclui, é demasiado. passiva, passo o colchão sobre entre as pernas como um sexo
Esta fantasmática é vivida num seu corpo. M. entra em violento masculino e fica furiosa.

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d) Relações criadas pelo sujeito de-pau", " cabeça de vento" etc. dentro de seu corpo como se se 55
com o toque de m i nhas mãos nascem de experiências de sensa- expandisse até o peito, como se
sobre seu corpo ção pelas quais passa o corpo e cavasse o i nterior do corpo. Em
34.8 sessão: Apl ico a " estruturação são depois simbolizadas. Em meu segu ida sentiu sua cabeça apoiada
do se/f" e no momento em que trabalho aflora a " memória do no ombro do amante (" desapro-
estou com as mãos no rosto de T. corpo" : não se trata de um viver priação").
ela diz: " Estou flutuando com um virtual mas de um sentir concreto; Este é um exemplo do que chamo
apoio mfnimo no corpo, sua mão, as sensações são trazidas, revivi- " apropriação" I' 'desapropriação''
e penso como uma cabeça de alfi- das e transformadas no local do metabolizada na " memória do
nete pode sustentar não importa o corpo, através do " objeto relacio- corpo ". Seu ventre se "apro-
quê ... " Coloco imediatamente nal" ou do toque direto de minhas priara" do ombro do pai (identifi-
minha outra mão sobre a sua em- mãos. O "objeto relacional " , em cação masculina). Durante o pro-
baixo da manta, o que a faz dizer: contacto com o corpo, faz emergir cesso ela devolve o ombro do
"Agora sim, estou toda apoiada". por suas qualidades ffsicas a me- homem pai ao homem amante em
Depois de alguns minutos ela mória afetiva, trazendo experiên- que ela pousa sua cabeça de mu-
acrescenta , muito angustiada: cias que o verbal não consegue lher ("desapropriação") . Simulta-
"Estou vendo uma cor amarela ... detectar. Nas sessões, muitas neamente em seu ventre é cavado
amarela... não, é bege ... são mon- vezes depois que retiro minha mão o espaço para a "apropriação" da
tanhas da Colômb i a . .. cor de do corpo do paciente, ele continua imagem feminina : sua vagina se
carne ... é o corpo de minha mãe" . sentindo o toque da mão ("apro- inscrevendo em seu corpo e se es-
Isto se situa num momento do tra- priação"). Em outros momentos tendendo até os seios (identifica-
balho em que ela começa a admitir do processo há o que chamo de ção femin ina) .
a existência da mãe que sempre " desapropri ação". Um exemplo
negara. clínico fará transparecer este pro- O TEMPO NO PROCESSO
cesso.
e) Na " estruturação do se/f" É no aqui e agora que o aconteci-
15.3 sessão: Após a " estruturação 5.0 caso
L., mulher de idade madura, jorna- mento se dá como se fosse pela
do se/f" T, d i z ter sentido seu lista, analisada anteriormente. primeira vez, embora num passado
corpo como um velho baú que remoto este acontecimento já se
fora aberto para arejar, e que es- 1.8 sessão: L. sente as " almofadas deu através de sensações corpó-
tava todo ensolarado. pesadas" no ombro direito como o reas . Podemos po i s enunciar :
ursinho que era seu brinquedo " Tudo está lá. Nós sentimos hoje.
46.8 sessão: Durante a " estrutura-
predi leto. não por tudo estar lá , mas si m
ção do se/f" T. sente de repente
um " branco", uma nuvem baixa 2.8 sessão : As " almofadas pesa- tudo está lá por o sentirmos no
sobre seu corpo e com ele se das" colocadas sobre sua barriga aqui e agora".
funde harmoniosamente. Passa a lhe dão a impressão de que a bar-
sentir toda a sua corporalidade: o riga está oca, o que lhe traz uma Notas:
peso e a sensação de um corpo to- sensação muito arcaica: ela estava
tal. Seria este momento o da inte- dormindo e o pai a erguia para o (1) MEDALHA, David. Participe pré-
gração de sua "imagem do corpo" alto e a jogava esmagando sua sent - L'art de Lygia Clark.
até então clivada? Seria a metabo- barriga contra o ombr o direito Robho, Paris, n.0 4, 1968.
lização simbólica da inscrição do dele.
(2) Almofada de pano 30x30, com
contacto com o corpo da mãe na 3.8 sessão: Conversamos a res- uma costura dividindo-a ao
"memória do corpo"? peito da associação ursinho, brin- mei o, recheada de um lado
49.3 sessão: Na " estruturação do quedo predileto , seu ombro di- com bolinhas de isopor e do
se/1" T. diz que seu corpo fora ha- reito, ombro do pai, da lembrança outro com areia.
bitado pela massa corpórea como de um corpo cavado dobrado
(3) Almofada de pano 30x30 , re-
da outra vez. Enfatiza que está sobre o ombro direito do pai , da
cheada com bolinhas de iso-
cuidando de seu corpo como ja- dor que sente em seu próprio
ombro direito quando tem pro- por.
mais o fizera. (4) Grande colchão de plástico
blemas para impor autoridade a
seu filho e do desejo expresso na fino e transparente recheado
MEMÓRIA DO CORPO com boli nhas de isopor.
sessão anterior de um ombro largo
O corpo se " apropria" de toques. onde se apoiar. Neste momento (5) Almofada de pano 30x30 cheia
ela começava a perder sua onipo- de areia.
de contatos , de órgãos dos corpos
adultos, de acidentes dolorosos tência, estava estabelecehdo uma (6) ROSEMBERG FONSECA -
que o atingem , de desnivelamen- relação com o filho e sua sexuali- comunicação pessoal.
tos dos espaços, de intervalos de dade estava se desbloqueando. (7) Nos casos de estrutura pré-psi-
sensações corpóreas agradáveis 7.8 sessão: Toquei seu ventre e seu cótica, meu método de trabalho
ou não, num processo de metabo- braço e a levantei pelo tórax. Con- dá acesso a uma psicanálise: a
lização simbólica que vem a cons- tou que quando eu tocava seu ven- elaboração do núcleo psicótico
tituir o ego. As frases feitas como tre ele começara a crescer como lhe dá condições de se estrutu-
"colocar os pés em falso " , "cara- um soufflé; sua vagina se alastrara rar através do verbal.

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Legendas 57

Capa: Túnel, 1973. Trabalho realizado na Sorbonne. Paris.


1 a 8. Superfícies moduladas.
9. Espaço modulado, 1958. Madeira pintada.
10. Unidade, 1958. Madeira pintada.
11. Ovo. 1958. Madeira pintada (foto Beto Felício).
12. Casulo, 1958. Página de livro inédito da artista
(foto Beto Felício).
13. Casulo, 1958. Latão p intado.
14. Bicho com dobradiça, 1963. Alumínio anodizado.
15. Bicho com dobradiça, 1963. Alumínio anodizado.
16. O dentro é o fora. 1963 (bicho sem dobradiça).
Aço inoxidável.
17. Abrigo poético, 1964. Folha-de-flandres.
18. Caixa, 1964. Bronze. Coleçâo Ivo Pitanguy
(foto Beto Felício).
19. Trepante, 1964. Madeira e cobre. Coleção Cacilda Tei-
xeira da Costa (foto Beto Felício).
20. Obra mole, 1964. Borracha (foto Beto Felício).
21. Nostalgia do corpo, 1968.
22. Luvas sensoriais, 1968.
23. Nostalgia do corpo: Diá,logo, 1968.
24. Máscara sensorial, 1967.
25. O eu e o tu. 1967.
26. Cesariana. 1967.
27. Máscara-abismo, 1968.
28. Camisa-de-força, 1968.

Pág. 5 - Abertura do corpo, 1973. Fotogramas do fi lme O


mundo de Lygia Clark, de Eduardo Clark.
Pág. 6 - Fotogramas do filme O mundo de Lygia Clark. de
Eduardo Clark, 1973.
Seqüência 1: Diálogo.
Seqüência 2: Canibalismo.
Seqüência 3: Viagem.
Seqüência 4: Rede de elásticos.
Pág. 7 - A artista trabalhando. O poema reproduzido é de
Ferreira Gullar.
Pág. 16- Lygia Clark junto a um bicho com dobradiça.
Pág. 25 - Caminhando, 1967 (foto Beto Felício).
Pág. 26 - Caminhando. 1967 (foto Beto Felício).
Págs. 33e34-Acasaéocorpo: Labirinto, 1968. Trabalho
montado no MAM do Rio de Janeiro, onde foram realizadas
as fotos. e enviado ainda em 1968 para a Bienal de Veneza.
Pág. 39 - Baba antropofágica. 1973. As fotos em preto e
branco são do filme O mundo de Lygia Clark, de Eduardo
Clark. A foto colorida foi obtida durante uma nova realiza-
ção do trabalho com os alunos da Sorbonne. Paris. ainda
em 1973.

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58 Págs. 40 e 41 - Rede de elásticos. 1974. Sorbonne. Paris.
Pág. 42 - Cabeça. 1975. Sorbonne. Paris.
Pág. 43 - Relaxação. 1974. Sorbonne. Paris.
Págs. 44 e 45- Túnel. 1973. Sorbonne. Paris.
Págs. 46 e 4 7 - Ovo-mortalha. 1968. A loto foi obtida
durante uma nova realização do trabalho com os alunos da
Sorbonne. Paris. em 1973.
Pág. 48- Relaxação. 1974. Sorbonne. Paris.
Págs. 49, 50. 51. 52, 53 e 56 - Terapia individual com obje-
tos relacionais. 1975-80. Rio de Janeiro.

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