Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Est udant e.uf sc.br Pro f esso r.uf sc.br S T AE.uf sc.br C o munidade.uf sc.br Est rut ura.uf sc.br Geral
UFS C » Q orpus » C omo é » Ediçã o – N. 002 » Cer imo nial e Anac r o nis mo : O llant ay – Raúl
Ant elo
Qorpus
Projet o de Ext ensão – Curso de Graduação em Art es Cênicas – UFSC
Início
Florianópolis, 28 de agost o de 2011
Age nda C ultura l »
Links út eis
Quien nos trajera, desde los ultramares remotos a la Compañía Incaica del Cuz co,
que, hará un par de meses, descendía desde el Perú a Buenos Aires, para unas
representaciones de teatro quichua! Si persiste su arte fielmente en lo tradicional; si
no le ha violentado ya la etnografía mercenaria y de exportación; si aun está libre
del virus nacionalista que todo lo pudre, vendría aquella compañía en buena hora.
Que de seguro había de traernos, no precisamente un frisson nouveau, codicia de
decadentes, sino el placer viril de sentir una sacudida más y dar una vuelta más,
en la cadena de simpatías conmovedoras que junta, en haz de sensibilidad única,
a todas las raz as y a todos los pueblos del mundo. Sensación de unidad,
nosotros, amigos sinceros del “folk- lore” buscamos en él. No diversión
de diferencia, pasto de romanticismos frívolos[3].
Mas, ao traçar as glosas sobre o teatro, D´Ors acrescenta uma observação nada
trivial. Quando se navega do hemisfério boreal ao austral, ao cruz ar o Equador,
nos diz , mudam as constelações, isto é, mudam as ficções, alteram- se as
configurações originárias que medem tempo e espaço, mas que deixam inalterada
a “identidade profunda”, o “rito repetido”, a “emoção estética do reconhecimento”.
Tenho a impressão—acrescenta D´Ors—que um teatro, persa ou peruano, grego
ou espanhol, que não sirva diretamente para isto, não serve quase para nada[6].
Nessa mesma época, voltando da Europa, ao redigir o prefácio de Euríndia, obra
publicada, em jornal argentino em 1922 e em livro espanhol em 1924, Ricardo
Rojas relembra que, depois de passar pela costa africana, “cujas enormes rochas
negras se perfilavan na contra- luz ”, em meio a um oceano sem formas e a um céu
sem astros, portanto, des- astrado (sentindo- se desamparado, diria Eugenio D
´Ors), ao aproximar- se das ilhas brasileiras que conservam “o vestígio plutônico
das cataclismas”, um significante acabou se impondo e martelando a sua
consciência do escritor: Euríndia. Ali, onde desaparecera a Atlântida platônica,
Rojas encontrava, enfim, um território que não pertencia nem à Europa, nem à
América e que era, temporalmente, o neutro[7]. Euríndia é Ollantay.
Mas o que é o Ollantay sobre o qual tanto especula Eugenio D´Ors? Digamos,
antes de mais nada, a fim de situar sua importância, que em 1933, enquanto
participava, no Río de Janeiro, de conferência internacional, presidida por Afrânio
de Mello Franco, sobre o conflito de limites Peru- Colômbia, o estudioso peruano
Raul Porras Barrenechea descobre, na Biblioteca Nacional, um antecedente, bem
a contrapelo da narrativa de Mário de Andrade, O Turista Aprendiz . Refiro- me
à Viagem da cidade do Cuz co à de Belem, no Grão Pará, pelos ríos Vilcamayu,
Ucayali e Amaz onas (Rio de Janeiro, Tipografia da Silva Lima, 1844- 6), do
escritor cusquenho José Manuel Valdez y Palacios, esquecido precursor
romântico dos estudos incaicos, que, confirmando a posterior descoberta de Luis
Valcárcel, chama a atenção dos especialistas para o fato de que o Ollantay,
recolhido por Valdez y Palacios, em 1835, no periódico cusquenho Museo Erudito,
revelara uma dimensão de esplendor cultural, no Cusco, até então praticamente
ignorada, que só confirmava a tendência “ramo de ouro”, com que Fraz er
contribuíra às estéticas de vanguarda. O tema tradicional da lenda, cujos primeiros
indícios remontam a 1500, narra, em suma, que Ollantay é um misto
de curaca e amauta, um funcionário do Inca, destacado para atos administrativos e
de guerra. O Inca Pachacutec é filho do Sol, ao passo que Ollanta ou Ollantay
(nome cuja etimologia é controversa: “chefe dos Andes”, “o poder do amor”, “seu
amante”, ou nada disso) é, de fato, filho da Terra. Eis o primeiro conflito. Ollantay,
profanando a esfera do sagrado, e para compensar os serviços de lealdade
prestados ao monarca, pede Cussicollur, a filha do Inca, em casamento. Não
consegue o objetivo, porém, desperta o amor da princesa. Quebram- se, em
consequência, as relações de confiança entre o Inca e Ollantay. A princesa,
confinada em Acllhuasi, mosteiro de virgens consagradas ao Sol, por ter dado à
luz a Yma Sumac, é raptada por Ollantay, quem a leva consigo à cordilheira. Um
militar leal ao Inca, Rumiñiahui, vai à fortalez a de Ollantaytambo, sitio arqueológico
de capital importância, onde permanece, apetrechado, o súdito rebelde, e fingindo
ser ele também vítima do poder autoritário do soberano, derrota Ollantay. Tal, em
resumo, a versão de 1835[8]. Valdez , entretanto, acrescenta um final feliz à
história, faz endo o Inca perdoar o rebelde, concedendo- lhe a princesa em
casamento e promovendo- o ao posto de lugar- tenente do reino, nas ausências do
Inca.
Ora, quando D´Ors aborda a montagem do drama pela equipe de Luis Valcárcel,
associa a atriz que interpreta a princesa india, Cussicollur, protagonista
de Ollantay, como alguém semelhante, “en cara y aire”, a Margarita Xirgu, ou seja
que ele está evocando, sobre- imprimindo até, de fato, ao drama cusquenho, as
peças montadas pela grande atriz catalã, Salomé de Oscar Wilde (1910), Magda,
de Sudermann (1913), Elektra de Hofmannsthal (1914), Santa Juana de Castilla, de
Pérez Galdós (1918), ou aquela que preparava naquele momento, Santa Juana,
de Bernard Shaw. Ou seja, para avaliar Ollantay, D´Ors superpõe, quase
catastróficamente e bem ao gosto noucentista catalão, tragédias européias e
cerimonial indígena, quase a preanunciar o conflito que estouraria, dez anos
depois, com a guerra civil espanhola. Outra não era a equação do diretor da
companhia peruana, Luis Valcárcel, que por então perseguia a política de um
Estado néo- inca e julgava necessário reunir vanguarda política internacional e
restituição cultural autóctone. Seu livro Tempestad en los Andes, onde se analisa a
história de Ollanta, propunha a necessidade, para o indígena, de encontrar seu
propio Lênin. José Carlos Mariátegui, sempre empenhado em fundir vanguarda e
marxismo em suas análises, chegou a escrever o prólogo da obra[9].
Tenemos, pues dos principios, que deben compararse con los enunciados
anteriores, ofreciendo una correlación con ellos: “Si el intervalo en el tiempo de
dos acontecimientos no puede ser anulado, pasa por un minimum, precisamente
por el sistema de referencia por relación al cual estos acontecimientos coinciden
en el espacio”. Segundo, y consecuentemente: “El intervalo de tiempo entre dos
acontecimientos que coinciden en el espacio, que se suceden en un mismo punto
para un cierto sistema de referencia, es menor para éste que para cualquiera en
una traslación uniforme cualquiera en relación con el primero”. Tenemos, en
conjunto, la fórmula del tiempo ligada a la del espacio, por su misma definición. Y
todo acontecimiento, sometido a una coincidencia de tiempo y de espacio, y
definido por esta coincidencia.[11]
O balé não dá senão pouco: é o gênero imaginativo. Quando se isola para o olhar
um signo da esparsa belez a geral, flor, onda, nuvem e joia, etc., se, em nós, o
meio exclusivo de sabê- lo consiste em justapor seu aspecto a nossa nudez
espiritual a fim de que ela o sinta análogo e se o adapte em alguma confusão
deliciosa dela com essa forma esvoaçada – tão somente através do rito, lá,
enunciado da Ideia, não parece a dançarina metade o elemento em causa,
metade humanidade apta a aí se confundir, na flutuação de devaneio? A
operação, ou poesia, por excelência e o teatro. Imediatamente o balé resulta
alegórico: ele enlaçará, tanto quanto animará, para delas marcar cada ritmo, todas
as correlações ou Música, de início latentes, entre suas atitudes e muito caráter, de
tal forma que a representação figurativa dos acessórios terrestres pela Dança
contenha uma experiência relativa a seu grau estético, uma sagração aí se efetua
enquanto a prova de nossos tesouros. A deduz ir o ponto filosófico em que está
situada a impessoalidade da dançarina, entre sua feminina aparência e um objeto
mimado, para qual hímen: ela o pica com uma segura ponta, o pousa; depois
desenrola nossa convicção na cifra de piruetas prolongada até um outro motivo,
desde que tudo, na evolução pela qual ela ilustra o sentido de nossos êxtases e
triunfos entoados na orquestra, é, como o quer a arte mesma, no teatro, fictício ou
momentâneo.
Único princípio! e assim como resplandece o lustre, vale diz er, ele mesmo, a
exibição pronta, sob todas as facetas, do que quer que seja e nossa vista
adamantina, uma obra dramática mostra a sucessão das exterioridades do ato
sem que nenhum momento guarde realidade e que se passe, no fim das contas,
nada.
A velha ordem
Como se produz o Ollantay de Ricardo Rojas? O próprio autor admitia que seu
conhecimento da cultura quechua provinha de ter nascido em Santiago del Estero
e do fato de seu pai, governador da província, ter sido eximio quechuista. Absalón
Rojas, com efeito, mandou imprimir a gramática quechua do padre Miguel Ángel
Mossi, intérprete e tradutor do Ollantay. Ainda adolescente, Ricardo Rojas
conheceu a versão de Mossi: “así empecé – ¡hace tantos años! – en mi propia
casa en terruño a familiariz arme con el tema que había de inspirarme esta obra”.
Sua aproximação do poema é devida, portanto, mais ao pathos do que ao logos.
Mas muito embora possamos inserir Rojas no cerne de um nacionalismo estético
restaurador, seu trabalho não será sem efeitos para outras correntes de
pensamento.
O novo homem
Com efeito, Francisco Santucho (1925- 1975?), profundamente marcado por esse
debate da transculturação indigenista, uma vez que filiado ao aprismo de Haya de
la Torre, e fundador da Frente Revolucionária Indo- americanista Popular (FRIP),
que muito influiria sobre seu irmão Mário Roberto, líder do foquismo revolucionário
guevarista, através do Partido Revolucionário dos Trabalhadores (PRT),
Francisco, como digo, fundaria, nos anos 40, uma livraria em Santiago del Estero,
a Aymará, bem como o Centro Cultural “Dimensión”, por onde passariam, como
palestrantes, Miguel Angel Asturias, Hernández Arregui, Bernardo Canal Feijóo, e
até mesmo Witold Gombrowicz [21]. Este último nos deixou, nos anos 60, uma
página muito interessante a respeito de Santucho.
Or voilà que, assis à côté de mon ami Santucho sur ce banc et sur cette place
publique, je me voyais en train d’assister à des événements aussi étranges que
dignes du plus haut intérêt. Dans ce défilé serein et rieur du samedi soir qui passait
et repassait devant nous à la lumière des lampes, sous les palmiers, je me voyais
frappé par d’admirables visages de jeunes filles en fleur, fines, délicates, souples,
colorées, pittoresques… Jusqu’à moi jaillissaient au passage des éclairs d’yeux et
de dents, des lignes de dos ondoyantes, des silhouettes étincelantes, le noir de
jais des chevelures, l’incandescente blancheur des sourires. J’en suis demeuré
pantois ! Il n’y avait pas une beauté et pas même dix, mais une multitude, une
avalanche de jeunes filles à ce point splendides que, même à Paris, n’importe
laquelle eût été une révélation…[23]
Gombrowicz pensa que por pouco dinheiro poderia também ter uma aventura com
qualquer uma delas. Santucho, porém, refuta sua compreensão e lhe diz que nada
disso. A resposta passiva é, na verdade, a vingança do indígena.
– Vous allez voir… Vous avez déjà dû constater combien de sang indien coule en
chacun de nous. La chevelure noir de corbeau, les yeux en amande, la bouche…
Tout cela ne vient- il pas de l’Indien ? Ces tribus, les Huriès et les Lulès, qui
peuplaient jadis ces terres, une fois conquises et soumises par les Espagnols,
furent ravalées au rang d’esclaves, de domestiques… Seulement, avec le temps,
le sang du maître a fini par se mêler à celui de l’esclave… et aujourd’hui, nous ne
sommes rien d’autre qu’un mélange…
Ora, alguns anos antes, em 1947, indo participar do VI Congresso Pan- americano
de Arquitetos, em Lima, Flávio de Carvalho, cujas pesquisas sobre o teatro
cerimonial de inspiração nietscheana, não só por terem sido resgatadas por José
Celso na última Bienal, são fartamente conhecidas[25], percorre a região andina
e, de certo modo, fornece uma explicação à contingência imanente e à potência
passiva, detectadas por Gombrowicz , pouco depois, nos descendentes de
Ollantay. Anota, então, em seu caderno de viagem, Flávio de Carvalho:
Comer ou não comer é a mesma coisa… Foi assim que encontrei o estômago do
homem do Altiplano e das montanhas peruanas. Esta situação é a consequência
de um estado de alma; o ódio ao branco é o resultado sincrético de um movimento
que se vem processando com tenacidade mongólica desde a derrota do grande
Inca em Atahualpa. O índio de hoje é incorruptível e fechado ao branco, não se
interessa por nada, passa longos períodos sem comer e está situado do outro
lado da dor. Como o Inca de todos os tempos, come pouco e bebe muito.
São descendentes de raças que para a continuação de seu governo faz iam
planos ancestrais (insignificantes comparados aos atuais planos quinquenais). São
descendentes de organiz ações que não tinham dinheiro, propriedade ou
comércio, e cujos indivíduos não podiam modificar- se na condição social, não
podiam tornar- se nem mais pobres nem mais ricos. Estão aptos, pois, a exercer
séculos afora a resistência passiva contra o conquistador. O estômago torna- se o
ponto forte da resistência passiva. Homem, mulher, criança, velho, ninguém come.
Não comendo, não terão de entregar ao branco o pouco que ganham com o labor
de bestas de carga exercido do raiar do dia ao pôr do sol. “Não comprar nada ao
branco” é a palavra de ordem ditada pelo ódio ancestral da raça vencida.
Mascando a coca, anestesiam a sensação de fome em toda a superfície do órgão
da fome. Desaparecida a sensação da fome nas fumaças do ódio, qualquer coisa
volumosa, ingerida afastadamente, serve para enganar os órgãos digestivos, para
faz er crer que ele vive como um outro ser humano. A coca, vício querido, preenche
duas funções orgânicas bem definidas, funções com consequências sociais de
primeira magnitude, para as alturas do Continente. Anestesiando a sensação da
fome, torna possível o prosseguimento da resistência passiva e, condicionaando o
organismo para as grandes altitudes, concede ao habitante das alturas um passe
permanente para continuar vivendo tão alto. É curioso registrar que a ausência de
alimento não parece afetar o aspecto da população. O índio é robusto de
aparência, tenaz no olhar, audaz na linguagem. Nenhuma cena alemã de campo
de concentração[26].
Múlt iplo
Disse acima que D´Ors, para se livrar da arqueologia e da fetichiz ação exotistas,
associou Ollantay à tragédia grega ou ao teatro persa. Jean- Luc Nancy,
analisando as imagens produz idas por um herdeiro desta última cultura, o cineasta
iraniano Abbas Kiarostami, esclarece até que ponto o anacronismo pode nos
auxiliar a abrir um sistema.
Cuando se inventó eso de decir “el séptimo arte” se hacía referencia a un “sistema
de las bellas artes” que había permanecido más o menos estable desde hacía
mucho tiempo y, así, se llevaba a cabo una doble operación: abrir ese sistema a
una pluralidad acrecentada y elevar el cine a una dignidad que al principio parecía
estar fuera del alcance de ese divertido espectáculo. Pero, en realidad, esa
operación precedía y quiz á inauguraba una conmoción mucho más profunda: el
“arte” en sí mismo iniciaba un proceso de mutación; desde entonces se ha vuelto
imposible enumerar las artes suplementarias: vídeo, performance, body- art,
instalación, etc. No porque las especies sean demasiado numerosas, sino porque
el recuento no tiene sentido si es el arte como tal el que se vuelve múltiple e
incluso numerosos; dicho de otra forma, el “arte” pierde una presumida unidad (que
sin duda no tuvo jamás), pero al mismo tiempo vuelve a poner sobre la mesa con
una agudez a completamente nueva la cuestión de su esencia esencialmente
múltiple. Por otro lado, esa multiplicidad no es sólo la de varias artes distintas las
unas de las otras, es también la multiplicidad interna de algunas de ellas – y tal
vez potencialmente de todas: ahora bien, resulta que el cine está precisamente
hecho de una multiplicidad interna, o incluso de varias, la de las imágenes, la de
la música, la del texto y finalmente la del movimiento.[30]
E, mais adiante, desenvolvendo uma reflexão anti- mimesis que bem poderíamos
aplicar ao teatro contemporâneo, Nancy completa o argumento:
Nos encontramos en una puesta en marcha del arte al completo, en una cinemática
que vuelve a poner en juego toda una manera de relacionarse con el mundo:
porque ese mundo gira sobre su propio eje y el cine, mucho más que una
grabación de las formas del movimiento, es desde hace más de un siglo uno de
los animadores y agitadores de ese desplaz amiento: eso es incluso lo que
significa la sustitución de la palabra cinematógrafo por cine, de las cuales la
segunda está lejos de ser una mera abreviación de la primera.
[1] Filho de Italo Casella, um violinista residente, durante anos, no Rio de Janeiro,
Enrique Mario Casella (1891- 1948) continuou suas pesquisas e compôs a primeira
ópera surrealista argentina, El maleficio de la luna, (1932- 4), obra de realismo
mágico, que não chegou a ser estreada. Nessa linha se inserem também a
série Tawantisuyo para orquestra e a Série indo- americana, para piano e
orquestra, a suite Pachacutec Inca, para coro e orquestra, e aSuite
quechua (composta de três partes, “Orgía de Inti Rayn”, “Morreu um inca”, “Dança
do Fogo”), para quarteto de alaúdes, dedicada ao famoso Cuarteto Aguilar,
músicos espanhóis exilados na Argentina e que protagoniz aram o filme Tarirara,
de Benjamin Fondane. Embora tenha composto mais de dez peças para a cena,
entre meados dos anos 20 e 1940, nem todas foram conhecidas. Há indícios de
que, no final da vida, Casella estaria trabalhando nas óperas, Karchis,
inacabada, Yanañahui, Adamá e Huancú.
[2] Na capital argentina houve vários projetos irrealiz ados, A mansão néo-
asteca (1921) do arquiteto Angel Pascual, o Mausoléu Americano (1920) do
mesmo Pascual e Héctor Greslebin ou mesmo o “Dormitório néo- asteca”(1922),
de Pascual e E. Schmidt- Klugkist, mas na literatura podemos, antes disso,
destacar El Tesoro de los Incas (1865), de Juana Manuela Gorriti; La fiesta de
Raymi (1891), de Martín García Mérou; El falso Inca (1905) eChamijo (1930) de
Roberto J. Payró; La Flecha del Inca (1924), de María C. Bertoloz z i de Oyuela; La
Montaña Bárbara y Misteriosa (1926) e Imagen Noroéstica (1929) de Carlos B.
Quiroga ou Atahualpa (1938), de Nicolás Granada. No campo da decoração e da
arquitetura, vitais para a cenografia, além do Silabario de la decoración
americana (1930) de Ricardo Rojas ou do Manual de arte ornamental
autóctono (1935) de Vicente Nadal Mora, registremos os trabalhos do já citado
arquiteto Greslebin, “Arquitectura Colonial Latino- Americana” in Revista de
Arquitectura, n° 7, Buenos Aires, jul. 1916; “ Conclusiones presentadas al 1er
Congreso Panamericano de Arquitectos” in El Arquitecto, nº 5, Buenos Aires, abr.
1920; Alfarería Draconiana, em co- autoria com Eric Boman. Buenos Aires, 1923; “El
Estilo Renacimiento Colonial” in Revista de Arquitectura, nº38, Buenos Aires, fev.
1924; “Valoración actual de la arquitectura colonial iberoamericana” in Revista de
Educación, La Plata, 1960
[3] D’ORS, Eugenio – “Glosas”. ABC, Madri, 18 dez 1923, mais tarde recolhido
em Cinco minutos de silencio. Valencia, Editorial Sempere, 1925, p.204- 206 com o
título “Glosas sobre el teatro”, e ainda em Teatro, títeres y toros: exégesis lúdica
con una prórroga deportiva. Sevilha, Renacimiento, 2006, p.23.
[4] Pinchar deriva de punctare ou seja que D´Ors, como Barthes, associa a
imagem ao punctum.
[7] ROJAS, Ricardo – Eurindia. Ensayo de Estética sobre las culturas americanas.
Buenos Aires, Losada, 1951, p.11.
[9] William Rowe e Vivian Schelling nos explicam que “Mariátegui consideraba a
los indígenas como proletarios en el sentido marxista de la palabra, es decir,
como un grupo social cuya autoliberación, lograda mediante una alianz a con la
clase obrera, propiciaría la liberación de toda la sociedad. Ello significaba que el
campesinado andino era una fuerz a revolucionaria, y no una víctima del
feudalismo a la que una revolución burguesa libraría de sus cadenas – posición
ésta que compartía el Comintern (en una forma un tanto incongruente, considerando
sus fórmulas con respecto a la cuestión de las nacionalidades) y el Apra. La
principal contribución del campesinado en la transformación del Perú por el
socialismo se basaría en el hecho de que el colectivismo propio de la comunidad
campesina ya representaba una forma de comunismo”, citando uma passagem de
um biógrafo de Mariátegui, López Galindo, quem afirma que “dado que el
socialismo reivindicaba viejas tradiciones nacionales, su tarea consistía no sólo en
resolver el problema del atraso y de la pobrez a en Perú, sino también en saldar
definitivamente cuentas con la Conquista española, de tal manera que la peruana
dejara de ser una sociedad derrotada y frustrada: derrotada desde la época de la
implantación del colonialismo y frustrada por el fracaso de los proyectos
anticoloniales posteriores a la Independencia. El socialismo, al liberarnos de
aquellos yugos del pasado, sería una herramienta indispensable para la
construcción de la nación”. ROWE, William; SCHELLING, Vivian – Memoria y
modernidad. Trad. Hélène Lévesque Dion. México, Grijalbo, 1991, p.185.
[10] D’ORS, Eugenio – Cinco minutos de silencio. Valencia, Sempere, 1925, p.208-
209.
[11] D´ORS, Eugenio – Las aporías de Zenón de Elea y la noción moderna de
espacio- tiempo. Ed. Ricardo Parellada. Madrid, Encuentro, 2009, p.104- 5.
[12] “Considerando así el tiempo objetivamente en función del espacio, puede ser
definido como el conjunto de acontecimientos que se suceden en un mismo punto,
por ejemplo en una porción de materia, ligada a un sistema de referencia. El
espacio entonces es definido como el conjunto de los acontecimientos
simultáneos. Esta definición del espacio es la consecuencia del hecho de que un
cuerpo en movimiento está definido por el conjunto de posiciones simultáneas de
las diversas porciones de materia que lo componen, de sus puntos materiales, por
el conjunto de acontecimientos que constituyen la presencia simultánea de esos
diversos puntos materiales. Elacontecimiento, en virtud de lo dicho, se definirá
como una coincidencia del espacio y del tiempo. Un conjunto de acontecimientos
ligados por relación de sucesión (por ejemplo, por una ley causal) será, para
Minkowski, unalínea de universo. Y la noción de universo, en sí misma, será una
noción sintética, en que vendrán a fundirse, inseparables ya, las dos antiguas
nociones de espacio y tiempo”. IDEM – Op. cit., p.112.
[13] D´ORS, Eugenio – “Cúpula y monarquía” La Gaceta Literaria, a.2, nº32, Madri,
15 abr. 1928, p.5
[16] Para o estudo de sua obra, ver ALTAMIRANO, Carlos – “La fundación de la
literatura argentina” in IDEM e SARLO, Beatriz - Ensayos argentinos, Buenos Aires,
Centro Editor de América latina, 1983, p.107- 115 e BECCO, Horacio Jorge –
“Bibliografía de Ricardo Rojas”, in Revista Iberoamericana, Pittsburgh, v. 23, nº 46,
jul- dez . 1958, p. 335- 350.
[17] Antonio Cunill Cabanellas (1894- 1969) foi um ator e diretor de teatro catalão,
que emigra, ainda na década de 10, à Argentina, onde se tornou respeitadíssimo
mestre de atores. Nomeado, em 1936, diretor do Teatro Nacional Cervantes, leva
adiante um programa de atualiz ação e elevação da tarefa teatral, em Buenos
Aires. Recruta, para tanto, uma comissão de leitura, integrada por José Gonz ález
Castillo, Enrique García Velloso, Leopoldo Marechal e ele próprio; cria, em abril de
1946, a Comédia Nacional, onde se desempenham, entre outros, Iris Marga, Eva
Franco, Niní Gambier, María Esther Podestá, Luisa Vehil, Gloria Ferrandiz ,
Francisco Petrone, Guillermo Bataglia, Santiago Arrieta, Homero Cárpena, Angel
Magaña e Santiago Gómez Cou. Cunill Cabanellas fundou também o Instituto
Nacional de Estudos de Teatro, abriu um Museu do teatro, na própria sala do
Cervantes, criando assim as condições para o futuro Arquivo Teatral e a Biblioteca
do Instituto.
[18] O arquiteto Angel Guido, inspirado não só por Euríndia, o livro com que
Ricardo Rojas celebra o centenário da independência, mas também pelos
trabalhos do arquiteto Martín Noel, defende a Fusión hispano- indígena en la
arquitectura colonial (1925) e a Arquitectura hispanoamericana a través de
Wölfflin (1927), ataca La machinolatrie de Le Corbusier (1930), analisa Catedrales
y Rascacielos (1930) e propõe Arqueologia y estética de la arquitectura
criolla (1932). Nos anos 30, Guido já afirmava existirem dois tipos de
trasculturação na América (que ele chamava, com Ricardo Rojas, de Eurindia): de
um lado, a Eurindia arqueológica e, de outro, a Eurindia viva, de que eram
exemplos o muralismo mexicano e os arranha- céus americanos (cf. Eurindia en la
arquitectura americana. Santa Fe, Universidad Nacional del Litoral. Departamento
de Extensión Universitaria, 1930). Defendendo a teoria do háptico- óptico de Riegl,
aclimatada por Wölfflin, Guido via, no Aleijadinho, o cerne desse conflito (cf
GUIDO, Angel – “El Aleijadinho”. La Prensa, Buenos Aires, 11 jan 1931 e “O
Aleijadinho: the little cripple of Minas Gerais”. Bulletin of the Pan- American Union,
Washington, v.65, nº 8, ago 1931, p.813- 822; IDEM – “Bahia: el tropicalismo en la
arquitectura americana del siglo XVIII”. La Prensa, Buenos Aires, 11 jun. 1933;
IDEM - Supremacía del Espíritu en el Arte. Goya y El Aleijadinho. Santa Fé,
Universidad Nacional del Litoral, 1949,apresentado inicialmente como conferência,
no Teatro Nacional Cervantes, em 1948). Seu livro mais
emblemático,Redescubrimiento de América en el arte (Rosario, Universidad
Nacional del Litoral, 1940, mais tarde, Buenos Aires, El Ateneo, 1944) é a fonte a
partir da qual Lez ama Lima elabora sua teoria da expressão americana. Ver
ANTELO, Raul – “Postautonomía: pasajes”. Pasajes. Revista de Pensamiento
Contemporáneo. Valencia, Universitat de València / Fundación Cañada Blanch, nº
28, 2008- 2009, p.11- 20; IDEM – “El arte de la contraconquista. La salvación según
Lez ama”. Boca de sapo, nº 6, abril 2010, p.62- 9.
[19] Gilardo Gilardi (1899- 1963) integrou, com Juan José Castro e Luis Gianneo,
o grupo Renovación. Além da Evocación quechua, é autor da ópera La
Leyenda del Urutaú (1934) e do muito celebrado poema sinfônico
humorístico Gaucho con botas nuevas (1938).
[20] CHACON y CALVO, José Maria – “Un titán de los Andes y Ollantay, Tragedia
de los Andes”, por Ricardo Rojas. Revista Iberoamericana. Pittsburgh, a. 4, nº 7,
nov. 1941, p.180- 3. No título rapsódia colonial percebemos a conexão entre as
idéias de Rojas e a tradição musical impressionista (Ravel, Nin) que levariam um
filósofo claramente mallarmaico, como Vladimir Jankélevitch, a dedicar uma obra à
rapsódia, enquanto problema estético.
[27] Nos anos 50, A.M. Julien e Claude Planson, inspirando- se numa iniciativa dos
anos 20 de Firmin Gémier, a Société universelle du théâtre, transformaram Paris
em capital mundial do teatro, ao promoverem um encontro, de início, com o nome
de Festival d’art dramatique de la Ville de Paris, para tomar, a seguir, o nome que
o tornou famoso, Théâtre des Nations (1957- 1968). Foi nele que Visconti
montou La Locandiera de Goldoni, com Marcello Mastroianni no papel principal.
Nele também Bertold Brecht apresentou o Berliner Ensemble, junto a Hélène
Wiegel. Foi nesse Festival que Peter Brook tornou conhecido o Living theatre. E
nele adquiriram projeção Jerz y Grotowski, Giorgio Strehler, Julian Beck, Judith
Malina, Alban Berg, Werner Egk, Walter Felsenstein, Maurice Béjart, Carl Orff, Paul
Taylor, Ingmar Bergman, Jerome Robbins, o teatro asiático, mas também o do
Brasil ou do Haiti (Planson era vidrado pelo vudu). Cf. ASLAN, Odette - Paris,
capit ale mondiale du t héât re. Le Théâtre des Nations. Paris, CNRS, 2000.
[30] NANCY, Jean- Luc – La evidencia del filme. El cine de Abbas Kiarostami. Trad.
Irene Antón e Gadea Cabanillas. Madrid, Errata Naturae, 2008, p. 74- 75.
Volta r a o topo ^
Ediçã o – N. 002