Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Vocabulário Jurídico
Vocabulário Jurídico
JURÍDICO
Amanda Rodrigues de Souza
amandars.adv@hotmail.com
Referências
• DAMIÃO; HENRIQUES, 2000. Curso de Português Jurídico
• Paulo Nader
Aula 02
•2 – Vocabulário Jurídico
• 2.1 . O sentido das palavras: denotação e conotação,
• 2.2 O sentido das palavras na linguagem jurídica
• 2.3 Polissemia e homonímia
• 2.4.1 Usos da linguagem jurídica: algumas dificuldades
• 2.5 Sinonímia e paronímia
• 2.5.1 Sinônimos
• 2.5.2 Parônimos
• 2.5.3 Usos da linguagem jurídica (sinonímia e paronímia)
• 2.6 O verbo jurídico: acepções e regimes
• 2.7 Arcaísmos
• 2.8 Neologismos
• 2.9 Estrangeirismos
• 2.10 Latinismos
• 2.11 Dificuldades do vocabulário na linguagem jurídica
• 2.12 Repertório vocabular jurídico
Conceitos importantes para a
02 Aula:
• Semântica: tem como objetivo o estudo da significação das palavras. Pode ser descritiva ( estuda a
significação atual das palavras) ou histórica (se ocupa da evolução do sentido das palavras através do
tempo). À Gramática Normativa só interessa a semântica descritiva. (CEGALLA, 2010).
• Vocabulário, por sua vez, é o uso do falante, é a seleção e o emprego de palavras pertencentes ao
léxico para realizar a comunicação humana.
Explica-se: João é brasileiro, natural do Rio Grande do Sul, advogado. José é também brasileiro, natural
do Rio Grande do Norte, médico. Ambos partilham o mesmo léxico português (língua), mas cada qual
possui seu vocabulário próprio, um repertório fechado, sujeito a uma série de indicadores
socioculturais. (DAMIÃO, 2000).
2.1 . O sentido das palavras:
denotação e conotação
DENOTAÇÃO
Ao se pesquisar o sentido da palavra denotação, encontra-se o conceito
realista de significado: é a representação de objeto ou pensamento por meio
de um sinal concreto.
Quando alguém diz que sua casa está situada no centro comercial do bairro,
tem-se, nesta comunicação, uma frase denotativa e o sentido encontrado
nos dicionários aponta uma família ideológica ampla - "morada",
"residência", "habitação",
"domicílio", que, alerte-se, possui distinções semânticas no vocabulário
jurídico.
• Exemplo:
4. Homônimos reinterpretados
São casos de desvio semântico entendido pelos autores como polissemia por
assumirem as palavras relações psicológicas diferentes.
Egrégio (ex grege): usava-se para designar a ovelha separada do rebanho; hoje, fala-se
em Egrégio Tribunal; hospício: passou de hospedaria para hospital e, daí, para hospital
de alienados; insolente: excessivo, fora do comum, cristalizou-se como grosseiro;
formidável: que causa medo (do latimformidare) e cujo sentido, hoje, é excelente;
escrúpulo: antes, pedrinhas da areia que perturbavam quando entravam no sapato; hoje,
perturbação da consciência.
2.4 SINONÍMIA E PARONÍMIA
2.5.1 Sinônimos
A busca, no Dicionário de Sinônimos, de uma palavra com o mesmo
sentido atende ao objetivo de eliminar-se a repetição e a consequente
monotonia. Por isso é que Mario Quintana diz haver apenas dois
sinônimos perfeitos: nunca
e hoje.
De acordo com a Lingüística moderna, seria sinônimo perfeito aquele
permutável em todos os contextos. No caso de uma série sinonímica- é
possível proceder à substituição de um termo por outro, em determinados
contextos. Tal fato pode verificar-se numa série sinonÍmica como:
• morrer, falecer, expirar, extinguir-se
2.4 SINONÍMIA E PARONÍMIA
Observe-se a diferença entre:
Ilustrando a assertiva, verifiquem-se os empregos dos verbos prolatar, proferir, exarar e pronunciar. Referem-se
todos eles à decisão judicial; não representam, no entanto, exatamente a mesma ideia. O verbo prolatar é
utilizado em sua acepção ampla: tanto significa declarar oralmente a sentença, quanto dá-la por escrito.
Proferir ajunta-se à ideia da sentença oral, enquanto exarar corresponde a lavrar, consignar por escrito a decisão
judicial. O verbo pronunciar, por sua vez, a despeito de significar, sentido lato, despachar, declarar, decretar a
sentença, encontra seu sentido preso ao Direito antigo que o recomenda para a decisão anunciada em voz alta.
Este uso não é seguido com rigor pela linguagem legislativa, sempre repleta de imperfeição semântica, que
elege o verbo pronunciar para referir-se ao ato de o juiz decidir sobre a interdição de deficientes mentais, ébrios
habituais e viciados em tóxicos (art. 1.767, IH, do CC) e sobre os excepcionais sem completo desenvolvimento
mental (art. 1.767, IV;do CC), determinando que o juiz esteja assistido por especialistas, mas examinando, ele
próprio, a situação do interditando
(art. 1.771, CC
2.4.3 Usos da linguagem jurídica (sinonímia e
paronímia)
Outras paronímias freqüentam a linguagem jurídica, exigindo cautelas no emprego, dentre
elas:
1. Descriminar/Discriminar
Tem sido bastante empregada a palavra descriminar (indica a exclusão de criminalidade,
denota a idéia de inocentar) nas discussões sobre a reforma do Código Penal. Não há
confundi-la com o vocábulo discriminar, significativo de separar, distinguir, dar tratamento
diferenciado a uma mesma situação.
Delatar/Dilatar
A delação é ato acusatório, é revelar alguém como culpado. Os dicionaristas têm anotado o
verbo denunciar como sinônimo de delatar; na linguagem jurídica, no entanto,
inconveniente é o emprego, porque a palavra denúncia, em Direito Penal, indica acusar, mas
é ato exclusivo do Ministério Público que imputa a alguém a autoria de crime ou
contravenção perante uma autoridade.
Infligir/Infringir
Infringir (infringere) refere-se à violação da lei ou não cumprimento de obrigações.
Infligir (injligere) tem o sentido de aplicar,-impor, atirar. Em Direito, é aplicar pena
ou castigo à pessoa, em consequência de conduta criminosa ou lesiva por ele
praticada.
ARGUIR
• a) A defesa arguiu a sentença de injusta em suas razões de Apelação.
• b) A Contestação arguiu a incompetência do juiz para conhecer do
• pedido.
• c) O juiz arguiu, exaustivamente, a testemunha.
• Nos exemplos, o verbo arguir assume diferentes significados. No item "a", tem o sentido de acusar, tachar de,
construindo-se como objeto direto e indireto (emprego da preposição de). Já o item "b" cuida das acepções alegar,
apresentar como defesa alguma coisa (o sentido sempre guarda a ideia de oposição, podendo ser empregado quer como
transitivo direto, quer como transitivo direto e indireto). Finalmente, o item "c" aponta o sentido de interrogar, inquirir,
que aparece com a construção transitiva direta, podendo, ainda, presentar a ideia de indagar alguém sobre alguma
coisa.
Carecer
a) O autor carece de interesse para agir.
b) A acusação carece de provas mais contundentes.
No item "a", carecer significa ter falta de, enquanto o item "b" emprega o verbo
para indicar a idéia de necessitar de, precisar de. Quanto ao emprego do verbo
carecer, vale citar os Comentários à polêmica entre Rui Barbosa e Carneiro
Ribeiro do preclaro mestre Artur de Almeida Tôrres (1959, p. 45) que registram
as controvérsias em torno do verbo, em razão de Rui, no art. 18 do Projeto, ter
proposto a substituição do verbo carecer, que assim figurava:
"Carecem de aprovação do Governo Federal os estatutos ou compromissosde
sociedades etc."
2.6 - ARCAÍSMO
De uma forma ou de outra, os autores sempre têm assinalado o perpétuo estado de
mudança da linguagem. Já Horácio no-lo diz naArs poetica (vv. 70 e segs.):
• DATIVO
• fideicomisso
• cruciforme
• crucifixo
• homicídio (hominicídio)
GENITIVO NOMINATIVO ABLATIVO
jurisprudência Cícero, Nero, Juno etc. fidedigno
jurisperito Eu, tu, ele, nós, vós, eles sinecura (sine + cura)
jurisdição Este, esse, aquele amanuense (a + manu + ense)
litisconsorte sóror, câncer, deus etc. mentecapto (mente + capto)
litispendência amente (a + mente)
plebiscito alínea (a + línea)
suicídio
reivindicação
• Déficit (superávit): formas latinas substantivadas; hoje aparecem acentuadas e com a
desinência indicativa do plural, sinal de que já se consideram incorporadas ao português.
• • Alibi: advérbio latino (em outro lugar) usado como substantivo em português; é a prova de
que o acusado se encontrava em outro lugar no momento do crime. Aparece com e sem
acento.
• • Grátis: advérbio latino corrente em português; continua como advérbio. Também aparece
acentuado e como adjetivo, v. g., amostra grátis.
• • Exequatur: forma verbal latina substantivada; é o subjuntivo de exequorexsecutus sum-
exsequi; literalmente significa "cumpra-se, execute-se". É
• a autorização de ordem para que se executem determinados atos.
• • Quorum (quórum): genitivo plural do pronome relativo latino - qui-quaequod
• - substantivado com o sentido de "número legal".
• • Habeas corpus: palavra composta da 2ª pessoa do singular do presente
• do subjuntivo do verbo habere (habeas) e do substantivo corpus (corpo).
• Trata-se do instituto de garantia contra a violência ou constrangimento
• na liberdade de locomoção. A
2.11 DIFICULDADES DO VOCABULÁRIO NA
LINGUAGEM JURÍDICA
• Dificuldades vocabulares a serem superadas pelo usuário da língua
portuguesa sempre as houve e inúmeras, constituindo sérios obstáculos
para a comunicação humana. Limitamo-nos, pois, à indicação de alguns
problemas:
• a) Afim de: muita confusão se faz entre as expressões afim de e afim de,
substantivo e locução conjuntiva, respectivamente.
• Assim, grafa-se separado em frases do tipo:
• O advogado solicitou diligências a fim de verificar a saúde mental do
acusado.
• Verifica-se, ainda, a forma afim (afins), adjetivo designativo de semelhança.
• Ao invés: comum é a troca entre as expressões parônimas.
Todavia, ao invés só deve ser usada quando presente estiver a
ideia de oposição, de ser contrário a. Exemplificando: Ao invés
de confessar a autoria do delito, como todos esperavam, o réu
negou qualquer participação no crime.
• A expressão em vez de não exige o sentido de situação
antônima; basta a ideia de mera substituição: O advogado, em
vez de dirigir-se ao cartório, despachou diretamente com o
juiz.
A partir de: significa a começar de. Portanto, não se diz "começará a
partir da próxima semana (referindo-se às aulas), e, sim, começará na
próxima semana.
Correto é o emprego da expressão a partir de se, na condição circunstancial de tempo,
estiver deslocada para antes do verbo começar: A partir da próxima semana, começarão as
inscrições do concurso vestibular.
• Avença: forma arcaica que significa ajuste contratual. É comum seu uso
para completar o nome de um contrato, e. g., Contrato de Compra e
Venda e outras avenças.
• Gravar: onerar, hipotecar, sujeitar a encargos - gravar o imóvel implica ônus, restringir o direito de propriedade.
Querela: é ação penal privada. Tem o mesmo sentido de queixa-crime, quando a vítima cumpre a iniciativa do processo criminal.
Difere da Denúncia (iniciativa do Ministério Público), ou da Portaria (ato do juiz): todas expressões indicativas de abertura de
processo-crime.
• Remição: significa pagar, quitar, diferente de sua parônima remissão,indicativa da liberação da dívida pelo perdão do credor.
• Subsídio: esse vocábulo tem sido pronunciado erroneamente com o som de z, como se fosse "subzídio". No entanto, o s é início da
sílaba si, com a pronúncia sub-sídio (som s forte), pois não há vogal em sub. Em Direito Administrativo, designa subvenção que o
Estado concede para
assegurar uma atividade econômica de interesse social.
• Termo legal: é o que a lei fixa, sendo antônimo de termo convencional (o que os contratantes pactuam como expressão de sua
vontade).
Núbil: refere-se, desde sua origem, à mulher, significando idade
propícia para casar, ou que a jovem está preparada para assumir
obrigações conjugais.
Com a noção constitucional de que homem e mulher devem assumir,
juntos, o ônus da sociedade conjugal, é provável que a expressão núbil
alargue seu campo semântico.