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2021 09 03 15 13 17 43276815 Contratos em Especie Parte III
2021 09 03 15 13 17 43276815 Contratos em Especie Parte III
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Contratos em Espécie – Parte III
Carlos Elias
Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Contratos em Espécie – Parte III.................................................................................................. 5
1. Mandato......................................................................................................................................... 5
1.1. Legislação. . .................................................................................................................................. 5
1.2. Definição e Espécies (Judicial e Extrajudicial). . .................................................................. 5
1.3. Natureza Personalíssima........................................................................................................ 5
1.4. Forma do Mandato................................................................................................................... 5
1.5. Objeto do Mandato................................................................................................................... 7
1.6. Classificação.............................................................................................................................. 7
1.7. Presunção de Gratuidade.. ....................................................................................................... 8
1.8. Representação vs Mandato.................................................................................................... 9
1.9. Mandato e Representação vs Nunciatura........................................................................... 9
1.10. Incapaz como Mandante.. .................................................................................................... 10
1.11. Incapaz como Mandatário.. .................................................................................................. 10
1.12. Proibições Legais de Ser Mandatário. . .............................................................................. 10
1.13. Substabelecimento................................................................................................................ 11
1.14. Procuração em Causa Própria............................................................................................ 14
1.15. Obrigações do Mandatário...................................................................................................16
1.16. Obrigações do Mandante.. .................................................................................................... 17
1.17. Conflito de Interesse. . ........................................................................................................... 18
1.18. Excesso de Poderes: o Mandante e o Terceiro.................................................................19
1.19. Extinção do Mandato............................................................................................................ 20
1.20. Questões Importantes. . ....................................................................................................... 22
1.21. Mandato Aparente................................................................................................................ 24
1.22. Questões Especiais.. ............................................................................................................. 25
Questões de Concurso.................................................................................................................. 29
Gabarito............................................................................................................................................ 38
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Contratos em Espécie – Parte III
Carlos Elias
Apresentação
Olá, querido(a) amigo(a)!
Vamos continuar tratando de contratos em espécie.
A diretriz é a mesma: estamos focando em concursos públicos e, por isso, só aprofundare-
mos em temas que realmente costumam ser cobrados em concurso.
Vamos em frente!
Resumo
Amigo(a), se tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios. É
fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conte-
údo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. De
nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Mandato1 é contrato por meio do qual o mandatário recebe poderes para praticar atos e
administrar interesses em nome e por conta do mandante. Por isso, o mandante é que
fica obrigado pelo ato do mandatário;
• Os mandatos podem ser extrajudicial (ou ad negotia) ou judicial (ad judicia);
• O mandato é contrato não solene, por poder ser realizado, de regra, sob qualquer forma.
O CC admite expressamente mandato verbal e tácito (art. 656, CC);
• Procuração é diferente de mandato. Aquela é o instrumento do mandato (art. 653, CC);
• O mandato é o negócio jurídico (o contrato), ao passo que a procuração é o seu instru-
mento. Por instrumento, entende-se um documento escrito, de modo que, se o mandato
for verbal, não há procuração;
• Em regra, a forma do mandato é livre (art. 656, CC). Sucede que, pelo princípio da atra-
ção das formas (art. 657, CC), o mandato deve revestir-se da mesma forma exigida, por
lei (art. 107, CC) ou por vontade (art. 109, CC), ao ato final a ser praticado;
• Menor de dezoito anos e maior de dezesseis anos não emancipado pode ser mandatá-
rio, mas só responderá nos termos previstos para as obrigações contraídas por menores
(art. 666, CC). Cabe, porém, ação in rem verso para reaver do menor relativamente inca-
paz o valor correspondente ao seu enriquecimento sem causa, decorrente do exercício
indevido do mandato;
• Se o mandante autoriza expressamente o substabelecimento, o advogado só responde
pelo dano causado pelo substabelecido se tivesse incorrido em culpa in eligendo ou
em culpa na instrução deste (art. 667, § 2º, CC) (STJ, REsp 1742246/ES, 3ª Turma, DJe
22/03/2019);
1
“A denominação deriva de manu datum, porque as partes se davam as mãos, simbolizando a aceitação do encargo e a pro-
messa de fidelidade no cumprimento da incumbência. O vocábulo mandato designa ora o poder conferido ao mandante,
ora o contrato celebrado, ora o título deste contrato, de que é sinônima a procuração” (Gonçalves).
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O mandato é contrato não solene, por poder ser realizado, de regra, sob qualquer forma. O
CC admite expressamente mandato verbal e tácito (art. 656, CC). Ex. de mandato verbal: deixo
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“A denominação deriva de manu datum, porque as partes se davam as mãos, simbolizando a aceitação do encargo e a pro-
messa de fidelidade no cumprimento da incumbência. O vocábulo mandato designa ora o poder conferido ao mandante,
ora o contrato celebrado, ora o título deste contrato, de que é sinônima a procuração” (Gonçalves, 2010, p. 410).
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Contratos em Espécie – Parte III
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cheque assinado em branco para meu colega pagar a conta do almoço; dou meu cartão e a
senha pessoal a colega para que este saque valores a mim.
1.4.2. Procuração
Por ser contrato – negócio jurídico bilateral (resulta de duas ou mais vontades) –, o man-
dato depende do consentimento de ambas as partes para se aperfeiçoar.
Todavia, a aceitação não precisa ser expressa; pode ser tácita, quando resulta do começo
da execução (art. 659, CC).
Apesar de haver quem que admita presumir a aceitação do mandato na hipótese de um
profissional receber uma procuração e manter silêncio, tudo com fundamento do no art. 111
do CC (Gonçalves), entendemos diferente em razão da especialidade do art. 659 do CC, que
exige a aceitação tácita do mandato envolva o começo da execução. Assim, o mero fato de um
cliente entregar uma procuração a um advogado não significa que ele já aceitou o mandato. É
necessário que o advogado use a procuração.
Em regra, a forma do mandato é livre (art. 656, CC). Sucede que, pelo princípio da atração
das formas (art. 657, CC), o mandato deve revestir-se da mesma forma exigida, por lei (art.
107, CC) ou por vontade (art. 109, CC), ao ato final a ser praticado. Ex.: procuração em escritura
pública para alienação de imóvel de valor superior a 30 salários-mínimos (art. 108, CC); procu-
ração deve ser escrita para doação ou fiança, que estas exigem forma escrita em regra (arts.
541 e 819 do, CC).
Se o ato final pode ser celebrado por qualquer forma, o mandato também o poderá, de ma-
neira que a forma da procuração não precisará coincidir com a forma escolhida voluntariamen-
te para o ato final. Assim, uma procuração por instrumento particular pode ser utilizada para
celebrar um contrato por escritura pública, se a forma pública do ato final não era obrigatória
por lei ou por vontade das partes na forma do art. 109 do CC, mas decorreu de mera conveni-
ência das partes.
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Contratos em Espécie – Parte III
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Cegos e analfabetos, por não terem como assinar nem entenderem o teor do mandato (pre-
cisam de assinatura a rogo), só podem outorgar procuração escrita por instrumento público.
Quando se tratar de mandato verbal, não há óbices a que o mandante seja cego ou anal-
fabeto. Nesse caso, porém, não há uma procuração, que é o instrumento escrito do mandato.
Como o mandato é não solene, não há, em regra, necessidade de reconhecimento de fir-
ma. Todavia, no mandato ad negotia (extrajudicial), o terceiro pode exigir o reconhecimento de
firma (art. 654, § 2º, CC). Essa exceção não vale para o mandato ad judicia se esta for apre-
sentada pelo advogado em juízo, pois, no sistema processual, o advogado tem fé pública para
declarar a autenticidade de documentos (interpretação extensiva do art. 425, IV, CPC).
Por fim, a procuração apresentada perante Cartório de Registro de Títulos e Documentos
precisa ter firma reconhecida e, nesse caso, entendemos que isso não vale para procuração ad
judicia se houver declaração do advogado quanto à autenticidade do documento (art. 158, Lei
n. 6.015/1973).
1.6. Classificação
1.6.1. Quanto à Extensão dos Poderes (Mandato em Termos Gerais e Manda-
to com Poderes Gerais) e os Poderes Implícitos
Quanto à extensão dos poderes, o mandato pode ser em termos gerais ou com poderes
especiais.
Mandato em termos gerais (ou com poderes gerais) é aquele que só confere poderes de
administração (art. 661, CC).
Mandato com poderes especiais é aquele que expressamente prevê a prática de atos que
excedem a administração ordinária, como alienar, hipotecar e transigir (art. 661, § 1º, CC).
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Outros casos em que se exigem poderes especiais: prestar fiança, casar (art. 1.542 do CC),
representar testamenteiro (art. 1.985, CC), prestar aceite em cambial.
A interpretação dos poderes outorgados no mandato deve ser restritiva, segundo doutrina,
embora se admitam poderes implícitos.
Poderes implícitos são aqueles que, por imperativo lógico, guardam conexão com o poder
explícito. Por exemplo, o poder de vender o imóvel implica implicitamente o poder de assinar a
escritura de venda desse bem; o poder de receber o pagamento pressupõe tacitamente o poder
de dar quitação.
Quanto aos atos a serem praticados, o mandato pode ser geral ou especial.
O mandato geral é outorgado para qualquer negócio do mandante (art. 660, CC). Ex.: man-
dato para prática de qualquer ato de interesse do mandante.
O mandato especial é outorgado para negócios especificados do mandante (art. 660, CC).
Ex.: mandato para a venda de determinado imóvel.
Essa classificação não se confunde com a já tratada classificação quanto à extensão dos
poderes; elas coexistem. Assim, por exemplo, se dou procuração para uma imobiliária cuidar
do meu imóvel para resolver problemas em geral, estou celebrando um mandato especial (por-
que se volta apenas a um negócio especificado: administrador o imóvel; e não para cuidar de
todos os meus bens e interesses) e em termos gerais (a imobiliária pode praticar qualquer ato
de administração ordinária do imóvel). Se, nesse mesmo exemplo, eu só estou dando poderes
para a imobiliária vender o imóvel, o mandato aí é especial e com poderes especiais.
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(a saber, quando o mandatário age profissionalmente), a remuneração será fixada por arbitra-
mento pelo juiz com base na natureza, complexidade e duração do serviço (art. 658, CC).
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Servidor público não pode ser procurador perante repartição pública, salvo de parente até
2º grau em obtenção de benefícios previdenciários ou assistenciais (art. 117, XI, da Lei n.
8.112/90).
1.13. Substabelecimento
1.13.1. Definição, Cabimento e Responsabilidade Civil do Substabelecente
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advogado só responderia pelo dano causado pelo substabelecido se tivesse incorrido em cul-
pa in eligendo ou em culpa na instrução deste (art. 667, § 2º, CC), o que não ocorreu. O cliente
só poderá cobrar indenização do substabelecido. Não importa se o substabelecimento foi com
reserva de poderes (STJ, REsp 1742246/ES, 3ª Turma, DJe 22/03/2019).
Apesar do talento que sempre acompanham os julgados do STJ – com inclusão do supra-
citado precedente –, ousamos externar posição diferente por dois motivos.
O primeiro é que o fundamento da responsabilidade civil do advogado não é o contrato de
mandato (instrumentalizado pela procuração), e sim o contrato de prestação de serviço advo-
catício, o que afasta a incidência do art. 667, § 2º, do CC, que só trata de contrato de mandato.
De fato, como o cliente tinha um contrato de prestação de serviço advocatício, o mandato
é um mero contrato coligado àquele3. Por isso, se o advogado contratado decide prestar o
serviço mediante substabelecimentos, isso é irrelevante para o cliente. O que importa é que
o advogado contratado assegure a adequada prestação do serviço, o que inclui o repasse do
dinheiro devido ao cliente por conta de um acordo em processo judicial. Não repassado esse
dinheiro, isso configura inadimplemento do contrato de prestação de serviço, o que atrai a res-
ponsabilidade civil do advogado contratado, que só poderia se isentar da responsabilidade se
provasse algum caso fortuito ou força maior.
O segundo motivo de nossa posição é a boa-fé objetiva, que tutela a confiança nas rela-
ções contratuais (arts. 113 e 422 do CC). O particular que contrata um advogado tem a legítima
expectativa de que este prestará o serviço adequadamente, delegando ou não essa execução
a terceiros de sua confiança por meio de substabelecimentos com reserva de poderes. Ao
assinar a procuração (que costumeiramente é redigida pelo próprio advogado contratado), o
cliente não imaginará que o poder de “substabelecer”, que se perde entre os inúmeros outros
poderes específicos enfileirados no texto, é uma verdadeira “casca de banana”, pois iria atro-
fiar a responsabilidade civil do contrato de prestação de serviço. Afastar a responsabilidade
do advogado contratado por ato do substabelecido levando em conta apenas a autorização
de substabelecimento na procuração e desconsiderando que a sua obrigação se fundamenta
principalmente no contrato de prestação de serviço poderia gerar um ambiente de inseguran-
ça na relação entre cliente e advogado, de maneira que, no futuro, chegaríamos à indigesta
situação de os clientes, antes de contratarem um advogado, terem de submeter a minuta de
contrato a outro advogado para identificação de possíveis “cascas de bananas”.
Por fim, a questão seria diferente se inexistisse contrato de prestação de serviço (ainda
que verbal) com o substabelecente. No exemplo acima, suponha que o advogado contratado
pelo cliente tivesse substabelecido, com reservas, os poderes a João, que, por sua vez, substabeleceu,
3
Quanto à autonomia, os contratos podem ser classificados como autônomos ou conexos. Entre os contratos conexos,
estão os contratos acessórios, os subcontratos, os contratos normativos, os contratos relacionais e, no que nos importa
aqui, os contratos coligados. Contratos coligados são aqueles que guardam uma relação de dependência causal e funcio-
nal com outro, de maneira que um deles só foi celebrado por conta da existência do outro. Na espécie, o contrato de man-
dato só é celebrado por conta da existência do contrato de prestação de serviço advocatício.
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também com reservas, os poderes a Manoel. Manoel, então, comete o ato de apropriação indé-
bita, causando dano ao cliente. Nesse caso, temos que o art. 667 do CC seria aplicável apenas
em favor de João, que não mantinha contrato de prestação de serviço com o cliente. Assim,
João só poderia ser responsabilizado se tivesse incorrido em culpa in eligendo ou em culpa na
instrução de Manoel. Por outro lado, o advogado contratado responderia perante o cliente com
fundamento no contrato de prestação de serviço.
Portanto, entendemos que o art. 667 do CC, que trata da responsabilidade civil do substa-
belecente por ato do substabelecido, não se aplica quando o substabelecente mantiver, com
a vítima, contrato de prestação de serviço em coligação com o contrato de mandato, pois o
fundamento da responsabilidade civil será aquele primeiro contrato.
A matéria é nova no STJ: só foi analisada pela sua 3ª Turma em apenas um julgado. A 4ª
Turma ou 2ª Seção ainda haverão de julgar um caso similar e poderão adotar outro caminho.
A própria 3ª Turma poderá mudar seu entendimento com outros casos.
O substabelecimento pode ser instrumento particular, ainda que a procuração tenha sido
pública (art. 655, CC). Todavia, segundo doutrina majoritária, segue aplicável o princípio do
paralelismo das formas do art. 657 do CC, de sorte que, se o ato a ser praticado exigir forma
pública, o substabelecimento deverá também ser por escritura pública. É o que dispõe o enun-
ciado n. 182 das Jornadas de Direito Civil (“O mandato outorgado por instrumento público pre-
visto no art. 655 do Código Civil somente admite substabelecimento por instrumento particular
quando a forma pública for facultativa e não integrar a substância do ato”).
O art. 685 do CC dispõe acerca do mandato em causa própria, também designado de man-
dato in rem suam. Ele é outorgado no interesse exclusivo do mandatário e autoriza este a
representar, no próprio interesse, o mandante. Como o mandatário não agirá no interesse do
mandante, o mandato em causa própria, além de ser irrevogável, não se extingue com a morte
e não gera dever de prestar constas.
É comum de ser utilizado como forma de “alienar o bem”: o “vendedor”, no lugar de celebrar
um contrato de compra e venda, outorga poderes ao “comprador” por meio de procuração em
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causa própria e recebe o preço do imóvel. Essa procuração não transfere o direito real de pro-
priedade, mas dá poderes ao “comprador” para alienar a coisa para si mesmo ou para terceiros.
Desse modo, se o “comprador” quiser transferir o direito real para si, basta ele, usando a
procuração, celebrar um contrato consigo mesmo (ou autocontrato4), ou seja, celebrar um con-
trato de compra e venda em que o “comprador” assinará o campo da assinatura dos dois polos
contratuais: assinará no polo do “vendedor” na condição de mandatário do titular do titular do
direito real de propriedade (assinará “por procuração”) e, também, assinará no polo do “compra-
dor” em nome próprio. Soa estranha a aparência da escritura: uma mesma pessoa assinando
os dois polos da escritura de compra e venda, como se ela estivesse vendendo o imóvel para si
mesmo. Juridicamente, porém, não se trata de uma venda para si mesmo, pois, no campo do
“vendedor”, a pessoa está assinando em nome do mandante, e não em nome próprio.
O mandato em causa própria é usada também como forma de burlar o pagamento de ITBI,
imposto cujo fato gerador é, à luz do STJ, transferência da propriedade imobiliária, que somen-
te se opera mediante registro do negócio jurídico no ofício competente” (STJ, AgRg no AREsp
n. 215.273/SP, 2ª Turma, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 15/10/2012). Se eu quero com-
prar um imóvel a preço baixo com a intenção de revendê-lo a terceiros a um preço maior para
ter um lucro, esse arranjo negocial exigiria duas transmissão onerosas de imóvel: uma do atual
proprietário para mim por meio do registro da escritura de compra e venda que celebraríamos;
outra de mim para o terceiro adquirente. Haveria, pois, a cobrança de dois ITBIs. Para contornar
um dos ITBIs, eu poderia obter uma procuração em causa própria do atual proprietário, pagan-
do-lhe o preço do imóvel. Nesse caso, não há uma efetiva compra e venda e, portanto, não há
transferência do direito real de propriedade, de maneira que não haverá o fato gerador do ITBI.
Em seguida, eu posso, representando o atual proprietário, assinar uma escritura pública de ven-
da do imóvel para o terceiro, que, em contrapartida, pagará para mim o preço maior que eu co-
brei. Com o registro dessa escritura, o direito real de proprietário será transferido diretamente
para esse terceiro, sem passar por mim, o que será o fato gerador do ITBI. Nessa sistemática,
só haverá a cobrança de um ITBI.
Há controvérsias se essa operação configura ou não fraude fiscal e também se a procura-
ção em causa própria poderia ser registrada no Cartório de Imóveis. Entendemos que não há
fraude fiscal, pois o mandatário “em causa própria”, além de ter-se valido de um negócio jurí-
dico expressamente previsto em lei (no art. 685 do CC), jamais se tornou titular do direito real
de propriedade e, portanto, nunca desfrutou dos privilégios desse tipo de direito (como a opo-
nibilidade erga omnes), de modo que seria descabido cobrar ITBI para essa hipótese a pretexto
de simulação. Não há simulação nem fraude. Entendemos ainda que a procuração em causa
própria não pode ser objeto de registro na matrícula do imóvel em razão da taxatividade dos
4
A autocontratação é admitida apenas nos casos permitidos em lei (art. 117, CC), como é o caso do emprego da procura-
ção em causa própria (art. 685, CC). Não se admite a autocontratação quando for evidente o conflito de interesses entre o
dominus negotii e o representante. Essa é a ratio essendi da Súmula n. 60/STJ: “É nula a obrigação cambial assumida por
procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste”.
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atos de registro (art. 167, I, da LRP), mas poderia ser objeto de averbação por força da natureza
exemplificativa dos atos de averbação (art. 246, LRP), mas isso não terá o condão de transferir
o direito real de propriedade.
Quando, por exemplo, a lavratura da escritura pública de compra e venda de um imóvel não
pode ser efetuada em razão da ausência de reunião de todos os documentos necessários e
o proprietário se vê impossibilidade de aguardar essa regularização documental por motivo,
por exemplo, de uma iminente viagem, poderá o vendedor outorgar um mandato ao adquirente
para que este, após sanar as falhas documentais, conclua o negócio jurídico, lavrando o instru-
mento translativo correspondente (escritura pública ou instrumento particular, a depender da
hipótese) e, em seguida, registrando a operação no Registro de Imóveis.
Nesse caso, a lavratura do supracitado instrumento translativo configurará um contrato
consigo mesmo, assinado pelo adquirente, de um lado, em nome próprio, como comprador e,
de outro lado, como mandatário, como alienante. O adquirente, pois, figurará nos dois polos
contrapostos do negócio, motivo por que se fala em contrato consigo mesmo.
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Para cobrar os seus créditos perante o mandante (remuneração e indenização pelas des-
pesas havidas na execução do mandato), o CC dá garantias ao mandatário: o direito de reten-
ção e a solidariedade passiva dos mandantes.
Em primeiro lugar, ele possui o direito de retenção da coisa obtida por conta do mandato
enquanto o mandante não pagar sua dívida (art. 681, CC). Embora o art. 681 do CC textualmen-
te só faça menção à indenização pelas despesas tidas pelo mandatário, a doutrina majoritária
confere-se interpretação extensiva para entender que o direito de retenção é para qualquer
dívida do mandante, inclusive a relativa à remuneração devida ao mandatário. Nesse sentido
é o enunciado n. 184/JDC (“Da interpretação conjunta desses dispositivos [arts. 664 e 681 do
CC], extrai-se que o mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi come-
tida, tudo o que lhe for devido em virtude do mandato, incluindo-se a remuneração ajustada e
o reembolso de despesas”).
Em segundo lugar, se houver mais de um mandante, todos eles são solidariamente respon-
sáveis pela dívida, assegurado o direito de regresso entre eles (art. 680, CC).
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O mandatário age não apenas em nome, mas também no interesse do mandante. Há, po-
rém, situações em que o mandatário pode também ter um interesse pessoal no negócio, caso
em que estaríamos diante de um conflito de interesse entre o mandatário e o mandante.
O tema precisa ser tratado sob duas perspectivas: uma na relação entre mandante e man-
datário e outra na perante terceiros. A resposta passa pela boa-fé objetiva e pela autonomia
da vontade.
Sob a primeira perspectiva (mandante vs mandatário), temos que o conflito de interesse
não é impeditivo para a celebração do contrato de mandato, mas, em nome da boa-fé objetiva,
é dever do mandatário comunicar o mandante acerca dessa situação de conflito de interesse
para ciência. Eventual atuação do mandatário contrariamente aos interesses do mandante
poderá gerar responsabilização civil. O mandante, por conta da autonomia da vontade, pode
querer determinada pessoa como mandatário apesar do conflito de interesse: não há óbice
jurídico a tanto.
Sob a segunda perspectiva (mandante vs terceiro), o terceiro de boa-fé não pode ser preju-
dicado. Por isso, se o terceiro sabia, ainda que potencialmente, a existência de conflito de inte-
resse entre mandante e mandatário e, ainda assim, concretizou o negócio, esse negócio será
anulável no prazo decadencial de 180 dias, conforme art. 119 do CC. Apesar do silêncio desse
dispositivo, entendemos que a anulabilidade depende de prova do prejuízo para o mandante,
tudo em nome do princípio da conservação do negócio jurídico.
Indaga-se: Pode uma mesma pessoa ser mandatário de todas as partes de um mesmo
contrato? Por exemplo, poderia uma mesma pessoa ser mandatário do vendedor e do com-
prador de um imóvel e, nessa condição, assinar a escritura pública de compra e venda em
nome dos dois?
O tema é controverso.
A Corregedoria-Geral de Justiça do TJ-RS proíbe situação de a mesma pessoa ser manda-
tária de pessoas com interesses diferentes, conforme o art. 591 do Provimento n. 32/06-CGJ,
in litteris: “Uma só pessoa pode assinar por diversas, mas há de ser idêntico o interesse delas;
se não o for, devem intervir tantas pessoas quantos sejam individualmente ou em grupos com
interesses opostos e ainda em relação às impossibilitadas de assinar, inclusive por não saber”.
Entendemos diferente, tudo com base no princípio da autonomia da vontade e da boa-fé
objetiva. Fora os casos em que há proibição legal ou proibição no contrato de mandato,
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não vemos impedimento a que a mesma pessoa seja mandatária de pessoas diferentes por
falta de vedação legal. Seja como for, em nome do princípio da boa-fé objetiva, caso o manda-
tário não comunique esse fato ao mandante e cause prejuízo a ele, deverá pagar a indenização
devida. Isso, porém, é um problema interno ao contrato de mandato.
Assim, se um brasiliense quer vender um apartamento em Copacabana (Rio de Janeiro)
para um paulista, nada impede que as partes deem procuração a um carioca (o corretor de
imóveis, por exemplo), que irá ao Tabelionato de Notas do Rio de Janeiro para assinar a escri-
tura em nome de ambas as partes.
Chamamos a atenção para o fato de que o art. 119 do CC, ao cominar a anulabilidade, e
não a nulidade, para negócios feitos em conflito de interesse, tutela interesse meramente par-
ticular, e não público, de maneira que soa exagerado, por mera interpretação extensiva, reputar
nulo o contrato de compra e venda em que as partes foram representadas pela mesma pessoa.
Afinal de contas, a nulidade dependeria da violação de uma norma de ordem pública (art. 166,
VI, CC). Tampouco é possível sustentar a anulabilidade para essa hipótese, pois a anulabilida-
de depende de previsão legal específica (art. 171, caput, CC).
No mesmo sentido do aqui defendido, o próprio Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mo-
dificou o art. 12 do Provimento n. 35/2008-CN/CNJ para permitir que um único advogado seja
não apenas o assistente técnico das partes, mas também o representante delas na assinatura
da escritura de inventário e partilha consensuais, o que já era admitido para a escritura de di-
vórcio consensual no art. 36 do mesmo provimento. Aliás, até mesmo em processos judiciais
de divórcio ou inventário consensuais, é admissível que as partes sejam representadas pelo
mesmo advogado, de modo que seria um contrassenso não guardar simetria para o procedi-
mento em cartório. Somente em processos judiciais contenciosos que um mesmo advogado
não pode representar os interesses das partes em litígio por proibição legal (art. 15, § 6º, do
Estatuto da OAB – Lei n. 8.906/1994 – e arts. 17 e 18 do Código de Ética e Disciplina da OAB
– Resolução n. 02/2015 – CFOAB).
Desse modo, se os herdeiros ou os cônjuges estão vivendo no exterior, eles podem contra-
tar apenas um advogado no Brasil para lavrar a escritura de inventário ou divórcio consensuais:
não há necessidade de eles virem pessoalmente ao Brasil para assinar a escritura nem gastar
dinheiro com a contratação de outros profissionais que, no mais das vezes, teriam atuação
meramente formal.
Do ponto de vista hermenêutico, devem-se evitar interpretações extensivas que, sem res-
paldo legal direto, acabem burocratizando o quotidiano dos indivíduos ou impondo-lhes obri-
gações meramente formais.
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A ratificação não precisa ser expressa; ela pode ser também tácita, desde que seja por ato
inequívoco.
Ex.: João, com procuração de administração em geral de bens de Manoel, vende imóvel
deste a Antônio. A venda é ineficaz, salvo se Manoel ratificar o negócio. Se Manoel ratificar a
daqui 1 ano, seja de forma expressa, seja de modo tácito (embolsando, por exemplo, o valor
da venda), considerar-se-á que a venda ocorreu na data do ato, e não na data da ratificação. Os
efeitos tributários (ITBI ou outros), por exemplo, deverão levar em conta a legislação da época
do ato, e não da ratificação.
Mandatário é considerado mero gestor de negócios, quando atua em excesso de poderes,
enquanto não houver ratificação pelo mandante (art. 665, CC). Lembre-se que a ratificação do
dono do negócio imprime à gestão de negócios os efeitos do mandato (art. 873, CC).
Em razão da boa-fé, se o terceiro sabia dos limites dos poderes do mandatário e, mesmo
assim, praticou o ato exorbitante, ele pode ser considerado um cúmplice da violação contratual
por ter agido de má-fé, de maneria que não poderá pleitear nem o mandatário nem o mandante
(arts. 662 e 673, CC). Afinal de contas, ninguém pode se servir da própria torpeza (tu quoque).
1.19.2. Revogação
A revogação do mandato pode ser expressa (declaração do mandante) ou tácita (ato in-
compatível do mandante, como assume pessoalmente o negócio). A nomeação de outro pro-
curador, comunicado ao anterior, implica revogação (art. 687, CC).
A revogação do mandato ou a sua renúncia possuem natureza de declaração receptícia,
pois a declaração de vontade precisa chegar à ciência da outra parte para gozar de eficácia
(arts. 686 e 688, CC). Para ter eficácia contra terceiros de boa-fé, a revogação deve ser comuni-
cada também a estes, sob pena de atrair a teoria da aparência em prol dos terceiros de boa-fé
(art. 686, CC).
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Noções Ferais
A morte ou a interdição de qualquer das partes como causa extintiva deve ser a do man-
dante ou a do mandatário. Portanto, não se extingue o mandato com a morte do administrador
da pessoa jurídica, pois esta é a mandante, e não aquele.
Como o mandato se baseia no vínculo de confiança, se qualquer das partes morre ou per-
de o discernimento dos atos negociais (interdição), é da essência do mandato que as partes
mantenham continuamente uma supervisão um do outro, de maneira que, com a morte ou a
interdição de um deles, essa supervisão se inviabiliza, o que justifica a extinção do mandato.
Seja como for, em nome da boa-fé objetiva, se se tratar de morte do mandatário e se havia
algum negócio pendente, os herdeiros do mandatário comunicar o mandante e deverão adotar
medidas conservatórias ou, se houver urgência, concluir o negócio que estava pendente (arts.
690 e 691, CC).
No caso de morte do mandante, o direito a exigir contas que ele tinha transmite-se aos seus
herdeiros, os quais possuem legitimidade ad causam para exigir do mandatário o cumprimento
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desse dever. Claro: os herdeiros do mandante têm o direito de saber se o mandatário desem-
penhou adequadamente o seu dever para, no caso de mal exercício do mandato, cobrar inde-
nização (STJ, AgInt no AREsp 865.725/RS, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, DJe
06/08/2019).
No caso de morte do mandatário, indaga-se: o dever de prestar contas que ele tinha se
transmite ou não aos seus herdeiros?
A matéria não parece estar tão amadurecida no STJ, mas passamos a expor a melhor inter-
pretação que se extrai dos poucos julgados dessa Corte.
Segundo STJ, a regra é a de que o dever de prestar contas não se transmite aos herdeiros
do mandatário diante do caráter personalíssimo do mandato: os herdeiros, no mais das vezes,
não teria como prestar as contas por não deterem os documentos e as informações que só o
falecido mandatário tinha. Basta pensar em como uma criança de 2 anos de idade iria prestar
contas no lugar do seu falecido pai, que era mandatário de outrem (STJ, REsp n. 1122589/MG,
3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 19/4/2012).
Entretanto, ocorrendo a morte do mandatário ocorrer no curso da ação de exigir contas,
esse feito não se extinguirá, e o dever de prestar contas se transmitirá aos herdeiros do fale-
cido se, nos autos, já houver documentos probatórios suficientes para avaliar a adequação
das contas. Em outras palavras, se o mandatário, em vida, já apresentou as informações e os
documentos de que dispunha no processo, os seus herdeiros (geralmente por meio do espó-
lio) poderão sucedê-lo no polo processual por já não haver mais provas a serem produzidas. O
caráter personalíssimo do mandato aí se tornou irrelevante (STJ, REsp 1480810/ES, 3ª Turma,
Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 26/03/2018).
Sinaliza ainda o STJ para a possibilidade de haver a transmissibilidade do dever de prestar
contas para os herdeiros do mandatário a depender do caso concreto, especialmente quando
se verificar a viabilidade de os herdeiros acessarem as informações e os documentos neces-
sários à prestação das contas, especialmente quando o falecimento do mandatário ocorrer
no curso do ação de exigir contas (STJ, REsp 1203559/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe
Salomão, DJe 17/03/2014).
Portanto, segundo o STJ, o dever de prestar contas não se transmite aos herdeiros do man-
datário no caso de morte deste. A exceção corre à conta da hipótese de o mandatário, em vida,
já ter juntado os documentos e as informações de que dispunha sobre as contas nos autos
da ação de exigir contas, visto que, nessa hipótese, não haverá prejuízos aos herdeiros com a
transmissibilidade.
Por fim, no caso de tutela e curatela, há previsão expressa da transmissibilidade do dever
de prestar contas no caso de morte do tutor ou do curador (arts. 1.749, II, e 1.774 do CC). A
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tendência do STJ parece ser a de conferir interpretação restritiva a esse dispositivo para fixar
o mesmo entendimento acima do mandato, de modo que a transmissibilidade só ocorrerá se
já houver ação de exigir contas em curso com satisfatório suporte probatório relativo às con-
tas do falecido tutor ou do falecido curador. Isso é extraído do fato de que o STJ admitiu essa
transmissibilidade causa mortis do dever de prestar contas em um caso de falecimento de um
curador (que, antes, havia sido mandatário) no curso de ação de exigir contas, tudo porque o
falecido já havia apresentado uma vastidão de documentos acerca do período de sua gestão
na condição de mandatário e, depois, de curador (STJ, REsp 1480810/ES, 3ª Turma, Rel. Minis-
tra Nancy Andrighi, DJe 26/03/2018).
Ao nosso sentir, o STJ caminha bem nessa sua tendência, mas nós acrescentaríamos ape-
nas a possibilidade de a transmissibilidade do dever de prestar contas ocorrer mesmo sem
haver uma ação de exigir contas em curso no momento da morte do mandatário, desde que,
no caso concreto, o juiz verifique que os herdeiros teriam condições de acessar documentos
ou informações necessárias à prestação de contas ou verifique que não há nada a ser aces-
sado. Assim, entendemos que o dever de prestar contas se transmite aos herdeiros do man-
datário sempre que, de acordo com o caso concreto, o juiz verificar que inexistirá prejuízo à
defesa deles.
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Com base na boa-fé, da qual decorre a teoria da aparência, é possível admitir o mandato
aparente em outras situações, independentemente de previsão legal. Essa tutela da boa-fé por
meio da teoria da aparência no contrato de mandato guarda coerência com outras hipóteses
do Código Civil, como a do credor putativo (art. 309, CC).
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Com o advento da Lei da Cédula de Crédito Bancária – CCB (Lei n. 10.931/2004) –, as insti-
tuições financeiras passaram a instrumentalizar os contratos bancários em CCB, que já é título
executivo, o que livrou os bancos de terem de buscar soluções acrobáticas para conseguir
títulos de crédito.
Quando se trata de cláusula-mandato a favor de administradora de cartão de crédito, é pre-
ciso identificar a finalidade de seu uso. Se ela for usada para emitir título de crédito para que
a administradora ou terceiros cobrem dívida do próprio mandante (o cliente), há nulidade por
aplicação da Súmula n. 60/STJ por esbarrar nos mesmos motivos acima.
Não há, porém, nulidade da cláusula-mandato usada pela administradora do cartão de cré-
dito para que: (1) a administradora, na condição de mandatário do cliente, pague as dívidas
contraídas por este perante os comerciantes ao “passar o cartão na maquinha” deste; (2) a ad-
ministradora do cartão de crédito obtenha, em nome do cliente, recursos no mercado financei-
ro para pagar as dívidas decorrentes do uso do cartão, especialmente para cobrir o desfalque
decorrente do não pagamento do valor integral da fatura pelo cliente ou para o parcelamento
de compras. Esses dois usos são inerentes à dinâmica dos cartões de crédito e não se pres-
tam ao exclusivo interesse da administradora: o primeiro uso ocorre em praticamente todos
os casos de cartão de crédito (seja ou não private label), ao passo que o segundo é mais usual
nos contratos de cartão de private label6. Não há aí emissão de título de crédito em nome do
mandante (o cliente).
No tocante ao segundo uso (para buscar recursos no mercado financeiro), a administra-
dora é obrigada a prestar contas ao cliente sobre o modo como exerceu o mandato para obter
recursos no mercado financeiro (STJ, REsp 387.581/RS, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, DJ 01/07/2002).
Caso interessante julgado pelo STJ foi da Renner Administradora de Cartão de Crédito
Ltda, que oferece cartão de crédito private label com a marca “Renner” aos consumidores. O
voto do sempre talentoso Ministro Marco Buzzi detalha bem a hipótese (STJ, REsp 1084640/
SP, 2ª Seção, Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 29/09/2015).
Ela usa a cláusula-mandato para obter recursos no mercado financeiro quando precisa ar-
car com parte das faturas mensais que não foram pagas integralmente pelo consumidor (= é
6
Private label (marca própria) é uma espécie de terceirização da produção. Lojas grandes, como a Zara, por exemplo, podem
contratar outras empresas para produzir roupas e colocar nelas as etiquetas com a marca dessa grande loja (label se traduz
por etiqueta). No Brasil, as cadeias de supermercado Carrefour e Wall Mart foram as primeiras a se valerem da private label,
vendendo, em suas gôndolas, vários produtos a preço competitivo com suas etiquetas. Isso serve como estratégia de
branding (trabalho de divulgação da marca). Isso também ocorre nos cartões de crédito: lojas grandes produtos oferecem
cartões de crédito aos seus clientes com a marca da empresa e, para tanto, essas lojas grandes terceirizam essa atividade
financeira para uma administradora de cartão de crédito. É o caso dos cartões de crédito com a marca C&A, Renner, Tam,
nos anos 2000 Ipiranga, Gol etc. Trata-se do que se chama de cartões de crédito private label, as quais se desenvolveram
como forma de substituir os velhos sistemas de crediários. O comum é que esse cartão de crédito private label seja utili-
zado em qualquer estabelecimento que aceite a bandeira do cartão, mas há casos em que o cartão somente é aceito em
alguns estabelecimentos, como nos relacionados à empresa que dá a “marca” ao cartão.
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comum consumidor pagar as faturas do cartão de crédito parcialmente, o que leva a adminis-
tradora do cartão a buscar dinheiro no mercado financeiro para cobrir esse pagamento parcial).
Até a Lei Complementar n. 105/2001, as administradoras de cartão de crédito não podiam
ser instituições financeiras, o que as levavam a buscar recursos perante os bancos. A partir
daí, várias administradoras passaram a se transformar ou a criar instituições financeiras, ob-
servando todos os requisitos normativas da lei e do Bacen. Desse modo, enquanto instituições
financeiras, essas administradoras não precisavam mais de buscar dinheiro no mercado fi-
nanceiro, pois elas mesmas se encarregavam de “financiar” o débito e, assim, na condição de
instituição financeira, poder cobrar diretamente do cliente os salgados juros remuneratórios
incidentes sobre a parcela não paga da fatura. Nesse sentido, é a Súmula n. 283/STJ (“As em-
presas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros
remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura”). Se a adminis-
tradora não fosse instituição financeira, ela só poderia cobrar, no máximo, os tímidos juros
remuneratórios autorizados pelo art. 591 do CC.
As administradoras de cartão de crédito private label, todavia, não costumam ser institui-
ções financeiras, a exemplo da supracitada Renner Administradora de Cartão de Crédito Ltda, o
que faz a cláusula-mandato ser essencial para o sucesso da atividade dessas administradoras,
que, em nome do cliente, podem buscar recursos perante instituições financeiras para cobrir a
parcela não paga da fatura mensal pelo cliente. Assim, ao pagar parcialmente a fatura, o con-
sumidor irá pagar a diferença diretamente para a instituição financeira perante quem a admi-
nistradora, usando a cláusula-mandato, obteve o dinheiro. O consumidor pagará a dívida com
os juros remuneratórios elevados costumeiramente cobrados pelas instituições financeiras,
mas isso é plenamente lícito pelo fato de a administradora informar essas condições e esses
valores ao cliente. O uso da cláusula-mandato nessas hipóteses é feito em favor do próprio
cliente, razão por que, nessa hipótese, ela é lícita.
No caso analisado pelo STJ7, a Renner Administradora de Cartão de Crédito Ltda coloca-
va cláusula-mandato não apenas para que ela pudesse, em nome do cliente, buscar financiamento no
7
O texto da cláusula é esta (destacamos a parte declarada nula pelo STJ):
“O débito decorrente das aquisições pelo TITULAR ou seu(s) beneficiário(s), através do uso do CARTÃO DE CRÉDITO RENNER,
poderá ser parcial ou totalmente financiado por Instituição Financeira de livre escolha da LOJAS RENNER S.A e/ou da
RENNER ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO LTDA., mediante a cobrança de encargos praticados pela Instituição
Financeira e/ou Administradora de Cartões de Crédito. Para tal fim, o TITULAR, neste ato e por este instrumento, nomeia e
constitui a LOJA RENNER S.A. e/ou RENNER ADMINISTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO LTDA. sua procuradora para o
fim especial de, em nome e por conta do TITULAR, negociar e obter financiamento aqui mencionado, em qualquer Institui-
ção Financeira e/ou Administradora de Cartões de Crédito de sua livre escolha, podendo esta, para tal fim, ajustar e fixar
prazos e juros, comissões encargos, lugar e pagamento e demais cláusulas e condições por mais especiais que sejam,
celebrar contratos, aceitar letras de câmbio, emitir notas promissórias, assinar cheques, recibos, quitações e outros docu-
mentos necessários ao cabal cumprimento deste mandato, razão pela qual o TITULAR desde já reconhece como líquida e
certa a dívida que assim vier a ser contraída em seu nome, além de cobrável por via executiva qualquer que seja o docu-
mento por via executiva que o representar, com renúncia expressa dele, mandante, de opor qualquer contestação quer
ao montante, quer à qualidade da dívida e quer ainda, ao rito executivo para sua cobrança. Tendo em vista que o presente
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mercado financeiro (o que seria lícito), mas também para a autorizar, em nome do cliente,
a emitir títulos de crédito para permitir a ações executivas contra o consumidor (o que já
é ilícito).
Enfim, quando se trata de administrador do cartão de crédito, a nulidade da cláusula-man-
dato à luz da Súmula n. 60/STJ só ocorre para a emissão de títulos de crédito em nome do
cliente (mandante), e não para os casos de pagar as dívidas perante os estabelecimentos em
que o cliente “passou o cartão” ou para os casos de busca de recursos no mercado financeiro
para cobrir as faturas não pagas pelo cliente.
mandato só poderá ser exercitado para e nas condições previstas neste contrato, fica desde já autorizado a LOJAS RENNER
S.A e a RENNER ADMINSTRADORA DE CARTÕES DE CRÉDITO LTDA., em caráter irrevogável e irretratável a receber o pro-
duto das operações de crédito que celebrar em nome do TITULAR para aplicá-lo no pagamento de suas compras e/ou na
amortização ou pagamento do débito dele, TITULAR, junto a LOJAS RENNER S.A.”
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QUESTÕES DE CONCURSO
002. (FGV/CONSULTOR LEGISLATIVO/AL-RO/2018/ADAPTADA) Cláudia, 60 anos, decide
deixar Porto Velho para residir próximo aos filhos, que se encontram em Brasília. Em Porto
Velho, Cláudia possui imóveis, cujas locações lhe dão sustento. Ante a mudança de domicílio,
Cláudia atribui a Jane, sua irmã, o poder de administração de seus interesses em Porto Velho
(locação de imóveis), o que faz mediante instrumento particular. A partir desta situação, corre-
to afirmar que Cláudia celebrou contrato de:
a) procuração;
b) corretagem;
c) comissão;
d) agência;
e) mandato.
O mandato é o contrato por meio do qual alguém (mandante) outorga poderes para que ou-
trem (mandatário) pratique atos jurídicos em nome do mandante. É o caso da questão: Jane
é a mandatária e, nessa condição, pode praticar atos em nome de Cláudia relativamente ao
imóvel. Pode, por exemplo, assinar, em nome de Cláudia, um contrato para alugar o imóvel a
terceiros. Por isso, o gabarito é “E”. Veja o art. 653 do CC:
Art. 653. Opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, prati-
car atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
Letra e.
Pode adotar forma diversa do mandato, conforme art. 655 do CC, que autoriza substabeleci-
mento por instrumento particular apesar de o mandato ter assumido a forma pública. Veja:
Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se me-
diante instrumento particular.
Errado.
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Pode ser por instrumento particular, ao contrário do dito na questão (art. 655, CC).
Errado.
Art. 659. A aceitação do mandato pode ser tácita, e resulta do começo de execução.
Errado.
Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particu-
lar, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante.
§ 1º O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do
outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos po-
deres conferidos.
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§ 2º O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhe-
cida.
Errado.
Art. 672. Sendo dois ou mais os mandatários nomeados no mesmo instrumento, qualquer deles
poderá exercer os poderes outorgados, se não forem expressamente declarados conjuntos, nem
especificamente designados para atos diferentes, ou subordinados a atos sucessivos. Se os man-
datários forem declarados conjuntos, não terá eficácia o ato praticado sem interferência de todos,
salvo havendo ratificação, que retroagirá à data do ato.
Certo.
Art. 680. Se o mandato for outorgado por duas ou mais pessoas, e para negócio comum, cada uma
ficará solidariamente responsável ao mandatário por todos os compromissos e efeitos do mandato,
salvo direito regressivo, pelas quantias que pagar, contra os outros mandantes.
Errado.
Menor com idade de 16 anos já pode ser mandatário. Não é preciso ser maior de 18 anos, ao
contrário do dito na questão. É o art. 666 do CC:
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Contratos em Espécie – Parte III
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Art. 666. O maior de dezesseis e menor de dezoito anos não emancipado pode ser mandatário, mas
o mandante não tem ação contra ele senão de conformidade com as regras gerais, aplicáveis às
obrigações contraídas por menores.
Errado.
Art. 664. O mandatário tem o direito de reter, do objeto da operação que lhe foi cometida, quanto
baste para pagamento de tudo que lhe for devido em consequência do mandato.
Errado.
Art. 669. O mandatário não pode compensar os prejuízos a que deu causa com os proveitos que, por
outro lado, tenha granjeado ao seu constituinte.
Errado.
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Não envolve os poderes de hipotecar ou transigir, ao contrário do dito na questão. Veja o art.
661 do CC:
É o contrário: não importa o poder de firmar compromisso (art. 661, § 2º, CC).
Errado.
Art. 667. O mandatário é obrigado a aplicar toda sua diligência habitual na execução do mandato, e
a indenizar qualquer prejuízo causado por culpa sua ou daquele a quem substabelecer, sem autori-
zação, poderes que devia exercer pessoalmente.
§ 1º Se, não obstante proibição do mandante, o mandatário se fizer substituir na execução do man-
dato, responderá ao seu constituinte pelos prejuízos ocorridos sob a gerência do substituto, embora
provenientes de caso fortuito, salvo provando que o caso teria sobrevindo, ainda que não tivesse
havido substabelecimento.
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Art. 658. O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada retribuição, exceto se o
seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata por ofício ou profissão lucrativa.
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a retribuição prevista em lei ou
no contrato. Sendo estes omissos, será ela determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por
arbitramento.
Certo.
Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um negócio bilateral, ou tiver sido
estipulada no exclusivo interesse do mandatário, a revogação do mandato será ineficaz.
Certo.
Art. 686. A revogação do mandato, notificada somente ao mandatário, não se pode opor aos tercei-
ros que, ignorando-a, de boa-fé com ele trataram; mas ficam salvas ao constituinte as ações que no
caso lhe possam caber contra o procurador.
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Art. 674. Embora ciente da morte, interdição ou mudança de estado do mandante, deve o mandatá-
rio concluir o negócio já começado, se houver perigo na demora.
Certo.
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Art. 689. São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os atos com estes ajustados em nome
do mandante pelo mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a extinção do mandato,
por qualquer outra causa.
Errado.
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representan-
te, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula “em causa própria”, a sua revogação não terá eficácia,
nem se extinguirá pela morte de qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar
contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto do mandato, obedecidas as
formalidades legais.
Errado.
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Em primeiro lugar, a fiança é contrato firmado entre fiador e credor; o afiançado não é parte.
Isso já faz sobrar apenas as alternativas “A” e “D” como viáveis. Acontece que somente a al-
ternativa “A” é compatível com o art. 371 do CC, o que faz ela ser o gabarito. Veja o referido
dispositivo:
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode
compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Seja como for, a questão merecia ser anulada pelo fato de afirmar que a fiança pode ser onero-
sa. Trata-se de tema controverso da doutrina8. Seja como for, o examinador acabou seguindo
a corrente de doutrinadores que afirmar existir a fiança onerosa.
Letra a.
8
OLIVEIRA, Carlos E. Elias de Oliveira. O contrato típico de fiança pode ser oneroso? Disponível:
https://profcarloselias.blogspot.com/2020/06/o-contrato-tipico-de-fianca-pode-ser.html. Elaborado em 3 de junho de 2020.
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GABARITO
2. e 12. E 22. C
3. E 13. E 23. E
4. E 14. C 24. E
5. E 15. E 25. E
6. E 16. C 26. C
7. E 17. E 27. b
8. E 18. E 28. E
9. E 19. E 29. E
10. C 20. C 30. C
11. E 21. C 31. a
Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
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