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Citogenética clínica: a base cromossômica

das doenças humanas - parte I

Prof. Dr. Juscélio Clemente de Abreu


Introdução

• Estudamos anteriormente somente as doenças monogênicas.

• Nosso foco agora será as doenças causadas por alterações no n° ou na


estrutura dos cromossomos (CROMOSSOMOPATIAS).

• Essa parte é conhecida com CITOGENÉTICA CLÍNICA.

• As cromossomopatias são responsáveis por várias doenças genéticas e sua


prevalência é de 1/150 nativivos.

• Elas provocam, normalmente, retardamento mental à perda gestacional.

• As cromossomopatias são visíveis em 50% dos abortos espontâneos do 1°


trimestre e 20% do 2° trimestre.

LEMBRETE - https://www.youtube.com/watch?v=11mmUpJMvdk
Rastreamento ultrassonográfico de Cromossomopatias no
primeiro trimestre da gestação

• A ultrassonografia obstétrica realizada entre a 11ª a 14ª semanas de gestação,


é muito importante no rastreamento de cromossomopatias, especialmente
aquelas que são compatíveis com a evolução da gestação até o termo.
Destacam-se, especificamente, as trissomias:
21 (Síndrome de Down),
18 (Síndrome de Edwards)
13 (Síndrome de Patau).

• Os parâmetros utilizados são a medida da espessura da translucência nucal


(TN), o aspecto dos ossos nasais, os padrões de fluxo no ducto venoso e na
valva tricúspide => permitem a detecção de ± 95% das cromossomopatias.

• Gestantes com maior risco calculado (2,5% ) são submetidas a procedimentos


invasivos diagnósticos, tais como biópsia de vilosidades coriônicas ou
amniocentese, seguidas de cariotipagem fetal.
TN - acúmulo de fluido nucal superior a 3 mm em feto de 12 e 13 semanas

ATENÇÃO:
• Translucência nucal não é um teste do tipo positivo/negativo, ela apenas define
qual grupo tem alto ou baixo risco.

• Para a confirmação deve-se solicitar uma cariotipagem fetal ou um FISH.


Lembrete Cromossomo humano
Cromátides

Constrição Braço curto p


Secundária
Centrômero (Constrição
primária) Cinetócoro

Braço longo q

Cromossomos:
-Sexuais (XX e XY) Telômeros
-Autossomos (22 pares restantes)
• As cromossopatias são uma importante causa de morbidade e mortalidade.

- MORBIDADE => é a taxa de portadores de determinada doença em relação


à população total estudada, em determinado local e em determinado
momento.

- MORTALIDADE => é um dado demográfico do número de óbitos registrados,


em média por mil habitantes, numa dada região num período de tempo.
Lembrete
Tecnologia em citogenética clínica – Técnica de cariotipagem
• Em 1950 as técnicas de citogenética básicas já estavam bem estabelecidas e
constavam de:

1) Obtenção de células metafásicas (cultura linfócitos; céls do liq. amniótico,


céls da vilosidades coriônicas, céls do cordão umbilical e fibroblasto – 48-72h)
2) Uso de despolimerizadores das fibras do fuso (colchicina)
3) Separação dos cromossomos no núcleo - Sol. KCl 0.075M
4) Fixação – Carnoy (3:1 – alcool: ác acético)
5) Uso de corantes básicos (hetoxilina)
6) Montagem da lâmina
7) Captura da imagem com a metáfase colchicínica
8) Montagem do cariótipo
9) Análise

OBSERVAÇÕES
- Amniocentese é a punção em que se retira uma amostra de líquido amniótico por via
transabdominal.
- Cordocentese é o procedimento usado para obter sangue fetal diretamente do cordão
umbilical.
Métodos de estudo de
cromossomas
Montagem do cariótipo
CARIÓTIPO =  conjunto diploide (2n) de cromossomos das células somáticas de
um organismo.

• Ele pode ser representado por meio de imagem dos cromossomos


(cariograma) ou pela ordenação de acordo com o tamanho dos cromossomos
em um esquema (idiograma).

• Através da montagem de um cariótipo é possível determinar a normalidade


(46,XX / 46,XY) ou anormalidade (síndromes cromossômicas), ocasionadas por
alterações numéricas ou estruturais.
Agrupamento dos cromossomos humanos

• São separados por tamanho e • Grupo D


classificados pela posição do
centrômero - Cromossomas médios
- Acrocêntricos
• GRUPO A • GRUPO E
- 3 maiores cromossomas. - Cromossomas menores que D
- Metacêntricos/submetacêntricos. - Submetacêntricos (17 e 18)
• GRUPO B - Metacêntrico (16)
- 2 grandes cromossomas. • GRUPO F
- submetacêntricos. - Cromossomas pequenos
• GRUPO C - Metacêntricos
- Os mais difíceis de distinguir. • GRUPO G
- Tamanho médio. - Muito pequenos
- Meta ou submetacêntricos - Acrocêntricos
- Inclui o cromos. X - Inclui o cromos. Y
A posição do centrômero é utilizada para classificar os cromossomos
metafásicos

Quanto a posição do
centrômero
Quanto ao tamanho

Onde:
r = razão entre braços
ic = índice centromérico
l = braço longo
c = braço curto

Grande Médio Pequeno


Bandeamento de
cromossômico
• Em 1970 foi desenvolvida as técnicas para produzir bandas nos cromossomos.

• Elas são conseguidas a partir de tratamentos cromossômicos envolvendo


desidratação, desproteinização, desnaturação ou digestão enzimática seguida
da incorporação de corante DNA específico.

• Formação de bandas claras e escuras ou coloridas, evidenciando estruturas de


1-10Mb

• Tem como importância:

- Pareamento cromossômico (cada par cromossômico apresenta um padrão


distinto e bem característico de bandas).

- Identificar alterações cromossômicas, permitindo detectar pequenas


variações estruturais, como deleções, inversões, translocações, etc.

- Localizar a região do cromossomo diretamente afetada.


Cromossomos do grupo A (1, 2 e 3)

3
2

3
1
Cromossomos do grupo B (4 e
5)

1
B4
3
2

B5

3
1 B4

B5
Cromossomos do grupo D (13, 14 e 15)

D14

D13
D13

D15
D14

D15
Cromossomos do grupo E (16, 17 e 18)

D14

E17 D13
D13

E16
E18
E18 E17
D15
D14
E16
D15
Cromossomos do grupo F (19 e 20)

F20
F20

F19
F19
Cromossomos do grupo G (21, 22 e Y)

F20
F20

G21

G21
G22

F19
F19

G22
Cromossomos do grupo C (6, 7, 8 e 9)

C8

C7
C6
C8
C6

C9

C7

C9
Cromossomos do grupo C (10, 11, 12 e X)

C11
X

C11

C10

C12

C12

C10
F20
C11 F20 1
X

3 B4
2 C8
D14 C11

G21 C10
G21
C12 2 G22
E17
C7 C12
F19
C8 B5 D13 D13 C6
C6
F19 C10
C9
E16 Y

3 E18 D15
E18 E17
C7 1 B4
G22 B5
E16
D14 C9
D15
Hibridização in situ fluorescente (FISH)
Célula em metáfase que foi hibridado com uma sonda para a Deficiência de esteróide-
sulfatase, causada por uma microdeleção no cromossomo X.

- "X cen" - sonda centrômero do X.


- "Xp22.3“- sonda da região da esteroide-sulfatase, no gene Xp22.3. - Doença: Ictiose
Pele seca e escamosa - ictiose
CARIOTÍPAGEM ESPECTRAL

• A técnica FISH foi estendida usando múltiplas sondas com cores diferentes =>
Cariotípagem espectral => usada principalmente para identificar rearranjos
cromossômicos .
BANDAMENTO COLORIDO

• Permite a coloração sub-regional dos cromossomos


para análise do cariótipo humano

• Identificação de rearranjos cromossômicos: inversões,


deleções, duplicações, inserções, translocações.
No par do cromossomo 1 verifica-se a presença de inversão pericêntrica.
Proposta da origem comum do cromossoma 3 humano (regiões 24,
28, 6 e 7) e de um segmento do cromossoma 21
Comparação dos cariótipos - Homem; Chimpanzé; Gorila e
Orangotango (Yunis & Prakash, 1982) .

• Essas espécies atuais compartilham um ancestral com a mesma estrutura fina


dos cromossomos do Homem.

• Análises comparativas de alta resolução entre as espécies descritas sugerem que


dos 23 cromossomos do homem atual 18 são virtualmente idênticos aos do
ancestral Hominoidea comum e os cromossomos restantes são pouco diferentes.

•A primeira separação desta linhagem ocorre nos Gorilas e os três maiores


rearranjos cromossômicos aparecem no ancestral comum ao Homem e
chimpanzé antes da divergência final destas linhagens.

• Dados sugerem a existência de um ancestral comum entre os orangotangos e o


hominoide ancestral.
• Para tantas bandas existe um
Sistema Internacional
de Nomenclatura Citogenética 

As principais bandas em cada


cromossomo são numeradas.

Ex: 1q32.3 (lê-se, terceira sub-


banda da segunda banda na
terceira região do braço longo do
cromossomos 1)

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