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Universidade Licungo

Disciplina: recursos energéticos


Tema: CBM – Gás de carvão em camadas
Docente: Mateus Manharage

Discentes:
 Alexandre Simões
 Arminda Armando Johane
 Osvaldo Zebo Bulaque
 Cristina Ricardo Maia
 Isabel Joana Jaime Mandomando
 Jairosse Bernardo Barros
 Rosário Fernando Bernardo
Introdução

O presente trabalho foi elaborado por um grupo de estudantes do quarto ano do curso de Geologia,
em seguida abordar-se-ão assuntos relacionados com o tema em questão “CBM – Gás de Carvão em
camadas”.
Devido à abundância e distribuição geográfica das reservas, aliada ao baixo custo quando comparado
a outros combustíveis, o carvão continuará sendo um dos principais insumos para geração de
energia, porém, nos últimos anos há um interesse cada vez maior na avaliação dos recursos de gás
natural associado com as camadas de carvão (coal bed methane - CBM). O gás natural está
desempenhando um papel crescente no atendimento das demandas mundiais de energia por causa de
sua abundância e sua natureza limpa. Como resultado, os lotes de exploração de gás e
desenvolvimento deste campo estão em pleno andamento (WANG, 2009).
Objectivos

Geral
• Máximizar o conhecimento sobre o CBM - gás de carvão em camadas.
Especificos
• Analisar a composição e origem do gás natural;
• Compreender os métodos analíticos para identificação do metano, e os colectores de
amostras;
• Conhecer as formas de extração do gás em jazidas.
Gás natural associado com as camadas de carvão

Historial do CBM
Os primeiros poços piloto de CBM foram perfurados e concluídos em 1971 por U.S. Bureau
of Mines em 11 locais nos Estados Unidos. O primeiro projeto comercial de CBM foi em
1977 na Bacia San Juan (oeste dos EUA). Já na Austrália, o poço pioneiro foi em 1999 e no
Canadá em 2002 (NORWESTCORP). No Brasil, o primeiro poço para estudos de CBM foi
concluído em 2007, na jazida Santa Terezinha, RS pelo Laboratório de Carvão e Rochas
Geradoras de Petróleo da UFRGS, seguido por 2 poços no litoral de Santa Catarina, 1 poço na
jazida Chico Lomã (presente estudo) e 1 poço na jazida de Morungava (análises em
andamento).
GÁS METANO

O gás metano (CH4), não possui cor (incolor) nem cheiro (inodoro). Considerado um dos mais
simples hidrocarbonetos, possui pouca solubilidade na água e, quando adicionado ao ar, torna-se
altamente explosivo. Desta forma, é utilizado como fonte de energia.

Fórmula estrutural do metano


CBM – Gás de carvão em camadas

O termo CBM (coalbed methane) é a nomenclatura utilizada para referir ao gás metano gerado e
armazenado nas camadas de carvão.
Factores que influenciam o CBM

Existem muitos fatores condicionantes para a ocorrência e geração de CBM. Os mais importantes
são a composição maceral do carvão, conteúdo de cinza, rank, porosidade, permeabilidade, além da
espessura do pacote sobre o carvão (para não haver escape de gás), a ocorrência de intrusões ígneas e
falhamentos na área de estudo, etc.

Composição do gás natural


O gás natural associado às camadas de carvão contém dominantemente metano, seguido do CO2 e
hidrocarbonetos mais pesados (até nonano), com pequenas quantidades de nitrogênio, oxigênio,
hidrogênio e hélio (RICE, 1993 apud BUTLAND, 2006); (CLAYTON, 1998).
Fontes e processos de formação do Metano
O metano pode ser formado por dois processos: microbiano (biogênico) e termogênico.
 Microbiana (biogênico)
Ocorre na superfície da Terra e em bacias sedimentares rasas, a temperaturas inferiores
a 100°C (CLAYTON, 1998). O metano é produzido através da decomposição da
matéria orgânica por micro-organismos, comumente em turfeiras e pântanos.
 Termogênica
Se forma a partir da deterioração da matéria orgânica a grandes profundidades,
associada com o aumento da pressão e temperatura em bacias sedimentares
(LEVANDOWSKI, 2009). Com o aumento da profundidade, temperatura e pressão
ocorre a desvolatilização da matéria orgânica, cujo produto é a geração de metano,
dióxido de carbono e água (RICE et al., 1993).
Cont. Fontes e processos de formação do Metano

Figura 1: Geração de gás com o aumento do Figura 2: Gás metano em combustão


nível de maturação, modificado de U.S,
Department of Energy National Petroleum
technology office.
Carvão Fóssil

Segundo a norma ISO – carvão é uma rocha sedimentar carbonada,


fundamentalmente derivada de restos vegetais, com matéria mineral
associada correspondendo a um teor em cinzas, inferior ou igual a 50%, em
massa, expresso na base seco.

A Turfa é considerada apenas como a matéria-prima principal a partir da


qual se forma o carvão, aliás em perfeita coerência com a doutrina do ICCP
(1963) (Lemos de Sousa 1999).
Cont. Carvão Fóssil

Com efeito, a turfa é composta por restos mortos da própria vegetação existente
em pântanos, pauis, lagunas, etc. (designados, quando aí se deposite turfa, por
turfeiras), restos estes ainda não consolidados e, mais ou menos, fortemente
decompostos por turbificação (ou humificação) em condições essencialmente
anaeróbicas e de saturação de água.

Segundo o tempo de fossilização ele pode ser: Lenhite, Hulha, Antracite.

Hulha: CH4 (gás metano) 30% outros gases:


Cont. Carvão Fóssil

Carvão Fonte: MEDEIROS, 2003. p 5


Cont. Carvão Fóssil

Carvão
Cont. Carvão Fóssil

Carvão fóssil em combustão


Processos de formação de Carvão fóssil

Figura 4: Processo de formação do carvão. Fonte: Figura


modificada de BYJU’S.
Armazenagem e fluxo de gás

De acordo com Butland (2006), no carvão, o gás encontra-se


principalmente nos poros e fraturas por causa da adsorção física, trapeados
com as camadas de carvão ou associado a sedimentos através das forças de
van der Walls.
Cont. Armazenagem e fluxo de gás

 O carvão é caracterizado como um sistema de dupla porosidade (WARREN


e ROOT, 1963 apud PILLALAMARRY et al., 2011), onde a porosidade
primária consiste em microporos associados com a matriz de carvão e
sistema de porosidade secundário chamado sistema de cleats ou fraturas.
Cont. Armazenagem e fluxo de gás

 Já o sistema de porosidade secundária, consiste de uma rede de fraturas


estreitamente espaçadas, rodeando a matriz de carvão, a qual fornece os
caminhos de fluxo para gás e água segundo Pillalamarry et al. (2011).

 A relação entre a estrutura das camadas de carvão e o fluxo de gás pode


ser mostrada como: fraturas (“cleats”) envolvendo a matriz de microporos.
Cont. Armazenagem e fluxo de gás

A migração do gás através do carvão, é governada por dois fatores principais:

a) a distância que o metano tem para difundir, a qual depende do


espaçamento dos “cleats” (fraturas) que delineam os chamados blocos de
matriz no carvão e
Cont. Armazenagem e fluxo de gás

b) a quantidade de vazão de gás através dos “cleats”, o qual depende da


espessura, comprimento, continuidade e permeabilidade dos poros
(GAMSON et al., 1996).

Segundo Mavor e Nelson (1997) aproximadamente 98% do gás natural fica


armazenado nos microporos do carvão.
Cont. Armazenagem e fluxo de gás

Modelo de porosidade - fraturas (cleats) e microporos (GAMSON et al., 1996, modificado).


Cont. Armazenagem e fluxo de gás

Modelo do fluxo de metano conforme o fluxo de Darcy, modificado de KGS


Extração do gás Metano
Extração do gás Metano
A extração do metano consiste na perfuração de um poço. As paredes do poço contém pequenos
furos para estimular a produção de gás ou através do faturamento para fazer fluir mais livremente.

Figura 8: Perfil de produção de um


Figura 7: Diagrama de um poço
poço CBM ou CSM
CBM ou CSM
Métodos analíticos para identificação de metano
A medição de gás metano é muito importante para a caracterização de fontes emissoras e para a mitigação do
mesmo. Existem alguns métodos já testados para a identificação e quantificação deste gás. (WANG, 2003).

 Cromatografia Gasosa
A cromatografia é um método físico-químico de separação. (DEGANI et al., 1998).
A cromatografia gasosa permite a realização de análises qualitativas e quantitativas. A análise qualitativa é
baseada na velocidade com que cada componente da mistura atravessa a coluna, utilizando-se o parâmetro
Tempo de Retenção (tr). O tempo de retenção de uma substância é o tempo gasto desde o momento em que a
amostra é injetada, até o momento em que o maior número de moléculas da substância sai do sistema
cromatográfico e é detectado (LANÇAS, 1993).
Cont. Métodos analíticos para identificação de metano

Figura 9‫ ׃‬cromatografo de laboratório. Figura 10‫ ׃‬princípio de funcionamento do


cromatografo.
Coletores de gases usuais
 Tedlar
Os Tedlars são sacos para coleta de gases produzidos pela empresa DuPont. Estes oferecem
resistência à permeação de gás para dentro e para fora dos sacos de amostras, garantindo a
integridade da mesma.

Figura 11: Sacos de coleta tipo Tedlar


Exetainers

 O uso de Exetainers é bastante importante para o transporte das amostras ao laboratório,


onde as mesmas são analisadas. Trata-se de tubos de vidro (1) com tampa de rosca (2) e
septo de silicone (3).

Figura 12: Coletor de gases do tipo Exetainer


Canisters

 Projetado para coletas e armazenamento de gases, é um botijão de aço inox


eletropolido que garante a estabilidade das amostras. Os canisters podem ser
utilizados para amostragem de ar ambiente, gases de poços de monitoramento de
contaminação de solo e também adaptado para outras amostragens (MARTINEZ,
2012).

Figura 13: Coletores de gases do tipo


Canister.
Microseringas
 Microseringas são utilizadas para a coleta de amostras quando estas se encontram
próximas ao local de análise.

Figura 14: Microseringas


utilizadas para coleta e injeção de
amostras gasosas.

 Vacutainers
Os Vacutainers são tubos evacuados com tampas de borracha com cores codificadas.
Algumas aplicações do gás metano em diversas áreas a nível
mundial
 Segundo o Mercado de Metano (Methane to Markets Partnership), em 2009 havia
240 projetos de utilização de metano proveniente de minas de carvão no mundo.

Figura 16: Diferentes tipos de projetos de utilização do metano proveniente de minas de carvão
no mundo. Fonte: Methane to Markets Partnership (2009).
Conclusão

Conclui-se que o gás natural associado às camadas de carvão contém


dominantemente metano. Portanto, os factores mais importantes para a ocorrência e
geração de CBM são a composição maceral do carvão, conteúdo de cinza, rank,
porosidade, permeabilidade, a ocorrência de intrusões ígneas e falhamentos na área
de estudo, etc. Para que o trabalho seja eficaz, é necessário que se faça a realização
de mais poços na mesma jazida preferencialmente, em um local não afetado por
intrusões.
A presença de intrusões ígneas têm alguma influência na geração de gás natural, no
que tange a desorção e adsorção de metano, sendo importante o maior conhecimento
da geofísica, por exemplo. Os poucos trabalhos existentes ainda mostram conclusões
insuficientes sobre essas intrusões.
FIM

Obrigado pela atenção dispensada!

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