Você está na página 1de 118

O Carvão na Actualidade 41

2
O carvão como rocha:
Petrologia e Métodos analíticos

Coal as a rock: Petrology and Methods of analyses

M.J. Lemos de Sousa, M.M. Marques e C.F. Rodrigues

Resumo: Este capítulo trata da caracterização do carvão como rocha, o qual é descrito com base
nos seguintes atributos: (i) composição petrográfica, (ii) grau de incarbonização e (iii) categoria.
Estas características, quando consideradas em conjunto, permitem definir a qualidade de um
carvão.
A composição petrográfica é apresentada com base no Sistema de Nomenclatura de Stopes-
Heerlen adoptado pelo International Committee for Coal and Organic Petrology – ICCP: Descrevem-
se, em pormenor, Macerais, Microlitótipos (conjuntamente com carbominerites e minerite) e
Litótipos. Consideram-se, ainda, aspectos petrográficos particulares, tais como: efeitos da tectónica,
oxidação natural, efeitos térmicos, coque e char naturais. Apresentam-se doze estampas
ilustrativas dos aspectos mais relevantes dos carvões quando observados ao microscópio.
O grau de incarbonização é apresentado com base em parâmetros de grau físicos e químicos e sua
correlação. Apresentam-se, ainda, as diferentes fases da evolução do grau (diagénese, metagénese
e catagénes) e as suas relações com o Anquimetamorfismo. Em complemento, os autores,
comparam as escalas de grau disponíveis para o carvão e para as outras rochas correspondentes a
fácies orgânicas em relação com a pesquisa de hidrocarbonetos líquidos e gasosos.
A categoria é descrita tendo em conta as inclusões minerais contidas na massa do carvão. Refere-se,
ainda, a incidência dos elementos vestigiais) (em traço) no uso industrial do carvão e na saúde
humana.
Em cada caso, listam-se os métodos normalizados para a determinação da composição
petrográfica, do grau de incarbonização e da categoria.
O capítulo finaliza com uma apresentação pormenorizada sobre o conceito de “fácies do carvão”
em relação com os ambientes deposicionais destes combustíveis fósseis. Apresentam-se os
diferentes métodos utilizados para este tipo de estudo baseados quer em microlitótipos, quer em
macerais.

 
42 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Abstract: In this chapter coal is presented as a rock characterized by the following three main
attributes: (i) petrographic composition, (ii) rank, and (iii) grade, which jointly permit to define
coal quality.
Petrographic composition is described by the Stopes-Heerlen international nomenclature, adopted
by the International Committee for Coal and Organic Petrology – ICCP. Macerals, Microlithotypes
(together with carbominerites and minerite) and Lithotypes are described in detail. Special
petrographic aspects such as the effect of tectonics, natural oxidation, thermal effects, as well as,
natural coke and char formation are also considered. A set of twelve plates illustrate the most
relevant aspects of coals when observed under the microscope.
Rank is presented in terms of physical and chemical rank parameters and their correlation. The
different phases of rank evolution (diagenesis, metagenesis, catagenesis) and their relationships
with anchimetamorphism are also considered. Additionally, the authors compare the different
rank scales available for for organic facies from coal to other sedimentary rocks related with oil and
natural gas exploration studies.
Grade is described in terms of mineral inorganic inclusions present in the coal matrix. Trace
elements and their impact on human health, resulting from the industrial use of coal, are also
addressed.
Standardized methods of analyses for petrographic composition, rank and grade are listed.
The chapter ends with a comprehensive presentation on the concept of “coal facies” in relation
with coal depositional environments. For such, diverse methods based on the use of both
microlithotypes and maceral are presented.
Palavras-chave: Anquimetamorfismo, Carbominerite, Carbonificação, Carvão, Carvão húmico,
Carvão sapropélico, Categoria, Char natural, Catagénese, Composição petrográfica, Coque
natural, Desprendimento instantâneo, Diagénese, Elementos vestigiais (em traço), Fácies do
carvão, Grau de incarbonização, Humificação, Incarbonização, Inclusão mineral, Litótipo,
Maceral, Metagénese, Microlitótipo, Minerite, Oxidação natural, Parâmetro de grau,
Poder reflector, Qualidade do carvão, Sistema de diáclases, Turbificação.
Key words: Anchimetamorphism, Carbominerite, Carbonification, Catagenesis, Cleat system, Coal,
Coal outburst, Coal quality, Coalification, Diagenesis, Facies of coal, Grade, Human coal,
Humification, Lithotype, Maceral, Metagenesis, Microlithotype, Mineral inclusions, Minerite,
Natural char, Natural coke, Natural oxidation, Peatification, Petrographic composition, Rank,
Rank parameter, Reflectivity, Sapropelic coal, Trace elements.

 
O Carvão na Actualidade 43

1. CARACTERIZAÇÃO DOS CARVÕES FÓSSEIS

1.1. Introdução

Os carvões caracterizam-se, fundamental e conjuntamente, pelos seguintes


atributos distintivos:

(i) Composição petrográfica1, em termos de constituintes microscópicos e/ou


macroscópicos. A composição petrográfica está obviamente ligada à natureza
dos fragmentos vegetais e às condições de depósito. Estas últimas podem ser
levadas a efeito quer em meio húmico (condições de humificação ou
turbificação, isto é, nas condições essencialmente anaeróbicas que se
admitem estar na origem das turfas) dando origem a carvões húmicos2, quer
em meio sujeito à putrefacção (em condições essencialmente aeróbicas)
dando, então, origem a carvões sapropélicos3.

(ii) Grau (ou grau de incarbonização, ou grau de carbonificação), respeitante


ao estado de evolução atingido no decurso do processo natural chamado
incarbonização. O grau é, sem dúvida, o principal atributo dos carvões
permitindo, como veremos, essencialmente a sua classificação.

(iii) Categoria, relativa à quantidade de matéria mineral presente no carvão.


Trata-se, neste caso, de um atributo distintivo de relevante importância em
relação com a valorização dos carvões já que dele depende, em boa parte, a
capacidade de beneficiação/lavabilidade dos mesmos.

O que se deixa dito permite, pois, compreender que, hoje em dia, a Qualidade
do um carvão se estabeleça a partir da definição conjunta da sua composição
petrográfica do seu grau e da sua categoria.

                                                      
1
Muitos autores designam a composição petrográfica do carvão por tipo. Embora isto não constitua propriamente
um erro, a verdade é que se deve evitar a sinonímia referida, uma vez que a designação de “tipo” é, igualmente,
utilizada em Petrologia orgânica em outras acepções muito diferentes podendo, pois, a sua utilização levar a sérios
equívocos (Lemos de Sousa 1999).
2
Com excepção das lignites, os carvões húmicos apresentam-se, do ponto de vista macroscópico, usualmente
bandados, isto é, patenteando leitos ou bandas brilhantes, semibrilhantes, baços e fibrosos. Os leitos brilhantes
mostram-se, geralmente, mais ou menos fissurados.
3
Macroscopicamente e ao contrário do que se passa na generalidade dos carvões húmicos, os carvões sapropélicos não
se mostram bandados nem fissurados. Patenteiam superfície mate com aspecto gorduroso e fractura conchoidal.

 
44 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

1.2. Estudo da composição petrográfica

Como se digne, a composição petrográfica é, dentre as três características de


um carvão, aquela que corresponde à natureza dos fragmentos vegetais de
origem que entram na sua constituição e às suas condições de depósito.

Para o estudo da composição petrográfica torna-se, por outro lado, necessário


estabelecer sistemas de nomenclatura com base nos quais se procede às
determinações. São quatro os sistemas de nomenclatura existentes e
adoptados pelo International Committee for Coal and Organic Petrology-ICCP
(ICCP 1963, 1971, 1976, 1993), a saber:

(i) Sistema de Nomenclatura de Stopes-Heerlen (abreviadamente SH);

(ii) Sistema de Nomenclatura de Thiessen-Bureau of Mines (abreviadamente


TBM);

(iii) Sistema de Nomenclatura genética do Instituto Geológico da Academia das


Ciências da ex-URSS, Moscovo (abreviadamente IGM);

(iv) Sistema de Nomenclatura de Spackman.

O primeiro dos sistemas referido é, hoje, adoptado como sistema


internacional já que, entre outras vantagens, é susceptível de cobrir
coerentemente toda a gama da incarbonização. Por este motivo e dada a
índole da presente publicação, apenas passamos a descrever o Sistema de
Nomenclatura de Stopes-Heerlen, abreviadamente Sistema SH4, o qual se
baseia no estudo microscópico do carvão, quer qualitativo (mera descrição),
quer quantitativo, em superfícies polidas de amostras, “em bloco”, ou “em grão”
preparadas por métodos normalizados (veja-se item 1.2.7 do presente capítulo),

                                                      
4
A designação de Sistema Stopes-Heerlen deriva do facto de se considerar que as suas bases foram lançadas por Marie
Carmichael Stopes (1880-1958) (Stopes 1919, 1935) sendo adoptadas pelo ICCP na reunião de Heerlen, organizada,
em 1958, conjuntamente com o First International Congress on Coal Petrology (veja-se Proceedings of the International
Committee for Coal Petrology, Nr 3, 1960) e o 4ème Congrès pour l’avancement des études de Stratigraphie et de Géologie
du Carbonifère. Para compreender o desenvolvimento histórico do assunto faz-se notar que Stopes apenas tratou os
caso dos litótipos (Stopes 1919) e dos macerais (Stopes 1935), embora o termo litótipo só tenha sido adoptado pelo
ICCP muito mais tarde, com base numa proposta, por carta de 1954, de Clarence Arthur Seyler (1866-1959) à então
Comissão de Nomenclatura (veja-se ficha “Lithotype” ICCP 1963). O conceito de microlitótipo foi, por sua vez, adoptado
pelo ICCP, igualmente sob proposta baseada na já referida carta de 1954 de Seyler (veja-se ficha “Microlithotype” ICCP
1971).

 
O Carvão na Actualidade 45

examinadas ao microscópio em luz reflectida e em imersão em óleo, ou à lupa


binocular. São três as entidades consideradas para a utilização deste pelo
sistema de nomenclatura: macerais, microlitótipos e litótipos. As duas
primeiras entidades são definidas com base no microscópio e a terceira,
normalmente, a partir de exame com a lupa binocular.

A terminologia destes três grupos de constituintes que permitem descrever e


estudar petrograficamente os carvões através do sistema de nomenclatura SH
e, bem assim, a compilação da informação sobre a sua história e propriedades
constitui um dos corpos de doutrina dos manuais de base ICCP (1963, 1971,
1976, 1993)5.

Importantes contribuições e comentários sobre a mesma temática, podem,


outrossim, ser consultados nos tratados de base Stach et al. (1982) e, sobretudo,
em Taylor et al. (1998). Isto para além de uma copiosa bibliografia muito
especializada sob a forma de artigos de publicados, principalmente a partir dos
anos 90, em revistas especializadas.

Entretanto, em 1994, o International Committee for Coal and Organic Petrology-


ICCP reconheceu a manifesta desactualização do supracitado conjunto de
manuais de base, decidindo efectuar uma revisão de fundo dando origem ao
chamado “Sistema ICCP 1994”, ainda longe de ser completado mas,
naturalmente, já em vigor relativamente aos temas já revistos, actualizados e
publicados. De facto, a revisão geral iniciou-se pelos macerais único
agrupamento já parcialmente actualizado.

Como é óbvio, dada a índole do presente livro, limitar-nos-emos, de seguida, à


apresentação do que nos parece básico sobre a temática, essencialmente no
enfoque didáctico.

1.2.1. Macerais

Os macerais são os constituintes elementares dos carvões a nível microscópico.


Trata-se de componentes essencialmente de origem botânica.

Os critérios utilizados para a criação e definição dos macerais são variáveis.


Assim, tanto se tem utilizado a origem botânica (a esporinite e a cutinite

                                                      
5
Este manual de base teve uma 1ª edição, muito incipiente, em 1957 (ICCP 1957) cujo texto foi, pouco depois,
incorporado na 2ª edição (ICCP 1963) (veja-se Capítulo 1).

 
46 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

correspondem, por exemplo, respectivamente, aos esporos e às cutículas)


como as propriedades físicas, tal como o poder reflector (o mesmo tecido
vegetal pode, por exemplo, apresentar poderes reflectores distintos
correspondendo, assim, a três macerais: telinite, fusinite e semifusinite), como,
ainda, o grau de degradação mecânica e/ou bioquímica (o mesmo tecido
vegetal, patenteando o mesmo poder reflector, pode, por exemplo, ocorrer sob
a forma lenticular ou, antes, inteiramente fragmentado correspondendo, assim,
respectivamente, à fusinite e à inertodetrinite).

Os conhecimentos acerca dos macerais e as terminologias usadas para estes


constituintes, seus agrupamentos e subdivisões, correspondem, naturalmente,
à evolução dos conhecimentos. Assim, as terminologias fixadas aquando da
elaboração dos manuais de base (ICCP 1963, 1971, 1976, 1993) foram, como
acima já se deixou expresso, entretanto, parcialmente já revistas no
enquadramento do chamado “Sistema ICCP 1994”.

Por outro lado, há que notar que muito embora a composição petrográfica,
traduzida nos macerais presentes num dado carvão, dependa,
fundamentalmente, do material vegetal que lhe deu origem, essa mesma
composição petrográfica é susceptível de evoluir, por modificações verificadas
em alguns constituintes elementares, no decurso da incarbonização crescente.
Estabeleceram-se, assim, por razões práticas, nomenclaturas diferentes para os
macerais dos carvões de grau inferior e para os carvões de grau médio e de
grau superior6. No entanto, os macerais podem, em ambos os casos, reunir-se
nos seguintes três grandes agrupamentos (Quadro 2.1):

(i) Grupos da huminite-vitrinite, os quais reúnem os constituintes ligno-


celulósicos (tecidos e geles vegetais) que evoluíram por gelificação em
condições essencialmente anaeróbicas. A incarbonização crescente dá origem,
à evolução dos macerais do grupo da huminite, dos carvões de grau inferior,
para os do grupo da vitrinite presente nos carvões de grau médio e de grau
superior.

(ii) Grupo da inertinite, o qual agrupa, igualmente, constituintes ligno-


celulósicos mas que evoluíram por fusinização (ou fusinitização) em condições
essencialmente oxidantes (aeróbicas). Neste grupo se incluem também os
restos de fungos e secreções oxidadas, que sofreram idênticas condições de

                                                      
6
Para a terminologia da classificação dos carvões veja-se Capítulo 3.

 
O Carvão na Actualidade 47

evolução. O aumento da incarbonização dá, por sua vez, origem ao


aparecimento da micrinite como maceral de neoformação a qual se considera
que só ocorre nos carvões de grau médio e de grau superior.

Quadro 2.1 - Sistema de Nomenclatura Internacional de Stopes-Heerlen (SH) – Macerais e seus agrupamentos. Síntese
de terminologia segundo ICCP (1963, 1971, 1976, 1993) e revisões correspondentes ao chamado “Sistema ICCP 1994”
(ICCP 1998, 2001, Sýkorová et al. 2005).

Carvões de grau inferior Carvões de grau médio e de grau superior


Maceral Subgrupo Grupo Grupo Subgrupo Maceral
Textinite Telinite
Telo-huminite Telovitrinite
Ulminite Colotelinite
Corpo-huminite Corpogelinite
Gelo-huminite Huminite Vitrinite Gelovitrinite
Gelinite Gelinite
Atrinite Colodetrinite
Detro-huminite Detrovitrinite
Densinite Vitrodetrinite
Esporinite Esporinite
Cutinite Cutinite
Resinite Resinite
Alginite Alginite
Suberinite
Liptinite Liptinite
Clorofilinite
Fluorinite1
Exudatinite1 Exudatinite1
1
Betuminite
Liptodetrinite Liptodetrinite
Fusinite Fusinite2
Semifusinite Semifusinite2
Funginite Funginite2
Secretinite Inertinite Inertinite Secretinite3
Macrinite Macrinite3
Micrinite3
Inertodetrinite Inertodetrinite4
1
Macerais propostos por Teichmüller (1974c,d, 1989); 2 Com estrutura celular; 3 Sem estrutura celular ; 4 Detritos

(iii) Grupo da liptinite 7 , no qual se incluem os constituintes botânicos


figurados (tais como esporos, cutículas, resinas, algas, etc.) que, para a1ém de
patentearem composição similar, têm idêntico comportamento evolutivo no
decurso da incarbonização. A incarbonização crescente dá origem ao
                                                      
7
Antigamente, este grupo designava-se por grupo da exinite, essencialmente nos carvões de grau médio e de grau
superior.

 
48 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

desaparecimento, por evolução, de certos macerais do grupo da liptinite


(suberinite e clorofilinite) só conhecidos nos carvões de grau inferior. Este
grupo incorpora, além disso, macerais cuja origem e evolução é, ainda, causa
de discussão tais como a exudatinite, a fluorinite e, sobretudo, a betuminite.

1.2.1.1. Grupos da huminite-vitrinite

Trata-se, sem dúvida, dos grupos de macerais tidos, tradicionalmente, como os


mais importantes presentes nos carvões, não só porque são, geralmente, os
mais abundantes (fazem excepção alguns carvões cuja génese teve lugar em
plataformas estáveis), mas também pelo facto de desempenharem papel
decisivo no comportamento dos carvões no decurso dos distintos processos
industriais em que são estes combustíveis sólidos são utilizados.

Os grupos da huminite-vitrinite são, outrossim, os escolhidos para a


determinação de grau por intermédio das propriedades físicas e, muito
especialmente, do poder reflector.

Os dois grupos em questão, ou seja, o grupo da humite, como se sabe,


presente nos carvões de grau inferior, e o grupo da vitrinite, nos carvões de
grau médio e de grau superior, são constituídos por três séries evolutivas de
constituintes em função do grau de incarbonização crescente (Quadro 2.2):
tecidos, geles e detritos.

Ambos os grupos já foram alvo de revisão no enquadramento do chamado


“Sistema ICCP 1994”, actualmente em vigor: o grupo da vitrinite foi o primeiro a
ser revisto (ICCP 1998) seguido do da humite (Sýkorová et al. 2005). Os Quadros
2.3 e 2.4 permitem a comparação das terminologias do antigo sistema (ICCP
1971) e do sistema actualmente em vigor8.

Temos a considerar os seguintes constituintes (vejam-se Quadros 2.1 e 2.2):

(i) Tecidos - série evolutiva telo-huminite – telovitrinite

Caso um tecido vegetal fique, logo na fase inicial do depósito, protegido da


oxidação e do ataque das bactérias aeróbicas e dos fungos, evolui em
condições de gelificação no decurso da qual se decompõem as membranas
                                                      
8
Parece-nos especialmente importante fornecer esta informação, aparentemente de pormenor, já que existe uma
impressionante quantidade de bibliografia publicada entre os anos 70 e 90 em que se usa o antigo sistema de
nomenclatura (ICCP 1971).

 
O Carvão na Actualidade 49

secundárias e desaparece a celulose. Se o processo descrito teve pouca


incidência no tecido ele fica no estado de textinite [Estampa 1 – 1 a 4]. No caso,
porém, da gelificação ter avançado bastante atinge-se, então, o estado de
ulminite [Estampa 2 – 1 a 4], pelo que, frequentemente, se identificam estados
de transição [Estampa 1 – 7 e 8] através dos quais se pode ainda passar, por
aumento da incarbonização, à telinite [Estampa 1 – 5 e 6] e à colotelinite a
qual, por sua vez, corresponde aos tecidos que se encontram totalmente
gelificados [Estampa 2 – 5 a 7].

Quadro 2.2 - Sistema de Nomenclatura Internacional de Stopes-Heerlen (SH) – Macerais e seus agrupamentos e
correspondência entre o grupo da huminite (Sýkorová et al. 2005) e o grupo da vitrinite (ICCP 1998). Em ambos os
casos, as terminologias são as do chamado “Sistema ICCP 1994”, actualmente em vigor.

Grupo da Vitrinite
Grupo da Huminite (carvões de grau inferior)
(carvões de grau médio e de grau superior)
Variedade Tipo de Maceral Maceral Subgrupo Subgrupo Maceral
A (escura)
Textinite Telinite
B (clara)
Telo-huminite Telovitrinite
A (escura)
Ulminite Colotelinite
B (clara)
Flobafinite
Pseudoflobafinite
Gelinite Gelinite
Levigelinite Gelo-huminite Gelovitrinite
Porigelinite
Corpo-huminite Corpogelinite
Atrinite Colodetrinite
Detro-huminite Detrovitrinite
Densinite Vitrodetrinite

Quadro 2.3 - Sistema de Nomenclatura Internacional de Stopes-Heerlen (SH) – Comparação de terminologias dos
macerais e seus agrupamentos do grupo da vitrinite segundo as classificações adoptadas pelo ICCP em 1971 (ICCP 1971)
e em 1998 (ICCP 1998), esta última em vigor.

Antigo sistema (ICCP 1971) Novo sistema: “Sistema ICCP 1994” (ICCP 1998)
Macerais Submacerais Macerais Subgrupos
Telinite 1
Telinite Telinite
Telinite 2 Telovitrinite
Telocolinite Colotelinite
Corpocolinite Corpogelinite
Colinite Gelovitrinite
Gelocolinite Gelinite
Desmocolinite Colodetrinite
Detrovitrinte
Vitrodetrinite Vitrodetrinite

 
50 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Quadro 2.4 - Sistema de Nomenclatura Internacional de Stopes-Heerlen (SH) – Comparação de terminologias dos
macerais e seus agrupamentos do grupo da huminite segundo as classificações adoptadas pelo ICCP em 1971 (ICCP
1971) e em 2005 (Sýkorová et al. 2005), esta última em vigor.

Antigo sistema (ICCP 1971) Novo sistema: “Sistema ICCP 1994” (Sýkorová et al. 2005)
Submaceral (tipo) Maceral Subgrupo Subgrupo Maceral Tipo de Maceral Variedade
A (escura)
Textinite Textinite
B (clara)
Humotelinite Telo-huminite
Textulminite A (escura)
Ulminite Ulminite
Eu-ulminite B (clara)
Levigelinite

Levigelinite Porigelinite
Gelinite Gelinite
Porogelinite Flobafinite
Humocolinite Gelo-huminite
Pseudoflobafinite
Flobafinite
Corpo-huminite Corpo-huminite
Pseudoflobafinite

Atrinite Atrinite
Humodetrinite Detro-huminite
Densinite Densinite

(ii) Geles - série evolutiva gelo-huminite – gelovitrinite

Os geles vegetais incluídos na gelinite passam por diferentes estados de


evolução, primeiro poroso (porigelinite) [Estampa 3 – 1], depois mais ou
menos compacto e fissurado (levigelinite) [Estampa 3 – 2]. A gelinite continua
a sua evolução para os carvões de grau médio e superior. Os geles ocorrem,
muitas vezes, como cimento de outros macerais. No agrupamento dos geles
incluem-se, outrossim, os corpos redondos ou ovais que constituem a corpo-
huminite nos carvões de grau inferior [Estampa 3 – 3 e 4] e a corpogelinite
nos carvões de grau médio e de grau superior;

(iii) Detritos - série evolutiva detro-huminite – detrovitrinite

Nos estados menos avançados da incarbonização os detritos de huminite


(detro-huminite) são constituídos por microfragmentos de paredes celulares,
impregnadas de geles celulósicos, a que corresponde a atrinite [Estampa 3 – 5].
Estes materiais, após compactação, dão origem à densinite [Estampa 3 – 6]. À
medida que a incarbonização evolui passa a observar-se a presença de
detrovitrinite, sob a forma quer de fragmentos de vitrinite (vitrodetrinite),
quer compacta (colodetrinite – Estampa 3 – 7).

 
O Carvão na Actualidade 51

Nota: Benedict et al. (1968) propuseram a introdução na terminologia do termo


pseudovitrinite para designar a vitrinite com textura diferente (patenteando
fissuras de dessecação típicas, em forma de “s” ou de vírgula, e superfícies de
fractura dentadas) e poder reflector ligeiramente mais elevado do que a
vitrinite do mesmo carvão [Estampa 3 – 8]. A origem deste constituinte foi
atribuída a oxidação primária e efeito de dessecação em períodos de emersão
das turfeiras. Os mesmos autores admitiram, ainda, que este constituinte tem
as propriedades coqueficantes depressionadas em relação à restante vitrinite
do mesmo carvão.

1.2.1.2. Grupo da inertinite

Este grupo, tal como o descrito anteriormente, é, em boa parte, constituído por
tecidos em diferentes estados de conservação, pelos respectivos detritos e,
bem assim, por geles. Pelo facto de patentearem propriedades análogas aos
dos restantes macerais do grupo da inertinite, igualmente se incluem neste
agrupamento os restos de fungos fossilizados e, ainda, secreções vegetais
oxidadas presentes nos carvões.

Os macerais do grupo da inertinite formaram-se, porém, desde a fase inicial do


depósito, em condições bem distintas das verificadas na gelificação. Com efeito,
trata-se de materiais que foram submetidos, em meio oxidante, ao ataque de
bactérias aeróbicas e de fungos em condições ditas de fusinização. A oxidação
a que foram inicialmente sujeitos retirou a estes materiais grande parte - ou
mesmo toda - da capacidade evolutiva. Assim se explica que, ao contrário do
que se passa nos grupos da huminite-vitrinite, os macerais do agrupamento da
inertinite não evoluam dando origem a séries transicionais no decurso da
incarbonização. De facto, com excepção da micrinite considerado um maceral
de neoformação, todos os outros constituintes do grupo se encontram nos
carvões, quer de grau inferior, quer de grau médio e de grau superior.

O grupo da inertinite também já foi alvo de revisão e respectiva integração no


chamado “Sistema ICCP 1994) (ICCP 2001).

Do ponto de vista descritivo temos a considerar:

(i) Tecidos (inertinite com estrutura celular)

Os tecidos, quando muito evoluídos por fusinização e patenteando estruturas


bem conservadas, constituem a fusinite [Estampa 4 – 1 e 2]. Consideram-se

 
52 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

como integrando a fusinite apenas as paredes celulares constitutivas dos


tecidos, pelo que os lúmens celulares não fazem parte deste maceral.

Por outro lado, a fusinite ocorre, a mais das vezes, sob a forma de fragmentos,
mais ou menos decompostos em condições aeróbicas tradicionalmente
designados por degradofusinite [Estampa 4 – 1 e 2; Estampa 9 – 7]. Admite-se,
além disso, que a chamada pirofusinite se formou em condições extremas de
oxidação aquando do incêndio de florestas.

A semifusinite corresponde, por sua vez, a tecidos que, para além de terem a
estrutura botânica menos bem conservada do que a fusinite, estão num estado
intermédio de oxidação [Estampa 4 – 3 a 5]. O jogo conjunto dos fenómenos de
gelificação e de fusinização explica, outrossim, que se encontrem todos os
termos de transição entre a fusinite, a semifusinite, a telinite e, mesmo, a
colotelinite [Estampa 4 – 5].

(ii) Geles (inertinite sem estrutura celular)

Trata-se, neste caso, de geles que se formaram, igualmente, em condições de


oxidação dando origem à macrinite [Estampa 4 – 6]. Este constituinte ocorre
em massas mais ou menos fissuradas, por vezes, cimentando outros macerais.

(iii) Detritos (inertinite sob a forma de detritos)

Os detritos correspondem, no grupo da inertinite, à inertodetrinite. Trata-se,


normalmente, de um conjunto de partículas fragmentadas provenientes da
destruição mecânica dos tecidos fusinizados ou semifusinizados [Estampa 3 – 5;
Estampa 5 – 10 e 11]. No limite, podem-se, ainda, considerar como
pertencentes à inertodetrinite quaisquer outros detritos provenientes de
macerais oxidados de qualquer grupo [Estampa 5 – 9].

(iv) Restos de fungos – Funginite9

                                                      
9
Antes da revisão que levou à integração do grupo da inertinite no “Sistema ICCP 1994” as actuais funginite e
secretinite, embora descritas separadamente, eram englobadas, por mera convenção baseada na similitude de
propriedades físicas, num só maceral, designado por esclerotinite. Na altura, reconhecendo já a diferente origem da
secretinite era comum designá-la por resina fusinizada, com vista a diferencia-la da restante esclerotinite
constituída por restos de fungos. Os trabalhos na base da designação da actual secritinite estão sintetizados em Lyons
& Mastalerz (2001). Subsequentemente, foram dados à estampa outros importantes trabalhos sobre a funginite por
parte de Hower et al. (2009, 2011a,b).

 
O Carvão na Actualidade 53

Os restos de fungos agrupam-se sob a designação comum de funginite


estando representados por corpos fossilizados, reconhecíveis morfograficamente,
correspondentes, quer a esporos e a esclerotos [Estampa 5 – 1, 2, 4, 5 e 7], quer
a hifas (micélios) [Estampa 5 – 1]. Têm propriedades em tudo idênticas aos dos
constituintes que sofreram fusinização.

(v) Secritinite10

A secritinite é constituída por secreções vegetais que sofreram processo de


oxidação primária dando origem a corpos de aspecto típico, patenteando
fendas e/ou vacúolos de desvolatilização [Estampa 5 – 3, 6 e 8].

(vi) Micrinite

Este maceral é constituído por granulações muito finas, por convenção, com
dimensões inferiores ou iguais a 2μm, de modo a separar micrinite de
inertodetrinite, exibindo propriedades idênticas às dos outros constituintes do
grupo da inertinite [Estampa 4 – 7). Admite-se que a micrinite seja um maceral
de neoformação. Contudo, a sua origem continua discutível. Assim para
Teichmüller (1974b) trata-se de um maceral que se forma, fundamentalmente,
no decurso da incarbonização, o que, segundo esta autora, explica o facto de
não se encontrar nos carvões de grau inferior. Casos há, porém, em que não se
pode negar a existência de micrinite com origem detrítica (Delattre & Mériaux
1966, Prado et al. 1991).

1.2.1.3. Grupo da liptinite

Este grupo, em princípio reconhecível em carvões de todos os graus de


incarbonização, inclui constituintes botânicos, geralmente fáceis de reconhecer
pela morfologia, possuindo propriedades e, geralmente também,
comportamento similar em condições de incarbonização crescente.

O grupo da inertinite ainda não foi revisto no âmbito do “Sistema ICCP 1994”.
Contudo, o progresso registado no seu conhecimento tem sido notável já que
se trata de constituintes que entram também e, mesmo maioritariamente, quer
na composição dos carvões sapropélicos (carvão cannel, essencialmente
constituído por esporos, e carvão boghead, em cuja composição predominam

                                                      
10
Veja-se nota infrapaginal 9.

 
54 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

algas11, quer nos xistos betuminosos (oil shales dos autores de língua inglesa)
(veja-se, também, Capítulo 1), sendo que estes últimos constituem, afinal, um
termo litológico que mais não representa do que a fácies dos carvões
sapropélicos em condições de teor em cinzas superior a 50%, em massa,
calculado na base “seco”. De facto, tem sido muito elevado, em quantidade e
em qualidade, o número de publicações recentes tanto sobre carvões
sapropélicos como sobre xistos betuminosos (Püttmann et al. 1986, Hutton
et al. 1980, Hutton 1987, Hutton & Hower 1999) o que contribuiu,
embora indirectamente, para um grande progresso no conhecimento dos
macerais do grupo da liptinite.

Temos a considerar:

(i) Esporinite [Estampa 6 – 1 a 11]

Atribui-se a designação de esporinite às paredes (exinas) dos esporos (micro- e


macrosporos) fossilizadas. Estes materiais, quando isolados através de técnicas
laboratoriais adequadas, constituem a base dos estudos de Palinologia, de
grande interesse para as zonações biostratigráficas e, consequentemente, para
as correlações das camadas de carvão e, bem assim, para o estabelecimento
dos ambientes de génese dos carvões e outras fácies orgânicas. Outrossim, a
esporinite, para além de ocorrer nos xistos betuminosos, é o constituinte
principal dos carvões sapropélicos do “tipo” carvão cannel.

(ii) Cutinite [Estampa 6 – 14 a 16]

A cutinite corresponde à fossilização da camada cutinizada (cutícula) que se


encontra à superfície das folhas ou na periferia de certos tecidos ligno-
celulósicos.

(iii) Resinite

Designa-se por resinite o conjunto das resinas vegetais fossilizadas que


ocorrem, quer em g1óbulos mais ou menos esféricos [Estampa 7 – 1 e 2], quer
                                                      
11
Como é sabido, a designação de “xisto betuminoso” é uma designação que, embora imprópria, está historicamente
consagrada, tendo resultado de uma tradução, duplamente errónea, do termo inglês “oil shale”. De facto, não se trata
de xistos, mas sim de “shales”, i.e., de rochas pelíticas laminadas, sendo que tão-pouco contêm petróleo bruto
propriamente dito, mas sim hidrocarbonetos insolúveis nos solventes orgânicos (ou seja, cerogéneo) que se podem
separar por pirólise em recipiente fechado. Por isso, o xisto betuminoso designa-se, igualmente, por piroxisto e os
hidrocarbonetos que contem pela designação, igualmente imprópria, de pirobetumes.

 
O Carvão na Actualidade 55

preenchendo fissuras ou cavidades celulares [Estampa 7 – 3 e 4], quer, ainda,


sob a forma de impregnações difusas na vitrinite-huminite, influenciando as
respectivas propriedades (Suárez-Ruiz et al.1994)12.

(iv) Alginite [Estampa 7 – 5 e 6]

A alginite corresponde ao conjunto das algas fossilizadas presentes, sobretudo,


nos carvões sapropélicos do “tipo” carvão boghead. A alginite pode, também,
influenciar as propriedades da vitrinite associada (Hutton & Cook 1980) e dos
xistos betuminosos.

(v) Liptodetrinite [Estampa 7 – 9 e 10]

A liptodetrinite compreende o conjunto dos fragmentos de liptinite cuja


atribuição precisa a um dos macerais do grupo se torna impossível dado o
estado de divisão em que ocorrem.

Aos principais macerais do grupo da liptinite acima descritos há que juntar a


suberinite (tecidos suberinizados) [Estampa 6 – 12 e 13] e a clorofilinite
(pequenas partículas correspondentes à fossilização de partes de cloroplastos),
macerais estes que ocorrem apenas nos carvões de muito baixo grau de
incarbonização.

Por fim, refira-se que os primeiros estudos conduzidos com o auxílio da


fluorescência, nos anos 70, por Teichmüller (1974c, d, 1989) levaram à
identificação de três novas entidades propostas como macerais do grupo da
liptinite: betuminite, fluorinite e exudatinite.

O trabalho inicial de Teichmüller sobre estas três entidades – todos elas


constituídas, pelo menos em parte, ou dando origem a hidrocarbonetos
gerados no decurso da incarbonização – foi alvo de estudos subsequentes de
caracterização por parte de Taylor et al. (1991) para a betuminite e de Taylor &
Teichmüller (1993) em relação à fluorinite (Estampa 7 – 7 e 8). Contudo, uma
série de registos recentes sobre estas entidades, sobretudo a nível do estudo
de outras fácies orgânicas que não o carvão, levam a que, hoje, se reconheça a
necessidade de uma revisão total da temática, naturalmente, no âmbito da

                                                      
12
Veja-se, também, o trabalho de Crelling (1995) sobre a revisão da resinite em carvões norte-americanos.

 
56 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

revisão mais ampla, ainda em curso, do grupo da liptinite com vista à sua
integração no “Sistema ICCP 1994”13.

1.2.2. Microlitótipos

Os microlitótipos são associações típicas de macerais resultantes,


fundamentalmente, das condições ambientais de génese dos carvões em
estreita conexão com as fácies de deposição 14 . Só se consideram como
microlitótipos as associações de macerais que se apresentem em bandas de
largura mínima de 50μm. Dado que se sabe terem os macerais comportamento
tecnológico distinto conforme a associação em que se apresentem, o estudo
dos microlitótipos tem, igualmente, particular importância prática. No estado
actual dos conhecimentos apenas se encontram definidos os microlitótipos e
seus grupos para carvões de grau médio e de grau superior (ICCP 1963, 1971) –
Quadro 2.5 e Estampa 8 – 1 a 7.

1.2.3. Litótipos

Os litótipos são as entidades elementares que se apresentam, nomeadamente


nos carvões húmicos, sob a forma de leitos susceptíveis de serem identificados
à vista desarmada. Consideram-se os seguintes:

(i) Carvão de grau inferior – veja-se Quadro 2.6

(ii) Carvões de grau médio e de grau superior:

vitrino - leitos brilhantes;

clarino - leitos semi-brilhantes;

durino - leitos baços;


                                                      
13
Realmente, considera-se, hoje, que a betuminite corresponde a matrizes com “betumes” (que, obviamente, só
podem ser migrabetumes), a exudatinite seja constituída por exudações de hidrocarbonetos (que, quando patenteiam
aspecto sólido, também se deverão considerar como migrabetumes) e a fluorinite seja, por sua vez, constituída por
óleos vegetais. Contudo, está ainda por esclarecer cabalmente se a bituminite e, bem assim, a fluorinite apenas
ocorrem nos carvões de grau inferior e se a exudatinite é, ou não, um verdadeiro constituinte de neoformação que,
tendo sido formada ainda no domínio dos carvões de grau inferior, continua a existir nos carvões de grau médio e de
grau superior.
14
A partir dos “pilares de camada” ideados por Noël (1956), Alpern (1956a,1959a) concebeu um método de análise de
fácies muito engenhoso, embora muito trabalhoso, o qual constitui uma autêntica e pioneira análise combinada de
macerais e microlitótipos de real importância para a definição das condições de génese das camadas de carvão.

 
O Carvão na Actualidade 57

fusino - leitos fibrosos.

Quadro 2.5 - Sistema de nomenclatura internacional de Stopes-Heerlen (SH) – Microlitótipos e grupos de


microlitótipos dos Carvões de grau médio e de grau superior e sua composição em macerais e grupos de macerais
(segundo ICCP 1963, 1971).

MICROLITÓTIPOS GRUPOS
Composição maceral Composição em grupos de
Designação Designação
(pura) 1 macerais (puros) 1
C >95% (Colite) 2
Vitrite
MICROLITÓTIPOS MONOMACERAIS

T >95% (Telite) 2 V >95%


V
VD >95%
Esp >95% Esporite
Cu >95% (Cutite) 2
Liptite
R >95% (Resite) 2 L >95%
L
A >95% Algite
LD >95%
Ma >95% Macroíte
Sf >95% Semifusite
Inertite
F >95% Fusite I >95%
I
Esc >95% (Esclerotite) 2
ID >95% Inertodetrite
V+Esp >95% Esporoclarite
V+Cu >95% Cuticuloclarite
Clarite
V+R >95% (Resinoclarite) 2 V+L >95%
V, L
MICROLITÓTIPOS BIMACERAIS

V+A >95% (Algoclarite) 2


V+LD >95%
V+Ma >95%
V+Sf >95%
Vitrinertite
V+F >95% V+L >95%
V, I
V+Esc >95%
V+ID >95%
I+Esp >95%
I+Cu >95%
Durite 3
I+R >95% V+L >95%
I, L
I+A >95%
I+LD >95%
MICROLITÓTIPOS
TRIMACERAIS

Duroclarite V>I, L
Trimacerite
V+I+L >5% Vitrinertoliptite L>I, V
V, I, L
Clarodurite I>V, L

1
Os microlitótipos podem, obviamente, conter inclusões minerais. Convencionou-se que os microlitótipos só se contam segundo as designações que
constam deste quadro se a sua densidade for inferior a 1,5g/cm3. Acima deste limite, os microlitótipos entram na designação genérica de
Carbominerite (Carbargilite, Carbopirite, Carbanquerite, Carbossilicite e Carbopoliminerite).
2
Termos em discussão e ainda não utilizados oficialmente.
3
Conforme o tipo de esporos presentes, Stach considerou, desde 1952, a durite dividida em crassidurite (com esporos de parede espessa) e
tenuidurite (com esporos de parede fina) (Stach 1955).

Por sua vez, a composição em macerais e grupos de macerais dos litótipos dos
carvões de grau médio e de grau superior (Alpern et al. 1970) é a que consta do
Quadro 2.7.

 
58 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Quadro 2.6 - Sistema de nomenclatura internacional de Stopes-Heerlen (SH) – Litótipos dos Carvões de grau inferior
(lignites) (segundo ICCP 1993).

Grupos LITÓTIPOS Variedades


(Composição) (Estrutura) (Cor; grau de gelificação)
Carvão castanho (fracamente gelificado)
Carvão estratificado
Carvão preto (gelificado)
Carvão-matriz1 Carvão amarelo (não gelificado)
Carvão não estratificado Carvão castanho (fracamente gelificado)
Carvão preto (gelificado)
Carvão rico em xilite2 (> 10%)
Carvão rico em “carvão vegetal fóssil”3
(>10%)
Carvão rico em minerais
(a identificar e especificar em cada caso)
1
Predominância de matriz com aparência finamente detrítica e homogénea. A matriz pode conter fragmentos orgânicos visíveis desde que a
composição destes fragmentos seja <10% em xilite e em “carvão vegetal fóssil”.
2
Tecidos lenhosos incarbonizados (inteiros ou fragmentados, neste último caso ainda perfeitamente identificáveis).
3
Materiais considerados como resultantes de incêndios de florestas contemporâneos da génese dos depósitos de carvão. Têm aspecto e
propriedades idênticas ao “carvão vegetal” fabricado, actualmente, pelo Homem.

Quadro 2.7 - Sistema de nomenclatura internacional de Stopes-Heerlen (SH) – Litótipos dos Carvões de grau médio e
de grau superior e sua composição em macerais e grupos de macerais (segundo Alpern et al. 1970).

1.2.4. Efeitos da tectónica

Os carvões, mais facilmente deformáveis do que as rochas encaixantes, acusam,


melhor do que estes outros elementos litológicos, as acções tectónicas sofridas
por uma bacia, fenómenos estes que se patenteiam quer macroscópica, quer
microscopicamente.

 
O Carvão na Actualidade 59

São muito frequentes as estruturas macroscópicas atribuídas à tectónica que se


podem identificar nos carvões: aspectos fibroso, ocelado, conchoidal, cone in
cone, etc. Casos há, ainda em que toda uma camada é objecto de dobras de
pequeno raio de curvatura bem observáveis nas frentes de exploração.
Contudo, estas deformações macroscópicas estão, por norma, relacionadas
com um aumento do número de fissuras observáveis a nível microscópico
mostrando, claramente, que se trata de deformações verificadas só após a
aquisição do grau, o qual em nada foi modificado por tais acções mecânicas.

Mais interesse tem, no entanto, o estudo da microfissuração, não só por se


considerar na base da interpretação das acções dinâmicas verificadas na
história geológica de um jazigo (Alpern 1963, 1967b, Feys 1963a, Lemos de
Sousa 1973, 1978a, Teichmüller & Teichmüller 1954), mas também e,
principalmente, pelas relações que tem com o armazenamento, circulação e
libertação de gases.

Com efeito, o estudo da chamada microfissuração dos carvões foi, de há


muito, objecto de grande interesse, inicialmente por motivo da sua ligação à
segurança mineira, dada a relação da microfissuração com os
desprendimentos instantâneos (coal outbursts dos autores de língua inglesa)
de rochas e de gases, nomeadamente metano e dióxido de carbono, muitas
vezes concomitantes com o corrimento das camadas (Alpern 1959b, 1961,
1967b, Grüneklee et al. 1969, Vergeron & Belin 1966). Neste sentido e na
sequência dos estudos clássicos quantitativos, efectuados na Rússia, sobre a
microfissuração dos carvões, Alpern (1963) estudou a relação do número de
fissuras por área com um índice mecânico (“índice de fragilidade”) com vista à
previsão dos desprendimentos instantâneos durante a exploração dos jazigos.
Os trabalhos citados correspondem, de facto, às investigações pioneiras sobre
o tema. Desde então, o interesse pelo assunto foi-se desenvolvendo dando
origem a uma copiosa bibliografia especializada que não cabe aqui referir em
pormenor. Valerá, todavia, apontar que a China é, desde a elaboração da tese
de doutoramento de Y. Cao na Universidade de Pequim, em 1999 (veja-se
também Cao et al. 2003), um dos países que, ultimamente, mais tem
desenvolvido a temática especialmente no enfoque mineiro (Chen 2011, Xue et
al. 2011).

Contudo, o metano produzido e libertado pelas camadas de carvão e a


consequente formação de grisu, tendo, no passado, constituído um real
problema de segurança mineira que se encontra controlado é, hoje, encarado

 
60 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

antes como um importante recurso energético para o século XXI – o chamado


Metano do carvão em camada (Coalbed methane dos autores de língua
inglesa). Ora, como o sistema de fissuras do carvão se sabe directamente ligado
ao armazenamento, circulação e libertação de gases, o estudo pormenorizado
daquilo a que se chama o sistema de fissuras ou de diáclases do carvão (Cleat
system dos autores de língua inglesa) tem sido alvo de numerosos estudos
modernos. Este tema e o do metano do carvão em camada serão tratados, em
pormenor, no Segundo volume da presente obra, uma vez que tais estudos
têm uma índole eminentemente tecnológica. Assim, no presente capítulo,
limitar-nos-emos a considerações do foro petrográfico clássico quanto aos
aspectos mais frequentemente patenteados pelos carvões em consequência
de efeitos tectónicos sofridos pelas bacias e suas eventuais consequências na
mineração.

Na verdade, os carvões são rochas naturalmente fissuradas, podendo estas


fissuras ser de duas naturezas:

(i) primárias ou endógenas, quando ligados à simples retracção da matéria


orgânica;

(ii) secundárias ou exógenas, no caso de terem sido provocadas pela tectónica.

As fissuras do primeiro tipo são bem conhecidas em todos os carvões e


especialmente frequentes nos tecidos mais ou menos gelificados [Estampa 2 –
5 e 7; Estampa 4 – 5] e nos geles [Estampa 3 – 2]. Ocorrem preenchidas ou não
por inclusões de matéria mineral epigenética.

Por outro lado, merecem referência especial as fissuras secundárias,


provocadas por acções tectónicas já que, em casos extremos, podem conduzir
ao completo esmagamento das camadas, com ou sem rearranjo das partículas
elementares, dando origem a cataclasitos de carvão. Verifica-se, nestes casos,
que o carvão foi injectado sob formas bizarras e muito irregulares por entre as
outras rochas da bacia. Distinguem-se, aliás, facilmente, por simples exame
visual as “camadas” de carvão que, microscopicamente, se revelam como
cataclasitos de carvão, uma vez que o aspecto macroscópico assume formas,
quer encordoadas com a superfície externa espelhada, quer escamosas e
encaixadas em todas as direcções em rochas mais ou menos polidas, pelo que,
neste caso, é impossível reconhecer verdadeiros tectos e muros. As formas
apontadas desagregam-se em pó por simples pressão manual sendo, por outro

 
O Carvão na Actualidade 61

lado, a simples acção da gravidade susceptível de provocar enormes


corrimentos espontâneos, acompanhados ou não de desprendimentos
gasosos, nas frentes de exploração.

O exame microscópico dos cataclasitos de carvão (Alpern 1959b, 1961, Fabre


& Feys 1953, Jüntgen et al. 1969, Lemos de Sousa 1973, 1978a, Teichmüller &
Juch 1978) mostra que os mesmos ocorrem sob dois aspectos fundamentais
distintos:

(i) Esmagamento tectónico provocando fissuração crescente, sem que as


partículas delimitadas pelas fissuras tenham sido deslocadas umas em relação
às outras [Estampa 9 – 1 e 2]. Neste caso, as direcções segundo as quais se
podem medir os poderes reflectores máximo e, eventualmente, mínimo
aparente de cada uma das partículas são as mesmas. As partículas delimitadas
pela fissuração podem apresentar-se mais ou menos divididas e separadas
[Estampa 9 – 1] e estarem, ou não, unidas por cimento constituído, quase
sempre, por minerais da argila [Estampa 9 – 2].

(ii) Esmagamento tectónico seguido da deslocação das partículas delimitadas


pelas fissuras, conduzindo a novo arranjo e eventual consolidação sob a forma
de verdadeiros aglomerados naturais. Neste caso, a orientação, originalmente
idêntica, das partículas foi mais ou menos profundamente modificada como se
pode deduzir das diferentes direcções segundo as quais se podem medir os
poderes reflectores máximo e, eventualmente, mínimo aparente de cada uma.
Este fenómeno traduz-se, na prática, pela desigualdade de iluminação
verificada nos diferentes grãos para cada posição da platina [Estampa 9 – 3 e 4].

Nestes agregados naturais nunca observámos as partículas unidas por um


cimento, podendo os grãos apresentar-se mais ou menos separados [Estampa
9 – 3 e 4] ou em estado de justaposição crescente que pode ir até à total
coalescência [Estampa 9 – 5].

Um facto resultante do exame dos cataclasitos de carvão importa, ainda, reter:


os fenómenos tectónicos responsáveis pelo esmagamento e diferente
orientação das partículas são posteriores à aquisição do grau de
incarbonização o qual, apesar da desordem textural, está, mesmo assim,
marcado com impressionante regularidade no poder reflector máximo
patenteado pelos diferentes fragmentos de vitrinite. Com efeito o que pode
variar em relação às camadas não tectonizadas é a anisotropia de reflexão da

 
62 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

vitrinite, já que esta propriedade óptica depende da pressão orientada a que


foram sujeitos os constituintes orgânicos. Este tema tem sido tratado por vários
autores a nível tanto geral (Stone & Cook 1979, Stach et al. 1982, Taylor et al.
1998) como, sobretudo, regional, em tentativas, aliás bem sucedidas, de
reconstituir a história tectónica e, nomeadamente, a deformação com base no
estudo da anisotropia de reflexão dos carvões de uma dada bacia (Levine &
Davis 1983, 1984, 1989a, b).

Por fim, assinale-se que independentemente dos aspectos descritos é, por


vezes, também possível observar constituintes microscópicos dos carvões
deformados por acções mecânicas sinsedimentares [Estampa 9 – 6 e 7].

1.2.5. Efeitos da oxidação natural

Os problemas ligados à oxidação dos carvões, i.e., os respeitantes ao


comportamento destes constituintes quando em contacto com o oxigénio
molecular, têm merecido a atenção especial dos petrógrafos, uma vez que o
estudo teórico e prático do fenómeno tem relevante interesse em relação com
as várias questões dentre as quais se destacam:

(i) carvões oxidados e medição do grau de incarbonização dos mesmos através


de parâmetros físicos e químicos;

(ii) predição, a partir do estudo de amostras de afloramento, das características


petrológicas e tecnológicas que o carvão de uma camada apresentará em
profundidade;

(iii) predição da influência da oxidação de um carvão na qualidade do coque;

(iv) melhor conhecimento do mecanismo de formação de numerosos produtos


de interesse tecnológico obtidos na indústria química a partir de carvões;

(v) estudo da origem da combustão espontânea do carvão nas minas e,


principalmente, durante o transporte ou nos parques de armazenamento;

(vi) separação da matéria mineral do carvão, destinada a diversos fins analíticos.

No estudo da oxidação distinguem-se, habitualmente, os seguintes casos


(Alpern & Maume 1969):

(i) oxidação natural

 
O Carvão na Actualidade 63

a) em afloramento (à escala geológica)

b) em parque (à escala histórica)

(ii) oxidação artificial provocada no laboratório, cujo estudo, tendo merecido a


atenção, conjunta ou separada, de numerosos investigadores (veja-se
bibliografia compilada por Davidson (1990)), contribuíram para o melhor
conhecimento do fenómeno e da sua interpretação.

Assim, sabe-se que a oxidação do carvão induz alterações na estrutura


molecular deste combustível sólido, as quais, por sua vez, se traduzem na
modificação das propriedades químicas e físicas dos carvões oxidados em
relação às mesmas propriedades nos carvões não oxidados. Contudo, tais
modificações manifestam-se de forma assaz diversa em cada um dos casos de
oxidação acima referidos, o que tem dificultado uma interpretação genética
conjunta, ou, pelo menos, comparada das diversas vertentes do fenómeno.
Realmente, o fenómeno da oxidação dos carvões é, ainda hoje, conhecido, em
grande parte, através da simples inventariação de factos de observação
casuísticos. Em todo o caso, o fenómeno da oxidação é considerado como uma
das causas dominantes da combustão espontânea dos carvões na mina, no
transporte e em parque, hoje considerada uma “catástrofe global” (Stracher
2004).

1.2.5.1. Oxidação natural em afloramento (Lemos de Sousa 1973, 1978a, b)

As alterações, mais ou menos profundas, induzidas pela oxidação, traduzem-se,


a nível macroscópico, pela aquisição de aspecto pulverulento correspondente
a uma fácil desagregação. A nível microscópico ocorre microfissuração
característica, perfeitamente distinta da rede natural de fendas de retracção ou
dos aspectos impostos pelas acções tectónicas.

A microfissuração provocada pela oxidação natural em afloramento é


particularmente visível, com aspectos típicos, nos campos de vitrinite [Estampa
10 – 1 e 2] muito embora se possa estender a todos os macerais, mesmo os do
grupo da inertinite e isto em carvões de todos os graus de incarbonização
[Estampa 10 – 3]. Demais, a microfissuração pode ser acompanhada, ou não, de
zonas de bordadura, de limites mais ou menos difusos, as quais, quando
existem, patenteiam sempre poder reflector inferior em relação à parte interna
dos fragmentos atingidos. Por outro lado, a microfissuração, e o eventual
desenvolvimento de zonas de bordadura, inicia-se a partir da superfície do

 
64 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

material oxidado, propagando-se, gradualmente, para o interior, por zonas de


poder reflector inferior (mais oxidadas) em relação ao do centro dos
fragmentos resultantes da fissuração. A coexistência de áreas diferentemente
oxidadas e com formação de zonas de bordadura, cuja génese pode muito
bem corresponder à progressiva difusão do oxigénio molecular, representa,
segundo julgámos, o estado menos avançado do fenómeno da oxidação
natural à escala geológica [Estampa 10 – 2]. Assim se explica que o fenómeno
só seja visível com nitidez em carvões muito evoluídos, i.e. mais dificilmente
oxidáveis. Pensamos, outrossim, que é na progressão do fenómeno a partir do
estado descrito que se deve buscar a explicação para o facto de, quando todos
os fragmentos já se encontram completamente fissurados, se esbaterem
totalmente as diferenças de poder reflector de início existentes entre zonas
desigualmente oxidadas [Estampa 10 – 1]. Compreende-se, então, o motivo
pelo qual nos carvões de grau inferior não se chegam a observar zonas
representativas de diferentes estados de oxidação, uma vez que sendo muito
fácil e rapidamente oxidáveis, são, também, rapidamente levados a estados de
elevada degradação, tornando impossível a identificação de estados
intermédios.

Por outro lado, em relação à determinação do grau de incarbonização,


verificam-se apreciáveis diferenças quando se comparam os resultados das
análises químicas e das determinações de poder reflector em amostras colhidas
em afloramento e nas correspondentes em profundidade. O fenómeno é
conhecido de longa data e assinalado por todos os autores à excepção de
Chandra (1962) 15 . De facto, o que se verifica nos carvões oxidados em
afloramento é, em todos os casos conhecidos, um abaixamento do poder
reflector e do teor em carbono e um concomitante aumento do teor em
oxigénio devido, quanto a nós, à alteração da estrutura química do carvão
provocada pela difusão e fixação de oxigénio molecular 16 e consequente
repercussão nas propriedades físicas.

                                                      
15
Este autor pronunciou-se pela inexistência de diferenças expressivas na determinação do poder reflector entre
amostras de afloramento e de profundidade. Isto levou o autor em referência a fazer a afirmação, totalmente inexacta,
de que “no decurso da prospecção, o poder reflector de um carvão de afloramento pode servir de útil guia para o
conhecimento das propriedades dos carvões mais profundos” (Chandra 1962), asserção com a qual, aliás, julgou
confirmar conclusões, igualmente erradas, já antes emitidas com base em estudos de oxidação artificial (Chandra
1958).
16
Alpern & Maume (1969) interpretaram o fenómeno de maneira que “tudo se passa como se, no caso da alteração
geológica, as capacidades de evolução segundo o processo normal de incarbonização (com aumento correlativo do

 
O Carvão na Actualidade 65

1.2.5.2. Oxidação natural em parque

À primeira vista, o que se passa na oxidação natural em parque deveria


conduzir aos mesmos resultados, embora com menor intensidade (escala
histórica, correspondente ao que muitos autores designam, simplesmente, por
“meteorização do carvão”), do fenómeno homólogo em afloramento (escala
geológica) acima descrito. E, na verdade, os resultados das análises químicas
dos carvões meteorizados em parque revelam, para além de modificações
noutros parâmetros químicos, um aumento do teor em oxigénio com
concomitante abaixamento do de carbono (Davidson 1990). Porém, o poder
reflector, em vez de diminuir, como no caso da oxidação natural em
afloramento, aumenta (Alpern & Maume 1969, Kühlwein et al. 1949)17. Como
explicar, então, esta variação inversa do poder reflector nos fenómenos de
oxidação natural em parque e em afloramento? Será que a acção continuada, à
escala geológica, do fenómeno de oxidação, tal como hoje o conhecemos
experimentalmente à escala histórica, virá a provocar, a partir de certa altura e
após a elevação inicial do poder reflector, uma diminuição do mesmo? Embora
pareça aceitável admiti-lo não é, por agora, possível responder com certeza a
este desiderato.

Os factos expostos mostram que muito ainda há a investigar para que se atinja
um conhecimento razoável do fenómeno da oxidação do carvão por
meteorização e dos mecanismos envolvidos, não obstante ser este o aspecto,
quanto a nós, mais importante dentre todos os casos de oxidação conhecidos
nestes combustíveis fósseis sólidos, já que pode levar à combustão espontânea

                                                                                                                                       
poder reflector) tivessem sido bloqueadas (donde resultariam poderes reflectores mais baixos) na zona atingida pelo
oxigénio, tornada, por este facto, menos transformável, mais inerte química e fisicamente”. E mais adiante afirmam o
seguinte: “Explicamos estas observações pelo bloqueio precoce, nas zonas oxidadas, dos processos evolutivos devidos à
incarbonização”. Contudo, para que tal hipótese genética pudesse ser válida seria necessário admitir que os
afloramentos das camadas, tal como hoje os conhecemos, existiam já na altura em que os fenómenos de
incarbonização actuaram. Ora, conforme se deduz da história geológica das bacias carboníferas, tal é insustentável,
tudo levando a admitir que, pelo contrário, a incarbonização teve lugar, na maioria dos casos conhecidos, antes da
tectónica ter actuado sobre as camadas. Deste modo, só depois de acções dinâmicas muito posteriores à
incarbonização se terem feito sentir é que é possível admitir que a erosão conduziu ao aparecimento dos afloramentos.
Não nos parece, pois, que tenha havido qualquer bloqueamento precoce da capacidade evolutiva.
17
Chandra (1966) refere que tendo deixado carvões de diferentes graus de incarbonização sujeitos, durante dez anos,
às condições atmosféricas verificou a inexistência de modificações no poder reflector. Isto levou-o a formular, mais
uma vez, a seguinte conclusão errada: “não é necessário armazenar numa atmosfera inerte as amostras de carvão
destinadas à análise petrológica”.

 
66 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

nos termos já referidos e em todas as circunstâncias, i.e., na mina, no transporte


e em parque de armazenamento.

Do que ficou dito importa, por isso, especialmente reter que não é possível
promover estudos petrológicos de base (excepto os ligados ao próprio
fenómeno da oxidação natural) e, por maioria de razão, pesquisas de
caracterização de carvões para fins tecnológicos em amostras colhidas em
afloramento ou expostas às condições atmosféricas durante largo espaço de
tempo, sob pena das características do combustível ensaiado se ficarem a
conhecer com apreciável distorção. A este propósito é, ainda, de notar que um
curioso e útil método baseado na “classificação racional de Francis” (veja-se
Capítulo 3) e proposto por este mesmo autor (Francis 1961) é, ainda hoje, o
único susceptível de permitir, pelo menos em certos casos, a determinação
aproximada dos teores em carbono e em hidrogénio de um carvão não
oxidado a partir do conhecimento de idênticos parâmetros em amostra
oxidada correspondente.

1.2.6. Efeitos térmicos

Independentemente dos efeitos térmicos provocados pela incarbonização


natural habitual, em que a temperatura (paleogradiente geotérmico da bacia)
tem papel dominante (veja-se item 1.3 do presente capítulo), os carvões
podem ser afectados por efeitos térmicos em qualquer fase de aquisição da
incarbonização, efeitos estes possíveis de reconhecer pela análise quer
petrográfica, quer química.

O caso mais evidente e conhecido é o da formação de coque natural formado


na Natureza por mecanismo similar ao do processo tecnológico da
coquefacção ou carbonização, ou seja, neste caso o carvão sofre um
aquecimento brusco e pontual, normalmente por contacto, quase sempre
provocado pela intrusão de rochas ígneas de superfície no tecto ou no muro
das camadas, ou na sua proximidade. São numerosos os casos conhecidos e
inventariados na literatura sendo típicas as extensões de coque natural
originadas em carvões gonduânicos pelas lavas do Stormberg. Conhecem-se,
ainda, na Natureza, diferentes termos de transição, igualmente identificados na
tecnologia da coquefacção, desde a génese inicial de poros de desvolatilização
[Estampa 10 – 4 e 7] até à formação de mesofase e de mosaicos [Estampa 10 – 5
e 6], entre o carvão não afectado termicamente e o coque propriamente dito
(Merritt 1985, Teichmüller 1973). Seja como for, julga-se que a formação de

 
O Carvão na Actualidade 67

coque natural pode ter lugar quando se verifique um choque térmico súbito
como no caso de raios de uma trovoada (Pearson & Creaney 1980).

Por outro lado, sendo hoje bem conhecidas as condições em que, na indústria,
o carvão se transforma em coque, autores houve (Kwiecińska et al. 1992,
Correia 1993, Méndez Cecilia 1985) que, aplicando tais conhecimentos,
lograram deduzir o grau de incarbonização do carvão de uma camada
aquando da sua transformação em coque natural contribuindo, assim, para o
estabelecimento de um modelo geológico-genético de jazigo mais fidedigno
com vista ao seu melhor aproveitamento económico. De facto, os maciços de
carvão transformados em coque natural não são, em princípio, aproveitáveis
para a mineração já que, embora se trate de verdadeiros coques, os coques
naturais não possuem os requisitos de qualidade, nomeadamente de
resistência mecânica, para poderem ser usados na indústria.

Refira-se, ainda, que Petersen (1998) e Kwiecińska & Petersen (2004)


identificaram, para além de coque natural, aspectos microscópicos que
atribuíram a efeitos térmicos precoces, relativamente moderados, que
designaram por char natural.

Por seu turno a maioria dos autores associa a presença de pirocarbono


(também designado por “carbono pirolítico” ou “grafite das retortas”) –
confundido por alguns com a grafite (Feys & Greber 1952, Feys et al. 1967) – a
efeitos originados por altas temperaturas, já que este constituinte ocorre
frequentemente associado às mesofases e aos mosaicos dos estados de
transição carvão-coque (Stach et al. 1982, Taylor et al. 1998). Foi, igualmente,
considerado de origem térmica de alta temperatura o pirocarbono que ocorre
associado à inertinite e identificado por Prado et al. (1991), embora estes
autores considerem que a sua génese teve lugar por paleoxidação verificada
antes do depósito.

Contudo, no caso mais frequente, o pirocarbono ocorre interestratificado em


carvões, de todos os continentes e idades, os quais não denotam qualquer
vestígio de efeitos térmicos, não podendo, assim, atribuir àquele constituinte
origem genética em ligação com altas temperaturas, mas tão só a efeitos
térmicos moderados resultantes do aumento de temperatura verificado
durante a incarbonização (pirocarbono neoformado e de baixa temperatura), o
que levou Lemos de Sousa (1973, 1974, 1978a) a propor, para estes casos, um
modelo genético diferente, o qual, aliás, tornou possível uma tentativa de usar

 
68 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

o pirocarbono de baixa temperatura como indicador paleogeotermométrico


(Nedelcu 1998).

Na Estampa 10 – 8 e 9 ilustram-se alguns aspectos de pirocarbono.

1.2.7. Métodos analíticos

Os métodos analíticos, quantitativos e normalizados a nível internacional, a


utilizar para a determinação da composição petrográfica, usando a
nomenclatura SH são os seguintes (veja-se Anexo 1):

(i) Preparação da amostra (comum para aplicação dos diversos métodos


petrográficos) – Em conformidade com as prescrições da norma ISO 7404-
2:200918.

Nota 1: A norma NP 3608:1992, correspondente à edição de 1985 da norma ISO,


carece de revisão.

Nota 2: As amostras para estudo petrográfico do carvão preparam-se “em


bloco” (pedaços, colhidos directamente na camada, por vezes, orientados em
relação à estratificação) ou “em grão” (carvão moído em grãos a < 1 mm e
aglomerados por um ligante).

(ii) Análise maceral - Em conformidade com as prescrições da norma ISO 7404-


3:200919,20,21.

Nota 1: A norma NP 3605:1992, correspondente à edição de 1984 da norma ISO


carece de revisão.

Nota 2: A análise maceral de misturas de carvões de diferentes graus está


prevista no manual ICCP (1971).

                                                      
18
O sistema normativo ASTM possui as seguintes normas para idêntico fim: ASTM D2797/D2797M-11a e ASTM D5671-
95 (2011).
19
O sistema normativo ASTM possui a seguinte norma para idêntico fim: ASTM D2799-11.
20
Em recente publicação, Bustin (1991) alerta para precisões que podem ser importantes nos resultados da análise
maceral.
21
A norma ISO 7404-3:2009 foi, em princípio concebida para a análise de grupos de macerais: contudo, pode-se aplicar
a mesma metodologia para a determinação da percentagem, em volume, de qualquer grupo de macerais em separado
ou, mesmo, de um maceral individual.

 
O Carvão na Actualidade 69

Nota 3: A norma australiana AS 2856.2 – 1998 relativa à análise maceral não


segue a terminologia nem do ICCP, nem da norma ISO 7404-3: 2009 sobre o
mesmo assunto. De facto, esta norma australiana, para além de outros
pormenores, considera um só grupo – que designa por “virinite” – para
englobar o conjunto dos macerais dos grupos da huminite e da vitrinite cujas
designações, para mais, não coincidem com as do “Sistema ICCP 1994”. Sobre o
assunto veja-se, também, Gurba & Read (1999).

(iii) Análise de microlitótipos, carbominerites e minerite - Em conformidade


com a prescrição das normas ISO 7404-4:1988 e NP 4218:1992.

Nota muito importante: Existe discrepância entre a nomenclatura dos


microlitótipos (dos carvões de grau médio e de grau superior) do ICCP (1971),
tal como consta do Quadro 2.5, e a nomenclatura publicada para os mesmos
constituintes na norma ISO 7404-4:1988. De facto, a norma ISO (e a Norma NP
4218:1992 correspondente) considera como “microlitótipos” aquilo que o ICCP
designa como “grupos de microlitótipos”. Tal facto tem especialmente
consequências a nível do grupo de microlitótipos trimacerite e dos três
microlitótipos que o integram: (duroclarite, clarodurite e vitrinertoliptite) já que
a determinação quantitativa de alguns destes constituintes entra no cálculo
dos índices de fácies do carvão ligados aos paleoambientes de deposição (veja-
se item 3.3 do presente capítulo).

(iv) Análise combinada de macerais e de microlitótipos - Em conformidade


com as prescrições que constam do manual ICCP (1971).

(v) Análise em fluorescência - Em conformidade com as prescrições que


constam dos manuais ICCP (1976, 1993).

1.3. Estudo do grau

1.3.1. Conceito de grau e parâmetros para a sua determinação

O grau de incarbonização, grau de carbonificação ou, simplesmente, grau é


a característica de um carvão que traduz o estado por ele atingido no decurso
do processo natural denominado incarbonização, correspondendo, assim, à
sua posição na respectiva escala.

Com efeito, é por incarbonização crescente que a matéria vegetal da turfa se


transforma, na ausência mais ou menos completa de ar, primeiro em “carvão

 
70 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

de grau inferior”, depois em “carvão de grau médio” e, sucessivamente, em


“carvão de grau superior” podendo, ainda, evoluir para formas já fora do
âmbito do carvão tais como a semigrafite e a grafite (Kwiecińska & Petersen
2004)22,23.

O grau não é, porém, uma grandeza directamente mensurável. Assim, para que
a sua determinação seja possível há que recorrer a propriedades físicas e/ou
químicas ou, ainda, a parâmetros físico-químicos, cuja variação seja
significativa no decurso da incarbonização e, a partir da medição dessas
propriedades ou dos resultados obtidos nos ensaios, quantificar, então, o
conceito. Uma propriedade nas condições indicadas designa-se por parâmetro
de grau. Temos a considerar:

(i) Principais parâmetros químicos de grau, incluindo ensaios físico-químicos


(geralmente determinados no carvão global)

a) Determinações obtidas a partir da chamada análise imediata,


nomeadamente os teores em humidade e em matérias voláteis;

b) Determinações obtidas a partir da chamada análise elementar,


designadamente os teores em carbono e em hidrogénio;

c) Poder calorífico superior.

(ii) Principais parâmetros físicos de grau (geralmente determinados num só


constituinte microscópico – maceral – ou em concentrados de um constituinte
macroscópico – litótipo)

a) Poder reflector máximo (ou aleatório) da huminite-vitrinite;

b) Espectro de fluorescência da liptinite;

c) Microdureza Vickers ou Knoop da vitrinite;

d) Densidade do vitrino ou do carvão global.

                                                      
22
Veja-se, também, Capítulo 3.
23
Podem-se retirar importantes ensinamentos sobre a génese da grafite com base em experiências de laboratório
sobre antracites e, mesmo, cerogéneo (Bustin et al. 1995a,b). Os estudos publicados sobre grafitização dos carvões da
Bacia Carbonífera do Douro (Rodrigues et al. 2011a,b) são referidos, no seu respectivo enquadramento, no Capítulo 5.

 
O Carvão na Actualidade 71

Note-se, por último, que, dentre os possíveis, nem todos os parâmetros de grau
se podem considerar bons para o efeito ao longo da escala de incarbonização.
Realmente, para que um parâmetro de grau seja utilizável é necessário que a
sua variação seja significativa o que, geralmente, só se verifica em zona(s) mais
ou menos restrita(s) da mesma escala. Os parâmetros de grau mais universais
são o teor em carbono e o poder reflector da huminite-vitrinite. Não obstante o
condicionalisrno apontado é, contudo, possível apresentar curvas que
traduzem relações gerais entre parâmetros físicos e químicos de
incarbonização ao longo da respectiva escala, as quais são de manifesta
utilidade na medida em que permitem, uma vez estabelecidas as respectivas
correlações, estimar uma propriedade a partir do conhecimento da outra. A
título de exemplo de curvas de algumas dessas relações referimos as
publicadas na ficha “Rank” (ICCP 1963) e respectivo suplemento (ICCP 1971),
por Stach et al. (1982 – fig. 123, p.401), por Taylor et al. (1998 – fig. 3.14, p.103) e
as que aqui se apresentam nas Figs. 2.1 a 2.3.

Nota: Sobre a importância do poder reflector da vitrinite como parâmetro de


grau, para além das alterações desta propriedade física dos carvões como a
oxidação (veja-se item 1.2.5 do presente capítulo) e com os efeitos térmicos
tratados no item 1.2.6, igualmente do presente capítulo, há que ter em atenção
um outro importante fenómeno que designaremos por rebaixamento do
poder reflector (suppression of reflectance dos autores de língua inglesa,
designação em que, quanto a nós, a palavra “suppression” é claramente usada
na acepção de refreamento, redução, ocultação ou rebaixamento e, não, de
“supressão”). Trata-se de um facto hoje bem conhecido e largamente
documentado em abundante bibliografia citada em Taylor et al. (1998) tendo,
mesmo, sido objecto de um simpósio (Mukhopadhyay & Dow 1994). O
fenómeno em questão diz respeito a uma redução do poder reflector de
vitrinites (e, as mais das vezes, também, a aumento da intensidade de
fluorescência), em princípio, ditas isometamórficas, isto é, do mesmo grau de
incarbonização. Dependendo dos casos, são várias as causas apontadas para o
fenómeno, sendo que a principal é atribuída à impregnação da vitrinite por
materiais do grupo da liptinite (alginite, betuminite, etc.), não sendo, contudo,
de excluir a eventual influência marinha e o tipo de rocha sedimentar do tecto
das camadas, assim se justificando que o fenómeno de rebaixamento do poder
reflector se verificar dentro da mesma camada. Realmente, o fluxo térmico,
determinante no fenómeno de incarbonização, pode ser fortemente
influenciado pelo tipo de rocha sedimentar encaixante, sendo este,

 
72 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

seguramente, o motivo pelo qual, mais do que no caso das camadas de carvão,
em que a matéria orgânica está concentrada, o fenómeno seja particularmente
sensível e importante no caso da matéria orgânica dispersa.
Densidade corrigida g/cm3

dcorrigida= 75,97 - 4,290(Cssc) + 0,09164 (Cssc)2 -


- 0,0008604 (Cssc)3 + 0,000002993 (Cssc)4

Cssc %

Figura 2.1 - Relações densidade corrigida (dcorrigida) – teor em carbono na base seco sem cinzas (C[ssc]) (segundo Lemos
de Sousa 1977a).
Os pontos de maior dimensão correspondem aos valores determinados em metantracites da Bacia Carbonífera do
Douro. Todos os outros pontos se referem a valores de determinações congéneres anteriormente publicados por
Dulhunty & Penrose (1951), Franklin (1949), Sherlock (1950, 1951) e Sun & Campbell (1966).

1.3.2. Métodos analíticos

Os métodos analíticos, quantitativos e normalizados a nível internacional, para


a determinação de cada uma das propriedades (parâmetros físicos e/ou
químicos de grau) acima mencionadas são, quando existam, os que constam
das listagens de normas no Anexo 1.

 
O Carvão na Actualidade 73

R%

Rmáx = 541,79 + 9,5751(Cssc) - 0,12768 (Cssc)2 -


- 0,0034442 (Cssc)3 + 0,000017654 (Cssc)4

Rmin = -253,63 + 12,994(Cssc) - 0,24245 (Cssc)2 +


+ 0,0019545 (Cssc)3 - 0,0000057207 (Cssc)4

Cssc %

Figura 2.2 - Relações valores médios do poder reflector máximo ( Rmáx ) e do poder reflector mínimo ( Rmin ) da
vitrinite – teor em carbono na base seco sem cinzas (C[ssc]) (segundo Lemos de Sousa 1979).
Os pontos referem-se a pares de valores publicados por Alpern & Lemos de Sousa (1970), Broadbent & Shaw (1955),
Huntjens & van Krevelen (1954), Murchison (1958) e Lemos de Sousa (1979).

Dentre todos os parâmetros físicos de grau destaca-se o poder reflector da


vitrinite-huminite cuja determinação normalizada, a nível internacional, se
efectua em conformidade com a norma ISO 7404-5:2009. Dentre os vários
poderes reflectores (Lemos de Sousa 1971, Hevia-Rodriguez & Virgos 1977) a

 
74 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

norma ISO em causa prevê a determinação do poder reflector máximo e do


poder reflector aleatório24.

Os resultados obtidos a partir dos ensaios para a determinação da composição


química ou de parâmetros e propriedades físico-químicas têm, além disso, para
efeitos de comparação, de ser expressos em bases de cálculo igualmente
normalizadas, tal como exposto no Anexo 2.

1.3.3. Fases de aquisição da incarbonização

Por outro lado, atendendo a que boa parte dos autores considera a
humificação ou turbificação como parte integrante da incarbonização,
admite-se, classicamente, que o fenómeno que está na base da aquisição do
grau se processa em duas fases principais, a saber:

(i) Diagénese - Inicia-se pela chamada incarbonização bioquímica,


correspondente à humificação, a qual se desenrola em condições sensivelmente
normais de temperatura e pressão, mas sob forte influência de agentes biológicos.

(ii) Anquimetamorfismo, também conhecido por “metamorfismo incipiente” ou


“metamorfismo precoce”. É, afinal, o “metamorfismo de muito baixo grau” (very low
grade metamorphism dos autores de língua inglesa). O anquimetamorfismo
correspondente às fases evolutivas designadas por catagénese e metagénese que,
na sequência da fase inicial da diagénese, precedem o metamorfismo propriamente
dito no qual toda a matéria orgânica sedimentar fóssil dá origem à semigrafite e à
grafite (veja-se, também, o Capítulo 1). Corresponde, ainda, à chamada
incarbonização geoquímica ou físico-química. Os agentes dominantes são,
neste caso, a temperatura e a pressão e, ainda, o tempo de actuação destas
duas variáveis.

O papel que cabe a cada um dos agentes que intervêm na fase de


incarbonização geoquímica é, naturalmente, diverso. Na realidade, está
suficientemente bem averiguado ser o aumento de temperatura (devido quer
ao simples afundimento, quer à implantação de corpos ígneos) que provoca as
principais reacções químicas verificadas no decurso da aquisição do grau,
motivo pelo qual a temperatura é considerada como o principal agente de
incarbonização. A pressão, retardando, embora de maneira mitigada, as ditas
reacções químicas, é essencialmente responsável pelas modificações na
                                                      
24
A norma NP 3606:1992, correspondente à norma ISO citada, carece de revisão.

 
O Carvão na Actualidade 75

estrutura física identificadas ao longo do processo de incarbonização. Por fim, a


influência do tempo é importante na medida em que é fundamental o
intervalo durante o qual se exerce a acção dos outros dois agentes. Com efeito,
a exposição prolongada a uma temperatura relativamente baixa ou, pelo
contrário, a sujeição durante um pequeno intervalo de tempo a uma
temperatura elevada, são susceptíveis de conduzir um carvão ao mesmo grau.

O que se deixa dito permite, assim, compreender, por exemplo, que as bacias
de Moscovo e do Douro, ambas datando do Carbonífero, possuam carvões com
grau tão afastado: lignites muito pouco evoluídas no caso da Bacia de Moscovo
e antracites A ou metantracites - as mais evoluídas conhecidas no domínio
Norte-Atlântico - na Bacia Carbonífera do Douro. De facto, situando-se a Bacia
de Moscovo numa área cratónica não foi, desde o tempo da sua formação,
sujeita nem a condições significativas de afundimento, nem à acção de
fenómenos ígneos importantes, ao passo que a Bacia do Douro foi submetida,
no Paleozóico final e logo após a sua formação, a um complexo historial
geológico ligado à orogenia varisca, incluindo a implantação de corpos ígneos
(Domingos et al. 1983, Pinto 1985, Lemos de Sousa 1977b, 1978b).

Estes factos podem ser traduzidos, quantitativamente, no diagrama


termodinâmico da evolução dos carvões ou Diagrama de Karweil cuja versão
original (Karweil 1956) tem sido sucessivamente aperfeiçoada com a
introdução suplementar de parâmetros de grau como, por exemplo, os
aditamentos e/ou interpretações propostas por Hacquebard & Donaldson
(1970), Bostick (1973) e Alpern (1987) (Fig. 2.4).

É, outrossim, de salientar que os fenómenos que provocam a aquisição do grau


podem actuar antes e/ou depois das acções tectónicas afectarem uma bacia. E,
se é facto que a incarbonização pré-orogénica (patente nas diferenças de
grau entre sucessivas camadas de uma bacia) prepondera, normalmente, sobre
a pós-orogénica (patente, quando for o caso, nas diferenças de grau ao longo
de cada uma das camadas de uma bacia), o conhecimento da eventual
influência desta última é de real interesse para a interpretação da história
geológica local (Alpern 1967a, 1969a, 1969b, 1972). Aliás, já Hilt (1873) ao
formular o princípio que ficou conhecido por Relação, Regra ou Lei de Hilt
mostrou ter reconhecido perfeitamente a diferente influência destes dois
fenómenos. Se se tem, às vezes, afirmado que a lei de Hilt não separa, quando
coexistam, as influências devidas à actuação das incarbonizações pré- e pós-
tectónicas, isso deve-se ao simples facto de apenas se considerarem, em

 
76 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

obediência ao enunciado da referida lei, as observações, numa só vertical, do


decréscimo dos teores em matérias voláteis proporcionalmente ao aumento da
profundidade.

Ra %

Ra = -398,15 + 11,311(Cssc) - 0,057958 (Cssc)2 -


- 0,00073962 (Cssc)3 + 0,0000059495 (Cssc)4

Cssc %

Figura 2.3 - Relações valores médios do poder reflector aleatório ( Ra ) – teor em carbono na base seco sem cinzas
(C[ssc]) (segundo Lemos de Sousa 1979).
Os pontos referem-se a pares de valores publicados por Alpern & Lemos de Sousa (1970), Broadbent & Shaw (1955),
Huntjens & van Krevelen (1954), Murchison (1958) e Lemos de Sousa (1979).

 
O Carvão na Actualidade 77

Por outro lado, a incarbonização geoquímica traduz-se, essencialmente, por


variações nas propriedades físicas (poder reflector, fluorescência, dureza,
porosidade, etc.) e químicas (aumento generalizado do teor em carbono;
diminuição, igualmente generalizada, do teor em matérias voláteis, etc.)
estudos estes muitas vezes efectuados em macerais específicos ou seus
concentrados (Alpern 1956b, 1981, van Krevelen 1993, Taylor et al. 1998,
Teichmüller 1982, 1984). Tal como se verifica a partir do estudo das
propriedades referidas, a aquisição do grau dá-se, de modo geral,
gradualmente (Stach et al. 1982, Taylor et al. 1998, Teichmüller & Teichmüller
1966, 1967, 1968). Isto, sem prejuízo de serem conhecidos quatro pontos, os
chamados saltos de incarbonização, nos quais se verificam alterações mais ou
menos bruscas das ditas propriedades em relação com transformações
fundamentais, a saber (Stach et al. 1982).

(i) 1º salto de incarbonização – Ocorre quando o grau de um carvão


corresponde a cerca de 80% de carbono [ssc], 43% de matérias voláteis [ssc] e a
0,6% de poder reflector aleatório da vitrinite. Do ponto de vista microscópico é
particularmente visível nos macerais do grupo da liptinite coincidindo com a
formação da micrinite.

(ii) 2º salto de incarbonização - Foi o primeiro a ser identificado por Stach (1953)
nos macerais do grupo da liptinite e o único durante muito tempo conhecido,
pelo que, igualmente, se designa por “salto de incarbonização de Stach”.
Ocorre quando o grau de um carvão corresponde a cerca de 87% de
carbono [ssc], 29% de matérias voláteis [ssc] e a 1,3% de poder reflector
aleatório da vitrinite. Este salto é causado por uma marcada redução de
oxigénio, libertado durante a incarbonização sob a forma de CO2 e H2O, e pelo
início da perda de hidrogénio sob a forma de metano.

(iii) 3º salto de incarbonização - Ocorre quando o grau de um carvão corresponde a


cerca de 91% de carbono [ssc], 8% de matérias voláteis [ssc] e a 2,5% de poder reflector
aleatório da vitrinite. Coincide com perdas suplementares de hidrogénio sob a forma
de metano, correspondendo a uma forte aromatização e condensação em anéis dos
compostos humínicos.

(iv) 4º salto de incarbonização - Verifica-se quando o grau de um carvão


corresponde a cerca de 93,5% de carbono [ssc], 4% de matérias voláteis [ssc] e
a 3,7% de poder reflector médio aleatório da vitrinite. Tal como no caso
anterior, este salto coincide com nova perda de hidrogénio sob a forma de

 
78 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

metano e, bem assim, com um incremento dos fenómenos de aromatização e


condensação referidos.

Escalas:
(A) - Matérias voláteis - segundo Karweill (1956-p.137);
(B) - Matérias voláteis - por correcção de (A) a partir da relação profundidade relativa-MV estabelecida por Teichmüller e Teichmüller (1968-fig. 10);
(C) - Poder reflector médio - em resultado da conversão de (B) tendo em conta os elementos publicados por Teichmüller (1971-fig. 2);
(D) - Poder reflector máximo - em resultado da conversão de (B) tendo em conta os elementos publicados por Alpern e Lemos de Sousa (1970-fig. 1)
e De Vries et al. (1968-figs. 8 e 11);
(E) - Zonas de incerteza na conversão matérias voláteis-poder reflector máximo, segundo os elementos utilizados em (C) e (D) e em Kötter (1960) e
Lensch (1963);
(F) - Poder reflector máximo - por correcção de (D) segundo as investigações de Bostick (1973-fig. 7);
(G) - Matérias voláteis - em resultado da conversão de (F) tendo em conta os elementos mencionados em (D).
Figura 2.4 - Diagrama de Karweill no qual se relaciona tempo de afundimento, temperatura e grau dos carvões
(segundo Bostick 1973).

O conjunto das transformações referidas traduz-se, assim, na evolução,


também acima referida, das propriedades dos macerais no decurso da
incarbonização o que torna, inclusivamente, possível a apreciação qualitativa
do grau de incarbonização ao microscópio com base na evolução das
propriedades ópticas, traduzida no poder reflector dos três grupos de macerais
[Estampa 11]. Verifica-se, assim, que a composição petrográfica é influenciada

 
O Carvão na Actualidade 79

em certa medida pelo grau, este último, sem dúvida, a principal das três
características de um carvão.

Porém, é hoje igualmente reconhecido que a composição petrográfica


condiciona, embora de forma atenuada, o grau, constituindo exemplo a este
respeito a influência que diferenças assinaláveis na composição maceral,
ligadas à génese de bacias em ambientes muito distintos, podem ter no grau
quando determinado com base em parâmetros químicos. É o caso das bacias
fortemente subsidentes do domínio Norte-Atlântico (valores médios da
composição maceral V = 80%, L = 10%, I = 10%) em contraposição às bacias
de plataformas estáveis, como as do domínio gonduânico (valores médios da
composição maceral V = 30%, L = 5%, I = 65%) - têm sobre as curvas de
incarbonização (Fig. 2.5).

Por último, refira-se que, uma vez reconhecido que as leis de incarbonização
são as mesmas para o conjunto dos caustobiólitos, tal facto está na base do
grande desenvolvimento entretanto verificado na Petrologia orgânica, já que a
primeira fase da prospecção dos principais produtos petrolíferos,
correspondentes aos hidrocarbonetos líquidos (petróleos brutos) e gasosos
(gás natural), pode, de modo eficaz, rápido e económico, ser efectuada a partir
do conhecimento do grau de incarbonização dos caustobiólitos presentes numa
bacia sedimentar. Realmente, já no início do século, D. White havia identificado
nos EUA uma relação entre o grau de incarbonização e a presença de petróleo
nas bacias sedimentares. Porém, só mais tarde, Wassojewitsch et al. (1969)
quantificou o fenómeno, em termos modernos e, numa primeira aproximação,
através de importante diagrama - diagrama de Wassojewitsch - no qual se
estabelecem as zonas de geração/conservação do petróleo bruto e do gás
natural (Zonas petrolíferas de Wassojewitsch) em função do grau dos
carvões expresso a partir de parâmetros tradicionais (veja-se Figs. 2.6 e 2.7). Ora,
o reconhecimento, referido a propósito do estudo da composição petrográfica,
da presença nos carvões de hidrocarbonetos susceptíveis de evoluírem com a
incarbonização e, inclusivamente, de migrarem permitiu não só confirmar o
rigor das observações anteriores, mas também efectuar uma previsão
bastante mais exacta das zonas de aparecimento e de desaparecimento do
petróleo bruto e do gás natural25 em relação com o grau de incarbonização.
                                                      
25
O aparecimento de petróleo líquido (início da “Zona do Petróleo” de Wassojewitsch) pode, igualmente,
correlacionar-se com o 1º salto de incarbonização. Por sua vez, o desaparecimento de petróleo líquido (fim da “Zona do
Petróleo” de Wassojewitsch) pode correlacionar-se com o 2º salto de incarbonização.

 
80 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Este último, por seu lado, é hoje fácil de reconhecer a partir de investigações
tanto do foro da Petrologia orgânica – i.e. o estudo óptico das partículas
orgânicas dispersas (veja-se, por exemplo, Mukhopadhyay & Dow 1994, Durand
1980) – como do domínio da Geoquímica orgânica (veja-se, por exemplo,
Alpern 1980, 1987, Bartenstein & Teichmüller 1974a,b, Durand 1980, Robert
1980, 1985, 1988, Scott & Fleet 1994, Teichmüller 1974a, b, Teichmüller &
Teichmüller 1981, etc., só para citar os autores clássicos).

Lip
e

V=Vitrinite%
it

t
Composição
rin

init
L=Liptinite%
V it

maceral

e
I=Inertinite%

Inertinite

I=15
L=20
V=75 =1 0
10 I
= 80 L=
V 20 5
5 I= I= 3
80

5 L= L =5 5
I=

V = 7
60 I=6
5

= =5
L=

V L
30
15

V=
V=

Figura 2.5 - Influência da composição maceral sobre o grau traduzido pela relação poder reflector (R %) - matérias
voláteis (MV %). Note-se, por exemplo, que para o grau, expresso em termos de poder reflector, de 1% o teor em
matérias voláteis pode variar, em função da composição maceral, de 20 a 40% (segundo Alpern 1969a, 1979, 1981,
1984, modificado com dados de Lemos de Sousa 1984).

A título de síntese apresentam-se na Fig. 2.8, as principais relações clássicas da


evolução conhecida de alguns macerais, das diferentes escalas ópticas de
incarbonização e de algumas propriedades dos carvões com as zonas
petrolíferas clássicas de Wassojewitsch.

 
O Carvão na Actualidade 81

Grau MVssc
R%
%
Alemanha

Escalas: (A) Gutjahr (1966); (B) Ottenjann et al. (1974a, b, 1975); (C) Wassojewitsch et al. (1969).
Figura 2.6 - Escalas ópticas de incarbonização em relação com o grau dos carvões e com as “Zonas petrolíferas de
Wassojewitsch” (segundo Teichmüller 1974a,b, Taylor et al. 1998, modificado).

 
 

1) Q = relação vermelho/verde do espectro de fluorescência. Escalas: (A) Ammossov & Sju I (1961); (B) Hood & Gutjhar (s.d.); (C) Wassojewitsch et al. (1969).
Figura 2.7 - Relação entre diferentes propriedades dos carvões e as “Zonas petrolíferas de Wassojewitsch” (segundo Teichmüller 1974a,b, Taylor et al. 1998, modificado por
Lemos de Sousa 1978a).

82
 

V-L

(L)
te
iptini
L

MVssc %

Cssc %

Figura 2.8 - Representação esquemática da evolução de alguns macerais no decurso da incarbonização, principais índices petrográficos e “Zonas petrolíferas de Wassojewitsch”
(segundo Alpern 1970, Alpern & Lemos de Sousa 1970).

83
84 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Cabe, ainda, referir que, após os estudos pioneiros de Wassojewitsch nos anos
sessenta, o tema não mais deixou de ser investigado, sendo que foram
apresentados sucessivos novos diagramas implicando parâmetros tanto
petrológicos como geoquímicos, cada vez mais diversificados e refinados em
termos quantitativos e de precisão de medições, com vista a relacionar o grau
de incarbonização com a “Zona do petróleo de Wassojewitsch” (Robert 1980,
1985, 1988, Taylor et al. 1998, Fig. 3.40, p.135). Este trabalho deve-se, sem
dúvida, em grande parte, aos geoquímicos orgânicos que, entretanto –
assinale-se –, passaram a utilizar uma terminologia própria para designar. de
modo, por vezes, substancialmente diferente, os mesmos conceitos dos
petrógrafos orgânicos clássicos. Com efeito, a “justificação” é que a “nova”
terminologia se refere ao estudo de rochas-mãe, e não a carvões com base nos
quais tinha sido desenvolvida a terminologia dita clássica. São exemplos típicos
desta situação o facto de os geoquímicos orgânicos passarem a designar a
“incarbonização” por Metamorfismo orgânico (Organic metamorphism dos
autores de língua inglesa)26, o “grau de incarbonização” por grau ou nível de
maturação (degree ou level of maturation dos autores de língua inglesa)27 e a
“Zona do Petróleo” de Wassojewitsch por “Janela do Petróleo” (Oil window
dos autores de língua inglesa), conceito introduzido por Pusey III (1973). Refira-
se, ainda, que o estudo dos hidrocarbonetos gerados pelo carvão, i.e. o já acima
referido “Metano do carvão em camada” – tema que constitui um excelente
exemplo do actual e indispensável entrosamento entre a Petrologia e a
Geoquímica orgânicas –, levou a sentir a necessidade de refinar a “escala”
clássica das fases de aquisição da incarbonização no caso dos carvões, i.e.
“diagénese” seguida de “anquimetamorfismo” (este, incorporando a “catagénese”
e a “metagénese”), para os seguintes cinco termos propostos por Levine (1993):

(i) turbificação, correspondente ao estado de turfa;

(ii) desidratação, correspondeste aos estados de “lignite” e de “carvão sub-


betuminoso”;

                                                      
26
O conceito de Metamorfismo orgânico abrange a totalidade da escala de incarbonização compreendendo as fases
sucessivas da diagénese, catagénese e metagénese.
27
Há que ter em atenção não confundir o conceito de “maturação”, i.e. o grau de evolução do Metamorfismo
orgânico de uma formação geológica referido a uma escala incarbonização, com o conceito de “maturidade”
(maturity dos autores de língua inglesa) reservado, pelos geoquímicos orgânicos, para distinguir o estado de evolução
dos hidrocarbonetos presentes nas formações, por exemplo “petróleo”, “gas húmido”, “gás seco”, etc. (a título de
exemplo, veja-se Taylor et al 1998, Fig. 3.40, p.135).

 
O Carvão na Actualidade 85

(iii) betuminização, correspondente aos estados desde a fronteira superior do


“carvão sub-betuminoso A” ao “carvão betuminoso altamente volátil A”;

(iv) desbetuminização, correspondente aos estados desde a fronteira do


“carvão betuminoso altamente volátil A” ao “carvão betumonoso fracamente
volátil”;

(v) grafitização, correspondente aos estados de “semiantracite”, “antracite” e


“metantracite”.

Nota importante: Os estados de incarbonização referidos dizem respeito à


terminologia utilizada para os carvões na norma ASTM D388-05. Em nossa
opinião, é altamente discutível e, mesmo, fonte de potenciais equívocos graves,
o uso da designação “grafitização” para o estado de evolução que, sendo o
mais elevado, todavia não patenteia a presença nem de grafite, nem sequer
semigrafite, estados da matéria estes que apenas se formam quando
ultrapassado o estado de evolução das metantracites de mais elevado grau.
Isto apesar de as descrições feitas na tabela publicada por Levine (1993)
estarem formal e cientificamente correctas e da matéria orgânica fóssil se
poder transformar em grafite por acção do metamorfismo.

As relações apontadas da diagénese e do anquimetamorfismo com a aquisição


do grau, a partir de parâmetros determinados nos constituintes orgânicos, são
passíveis de extrapolação à fracção inorgânica das rochas sedimentares. De
facto, através de vários parâmetros, é possível definir cortejos mineralógicos,
correlacionáveis com os resultados dos estudos de Petrologia e de
Geoquímicas orgânicas, indicativos da evolução diagenética e das fases
precoces do metamorfismo das bacias tal como comprovado nos estudos
clássicos de Frey (1987), Frey et al. (1980), Kisch (1987), Mullis (1987), Robert
(1985, 1988), Teichmüller (1987), Teichmüller & Teichmüller (1981), Teichmüller
et al. (1979).

1.4. Estudo da categoria

1.4.1. Matéria mineral associada à matéria orgânica

À matéria orgânica que constitui o carvão acha-se associada matéria mineral


sob as seguintes formas (Lemos de Sousa 1978a):

 
86 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

(i) cinzas vegetais correspondentes aos constituintes inorgânicos, sob a forma


de elementos menores e em traço, do material vegetal primitivo;

(ii) estéreis intercalares das camadas de carvão;

(iii) inclusões minerais inseridas na massa do carvão, podendo ser de dois


tipos:

a) Singenéticas - quando ocorrem intercrescidas na matéria orgânica por


deposição no decurso da génese de uma camada, ou de neoformação, logo no
início da diagénese;

b) Epigenéticas - quando depositadas posteriormente em cavidades ou


fissuras, ou tendo resultado da transformação de inclusões singenéticas;

(iii) encaixes (tecto e muro) das camadas de carvão;

(iv) tonsteins;

(vi) coal balls.

O estudo aprofundado da matéria mineral apresenta, hoje em dia, enorme


interesse petrográfico, geológico, mineiro e tecnológico sendo, no entanto,
diverso o interesse oferecido pelas diferentes formas de matéria mineral
apontadas. Assim, enquanto ao petrógrafo do carvão respeita, principalmente,
a matéria mineral referida em (i), (ii) e (iii), os caracteres dos tectos e dos muros
constituem já assunto de interesse mais geológico e mineiro (estudo das
condições de sedimentação, escolha dos métodos de lavra, estudo das poeiras
da mina em relação com doenças profissionais, etc.). Por outro lado, não menos
importantes do ponto de vista geológico são os tonsteins e as concreções
conhecidas por coal balls ocorrendo, tanto uns como outras, quer nas camadas
de carvão, quer nos respectivos encaixes. Com efeito, os tonsteins são rochas
vulcanosedimentares que possibilitam correlações estratigráficas a longa
distância, ao passo que as coal balls, para além de conterem geralmente
estruturas vegetais em perfeito estado de conservação  permitindo estudos
paleobotânicos de pormenor quanto às floras que estão na origem dos
respectivos carvões , são preciosos indicadores de fácies. O conjunto da
matéria mineral em relação com as camadas de carvão tem, além disso, estado
na base de múltiplas considerações acerca da génese das mesmas pela via do

 
O Carvão na Actualidade 87

estudo das fácies de deposição do carvão (aloctonia, autoctonia, hipautoctonia


e relações com a biorrexistasia) (veja-se item 3.1 do presente capítulo).

O conhecimento das formas de matéria mineral que mais interessam ao


petrógrafo  ou sejam, as cinzas vegetais, os estéreis intercalares das
camadas de carvão e as inclusões minerais inseridas na massa do mesmo 
não é, porém, menos importante que os aspectos acima referidos. De facto, do
seu conhecimento dependem, em boa parte, as condições de lavra (escolha
das camadas que devem ser exploradas para certos fins), beneficiação
(condições de lavabilidade e eventual aproveitamento dos respectivos
subprodutos) e utilização tecnológica dos carvões (comportamento à
combustão, coquefacção, liquefacção, etc.; depósitos corrosivos produzidos na
indústria; aproveitamento dos elementos menores; incidência no ambiente,
etc.). O que se deixa dito explica que os estudos ligados à matéria mineral do
carvão tenham conhecido notável desenvolvimento nos últimos tempos e,
bem assim, que grande parte dos trabalhos a ela ligados tenham cunho
aplicado (Gluskoter et al. 1981, Valković 1983).

1.4.2. Cinzas vegetais

Embora se considere que as chamadas cinzas vegetais do carvão


correspondem aos constituintes inorgânicos, sob a forma de elementos
menores e vestigiais (traço), do material vegetal primitivo, não há provas cabais
de que assim seja em todos os casos. É facto que, graças a técnicas especiais
(auto-radiografia de carvões activados em pilhas atómicas, utilização de
microsonda electrónica, etc.) é, desde há muito, conhecida a distribuição
preferencial - idêntica à que se verifica actualmente na Natureza - de elementos
inorgânicos primitivos em certos macerais ou microlitótipos (Alpern & Quesson
1956, Alpern 1965), o que parece vir em apoio de se considerar uma
concentração primária daqueles constituintes no material vegetal
original. Contudo, casos existem em que não se pode deixar de considerar ter
havido transporte adicional do meio envolvente.

Por outro lado, o estudo dos elementos menores e vestigiais (traço) presentes
nos carvões foi, no passado, levado a efeito com variados objectivos, desde a
simples investigação geoquímica das bacias ligada à sua génese (Alpern &
Morel 1968), até investigações sobre o aproveitamento económico de destes
contidos nas cinzas, tema este de grande actualidade e recentemente

 
88 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

sintetizado por Seredin & Finkelman (2008) a respeito do que designam por
“metalliferous coals”.

Sobre o assunto da matéria mineral no carvão e suas aplicações existe, aliás,


uma infinidade de estudos compilados, por exemplo, em Gluskoter et al. (1981),
Valković (1983), Vorres (1986), Swaine (2000), Ketris & Yudovich (2009), etc.
Hoje, porém, a principal aplicação do estudo dos elementos menores e
vestigiais (traço) nos carvões diz, essencialmente, respeito a considerações
ambientais e de saúde, ligados, sobretudo, à influência da combustão do
carvão na qualidade do ar (Davidson 2000). De facto, a legislação existente
sobre a qualidade do ar pode, hoje, impedir que se queimem determinados
carvões. Assim, nos últimos anos desenvolveu-se toda uma literatura científica
especializada neste domínio, sendo que não cabe no âmbito do presente
volume o estudo deste problema. Trata-se, na maioria dos casos, de artigos em
revistas especializadas sobre o papel deste ou aquele elemento químico ou
esta ou aquela bacia28.

1.4.3. Estéreis intercalares

Os minerais presentes nos estéreis intercalares das camadas de carvão 


nomeadamente os minerais da argila (de Segonzac 1970)  têm especial
interesse para o estudo quer da diagénese, quer do anquimetamorfismo, já
que estes estados evolutivos correspondem, como vimos, às duas fases
conhecidas de incarbonização, as quais, por sua vez, são possíveis de controlar
pelos parâmetros de grau. Por outro lado, a correlação possível entre fácies
mineralógicas, incluindo a fácies zeolítica, e os parâmetros de grau (Kisch 1969,
1974) constitui assunto de grande interesse teórico e prático na medida em
que pode não só esclarecer problemas ligados à génese e evolução do
conjunto dos caustobiólitos, mas também contribuir como dado suplementar
para a prospecção petrolífera.

1.4.4. Inclusões minerais e categoria do carvão

As inclusões minerais inseridas na massa do carvão são a forma de matéria


mineral associada à matéria orgânica que se considera para o estudo da
categoria, isto é, da definição quantitativa, em percentagem, em volume, ao

                                                      
28
Casos há em que já se começam a esboçar importantes e modernas sínteses como, por exemplo, sobre os
carvões chineses (Dai et al. 2012).

 
O Carvão na Actualidade 89

microscópio, da matéria mineral presente num carvão29. As principais inclusões


minerais dos carvões identificáveis ao microscópio são as que constam do
Quadro 2.8. Trata-se de uma tabela clássica (Mackowsky 1968b) que, em
termos gerais, continua a ser válida e útil.

Quadro 2.8 - Principais inclusões minerais presentes no carvão (enquadramento clássico adaptado de Mackowsky
1968b).
Génese
Singenéticos (intercrescidos) Epigenéticos
Grupos de
Transformados a partir de
Minerais Transportados pela água ou Depositados em cavidades
De neoformação minerais singenéticos
pelo vento ou fissuras
(intercrescidos)
Minerais de
Caulinite, Ilite, Sericite, etc. (“Tonsteins”) Ilite, Clorite
argila
Concreções de Siderite-
Anquerite, Calcite,
Anquerite, Dolomite,
Carbonatos Dolomite
Calcite, Anquerite
Siderite, Calcite e Anquerite no fusino
Pirite, Marcassite, Blenda,
Concreções de pirite Pirite resultante da
Galena, Calcopirite transformação de concreções
Sulfuretos
singenéticas de siderite

Pirite no fusino
Óxidos Hematite Goethite
Quartzo Quartzo Calcedónia e Quartzo Quartzo
Fosfatos Apatite Fosforite
Minerais Zircão, Rútilo, Cloretos, Sulfatos e
pesados Turmalina, Biotite Nitratos diversos

Algumas destas inclusões, de ocorrência frequente, encontram-se igualmente


figuradas na Estampa 12 – 1 a 7.

1.4.5. Métodos analíticos30

(i) cinzas vegetais

Como método analítico, quantitativo e normalizado a nível internacional para a


determinação de elementos menores e vestigiais (traço) nos carvões existe,
apenas, a norma ISO 23380:2008 (veja-se Anexo 1). Já o sistema ASTM
incorpora várias normas para o mesmo efeito cada uma respeitante a um
                                                      
29
Matéria mineral presente num carvão e as cinzas do mesmo são realidades distintas que é importante não
confundir – veja-se Anexo 2.
30
Apenas se referem métodos analíticos para as cinzas vegetais (elementos menores e vestigiais) e as inclusões
minerais contidas na massa do carvão, já que, embora muito importantes, os chamados “estéreis intercalares” são
simples rochas sedimentares que se podem estudar pelos métodos clássicos da Petrologia sedimentar.

 
90 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

método diferente, a saber ASTM D3683-11 (Absorção atómica), D4326-ll


(Fluorescência de RX), D6349-09 (ICP-AES) e D6357-11 (ICP-AE, ICP-MS e GF-
AAS). Ward (2002) dá-nos, aliás, uma excelente perspectiva de síntese,
actualizada, sobre o assunto.

(ii) inclusões minerais

A análise quantitativa da matéria mineral presente em inclusões pode ser


levada a efeito nos mesmos moldes da aná1ise maceral e simultaneamente
com ela (veja-se item 1.2.7 do presente capítulo). Contudo, por exemplo, com
vista à correcta avaliação do comportamento tecnológico dos carvões na
preparação, muito especialmente dos chamados “finos < 5 mm” formados por
moagem, torna-se, por vezes, necessário promover uma análise petrográfica
pormenorizada da repartição dos minerais (análise da minerite), a qual se
efectua também em conformidade com as especificações das normas ISO
7404-4:1988 e NP 4218:1992 – veja-se Anexo 1.

Os microlitótipos contêm, obviamente, também matéria mineral sob a forma


de inclusões. Se o teor em matéria mineral não aumentar a densidade do
microlitótipo para além de 1,5 g/cm3 convencionou-se que a designação do
mesmo se estabeleça apenas em função da sua composição maceral (veja-se
Quadro 2.5). Porém, os microlitótipos muito ricos em matéria mineral, cuja
densidade esteja compreendida entre 1,5 g/cm3 e 2,0 g/cm3, designam-se,
genericamente, por carbominerite: carbargilite (se as inclusões de matéria
mineral forem apenas constituídas por minerais das argilas), carbopirite (idem,
por pirite), carbanquerite (idem, por anquerite), carbossilicite (idem, por
quartzo) e carbopoliminerite (se as inclusões de matéria mineral forem
constituídas por vários minerais). A análise da carbominerite efectua-se,
também, segundo as especificações das normas ISO 7404-4:1988 e NP
4218:199231 – veja-se Anexo 1.

Refira-se, por último, que o teor em matéria mineral de um carvão, em


percentagem de massa, pode ser determinado por análise química com base
na norma ISO 602:1983 a que corresponde a norma NP 3869:1999 (veja-se
Anexo 2).

                                                      
31
Chama-se a atenção para o facto de, na prática e ao microscópio, os limites de densidade referidos para os
microlitótipos se traduzirem em volume, em percentagem, pelo número de pontos identificados por área do campo.

 
O Carvão na Actualidade 91

2. FÁCIES DE DEPOSIÇÃO DO CARVÃO

2.1. Ecossistemas palustres actuais

A compreensão dos mecanismos relacionados com a deposição dos materiais


orgânicos percursores da matéria orgânica sedimentar fóssil constituinte dos
carvões tem vindo, cada vez mais, nos últimos tempos, a despertar o interesse
dos petrólogos orgânicos e dos geólogos em geral. Com efeito, estes processos
foram, durante muito tempo, inferidos, quase exclusivamente, a partir do
estudo das séries sedimentares em que as camadas de carvão se encontravam
intercaladas sem que aquele combustível fóssil fosse considerado como uma
entidade geológica passível de ser encarada com identidade própria do ponto
de vista sedimentológico.

De facto, a formação, acumulação, preservação e evolução da matéria orgânica de


origem vegetal constitui um somatório de processos complexos, controlados
por factores de natureza muito diversa, desde os ecológicos responsáveis pela
tipologia, quantidade e preservação da matéria vegetal em cada sistema de
deposição, até aos físico-químicos e tectónicos que condicionam a sua
evolução sin- e pós-sedimentar. No entanto, são os factores de natureza
ecológica que regulam, no essencial, todo o processo de acumulação,
distribuição (concentração/dispersão) e preservação inicial, nomeadamente o
equilíbrio entre a produtividade biológica e a degradação da matéria orgânica
induzida pela acção microbiana (biodegradação) e por processos de oxidação-
redução. Este conjunto de factores e de fenómenos parece, aliás, em harmonia
com a teoria geral da Biorexistasia relativa à alternância de períodos
rexistásicos, ou seja, de instabilidade, propícios à erosão e à sedimentação
terrígena, e de períodos biostásicos, i.e. de estabilidade propícia à reocupação
vegetal (Erhart 1956, Fabre & Feys 1962, Feys 1963b). Lienhardt (1961a, b)
refinou, de certo modo, esta ideia introduzindo o conceito de eneláxia em
conexão com a sedimentação de estéreis de granulometria fina nos quais,
segundo considera, se incluem os solos de vegetação.

Assim, em ambientes subaquáticos com elevada produtividade biológica


animal e vegetal mas intensa biodegradação e acção dos processos de
oxidação, a quantidade de matéria orgânica preservada é bastante inferior
àquela que ocorre em sistemas de deposição mais protegidos. Estes sistemas
de deposição inibidores da acção microbiana podem desenvolver-se em duas
situações distintas: (i) a coluna de água é espessa levando, naturalmente, a que

 
92 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

se criem condições redutoras, ou (ii) a coluna de água é pouco espessa, mas a


elevada produtividade biológica desenvolvida nos níveis mais superficiais
promove a criação, em níveis mais profundos, de ambientes extremamente
redutores onde a biodegradação é menos efectiva. Estes últimos são os
ambientes mais propícios para a acumulação e preservação da matéria
orgânica original dos carvões, em particular dos carvões húmicos32.

Nas últimas décadas, muitos petrólogos do carvão, nomeadamente,


Hacquebard & Donaldson (1969), Harvey & Dillon (1985), Smyth (1984), Diessel
(1982, 1986), Lyons & Cross (2005), Oesterlen & Lepper (2005) e Misiak (2006),
procuraram estabelecer a relação entre a composição petrográfica deste
combustível sólido e os respectivos paleoambientes de deposição associados.
Foi, no entanto, o estudo dos processos em turfeiras actuais33, levados a cabo
por inúmeros autores, designadamente, Cohen & Spackman (1977), Styan &
Bustin (1983), Cohen (1984), Cohen et al. (1987, 1989) e Cameron et al. (1989),
que veio contribuir definitivamente para um melhor conhecimento dos
factores que regulam a deposição, distribuição e preservação da matéria
orgânica vegetal em distintos ecossistemas sendo que, apesar das diferenças
inerentes ao tipo de vegetação, os factores físico-químicos, climáticos e
morfológicos que controlam a evolução dos sedimentos (orgânicos e
inorgânicos) nestas zonas podem, com uma aproximação razoável, ser
extrapolados para épocas mais recuadas da história da Terra.

Tal como se referiu, vários são os factores que controlam a preservação da


matéria orgânica em relação aos quais mesmo muito pequenas alterações são
susceptíveis de condicionar as condições do ambiente de deposição e, por sua
vez, a evolução da matéria orgânica. Com efeito, estudos recentemente
efectuados em carvões da Hungria revelaram uma preservação extremamente
elevada de tecidos de troncos fósseis, conteúdos elevados em celulose,
juntamente com madeiras que apresentam um estado de gelificação baixo e
ausência de deformação, características estas que indiciam que durante a
diagénese inicial os processos de degradação foram reduzidos (Hámor-Vidó et
al. 2010). Outrossim, uma situação concreta identificada em camadas de carvão
na Bacia do Donetz (Ucrânia) põe, segundo os autores que descreveram a
ocorrência (Hunt et al. 1992) em questão, a tradicional interpretação da origem
                                                      
32
O facto dos carvões húmicos serem muito mais frequentes na Natureza do que os carvões sapropélicos pode explicar
a razão pela qual estes últimos não são habitualmente referidos na literatura relativa à génese do carvão.
33
É entendido como turfeira actual todo o ecossistema onde se verifica ainda acumulação efectiva de turfa.

 
O Carvão na Actualidade 93

do carvão. Na realidade, identificaram-se troncos de árvores fossilizados que se


encontram claramente enraizados em calcários dispostos abaixo das camadas
de carvão, troncos estes que passam através do carvão, zona na qual se
encontram incarbonizados, passando, posteriormente, para níveis de calcário
acima do carvão onde se encontram fossilizados mas aqui por mineralização,
ou seja, não se encontram incarbonizados. Os ditos autores defendem que,
uma vez que os troncos só foram alvo de incarbonização na(s) parte(s) que se
encontram incorporadas nas camadas de carvão, a causa da incarbonização
deve estar relacionada com a circulação de fluidos que atravessaram os eixos
dos troncos e que possuem propriedades químicas com capacidade de
converter madeira em carvão. Ora, quanto a nós, nada mais natural que o
fenómeno descrito que, aliás, se harmoniza com o que se conhece sobre
fossilização de madeiras. Realmente, que tanto podem originar carvão, quando
o fenómeno de fossilização é do tipo “incarbonização”, tal como descrito em
pormenor no presente capítulo, como podem originar minerais, quando o
fenómeno de fossilização é do tipo “mineralização”. Aliás, no primeiro caso, o
fenómeno está bem patente em carvões formados integralmente, in situ, i.e.,
não tendo sofrido transporte, como no caso clássico das “Florestas de árvores
de pé” (Barrois 1911), sendo que o fenómeno da mineralização de troncos
fósseis implica, de facto, uma circulação de fluidos mineralizantes. Este último
fenómeno é, no entanto, bastante ubíquo, havendo casos que, pela
abundância e concentração local, chegam a constituir jazidas fósseis célebres,
como o da “Floresta petrificada” do Arizona, que deu lugar à criação de um
Parque Nacional temático nos EUA (Petrified Forest National Park, Arizona). A ser
assim, nada mais natural, pois, que no caso descrito na Bacia do Donetz a parte
dos troncos nas zonas de carvão estejam incarbonizados e a parte dos mesmos
troncos nas zonas de calcário estejam mineralizadas. Também Liu (1990) refere,
a título de exemplo, que a geometria e as características das camadas de
carvão das bacias Permo-Carfoníferas do Norte e do Sul da China foram
fortemente condicionadas quer pelo ambiente de deposição, quer pelas
variações do nível médio das águas, condições estas, por sua vez, intimamente
relacionadas com o paleoclima, a paleogeografia e a tectónica de placas.

Diessel (2007), por sua vez, refere ainda que a estratigrafia sequencial pode ser
utilizada para prever a arquitectura de deposição dos sedimentos baseada no
princípio de que a sobreposição e a variação lateral de fácies são amplamente
determinadas pelo ritmo a que a acomodação é efectuada abaixo do nível de
base de deposição relativamente à taxa de fornecimento de sedimentos. O

 
94 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

nível de base de deposição é, geralmente, correlacionado com o nível da água


do mar que em depósitos de turfa/carvão parálicos controla a posição do nível
freático, acima do qual poderá ocorrer oxidação, remoção e erosão dos
depósitos.

Por outro lado, apesar de, hoje em dia, já se conhecerem com bastante
pormenor os processos que condicionam a deposição e formação do carvão, a
verdade é que, quando se pretende designar este ou aquele ecossistema
específico, não existe, internacionalmente, uma uniformidade de critérios. A
proliferação de termos usados nestas circunstâncias, associada aos distintos
significados atribuídos a cada um deles, conduz a indefinições e, certamente, a
falsas interpretações, que em nada contribuem para o esclarecimento de
aspectos importantes relacionados com esta temática. Assim, na terminologia
de língua inglesa, o termo mire é usado, em todos os casos, para designar,
genericamente, as zonas propícias à acumulação de turfa (Moore & Belamy
1973, Gore 1983, McCabe 1987, Moore 1987, 1989, 1995, Teichmüller 1989,
Diessel 1992, Taylor et al. 1998), sendo, muitas vezes, até utilizado como
sinónimo de turfeira (peatland dos autores de língua inglesa). Contudo, o
conceito exclui, à partida, todos os ecossistemas que, embora permitam a
acumulação de matéria orgânica de origem vegetal, não reúnem as condições
mínimas (ausência de nutrientes e de oxigénio e, por conseguinte, diminuição
da actividade microbiana) para que haja uma quantidade significativa de
matéria orgânica preservada por humificação (vejam-se item 1.1 e item 1.3.3 do
presente capítulo) de forma a constituir uma turfeira. Por maioria de razão
estão, também, excluídos deste conceito todos os ecossistemas relacionados
com a deposição e formação dos carvões sapropélicos34. Autores há que têm
contribuído para o aumento da confusão ao considerarem, sob a designação
genérica de mire, certos ecossistemas representados por terrenos inundados
sem condições para a acumulação de turfa, normalmente designados pelo
termo marsh35 o qual, segundo McCabe (1987) e Moore (1987), não deve ser
incluído no conceito de mire. Realmente, para os autores referidos o termo mire
deve ser aplicado de forma a abranger todos os ambientes não salinos onde é

                                                      
34
Recorde-se que os carvões sapropélicos são gerados, por putrefacção, em ambientes subaquáticos com vegetação
flutuante ou matéria orgânica alóctone (Diessel 1992).
35
Os termos marsh e saltmarsh são utilizados pelos autores norte-americanos para designar as zonas inundadas com
vegetação herbácea em ambientes de água doce ou salgada, respectivamente. Na terminologia europeia o termo
marsh é reservado para os ecossistemas desenvolvidos em solos minerais com águas estagnadas, salinas ou não, onde
a acumulação de turfa é pouco significativa ou nula.

 
O Carvão na Actualidade 95

possível a acumulação de matéria orgânica no solo, mesmo que esta não venha
a constituir um depósito de turfa. Por outro lado, o uso indiscriminado do
termo swamp para, nuns casos, referir genericamente, em inglês, os
paleoambientes de deposição do carvão (coal swamps) e, noutros casos,
designar apenas alguns ecossistemas, vem agravar ainda mais o problema,
uma vez que o conceito associado ao termo não é o mesmo para todos os
autores36. Se acrescentarmos a tudo isto a utilização de termos específicos para
determinados ecossistemas como, por exemplo, bog37 e fen38, a terminologia a
aplicar torna-se extremamente complexa e, sobretudo, confusa.

Tendo em consideração tudo isto e uma vez que, em língua portuguesa, o


termo pântano é já tradicionalmente usado no sentido mais lato do termo
mire acima referido, parece-nos ser esta a palavra mais correcta a utilizar para
designar genericamente as zonas propícias à acumulação e preservação de
matéria orgânica vegetal. Neste contexto, cada ecossistema palustre pode,
então, ser designado com base no tipo e na distribuição da vegetação que
dependem, por sua vez, do regime hidrológico dominante. Com efeito, o clima,
a fisiografia da bacia, o nível e a natureza da água nos ecossistemas e o modo
como são fornecidos os nutrientes, determinam a quantidade e variedade de
associações vegetais presentes e controlam, definitivamente, as condições
físicas, químicas e biológicas que permitem a preservação dos restos vegetais
(Teichmüller 1989, Taylor et al. 1998). Por outro lado, o regime hidrológico
regula a quantidade de matéria mineral que entra no sistema, a qual pode
condicionar a acumulação efectiva (preservação) de turfa (McCabe 1987).

Atendendo ao regime hidrológico e ao modo como se processa o


fornecimento de nutrientes é frequente considerar os seguintes tipos de
sistemas:

(i) sistemas ombrotróficos, quando o fornecimento de nutrientes depende,


exclusivamente, da pluviosidade.

                                                      
36
Na literatura norte-americana o termo swamp é usado para referir, exclusivamente, as zonas encharcadas com
floresta, enquanto que para os autores europeus, o termo inclui todos os ecossistemas com vegetação herbácea e cujo
nível da água se situa permanentemente acima da superfície do solo.
37
O termo bog é aplicado aos ecossistemas abastecidos por águas pluviais.
38
O termo fen é reservado para os ecossistemas onde o nível da água tem variações sazonais descendo, na estação
seca, abaixo da superfície do solo.

 
96 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

(ii) sistemas reotróficos, quando os nutrientes são fornecidos através de águas


circulantes.

O desenvolvimento de ecossistemas palustres em relação a cada um destes


sistemas depende, fundamentalmente, do clima, da topografia e do
enquadramento geotectónico da bacia que, em conjunto, condicionam o nível
freático e, consequentemente, a espessura da coluna de água no pântano. A
influência do regime hidrológico no estabelecimento dos diferentes
ecossistemas está claramente evidenciada no esquema da Fig. 2.9.

P - precipitação; E – Evaporação.
Figura 2.9 - Influência da precipitação e do nível freático no estabelecimento dos ecossistemas palustres (adaptado de
Moore 1987).

Nos pântanos associados a sistemas ombrotróficos, a superfície do solo


localiza-se acima do nível freático, dificultando o acesso de nutrientes
minerais 39 , o que conduz a uma intensa acidificação do meio 40 . Nestas
                                                      
39
Os sistemas pobres em nutrientes são designados por oligotróficos.

 
O Carvão na Actualidade 97

condições ambientais, a fixação de vegetação é extremamente difícil e apenas


possível em climas húmidos ou em regiões onde a precipitação anual é
superior à evaporação. São considerados como sistemas ombrotróficos, os
seguintes tipos de pântanos:

(i) pântanos elevados, frequentes nas zonas boreais, onde as baixas


temperaturas impedem a evaporação, ou em regiões de clima temperado. São
caracterizados por possuírem uma vegetação essencialmente constituída por
musgos capazes de absorver grandes quantidades de água e de manter um
ambiente húmido acima do nível freático. Correspondem aos raised bogs da
terminologia de todos os autores de língua inglesa.

(ii) pântanos elevados de floresta, localizados em regiões com maior


pluviosidade ou em zonas onde é possível um “bom” fornecimento de
nutrientes (caso de alguns pântanos elevados da Indonésia onde,
episodicamente, há introdução de cinzas vulcânicas) permitindo o
desenvolvimento de vegetação arbórea. Estes sistemas são equivalentes ao
conceito de bog forest de Moore (1987, 1989).

Enquanto os sistemas ombrotróficos têm capacidade para se manter em zonas


topograficamente adversas, os sistemas reotróficos estão restringidos a áreas
onde o nível freático se mantém, de um modo geral, elevado, o que implica
uma maior flexibilidade em relação aos climas com os quais podem coexistir.
Diessel (1992) refere a existência actual de ecossistemas deste tipo situados em
zonas áridas, nomeadamente nos vales dos rios Nilo e Tigre.

Nos ecossistemas reotróficos a vegetação pode enraizar-se num solo rico em


nutrientes41, o que permite uma grande variedade de espécies vegetais. Por
outro lado, quando a acumulação de turfa se torna excessivamente espessa
para permitir o acesso da vegetação aos nutrientes necessários à sua
manutenção, estes são fornecidos pela própria turfa e por águas de inundação
que transportam, igualmente, material detrítico inorgânico rico em nutrientes.

É comum considerar como sistemas reotróficos os seguintes tipos de


ecossistemas palustres:

                                                                                                                                       
40
Nestes ambientes não existem elementos químicos capazes de neutralizar os ácidos orgânicos produzidos.
41
Os sistemas ricos em nutrientes são designados por eutróficos.

 
98 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

(i) pântanos de floresta, localizados em regiões tropicais, sub-tropicais ou


temperadas42 onde é possível o desenvolvimento de uma vegetação muito
variada e, essencialmente, constituída por árvores. São equivalentes ao
conceito de swamp forest de Moore (1987, 1989) ou de swamp dos autores
norte-americanos.

(ii) pântanos de vegetação herbácea, representados por ambientes onde o


nível de água se situa permanentemente acima da superfície do solo, mesmo
nas estações secas. São ecossistemas essencialmente aquáticos, caracterizados
pela presença dominante de vegetação herbácea emergente. Correspondem
ao conceito europeu de swamp ou norte-americano de marsh.

(iii) pântanos mistos, caracterizados por um regime hidrológico sazonal que


implica a descida do nível da água abaixo da superfície do solo, o que permite a
coexistência de vegetação herbácea e arbórea. São equivalentes aos
ecossistemas designados na terminologia de língua inglesa por fen.

(iv) pântanos abertos, representados pelos terrenos inundados com uma


percentagem elevada em matéria mineral. Este tipo de ecossistemas foi
designado por Moore (1987) como marsh e saltmarsh.

Apesar destes últimos ecossistemas apresentarem características pouco


propícias à acumulação de turfa e, talvez por isso, terem sido considerados, uns
anos mais tarde pelo mesmo autor, fora do contexto dos sistemas reotróficos
(Moore 1995), parece-nos de toda a conveniência a sua inclusão em sistemas
deste tipo, uma vez que podem ocorrer associados a ecossistemas palustres
reotróficos, nomeadamente nas zonas costeiras (lagunas) ou em relação com
sistemas de deposição lacustres.

2.2. Ecossistemas palustres e sistemas de deposição associados

O estudo aprofundado da turfa acumulada em ecossistemas actuais tem vindo


a permitir um melhor conhecimento dos processos que presidiram à formação
dos carvões húmicos, conduzindo, por vezes, a extrapolações directas para os
seus paleoambientes de deposição.

As características observadas nos sistemas ombrotróficos actuais,


nomeadamente a elevada acidez do meio (inibidora das acções microbióticas e

                                                      
42
Os pântanos de floresta das regiões temperadas são designados pelo termo escandinavo carr.

 
O Carvão na Actualidade 99

propícia à preservação dos tecidos vegetais) e a reduzida percentagem em


matéria mineral, levou alguns autores a encarar estes sistemas como os
responsáveis pela génese de carvões com baixo teor em cinzas (Bartram 1987,
Clymo 1987, Fulton 1987, McCabe 1984, 1987), ou, mesmo, de todos os carvões
húmicos com interesse económico (Moore 1987). Clymo (1987) chega até a
propor uma equivalência directa entre alguns dos ecossistemas actuais e os
paleoambientes do Carbonífero e do Pérmico. Assim, segundo este mesmo
autor, os pântanos elevados de floresta do sudeste asiático podem ser
considerados como modelos actuais dos sistemas relacionados com a génese
dos carvões que ocorreu durante o Carbonífero, ao passo que, os pântanos
elevados das zonas boreais (norte da Europa, Canadá e Sibéria) são
equiparados aos ambientes associados à deposição dos carvões gonduânicos.
A este conjunto de características ambientais acresce o factor adicional da
diversidade das floras o qual se tem, igualmente, por responsável das
diferenças na composição petrográfica entre os carvões norte-atlânticos e
gonduânicos (Mackowsky 1968a,1975, Snyman 1961).

No entanto, a continuidade lateral evidenciada por muitas camadas de carvão,


associada às suas estruturas internas e aos sedimentos que as enquadram a
tecto e a muro, parecem apontar para uma real influência dos regimes
reotróficos na génese da turfa.

Assim, muitos dos modelos utilizados para explicar a génese dos carvões
consideram a existência de uma estreita relação entre a acumulação da turfa e
alguns sistemas de deposição caracterizados por uma sedimentação clástica
activa, nomeadamente as planícies aluviais de rios meandriformes e os
sistemas deltaicos e costeiros, onde é frequente o estabelecimento de
ecossistemas palustres reotróficos. Contudo, o influxo de material detrítico
inorgânico nestes ambientes leva à formação e acumulação de turfa
extremamente ricas em matéria mineral ou, mais frequentemente, à deposição
de outros caustobiólitos (McCabe 1984, 1987).

Todavia, a existência de turfeiras actuais localizadas em zonas costeiras ou em


planícies aluviais, onde a superfície da turfeira foi sujeita a uma sobre-elevação
em relação ao nível freático, pode explicar a manutenção de sistemas
ombrotróficos durante os principais períodos de acumulação da turfa, mesmo
que nas fases inicial e final o ecossistema seja, essencialmente, do tipo
reotrófico (Diessel 1992). Gastaldo (2010) defende que dos vários factores que
controlam a acumulação da turfa, o regime hidrológico e a espessura da coluna

 
100 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

de água (que se designa por paludificação) são fundamentais na acumulação


da matéria orgânica. Por sua vez, o regime hidrológico é controlado pelo clima,
razão precipitação/evaporação, topografia local, cobertura vegetal e pelas vias
do fluxo de água subterrânea a nível regional tendo como resultado recargas e
descargas de água. Segundo Oplustil (2005) estes factores associados à
subsidência tectónica e ao fornecimento clástico inorgânico são, de facto, os
responsáveis pela acumulação da matéria orgânica.

Neste contexto, as alterações verificadas no regime hidrológico durante a


evolução de um ecossistema palustre podem, por conseguinte, condicionar
definitivamente o “tipo” de turfa acumulado e conduzir a importantes
variações verticais e laterais nas suas características. Se, para além disto,
tivermos em consideração, por outro lado, a taxa de acumulação da turfa,
calculada em cerca de 2,3 mm/ano nas regiões tropicais e de 0,1 mm/ano nas
regiões árcticas (McCabe 1984), e, por outro lado, a taxa de compactação
verificada na evolução da turfa para o carvão betuminoso, estimada em 10:1
(Diessel 1992), a ocorrência de turfa capaz de vir a constituir camadas de carvão
economicamente viáveis, obriga à manutenção das condições propícias à sua
acumulação e preservação durante intervalos de tempo consideráveis.
Portanto, para que seja possível a acumulação e preservação de uma camada
espessa de turfa, é necessário a conjugação de vários pré-requisitos que,
segundo Taylor et al. (1998), podem ser sintetizados do seguinte modo:

(i) subida lenta e gradual do nível freático de modo a que a coluna de água no
pântano esteja em equilíbrio dinâmico com a taxa de acumulação da matéria
orgânica.

(ii) protecção do ecossistema contra a invasão prolongada de águas


continentais ou marinhas.

(iii) condições que permitam a manutenção do ecossistema durante um


período suficiente longo para que a turfa se possa acumular sem interrupção
devida à sedimentação detrítica inorgânica.

Estes aspectos estão estreitamente relacionados com o enquadramento


geotectónico da bacia de sedimentação e, em particular, com a sua taxa de
subsidência. Na verdade, uma subsidência muito lenta pode permitir a
oxidação da superfície do depósito ou, mesmo, a sua remoção por erosão,
enquanto que um afundimento demasiado rápido, pode impedir o normal

 
O Carvão na Actualidade 101

desenvolvimento da turfa devido à deposição de material detrítico inorgânico.


No entanto, sem um episódio sedimentar inorgânico de cobertura posterior à
acumulação da turfa, não é possível a sua evolução por incarbonização e, por
conseguinte, a formação de camadas de carvão.

Por outro lado, o estabelecimento de ecossistemas palustres, onde a


acumulação de turfa se possa efectuar sem grandes perturbações, depende
dos sistemas de deposição a que se encontram associados. Estas condições
verificam-se, normalmente, ou em zonas costeiras, ou nas margens de grandes
lagos interiores.

Dependendo da posição geográfica, no momento da deposição os depósitos


de carvão são, muitas vezes, referidos na literatura da especialidade, como
parálicos, quando directa ou indirectamente controlados por acção marinha
ou, como límnicos, no caso de não terem qualquer relação genética com tais
acções (Diessel 1992). Esta diferenciação pode, no entanto, conduzir a
interpretações ambíguas, principalmente no que diz respeito aos carvões
parálicos, uma vez que nem todos são gerados em relação com acções
marinhas. Por outro lado, os carvões límnicos, apesar de depositados em
contexto de ambiente francamente continental, em bacias intramontanhosas,
podem, no entanto, evidenciar características intrínsecas muito semelhantes às
que ocorrem no domínio parálico, nomeadamente nas zonas mais afastadas da
influência marinha. Segundo Taylor et al. (1998) é raro encontrar carvões que
manifestem um carácter inteiramente parálico ou límnico sendo, pelo contrário,
frequente a ocorrência de tipos transicionais.

Aliás, a distinção entre estes dois tipos de depósitos é estabelecida com base
na natureza das sequências sedimentares às quais se encontram associados os
carvões, sendo normal considerar como parálicos, todos os carvões
intercalados em séries sedimentares marinhas e, como límnicos, aqueles onde
estas sequências não estão presentes.

Mais importante do que considerar os carvões como parálicos ou límnicos é a


relação entre os sistemas de deposição e os diferentes tipos de ecossistemas
palustres. Diessel (1992) refere uma grande variedade de sistemas de
deposição onde é possível o estabelecimento de pântanos que, no nosso
entender, podem ser agrupados do seguinte modo:

 
102 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

(i) Sistemas costeiros, protegidos por barras de areia ou praias, onde as águas
do mar passam, gradualmente, a águas salobras e doces.

(ii) Sistemas deltaicos, onde se consideram, como sistemas de deposição


distintos, as planícies inferior e superior do delta.

(iii) Sistemas fluviais, em particular os rios anastomosados e as planícies


aluviais de rios meandriformes.

Nas zonas costeiras é possível o desenvolvimento de pântanos de vegetação


herbácea cujas características dependem da influência das marés. Nos sectores
mais afastados da costa, a superfície do pântano localiza-se um pouco acima da
linha de maré alta, sendo possível o aparecimento de pântanos de água doce
que transitam, progressivamente, no sentido jusante (mar) para pântanos de
águas salobras ou para ambientes subaquáticos marinhos43 (lagunas ou baías).
Estes ecossistemas são muitas vezes protegidos da acção das marés por barras
de areia e praias ou, em climas tropicais e subtropicais, pelo desenvolvimento
de mangais que retêm o material detrítico inorgânico carreado pelo mar.

Os sistemas deltaicos são frequentemente considerados em estreita relação


com o mar, embora possam desenvolver-se em zonas interiores,
nomeadamente em bacias intramontanhosas, onde ocorrem associados a
ambientes lacustres. Nas planícies inferiores dos deltas, os ecossistemas
palustres são representados por pântanos de floresta onde o fornecimento de
matéria mineral é bastante elevado. Contudo, na transição para a planície
deltaica superior é possível o aparecimento de pântanos elevados de floresta,
cujo conteúdo em matéria mineral é bastante mais reduzido.

Na planície deltaica superior os ecossistemas palustres são muito semelhantes


aos que ocorrem associados aos sistemas fluviais, em particular às planícies
aluviais. Neste caso, os pântanos desenvolvem-se em depressões pouco
profundas e mal drenadas, localizadas entre os canais fluviais que se
transformam em bacias de recepção de material orgânico e mineral
constituindo, por vezes, verdadeiros lagos. Nestas condições é frequente o
desenvolvimento de pântanos elevados de floresta associados a pântanos de
floresta onde ocorre a deposição de turfa, assim como ambientes com uma
coluna de água mais espessa, na zona central da depressão, isto é, pântanos
                                                      
43
Estes ambientes não têm condições para a acumulação de turfa mas são propícios à deposição de matéria orgânica
constituída essencialmente por algas.

 
O Carvão na Actualidade 103

abertos propícios à deposição de material sapropélico. Por vezes, nestas


depressões, os pântanos de floresta são substituídos por pântanos de
vegetação herbácea que vão passando, progressivamente, a pântanos abertos
idênticos aos acima referidos.

A influência das oscilações do nível do mar sobre os ecossistemas palustres


localizados nas zonas costeiras (incluindo os associados a planície deltaica
inferior dos deltas marinhos) fica registada nos carvões que se formaram nestas
condições através de algumas características específicas (tipo de vegetação,
palinofácies, teor em enxofre, entre outras), conferindo-lhes um carácter
nitidamente parálico. Por outro lado, os carvões que se formaram em
condições relacionadas com sistemas fluviais ou deltaicos localizados em zonas
interiores, onde a acção do mar nunca se fez sentir, apresentam, igualmente,
características próprias que permitem considerá-los como límnicos. No entanto,
se os ecossistemas palustres se estabelecerem em relação directa com as
planícies aluviais ou as planícies deltaicas superiores, em regiões geográficas
localizadas próximas da costa, poderão levar à formação de carvões parálicos,
embora tenham sido gerados em ambientes com características continentais.
Este facto deve-se única e simplesmente ao tipo de sequências sedimentares
presentes a tecto e a muro das camadas de carvão que, no caso referido, são
representadas por sedimentos marinhos transgressivos ou regressivos, ao
contrário do que acontece nas zonas interiores, em particular em bacias
intramontanhosas, onde as camadas de carvão são sempre enquadradas por
sequências continentais, na maior parte das vezes lacustres.

Para além dos sistemas de deposição atrás referidos, e que representam a


grande maioria dos ambientes propícios à formação de carvões húmicos, há
que destacar alguns ambientes límnicos onde predomina a acumulação de
vasas orgânicas, mas que, por vezes, têm turfa associada. Estes ambientes
localizam-se em zonas interiores, normalmente com clima adverso e
correspondem a pequenas depressões tectónicas ou climáticas (lagos de playa
e lagos glaciários, por exemplo), onde foi possível a instalação de um lago,
cujas margens são ocupadas por pântanos de floresta ou de vegetação
herbácea. Estes ambientes são propícios à deposição de sedimentos, em
ambiente sapropélico, proporcionando a formação nomeadamente de xistos

 
104 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

betuminosos 44 que, muitas vezes, aparecem sobrepostos por camadas de


carvão húmico.

Tendo em atenção todos os condicionalismos apontados para a génese de


uma camada de carvão, a reconstituição dos seus paleoambientes de
deposição deve ter em conta, para além dos aspectos relacionados com a
sedimentologia e estratigrafia das sequências sedimentares associadas, outros
aspectos que têm a ver directamente com o tipo de matéria-prima original e
com as condições que presidiram à sua acumulação e preservação, isto é, com
as características intrínsecas do carvão. A génese do carvão é ainda
condicionada pelos mecanismos pós-deposicionais, visto que irão controlar o
processo de incarbonização tal como acima referido neste capítulo.

2.3. Fácies do carvão e a interpretação paleoambiental

As condições ambientais de deposição dos sedimentos (orgânicos e


inorgânicos) percussores do carvão, bem como as características inerentes ao
tipo de vegetação que lhe dá origem, podem ser deduzidas a partir da
composição destes mesmos combustíveis fósseis. Com efeito, durante as
últimas décadas, os carvões foram encarados como entidades geológicas
passíveis de ser estudadas do ponto de vista sedimentológico e estratigráfico,
designadamente e numa vertente mais moderna pela via de estratigrafia
sequencial. Assim, enquanto que nos carvões de grau inferior as afinidades
botânicas contribuem, maioritariamente, para a análise dos litótipos, a
caracterização genética dos carvões betuminosos baseia-se, antes, nas
características físico-químicas paleoambientais. Propriedades simples, como a
espessura máxima de carvão, o conteúdo detrítico mineral baixo e a
preservação máxima da vitrinite, especialmente da telovitrinite, definem um
bom equilíbrio entre as taxas de acomodação primitiva e a acumulação de
turfa (Diessel 2007, 2010). Outrossim, utilizando métodos diferentes baseados
na análise de macerais ou de microlitótipos ou conjugando a composição dos
carvões com o seu conteúdo palinológico, muitos autores procuraram

                                                      
44
Como é sabido, “xisto betuminoso” é uma designação que, embora imprópria, está historicamente consagrada,
tendo resultado de uma tradução, duplamente errónea, do termo inglês “oil shale”. De facto, não se trata de xistos,
mas sim de “shales”, i.e., de rochas pelíticas laminadas, sendo que tão-pouco contêm petróleo bruto propriamente
dito, mas sim hidrocarbonetos insolúveis nos solventes orgânicos (ou seja, cerogéneo) que se podem separar por
pirólise em recipiente fechado. Por isso, o xisto bituminoso designa-se, igualmente, por piroxisto e os
hidrocarbonetos que contem pela designação, igualmente imprópria, de pirobetumes.

 
O Carvão na Actualidade 105

relacionar as características intrínsecas dos carvões com os seus ambientes de


deposição.

Inicialmente, os estudos paleoambientais eram fundamentalmente efectuados


com base em dados palinológicos. Com efeito, se considerarmos que a maior
parte dos carvões constituem depósitos essencialmente autóctones45 e que as
correntes nos pântanos são insignificantes, as associações palinológicas de
cada bacia deverão, em cada nível, corresponder às comunidades de plantas
presentes, as quais, por sua vez, são definidas pela sua posição em relação à
espessura da coluna de água no pântano.

Smith (1962, 1968) foi o primeiro autor a combinar a palinologia com a


petrografia em estudos efectuados sobre carvões ingleses do Carbonífero. Para
cada camada estabeleceu associações naturais de miosporos, às quais faz
corresponder associações bem definidas de microlitótipos (Fig. 2.10). Segundo
este autor, as camadas de carvão evoluem, de muro para tecto, de uma fase
licosporo com vitrite e clarite para uma fase transição com trimacerite
(clarodurite e duroclarite) e uma fase densosporo com durite rica em
macrinite, repetindo-se, de seguida, a sucessão, para o topo da camada, em
sentido inverso (fase transição e fase licosporo) podendo, ser interrompida em
qualquer momento, por uma fase incursão à qual associa a durite rica em
semifusinite. Esta sequência foi interpretada como a evolução progressiva de
um sistema eutrófico (pântano de floresta e pântano de vegetação herbácea)
para um sistema oligotrófico (pântano elevado) e, de novo, para um sistema
eutrófico, devido à subsidência da bacia.

Estudos desta natureza foram desenvolvidos por muitos outros autores em


carvões de diferentes idades e proveniências com graus de incarbonização
distintos, sendo de destacar os modelos paleoambientais apresentados para os
carvões do Carbonífero (Fig. 2.11), as lignites miocénicas da bacia Renana (Fig.
2.12) (Teichmüller in Stach et al. 1982), as lignites do Texas (Fig. 2.13)
(Mukhopadhyay 1989) e os carvões sub-betuminosos e betuminosos da
Polónia (Jelonek et al. 2007).

                                                      
45
Segundo Taylor et al. (1998) são considerados como autóctones os carvões depositados próximo do local onde se
estabeleceu a vegetação que lhe deu origem e, como alóctones, todos aqueles cuja matéria vegetal foi transportada
para distâncias consideráveis do local onde se desenvolveu. O conceito de carvão hipautóctone, normalmente
associado a pequenas deslocações da matéria vegetal na turfa é, para os mesmos autores, incluído no conceito de
carvão autóctone.

 
106 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Figura 2.10 - Relação entre a sequência típica das “Fases de Smith” e a composição dos carvões em microlitótipos
(adaptado de Smith 1968).

Figura 2.11 - Tipos de pântano e relação com a composição em microlitótipos para os carvões do Carbonífero do
Hemisfério Norte (segundo Teichmüller 1962 – Reproduzido de Stach et al. 1982, fig. 87, p. 287, com autorização de E.
Schweizerbart: www.schweizerbart.de).

Embora este tipo de abordagem tenha sido extremamente importante para


compreender a relação entre o “tipo” e a quantidade de vegetação presente

 
O Carvão na Actualidade 107

num pântano e a composição do carvão que daí resulta, a verdade é que, hoje
em dia, o estudo dos ambientes de deposição do carvão faz-se, essencialmente,
com base em dados petrográficos, tendo em consideração o significado
paleoambiental de cada um dos constituintes orgânicos e minerais.

Figura 2.12 - Tipos de pântanos e relação com a composição em macerais para as lignites miocénicas da Bacia renana
(segundo Teichmüller 1989 in Taylor et al. 1998 – Reproduzido de Taylor et al. 1998, fig. 2.21, p. 30, com autorização
de E. Schweizerbart: www.schweizerbart.de).

A preservação e gelificação dos tecidos, o tipo e percentagem de liptinite e a


natureza e a quantidade de matéria mineral constituem alguns dos critérios
utilizados pelos petrólogos do carvão para deduzir as condições presentes
durante as fases de formação deste combustível fóssil sólido. A maior parte dos
petrólogos consideram, por exemplo, que os carvões ricos em tecidos bem
preservados sob a forma de telinite ou colotelocolinite estão relacionados com
pântanos de floresta, enquanto que a associação de detritos gelificados
(colodetrinite e vitrodetrinite) com esporos e minerais da argila indicam a
presença de pântanos de vegetação herbácea. É, também, geralmente aceite
que a presença de alginite está associada a ambientes essencialmente
subaquáticos, do mesmo modo que as inertinites apontam para uma
diminuição da espessura da coluna de água no pântano, com consequente
oxidação da superfície do depósito.

 
108 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Figura 2.13 - Ecossistemas palustres e relação com a composição em macerais para as lignites do Texas (adaptado de
Mukhopadhyay 1989).

Foram critérios desta natureza que permitiram o desenvolvimento do conceito


de fácies de deposição do carvão ou, simplesmente, fácies do carvão que,
associado a estudos de outro tipo, nomeadamente das séries sedimentares
intercalares, tornaram possível a reconstituição paleogeográfica de muitas
bacias de carvão.

As fácies do carvão representam, por conseguinte, o somatório de todas as


características primárias (litológicas e paleontológicas) exibidas por uma
camada de carvão, a partir das quais é possível deduzir as suas condições de
deposição. Nesta perspectiva e tendo em consideração a espessura da coluna
de água no pântano, é frequente considerar as fácies do carvão associadas aos
seguintes tipos de zonas:

(i) terrestres, essencialmente secas e localizadas acima do nível freático.

(ii) telmáticas, onde a espessura da coluna de água é controlada por variações


do nível do mar ou do nível freático.

 
O Carvão na Actualidade 109

(iii) limno-telmáticas, ou de transição entre zonas telmáticas e ambientes


subaquáticos.

(iv) límnicas, correspondentes a ambientes subaquáticos.

Cada uma destas zonas pode incluir mais do que um ecossistema palustre de
acordo com o tipo de vegetação presente ou com a quantidade de matéria
mineral o que, naturalmente, se reflecte na composição do carvão resultante.

Actualmente, a análise de fácies é efectuada com base na determinação


quantitativa dos constituintes do carvão (microlitótipos, macerais e, por vezes,
matéria mineral) cujas associações podem ser projectadas em diagramas de
fácies ou ambientais, o que permite relacionar a composição dos carvões de
uma dada bacia com os ecossistemas palustres ou sistemas de deposição
responsáveis pela sua deposição. Na literatura da especialidade é, contudo,
frequente, encontrar diagramas adaptados a cada estudo específico, o que
implica, na prática, a proliferação de métodos utilizados para este efeito. Se
atendermos, no entanto, ao tipo de constituintes petrográficos usados para
definir as fácies do carvão, podemos considerar, fundamentalmente, os
seguintes métodos:

(i) métodos baseados na associação de microlitótipos com o mesmo


significado paleoambiental.

(ii) métodos que utilizam os dados da análise maceral para calcular índices
petrográficos com significado específico.

Sendo os microlitótipos associações naturais de macerais, reflectem com maior


realidade os ambientes de deposição do carvão do que os macerais
individualmente. Talvez por esta razão, os métodos baseados na análise de
microlitótipos tiveram, inicialmente, uma maior aceitação do que os baseados
na análise maceral. Por outro lado, a associação da análise de microlitótipos
com o estudo macroscópico de carvões (litótipos) era uma prática corrente
entre os geólogos do carvão. Numa versão mais moderna, a interpretação dos
paleoambientes tem, contudo, como suporte parâmetros da Geoquímicos
orgânica que, utilizados em associação com a petrologia e a palinologia,
permitem determinar a origem da matéria vegetal, as condições de deposição
e o potencial de geração de hidrocarbonetos pelos carvões.

 
110 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

2.3.1. Métodos baseados na análise de microlitótipos

Com base no estudo de carvões canadianos do Carbonífero, Hacquebard et al.


(1967) definem diferentes “tipos” de carvão a partir da associação de
microlitótipos, o que leva Hacquebard & Donaldson (1969) a propor a utilização
de um diagrama de fácies constituído pela justaposição de dois triângulos
equiláteros cujos vértices são ocupados por associações de microlitótipos com
os seguintes significados ambientais específicos (Fig. 2.14):

A - esporoclarite + duroclarite, representando pântanos de vegetação herbácea


localizados em zonas telmáticas ou limno-telmáticas.

B - fusito-clarite (leitos de fusite numa matriz clarítica), correspondente a


pântanos de floresta localizados em zonas terrestres.

C - clariteV + cuticuloclarite, comuns em pântanos de floresta localizados em


zonas telmáticas ou limno-telmáticas.

D - clarodurite + durite + carbargilite, presentes em pântanos abertos


equivalentes a ambientes subaquáticos límnicos.

Cada um dos triângulos tem um significado diferente em função das zonas às


quais se associam as fácies do carvão (zonas terrestres e telmáticas ou zonas
limno-telmáticas e límnicas). O triângulo superior corresponde as fácies
relacionadas com zonas terrestres e telmáticas e deve ser utilizado sempre que
a percentagem dos microlitótipos atribuídos ao vértice D (zona límnica) for
inferior a 20%, sendo estes microlitótipos adicionados aos do vértice A. Se, pelo
contrário, as fácies tiverem uma tendência mais límnica, isto é, se a
percentagem de microlitótipos no vértice D for igual ou superior a 20%, utiliza-
se o triângulo inferior, adicionando-se, neste caso, o conteúdo do vértice B ao
vértice C.

O diagrama de fácies de Hacquebard & Donaldson (1969) não prevê a


inclusão de todos os microlitótipos ficando de fora a vitrite e os microlitótipos
ricos em inertinite (vitrinertite, vitrinertoliptite e macroíte). Por outro lado, a
utilização da carbargilite para representar a matéria mineral associada ao
carvão exclui, à partida, muitos outros constituintes minerais singenéticos,
nomeadamente a pirite, cujo significado ambiental é extremamente
importante.

 
O Carvão na Actualidade 111

Figura 2.14 - Diagrama de fácies de deposição do carvão baseado na composição em microlitótipos (adaptado de
Hacquebard & Donaldson 1969).

Marchioni (1980), embora utilizando como base o método acima descrito,


nomeadamente o significado ambiental atribuído por aqueles autores às
associações de microlitótipos, mas tendo em consideração as características
específicas dos carvões australianos, propõe as seguintes modificações nas
associações de microlitótipos do diagrama original:

A - esporoclarite + duroclarite + vitrinertoliptite.

B - fusito-clarite + vitrinertite I.

C - clariteV + vitrite + cuticuloclarite + vitrinertite V.

D - clarodurite + durite + macroíte + carbominerite.

 
112 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Este diagrama permite a inclusão de carvões com composição variada sendo,


por isso, mais utilizado do que o originalmente proposto.

Com base nas associações de microlitótipos propostas por Marchioni (1980), e


com vista a efectuar correlações paleoambientais entre camadas de carvão
provenientes de várias sondagens do Mar do Norte, Pradier et al. (1994)
apresentam um novo diagrama de fácies onde os ecossistemas palustres são
diferenciados com bastante pormenor (Fig. 2.15). A sua utilização é, no entanto,
prejudicada, pela inexistência de limites percentuais que permitam a separação
dos diferentes ecossistemas.

Figura 2.15 - Diagrama de fácies de deposição do carvão baseado na composição em microlitótipos (adaptado de
Pradier et al. 1994).

A composição em microlitótipos foi, ainda, utilizada por Smyth (1984) para


caracterizar os diferentes sistemas de deposição dos carvões parálicos
australianos (Fig. 2.16). Segundo esta autora os carvões ricos em durite e
inertite aparecem, essencialmente, associados a lagos e a planícies de delta
inferior, enquanto que os carvões ricos em vitrite e clarite parecem mais

 
O Carvão na Actualidade 113

relacionados com os ambientes lagunares ou fluviais. Os carvões com


características intermédias, entre estes dois tipos, estão relacionados com as
planícies deltaicas.

Figura 2.16 - Sistemas deposicionais (a) e sua relação com a composição em microlitótipos (b) para os carvões parálicos
australianos (adaptado de Smyth 1984).

Apesar deste método permitir a correlação directa entre os sistemas de


deposição e os carvões a eles associados, não entra em consideração com a
matéria mineral do carvão o que, quanto a nós, pode distorcer as
interpretações. Com efeito, os componentes orgânicos e inorgânicos presentes
no carvão constituem um todo especialmente importante quando se tem em
vista interpretações quanto à sua génese, o “tipo” e a quantidade de matéria
mineral contida num carvão constituem não só elementos fundamentais na
análise dos ecossistemas palustres, mas também e, fundamentalmente, na
dedução das características dos sistemas de deposição em que se encontra
integrado. Estudos recentes têm demonstrado esta relação entre a matéria

 
114 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

mineral e os ambientes de deposição. Destacaremos, de seguida, os mais


significativos.

Os nódulos de carbonatos identificados em minas de carvão da Bacia de Illinois


(EUA), os quais se encontram distribuídos e associados às camadas de carvão
sugerem que estes nódulos representam paleossolos de carbonatos
pedogénicos que, por sua vez, se formaram num ambiente rico em nitrato de
sódio. Esta interpretação é suportada pela análise de isótopos 87Sr/86Sr
(0,710893±13 a 0,711035±12), a qual indica que a água na bacia de deposição
seria de origem doce e não de água salgada (Phillipson 2005).

López-Buendía et al. (2007) estudaram a origem da matéria mineral em


depósitos de “turfa bog” e de “turfa marsh” de Espanha. Os autores
identificaram três origens distintas para a matéria mineral, nomeadamente,
detrítica, singenética-epigenética e biogénica. A contribuição mais significativa
é de origem detrítica, já a origem biogénica da halite está relacionada com as
plantas halófitas, sendo que a sílica amorfa tem a sua origem em espiculas e
fitólitos constituintes de várias plantas, enquanto que a pirite identificada na
turfa bog está relacionada com processos, quer singenéticos, quer epigenéticos,
promovidos pela decomposição das plantas e pela libertação do enxofre.

Qi et al. (2007) demonstraram, por sua vez, que as lignites da Bacia de Shengli
(Mongólia) apresentam um enriquecimento dos elementos traço Be, Ge, Sb, W
e U. Os autores justificam este enriquecimento devido à presença de soluções
de transferência epigenética responsáveis pela lixiviação desses elementos a
partir de rochas graníticas os quais, posteriormente, foram transportados para
as lignites.

2.3.2. Métodos baseados na análise de macerais

A análise de fácies do carvão através da composição de maceral tem vindo, nos


últimos anos, a ser cada vez mais usada pelos petrólogos revelando-se, em
certos casos, mais eficaz do que a utilização dos métodos baseados na
composição em microlitótipos. Com efeito, a presença de determinados
macerais e as percentagens relativas com que ocorrem, fornecem informações
extremamente importantes sobre as condições fisico-químicas presentes nos
ecossistemas palustres durante e após a acumulação da matéria orgânica
vegetal. Amijaya & Littke (2005) comparando a composição dos macerais com a
dos “pré-macerais”, nos carvões da Indonésia, agruparam os carvões em cinco

 
O Carvão na Actualidade 115

classes: (i) grupo rico em humotelinite, (ii) grupo rico em humodetrinite, (iii)
grupo rico em humocolinite, (iv) grupo rico em inertinite e (v) grupo rico em
humodetrinite-liptinite.

Muitos autores tentaram, com base na análise maceral, definir índices ou


critérios petrográficos que permitem a caracterização inequívoca dos carvões
com vista à interpretação paleoambiental. Navale & Misra (1984), por exemplo,
utilizaram a razão vitrinite/inertinite como índice para efectuar correlações
estratigráficas, à escala regional, nos carvões gonduânicos da Índia. Por sua vez,
Harvey & Dillon (1985), compararam a distribuição espacial das percentagens
de liptinite e da razão vitrinite/inertinite dos carvões de Illinois, com o traçado
de paleocanais, definindo os paleoambientes palustres associados. Kalkreuth &
Leckie (1989) chegaram mesmo a utilizar, para alguns carvões canadianos,
métodos estatísticos sofisticados (análise multivariada), para avaliar o
significado relativo dos macerais e índices petrográficos em diferentes
ambientes de sedimentação.

Apesar de tudo isto, nenhum dos autores acima referidos avançou com uma
proposta concreta de sistematização das fácies de deposição do carvão. Com
efeito, foi Diessel (1982) o primeiro autor a discutir o valor diagnóstico dos
diferentes macerais e a propor um método para a análise de fácies com base
nestes constituintes. Segundo este autor, o contraste entre a presença de
macerais diagnósticos (claramente indicativos do tipo de matéria vegetal
original ou das condições bioquímicas de preservação) e de macerais não-
diagnósticos permite estabelecer diagramas com vista à análise de
fácies. Assim, a telinite e a colotelinite representam, para aquele autor, macerais
com grande valor diagnóstico, uma vez que correspondem a tecidos vegetais
mais ou menos gelificados, o que indica a presença de vegetação arbórea em
ambiente húmido, o mesmo não acontecendo, por exemplo, com a
colodetrinite, cuja origem pode ser muito variada. Por sua vez, alguns macerais
do grupo da liptinite, nomeadamente a esporinite e a alginite, são diagnósticos
de ambientes subaquáticos ou de ambientes com colunas de água
relativamente espessas, enquanto que os macerais do grupo da inertinite, com
excepção da micrinite (maceral de neoformação), são indicativos de ambientes
terrestres. Considera a fusinite e a semifusinite como produtos resultantes do
incêndio de florestas (pirofusinite) ou como o resultado da acção de fungos ou
de bactérias em pântanos de floresta localizados em zonas terrestres. A
frequente associação de inertodetrinite com esporinite e pirite singenética é
interpretada, por aquele autor, como o resultado do transporte e redeposição,

 
116 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

em ambientes subaquáticos, de restos fragmentados de outros macerais do


grupo da inertinite, em particular, de fusinite e de semifusinite.

De acordo com estes critérios, Diessel (1982) apresenta dois diagramas de


fácies que permitem individualizar diferentes tipos de carvão com vista ao
traçado de mapas de fácies.

Mais tarde, com base no estudo sistemático de carvões australianos


depositados em ambientes de sedimentação conhecidos, Diessel (1986)
propõe a utilização de dois índices, através dos quais relaciona as fácies dos
carvões com diferentes ecossistemas palustres (Fig. 2.17):

(i) Índice de Gelificação (IG)


vitrinite  macrinite
IG 
semifu sinite  fu sinite  inertodetrinite
definido a partir da relação entre os constituintes orgânicos gelificados
(vitrinite) e a macrinite (gel oxidado) e os constituintes gerados por oxidação
(semifusinite, fusinite e inertodetrinite).

(ii) Índice de Preservação de Tecidos (IPT)


telinite  colotelinite  semifusinite  fusinite
IPT 
colodetrinite  macrinite  inertodetrinite
representado pela razão entre os macerais originados a partir de tecidos
vegetais (telinite, colotelinite, semifusinite e fusinite) e os detritos e geles
(colodetrinite, macrinite e inertodetrinite).

O índice IG permite quantificar o grau de gelificação da matéria orgânica,


fornecendo informações importantes relativamente às condições de humidade
presentes durante a preservação da matéria vegetal. Por sua vez, o índice IPT
indica o tipo de vegetação dominante (lenhosa ou herbácea) e,
consequentemente, a natureza dos ecossistemas palustres.

Com base no estudo paleoambiental da Bacia de Sydney, Diessel (1992) utiliza


os índices IG e IPT para definir tipos específicos de fácies do carvão e
caracterizar as condições ambientais de deposição associadas.

Apesar de ser inegável a importância dos índices acima referidos na análise das
fácies de deposição do carvão, a exclusão de alguns constituintes com grande
significado ambiental, nomeadamente os macerais do grupo da liptinite e a

 
O Carvão na Actualidade 117

matéria mineral singenética, levou muitos petrólogos a readaptar os métodos


propostos por Diessel.

Figura 2.17 - Diagrama de fácies de deposição do carvão baseado em índices petrográficos calculados a partir da
análise maceral (adaptado de Diessel 1986).

Kalkreuth et al. (1991) e Marchioni & Kalkreuth (1991), por exemplo, procuram
estabelecer os paleoambientes de deposição de alguns carvões canadianos
com base na relação entre os litótipos definidos para cada camada e as fácies
petrográficas correspondentes, determinadas a partir dos diagramas de Diessel
(1992) e de índices IG e IPT do mesmo autor. Por outro lado, a especificidade
dos carvões, associada aos diferentes enquadramentos ambientais e tectónicos,
obrigou outros autores, nomeadamente Calder et al. (1991), Correia (1993),
Fonseca (1996), Lamberson et al. (1991) e Mastalerz & Smyth (1988), a alterar

 
118 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

significativamente as fórmulas que definem os índices IG e IPT, o que conduziu,


na prática, ao aparecimento de novos diagramas de fácies.

Neste contexto, o diagrama proposto por Calder et al. (1991) merece um


destaque especial, uma vez que, para além do valor diagnóstico dos diferentes
macerais e da matéria mineral, tem em consideração as características
observadas nos ecossistemas palustres actuais. Está estruturado com base nos
seguintes índices (Fig. 2.18):

(i) Índice de Influência da Água (IA)


gelinite  corpogelin ite  colodetrin ite  matéria m ineral
IA 
telinite  colotelin ite
definido a partir da razão entre a matéria mineral, os geles e os detritos
orgânicos gelificados (gelinite, corpogelinite e colodetrinite) e os tecidos
gelificados (telinite e colotelinite).

(ii) Índice de Vegetação (IV)


telinite  colotelinite  semifusinite  fusinite  suberinite  resinite
IV 
colodetrinite  inertodetrinite  alginite  liptodetrinite  esporinite  cutinite
determinado a partir da razão entre os tecidos (telinite, colotelinite,
semifusinite e fusinite) e a liptinite com eles relacionada (suberinite e resinite),
e os detritos (colodetrinite, inertodetrinite e liptodetrinite) e a liptinite
associada a ambientes subaquáticos (esporinite, alginite e cutinite).

Segundo Calder et al. (1991), o índice IA permite avaliar a intensidade das


condições reotróficas do ecossistema, sendo possível distinguir os diferentes
regimes hidrológicos mediante o estabelecimento de limites específicos. Assim,
para IA < 0,5 os ecossistemas podem ser considerados fora da influência do
nível freático e, por conseguinte, ser associados a domínios ombrotróficos,
enquanto que, valores de IA ≤ 3 indicam ecossistemas localizados em zonas
limno-telmáticas relacionadas com domínios reotróficos, e, valores de IA > 5,
ecossistemas representados por terrenos inundados. O índice IV, por sua vez,
permite diferenciar os ecossistemas a partir do tipo de vegetação presente,
sendo considerado por aqueles autores o valor 3 como um valor de referência
para separar os ambientes com vegetação arbórea (IV > 3) daqueles onde
predomina uma vegetação herbácea (IV < 3).

 
O Carvão na Actualidade 119

10
Pântanos inundados

Límnico
Índice de Influência da Água (IA)

Pântano de reotróficos
Pântano de
vegetação
de floresta
herbácea

Pântano misto
1
mesotróficos

Pântano Pântano elevado


elevado de floresta
ombrotróficos

0.1
0 1 2 3 4 5 6 7
vegetação aquática vegetação
Índice de Vegetação (IV)
marginal - herbácea árbórea

Figura 2.18 - Diagrama de fácies do carvão baseado em índices petrográficos calculados a partir da análise maceral
(adaptado de Calder et al. 1991).

2.3.3. Métodos baseados na análise geoquímica

Recentemente, os estudos de Geoquímica orgânica (veja-se Capítulo 1)


utilizados em conjugação com os dados palinológicos e a composição
petrográfica têm sido usados de forma extensiva no estudo das fácies de
deposição do carvão e dos respectivos paleoambientes (Hámor-Vido 2004,
Amijaya et al. 2006, Shaver et al. 2006, Petersen et al. 2009, Jasper et al. 2010).
Dutta et al. (2011) demonstraram, pela primeira vez, que combinando a
petrologia, a palinologia, a análise elementar, a pirólise de Rock-Eval, a GC-MS,

 
120 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

e a espectroscopia FTIR é possível identificar os percursores biológicos e os


paleoambientes de lignites cenozóicas da Índia. Estudos efectuados em termos
de composição de macerais, conteúdo em enxofre e distribuição dos
biomarcadores permitiram, outrossim, identificar os paleoambientes, o regime
de alterações climáticas e a eustasia em que se formaram as camadas de carvão
e outros leitos orgânicos da Bacia de Donetz (Izart et al. 2006). Outras técnicas
têm sido utilizadas em lignites da Alemanha, como é, por exemplo, o caso dos
isótopos de carbono estáveis e radioactivos, para caracterizar os processos de
humificação que ocorreram na presença de vegetação distinta e em condições
de oxidação-redução (Chabbi et al. 2006). O estudo combinado das diferentes
técnicas supracitadas tem sido, igualmente, utilizado na interpretação de
episódios tectonostratigráficos dos sedimentos deltáicos de 14 bacias terciárias
da Indonésia (Davis et al. 2007).

Em síntese, diremos que a escolha dos métodos a utilizar na análise das fácies
de deposição dos carvões depende de vários factores, nomeadamente as
características dos carvões a estudar, o enquadramento tectóno-sedimentar da
bacia e, obviamente, a preferência do petrólogo por um ou outro método
específico. Até aos anos oitenta, as reconstituições paleoambientais foram,
essencialmente, definidas com base na análise de fácies efectuada através da
composição em microlitótipos e na sua comparação com o estudo
macroscópico dos carvões (litótipos). Contudo, a partir de 1982, houve uma
tendência generalizada para aplicar os novos métodos baseados na
composição em macerais, com o consequente abandono dos métodos
anteriores e a procura dos melhores índices petrográficos para resolver
problemas concretos. Nos últimos anos, muitos estudos regionais procuram
associar os dois métodos e, mesmo, complementá-los com índices de outra
natureza, nomeadamente geoquímicos. De entre os vários trabalhos
desenvolvidos neste sentido e atendendo à sua importância regional
destacamos a interpretação paleoambiental da génese de alguns carvões
polacos (Mastalerz & Smyth 1988), o estudo petrográfico e geoquímico dos
carvões terciários do Texas (Mukhopadhyay 1989), a análise de fácies e
paleoambientes dos carvões da Bacia de Peñarroya-Belmez-Espiel (Correia
1993), a definição dos ambientes de deposição de carvões jurássicos da
Dinamarca (Petersen 1994), o estudo das lignites de Rio Maior (Fonseca 1996) e
a síntese apresentada por Corrêa da Silva (1999) sobre os métodos utilizados na
análise de fácies dos carvões gonduânicos do Brasil.

 
O Carvão na Actualidade 121

Referências
Nota importante: As normas dos sistemas ISO, ASTM e NP citadas no presente capítulo acham-se
inventariadas e referidas nas listas de documentos normativos no final do Anexo 1.
Alpern, B., 1956a. L’analyse pétrographique des charbons en couche. Nomenclature et appareillage utilisés.
Proc. internat. Comm. Coal Petrol., 2 (2nd Meet., Liège, 1955), p.35-36. R.Louis, Bruxelles.
Alpern, B., 1956b. Propriétés physico-chimiques et cokéfiantes des macéraux de quelques charbons en
fonction de leur degré de houillification. Rev.Ind.minér., 38, 638: 170-181.
Alpern, B., 1959a. Contribution à l’Etude Palynologique et Pétrographique des Charbons Français, 314 pp.
Faculté des Sciences de l’Université de Paris. (Thèse de doctorat).
Alpern, B., 1959b. Etude pétrographique du charbon de Cévennes et du Dauphiné en liaison avec les
dégagements instantanés. Centre d’Etudes et Recherches des Charbonnages de France, Verneuil-en-Halatte.
(Rel.int. CERCHAR).
Alpern, B., 1961. Etude de la fissuration du charbon de la Mure en liaison avec les dégagements instantanés.
Centre d’Etudes et Recherches des Charbonnages de France, Verneuil-en-Halatte. (Rel.int. CERCHAR).
Alpern, B., 1963. Fissuration-Fragilité. In: Journ. CERCHAR sur les Dégagements Instantanés, p.223-233. Centre
d’Etudes et Recherches des Charbonnages de France, Verneuil-en-Halatte. (Publication CERCHAR Nº .1334;
Documents techniques des Charbonnages de France Nº.5).
Alpern, B., 1965. Application de la microsonde électronique à l’étude des cendres volantes et des minéraux
des charbons, 13 pp. Centre d’Etudes et Recherches des Charbonnages de France, Verneuil-en-Halatte.
(Document Intérieur du CERCHAR Nº .1768).
Alpern, B., 1967a. Quelques applications géologiques du pouvoir réflecteur des charbons, 22 pp. Centre
d’Etudes et Recherches des Charbonnages de France, Verneuil-en-Halatte. (Document Intérieur du CERCHAR
Nº.1562).
Alpern, B., 1967b. Tectonique et gisement du gaz dans les bassins houillers. Etude bibliographique et
exemples d’application. Centre d’Etudes et Recherches des Charbonnages de France, Verneuil-en-Halatte.
(Publication CERCHAR Nº .1779; Documents techniques des Charbonnages de France Nº.12).
Alpern, B., 1969a. Le pouvoir réflecteur des charbons français. Applications e répercussions sur la théorie de
A.Duparque. Ann.Soc.géol.Nord, 89, 2: 143-166.
Alpern, B., 1969b. Über einige geologische Anwendungen des Reflexionsvermögens des Kohlen.
Freib.Forschungsh., C 235: 45-56.
Alpern, B., 1970. Classification pétrographique des constituants organiques fossiles des roches sédimentaires.
Rev.Inst.Franç.Pétr.Ann.Combust.liq., 25, 11: 1233-1266.
Alpern, B., 1972. Pétrographie des charbons. Bilan des progrès acquis de 1967 à 1971.
C.R.Congr.internat.Stratigr.Géol.Carbonif., 7e, Krefeld, 1971, Vol.1, p.91-126. Geologischen Landesamt
Nordrhein-Westfalen, Krefeld.
Alpern, B., 1979. Essai de classification des combustibles fossiles solides. Publ.techn.Charbonnag. France, 3:
195-210. (Publication CERCHAR Nº. 2810)
Alpern, B., 1980. Pétrographie du kérogène. In: B.Durand, Ed., Kerogen. Insoluble organic matter from
sedimentary rocks, p.339-383. Édtions Technip, Paris.
Alpern, B., 1981. Pour une classification synthétique universelle des combustibles solides. Bull. Centres
Rech.Explor.-Prod.Elf-Aquitaine, 5, 2: 271-290. (Journ. “La Géologie des charbons, des Schistes bitumineux et
des Kérogènes”, Pau, 1981).
Alpern, B., 1984. Pétrographie des charbons et gazéification in situ. Bull.Soc.géol.France, 7e Sér., 26, 5: 739-756.
Alpern, B., 1987. Applications de la pétrographie des organoclastes à l’histoire géologique et thermique des
bassins sédimentaires carbonés. In: J.Trichet, Direct., Géologie de la Matière Organique, Orléans, 1985.
Mém.Soc.géol.France, N.S., 151: 55-75.
Alpern, B., Delattre, Ch., Mériaux, E & Noël, R., 1970. Pétrologie des charbons. 1e. Partie: Pétrographie.
Ann.Soc.géol.Nord, 90, 4: 203-222.
Alpern, B. & Lemos de Sousa, M.J., 1970. Sur le pouvoir réflecteur de la vitrinite et de la fusinite des houilles.
C.R.hebd.Séanc.Acad.Sci., Sér.D, 271: 956-959.
Alpern, B. & Maume, F., 1969. Etude pétrographique de l’oxydation naturelle et artificielle des houilles.
Rev.Ind.minér., 51, 11: 979-998.

 
122 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Alpern, B. & Morel, P., 1968. Examen, dans le cadre du bassin houiller lorrain, des possibilités stratigraphiques
de la géochimie. Ann.Soc.géol.Nord, 88, 4: 185-202.
Alpern, B. & Quesson, A., 1956. Etude par autoradiographie de la répartition des cendres de charbons activés.
Bull.Soc.Franç.Minér.Cristallogr., 79, 7/9: 449-463. (Traduction Nº.191 B.C.U.R.A., 1960).
Amijaya, H. & Littke, R., 2005. Microfacies and depositional environment of Tertiary Tanjung Enim low rank coal,
South Sumatra Basin, Indonesia. Internat. J. Coal Geol., 61, 3-4: 197-221.
Amijaya, H. Schwarzbauer, J. & Littke, R.,2006. Organic geochemistry of the Lower Suban coal seam,South
Sumatra Basin, Indonesia: Palaeoecological and thermal metamorphism implications. Organ. Geochem., 37,
3: 261-279.
Ammossov, V.I. & Sju I, T., 1961. Les stades de houillification et la paragenèse des combustibles fossiles.
Académie des Sciences de l’URSS, Moscou. (Em russo).
AS 2856.2 – 1998. Australian Standard – Coal petrography. Part 2: Maceral analysis, 2nd Ed., 32 pp. Standards
Association of Australia, Homebush, NSW.
Barrois, Ch., 1911. Note sur la répartition des arbres debout dans le terrain houiller de Lens et de Liéven. Ann.
Soc.g éol. Nord, 40: 187-196.
Bartenstein, H. & Teichmüller, R., 1974a. Les études de houillification, outil de prospection des hydrocarbures
paléozoïques. In: P.Robert, Traducteur, “Houillification et Pétrole”, Sympos. Contributions de la Pétrologie des
Charbons à l’Exploration de l’Huile et du Gaz Naturel. Traduction BRGM Nº.5477, p.159-202.
Bartenstein, H. & Teichmüller, R., 1974b. Inkohlungsuntersuchungen, ein Schlüssel zur Prospektierung von
paläozoischen Kohlenwasserstoff-Lagerstätten ?. In: Sympos. ”Inkohlung und Erdöl. Beiträge der
Kohlenpetrologie zur Prospektion auf Erdöl und Erdgas”. Fortschr.Geol.Rhein.-Westf., 24: 129-160.
Bartram, K.M., 1987. Lycopod succession in coals: na example for the Low Barnsley Seam (Westphalian B),
Yorkshire, England. In: A.C. Scott, Ed., Coal and coal-bearing strata: recent advances, p.187-199. The
Geological Society, London. (Special Publication 32).
Benedict, L.G., Thompson, R.R., Shigo III, J.J. & Aikman, R.P., 1968. Pseudovitrinite in Appalachian Coking Coals.
Fuel, 47, 2: 125-143.
Bostick, N.H., 1973. Time as a factor in thermal metamorphism of phytoclasts (coaly particles). C.R. Congr.
Internat Stratigr. Géol. Carbonif., 7e, Krefeld, 1971, Vol.2, p.183-193. Geologischen Landesamt Nordrhein-
Westfalen, Krefeld.
Broadbent, S.R. & Shaw, A.J., 1955. Reflectance of coal. Fuel, 34, 4: 385-403.
Bustin, R.M., 1991. Quantifying macerals: some statistical and practical considerations. Internat. J. Coal Geol.,
17, 3-4: 213-238.
Bustin, R.M., Ross, J.V. & Rouzaud, J.-R., 1995a. Mechanisms of graphite formation from kerogen experimental
evidence. Internat. J. Coal Geol., 28, 1: 1-36.
Bustin, R.M., Rouzaud, J.-R. & Ross, J.V. & 1995b. Natural graphitization of anthracite: experimental
considerations. Carbon, 33, 5: 679-691.
Calder,J.H., Gibling,M.R & Mukhopadhyay,P.K., 1991. Peat formation in a Westphalian B piedmont setting,
Cumberland basin, Nova Scotia: implications for the maceral-based interpretation of rheotrophic and rased
paleomires. Bull. Soc.géol. France, 162: 283-298.
Cameron,C.C., Esterle,J.S. & Palmer,C.A., 1989. The geology, botany and chemistry of selected peat-forming
environments from temperate and tropical latitudes. In: P.C. Lyons & B. Alpern, Eds, Peat and Coal: Origin,
Facies, and Depositional Models. Internat. J. Coal. Geol., 12, 1-4:105-156.
Cao, Y., Davis, A., Liu, R., Liu, X. & Zhang, Y., 2003. The influence of tectonic deformation on some geochemical
properties of coals – a possible indicator of outburstb potential. Internat. J. Coal Geol., 53, 2: 69-79.
Chabbi, A., Rumpel, C., Grootes, P.M., Mariotti, A. & Hütti, R,F., 2006. Isotopic tracers for the analysis of
vegetation-derived organic matter in lignite-containing soils and sediments along a transect ranging from a
forest soil to submerged lake sediment. Organ. Geochem., 37, 6: 740-753.
Chandra, D., 1958. Reflectance of oxidized coals. Econ.Geol., 53, 1: 102-108.
Chandra, D., 1962. Reflectance and microstructure of weathered coals. Fuel, 41: 185-193.
Chandra, D., 1966. Effect of storage of coals on reflectance and petrological composition. Econ.Geol., 61, 4:
754-759.
Chen, K.P., 2011. A new mechanistic model for prediction of instantaneous coal outbursts – Dedicated to the
memory of Prof. Daniel D. Joseph. Internat. J. Coal Geol., 87, 2: 72-79.
Clymo,R.S., 1987. Rainwater-fed peat as a precursor of coal. In: A.C. Scott, Ed., Coal and coal-bearing strata:
recent advances, p.17-23. The Geological Society, London. (Special Publication 32).

 
O Carvão na Actualidade 123

Cohen, A.D., 1984. The Okefenokee Swamp: a low-sulphur end-member of a shoreline-related depositional
model for coastal plain coals. In: R. A. Rahmani & R. M. Flores, Eds, Sedimentology of coal and coal-bearing
sequences. p. 231-240. Blackwell Scientific Publication. Oxford. (Special publication of the International
Association of Sedimentologists nº 7).
Cohen,A.D, Spackman,W. & Raymond,R., 1987. Interpreting the characteristics of coal seam from chemical,
physical, and petrographic studies of peat deposits. In: A.C. Scott, Ed., Coal and coal-bearing strata: recent
advances, p.107-125. Geological Society, London. (Special Publication 32).
Cohen, A. D, Raymond, R. Jr., Ramirez, A., Morales, Z. & Ponce, F., 1989. The Changuinola peat deposit of
northwestern Panama: a tropical, back-barrier, peat (coal)-forming environment. In: P.C. Lyons & B. Alpern,
Eds, Peat and Coal: Origin, Facies, and Depositional Models. Internat. J. Coal. Geol., 12, 1-4: 157-192.
Cohen,A.D. & Spackman,W., 1977. Phytogenic organic sediments and sedimentary environments in the
Everglades-mangrove complex, Part II. Origin, description and classification of the peats of South Florida.
Palaeontographica, Abt. B, 162: 1-61.
Cohen,A.D, Spackman,W. & Raymond,R., 1987. Interpreting the characteristics of coal seam from chemical,
physical, and petrographic studies of peat deposits. In: A.C. Scott, Ed., Coal and coal-bearing strata: recent
advances, p.107-125. The Geological Society, London. (Special Publication 32).
Corrêa da Silva, Z.C., 1999. Facies studies on the brazilian gondwana coal deposits: a short review. In:
M.J.Lemos de Sousa, M.M.Marques & J.P.Fernandes, Eds, 2nd Symposium on Gondwana Coals, Porto 1998,
Faculdade de Ciências, Depart. de Geologia, Memória nº 5, pp. 75-81.
Correia, M.M.C.M.B., 1993. Contribuição para o Conhecimento da Petrologia dos Carvões da Bacia de
Peñarroya-Belmez-Espiel (Córdova-Espanha). 2 Vols. (Vol. 1-Texto; Vol.2-Quadros, Figuras e Estampas).
Universidade do Porto. Porto. 1993. (Tese de Doutoramento).
Crelling, J.C., 1995. The Petrology of Resinite in American Coals. In: K.B. Anderson & J.C. Crelling, Eds, Amber,
Resinite, and Fossil Resins, p.218-233. American Chemical Society, Washington, D.C. (ACS Symposium Series
617).
Dai, S., Ren, D., Chou, C.-L., Finkelman, R.B., Seredin, V. V. & Zhou, Y., 2012. Geochemistry of trace elements in
Chinese coals: A review of abundances, genetic types, impacts on human health, and industrial utilization.
Internat. J. Coal Geol., 94, 1: 3-21.
Davidson, R.M., 1990. Natural oxidation of coal, 76 pp. IEA Coal Research. (IEACR/29).
Davidson, R. M., 2000. How coal properties influence emissions, 56 pp. IEA Coal Research, The Clean Coal
Centre, London.
Davis, R.C., Noon, S.W. & Harrington, J., 2007. The petroleum potential of Tertiary coals from Western
Indonesia: Relationship to mire type and sequence stratigraphic setting. In: N.Sherwood, T.Moore & J.Esterle,
Eds, TSOP 2002 - Papers from the 21st Annual Meeting of TSOP, Sydney, Australia. Internat. J. Coal Geol, 70, 1-
3: 35-52.
Delattre, Ch. & Mériaux, E., 1966. Sur un aspect particulier et sur une origine de la micrinite fine.
Ann.Soc.géol.Nord, 86: 187-188.
Diessel, C.F.K., 1982. An appraisal of coal facies based on maceral characteristics. Australian Coal Geol., 4, 2:
474-483.
Diessel, C.F.K., 1986. On the correlation between coal facies and depositional environments. In: Proceedings
of the Twentieth Symposium Advances in the Study of the Sydney Basin, Newcastle, 1986, p.71-76. The
University of Newcastle, Department of Geology, Newcastle. (Publication No 246).
Diessel, C.F.K., 1992. Coal-Bearing Depositional Systems. 721 pp. Springer-Verlag, Berlin.
Diessel, C.F.K., 2007. Utility of coal petrology for sequence-stratigraphic analysis. Internat. J. Coal Geol., 70, 1-3:
3-34.
Diessel, C.F.K., 2010. The stratigraphic distribution of inertinite. In: I.Suárez-Ruiz, Ed., ICCP-TSOP 2008 Selected
papers from the ICCP-TSOP joint meeting 2008: international conference on coal and organic petrology,
Oviedo, Spain. Internat. J. Coal Geol., 81, 4: 251-268.
Domingos, L. C. G., Freire, J. L. S., Gomes da Silva, F., Gonçalves, F., Pereira, E. & Ribeiro, A., 1983. The Structure
of the Intramontane Upper Carboniferous Basins in Portugal. In: M.J. Lemos de Sousa & J. T. Oliveira, Eds, The
Carboniferous of Portugal. Mem.Serv.geol.Portg., 29: 187-194.
Dulhunty, J.A. & Penrose, R.E., 1951. Some relations between density and rank of coal. Fuel, 30: 109-113.
Durand, B., Ed., 1980. Kerogen. Insoluble organic matter from sedimentary rocks, 519 pp. Édtions Technip, Paris.
Dutta,S., Mathews, R.P., Singh, B.D., Tripathi, S.M., Singh, A., Saraswati, P.K., Banerjee, S. & Mann, U., 2011,
Petrology, palynology and organic geochemistry of Eocene lignite of Matanomadh, Kutch Basin, western India:

 
124 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Implications to depositional environment and hydrocarbon source potential. Internat. J. Coal Geol., 85, 1: 91-
102.
Erhart, H., 1956. La genèse des sols en tant que phénomène géologique, 90 pp. Masson. Paris.
Fabre, J. & Feys, R., 1953. Phénomènesde plasticité et migrations dans les charbons alpins. C. R. Congr. géol.
internat., 19e Alger, 1952, Sect.3 – Mécanique de la déformation des roches. Influence sur les conceptions
tectoniques, Fasc.3, p.149-162. Alger.
Fabre, J. & Feys, R., 1962. Réflexions sur la genèse des bassins houillers et la théorie bio-rhexistasique.
C.R.Somm.Séanc.Soc.Biogéogr., 335/336/337: 4-13. (C.R.Colloq. “Biogéographie du Permo-Carbonifère et
genèse des charbons”, Paris, 1962).
Feys, R., 1963a. Etude géologique du Carbonifère Briançonnais (Hautes-Alpes). Mém.Bur.Rech.géol.min., 6:
11-387. (Thèse de doctorat).
Feys, R., 1963b. The Palaeopedology of Coal Basins. In: A.E.M.Nairn, Ed., Problems in Palaeoclimatologyy,
Proceedings of the NATO Palaeoclimates Conference held at the University of Newcastle upon Tyne, January
1963, p.66-73. Interscience Publishers, Lodon, New York, N.Y., Sydney.
Feys, R., Geffroy, J. & Vetter, P., 1967. Un cas nouveau de graphitisation du charbon par un intrusion éruptive à
Cali (Colombie). Ann.Soc.géol.Nord, 87, 3: 145-150.
Feys, R. & Greber, Ch., 1952. Venues éruptives dans le terrain houiller du briançonnais (Alpes Françaises).
C.R.Congr.Avanc.Et.Stratigr.Géol.Carbonif., 3e, Heerlen, 1951, T.1, p.209-217. Ernest van Aelst. Maestricht.
Fonseca, D.M.S.F.M., 1996. Estudo petrológico e geoquímico dos carvões da Bacia de Rio Maior. 2 Vols (Vol. I,
199 pp., Anexos, Vol. II, Tabelas e Estampas). Universidade do Porto. Porto, 1996. (Tese de doutoramento).
Francis, W., 1961. Coal, its Formation and Composition, 2nd, 806 pp. Edward Arnold (Publishers) Ltd, London.
Franklin, R.E., 1949. A study of the fine structure of carbonaceous solids by measurements of true and
apparent densities. Part I. Coals. Trans. Faraday Soc., 45: 274-289.
Frey, M., 1987. Very low-grade metamorphism of clastic sedimentary rocks. In: M.Frey, Ed., Low
Temperature Metamorphism, p.9-58. Blackie, Chapman and Hall. Glasgow, London, New York, N.Y.
Frey, M., Teichmüller, M., Teichmüller, R., Mullis, J., Künzi, B., Breitschmid, A., Gruner, U. & Schwizer, B., 1980.
Very low-grade metamorphism in external parts of the Central Alps: Illite crystallinity, coal rank and fluid
inclusion data. Eclogae geol. Helv., 73, 1: 173-203.
Fulton, I. M., 1987. Genesis of the Warwickshire Thick Coal: a group of long-residence histosols. In: A.C. Scott,
Ed., Coal and coal-bearing strata: recent advances, p.201-218. The Geological Society, London. (Special
Publication 32)..
Gastaldo, R.A., 2010. Peat or no peat: Why do the Rajang and Mahakam Deltas differ? In: M.H. Scheihing &
C.Wnuk, Eds, Hermann w. Pfefferkorn Commemorative Volume. Internat. J. Coal Geol., 83, 2-3: 162-172.
Gluskoter, H.J., Shimp, N.F. & Ruch, R.R., 1981. Coal Analyses, Trace Elements, and Mineral Matter. In: M.A.
Elliott, Ed., Chemistry of Coal Utilization, Second Supplementary Volume, p.369-424. John Wiley & Sons, New
York, N.Y.
Gore, A.J.P., 1983. Introduction. In: A .J.P. Gore, Ed., Ecosystems of the Word. Vol. 4 A, Mires: Swamp, Bog, Fen
and Moor, General Studies, p. 1-34. Elsevier, Amsterdam.
Grüneklee, P., Jüntgen, H. & Teichmüller, M., 1969. Eigenschaften tektonisch gestörter Steinkohle. Teil II:
Kinetik der Methansorption. Brennst.-Chem., 10, 2-7.
Gurba, L.W. & Read, H.W, 1999. Australian Coal Petrography. In: M.J.Lemos de Sousa, M.M.Marques &
J.P.Fernandes, Eds, 2nd Symposium on Gondwana Coals, Porto 1998. Proceedings and Papers.
Mem.Fac.Ciênc.Porto Dep.Geol., 5: 109-111.
Gutjahr, C.C.M., 1966. Carbonization measurements of pollen-grains and spores and their application. Leidse
geol.Meded., 38: 1-29.
Hacquebard, P.A., Birmingham,T.F. & Donaldson, J.R., 1967. Petrography of Canadian Coals in Relation to
Environment of Deposition. In: Symposium on the Science and Technology of Coal, Ottawa, 1967. p. 84-97.
Department of Energy, Mines and Resources.
Hacquebard,P.A. & Donaldson,J.R., 1969. Carboniferous coal deposition associated with flood-plain and
limnic environments in Nova Scotia. In: E.C. Dapples & M.E. Hopkins, Eds, Environments of Coal Deposition. p.
143-191. The Geological Society of America. Boulder, Colo. (Special Paper Nº. 114).
Hacquebard, P. A. & Donaldson, J.R., 1970. Coal metamorphism and hydrocarbon potential in the Upper
Paleozoic of the Atlantic Provinces, Canada. Canad.J.Earth Sci., 7, 4: 1139-1163.

 
O Carvão na Actualidade 125

Hámor-Vido, M., 2004. Coal facies studies in Hungary: a historical review.In: M.Hámor-Vidó, Ed.,
Reconstruction of Peat-Forming Environments: a Global Historical Review. Internat. J. Coal Geol., 58, 1-2: 91-
97.
Hámor-Vidó, M., Hofmann, T. & Albert, L., 2010. In situ preservation and paleoenvironmental assessment of
Taxodiacea fossil trees in the Bükkalja Lignite Formation, Bükkábrány open cast mine, Hungary. In: I.Suárez-
Ruiz, Ed., ICCP-TSOP 2008 Selected papers from the ICCP-TSOP joint meeting 2008: international conference
on coal and organic petrology, Oviedo, Spain. Internat. J. Coal Geol, 81, 4: 203-210.
Harvey, R. D. & Dillon, J. W., 1985. Maceral distributions in Illinois coals and their paleoenvironmental
implications. Internat. J . Coal Geol., 5, 1-2: 141-165.
Hevia-Rodriguez, V. & Virgos, J. M., 1977. The rank and anisotropy of anthracites: the indicating surface of
reflectivity in uniaxial and biaxial substances. In: B.Ralph, P. Echlin & E.R.Weibel, Eds, Microscopy of Organic
Sediments, Coals and Cokes: Methodes and Applications Meet., Oxford, 1976. J. Microscop., 109, P.1: 23-28.
Hilt, C., 1873. Des rapports existant entre la composition des charbons et leurs propriétés industrielles.
Ann.Assoc.Ing.Liège, 5e Sér., Annexe 1: 254-266. (P.v.-Séance du 9 novembre).
Hood, A. & Gutjahr, C.C.M., S.d. Organic metamorphism and the generation of Petroleum.
Commun.Annu.Meet.geol.Soc.Amer., Minneapolis, 1972.
Hower, J. C., O’Keefe, J. M. K., Eble, C. F., Raymond, A., Valentim, B., Volk, T. J., Richardson, A. R., Satterwhite, A.
B., Hatch, R. S., Stucker, J. D. & Watt, M. A., 2011a. Notes on the origin of inertinite macerals in coal: Evidence
for fungal and arthropod transformations of degraded macerals. Internat. J. Coal Geol., 86, 2-3: 231-240.
Hower, J. C., O’Keefe, J. M. K., Eble, C. F., Volk, T. J., Richardson, A.R., Satterwhite, A. B., Hatch, R. S. & Kostova, I.
J., 2011b. Notes on the origin of inertinite macerals in coals: Funginite associations with cutinite and
suberinite. Internat. J. Coal Geol., 85, 1: 186-190.
Hower, J. C., O’Keefe, J. M. K., Watt, M. A., Pratt, T. J., Eble, C. F., Stucker, J.D., Richardson, A.R. & Kostova, I. J.,
2009. Notes on the origin of inertinite macerals in coals: Observations on the importance of fungi in the
origin of macrinite. Internat. J. Coal Geol., 80, 2: 135-143.
Hunt, C.W., Collins, L.G. & Skobelin, E.A., 1992. Expanding Geospheres. Energy and Mass Transfers From
Earth’s Interior. A Sequel to Environment of Violence, 421 pp. Polar Publishing, Calgary, Alberta. (Editor C.W.
Hunt).
Huntjens, F.J. & van Krevelen, D.W., 1954. Chemical structure and properties of coal II – Reflectance. Fuel, 33, 1:
88-103.
Hutton, A.C., 1987. Petrographic classification of oil shales. Internat. J. Coal Geol., 8, 3: 203-231.
Hutton, A. C. & Cook, A. C., 1980. Influence of alginate on the reflectance of vitrinite from Joadja, NSW, and
some other coals and oil shales containing alginate. Fuel, 59, 10: 711-714.
Hutton, A. C. & Hower, J. C., 1999. Cannel coals: implications for classification and terminology. In: J. C. Hower
& C. F. Eble, Eds, Applied Topics in Coal Geology. Internat. J. Coal Geol., 42, 1-2: 157-188.
Hutton, A. C., Kantsler, A. J., Cook, A. C. & McKirdy, D. M., 1980. Organic matter in oil shales.
Austral.Petr.Explor.Assoc.J., 20: 44-67.
ICCP 1957. International Committee for Coal Petrology-ICCP, Nomenclature Commission.
ICCP 1963. International Committee for Coal Petrology-ICCP, International Handbook of Coal Petrography,
2nd Ed. Centre National de la Recherche Scientifique, Academy of Sciences of the USSR, Paris, Moscow.
ICCP 1971. International Committee for Coal Petrology-ICCP, International Handbook of Coal Petrography,
Supplement to the 2nd Ed. Centre National de la Recherche Scientifique, Academy of Sciences of the USSR,
Paris, Moscow.
ICCP 1976. International Committee for Coal Petrology-ICCP, International Handbook of Coal Petrography,
2nd Supplement to the 2nd Ed. Centre National de la Recherche Scientifique, Academy of Sciences of the
USSR, Paris, Moscow.
ICCP 1993. International Committee for Coal Petrology-ICCP, International Handbook of Coal Petrography,
3rd Supplement to the 2nd Ed. University of Newcastle upon Tyne, England.
ICCP 1998. International Committee for Coal and Organic Petrology-ICCP, The new vitrinite classification
(ICCP System 1994). Fuel, 77, 5: 349-358.
ICCP 2001. International Committee for Coal and Organic Petrology-ICCP, The new inertinite classification
(ICCP System 1994). Fuel, 80, 4: 459-471.
Izart, A., Sachsenhofer, R.F., Privalov, V.A., Elie, M., Panova, E.A., Antsiferov, V.A., Alsaab, D., Rainer, T., Sotirov, A.,
Zdravkov, A. & Zhykalyak, M,V., 2006. Stratigraphic distribution of macerals and biomarkers in the Donets Basin:
Implications for paleoecology, paleoclimatology and eustacy. Internat. J. Coal. Geol., 66, 1-2: 69-107.

 
126 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Jasper, K., Hartkopf-Fröder, C., Flajs, G. & Littke, R., 2010. Evolution of Pennsylvanian (Late Carboniferous) peat
swamps of the Ruhr Basin, Germany: Comparison of palynological, coal petrographical and organic
geochemical data. Internat. J. Coal Geol., 83, 4: 346-365.
Jelonek, I., Kruszewska, K.J. & Filipiak,P., 2007. Liptinite as an indicator of environmental changes during
formation of coal seam No. 207 (Upper Silesia, Poland). In: K.Christanis, Ed., ICCP-2005 - Selected papers
presented at rhe 57th Annual Meeting of the International Committee for Coal and Organic Petrology, Patras,
Greece. Internat. J. Coal. Geol., 71, 4: 471-487.
Jüntgen, H., Teichmüller, M. & Zündorf, D., 1969. Eigenschaften tektonisch gestörter Steinkohle. Teil I:
Beziehungen zwischen mikroskopischer und submikroskopischer Hohlraumstruktur. Brennst.-Chem., 50, 2:
40-45.
Kalkreuth,W.D. & Leckie,D.A., 1989. Sedimentological and petrographical characteristics of Cretaceous
strandplain coals: a model for coal accumulation from the North American Western Interior Seaway. In: P.C.
Lyons & B. Alpern, Eds, Coal: Classification, Coalification, Mineralogy, Trace-elements Chemistry, and Oil and
Gas Potential. Internat. J. Coal. Geol., 12, 1/4: 381-424.
Kalkreuth,W.D., Marchioni,D.L., Calder,J.H., Lamberson,M.N., Naylor,R.D. & Paul,J., 1991. The relationship
between coal petrography and depositional environments from selected coal basin in Canada. In: W.
Kalkreuth, R.M. Bustin & A.R. Cameron, Eds, Recent Advances in Organic Petrology and Geochemistry: a
Symposium Honaring Dr. P. Hacquebard. Internat. J. Coal Geol., 19, 1-4: 21-76.
Karweil, J., 1956. Die Metamorphose der kohlen vom Standpunkt der physikalischen Chemie. Z. Dt. Geol. Ges.,
107: 132-139.
Ketris, M.P. & Yudovich, Y.E., 2009. Estimations of Clarkes for Carbonaceous biolithes: World averages for trace
element contents in black shales and coals. Internat.J. Coal Geol., 78, 2: 135-148.
Kisch, H.J., 1969. Coal-rank and burial-metamorphic mineral facies. In: P.A.Schenck & I.Havenaar, Eds,
Advances in Organic Geochemistry (Proc.internat.Meet., Amsterdam, 1968), p.407-425. Pergamon, Oxford.
Kisch, H.J., 1974. Anthracite and meta-anthracite coal ranks associated with «anchimetamorphism» and «very-low-
stage» metamorphism, I, II, III. Proc.K.Nederl.Akad.Wet., Ser.B, Physical Sciences, 77, 2: 81-118.
Kisch, H.J., 1987. Correlation between indicators of very low-grade metamorphism. In: M. Frey, Ed., Low
Temperature Metamorphism, p.227-300. Blackie, Chapman and Hall. Glasgow, London, New York, N.Y.
Kötter, K., 1960. Die mikroskopische Reflexionsmessung mit dem Photomultiplier und ihre Anwendung auf
die Kohlenuntersuchung. Brennst.-Chem., 41, 9: 263-272.
van Krevelen, D.W., 1993. Coal. Typology - Physics - Chemistry - Constitution, 3rd Ed., 979 pp. Elsevier,
Amsterdam.
Kühlwein, F.L., Brocke, E., Krüpe, E., Riener, K., Mackowsky, M.-Th., Schnitzler, H. & Stieler, A., 1949.
Fortschrittein der elektrostatischen Kohlenaufbereitung. Bergb.-Arch.,10: 171-191.
Kwiecińska, B. K., Hamburg, G. & Vleeskens, J.M., 1992. Formation temperatures of natural coke in the lower
Silesian coal basin, Poland. Evidence from pyrite and clays by SEM-EDX. Internat.J.Coal Geol., 21, 4: 217-235.
Kwiecińska, B. & Petersen, H. I., 2004. Graphite, semi-graphite, natural coke, and natural char classification –
ICCP system. Internat. J. Coal Geol., 57, 2: 99-116.
Lamberson, M. N., Bustin, R. M. & Kalkreuth, W., 1991. Lithotype (maceral) composition and variation as
correlated with paleowetland environments, Gate Formation, northeastern British Columbia, Canada.
Internat. J. Coal Geology., 18, 1-2: 87-124.
Lemos de Sousa, M.J., 1971. Sobre as primeiras medidas de poder reflector nas perantracites da bacia
carbonífera do Douro (Mina de São Pedro da Cova-Gondomar-NW Portugal). Comun.Serv.geol.Portg., 55:
181-220.
Lemos de Sousa. M.J., 1973. Contribuição para o conhecimento da Bacia Carbonífera do Douro, 2
Vols (Texto, 427 pp.; Estampas) . Porto. (Tese de doutoramento).
Lemos de Sousa, M.J., 1974. Sur la présence de pyrocarbone dans quelques charbons. Comun.Sev.geol.Portg.,
58: 197-208.
Lemos de Sousa, M.J., 1977a. Nota sobre a densidade das perantracites da Bacia Carbonífera do Douro (NW
de Portugal). Bol.Min., 14, 1: 1-7.
Lemos de Sousa, M.J., 1977b. Sobre alguns problemas do Permo-Carbónico continental português. Ciências
da Terra, 3: 9-22.
Lemos de Sousa, M.J., 1978a. Contribution à l’étude du Bassin Houiller du Douro (NW du Portugal). Atlas de
micropétrographie des peranthracites. Mem.Serv.geol.Portg., 26: 3-92.

 
O Carvão na Actualidade 127

Lemos de Sousa, M.J., 1978b. O grau de incarbonização (rang) dos carvões durienses e as consequências
genéticas, geológicas e estruturais que resultam do seu conhecimento. Comun. Serv. geol. de Portg., 63: 179-
365.
Lemos de Sousa, M.J., 1979. Contribuição do estudo das perantracites durienses para o conhecimento das
curvas gerais de incarbonização dos carvões norte-atlânticos. In: VI Reunião de Geologia do Oeste Peninsular,
Porto e Oviedo, 1979. Publ.Mus.Labor.miner.geol.Fac.Ciênc.Porto, 4ªSér., 91: 253-265.
Lemos de Sousa, M.J., 1984. Nova contribuição para o conhecimento dos carvões da Bacia de Moatize-
Minjova (Zambézia- República Popular de Moçambique). In: Volume d’hommage au géologue G.Zbyszewski,
p.213-219. Ed. Recherche sur les Civilisations, Paris.
Lemos de Sousa, M.J., 1999. [Notas de Petrologia Orgânica.3]. Sobre os conceitos e a utilização dos termos
“Tipo” e “Composição Petrográfica”. Geologos, 5: 109-110
Lensch, G., 1963. Die Metamorphose der Kohle in der Bohrung Münsterland 1 auf Grund des optischen
Reflexionsvermögens der Vitrinite. Fortschr.Geol.Rhein.-Westf., 11: 197-203.
Levine, J.R., 1993. Coalification – The Evolution of Coal as Source Rock and Reservoir Rock for Oil and Gas. In:
B.E. Law & D.D. Rice, Eds, Hydrocarbons from Coal. AAPG Studies in Geology, 38: 39-78.
Levine, J. R. & Davis, A., 1983. Tectonic history of coal-bearing sediments in eastern Pennsylvania using coal
reflectance anisotropy, Special Research Report Number SR-118, 314 pp. Coal Research Section, The
Pennsylvania State University, University Park, Penn.
Levine, J. R. & Davis, A., 1984. Optical anisotropy of coals as an indicator of tectonic deformation, Broad Top
Coal Field, Pennsylvania. Geol.Soc.Amer.Bull., 95, 1: 100-108.
Levine, J. R. & Davis, A., 1989a. Reflectance anisotropy of Upper Carboniferous coals in the Appalachian
foreland basin, Pennsylvania, U.S.A. In: B. Alpern & P.C. Lyons, Eds, Coal: Classification, Coalification,
Mineralogy, Trace-elements Chemistry, and Oil and Gas Potential. Internat. J. Coal Geol., 13, 1-4: 341-373.
Levine, J. R. & Davis, A., 1989b.The relationship of coa optical fabrics to Alleghachian fold-and-thrust belt,
Pennsylvania. Geol.Soc.Amer.Bull., 101: 1333-1347.
Lienhardt, G., 1961a. Subsidence et enallaxie: deux phénomènes qui président aux dépôts stériles et
phytogènes du Stéphanien de Lons-le-Saunier (Jura). Bull.Soc.géol. France, 7e. Sér., 3: 101-108.
Lienhardt, G., 1961b. Subsidence et Enallaxie, phénomènes fondamentaux régissant les dépôts du
Stéphanien de Lons-le-Saunier (Jura). C.R. hebd.Séanc.Acad.Sci., Paris, 252, 17: 2572-2574.
Liu, G., 1990. Permo-Carboniferous paleogeography and coal accumulation and their tectonic control in the
North and South China continental plates. Internat. J. Coal Geol., 16, 1-3: 73-117.
López-Buendía, A.M., Whateley, M.K.G., Bastida, J. & Urquiola., M.M., 2007. Origins of mineral matter in peat
marsh and peat bog deposits, Spain. Internat. J. Coal Geol., 71, 2-3: 246-262.
Lyons, P.C. & Cross, A.T., 2005. Marlies Teichmüller (1914-2000), pioneering genetic coal petrologist: some
paleobotanical, palynological, and botanical influences on her research. Internat. J. Coal Geol., 62, 1-2: 71-84.
Lyons, P. C. & Mastalerz, M., 2001. Secretinite – reflectance and chemical data from two high volatile
bituminous coals (Upper Carboniferous) of North America. Internat. J. Coal Geol., 45, 4: 281-287.
Mackowsky, M.-Th., 1968a. European Carboniferous coalfields and Permian Gondwana coalfields. In:
D.Murchison & T.S.Westoll, Eds, Coal and Coal-bearing strata, p. 325-345. Oliver & Boyd, Edinburgh, London.
Mackowsky, M.-Th., 1968b. Mineral matter in coal.. In: D.Murchison & T.S.Westoll, Eds, Coal and Coal-bearing
strata, p. 309-321. Oliver & Boyd, Edinburgh, London.
Mackowsky, M.-Th., 1975. Comparative petrography of Gondwana and Northern hemisphere coals related to
their origin. In: K.S.W. Campbell, Ed., Gondwana Geology, 3th Gondwana Symposium, Canberra, Australia,
1973, p.195-220. Australian National University Press, Canberra.
Marchioni,D.L, 1980. Petrography and depositional environment of the Linddell Seam, Upper Hunter Valley,
New South Wales. Internat. J. Coal. Geol., 1, 1: 35-61.
Marchioni,D. & Kalkreuth,W., 1991. Coal facies interpretations based on lithotype and maceral variations in
Lower Cretaceous (Gates Formation) coals of Western Canada. Internat. J. Coal Geol., 18, 1-2: 125-162.
Mastalerz, M & Smyth, M., 1988. Petrography and depositional conditions of the 64/65 coal seam in the
Intrasudetic Basin, SW Poland. Internat. J. Coal Geol., 10, 4: 309-336.
McCabe, P.J., 1984. Depositional environments of coal and coal-bearing strata. In: R. A. Rahmani & R. M. Flores,
Eds, Sedimentology of coal and coal-bearing sequences. p. 13-42. Blackwell Scientific Publication. Oxford. (Special
publication of the International Association of Sedimentologists nº 7).
McCabe, P.J., 1987. Facies studies of coal and coal-bearing strata. In: A.C. Scott, Ed., Coal and coal-bearing
strata: recent advances, 51-66. The Geological Society, London. (Special Publication 32).

 
128 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Méndez Cecilia, A.J., 1985. Estudio de la evolución de los carbones de la Cuenca Ciñera-Matallana, Provincia
de León. Facultad de Ciencias Geológicas de la Universidad de Oviedo. (Tesis Doctoral).
Merritt, R.D., 1985. Review of coking phenomena in relation to an occurrence of prismatically fractured
natural coke from the Castle Mountain mine, Matanuska coal field, Alaska. Internat.J.Coal Geol., 4, 4: 281-298.
Misiak, J., 2006. Petrography and depositional environment of the No. 308 coal seam (Upper Silesian Coal
Basin, Poland) ─ a new approach to maceral quantification and facies analysis. In: M.Hámor-Vidó, Ed.,
Selected papers presented at the 56th Annual Meeting of the Intrnational Committee for Coal and Organic
Petrology, Budapest, Hungary. Internat. J. Coal Geol., 68, 1-2: 117-126.
Moore, P.D., 1987. Ecological and hydrological aspects of peat formation. In: A.C. Scott, Ed., Coal and Coal-
bearing Strata: recent advances, p. 7-15. The Geological Society, London. (Special Publication 32).
Moore, P.D., 1989. The ecology of peat-forming processes: a review. In: P.C. Lyons & B. Alpern, Eds, Peat and
Coal: Origin, Facies, and Depositional Models. Internat. J. Coal. Geol., 12, 1-4: 89-103.
Moore, P.D., 1995. Biological processes controlling the development of modern peat-forming ecosystems. In:
T.D. Demchuck, J.Shearer & T. Moore, Eds, Tertiary - Age Coals - CSA Symposium. Internat. J. Coal Geol., 28, 2-
4: 99-110.
Moore, P.D. & Bellamy, D.J., 1973. Peatlands. 221 pp. Paul Elek, London,
Mukhopadhyay, P.K., 1989. Organic petrography and organic geochemistry of Texas Tertiary coals in relation
to depositional environment and hydrocarbon generation. Report of Investigations nº 188, 118 pp. Bureau of
Economic Geology, Univ. Texas, Austin.
Mukhopadhyay, P.K. & Dow, W.G., Eds, 1994. Vitrinite Reflectance as a Maturity Parameter. Applications and
Limitations, 294 pp. American Chemical Society, Washington, D.C. (ACS Symposium Series 570).
Mullis, J., 1987. Fluid inclusion studies during very low-grade metamorphism. In: M. Frey, Ed., Low
Temperature Metamorphism, p.162-199. Blackie, Chapman and Hall. Glasgow, London, New York, N.Y.
Murchison, D. G., 1958. Reflectance of vitrinite. In: 2 Internat.Tagung Kohlenwiss., Walkenburg, 1957. Brennst.-
Chem., 39: 47-51.
Navale,G.K. & Misra,B.K., 1984. Significance of vitrinite/inertinite ratio in Lower Gondwana coals of Peninsular
India. In: M.J.L. Sousa, Ed., Symposium on Gondwana Coals, Lisbon, 1983. Proceedings and Papers. Comun.
Serv. geol. Portg, 70, 2: 257-263.
Nedelcu, C., 1998. Can pyrocarbone be a geothermometric index ? In: M.J. Lemos de Sousa & J.P. Fernandes,
Eds, 2nd Symposium on Gondwana Coals, Porto, 19th September 1998 and 50th ICCP Meeting, Porto, 20th –
26th September. Oral Presentations Abstracts, Poster Abstracts, Geological Excursion Guide-Book. Geologos,
4: 44-45.
Noël, R., 1956. Préparation des piliers de charbon en vue de leur etude pétrologique en lumière réfléchie et
nouvelle méthode de représentation des profils en veine. Proc. internat. Comm. Coal Petrol., 2 (2nd Meet.,
Liège, 1955), p.28-30. R.Louis, Bruxelles.
Oesterlen, P.M. & Lepper, J., 2005. The Lower Karoo coal (k2–3) of the Mid-Zambezi basin, Zimbabwe:
depositional analysis, coal genesis and palaeogeographic implications. In: M.Hámor-Vidó, Ed., Selected
papers presented at the 56th Annual Meeting of the Intrnational Committee for Coal and Organic Petrology,
Budapest, Hungary. Internat. J. Coal Geol., 68, 1-2: 97-118.
Oplšutil, S., 2005. The effect of paleotopography, tectonics and sediment supply on quality of coal seams in
continental basins of central and western Bohemia (Westphalian), Czech Republic. Internat. J. Coal Geol., 64,
3-4: 173-203.
Ottenjann, K., Teichmüller, M. & Wolf, M., 1974a. Mesures spectrales de fluorescence sur sporinites en lumière
réfléchie, une méthode microscopique de détermination du rang des charbons peu houillifiés. In: P.Robert,
Traducteur, “Houillification et Pétrole”, Sympos. Contributions de la Pétrologie des Charbons à l’Exploration
de l’Huile et du Gaz Naturel. Traduction BRGM Nº.5477, p.5-46.
Ottenjann, K., Teichmüller, M. & Wolf, M., 1974b. Spektrale Fluoreszenz-Messungen an Sporiniten mit
Auflicht-Anregung, ein mikroskopische Methode zur Bestimmung des Inkohlungsgrades gering inkohlter
Kohlen. In: Sympos. ”Inkohlung und Erdöl. Beiträge der Kohlenpetrologie zur Prospektion auf Erdöl und
Erdgas”. Fortschr.Geol.Rhein.-Westf., 24: 1-36.
Ottenjann, K., Teichmüller, M. & Wolf, M., 1975. Spectral fluorescence measurements of sporinites in reflected
light and their applicability for coalification studies. In: B.Alpern, Ed., Colloq.internat. “Pétrographie de la
matière organique des sédiments, relations avec la paléotempérature et le potentiel pétrolier”, Paris, 1973,
p.49-65. Centre National de la Recherche Scientifique, Paris.
Pearson, D. E. & Creaney, S., 1980. Spontaneous carbonization of oxidized high-volatile coal by a lightning
strike. Canad. J. Earth Sci., 17, 1: 36-42.

 
O Carvão na Actualidade 129

Petersen, H.I., 1994. Depositional environments of coals and associated siliciclastic sediments in the Lower
and Middle Jurassic of Debmark. Ministry of Environment and Energy. DGU Series A, nº 33. Geological Survey
of Denmark, Copenhagen, 1994.
Petersen, H.I., 1998. Morphology, formation and palaeo-environmentalimplications of naturally formed char
particles in coals and carbonaceous mudstones. Fuel, 77, 11: 1177-1183.
Petersen, H.I., Lindström, S., Nytoft, H.P. & Rosenberg, P., 2009. Composition, peat-forming vegetation and
kerogen paraffinicity of Cenozoic coals: Relationship to variations in the petroleum generation potential
(Hydrogen Index). Internat. J. Coal Geol., 78, 2: 119-134.
Phillipson, S.E., 2005. Environmental and tectonic influences on the formation and distribution of carbonate
nodules above the Springfield coal seam, southern Illinois Basin. Internat. J. Coal Geol., 64, 3-4: 239-256.
Pinto, M.S., 1985. Carboniferous granitoids of Portugal: some geochemical and geochronological aspects. In:
M.J.Lemos de Sousa & R.H.Wagner, Eds, Papers on the Carboniferous of the Iberian Peninsula (Sedimentology,
Stratigraphy, Palaeontology, Tectonics and Geochronology). An. Fac. Ciênc. Suppl. Vol.64 (1983): 15-33.
Pradier,B., Nicolas,G. & Gérard,J., 1994. L’analyse des milieux de dépôt des charbons, outil de corrélation dans
le Brent de Mer du Nord. (The analysis of the depositional environments of coal, a correlation tool applied to
the Brent Group in the North Sea). Bull. Centres Rech. Explor.-Prod. Elf Aquitaine, 18, Publ. Spéc., 121-133.
Prado, J.G., García González, A. & Gómez Borrego, M.A., 1991. Paleo-oxidation and pyrocarbon deposits on
inertinite. In: P.Bertrand, Ed., Sympos. Coal: Formation, Occurrence and Related Properties, Orléans, 1989.
Bull.Soc.géol.France, 162, 2: 219-226.
Proceedings of the International Committee for Coal Petrology, Nr.3, 1960. First International Congress on
Coal Petrology in Heerlen (Netherlands) 10-13 September 1958. Ernest Van Aelst, Maastricht, 1960).
Pusey III, W.C., 1973. The ESR-kerogen method… How to evaluate potential gas and oil source rocks. World
Oil, 176, 5: 71-75.
Püttmann, W., Wolf, M. & Wolff-Fischer, E., 1986. Chemical characteristics of liptinite macerals in humic and
sapropelic coals. Organ.Geochem., 10, 1-3: 625-632.
Qi, H., Hu, R. & Zhang, Q., 2007. Concentration and distribution of trace elements in lignite from the Shengli
Coalfield, Inner Mongolia, China: Implications on origin of the associated Wulantuga Germanium Deposit.
Internat. J. Coal Geol., 71, 2-3: 129-152.
Robert, P., 1980. The optical evolution of kerogen and geothermal histories applied to oil and gas exploration.
In: B.Durand, Ed., Kerogen. Insoluble organic matter from sedimentary rocks, p.385-414. Édtions Technip,
Paris.
Robert, P., 1985. Histoire géothermique et diagènese organique. Bull. Centres Rech. Explor.-Prod. Elf-
Aquitaine, Mémoire 8, 345 pp. (Thèse).
Robert, P., 1988. Organic Metamorphism and Geothermal History. Microscopic Study of Organic Matter and
Thermal Evolution of Sedimentary Basins, 311 pp. Elf-Aquitaine, D.Reidel Publishing Company, Dordrecht,
Boston, Mass.
Rodrigues, S., Suárez-Ruiz, I., Marques, M., Camean, C. & Flores, D., 2011a. Microstructural evolution of high
temperature treated anthracites of different rank. Internat. J. Coal Geol., 87, 3-4: 204-211.
Rodrigues, S., Suárez-Ruiz, I., Marques, M., Flores, D., Camean, C. & García, A. B., 2011b. Development of
graphite-like particles from the high temperature treatment of carbonized anthracites. Internat. J. Coal Geol.,
85, 2: 219-226.
Scott, A.C. & Fleet, A.J., Eds, 1994. Coal and Coal-bearing Strata as Oil-prone Source Rocks?, 213 pp. The
Geological Society, London. (Geological Society Special Publication No 77).
de Segonzac, G.D., 1970. The transformation of clay minerals during diagenesisand low-grade
metamorphism: A review. Sedimentology, 15, 3/4: 281-346.
Seredin, V.V. & Finkelman, R.B., 2008. Metalliferous coals: A review of the main genetic and geochemical types.
Internat. J. Coal Geol., 76, 4: 253-289.
Shaver, S.A., Eble, C.F., Hower, J.C. & Saussy, F.L., 2006. Petrography, palynology, and paleoecology of the
Lower Pennsylvanian Bon Air coal, Franklin County, Cumberland Plateau, southeast Tennessee. Internat. J.
Coal Geol., 67, 1-2: 17-46.
Sherlock, E., 1950. Studies on some properties of Alberta coals. I-Density. Fuel, 29: 245-252.
Sherlock, E., 1951. Studies on some properties of Alberta coals. II-Reflectivity. Fuel, 30, 2: 31-39
Smith, A.H.V., 1962. The Palaeoecology of Carboniferous Peats based on the Miospores and Petrography of
Bituminous Coals. Proc. Yorkshire geol . Soc., 33, 4: 423-474.

 
130 O carvão como rocha: Petrologia e Métodos analíticos

Smith, A.H.V., 1968. Seam Profiles and Seam Characters. In: D. Murchison & T.S. Westoll, Eds, Coal and Coal-
bearing strata. p. 31-40. Oliver & Bloyd. Edinburg.
Smyth, M., 1984. Coal microlithotypes related to sedimentary environments in Cooper Basin, Australia.
Special Publication, Internat. Assoc. Sedimentol., 7: 333-347.
Snyman, C.P., 1961. A comparison between the petrography of South African and some other palaeozoic
coals. Pretoria. (Publikasies van die Universiteit van Pretoria, N.R., Nº.15).
Stach, E., 1953. Der Inkohlungsprung im Ruhrkarbon. Brennst.-Chem., 34: 353-355.
Stach, E., 1955. Crassidurain – A Means of Seam Correlation in the Carboniferous Coal Measures of the Ruhr.
Fuel, 24: 95-118.
Stach, E., Mackowsky, M.-Th., Teichmüller, M., Taylor, G.H., Chandra, D. & Teichmüller, R., 1982. Stach’s
Textbook of Coal Petrology, 3rd Ed., 535 pp. Gebrüder Borntraeger, Berlin, Stuttgart.
Stone, I. J. & Cook, A. C., 1979. The influence of some tectonic structures upon vitrinite reflectance. J. Geol., 87,
5: 497-508.
Stopes, M. C., 1919. On the four visible ingredients in banded bituminous coal. Proc. roy. Soc. London, Ser.B,
90: 470-487.
Stopes, M. C., 1935. On the petrology of banded bituminous coal. Fuel Sci. Pract., 14, 1: 4-13.
Stracher, G.B., Ed., 2004. Coal Fires Burning around the World: a Global Catastrophe. Internat. J. Coal Geol., 59,
1-2: 1-152.
Styan, W.B. & Bustin, R.M., 1983. Petrography of some Fraser River delta peat deposits: coal maceral and
microlithotype precursors in temperate-climate peats. Internat. J. Coal. Geol., 2, 4: 321-370.
Suárez-Ruiz, I., Jiménez, A., Iglesias, M.J., Laggoun-Defarge, F. & Prado, J.G., 1994. Influence of Resinite on
Huminite Properties. Energy & Fuels, 8: 1417-1424.
Sun, S.C. & Campbell, J.A.L., 1966. Anthracite lithology and electrokinetic behaviour. In: Advances in
Chemistry Series 55 – Coal Science, p.363-375. American Chemical Society, Washington, D.C.
Swaine, D.J., 2000. Why trace elements are important. Fuel Process.Technol.,65-66: 21-33.
Sýkorová, I., Pickel, W., Christanis, K., Wolf, M., Taylor, G.H. & Flores, D., 2005. Classification of huminite – ICCP
System 1994. In: A.Cook, P.David & W.Pickel, Eds, Marlies Teichmüller Symposium, Copenhagen, Denmark, 19
August 2011. Internat. J. Coal Geol., 62, 1-2: 85-106.
Taylor, G.H., Liu, S.Y. & Teichmüller, M., 1991. Bituminite – A TEM view. Internat.J.Coal Geol., 18, 1-2: 71-85.
Taylor, G.H. & Teichmüller, M., 1993. Observations on fluorinite and fluorescent vitrinite with the transmission
electron microscope. Internat.J.Coal Geol., 22, 1: 61-82.
Taylor, G.H., Teichmüller, M., Davis, A., Diessel, C.F.K., Littke, R. & Robert, P., 1998. Organic Petrology, 704 pp.
Gebrüder Borntraeger, Berlin, Stuttgart.
Teichmüller, M., 1971. Anwendung kohlenpetrographischer Methoden bei der Erdöl- und Erdgasprospektion.
Erdöl Kohle Erdgas Petrochem.verein Brennst.-Chem., 24, 2: 69-76.
Teichmüller, M., 1973. Zur Petrographie und Genese von Naturkoksen im Flöz Präsident/Helene der Zeche
Friedrich Heinrich bei Kamp-Lintfort (Linker Niederrhein). Geol.Mitt., 12: 219-254.
Teichmüller, M., 1974a. Entstehung und Veränderung bituminoser Substanzen in Kohlen in Beziehung zur
Entstehung und Umwandlung des Erdöls. In: Sympos. ”Inkohlung und Erdöl. Beiträge der Kohlenpetrologie
zur Prospektion auf Erdöl und Erdgas”. Fortschr.Geol.Rhein.-Westf., 24: 65-112.
Teichmüller, M., 1974b. Formation et transformation des matières bitumineuses dans les charbons en relation
avec la genèse et l’évolution des hydrocarbures. In: P.Robert, Traducteur, “Houillification et Pétrole”, Sympos.
Contributions de la Pétrologie des Charbons à l’Exploration de l’Huile et du Gaz Naturel. Traduction BRGM
Nº.5477, p.79-138.
Teichmüller, M., 1974c. Nouveaux macéraux du groupe des liptinites et genèse de la micrinite. In: P.Robert,
Traducteur, “Houillification et Pétrole”, Sympos. Contributions de la Pétrologie des Charbons à l’Exploration
de l’Huile et du Gaz Naturel. Traduction BRGM Nº.5477, p.47-78.
Teichmüller, M., 1974d. Über neue Macerale der Liptinit-Gruppe und die Entstehung von Micrinit. In:
Sympos. ”Inkohlung und Erdöl. Beiträge der Kohlenpetrologie zur Prospektion auf Erdöl und Erdgas”.
Fortschr.Geol.Rhein.-Westf., 24: 37-64.
Teichmüller, M., 1982. Fluoreszenzmikroskopische Änderungen von Liptiniten und Vitriniten mit
zunehmendem Inkohlungsgrad und ihre Beziehungen zu Bitumenbildung und Verkokungsverhalten, 119 pp.
Geologisches Landesamt Nordrhein-Westfalen, Krefeld.

 
O Carvão na Actualidade 131

Teichmüller, M., 1984. Fluorescence microscopical changes of liptinites and vitrinites during coalification and
their relationship to bitumen generation and coking behaviour, 73 pp. Society for Organic Petrology,
Houston, Texas. (Special Publication No.1).
Teichmüller, M., 1987. Organic material and very low-grade metamorphism. In: M. Frey, Ed., Low
Temperature Metamorphism, p.114-161. Blackie, Chapman and Hall. Glasgow, London, New York, N.Y.
Teichmüller, M., 1989. The genesis of coal from the viewpoint of coal petrology. In: P.C.Lyons & B.Alpern, Eds,
Peat and Coal: Origin, Facies, and Depositional Models. Internat.J.Coal Geol., 12, 1-4: 1-87.
Teichmüller, M. & Juch, D., 1978. Kohlenpetrologische Methoden bei der Untersuchung eines Gas- und
Kohlenausbruchs. Glückauf-Forschungsh., 39 Jg , 1: 21-31.
Teichmüller, M. & Teichmüller, R., 1954. Zur mikrotektonischen Verformung der Kohle. Geol.jb., 69: 263-285.
Teichmüller, M. & Teichmüller, R., 1966. Geological causes of coalification. In: Advances in Chemistry Series 55
– Coal Science, p.133-155. American Chemical Society, Washington, D.C.
Teichmüller, M. & Teichmüller, R., 1967. Diagenesis of coal (Coalification). In: G.Larsen & G.V.Chilinger, Eds,
Diagenesis in Sediments and Sedimentary Rocks, p.207-246. Elsevier, Amsterdam. (Developments in
Sedimentology 25A).
Teichmüller, M. & Teichmüller, R., 1968. Geological aspects of coal metamorphism. In: D.Murchison &
T.S.Westoll, Eds, Coal and Coal-bearing strata, p.233-267. Oliver & Boyd, Edinburgh, London.
Teichmüller, M., Teichmüller, R. & Weber, K., 1979. Inkohlung und Illit-Kristallinität Vergleichende
Untersuchungen im Mesozoikum und Paläozoikum von Westfalen. Fortschr. Geol.Rhein.-Westf., 27: 201-276.
Teichmüller, M. & Teichmüller, R., 1981. The significative of coalification studies to geology - A review. Bull.
Centres Rech.Explor.-Prod. Elf-Aquitaine, 5, 2: 491-543. (Journ.”La Géologie des Charbons, des Schistes
bitumineux et des Kérogènes”, Pau, 1981).
Valković,V., 1983. Trace Elements in Coal, Vol.1, 210 pp, Vol.II, 281 pp. CRC Print, Inc., Boca Raton, Flo.
Vergeron, M. de & Belin, J., 1966. Etude des dégagements instantanés de Méthane. Ann.Min., 1966, 3: 203-218.
Vorres, K.S., Ed., 1986. Mineral Matter and Ash in Coal, 537 pp. American Chemical Society, Washington,
D.C. (ACS Symposium Series 301).
de Vries, H.A.W., Habets, P.J. & Bokhoven, C., 1968. Das Reflexionsvermogen von Steinkohle. 2 – Die
reflexionsanisotropie. Brennst.-Chem., 49, 2: 47-52.
Ward, C.R., 2002. Analysis and significance of mineral matter in coal seams. In: J.C.Hower, Ed, Volume 50 of
International Journal of Coal Geology. Internat. J. Coal Geol., 50, 1-4: 135-168.
Wassojewitsch, N.B., Kortschagina, J.L., Lopatin, N.W., Tschernnyschew, W.W. & Tschernikow, K.A., 1969. The
Hauptphase der Erdölbildung. Z. angew. Geol, 15, 12: 612-621.
Xue, S., Wang, Y., Xie, J. & Wang, G., 2011. A coupled approach to simulate initiation of outbursts of coal and
gas – Model development. Internat. J. Coal Geol., 86, 1-2: 222-230.

 
 

 
 

ESTAMPAS

 
 

Estampa 1 - Grupos da huminite e da vitrinite: Tecidos


1. Textinite com alguns enchimentos celulares de corpo-huminite (C). No
mesmo tecido observa-se uma parte (à esquerda) com poder reflector mais
baixo e outra parte (à direita) com poder reflector mais alto. Note-se, ainda,
que o poder reflector da corpo-huminite é superior ao do tecido gelificado,
o que é comum nos carvões com este grau de evolução. Bacia de Rio Maior.
Ra = 0,17%.
2*. O mesmo campo representado em 1 observado em fluorescência. Note-se
que todo o tecido apresenta a mesma intensidade de fluorescência apesar
de exibir variações no poder reflector.
3. Textinite com algumas cavidades celulares preenchidas por corpo-huminite (C).
Note-se a diferença de poder reflector entre o tecido gelificado e a corpo-
huminite. Mina do Sítio do Pinheiro (Soure). Ra = 0,24%.
4. Textinite com corpo-huminite associada. Note-se que, neste caso, e devido
ao facto de o poder reflector deste carvão ser superior ao da figura 3, não
existe diferença de poder reflector entre o tecido gelificado e a corpo-
huminite. Ocorrências em Baleal/Ferrel. Ra = 0,48%.
5. Telinite com estrutura celular bem visível e cavidades celulares preenchidas
por resinite ou corpogelinite. Qualquer que seja o material de enchimento
presente, devido ao alto grau de incarbonização deste carvão, as
propriedades ópticas dos dois macerais referidos são actualmente as
mesmas. Bacia Carbonífera do Douro. Rmax = 6,50%.
6. Telinite com cavidades celulares reduzidas a linhas mais ou menos
descontínuas. Bacia Carbonífera do Douro. Rmax = 6,24%.
7. Transição da textinite (à direita) para a ulminite (à esquerda), ambas
associadas à corpo-huminite (C). Bacia de Rio Maior. Ra = 0,21%.
8. Transição da textinite (à direita) para a ulminite (à esquerda). Ocorrências no
Concelho da Batalha. Ra = 0,46%.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca não polarizada
* Fluorescência: Luz azul, BG12 ( = 408 nm); K510; TK510.

 
 

 
 

Estampa 2 - Grupos da humite e da vitrinite: Tecidos


1. Ulminite A e leito de ulminite B (com poder reflector mais alto). Bacia de Rio
Maior. Ra = 0,17%.
2*. O mesmo campo representado em 1 observado em fluorescência. A
ulminite A fluoresce em amarelo-dourado tornando evidente a estrutura
celular. A ulminite B não é fluorescente.
3. Ulminite. Note-se o grau de gelificação deste tecido no qual, contudo, ainda
são visíveis vestígios da estrutura celular original. Ocorrências em
Baleal/Ferrel. Ra = 0,48%.
4. Ulminite com estrutura celular original bem evidente. Ocorrências na Foz
do Arelho. Ra = 0,40%.
5. Leito de colotelinite com fendas de retracção e pontuações típicas. A
colotelinite está intercalada entre semifusinite (em cima) e vitrodetrinite
aglomerada por minerais da argila (em baixo). Bacia Carbonífera do Douro.
Rmax = 6,24%.
6. Colotelinite. Na parte superior pode observar-se semifusinite e
inertodetrinite. Bacia de Santa Susana. Ra = 1,55%.
7. Leito de colotelinite com fendas de retracção e pontuações típicas. À direita
pode observar-se colodetrinite e à esquerda vitrodetrinite aglomerada por
um cimento de minerais da argila. Bacia Carbonífera do Douro. Rmax =
6,07%.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca não polarizada
* Fluorescência: Luz azul, BG12 ( = 408nm); K510; TK510.

 
 

 
 

Estampa 3 - Grupos da huminite e da vitrinite: Geles e detritos;


Pseudovitrinite
1. Porigelinite em contacto com a atrinite (visível à esquerda e no canto
superior direito), por vezes englobando macerais detríticos. Bacia de Rio
Maior. Ra = 0,24%.
2. Levigelinite com fendas de dessecação características. Bacia de Rio Maior.
Ra = 0,20%.
3. Corpo-huminite: Flobafinite (Fl) a preencher cavidades celulares da textinite.
Note-se o aspecto da superfície, umas vezes lisa, outras vezes porosa.
Ocorrências em Óbidos. Ra = 0,44%.
4. Corpo-huminite: Flobafinite (Fl) a preencher vacúolos celulares da textinite.
Note-se que a corpo-huminite apresenta poder reflector mais elevado do
que a textinite. Pode, ainda, observar-se a estrutura das paredes celular
sendo bem visível a lamela que une essas paredes, a qual exibe poder
reflector mais elevado devido à presença de lignina. Ocorrências na Foz do
Arelho. Ra = 0,40%.
5. Atrinite, constituída por detritos húmicos, e inertodetrinite (Id). Mina do
Sítio do Pinheiro (Soure). Ra = 0,24%.
6. Densinite. Note-se a homogeneização do material húmico. Bacia de Rio
Maior. Ra = 0,20%.
7. Colodetrinite formando um cimento a macerais detríticos e esporinite.
Minas da Bezerra (Porto de Mós). Ra = 0,56%.
8. Pseudovitrinite de aspecto homogéneo com fendas sigmoidais
características. Unidade S. Rafael, Minas Maria e Cervantes, Bacia de
Peñarroya-Belmez-Espiel (Córdoba, Espanha). Ra = 3,2%.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca não polarizada

 
 

 
 

Estampa 4 – Grupo da inertinite: Tecidos, geles e micrinite


1. Fusinite: Degradofusinite com cavidades celulares não preenchidas.
Ocorrências no Concelho da Batalha. Ra = 0,46%.
2. Fusinite com paredes celulares muito finas e cavidades celulares não
preenchidas. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,22%.
3. Banda de semifusinite enquadrada entre a colodetrinite (à esquerda) e a
inertodetrinite (à direita). Notem-se as diferenças de poder reflector
exibidas pelos diferentes macerais. Bacia de Santa Susana. Ra = 1,55%.
4. Semifusinite. A gelificação sofrida por este maceral, confere-lhe aspecto
característico. Bacia Carbonífera do Douro. Rmax = 6,07%.
5. Transição da colotelinite (à esquerda) para a semifusinite (à direita). Note-se
o aspecto característico da semifusinite aqui bem evidenciado pelo facto de
estar a ser observado em luz polarizada. Bacia Carbonífera do Douro.
Rmax = 6,22%.
6. Macrinite com auréola de poder reflector mais alto. Bacia de Rio Maior. Ra =
0,20%.
7. Micrinite no seio da colodetrinite. Bacia de Santa Susana. Ra =1,55%.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca não polarizada com excepção da figura 5 que foi obtida em luz
branca polarizada

 
 

 
 

Estampa 5 – Grupo da inertinite: Detritos, restos de fungos e resinas


oxidadas
1. Funginite: Micélio (Mi) e escleroto (Es) de fungo. Bacia de Rio Maior. Ra =
0,17%.
2. Funginite: Escleroto de fungo. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,26%.
3. Secretinite: Resina oxidada com contorno poligonal típico e fissuras devidas
à desvolatilização provocada por oxidação primária. Bacia Carbonífera do
Douro. Rmax = 5,53%.
4. Funginite: Escleroto de fungo. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,22%.
5. Funginite: Escleroto de fungo. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,17%.
6. Secretinite: Resina oxidada com contorno oval irregular. Note-se as fendas e
as perfurações resultantes de desvolatilização por oxidação primária. Bacia
Carbonífera do Douro. Rmax = 6,24%.
7. Funginite: Escleroto de fungo. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,23%.
8. Secretinite: Resina oxidada. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,18%.
9. Cutícula oxidada. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,24%.
10. Inertodetrinite: Fusinite estrelada. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,22%.
11. Inertodetrinite: Fusinite estrelada. Ocorrências no Concelho da Batalha. Ra =
0,46%.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca não polarizada

 
 

 
 

Estampa 6 – Grupo da liptinite: Esporinite, cutinite e suberinite


1. Esporinite representada por um megaesporo vitrinizado em secção perpendicular
ao plano de estratificação. Dado o grau de incarbonização deste carvão, só é
possível a identificação da esporinite pelo facto de se encontrar no seio de
minerais da argila. Bacia Carbonífera do Douro. Rmax = 6,22%.
2, 3*, 4, 5*, 8*, 9* e 11*. Esporinite: Esporos com diferentes tamanhos,
formas e ornamentações.
2 e 3. Ocorrências em Óbidos. Ra = 0,44%.
4 e 5. Ocorrências no Concelho da Batalha. Ra = 0,46%.
8, 9 e 11. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,25%, Ra = 0,21%, e Ra = 0,23%.
As figuras 2 e 4 foram obtidas em luz branca as restantes em fluorescência.
6. Esporinite: Aspecto geral de um carvão rico em esporinite representando
uma trimacerite constituída por uma associação de colodetrinite,
inertodetrinite, semifusinite e esporinite. Carvões de Figueira (Plano
Inclinado 115), Paraná, Brasil. Ra = 0,54%.
7*. O mesmo campo representado em 6 observado em fluorescência.
10*.Esporinite: Esporângio observado em fluorescência. Bacia de Rio Maior. Ra =
0,23%.
11*.Suberinite observada em fluorescência. Note-se a fluorescência em amarelo-
acastanhado das paredes celulares cujos vacúolos se encontram preenchidos
por corpo-huminite (C) não fluorescente. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,25%.
13. Suberinite com vacúolos celulares preenchidos por corpo-huminite (C). Corte
perpendicular ao alongamento da raíz. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,23%.
14. Cutinite: Cutícula em corte perpendicular à superfície maior da folha. Couto
Mineiro do Cabo Mondego. Ra = 0,52%.
12*.Cutinite: Cutícula em corte perpendicular à superfície maior da folha.
Fotografia obtida em fluorescência. Bacia de Rio Maior. Ra 0,26%.
13*.Cutinite: Cutícula em corte tangencial à superfície maior da folha. Fotografia
obtida em fluorescência. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,26%.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca não polarizada
* Fluorescência: Luz azul, BG12 ( = 408nm); K510; TK510.

 
 

 
 

Estampa 7 – Grupo da liptinite: Resinite, alginite, liptodetrinite e


fluorinite
1. Resinite: Glóbulo de resina com forma ovalóide. Minas da Bezerra (Porto de
Mós). Ra = 0,56%.
2*. O mesmo campo representado em 1 observado em fluorescência.
3. Textinite com cavidades celulares preenchidas por resinite (R) e corpo-
huminite (C). Ocorrências na Foz do Arelho. Ra = 0,40%.
4*. O mesmo campo representado em 3 observado em fluorescência. A
textinite fluoresce em castanho-escuro, a resinite (R) em amarelo. A corpo-
huminite (C) não fluoresce.
5. Alginite: Colónia de Botryococcus de grandes dimensões apresentando
reflexões internas. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,23%.
6*. O mesmo campo representado em 5 observado em fluorescência. Note-se a
fluorescência intensa em amarelo-esverdeado que evidencia a estrutura
interna da colónia.
7*. Fluorinite associada à cutinite (Cu). Fotografia obtida em fluorescência.
Bacia de Rio Maior. Ra = 0,29%.
8*. Fluorinite patenteando fluorescência em amarelo-esverdeado. Bacia de Rio
Maior. Ra = 0,23%.
9. Liptodetrinite associada a outros detritos e esporinite. Couto Mineiro do
Cabo Mondego. Ra = 0,52%.
14*.O mesmo campo representado em 9 observado em fluorescência. Note-se
que só em fluorescência é possível identificar a liptodetrinite com nitidez.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca não polarizada
* Fluorescência: Luz azul, BG12 ( = 408nm); K510; TK510.

 
 

 
 

Estampa 8 – Microlitótipos e grupos de microlitótipos


1. Vitrite.
2. Fusite.
3. Clarite.
4. Vitrinertite.
5. Durite. À esquerda, aspecto da Crassidurite (com esporos de parede espessa)
e, à direita, Tenuidurite (com esporos de parede fina).
6. Duroclarite.
7. Clarodurite.
Carvão betuminoso altamente volátil, Bacia do Ruhr 300x
(reproduzido de Taylor et al. 1998, Fig 5.1, p.284, com autorização de E.
Schweizerbart: www.schweizerbart.de).
Microscopia óptica em luz reflectida

 
 

 
 

Estampa 9 – Efeitos da tectónica


1. Vitrinite fissurada pela tectónica. Note-se que as partículas delimitadas
pelas fissuras não foram deslocadas umas em relação às outras. Bacia
Carbonífera do Douro. Rmax = 6,50%.
2. Vitrinite fissurada pela tectónica. As partículas delimitadas pela fissuração
encontram-se aglutinadas por minerais da argila. Bacia Carbonífera do
Douro. Rmax = 5,38%.
3 e 4. Cataclasito de carvão. Vitrinite fissurada pela tectónica com
deslocamento das partículas. Note-se a desigualdade de iluminação
verificada nos diferentes grãos para cada posição da platina. A figura 4
representa o mesmo campo da figura 3 mas observado a 45º da primeira.
Bacia Carbonífera do Douro. Rmax = 6,50%.
5. Cataclasito de carvão com coalescência total das partículas. Bacia
Carbonífera do Douro. Rmax = 6,33%.
6. Transição entre a semifusinite (à esquerda) e colotelinite (à direita). Note-se
a deformação destes macerais por acções mecânicas sinsedimentares. Bacia
Carbonífera do Douro. Rmax = 6,24%.
7. Fusinite (degradofusinite) deformada por acções mecânicas
sinsedimentares. Bacia Carbonífera do Douro. Rmax = 5,44%.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca polarizada

 
 

 
 

Estampa 10 – Efeitos da oxidação natural e de alteração térmica


1. Fissuração devida à oxidação que atingiu a totalidade de uma partícula de
colotelinite. Minas de Ferraria (Porto de Mós). Ra = 1,30%.
Luz branca não polarizada.
2. Fissuração devida à oxidação que se desenvolveu a partir da periferia da
colotelinite. Bacia Carbonífera do Douro (afloramento de camada). Rmax =
2,38.
Luz branca polarizada.
3. Fissuração devida à oxidação que se desenvolveu num campo de semifusinite.
Bacia Carbonífera do Douro (afloramento de camada). Rmax = 2,39.
Luz branca polarizada.
4. Poros de desvolatilização da vitrinite, com formas e dimensões distintas,
devidos a efeitos térmicos. Camada Cervantes, Bacia de Peñarroya-Belmez-
Espiel (Córdoba, Espanha).
Luz branca polarizada.
5. Coque natural com textura isotrópica a mosaico muito fino. Camada
Cervantes, Bacia de Peñarroya-Belmez-Espiel (Córdoba, Espanha).
Luz branca polarizada (nícois cruzados).
6. Coque natural com textura em mosaico fino. Camada Cervantes, Bacia de
Peñarroya-Belmez-Espiel (Córdoba, Espanha).
Luz branca polarizada (nícois cruzados).
7. Poros de desvolatilização, de forma elíptica, orientados paralelamente ao
plano axial de microdobras. Camada Cervantes, Bacia de Peñarroya-Belmez-
Espiel (Córdoba, Espanha).
Luz branca polarizada (nícois cruzados).
8 e 9. Pirocarbono com formas esferoidais e textura característica. Na figura 9,
notem-se as cores violeta e verde na estrutura do pirocarbono quando este
constituinte é observado com os nícois cruzados e lâmina de gesso. Este
facto mostra que não se está em presença da grafite, a qual, nestas
condições de observação deveria exibir as cores azul e alaranjado. Bacia
Carbonífera do Douro. Rmax = 6,24%.
Luz branca polarizada: figura 8 com os nicóis paralelos, figura 9 com os
nicóis cruzados e lâmina de gesso.
Microscopia óptica em luz reflectida

 
 

 
 

Estampa 11 – Evolução das propriedades ópticas dos macerais com a


incarbonização (adaptado de Alpern 1969a)
Série de fotografias (1 a 9) nas quais é possível ver a evolução das propriedades
ópticas dos macerais no decurso da incarbonização, traduzidas no poder
reflector dos três grupos de macerais.
O grau de incarbonização da série de carvões representados está expresso pelo
teor em matérias voláteis (MV%) e pelo valor médio do poder reflector aleatório
da vitrinite ( Ra %), sendo nítida a convergência dos poderes reflectores dos três
grupos de macerais à medida que a incarbonização progride (veja-se, também, a
Fig. 1.9) passando das lignites e carvões sub-betuminosos (fotografia 1), aos
carvões betuminosos (fotografias 2 a 7) e às antracites (fotografia 8) e
metantracites (fotografia 9). Nestas últimas, só o contraste obtido com a luz
polarizada torna possível observar, com nitidez, os vários constituintes.
Microscopia óptica em luz reflectida
1-8 Luz branca não polarizada
9 - Luz branca polarizada

 
 

 
 

Estampa 12 – Matéria mineral: Inclusões minerais


1. Pirite epigenética a preencher cavidades celulares da textinite. Ocorrências
em Baleal/Ferrel. Ra = 0,48%.
2. Pirite singenética (framboidal) associada à vitrodetrinite e a minerais da
argila. Dada a ampliação a que a imagem foi obtida, pode-se verificar que as
concreções de pirite são formadas por pequenos cristais. Bacia Carbonífera
do Douro. Rmax = 6,04%.
3. Carbonatos a preencher cavidades celulares e fracturas da telinite. Bacia de
Santa Susana. Ra = 1,55%.
4. Carbonatos a preencher algumas cavidades celulares da textinite.
Ocorrências na Foz do Arelho. Ra = 0,40%.
5. Concreções de carbonatos singenéticos (siderite-anquerite). Bacia
Carbonífera do Douro.
6. Matéria mineral, com aspecto conglomerático, constituída por minerais da
argila e clastos de quartzo. Note-se a presença de inertodetrinite (Id). Bacia
de Rio Maior. Ra = 0,22%.
7. Matéria mineral: óxidos de ferro. Bacia de Rio Maior. Ra = 0,29%.
Microscopia óptica em luz reflectida
Luz branca não polarizada

 
 

Você também pode gostar