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a história de um asilo
De que iracundo deus cumprindo o aresto venho?
Por morte de seu progenitor é que começa a sua história mental propriamente dita.
Usufruindo um pequeno rendimento de herança, entregue a si mesma, começou a
revelar-se incapaz de gerir seus bens, que dissipava sem conta.
Um pouco mais tarde, sua conduta entrou a manifestar singularidades. Certa vez,
comprou trajes masculinos e saiu a viajar neste estado. Foi reconhecida como mulher
e presa pela polícia (...).
Achamos, pelo exposto, que se trata de uma degenerada fraca de espírito em que se
vai instalando pouco a pouco a demência".
“Nossa doente é a última filha nascida e como tal sempre habituada a mimos e
carícias excessivas. Muito inteligente, estudou na Escola Normal, onde
salientou-se, recebendo sempre os maiores elogios, que a tomaram orgulhosa.
Realmente os merecia, pois três anos após sua formatura foi nomeada diretora
de grupo escolar em Santos. Ali, sempre se distinguiu, multiplicando a sua
atividade. (...)
Por uma futilidade, desgostou-se e pediu remoção para Araras; achou o meio
muito acanhado para o seu talento e abandonou o lugar.
Trabalhava demais: havia uma hiperexcitação intelectual; escrevia livros
escolares que julgava modelos; fundava escolas noturnas; comprava livros e
livros para ler; já neste tempo tornara-se completamente independente: não
admitia intervenção ou mesmo conselhos dos pais ou irmãos mais velhos;
confiava exclusivamente em si (...)".
Prontuário.
Eunice C., trinta anos, solteira, professora, procedente da capital,
internada em 11-1-1910.
55 anos, dos 76, no Hospital
Psiquiátrico do Juquery
• Repórter – Onde é melhor a comida: aqui ou no
Juquery?
• Maria Celestina – Juquery.
• Repórter – Lá era mais gostoso?
• MC – Era.
• Cinco segundos depois:
• Repórter – Onde era mais gostosa a comida: no
Juquery ou aqui?
• MC – Aqui.
https://www.metropoles.com/brasil/adeus-juquery-a-nova-vida-dos-ultimos-
moradores-do-manicomio-mais-antigo-do-pais