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MORTES NO TRABALHO

Questões Para Pensar Mortes no Trabalho


no Brasil

• Qual trabalho mais mata no Brasil?


• Como o trabalho mata no Brasil?
• Quantas pessoas o trabalho mata por ano?
• Quem são as pessoas que o trabalho mata?
• O que acontece com a família das vítimas de
acidentes fatais?
• Quais outros efeitos os acidentes podem criar?
• Como os acidentes são explicados / analisados
no Brasil?
Mais Questões Para Pensar

• Quem e como responde a essas questões?


• Como os empregadores reagem a essa situação?
• O que estão fazendo ou podem fazer para
mudar essa situação:
– Sindicatos de trabalhadores?
– O Estado brasileiro?
– Outros segmentos organizados da sociedade?
• Que estratégias podem ser apontadas para os
interessados na mudança dessa situação?
QUEM LIDA COM ESSAS QUESTÕES NO
BRASIL ATUALMENTE?
Quem?
• Estado:
– Ministério da Saúde e SUS: federal, estados
e municípios
– Previdência Social e AGU
– MTE e Ministério Público do Trabalho
– Poder Judiciário
– Outros organismos reguladores
• Empregadores
• Sindicatos de Trabalhadores e Associações de
vítimas
• Universidades e instituições de pesquisa
QUESTÃO PRELIMINAR

COMO É VISTO O ACIDENTE DO


TRABALHO EM ESTUDOS RECENTES?
O Acidente do Trabalho Como Gravata-
Borboleta

Distais

Proximais Imediatas
Tardias
1. Evento
indesejado

3. Antecedentes 2. Consequências
ou origens
Origens e Consequências de Acidentes
Mortes, lesões agudas
Falta ou falha de no trabalhador
barreiras contra perigos
ou riscos antecipados Lesões tardias em vítimas,
colegas e equipes assistenciais
Distais
Gerações futuras
Eventos originados por
Proximais s
ImediataCustos
decisões ou práticas para
fazer face a perturbações
Tardias
ou variabilidades da Danos materiais,
atividade
1. Evento ambientais ...
súbito
Direitos civis, sociais ...

3. Antecedentes 2. Consequências
ou origens
COMO SÃO RESPONDIDAS ESSAS
QUESTÕES NO BRASIL?
A Abordagem Despolitizadora
• Sindicatos e empresas tratam acidentes como
fenômenos individuais, centrados na vítima e nas
proximidades do evento AT pp dito

Proximais Imediatas

1. Evento
súbito

• Profissionais de segurança sobretudo de


empresas atribuem o AT a erro do trabalhador
– Inibir a prevenção
Consequências da Abordagem
Despolitizadora

• Tendências à:
– Respostas jurídicas em casos isoladas – AT
como problema individual da vítima
– Determinantes sociais dos acidentes
permanecem intocados
– “Custo do Silêncio” (M LLory):
• Não explorar a dimensão reveladora do
acidente
– Invisibilidade social de “causas” e
consequências dos acidentes e de Doenças.
Outra Resposta é Possível?

• Lutas contra o Benzeno e o Amianto no Brasil:


– Experiências que buscam associar:
• Organização e participação dos
trabalhadores
• Mapeamento nacional de fontes de
exposição
• Ações preventivas nos espaços de trabalho
e uso dos produtos
• Mudanças legislativas em níveis municipal,
estadual e nacional
• Esboços de negociações coletivas em SST
ASPECTOS RECENTES DAS RESPOSTAS
AOS ACIDENTES NO BRASIL
Quem Faz o Que em Relação aos Acidentes?
• Ministério da Saúde e demais organismos do
Há participação de trabalhadores?
SUS:
– Assistência às vítimas – imediatas e tardias
Críticas à exclusão de trabalhadores
– Resposta de emergência
domésticos, servidores públicos,
– Sistemas de informação ou notificação de AT:
autônomos
SINAN (c.i),com
Net, acidentes informais?
contaminação
biológica; sistemas locais em diversos estados,
Críticas
etc. a limites e fragilidades da
– Embrião depolítica denoção
resgate da ST?de vigilância em
saúde em serviços da RENAST
Há planos
• Esboços de coletiva
de resposta ação comaos acidentes
reivindicações?
• Planos municipais de ST
• Análises de acidentes
CEREST, SRT: Análises de acidentes

• Análises ou Estudos de casos


– A atribuição de culpa
– Condutas fraudulentas pós acidentes
– A fragilização técnica e política dos atores
da prevenção
– Abordagens sistêmicas e respostas coletivas
– Análise como ponto de partida para
politização de agenda pela prevenção:
• Renegociar a organização da produção,
conforme lista de exemplos (slide seguinte)
Exemplos de Agendas possíveis

1. Atraso de produção (filme) e atraso de


entrega: gestão de atrasos de produção
2. Venda de sala e gestão de projeto
3. Modo manual armazena comando não obedecido
– concepção de máquina (surpresa automática)
4. Aceitar sobrecarga de trabalho (oficina, PS):
inadequação entre capacidade instalada e
demandas
5. Invasão de postos de trabalho em linha de
montagem: recensear gargalos, diagnosticar
origens e propor correções
Quem Faz o Que em Relação aos Acidentes?
Há participação de trabalhadores?
• Previdência Social:
Há acompanhamento visando
– Nexo técnico epidemiológico
identificar
• 2006: 26.645
distorções e
possibilidades?
• 2007: 159.741
– Fator Acidentário
Como? de Prevenção
Críticas (FAP) e
aos limites
• Legislação foca cobrança de resultados?
fragilidades da política?
Há planos de ação com
reivindicações?
Quem Faz o Que em Relação aos Acidentes?
Há participação de trabalhadores?
• MTE, Previdência Social e AGU
– PS:Há acompanhamento
Repasse banco de acidentesvisando
CAT ao MTE
– MTE: identificar
Retoma análises AT e emissãoe de
distorções
relatórios para ações regressivas
• Explorarpossibilidades?
prevenção técnica e origens
organizacionais? TAC?
• Como? Críticas aos limites e
Rever normas
– AGU/fragilidades da política?
Procuradoria INSS: Ações regressivas:
• 28 de abril: 351 ações
Há planos
• Explorar depela
prevenção ação com de
imputação
reivindicações?
responsabilidade
Quem Faz o Que em Relação aos Acidentes?
• Poder Judiciário

Os trabalhadores e suas
– Emenda constitucional 45 (2004): Competência da
Justiça do Trabalho
organizações estão usando essas
– Art 927 do Código Civil (2002): Responsabilidade
objetiva
informações em defesa da
• “Haverá obrigação de reparar o dano,
saúde?
independentemente de culpa, nos casos
especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano
O que pode ser feito visando a
implicar, por sua natureza, riscos para o direito de
outrem”
prevenção de agravos e a
– Enunciados 37 e 38 do TST: aplica-se aos AT

responsabilização dos autores?


• Ações regressivas: Justiça Federal
Lei 9605 (1998): Lei de crimes
ambientais
• Art 54: Causar poluição de qualquer natureza
em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana ...
– Pena: reclusão de 1 a 4 anos e multa
Define como crime atividades como extração de
granito a seco e outras com exposição a
substâncias químicas acima de seus limites de
tolerância

Espanha: Ameaça social: Sentenças judiciais


culpando vítimas por seus acidentes
Quem Faz o Que em Relação aos Acidentes?
• Universidades, institutos de pesquisa
– Estudos de distribuição de acidentes:
• País, estados, municípios
• Ramos de atividades, empresas ...
– Determinantes sociais, precarização, inovações
– Consequências de acidentes
– Custos de acidentes
– Estudos de casos
• Responsabilização e atribuição de culpa
• Condutas fraudulentas pós acidentes
• A fragilização técnica e política dos atores
da prevenção
• Abordagens sistêmicas e respostas coletivas
ASPECTOS DA ACIDENTALIDADE E
MORTES NO TRABALHO NO BRASIL
Acidentes do Trabalho Registrados com
CAT (2005 a 03/2008)
 Ranking do CNAE que mais emite CAT: (1.900.000
cat)
Ranking CNAE DESCRIÇÃO Total
1 85111 Atividades de atendimento hospitalar 102.666
2 15610 Usinas de açúcar 46.300
Construção de Edificações (residenciais, industriais, comerciais e
3 45217 41.966
de serviços)
Outras atividades de serviços prestados principalmente às
4 74993 36.665
empresas, não especificadas anteriormente
5 15113 Abate de reses, preparação de produtos de carne 35.783
6 60267 Transporte rodoviário de cargas, em geral 33.067
7 75116 Administração pública em geral 29.338
Comércio varejista de mercadorias em geral, com
8 52124 28.782
predominância de produtos alimentícios.
9 74500 Seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra 26.444
10 01139 Cultivo de cana-de açúcar 24.741
OBS.: Codificação do CNAE 1.0
O que mata no Brasil – 2005 a 2007

• Transporte rodoviário: motoristas de caminhão


• Choques elétricos: construção civil, comércio
varejista, agricultura e outras atividades com
48% das mortes
• Quedas: representam cerca de 18% dos AT e
15% das mortes.
– Edificação, transporte de carga, agricultura,
comércio
• Máquinas: representam cerca de 12% dos AT e
6% das mortes.
PRIORIDADES REFERENTES AOS
ACIDENTES DE TRABALHO
GRAVIDADE
2005 2006
Grupos Mtdade Letalidade nível Mtdade Letalidade nível
Agricultura, ... 20,81 7,65 alto 18,26 7,15 médio
Extrativa Mineral 21,75 6,41 alto 19,11 6,62 médio
Indústria da Transformação 10,70 3,33 médio 9,36 3,05 baixo
Eletricidade, Gás e Água 9,00 3,53 baixo 20,70 6,92 alto
INDÚSTRIA CONSTRUÇÃO 25,25 9,92 alto 22,94 9,34 alto
Comércio e Veículos 8,74 7,97 médio 7,68 6,95 médio
Alojamento e Alimentação 4,11 3,96 baixo 3,26 3,29 baixo
TRANSP, ARMAZ COM. 23,77 10,43 alto 25,61 11,38 alto
Intermediações Financeiras 3,41 2,54 baixo 2,74 2,19 baixo
Ativ Imob e Serv Prestados 8,57 7,76 médio 7,41 7,21 médio
Administração Pública 7,43 4,31 médio 7,19 4,03 médio
Ensino 1,47 2,72 baixo 2,20 3,88 baixo
Saúde 2,05 0,66 baixo 1,51 0,46 baixo
Outros Serviços 5,48 3,61 baixo 6,22 4,09 médio
Total do BRASIL 10,53 5,39 médio 9,81 5,06 médio
ASPECTOS DA ABORDAGEM DE
ACIDENTES EM OUTROS PAÍSES
Exemplo práticas

• CSB – reivindicar tratamento aos AT semelhante


– Relatórios públicos
– Filmes com reconstruções do acidente
– Ampliação do perímetro de análises
• HSE – contratação de estudos
• Comunidade européia – conteúdo mínimo de
sistema de informações
COMENTÁRIOS FINAIS
AGENDA POLÍTICA PARA ACIDENTES DO
TRABALHO

• Abordar integralidade dos aspectos associados


aos acidentes
• Evitar armadilhas da “judiciarização” da agenda
• Utilizar achados das análises de acidentes como
fontes de informações para agenda de
negociações:
– Revelar como organização do trabalho cria
perigos e riscos
– Incluir o ponto de vista de quem faz o
trabalho na agenda de prevenção
Para Pensar Agenda
• Gestão participativa, aberta ao controle social
• Planos de ação (do local ao nacional) com
prioridades e metas definidas com bases
democraticamente negociadas
– Incluindo metas de prevenção de acidentes
– Avaliações e balanços periódicas
– Considerando enfoque da vigilância em saúde:
origens (gênese); exposição e consequências.
• Ações especificas pós acidentes graves e fatais
– Morte no trabalho é inaceitável
• Política e práticas de Comunicação:
– Dar visibilidade ao invisível: balanços anuais
do custo humano do trabalho?
Para pensar Agenda

• Parcerias universidades-serviços
• Usos da internet – observatórios, fóruns
• Redes de colaboração

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