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Gregório

de
Matos
Lírica
Amorosa
A Maria dos Povos, sua futura esposa
Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca, o Sol e dia:

Enquanto, com gentil descortesia,


O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade,


Que o tempo trota, a toda ligeireza,
E imprime em toda flor sua pisada.

Oh não aguardes, que a madura idade


Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada
Lírica
A Maria dos Povos, sua futura esposa Amorosa
Discreta e formosíssima Maria,
O poeta elogia a beleza de sua
Enquanto estamos vendo a qualquer hora, amada através de metáforas: no
Em tuas faces a rosada Aurora, rosto, a rosada aurora; em seus
olhos, o sol; e o dia em sua
Em teus olhos e boca, o Sol e dia: boca.

Enquanto, com gentil descortesia,


O ar, que fresco Adônis te namora, Admira o vento da manhã
Te espalha rica trança voadora, batendo no rosto da amada e
passando por seus cabelos
Quando vem passear-te pela fria:

Goza, goza da flor da mocidade, Pede que sua amada aproveite a flor
Que o tempo trota, a toda ligeireza, de sua mocidade pois o tempo é
E imprime em toda flor sua pisada. implacável.

Oh não aguardes, que a madura idade Repete o tema da estrofe anterior: é o


carpe diem barroco.
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada
Lírica Amorosa

• Elogio à beleza feminina


• “Carpe diem” barroco
• Fugacidade do tempo
• Efemeridade das coisas
Custódio: que
Rompe o poeta com a primeira
tem a função de
guardar ou
impaciência querendo declarar-se e
proteger temendo perder por ser ousado Lírica
alguém ou algo.
 
Guarda: Anjo no nome, Angélica na cara, Amorosa
salvação
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara?
Quem veria uma flor, que a não cortara
De verde pé, de rama florescente?
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus, o não idolatrara?
Se como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
Posto que Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda
Lírica Amorosa
• Tensão entre o sagrado e o profano
• Angústia sentimental: paixão e medo do
pecado
• Ascetismo X Sensualismo
• Espírito X Matéria
• Refreamento X Paixão

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