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Alfazema, Alecrim, Tomilho

Manuel Ângelo Rodrigues


Escola Superior Agrária de Bragança

Junho de 2011
Alfazema ou Lavanda
 
Origem e adaptação agroecológica
É originária da bacia do mediterrâneo.
Associada a ambientes quentes, áridos e de elevada exposição solar.
Prefere solos bem drenados (não sobrevive em solos que permaneçam
encharcados durante o Inverno), arenosos e, eventualmente calcários.
Encostas quentes voltadas a Sul, com solos bem drenados e pouco férteis
parecem constituir a localização ecológica ideal.
Botânica e morfologia

Família: Lamiaceae (labiadas: flores tubulares cuja “boca” termina em dois


lábios ou raramente um só).

Género: Lavandula

Espécies espontâneas no território Nacional:


L. Luisieri (três longas brácteas violetas ou brancas no topo da espiga).
L. pedunculata (longo pedúnculo da inflorescência permite distingui-la de L.
luisieri; abundante no Nordeste, Centro e Sul).
L. viridis [tonalidade verde-amarelada ou branca das espigas; intensa
concentração de pêlos glandulares: abundante no Nordeste, Centro e Sul
(rosmaninho verde)].
L. multifida (altamente termófila; presente nas vertentes expostas a Sul da
Arrábida e no Vale do Guadiana).
L. latifolia (presente nos calcários da Estremadura e Beira Litoral)
Lavandula viridis L. Lavandula stoechas L. Lavandula pedunculata
L.

https://flora-on.pt/index.php#/1lavandula

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lavandula_latifolia

Lavandula multífida L. Lavandula latifólia L.


Botânica e morfologia
Lavandas ornamentais. Costumam agrupar-se em função da altura: anãs, porte médio,
altas (L. angustifolia, L. stoechas, L. dentata e L. multifida). Há também variedades
híbridas obtidas de L. angustifolia com L. latifolia.

Principais lavandas cultivadas em Portugal:


L. angustifolia – A mais cultivada como medicinal, perfumaria, alimentar (aromatizante,
gelados, azeite, …). A L. angustifolia é pouco produtiva, mas tolerante ao frio. Permite a
produção de óleos essenciais de grande qualidade (Maillette é das variedades mais
cultivadas).
Lavandim (Lavandula x Intermedia), variedade ‘Provence’, híbrido, plantas maiores.
Resulta da combinação de L. Angustifolia (resistente ao frio) e L. latiflia (resistente ao
calor). Tem mais cânfora, o que o descarta da alimentação humana, mas é destilado para
óleos e usado em saquinhos artesanais (rende 1,5 % em óleo contra 0,5 % da L.
angustifolia).

Arbustos perenes, que crescem até mais de 1 m de altura.


Folhas persistentes, opostas, estreitas e alongadas (2 a 5 cm de comprimento; 4 a 6 mm de
largura), verde-acinzentadas.
Caule de secção quadrada, lenhoso a partir do segundo ano.
A inflorescência é uma espiga (de 2 a 8 cm de comprimento), pedúnculos de 10 a 30 cm,
pétalas azul-violeta, róseas, …
Lavandula angustifolia
L.
variedade Maillette

Lavandula x intermedia,
variedade Provence
Usos/propriedades
Associada a sofisticação, aconchego, pureza, tranquilidade.
Usada como ornamental ao ar livre pela beleza da floração e intenso aroma de
flores e folhas.
Usada em banhos pelas civilizações Grega e Romana. O género Lavandula deriva
do latim “Lavare”. Foi usada nas 1ª e 2ª grandes guerras para desinfetar feridas dos
soldados (anti-séptico; anti-bacteriano).
Pode ser preparado um óleo essencial de lavanda (usado em aromaterapia e
massagens).
Pode ser usada como chá.
As flores são usadas em culinária.
Muito usado em sabões e produtos de higiene.
Raminhos de flores e folhas são usados para aromatizar espaços: salas, escritórios,
gavetas e guarda-roupas (efeito repelente sobre traças).
Espécie melífera. Os méis de lavanda são muito apreciados.
Tem propriedades sedativas, digestivas, anti-reumáticas, anti-inflamatórias, anti-
sépticas, cicatrizante, relaxante, balsâmica, …
Técnicas de cultivo
Propaga-se por estacas obtidas de rama nova com aproximadamente 15 cm de
comprimento. Normalmente planta-se no fim do verão. Pode também propagar-se
por semente. As sementes germinam mal e devem ser expostas ao frio durante
várias semanas.
Instala-se à razão de 20 000 plantas por hectare, num compasso de 50x100 cm. Na
Quinta das lavandas, a Lavanda está em compasso 1,5 x 0,5 m (13 333 plantas/ha)
e o Lavadim em 1,75 x 0,75 m (7600 plantas/ha).
Necessita de pouca água por se tratar de uma espécie muito resistente ao stresse
hídrico. Pode cultivar-se em sequeiro. Este é também um dos aspetos porque se vê
muito em jardins públicos. Sensível ao encharcamento.
Reduzida necessidade de fertilizantes (a exportação é reduzida). Muito fácil fazer
em agricultura biológica.
Poucos problemas sanitários. Podem aparecer lagartas que se alimentam das folhas.
Pode usar-se Bacillus thuringiensis (bioinseticida usado habitualmente contra
larvas de insetos). Podem surgir manchas nas folhas (fungos, bactérias) e em
particular problemas radiculares (Phythopthora, ….)
Técnicas de cultivo
Poda-se depois da floração, para estimular a nova rebentação do próximo ano e
manter as plantas compactas.
As flores colhem-se na Primavera/Verão. Lavanda floresce 2ª a 3ª semana de
junho, depois floresce Lavandim.
Para secar colhe-se com 25% dos cálices abertos; para óleos essenciais com 50%;
para obtenção de flor para sacos de cheiro com 75%.
A Lavanda rende 0,5% em óleo, o Lavandim rende 1,5%.
Alecrim
 
Origem e adaptação agroecológica
Originário da região mediterrânica, ocorrendo dos 0 a 1500 m de
altitude.
Mais abundante em solos calcários.
 
Botânica e morfologia
Família: Lamiaceae (labiadas)
Espécie: Rosmarinus officinalis (Rosmarinus, orvalho do mar em
latim).
Arbusto ramificado, com caules lenhosos, folhas pequenas e
estreitas, opostas, lanceoladas. A página inferior das folhas é
verde-acinzentada e a página superior de tonalidade prateada. As
flores reúnem-se em espiguilhas terminais e são de cor azul ou
esbranquiçada. O fruto é um aquénio. Floresce quase todo o ano.
Existem muitas variedades selecionadas para cultivo em jardins
como ornamentais.

https://flora-on.pt/index.php#/1rosmarinus+officinalis
Usos/propriedades

Toda a planta exala um aroma forte e agradável.


Utilizada com fins culinários, medicinais, religiosos (domingo de ramos),
perfumaria (água de colónia).
Na culinária (fresco ou seco) é apreciado na preparação de carnes (caça, aves,
cordeiro, cabrito, vitela, salsichas, …), batata assada, sopas, molhos, …
Contém pineno e cânfora que lhe conferem propriedades excitantes, tónicas e
estimulantes. Usado para combater febres, fadiga, tosse, ansiedade, … (lista
extensa de usos medicinais).
Planta melífera, produzindo mel de boa qualidade. Pode plantar-se nas
proximidades dos apiários para melhorar a qualidade do mel.
Técnicas de cultivo

É propagado vegetativamente, através de ramos novos com 10 a 15 cm de


comprimento, retirando algumas folhas da base.
Não necessita de cuidados especiais nos jardins.
Muito tolerante a pragas. Poucos problemas sanitários.
Sem cuidados de fertilização especiais.
Ligeira poda. A poda pode evitar que fique uma excessiva estrutura lenhosa sem
folhas. A poda é mais importante quando cultivado em vasos para conter a forma.
Thymus vulgaris

Tomilho/Timo

Origem e adaptação agroecológica


Proveniente da Europa Ocidental e do Sul.
Usada por todas as civilizações antigas (medicamento,
condimento, embalsamar de múmias no Egipto, etc.)
 
Botânica e morfologia
Thymus citriodorus
Família Lamiaceae
Espécie Thymus vulgaris
Espécie Thymus citriodorus (tomilho-limão)
Espécie Thymus mastichina (tomilho bela-luz; sal-
puro)

Subarbustos da família das labiadas. Folhas pequenas,


lineares ou lanceoladas. Flores róseas ou
esbranquiçadas.
Thymus mastichina
Usos/propriedades

Culinária (assados, cozidos, molhos, saladas). Sabor picante. Pode ser usada
fresca e seca. Usado no fabrico de licores.
Ornamental, muito aromática.
Calmante e relaxante (óleos essenciais usados em velas de aromaterapia).
Usada como condimento e óleo essencial, rico em timol, com elevado poder anti-
séptico.
Em infusão é usado contra infeções da garganta e pulmonares (xaropes, banhos-
de-boca, inaladores), asma e febre dos fenos (usado como remédio respiratório) e
na eliminação de parasitas.
Externamente alivia picadas, dores reumáticas e infeções fúngicas.
É estimulante digestivo.
Em fitoterapia são usadas as partes aéreas. Tem propriedades anti-sépticas,
tónicas, antiespasmódicas, expectorantes, vermífugas.
Perfumaria, fabrico de sabonetes. Queima-se para perfumar casas e igrejas.
Em infusão ou decocção o tomilho tem efeito contra o míldio e o oídio das
plantas e afídios e alguns coleópteros.
Cultivo

Instala-se na Primavera.
Planta rústica, resistente ao stresse hídrico. Sensível ao excesso de água.
Propaga-se vegetativamente por estaca ou mergulhia ou divisão dos pés. Pode
também reproduzir-se por semente.
Prefere solos bem drenados.
O compasso deve ser de 30x30 cm.
Excelente para segurar terra, ornamentar jardins, etc., sobretudo em locais com
pouco solo (poucos cuidados e custos).
Reduzida necessidade de fertilizantes.
Registo de problemas sanitários relevantes (suscetível a Phytophthora sp.,
doença-da-tinta)

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