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História Militar

Restauração da Independência de
Portugal 1640-68

Organização do Exército da
Restauração

COR CAV Amado Rodrigues


Professor de História Militar
Restauração da Independência
Escola de Sargentos do
Exército

Objetivos estratégicos de D. Sebastião

• Conquista de Marrocos
• Repelir ataques corsários e piratas Mouros,
• Impedir avanço turco no mediterrâneo,
• Controlar de facto a entrada para o Mediterrâneo.

• Estes objetivos estratégicos eram


acompanhados por: Organização do exército com base
• Espirito de aventura nas ordenações Sebásticas.
• Ideal fanático de cruzada.

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Ao serviço de Portugal e dos Portugueses
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• Dispositivo da Batalha de Alcácer-Quibir


4 de agosto de 1578

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Com a morte de D. Sebastião ficou interrompida a linha


natural da dinastia de Avis

D. Henrique, foi aclamado Rei de Portugal

Havia três pretendentes ao trono de Portugal

D. Catarina de Bragança D. Filipe II de Espanha D. António, Prior do Crato


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Os três pretendentes ao trono de


Exército

Portugal eram netos de D. Manuel I

Filipe II de Espanha

D. António, Prior do Crato

D. Catarina, duquesa de Bragança

Repetia-se a crise dinástica de 1385

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Filipe II conseguiu comprar pouco a pouco


Exército

as primeiras resistências ao reconhecimento


dos seus direitos à coroa de Portugal

Conseguiu que D. Henrique, em fase


moribunda, fizesse testamento a seu
favor

Com a morte de D. Henrique, em 1580,


recorreu às armas para confirmar pelo direito
da força a pouca força do seu direito

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D. Filipe II (I de Portugal)

Filipe II conseguiu comprar pouco a pouco


as primeiras resistências ao reconhecimento
dos seus direitos à coroa de Portugal

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Filipe II trata primeiro da questão política,


reservando para mais tarde a subjugação da
ilha Terceira

As Cortes de Tomar (Abril de 1581)


consagram a nova realeza

Filipe II é jurado rei de Portugal, sob o nome de Filipe I

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Filipe I
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Jurou o compromisso de reger o seu novo reino segundo os


usos, leis e costumes, respeitar os privilégios e foros antigos
de Portugal e não nomear para governadores do reino senão
príncipes da família real ou portugueses de nascimento

Assegurou a sujeição pacífica dos domínios da


coroa portuguesa em África, na América e no
Oriente

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Filipe I
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O Império Ultramarino continuava governado por Portugueses


de acordo com as leis e regulamentos existentes

A língua oficial permanecia o Português, a moeda


continuava separada, bem como as receitas e as
despesas públicas

O rei não poderia conceder terras nem rendas em Portugal a não


ser a súbditos portugueses

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Filipe I
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Vantagens para o País, registavam-se a supressão de barreiras


alfandegárias na fronteira, uma situação favorável em relação às
exportações de trigo de Castela

A concessão imediata de um empréstimo de 300 000


cruzados para as despesas urgentes do reino

Os portugueses ficavam também autorizados a viajar


para e dentro do Império Espanhol.

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Filipe I morre em Setembro de 1598


Exército

Com ele finda o século heroico da marinha


portuguesa e das conquistas além-mar

A Filipe I sucede seu filho Filipe III de Espanha e II de Portugal


cuja atuação em relação a Portugal será mais funesta do que
seu pai

Surge a velha tendência de Castela para a


unificação política da Península, ideia que Filipe I
tinha sensatamente excluído

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Duque de
Filipe II Filipe III Olivares

Em 1621 morre Filipe III de Espanha (II de Portugal) e sobe ao trono


Filipe IV (III de Portugal) que escolhe para primeiro ministro o Duque de
Olivares

Tudo pronunciava para a ruína da Casa de


Áustria e, como resultante imediata, o
aniquilamento de Portugal
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Filipe III
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A partir de 1621, as ações dos inimigos de Espanha


ameaçam cada vez mais as possessões nacionais no
Atlântico

Na Holanda fundava-se
a Companhia das Índias
Ocidentais (1621), com
o intuito de piratear a
costa do Brasil e da
América como a outra
pirateava no Oriente
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O império ia caindo por todos os lados

Em 1637, todo o norte do Brasil deixava de ser português

No Oriente, os territórios na posse dos portugueses iam caindo


e os mares abertos a toda a navegação

No reino a situação era insustentável, a


monarquia espanhola tentava a anexação
violenta do reino de Portugal, violando os
compromissos estabelecidos nas Cortes de
Tomar abolindo pouco a pouco a sua
independência política
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Restauração da Independência 1 de dezembro 1640

Obtida a adesão do Duque de


Bragança, marcou-se para 1 de
Dezembro de 1640 a revolução
separatista, que principiaria em
Lisboa, pelo assalto ao Paço da
Ribeira, onde a administração
tinha a sua sede.

Todo o sul do reino se pronunciou


logo a favor da revolta, e dia a
após dia, todo o reino aderiu à
revolução
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Em 15 de Dezembro de 1640, o Duque de Bragança,


era solenemente coroado e sagrado rei de Portugal e
seus domínios, D. João IV.

Em 1641, tomou medidas para assegurar a defesa do


reino, organizando um exército permanente,
profissional e às ordens do reino e reorganizou a
marinha.

Desenvolveu a indústria do armamento e mandou


fortificar as fronteiras.

Continuou a política de centralização do poder no rei e


tomou medidas para o desenvolvimento económico, D. João IV, o
Restaurador
com base no progresso do Brasil
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A longa e áspera guerra da Restauração – série de campanhas
que se prolongaram por vinte oito anos – foi o preço da
liberdade da Pátria e da salvação das relíquias do seu Império
de Além-mar
A governação castelhana tinha
conduzido Portugal a uma situação
caótica, quer de ordem política,
social, económica, financeira e
militar
O reino estava abandonado, não
havia agricultura, indústria, o
Tesouro estava exausto, a população
tinha baixado
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A guerra desenvolvia-se de forma


Exército

Os seus melhores generais


sombria para Portugal lutavam pela Espanha na Europa.
Não possuía um exército
O futuro exército da Restauração
moderno, as suas forças eram
não podia deixar de ser um
escassas, estava desprovido de
agregado de soldados
armas e cavalos.
improvisados, sem instrução e
sem comando

A marinha de guerra arruinada,


as fortalezas de fronteira
desmanteladas e a própria
organização das Ordenanças
praticamente abolida.
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Tercio de D. Diego Fernando de Vera, El profetizado,


derrotado na batalha de Montes Claros em 1665.

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Exército

•Logo após a revolta do 1º de dezembro de 1640,


e para fazer face a uma guerra que se avizinhava,
foi posta em prática a reorganização do exército
Português, logo em 11 de dezembro e que traria
pela primeira vez a Portugal um exército de
carácter permanente.

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Exército

Portugal estava completamente divorciado do


estado da ciência militar existente na Europa.

Para fazer face à ameaça espanhola,


reorganizou-se a estrutura superior do
exército.

Recuperou-se a organização do exército, com


base nas ordenações sebásticas de 1570.

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Exército No reinado de D. Sebastião

Exército

“Companhias Tropas dos Tropas privativas


de nobres mais da Coroa
Ordenanças” ricos

Aumentou de forma extraordinária


os efetivos armados do reino

Toda a Nação podia ser aproveitada


para a defesa do território
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Conselho de Guerra (atual Ministério da


Defesa)

Missão de centralizar e superintender em


todos os assuntos respeitantes à guerra

Presidido pelo capitão General das Armas do


Reino.

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Conselho Ultramarino

Missão de sustentar a guerra nas colónias


ultramarinas

Deste conselho dependiam os governadores


das colónias.

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Exército

Criados outros órgãos ligados aos assuntos


militares:

Junta dos Três Estados que superintendia o


aprovisionamento do exército e das praças do
reino

Junta do Comércio que cuidava do


aprovisionamento da marinha de guerra
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Exército

Criados outros órgãos ligados aos assuntos


militares:

Junta das Fronteiras incumbida do que dizia


respeito às fortificações

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Exército

Foi criado o cargo de Tenente-General da


Artilharia do Reino
Jurisdição sobre o que respeita às armas,
pólvora, artilharia, fundições, fortificações e
defesa de praças
Construção de novas fortificações por
franceses utilizando as inovações de Vauban e
estabelecimento de coudelarias (importação
de cavalos)
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Exército

Para assegurar o recrutamento, instrução e


disciplina foram nomeados Governadores das
Armas do Alentejo, Algarve, Beira, Trás-os-
Montes, Entre-Douro-e-Minho e Estremadura,
dividindo cada província em comarcas (25) e
cada comarca em companhias
Os Governadores de Armas de uma província
correspondiam aos antigos fronteiros-mores e
dependiam do Capitão-General
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Exército

Restauro da antiga organização das


Ordenanças do Reino de 1570 (Ordenanças de
D. Sebastião)
Alistamento em todas as comarcas todos os
homens válidos dos 16 aos 60 anos, com a
declaração dos que eram fidalgos e dos que
tinham ou não armas e cavalos
Incorporados nas Companhias de Ordenanças e
destinados às Tropas de 1ª Linha e Tropas
Auxiliares
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A população do reino ficava militarizada em 3


escalões

O Exército de Linha (1º escalão)

Tropas Auxiliares ou Milícias (2º escalão)

As Companhias de Ordenanças

O 1º Exército Permanente Português

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Exército

O Exército de 1ª Linha que se destinava


especialmente à guerra de manobras nas
fronteiras

Constituído por 20.000 Infantes (10 Terços a


2000 homens) organizados em terços de
infantaria e 4.000 (companhias a 100
homens) ginetes de cavalaria

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Os terços de infantaria eram constituídos por


partes iguais de piqueiros e arcabuzeiros

Piqueiros estavam equipados com o pique


(5m), espada, peitoral e celada (capacete de
ferro)

Arcabuzeiros não usavam armadura defensiva e


estavam equipados com o arcabuz ou espingarda
de mecha com forquilha e uma adaga
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A infantaria para o combate em quadrados


com 50 piqueiros de lado rodeado e
flanqueados nos vértices por quadrados de
arcabuzeiros

O combate desenvolvia-se simultaneamente


pelo fogo e pelo choque

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A cavalaria estava organizada em companhias


de 100 ginetes dividida em lanceiros e
mosqueteiros
Os lanceiros tinham uma lança e estavam
protegidos por um elmo, couraça e proteções
para os braços
Os mosqueteiros tinham o mosquete, espada,
adaga e por vezes pistola e protegiam-se
apenas com um elmo
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Tropas Auxiliares ou Milícias (2º escalão) estavam


organizadas em Terços Auxiliares, cada um dividido
em 10 companhias a 60 homens cada

Destinados ao mesmo fim que o exército de 1ª linha


ou guarnecer praças fortes quando se tornasse
necessário

Inicialmente foram criados apenas alguns terços


auxiliares mas depois de 1646 foram criados 25
Terços Auxiliares nas comarcas e 5 em Lisboa

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Exército

As Companhias de Ordenanças, que constituíam


fundamentalmente depósitos de recrutamento
para a tropa de linha e auxiliares

Além desta reorganização geral, foram


tomadas medidas para reparação dos
castelos, fortalezas e muralhas

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Exército

Para maior ampliação da obrigatoriedade do


serviço militar determinou-se que:

Os comendadores e cavaleiros das Ordens


Militares se preparassem de armas e cavalos
para a guerra

Os clérigos e freires do Arcebispado de Lisboa


formassem um terço de infantaria, para o
qual nomeou coronel o deão de Sé
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Além desta organização, teve ao seu serviço


corpos de tropas especiais

Guarda real de arqueiros, composta por 200


homens (100 portugueses e 100 alemães)

O corpo académico de Coimbra, organizada em


terço, sob comando do reitor da Universidade

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Exército

Além desta organização, teve ao seu serviço


corpos de tropas especiais

Os quatro terços da Nobreza, cujo tenente-


coronel foi o príncipe real D. Teodósio

Vários terços e companhias de mercenários


holandeses, franceses, ingleses e inúmeros
oficiais estrangeiros

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Exército

Estas tropas eram pagas pela coroa: recebiam


pão e 50 réis por dia.

Os oficiais eram recrutados na nobreza e


nomeados pelo rei.
Os soldados eram recrutados nas listas de
ordenanças (por sorteio) entre os filhos segundos
de todas as classes exceto filhos de viúvas e os
lavradores. Estes serviam nas Tropas Auxiliares.

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Dúvidas?
Próximo Aula:
Capitulo 5. Campanhas da Restauração:

4 Fases das campanhas da restauração


Batalha das Linhas de Elvas

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