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Introdução ao Estudo da História

Escola de Sargentos do Exército

Ao serviço de Portugal e dos Portugueses


História Militar

Introdução ao Estudo da História

COR CAV Amado Rodrigues


Professor de História Militar
Introdução ao Estudo da História
Escola de Sargentos do Exército

1. Introdução ao estudo da História.

2. A guerra e a organização militar.

3. Princípios da Guerra
• Caracteres da Guerra
• Conceitos de Guerra

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O que é a História?

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1. Conceito:
• História é investigação, inquirição ou pesquisa.

2. Objeto:
• Investigação das ações humanas praticadas no passado.
(Religião, Ciência, Economia, Política, Ações Militares, etc.)

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Investiga as ações humanas do passado.


A História é feita pela ação do homem em áreas como:
A Arte: desde as Pinturas Rupestres, Arte Medieval,
Renascentista, Impressionista e Moderna, na música, na
literatura , etc.
:

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A História é feita pela ação do homem em áreas como:


A Ciência: desde o domínio do fogo, passando pela máquina a
vapor, a eletricidade, o RX, a penicilina até às missões no
Espaço.
Politica: Evoluindo a sociedade humana desde as tribos
sedentárias primitivas, aos protos estados, aos reinos e
impérios até ás organizações transnacionais como a ONU, a EU,
etc.

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História é a ciência que estuda o Homem, não do ponto de vista


biológico, mas das suas formas de vida, privada ou política,
ideias, crenças, formas de organização política, militar, social,
instituições e acontecimentos onde ele o é protagonista.

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3. Finalidade:
Podemos então afirmar que o estudo da História, concentra-
se no passado humano com a finalidade de nos proporcionar
uma compreensão mais correta dos acontecimentos
presentes e o sentido da evolução do conjunto em que
estamos inseridos.

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“Se queres prever o futuro, estuda o passado”.

Confúcio
(551 a.C. a 571 a. C.)
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1. Fontes históricas:

• Materiais
(Arqueológicas)

• Escritas

• Orais

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2. Documentos :
• Escritos

• Vestuário

• Arquitetura, pinturas
e outras formas de arte
• Sepulturas

• Artigos domésticos

• Armamento

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Todos os acontecimentos se
desenrolam num determinado
espaço geográfico. Para os estudar
é, portanto, necessário conhecer os
fatores geográficos envolventes.

Todos os acontecimentos históricos


têm lugar numa determinada data.
Todos os factos históricos se
sucedem no tempo segundo uma
certa ordem. A essa ordenação no
tempo chamamos cronologia.
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1. As datas que constam da cronologia por nós adotada veem muitas vezes
seguidas de “a.C.” ou “d.C.” o que significa que se referem a épocas antes
e depois do nascimento de Jesus Cristo.
 3º Milénio a.C. = Primeiras culturas do Bronze na Península Ibérica.
 Século IX a.C. (entre 800 e 900 a.C.) = Chegada dos Fenícios à
Península Ibérica.
 1348 = Ano da Peste Negra em Portugal.
 1 De dezembro de 1640 = Restauração da Independência de Portugal.

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Divisão dos períodos cronológicos no estudo da História.


Pré História
O conhecimento que temos dos nossos antepassados, das
épocas em que ainda não é possível obter fontes escritas,
baseia-se no estudo dos vestígios, (fontes materiais) que
chegaram até nós em melhor ou pior estado de conservação.
O armamento é um deles e permite-nos perceber a evolução da
capacidade técnica do homem.

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Para efeitos de sistematização e estudo os historiadores dividiram a pré-história em quatro
grandes Idades correspondentes ao domínio das técnicas essenciais que o Homem foi alcançando
no fabrico de utensílios e armas.
1. Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada
• Inferior: 3 000 000 a 1 200 000 NE
• Superior: 1 200 000 a 10000 a.C.

2. Epipaleolítico (Mesolítico)
• 10000 a.C. a 8000 a.C.

3. Neolítico ou Idade da Pedra Polida Idade do Bronze


• 8000 a.C. a 2000 a.C. 5.Idade dos Metais • 3000 a.C. a 800 a.C. (1000a.C.)
Idade do Ferro.
• 2000 a.C. até séc. VIII a.C.
4. Eneolítico/Calcolítico
• 6000 anos
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Posteriormente, as épocas foram divididas em períodos mais curtos,


beneficiando da escrita e de outras fontes, abordando não só as
técnicas de fabrico de utensílios militares mas também as táticas.
1. Idade Antiga (período pré clássico e clássico)
• Aparecimento da Escrita (4000 a.C.) até queda do império Romano do
Ocidente (476 a.C.)

2. Idade Média
• Queda do Império Romano até conquista de Constantinopla em 1453.

3. Idade Moderna
• Queda de Constantinopla até revolução francesa 1789.

4. Idade Contemporânea.

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Todos os acontecimentos se
desenvolvem num determinado meio
social. Para que aconteça alguma coisa
importante no aspeto humano é
necessário que existam homens e estes
vivem em sociedade.
O indivíduo é fortemente afetado na
sua forma de agir pelo meio social em
que se insere e pelo espaço geográfico
onde desenvolve as suas atividades.

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Estes fatores, associados ao tempo em que decorrem as ações,


vão proporcionar uma contextualização dos factos históricos
necessários à compreensão da atividade humana que queremos
estudar.

Os dados que servem de referência aos factos históricos que


queremos estudar são a localização no espaço e no tempo,
identificação do meio social e realidades materiais (tecnologia e
recursos) e não materiais (ideias) que suportam os factos
históricos.
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Próximo tema:

História Militar

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A História Militar enquadra-se perfeitamente no nosso conceito de


História, porque é uma investigação sobre aspetos militares do
passado humano.

Investiga as atividades humanas do passado relacionadas com a


guerra.

O estudo da evolução dos armamentos, das doutrinas táticas, da


forma como a instituição militar se posiciona na sociedade, ou
outros temas, são objetos da História Militar.

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A História Militar é, sem qualquer dúvida, um importante fator


de união dentro da instituição militar; é o passado comum de
todos os militares seja qual for a sua arma ou serviço; é um elo
de união que, se estudado e compreendido, de alguma forma
fomenta o espírito de corpo.

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Nesta disciplina, iremos estudar no âmbito da História Militar, a


evolução dos armamentos e equipamentos, doutrinas táticas,
influência da economia ou da demografia na guerra, tipos de
recrutamentos, evolução da infantaria, da cavalaria, da
artilharia, dos serviços, etc.

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A História Militar tem de tratar da Batalha, ou


indo um pouco mais longe, a história militar
estuda o fenómeno da Guerra.
 

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O que é a GUERRA?

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Desde os primórdios dos tempos que a guerra faz parte


da humanidade.

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A guerra é um fenómeno humano caracterizado pela violência


que visa resolver pela força os conflitos de interesses entre
agrupamentos humanos.

A guerra é um ato de violência com a finalidade de um grupo


humano impor a outro a sua vontade.

A guerra é assim, uma luta de vontades.

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A guerra é um facto histórico permanente. Em todas as épocas


existiram homens a impor a sua vontade a outros homens.

Os objetivos são definidos pelo poder político.

No século XIX esta realidade foi traduzida por Clausewitz no seu


tratado sobre a guerra: «A guerra é a continuação da política
por outros meios».

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Quando um Estado não consegue atingir os seus objetivos


utilizando os meios diplomáticos ou económicos por exemplo,
então recorre, se os objetivos o justificarem, ao emprego dos
meios de violência ou de coação.

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A guerra e a organização militar.

Esta forma de agir dos Estados ou, antes do seu aparecimento,


de quem controla politicamente um grupo social, pressupõe uma
preocupação constante com os recursos necessários à guerra.

Os recursos disponíveis são humanos e materiais.

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Recursos Humanos.
Os recursos humanos variam de Estado para Estado em
quantidade (número de habitantes e a sua distribuição etária) e
em qualidade (grau de instrução, capacidade tecnológica,
ideologias, etc.) A utilização destes recursos é sem dúvida a
mais problemática.
É o único recurso que tem vontade própria e que decide da sua
própria utilização.

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Recursos Humanos.

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Recursos Materiais.
Os recursos materiais evoluiriam com a capacidade do homem
para dominar a natureza, isto é, com a tecnologia desenvolvida.
A sua importância aumenta com o desenvolvimento tecnológico.

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Recursos Financeiros.
A obtenção dos recursos humanos e materiais depende da
capacidade e dos recursos financeiros de cada estado, embora,
muitas vezes, não consiga conjugar a qualidade dos anteriores.

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• Caracteres da Guerra

• Absoluto

• Social e humano

• Político

• Total

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O fenómeno guerra com carácter absoluto


Significa que a guerra se desenvolve até aos limites extremos de
todas as potencialidades e até ao aniquilamento total da vontade
do opositor.

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O fenómeno guerra com carácter social e humano.

Trata-se de uma forma de expressão de relações humanas,


embora violenta, com posterior influência na existência social,
quer dos intervenientes ativos em qualquer campo, quer dos
que passivamente lhe sofrem os efeitos.

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O fenómeno guerra com carácter


político.

É dominada pelas conceções da


política, constituindo um instrumento
desta, ou seja, “a guerra é a
continuação da política por outros
meios” (Clausewitz).

Carl von Clausewitz


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Fenómeno Guerra com caráter total.

Neste caso, com as chamadas “Guerras


Mundiais”, todas as potencialidades
humanas e todos os recursos do estado
são empenhados no conflito visando o
aniquilamento do exército inimigo, mas
também da população adversa que
participava no conflito.

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Níveis da Guerra
1. Nível Tático trata:
• Do uso das forças em combate
• Como combater/lutar
• Do emprego das reservas
• Campo da Batalha
2. Nível Operacional trata:
• Planeamento e condução das campanhas
com a finalidade de atingir/obter
objetivos estratégicos
• Como e onde combater
• Do movimento e emprego das forças:
• Eixos de progressão
• Linhas de Comunicação
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Níveis da Guerra

3. Nível Estratégico :
• Define os objetivos nacionais e o
emprego dos seus recursos.
• Por que lutar e com o quê.
• Define as metas e limites do
conflito
• Guerra total ou Guerra Limitada.

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Níveis da Guerra

1. Linhas Estratégicas na Ofensiva:


• Base de Operações
• Linhas de Operações

2. Linhas Estratégicas na Defensiva:


• Linhas de Defesa
• Linhas de Retirada

3. Linhas de Operações/Comunicação
• Simples/Duplas/Múltiplas
• Interiores/Exteriores
• Concêntricas/Excêntricas
• Extensas/Profundas
• Secundárias

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Leis da Guerra

É necessário distinguir as leis dos princípios da guerra

Leis são as relações que exprimem a sucessividade de


determinadas conclusões semelhantes em todos os
conflitos.

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Leis da Guerra

1. Princípios básicos
2. As atuais leis da guerra têm vindo a evoluir desde há mais de 100 anos e encontram-se
plasmadas, sobretudo, nas quatro Convenções de Genebra de 1948 e nos dois Protocolos
Adicionais, que foram ratificados por um grande número de países.
3. Encontram-se subjacentes a este corpo do direito humanitário internacional três
importantes princípios:

• 1. Limitação da ação militar

• 2. Separação entre assuntos Militares e Civis

• 3. Princípio da proporcionalidade

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Leis da Guerra
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1. Limitação da ação militar


O primeiro é a limitação da ação militar: as forças armadas não são livres de
prosseguir os seus objetivos por quaisquer meios que considerem necessários
ou convenientes. A utilidade militar é sempre sujeita ao interesse, mais
vasto, da humanidade.
 2. Separação entre assuntos Militares e Civis
O segundo é a completa separação entre civis e militares: na guerra, apenas
o pessoal e propriedade militares podem ser alvo de ataque. Só é permitido
infligir danos a civis se estes constituírem um efeito secundário inevitável de
um ataque a um alvo militar.

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• Leis da Guerra

• 3. Princípio da proporcionalidade
• A proporcionalidade constitui o terceiro princípio das leis da guerra. É ilegal
que uma força armada promova qualquer ataque ou operação, se o
sofrimento previsto, tanto de soldados, como de civis, for
desproporcionado em relação aos ganhos militares que poderiam retirar-se
desse ataque ou operação. Atividades que possam infligir danos colaterais
excessivos a civis, assim como aquelas que causem, sofrimento e baixas
desnecessários entre os próprios militares, são, por isso, proibidos.

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Leis da Guerra

Com base nestes três princípios, têm sido criadas leis específicas, proibindo
atos como a violação, a tortura e a morte de civis, incluindo o uso da fome e
do terror enquanto táticas militares. Ao abrigo das leis da guerra, os
combatentes devem também permitir o acesso da assistência humanitária às
populações civis.

Os militares também estão protegidos pelas leis da guerra. Pela Convenção


de Genebra de 1948, os prisioneiros militares não devem ser mal tratados, a
utilização de armas desumanas, tais como munições explosivas e agentes
químicos, tem sido proibida ou restringida.

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Conceitos de Guerra

Leis da Guerra

Princípios da Guerra

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Princípios da Guerra

Princípios da guerra: são as linhas de ação a aplicar


judiciosamente conforme as circunstâncias de momento e lugar
e conducentes à melhor forma de atingir um objetivo.

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Princípios da Guerra
Os princípios da guerra foram desenvolvidos por sucessivos líderes militares
ao longo da História.

Estes princípios não constituem só por si uma fórmula para o sucesso mas o
conceito que cada um deles encerra deve ser sempre muito bem ponderado
na ação de comando.

Os princípios devem ser ponderados e considerados como guias a seguir pelo


comandante, adaptando-os a cada caso concreto durante uma campanha ou
situação operacional e tática.

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Princípios da Guerra

Constituem a pedra angular das doutrinas dos exércitos modernos. Por isso,
eles devem estar sempre presentes na memória dos comandantes de
qualquer escalão. A análise das campanhas e batalhas do passado, antigo ou
recente, e das decisões dos seus comandantes, efetuada à luz dos princípios
da guerra, permite-nos compreender melhor aqueles acontecimentos e obter
a máxima experiência da sua aplicação.

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Princípios da Guerra

Objetivo
Unidade de
Ofensiva Comando

Massa Segurança

Surpresa
Economia de
forças
Simplicidade
Manobra

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Princípios da Guerra

Princípio do Objetivo

O objetivo é uma meta ou alvo que se pretende


atingir e que determina a direção do esforço de toda
a atividade militar.

Finalidade última de todas as operações militares é a


destruição das forças inimigas e da sua vontade de
combater.
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Princípios da Guerra

Princípio da Ofensiva

Seguir o princípio da ofensiva significa obter,


manter e explorar a iniciativa.

É por meio da ofensiva que se obtém a


iniciativa, se garante a liberdade de ação e se
impõe a nossa vontade ao adversário.
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Princípios da Guerra

Princípio da Massa

Este princípio visa a concentração de forças


superiores às do adversário no momento e local
decisivos

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Princípios da Guerra
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Princípio da Economia de Forças

Seguir o princípio da economia de forças significa


empregar judiciosamente o potencial de combate
para permitir cumprir a missão com um mínimo de
desgaste dos seus meios.

Empregar o mínimo de forças onde possível for para,


em contrapartida, poder realizar a concentração de
forças (potencial de combate) necessárias no
momento e local em que se pretenda obter a decisão
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Princípios da Guerra

Princípio da Economia de Forças

Potencial de Combate

O potencial de combate é a resultante da combinação


dos recursos materiais, recursos humanos e força
moral da unidade. Depende, em larga medida, da
competência e capacidade de liderança do seu
comandante.
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Princípios da Guerra

Princípio da Manobra

O princípio da manobra visa colocar as forças de


forma a que o inimigo fique em situação de
desvantagem.

A manobra traduz-se no deslocamento adequado,


rápido e controlado em direção ao ponto do
dispositivo inimigo que se reconheceu em condições
de inferioridade para poder, sobre ele, obter-se a
decisão e alcançar-se o sucesso. 61
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Princípios da Guerra

Princípio da Unidade de Comando

A unidade de comando e direção deve verificar-se em


todos os escalões e é indispensável para assegurar a
unidade de esforços necessária ao sucesso, devendo
alicerçar-se na cooperação, coordenação e coesão
entre os vários elementos do mesmo comando

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Princípios da Guerra

Princípio da Segurança

Seguir o princípio da segurança significa não permitir


que o inimigo adquira uma vantagem inesperada.

Evitar as ações de surpresa do adversário, seja qual


for a forma que revestem, tomando para tal as
disposições adequadas.
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Princípios da Guerra

Princípio da Surpresa

Surpreender o adversário, por meio de manobra


rápida e eficiente de todos os meios e em todos os
escalões com a finalidade de, sem que o inimigo se
aperceba, obter a decisão no momento e local
pretendidos, ou, por vezes, para mascarar ou
compensar uma inferioridade numérica

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Princípios da Guerra

Princípio da Simplicidade

Os planos de operações devem ser simples, claros e


precisos, devendo ser orientados concretamente para
os objetivos a atingir.

A simplicidade e a clareza dos planos reduz o risco de


interpretações erradas e as possibilidades de
confusão na sua execução.
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Meta ou Alvo a
Atingir
Planos simples e
fáceis. Ordens claras Iniciativa
e concisas
Objetivo
Simplicidade Ofensiva

Atingir o IN no Concentrar o
Princípios da
momento e Surpresa Massa potencial de
lugar Guerra Combate
inesperados

Economia de Mínimo desgaste de


Forças forças
Segurança Unidade
Comando
Manobra

Não permitir ao IN
vantagem Concentração das Colocar o IN em
inesperada responsabilidades desvantagem
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Elementos Essenciais de Combate

Uma análise cuidadosa dos conflitos militares permite concluir


que existem alguns elementos que são característicos das
situações de combate e que se designam por ELEMENTOS
ESSENCIAIS DE COMBATE (daqui em diante abreviação para
EEC) e que são o Movimento, Choque, o Fogo, a Proteção, o
Comando e Ligação e o Homem.

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Elementos Essenciais de Combate


EEC
Choque
Fogo
Movimento
Proteção
Comando/Ligação
Homem

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O CHOQUE significa a ação direta de um combate ou grupo de combate


sobre o seu ou seus adversários. No nosso estudo vamos dar ao choque o
significado de luta corpo a corpo. A tecnologia colocou, no entanto, à
disposição do combate, instrumentos que prolongaram o seu próprio corpo: a
espada, o pique, o machado, o sabre-baioneta, etc., conferindo-lhe um maior
poder de choque. É na aplicação deste EEC que mais importância se dá ao
valor individual. O choque é a finalização suprema do combate quando os
combatentes chegam à luta próxima.

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O FOGO significa a ação realizada por um combatente ou grupo


de combatentes sobre o seu ou os seus adversários, através de
projéteis de qualquer tipo lançados por qualquer processo. Os
adversários estão, portanto, a uma distância tal que não podem
ser atingidos pelo choque.

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O MOVIMENTO, como EEC, existe desde que o homem se deslocou


em direção ao seu semelhante com a finalidade de o destruir. Uma
força deve movimentar-se durante o combate para colocar os fogos
numa posição mais vantajosa ou para concentrar uma força superior
ao adversário num determinado ponto do dispositivo. Para manobrar é
necessário movimentar as forças.

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A PROTEÇÃO é um EEC utilizado com a finalidade de impedir ou


atenuar a ação de choque ou de fogo do inimigo. Pode ser natural ou
artificial. É o caso de uma simples dobra no terreno ou de dispositivos
preparados pelo homem como um castelo ou simples capacete. Pode
também ser individual ou coletiva, como são, por exemplo, uma
máscara antigás ou das muralhas que envolvem uma cidade medieval.

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A condução da guerra requer a correta perceção


das ameaças, a possibilidade de dar ordens à
distância e a recolha de informações sobre o
desenvolvimento da ação em curso em tempo
real, por isso surge o EEC
COMANDO/LIGAÇÃO. Deste EEC fazem parte
os meios utilizados para a transmissão de
informação e de ordens à distância, desde a sua
forma mais simples, a voz, passando pelos sinais
óticos e acústicos, até aos modernos meios de
comunicação de som, imagem e dados, através
de sistemas utilizando tecnologia digital por
satélite.

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O HOMEM é o mais importante de todos os


EEC. É o único que está sempre presente. É o
único que utiliza os outros EEC. Isto acontece
quando utiliza o armamento que lhe confere
poder de choque ou de fogo, quando se
movimenta ou quando se protege da ação do
inimigo. Considerando como EEC, e quando os
armamentos eram ainda rudimentares, o
homem teve importância sobrevalorizada no
campo de batalha. Com o desenvolvimento da
técnica a sua importância relativa torna-se
menos significativa no conjunto dos EEC.

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Dúvidas?
Próximo Aula:
CAPÍTULO 2 HISTÓRIA MILITAR DAS CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS À
ALTA IDADE MÉDIA
201. A Arte Militar nas Civilizações Clássicas - O Período Grego;
202. A Arte Militar nas Civilizações Clássicas - O Mundo Militar Romano

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