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Exército Português
Prof. Doutor
João Gouveia Monteiro
Faço-o com imenso gosto, pelo respeito e apreço que me merecem os promotores do
desafio e também em nome de uma cooperação científica cada vez mais estreita entre
civis e militares no estudo da secular história de Portugal. Fundei em Coimbra, há quase
vinte anos, a primeira disciplina de História Militar de Portugal numa universidade
portuguesa; cresci como investigador e como docente desta área muito graças ao apoio
da Comissão Portuguesa de História Militar (presidida, primeiro, pelo Senhor Tenente-
general Manuel Freire Themudo Barata e, depois, pelo Senhor Tenente-general
Alexandre de Sousa Pinto, homens de grande visão estratégica, dinamismo invulgar e
trato pessoal inexcedível); integro com muita honra o corpo docente do Mestrado
Interuniversitário de História Militar, fundado em 2013-2014, na Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa pelo Senhor Professor José Manuel Varandas e a que aderiram
mais três universidades portuguesas e todas as escolas de ensino superior militar das
Cuidados prévios
Como se pode localizar historicamente o ‘momento fundacional’ do Exército Português?
Não é uma tarefa fácil, pelo contrário, ela exige que interiorizemos alguns cuidados
prévios. Em primeiro lugar, devemos averiguar as condições em que foram executadas as
principais campanhas dos nossos primeiros reis: foi com recurso a forças próprias, ou a
forças auxiliares (e, neste caso, quais)? Desenvolveram-se elas num quadro de vinculação
clara do elemento militar ao poder político, ou resultaram antes de ações
pontuais/sectoriais, ainda que articuladas com os objetivos dos primeiros monarcas
portugueses? É importante percebermos bem isto, se queremos pisar terreno seguro
antes de avançarmos com qualquer proposta sobre uma hipotética data fundacional do
Exército Português.
Por outro lado, convém evitar os juízos prévios, que podem condicionar e desvirtuar a
nossa reflexão. Por exemplo, não devemos identificar necessariamente a fundação da
nacionalidade portuguesa (1143) com a fundação do Exército Português; ou seja, é
preciso evitar a tentação de obrigar a história militar a coincidir, a qualquer preço, com a
história política; isso pode ter acontecido, mas também pode não ter acontecido, e só a
análise concreta do nosso percurso histórico poderá fornecer uma resposta isenta e
sólida a esta questão.
Uma derradeira chamada de atenção, que julgo ser pertinente, aconselha a não termos
de esperar pela existência de um verdadeiro exército profissional permanente (que talvez
não exista em Portugal antes da Restauração de 1640) para podermos identificar com
Convém, por fim, sublinhar que não existem datas precisas para determinar a fundação
de um exército nacional, mas apenas datas simbólicas mais verosímeis (e historicamente
mais defensáveis) do que outras. Dez investigadores darão possivelmente três ou quatro
respostas diferentes a esta mesma pergunta, e aquilo que aqui vou explanar não traduz
senão a minha opinião pessoal, resultante de alguns anos de observação do fenómeno
político-militar português dos séculos XII a XV, não vinculando mais ninguém. Terei
também em conta, na minha escolha, as opções que foram tomadas em países europeus
que nos são próximos: nomeadamente em Espanha, que optou por situar a fundação do
seu exército em 1482 (a data em que os Reis Católicos de Castela e Aragão iniciaram a
campanha que, dez anos mais tarde, levaria à conquista definitiva de Granada e ao fim da
presença muçulmana na Península Ibérica); e em França, que julgo ter escolhido 1445, a
data da criação, pelo rei Carlos VII («o Vitorioso» na Guerra dos Cem Anos) das célebres
Companhias de Ordenança, esse esboço de um primeiro exército permanente em
território europeu após o desaparecimento da extraordinária máquina de guerra do
Império Romano. Também se me afigura interessante e oportuno notar que, tanto quanto
é do meu conhecimento, a Marinha Portuguesa optou (com bom fundamento) pelo ano de
1317 – data da celebração de um contrato crucial com o almirante genovês Manuel
Pessanha, com vista à organização da frota de guerra do rei D. Dinis – como marco
fundacional próprio.
Dito isto, vamos então considerar os diversos cenários existentes entre 1139 (data da
seminal batalha de Ourique, cuja localização e contornos exatos ainda hoje se discutem) e
1438 (o ano da morte do rei D. Duarte, que encerra um período de reformas importantes
do exército português).
norte , mas não perturbou a consolidação da presença das primeiras Ordens Religiosas e
Militares (Templários e Hospitalários) em Portugal, ocorrida em data que se situa
tradicionalmente por volta de 1128, ainda pela mão da condessa-rainha (doação de Soure
à Ordem do Templo).
Curiosamente, a estratégia inicial afonsina parece ter-se inspirado no exemplo dos seus
progenitores, ainda que com uma base social de apoio distinta e sem alianças com os
Travas ou com outras linhagens da região de Límia e de Toronho. Entre 1136 e 1141,
Afonso Henriques concretizou diversas operações na Galiza (por exemplo, em Cerneja e
em Tuy) e invadiu o condado de Toronho, tendo logo depois ocorrido o célebre torneio ou
«bafordo» de Valdevez, de resultado muito incerto mas que não sugere vantagem sobre o
primo Afonso VII, que pretendia então reerguer a monarquia castelhano-leonesa.
Frustradas as suas ambições a norte, Afonso Henriques virou-se para a fronteira sul. Em
1131, instalara já a corte portucalense em Coimbra; ora, isso permitiu-lhe um maior
desafogo e uma menor dependência face aos infanções do Norte, e facilitou a entrada em
cena de novos atores militares, como os cavaleiros das cidades de fronteira (Coimbra e
Viseu, entre outras) ou os cavaleiros da Ordem do Templo, que foram rapidamente
reconhecidos pelo futuro primeiro rei de Portugal. Entrou-se então num tempo de
povoamento e de organização militar do interior, de outorga de cartas de foral (exemplos:
Miranda do Corvo e Penela) e de construção de castelos a sul do rio Mondego, como os
de Leiria (1135, reconstruído sete anos mais tarde, no ano da outorga do foral de Leiria)
e de Germanelo (em 1142, no território de Ladeia-Penela).
Esta foi uma época espetacular, com a afirmação da cavalaria concelhia (a «cavalaria-
Em 1158 (ou em 1160, não o sabemos com exatidão), deu-se a importante conquista de
Alcácer do Sal, na sequência de um assédio intensivo de cerca de dois meses, o qual
logrou alcançar um resultado que tinha escapado em 1151 e em 1157, pese embora o
envolvimento, nestas duas ocasiões, de cruzados franceses e do Norte da Europa.
Com a ‘estrada do Alentejo’ entreaberta, a década de 1160 acabou por trazer as notáveis
campanhas de Geraldo Geraldes, «o Sem Pavor», uma personagem bem controversa
(parece ter passado alternadamente do campo cristão para o campo muçulmano, até ser
executado no Norte de África), mas também um guerreiro muito eficaz: com os seus
bandos de latrones, atacava as praças de surpresa, a coberto da noite e/ou das
[7]
No ano de 1194, todavia, Palmela foi recuperada, tendo-se tornado a sede conventual dos
Espatários, uma espécie de base de apoio para o futuro avanço dos santiaguistas para
sul. Ao mesmo tempo, o rei convidou os Hospitalários a instalar-se na margem norte do
Tejo, doando-lhes a herdade de Guidintesta (1194), onde aqueles freires viriam a
construir o magnífico castelo de Belver (o nome deve ter-se inspirado no castelo
hospitalário de Belvoir, na Galileia).
Pouco depois, eclodiu uma guerra entre Sancho I de Portugal e Afonso IX de Leão
(1196-1199), o que provocou confrontos duros na Galiza, na Beira e em Trás-os-Montes;
Apesar deste enquadramento, a Reconquista foi avançando para sul, graças sobretudo à
ação das Ordens Militares (em especial a de Santiago) e ao envolvimento de alguns
membros da família real (como o turbulento infante D. Fernando de Serpa, irmão do
monarca) e de alguns filhos segundos da nobreza (como o cavaleiro Afonso Peres
Farinha, da região de Arganil-Góis, que foi freire e prior do Hospital). Graças a eles,
entre 1230 e 1242 conseguiu-se a tomada do Alentejo interior e de parte do Algarve
(Juromenha, Serpa, Moura, Beja, Aljustrel, Arronches, Mértola, Alcoutim, Alfajar de Pena,
Cacela, Aiamonte, Alvor, Tavira e Paderne). Neste processo de conquista das regiões
mais meridionais do atual território português, é imperioso destacar o papel de D. Paio
Peres Correia, mestre de Santiago à escala da Península Ibérica e conselheiro do rei
Fernando III de Leão. Em recompensa pelo seu contributo, a Ordem de Santiago recebeu
Aljustrel, Mértola e Tavira, entre 1235 e 1244.
Apesar disso, o rei estava cada vez mais isolado politicamente, contando apenas com o
apoio de um número reduzido de famílias nobres, em especial os Soverosa e os de Riba
de Vizela. A tensão acumulada acabou por desaguar numa feroz guerra civil (1245-1248),
disputada sobretudo em torno das cidades de Leiria e de Coimbra; nesta guerra
fratricida, os contestatários da governação do monarca contaram com o apoio do papa
Inocêncio IV (que declarou Sancho II como «rex inutilis») e utilizaram como bandeira o
infante D. Afonso (irmão do rei), que vivia em França há cerca de vinte anos. No segundo
semestre de 1247, e apesar do auxílio militar que lhe foi prestado pelo infante Afonso (o
Finalmente, recorde-se que não existia ainda, nesta fase, um território nacional
claramente delimitado: a fronteira era uma zona fluida e vacilante, que conheceu uma
clara tendência de alargamento para sul, sobretudo a partir do ano 1147, sem que no
entanto isso tenha impedido bruscos recuos, como o registado no período almóada, ao
tempo do califa Al Mansur. Este efeito de stop and go tornava ainda mais precária a
Uma das primeiras preocupações do novo monarca consistiu em organizar uma grande
campanha militar, capaz de sarar as feridas da guerra civil e de unir país (e em especial a
aristocracia) em torno do rei. O objetivo fixado foi a conquista de Faro, em 1249. Apesar
da relevância do projeto, que haveria de assestar um verdadeiro golpe de misericórdia
nas pretensões muçulmanas sobre o Algarve, a alta nobreza, isto é, os grandes tenentes
[11]
de terras não corresponderam ao chamamento régio ... A campanha veio a saldar-se por
um sucesso, mas, de novo, graças sobretudo à intervenção das Ordens Militares
(Santiago, Avis e Hospital) e a um conjunto de nobres de ‘segunda linha’.
os 2000 e os 10 000 maravedis . O processo terá ficado consumado até 1261, tendo sido
alargado, na década seguinte, à baixa nobreza lusitana. Com esta reforma, que conheceu
outros vetores que não temos oportunidade de desenvolver aqui, «o Bolonhês» lançava o
reino num novo paradigma de recrutamento militar, que o seu herdeiro, D. Dinis
(1279-1325), haveria de consolidar.
Dando sequência aos melhores esforços do seu pai, D. Dinis tratou também de
regulamentar a duração do serviço militar e fez evoluir as soldadas vassálicas no sentido
da fixação de contias (uma forma mais evoluída de «feudo-renda») pagas aos nobres,
pagamento de uma taxa de 100 maravedis velhos) . Como admite Miguel Gomes Martins,
é também muito provável que tenha sido neste reinado que se começou a fazer um
registo cuidadoso do número e do nome dos vassalos régios num livro próprio (o «Livro
dos Vassalos», já comprovado para o reinado seguinte). Tudo isto sugere a intenção da
Coroa de estabelecer um conto fixo de notáveis para servir o monarca na guerra durante
um período de pelo menos três meses, com armas e cavalos; a partir do 91.º dia de
[14]
Estas reformas permitiram ir esbatendo, pouco a pouco, a má vontade dos nobres para
servir o rei em campanhas que podiam ser longas, fisicamente arriscadas e
materialmente pouco compensadoras. A prova disso é a forte mobilização que D. Dinis já
conseguiu garantir na guerra luso-castelhana de 1296-1297. Por esta altura, e sempre
segundo as conclusões do principal estudioso do tema, a Coroa já deveria ser capaz de
reunir hostes com um total de 3000 a 8000 efetivos, entre os quais 500 a 1000 «lanças»
(guerreiros completamente equipados e em grande parte montados) da alta nobreza (os
«ricos-homens»), outras tantas «lanças» da média e baixa nobreza e, por fim, dois a seis
[15]
Um outro aspeto que gostaríamos de salientar tem que ver com o facto de D. Dinis ter
feito questão de consolidar o regime de monopólio da Coroa em matéria de edificação de
fortificações ou obras militares – o chamado «ius crenelandi», possivelmente oriundo do
tempo de D. Sancho I, mas só definitivamente imposto a partir de D. Afonso III e seu
[16]
filho . O mesmo monarca empenhou-se também em dar indicações sobre o desenho das
novas muralhas de castelos e sobre a altura das fortificações. Do mesmo modo, deve-se a
D. Dinis um esforço crucial na organização da Marinha de Guerra Portuguesa: à morte,
em 1316, do primeiro «almirante-mor» português que conhecemos (Nuno Fernandes
Cogominho, filho de um dos vassalos da predileção de D. Afonso III), o monarca optou por
mandar escolher no estrangeiro um novo ocupante do cargo, a exemplo do que Castela
tinha feito cerca de três décadas antes. A escolha recaiu em Manuel Pessanha, membro
de uma família genovesa com muitas ligações ao comércio marítimo e a Inglaterra. O
contrato foi assinado em 1317, envolvendo o rei, a sua esposa (a rainha D. Isabel), o
infante herdeiro (Afonso) e o novo almirante; os termos previam a entrega do cargo de
«almirante-mor», a título hereditário, à família italiana, implicando serviço por mar e por
terra e a presença permanente de vinte genoveses experientes na arte de marear, a quem
[17]
Nesta breve síntese, é crucial destacar também o forte empenho do rei em submeter os
grandes senhores da nobreza e em evitar a constituição de patrimónios senhoriais
poderosos, especialmente nas proximidades da fronteira. Isso era essencial para afirmar
a autoridade régia e o controlo sobre o território. O exemplo mais flagrante desta política
consiste, sem qualquer dúvida, na guerra travada pelo monarca, em três fases, contra o
Assim, quando, em 1280, o infante D. Afonso amuralhou Vide e decidiu erguer uma torre
[18]
poderosa nesta praça-forte, o rei entendeu que era tempo de agir : entre abril e maio, ao
longo de cerca de 40 dias, cercou o irmão em Vide; o infante rebelde foi forçado a
demolir a torre e a nova muralha, embora tenha podido manter o seu património
alentejano e ainda a tenência da Guarda; D. Dinis promoveu o seu armamento como
cavaleiro e compeliu-o a ingressar na vassalagem real, outorgando-lhe no entanto uma
contia anual avultada (35 000 libras por ano). Tal não impediu, porém, D. Afonso de
intervir na guerra de sucessão de Afonso X de Castela, nomeadamente apoiando as
pretensões de Afonso de La Cerda e abrigando nas suas propriedades o fidalgo Álvaro
Nuñez de Lara, adversário do novo monarca, Sancho IV.
Estas circunstâncias obrigaram D. Dinis a uma nova operação militar contra o irmão, que
teve lugar no início do outono de 1287: com o apoio de Sancho IV de Castela, o rei
português cercou Arronches; ao fim de um mês de assédio, o infante rebelde rendeu-se e
teve de trocar Marvão por Armamar (em Trás-os-Montes), ao mesmo tempo que os
alcaides das fortalezas sob o seu controlo foram obrigados a prestar homenagem ao rei
português. A história não ficou, todavia, por aqui, pois, após a morte de Sancho IV
(1295), quando se abriu uma nova crise sucessória em Castela-Leão, D. Dinis e o seu
irmão tomaram novamente partidos diferentes… Assim, o monarca foi obrigado a
organizar uma terceira e última grande operação contra o infante rebelde.
Esta operação foi uma das mais espetaculares do longuíssimo reinado de D. Dinis e tem –
para nós – um alto valor simbólico. Trata-se do cerco de Portalegre, realizado entre 27 de
abril e 24 de outubro de 1299. A campanha envolveu cerca de 5000 combatentes, tendo
mobilizado o arcebispo de Braga e a generalidade dos bispos portugueses, para além do
infante herdeiro, de muitos nobres de nomeada (como o alferes Martim Gil de Riba de
Vizela/Sousa, o conde João Afonso Telo e diversos membros das famílias Briteiros,
Chichorro, Portel ou Lima, entre outras), além de todas as Ordens Militares (Templo,
Hospital, Santiago e Avis) e de algumas milícias concelhias da região (como, por exemplo,
Serpa). Como se vê, a capacidade de mobilização militar da Coroa era agora muito mais
significativa! Que se tratou de uma operação decisiva e de alto risco, prova-o o facto de o
[19]
rei ter feito testamento no dia 8 de abril de 1299 . Do lado contrário alinhavam diversos
castelhanos de nomeada, como os genros do infante D. Afonso – D. Juan El Tuerto, Nuno
González de Lara, D. Telo e Pedro Fernández de Castro, com o apoio das suas mesnadas
(isto é, os seus séquitos armados). Mas D. Afonso contava também com o apoio dos seus
muitos vassalos e de uma parte da população da vila.
impressionante . Ainda assim, a força do renovado exército régio, sob o comando pessoal
do monarca, impôs-se e, a 24 de outubro de 1299, D. Dinis entrou vitoriosamente na
cidade, onde emitiu logo as primeiras cartas régias. O acordo de paz seria celebrado em
julho de 1300, tendo o infante sido obrigado a escambar Portalegre e Arronches por
Ourém e Sintra; dois anos mais tarde, acabaria por se exilar em Castela (1302 a 1306);
em 1312, morreria em Lisboa, ignorado pelo irmão e na sequência do provável
assassinato da sua própria mulher.
A partir desta altura, e pese embora algumas oscilações (de que Olivença constitui o
exemplo mais conhecido e mais doloroso), Portugal ficou com a sua fronteira definida
praticamente para sempre, no que constitui um caso bastante singular em toda a Europa.
D. Dinis pôde, então, proteger a fronteira terrestre com uma linha (ou duas, nas regiões
mais vulneráveis ou de maior interesse estratégico) de castelos góticos, erguidos pelo
saber de arquitetos especializados e que conheciam bem as técnicas mais modernas de
construção de fortificações; Mário Barroca e Miguel Martins estimaram em muitas
dezenas as campanhas de D. Dinis em matéria de restauro ou de construção ab ovo de
castelos góticos, quase todos em locais muito próximos da fronteira luso-castelhana; de
Convém explicar que os besteiros do conto eram escolhidos entre os mesteirais que
tinham fortuna suficiente para adquirir e conservar uma besta e os respetivos adereços e
virotões, costumando-se dar prioridade aos homens jovens, casados e com casa própria
(pois asseguravam uma maior estabilidade do modelo) e a gente ligada aos ofícios e
mesteres (sapateiros, alfaiates, etc.) e não à lavoura; os homens selecionados eram
registados em livro e, na sua maioria, seriam hábeis no tiro com besta (uma arma que era
bastante utilizada para caçar), sendo-lhes exigido que todas as semanas se adestrassem
no castelo mais próximo, já que a besta era uma arma difícil de recarregar e tinha um
manuseamento mais complexo do que o do arco. Os besteiros do conto gozavam de
privilégios vários (honra de cavaleiros em processos e custas judiciais; isenção de certos
impostos concelhios; direito de caçar à vontade e em toda a parte, com exceção das
coutadas régias, sem pagamento de almotaçaria pela carne que depois vendessem;
isenção de ser penhorados em bestas, bois, cereais e roupas de cama e de vestir; direito a
receber mantimentos quando tivessem de escoltar presos; etc.), mas também tinham
deveres: além do treino dominical, deviam manter as suas armas em bom estado
(incluindo umas dezenas de virotões) e estar sempre disponíveis, mesmo para operações
Entre 1315 e 1317, D. Dinis regulamentou ainda o chamado sistema dos «aquantiados»
em cavalos e armas. Trata-se, em parte de uma evolução da antiga cavalaria-vilã e
materializou-se na atribuição à população concelhia da obrigação de possuir
determinadas armas (e, no caso, dos mais ricos, também uma montada), em proporção
com a fortuna que possuíam. Esta era avaliada periodicamente por oficiais régios (os
coudéis, tutelados por um coudel-mor), embora com o envolvimento dos concelhos, e
conduzia à inscrição de cada habitante com casa própria (muitos deles ligados à lavoura)
num determinado escalão de rendimentos, a que correspondia a obrigação de possuir um
certo equipamento militar. Por exemplo, no caso de Lisboa-1317, os habitantes com um
rendimento superior a 1000 libras deviam apresentar-se com cavalo, «cambais» grosso
(jaquetão acolchoado) ou «perponte» (gibão de seda ou de algum tipo de tecido forte),
«capelo de ferro» ou «capelina» (proteções de cabeça, hemisféricas ou apontadas em
cima, com ou sem nasal), escudo e lança; aqueles que auferissem mais de 2000 libras
teriam de ter o mesmo género de equipamento, mas com uma «loriga» (túnica de malha
metálica, com ou sem mangas) em vez de cambais ou perponte, e os com rendimentos
acima de 5000 libras deveriam acrescentar uma loriga para proteger o cavalo; quanto aos
peões, acima de 100 libras deveriam ter «espaldeira» (para defesa das espáduas),
«gorjal» (peça de proteção do pescoço e do queixo), escudo e lança, e, abaixo daquele
valor, apenas uma lança, um dardo e uma besta; como prazos, o rei estipulava um mês
para obterem o cambais e o perponte, seis para a loriga de corpo e um ano para a loriga
[24]
inatividade .
A D. Pedro I se deve também o reforço da milícia dos besteiros do conto, que cresceu
[27]
O reinado seguinte (D. Fernando, 1367-1383) está intimamente associado a três guerras
com Castela (em 1369-1371, em 1372-1373 e em 1381-1382), que globalmente se pode
dizer que foram mal sucedidas, uma vez que não permitiram a desejada expansão do
reino para norte (Galiza) ou para leste, à custa de Castela. Fernão Lopes, na sua óbvia
missão de legitimar a mudança de dinastia (a partir de 1385) e de engrandecer a figura
de D. João I, deixou-nos um retrato muito pouco lisonjeiro d’«o Formoso», o qual devemos
[28]
ler com cautela . Todavia, em minha opinião, do ponto de vista militar, o ‘tempo de
D. Fernando’ (em que se negociou a primitiva aliança com a Inglaterra, para além de
diversos acordos intrapeninsulares contra o gigante castelhano) foi um tempo de
reformas importantíssimas, a diversos níveis.
No plano do armamento, foi neste período que as velhas proteções em malha metálica
começaram a ceder o seu lugar ou a conviver com peças mais robustas e modernas.
Fernão Lopes afirma que o rei ordenou que se substituísse o velho «cambais» pelo
«jaque» (talvez uma peça do género das «couraças» ou das «solhas», isto é, defesas de
tecido muito resistente ou de couro fervido, sobre as quais se aplicavam pequenas
lâminas metálicas) e que mandou trocar as antigas capelinas pelas mais ergonómicas
«barvudas» (um provável antecessor do «bacinete»); estas peças de proteção da cabeça
deveriam ser articuladas com um «camal» (um avental de pescoço feito em malha de
ferro). Sabemos também, por Fernão Lopes, que foi cerca de 1381 (durante a última
guerra contra Castela) que se terão começado a fabricar (em Évora) as primeiras armas
[29]
em pó de cerca de um quilo .
Para além de ter continuado a obra do pai em matéria de restauro de castelos e de cercas
Em 1392, o monarca «da Boa Memória» (e o que mais tempo reinou em Portugal) criou
uma nova milícia – a dos «besteiros de cavalo», uma versão requintada dos besteiros do
conto, limitada a cerca de 500 atiradores montados que beneficiavam do estatuto de
[32]
vassalos do rei e de privilégios reforçados . Quanto aos nobres, viram as suas contias
atualizadas, em resultado da enorme inflação que se registou em Portugal nos finais da
primeira dinastia e nos inícios da dinastia avisina: por cada 1000 libras que recebesse do
rei, um fidalgo deveria apresentar uma «lança» no teatro de operações; por cada
«acompanhante» que levasse consigo, recebia mais 700 libras. É absolutamente claro o
esforço do rei no sentido de – a partir do fim do conflito com Castela (cerca de 1400, com
a paz definitiva a ser obtida em 1411 e sucessivamente ratificada em 1423 e em 1431) –
disciplinar as regras de serviço militar da nobreza, mitigando as liberalidades que as
urgências da guerra tinham gerado e afirmando a autoridade régia, com o auxílio dos
seus conselheiros, juristas e letrados. Um exemplo evidente disso é o «chamamento
régio» dos Paços da Serra (Atouguia), em finais de 1393 ou inícios de 1394; aqui, D. João
I estabeleceu que apenas o rei poderia ter vassalos e obrigou os principais fidalgos a
devolver (e/ou a vender) muitos dos bens que tinham recebido da Coroa, em especial os
que tinham sido doados a título precário («em préstamo»). Como é sabido, esta decisão
originou um violento conflito com alguns desses nobres (alguns acabariam mesmo por
emigrar para Castela), em especial com o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que era o
[33]
Uma outra decisão, relevantíssima, do conselho régio joanino, a qual não sabemos datar
com precisão mas que terá ocorrido, talvez, entre 1399 e 1402, consistiu no
estabelecimento de uma «Ordenança Certa» de 3200 «lanças» que deveriam estar
sempre a postos para a defesa do reino; 500 dessas lanças deveriam provir dos grandes
«capitães» (ou seja, dos grandes vassalos régios), 2360 da pequena nobreza (escudeiros
[34]
de uma lança apenas) e 340 das Ordens Militares, no seu conjunto . Temos aqui um
embrião de exército fixo preventivo e percebe-se que se começava a sonhar com um
exército permanente, ao mesmo tempo que se procurava conter o excesso de vassalos,
confiando para tal no trabalho dos «vedores dos vassalos régios».
senhores do reino . A talho de foice, devemos acrescentar que, nesta época – além dos
«arneses brancos» (de pernas e de braços, que podiam incluir perto de uma vintena de
peças) – os anatómicos «bacinetes» (em forma de ovo e munidos de um ápex alto e
pontiagudo) e as respetivas «viseiras» se tinham tornado as defesas preferidas dos
combatentes mais abonados, ao mesmo tempo que os «chapéus de armas» seriam
bastante utilizados em Marrocos, devido à proteção que ofereciam contra o sol e contra a
chuva. Para que tudo isto fosse possível, tornou-se necessário garantir a existência de
armazéns de armas em Lisboa (junto da Sé) e no Porto, assim como desenvolver uma
política de promoção de armeiros nacionais e estrangeiros (castelhanos, franceses,
italianos, alemães), muitos deles judeus ou mouros, nas maiores cidades do reino.
Em 1418, pela mão de D. Duarte, foi elaborado um «Regimento dos Coudéis» que
permitiu a reorganização do sistema dos aquantiados concelhios, definindo com bastante
rigor a missão do coudel local, a periodicidade dos alardos, a ação do coudel-mor e a
[36]
existência de um registo em livro próprio de toda esta força militar de origem concelhia .
Três anos mais tarde, o mesmo infante promoveu a realização de um arrolamento
nacional dos besteiros do conto, o qual chegou até nós (consta das Ordenações
Afonsinas) e que mostra que o país estava então organizado, para este efeito, em 300
anadelarias distribuídas por todas as comarcas do reino, as quais reuniam cerca de 5000
[37]
A este respeito, devemos ainda lembrar que, a partir de 1415 (conquista de Ceuta),
Portugal passou a controlar praça(s) africana(s) em Marrocos, o que obrigava à formação
de verdadeiros exércitos de guarnição; por exemplo, D. João I deixou entre 2500 e 3000
homens em Ceuta e foi depois preciso abastecer esta praça com vitualhas, louça, armas,
cavalos e munições. Como bem observou Luís Miguel Duarte, isso levou à fundação de
uma Casa de Ceuta em Lisboa, assim como à organização de uma carreira regular entre
Lisboa/Algarve e Ceuta, o que constituiu uma experiência pioneira e uma escola de
[38]
Outra vertente em que se nota um forte empenho dos primeiros monarcas avisinos tem
que ver com as poderosas Ordens Militares, que foram sendo absorvidas pela Coroa,
utilizando-se para o efeito uma estratégia de nomeação de membros da família real como
mestres ou administradores dessas instituições: em 1418, o infante D. João passou a
liderar a Ordem de Santiago; dois anos mais tarde, o seu irmão Henrique foi colocado à
cabeça da Ordem de Cristo; e, em 1434, um outro filho de D. João I e D. Filipa de
Lencastre, o infante D. Fernando (o que morreria mais tarde no cativeiro de Fez) assumiu
o comando da Ordem de Avis.
Uma última palavra deve ser dita para lembrar o aparecimento dos «espingardeiros» (em
Tânger, 1437) e das primitivas armas de fogo portáteis: as «colobretas», já presentes no
inventário do armazém real de Lisboa, entre 1438 e 1448, a par de muita pólvora, de
diversos acessórios pirobalísticos e, curiosamente, das velhas armas brancas e de malha
[39]
Que conclusões será lícito retirar desta terceira e última etapa («Consolidação»,
1357-1438) de construção do Exército Português?
Depois, deve sublinhar-se que foi neste período que a organização militar portuguesa
atingiu uma dimensão completamente ‘nacional’, como se pode ver pela derradeira
afinação da milícia dos besteiros do conto, do corpo dos aquantiados em cavalos e armas
e dos respetivos oficiais (os anadéis e os coudéis, que permanecem agora nos seus cargos
por períodos médios de três a cinco anos, sendo quase sempre de nomeação régia).
Este foi também o tempo do início das campanhas no Norte de África, com tudo o que
isso envolveu do ponto de vista da organização, da logística, do financiamento e até da
tática militar (onde houve um certo regresso a formas de fazer a guerra que recordam as
aventuras da Reconquista).
O fecho de abóbada desta política pode bem ter sido a progressiva absorção pela Coroa
dos potentados das Ordens Militares, que controlavam muitos castelos, alguns deles
fronteiriços e com arsenais de armas próprios. Tudo isto ajuda a compreender o elevado
potencial de recrutamento militar português ao cair do pano sobre a Idade Média, numa
ratio capaz de fazer inveja às grandes potências beligerantes coevas e que revela
também um nível de organização e de disciplina muito apreciáveis.
i) escolher uma data ‘precoce’, situada no interior da primeira etapa que descrevi
(1139-1248), e, nesse caso, sem dúvida que o acontecimento mais emblemático seria a
conquista de Lisboa, em 24 de outubro de 1147. Esta opção teria a grande vantagem de
incidir sobre um acontecimento de forte valor simbólico, militarmente muito completo
(foram utilizadas todas as técnicas de cerco conhecidas na época) e com grande
significado político no conjunto da Reconquista da Península Ibérica (e não apenas
portuguesa). Além disso, a tomada de Lisboa aos Mouros foi um evento de grande
ressonância internacional, tanto mais que teve lugar no contexto das operações da
Segunda Cruzada (foi, aliás, o seu único grande sucesso).
iii) escolher uma data ‘tardia’, localizada no contexto da terceira grande etapa
(1357-1438), e, neste caso, a opção mais acertada seria, talvez, eleger a «Ordenança
Certa das 3200 lanças», de D. João I, na viragem do século XIV para a centúria de
Quatrocentos. As vantagens desta escolha são sobretudo três: a) estamos, pela primeira
vez, confrontados com um embrião de exército fixo (ainda que meramente
ideal/potencial) de defesa do reino, num quadro de uma refundação dinástica que foi
muito importante para a História de Portugal; b) a «Ordenança Certa» ocorreu no
contexto de reformas cruciais, de âmbito nacional, que permitiram levar às últimas
consequências os esforços dos monarcas das épocas anteriores (guarda do rei,
reorganização do comando, regimento dos coudéis, rol dos besteiros do conto, milícia dos
besteiros de cavalo, armamento pirobalístico, etc.); c) a deliberação do conselho régio
joanino foi completada com uma organização dos arsenais de guerra (a reforma dos 1500
arneses), o que sugere uma nova política de fabrico, armazenamento e distribuição de
material de guerra, em vésperas de o país se lançar na epopeia ultramarina e de
concretizar a sua primeira grande conquista no Norte de África (Ceuta 1415).
Espero que esta revisão crítica dos começos do Exército Português, que nos levou a
revisitar três séculos da História de Portugal (1139-1438), tenha sido útil e que esta
minha reflexão possa constituir um contributo positivo para a dinamização dos estudos de
História Militar Portuguesa e para a aproximação – muito desejada – entre militares e
civis na respetiva revisão e divulgação pública. Isso é, afinal de contas, o mais importante
de tudo!
Referências bibliográficas
Fontes
LOPES, Fernão, Crónica del Rei Dom João I da boa memória, Parte Segunda. Lisboa,
Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1977 (edição preparada por William J. Entwistle).
Ordenações Afonsinas. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1984 (5 vols., com nota de
apresentação de Mário Júlio de Almeida Costa e nota textológica de Eduardo Borges
Nunes).
Estudos
AMARAL, Luís Carlos / BARROCA, Mário Jorge, A condessa-rainha. Teresa. Lisboa, Cículo
de Leitores, 2012.
BARATA, Manuel F. Themudo / TEIXEIRA, Nuno Severiano (dir.), Nova História Militar
de Portugal, Volume I. Lisboa, Círculo de Leitores, 2003 (coord. de José Mattoso, autoria
de Mário Jorge Barroca, João Gouveia Monteiro e Luís Miguel Duarte).
BARBOSA, Pedro Gomes, Conquista de Lisboa, 1147. A cidade reconquistada aos Mouros.
Lisboa, Tribuna da História, 2004.
BARBOSA, Pedro Gomes, A Reconquista Cristã. Nas origens de Portugal, séculos IX a XII.
Lisboa, Ésquilo, 2008.
COSTA, Paula Pinto, «A Ordem do Hospital em Portugal. Dos finais da Idade Média à
Modernidade», in Militarium Ordinum Analecta, n.º 3-4, 1999/2000 (pp. 7-562).
GARCÍA FITZ, Francisco / MONTEIRO, João Gouveia, War in the Iberian Península,
700-1600. Londres, Routledge, 2018.
MONTEIRO, João Gouveia, A guerra em Portugal nos finais da Idade Média. Lisboa,
Editorial Notícias, 1998.
MONTEIRO, João Gouveia, Os castelos portugueses dos finais da Idade Média. Presença,
perfil, conservação, vigilância e comando. Coimbra, Faculdade de Letras – Editora
Colibri, 1999.
MONTEIRO, João Gouveia, Armeiros e Armazéns nos finais da Idade Média. Viseu,
Palimage, 2001.
MONTEIRO, João Gouveia, Nuno Álvares Pereira, guerreiro, senhor feudal e santo. Os
três rostos do Condestável. Lisboa, Manuscrito, 2017.
OLIVEIRA, António Resende de, «Do reino da Galiza ao reino de Portugal (1065-1143)»,
in Revista de História das Ideias, n.º 28, 2007 (pp. 17-37).
TEIXEIRA, Nuno Severiano (dir.), História Militar de Portugal. Lisboa, Esfera dos Livros,
2017 (autoria de João Gouveia Monteiro, Francisco Contente Domingues e Nuno
Severiano Teixeira).
[1]
A síntese que se segue tem como principal base de apoio as seguintes obras: Manuel
Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira (dir.), História Militar de Portugal, vol. I,
2003 (coord. de José Mattoso, co-autoria de Mário Jorge Barroca, João Gouveia Monteiro
e Luís Miguel Duarte); Nuno Severiano Teixeira (coord.), História Militar de Portugal,
2017 (co-autoria de João Gouveia Monteiro, Francisco Contente Domingues e Nuno
Severiano Teixeira); João Gouveia Monteiro, A guerra em Portugal nos finais da Idade
Média (1998); Miguel Gomes Martins, A arte da guerra em Portugal (2014); e ainda a
recentíssima obra de síntese, que cobre todos os reinos ibéricos cristãos e também o
mundo muçulmano, intitulada War in the Iberian Península (700-1600), de 2018,
coordenada por Francisco García Fitz e João Gouveia Monteiro (com autoria também, do
lado português, de José Manuel Varandas, Miguel Gomes Martins, Luís Costa e Sousa e
Vítor Luís Gaspar Rodrigues; e, do lado espanhol, de Javier Albarrán, Carlos de Ayala
Martínez, Martín Alvira Cabrer, Fernando Arias Guillén, Mário Lafuente Gómez, Jon
Andoni Fernández de Larrea Rojas e António José Rodríguez Hernández). Uma boa visão
panorâmica da história medieval portuguesa encontra-se em Bernardo Vasconcelos e
Sousa (in Rui Ramos, História de Portugal, 2009). Vejam-se as referências completas de
todas estas obras na Bibliografia final.
[3]
[4]
[5]
[6]
Sobre a conquista de Lisboa de 1147, devem ver-se, além do relato do cruzado «R.»
(provavelmente o clérigo Raul de Glanville: cf. Aires A. Nascimento, 2001), os estudos de
Pedro Gomes Barbosa (2004) e, muito recentemente, de Miguel Gomes Martins (2017).
[7]
[8]
Sobre a história das Ordens Militares em Portugal, deve ver-se a síntese de Luís
Filipe Oliveira e Isabel Cristina Fernandes, in Feliciano Novoa Portela e Carlos de Ayala
Martínez, 2005, pp. 137-166. Relevantes são também as teses de doutoramento de Paula
Pinto Costa sobre a Ordem do Hospital (1999/2000) e de Luís Filipe Oliveira sobre as
Ordens de Avis e de Santiago (2009). Sobre os castelos templários em Portugal, veja-se
Mário Jorge Barroca (1997). Uma síntese problematizadora da Reconquista cristã pode
encontrar-se em Pedro Gomes Barbosa (2008).
[9]
[10]
A grande biografia dedicada a D. Afonso III deve-se a Leontina Ventura (2006). Veja-
se também a síntese de Maria Alegria Marques (2009). Sobre São Luís, é obrigatório
mencionar a célebre obra de Jacques Le Goff (1996).
[11]
[12]
[14]
[15]
[16]
[17]
Luís Miguel Duarte, in M. Themudo Barata e N. S. Teixeira, 2003, pp. 299-303. Cf.
também Maria Helena da Cruz Coelho, 2012, p. 82 (onde se explica que a outorga do
almirantado teve lugar no dia 1 de fevereiro de 1317).
[18]
Para o que se segue, veja-se Miguel Gomes Martins, 2013, pp. 155, 160-163 e
167-170.
[19]
A grande biografia do rei D. Dinis deve-se a José Augusto Pizarro (2005). Vale
também a pena ver a síntese de Maria José de Azevedo Santos (2005).
[20]
[21]
[22]
[23]
[24]
[25]
[26]
[27]
[29]
[30]
Nuno Varela Rubim, 1986, pp. 257-283; e Nuno Varela Rubim in M. J. Barroca et alii,
2000, pp. 223-243 e p. 418 (apresentação e comentário de bombarda do Museu Militar de
Lisboa, Inv. MML A.I).
[31]
[32]
[33]
[34]
[35]
[36]
[37]
[38]
[39]