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Universidade do Porto

Faculdade de Letras

NECRÓPOLES ROMANAS DO TERRITÓRIO PORTUGUÊS

Dissertação de Mestrado em Arqueologia

João Manuel Ferreira Abreu

2002
3
Necrópoles Romanas do Território Português

Í ndice

0. Introdução 5

1. Necrópoles romanas em Portugal: o quadro das investigações 9

2. Localização e organização dos espaços funerários 15

2.1. As áreas urbanas e os espaços rurais .....................................................................................15


2.1.1. As áreas urbanas ...............................................................................................................15
2.1.2. O mundo rural ..................................................................................................................34
2.2. A organização dos espaços funerários ..................................................................................37
2.2.1. Introdução .........................................................................................................................37
2.2.2. Disposição topográfica, recintos e parcelas ......................................................................38
2.2.3. A sinalização e a visibilidade dos enterramentos .............................................................42

3. As tipologias dos enterramentos 47

3.1. Incinerações ...........................................................................................................................47


3.1.1. Incinerações primárias ......................................................................................................48
3.1.1.1. Introdução ........................................................................................................................48
3.1.1.2.Ustrina ..............................................................................................................................48
3.1.1.3. Sepulturas .........................................................................................................................50
3.1.2. Incinerações secundárias ...................................................................................................54
3.2. Inumação ................................................................................................................................63
3.2.1. Introdução .........................................................................................................................63
3.2.2. Tipologia das sepulturas de inumação ..............................................................................63

4. O mobiliário funerário 75

4.1. Introdução .............................................................................................................................75


4.2. Incinerações ........................................................................................................................ 75
4.2.1. Incinerações primárias ......................................................................................................75
4
Necrópoles Romanas do Território Português

4.2.2. Incinerações secundárias ..................................................................................................77


4.3. Inumações .............................................................................................................................82
4.4. A disposição do túmulo .........................................................................................................86

5. Considerações finais 89

6. Catálogo dos vestígios funerários romanos: necrópoles e enterramentos 97

7. Bibliografia 175

8. Anexo documental 193


5
Necrópoles Romanas do Território Português

0. Introdução

Partimos para este trabalho com a consciência do esforço que nos esperava. Talvez a área
estudada peque pelo exagero da sua dimensão. Este factor foi ponderado dado o esforço ingente
que pressupunha. No entanto, decidimos que merecia o melhor do nosso esforço. Apesar das
limitações que apresenta, pensamos que conseguimos atingir os objectivos principais. Não temos
a pretensão de apresentar um trabalho definitivo sobre o tema. A falta de dados em muitas
regiões do território português torna-o provisório e a própria interligação deste tema com toda
arqueologia romana do território português impede a realização de estudos definitivos. O subsolo
e as problemáticas levantadas encarregam-se de tornar o tema interessante e aberto a novas
reflexões.
Este trabalho tem como objectivo o estudo dos vestígios funerários romanos descobertos no
actual território português. A área adoptada prende-se com a facilidade de trabalhar com a
bibliografia em língua portuguesa. Procurava-se estudar a realidade dos fenómenos funerários
romanos nesta área do Império Romano.
O trabalho não aborda vestígios funerários originais, isto é, informações que nunca foram
objecto de publicação. Existem algumas excepções a esta situação mas o seu número reduzido
não altera de forma substancial o conhecimento que temos sobre este assunto. Com este trabalho
procura-se efectuar uma análise crítica dos vestígios encontrados em Portugal até ao momento
presente e que mereceram alguma forma de publicação. Com esse objectivo, compulsamos toda
a bibliografia existente sobre o assunto.
Procuramos essencialmente retirar todas as informações relacionadas com as práticas
funerárias, nomeadamente, as estruturas dos enterramentos, a presença / ausência de mobiliário
funerário e as cronologias das necrópoles ou das sepulturas.
Em virtude da adopção desta perspectiva não são analisadas as epígrafes funerárias. Estes
vestígios arqueológicos constituem um manancial de informações que precisa de uma abordagem
diferenciada, que pensamos não caber neste trabalho. Apenas utilizamos estas fontes quando foi
necessário datar alguns enterramentos, directamente relacionados com estelas ou cipos
funerários.
Abrimos outra excepção para estudar as tampas de sepultura que adoptam a forma de uma
cupa. Embora este tipo de sepultura tenha uma leitura social, o nosso ponto de partida foi a
análise da estrutura arqueológica. É evidente que é efectuada uma leitura sociológica deste tipo
de enterramento mas não são exploradas as informações existentes nas epígrafes.
6
Necrópoles Romanas do Território Português

Nesta dissertação analisamos as necrópoles e a respectiva inserção espacial. Fizemos uma


tentativa de abordagem respeitando o seu contexto espacial. Primeiro, olhamos para as
necrópoles das áreas urbanas e, de seguida, para aquelas que estavam situadas em áreas
claramente rurais. É um primeiro esforço para detectar estratégias de implantação diferenciadas,
adaptadas a realidades diversas. Neste tema, partimos do conhecimento existente sobre a
implantação das necrópoles em outras áreas do Império Romano.
Relacionado com este tema, está a organização interna dos espaços funerários. Após o estudo
da bibliografia deparamos com falta de informações substanciais sobre este assunto. Os próprios
artigos sobre o fenómeno funerário descuram este aspecto. No entanto, é realizada uma
abordagem do tema, mesmo que os dados não sejam abundantes e limitem, de uma forma
bastante importante, a leitura dos vestígios arqueológicos.
Por fim, é feito uma abordagem da sinalização das sepulturas. Não avançamos muito neste
assunto devido à sua relação directa com o estudo das epígrafes funerárias. Como culminar deste
subtema, procura-se, de uma forma sucinta, chamar a atenção para a problemática da visibilidade
do enterramento.

Noutro capítulo desta dissertação é efectuada uma tentativa de sistematização dos tipos de
sepulturas descobertas em território português. Esta tentativa foi guiada pela diferenciação da
prática funerária, pelo tipo de depósito efectuado e pela própria estrutura do enterramento.
Sem desenvolver elementos que merecem abordagem própria no capítulo respectivo, refira-
se que os enterramentos foram divididos consoante o tratamento dado ao corpo do defunto. A
primeira grande diferença radica na incineração do cadáver ou na sua inumação. Ao nível da
incineração, procurou-se estabelecer as diferenças existentes entre a deposição primária e a
deposição secundária das cinzas. Cada sepultura é integrada numa categoria ou subcategoria
relacionada com a forma que a sepultura adquire e o material utilizado na sua construção. A
ausência de material de revestimento também é um critério de distinção válido.
Também fizemos questão de abordar os enterramentos que tem estrutura arquitectónica.
Doutra forma não se poderia completar uma tentativa de sistematização desta ordem. No entanto,
deve-se realçar a falta de informação existente sobre este tipo de vestígios arqueológicos. A sua
raridade em território português é agravada pela falta de trabalhos sobre o assunto.

O mobiliário funerário é abordado na sua relação com a prática funerária. Não se faz uma
abordagem centrada neste material (cerâmica, vidros, moedas, lucernas e outros objectos). Só
nos interessam enquanto elementos que nos podem revelar outras dimensões da própria prática
7
Necrópoles Romanas do Território Português

funerária, tanto ao nível da intencionalidade existente na sua presença / ausência como elemento
fundamental para determinar a cronologia dos enterramentos.
A abordagem de todos os aspectos referidos tem sempre em atenção a sua distribuição pelo
território português e a própria inserção cronológica. Todos estes elementos integram esta
abordagem que procura discernir as mudanças ao longo de cinco séculos de história.

Por fim, gostávamos de abordar a questão das práticas e dos rituais funerários e dos conceitos
que estão subjacentes. Neste trabalho abordam-se essencialmente elementos que fazem parte de
um ritual, do qual apenas conhecemos a prática funerária.
Os ritos funerários são uma associação de uma prática funerária e de uma crença 1. O gesto
funerário pode ser reconstituído porque deixa vestígios materiais que são recuperados através da
escavação das sepulturas e de outros vestígios funerários. A crença, que se manifestaria sob a
forma de um discurso, oração ou um conjunto de manifestações que acompanhavam a prática
funerária, não deixou qualquer traço.
É com base nesta definição que E. Crubézy2 diz que os arqueólogos apenas falam de práticas
funerárias. A natureza dos vestígios arqueológicos apenas lhes permite detectar e reconstituir a
actividade desenrolada sobre os mortos e em volta deles. Apenas o gesto funerário que leva à
criação de um vestígio pode ser recuperado pelo arqueólogo.
Por vezes, no texto aparece o conceito de ritual funerário. Não pretendemos lançar
elementos de confusão na distinção atrás efectuada. A sua utilização está relacionada com a
própria utilização deste termo na linguagem própria da arqueologia. Nesta ciência é comum
aparecer este conceito aplicado apenas à forma de tratamento do cadáver. É apenas nesse sentido
que o utilizamos.
Tal como já foi acima referido, a arqueologia descobre vestígios materiais dos rituais. A
escavação arqueológica permite a descoberta de determinados momentos do ritual, cujo
significado, por vezes, não se consegue atingir. O arqueólogo tem acesso à materialização desses
momentos precisos dos rituais. Estes estão relacionados essencialmente com a sepultura e tudo o
que se encontra no seu interior. Portanto, será mais correcto falar em práticas funerárias dado que
só diferenciamos esta vertente do ritual que se materializa na sepultura.

Antes de avançarmos gostaria de fazer algumas considerações sobre as designações


utilizadas. Em relação aos topónimos, quando se conhecem os topónimos romanos decidimos

1
Conferir as noções de rito funerário e prática funerária que apareceram no volume colectivo sobre arqueologia
funerária (Crubézy et al. 2000).
8
Necrópoles Romanas do Território Português

utilizá-los. Quando não são conhecidos foram, obviamente, usados os topónimos modernos dos
locais. Os próprios termos usados procuram seguir a convenção habitual dentro da arqueologia
da época romana. Os materiais romanos de construção e cobertura são referidos pela sua
designação. Apenas em algumas descrições são usados os termos portugueses porque é dessa
forma que são designados nas publicações consultadas.

Não quero terminar este pequeno capítulo introdutório sem deixar aqui uma nota do meu
reconhecimento e agradecimento pela orientação prestada pelo Professor Doutor Carlos Alberto
Brochado de Almeida, que esteve sempre disponível para tirar todas as dúvidas que foram
surgindo e prestou todo o apoio necessário durante a elaboração desta dissertação.
Penso também não ser desajustado deixar aqui bem expresso o meu reconhecimento em
relação ao António Silva, Manuela Ribeiro, Sandra Barbosa, Teresa Ribeiro e Fabiana Gomes
pelo apoio, incentivo e confiança manifestados ao longo dos últimos três anos.

2
Cf. Crubézy 2000, 14-15.
9
Necrópoles Romanas do Território Português

Necrópoles romanas em Portugal: o quadro das investigações.

Iniciamos este trabalho realizando uma breve análise das obras e artigos publicados em
Portugal sobre esta problemática. Não se pretende efectuar uma abordagem aprofundada sobre as
obras e artigos que se debruçam sobre os vestígios funerários romanos e as próprias teorias
arqueológicas que os enformam. Tema interessante que não será, no entanto, desenvolvido nesta
dissertação. A nossa análise prende-se essencialmente com a qualidade dos dados recolhidos por
sucessivas gerações de investigadores que são, em muitos casos, as únicas informações que
possuímos sobre os vestígios funerários de algumas regiões do nosso país.
Esta nossa breve análise inicia-se pelos trabalhos publicados na segunda metade do século
XIX. Neste período começam a aparecer, com uma certa abundância, artigos que noticiam o
aparecimento de sepulturas isoladas ou de conjuntos funerários mais ou menos extensos. Estes
artigos são geralmente curtos, cingindo-se a uma descrição sumária dos vestígios. Fazem
referência à forma da sepultura, ao material utilizado na sua construção e ao material funerário
dela retirado. Muitos destes artigos são publicados n‟ O Arqueólogo Português, Portugália,
Revista de Guimarães e outros periódicos que abordavam questões relacionadas com a
arqueologia. São trabalhos de qualidade diversificada com abordagens que partem da simples
constatação de vestígios de sepulturas romanas até à sua descrição. Revelam-se importantes por
assinalarem a descoberta, na maior parte das vezes casual, de enterramentos da época romana
que entretanto foram destruídos.
Na viragem daquele século apareceram também alguns artigos que procuram fazer
inventários de colecções de vestígios arqueológicos existentes em museus nacionais e
municipais. Através destes inventários ficamos a saber, por vezes, o local onde apareceram
algumas sepulturas da época romana.
Merece uma menção o esforço empreendido para recuperar a memória nacional que levou P.
Azevedo3 a analisar as Memórias Paroquiais de 1758, com o intuito de recuperar informações
sobre vestígios arqueológicos. Estes artigos foram publicados n‟ O Arqueólogo Português.
A par destes artigos, que não levantam problemáticas sobre o fenómeno funerário romano,
aparecem alguns trabalhos que dão uma visão de conjunto destes vestígios. Encontram-se nesta
situação As Religiões da Lusitânia de Leite de Vasconcellos, alguns artigos de Estácio da Veiga,
Santos Rocha, R. Severo, J. Fortes e F. Alves Pereira.
Os trabalhos de Estácio da Veiga são importantes devido às descrições que apresenta das
necrópoles e sepulturas romanas encontradas nas regiões do país que estudou. Falamos,

3
Azevedo 1896, 1897a, 1897b, 1898, 1907 e 1911.
10
Necrópoles Romanas do Território Português

evidentemente, dos vestígios funerários do Algarve4, da descrição de algumas necrópoles na


região de Mafra5 e da primeira descrição de vestígios funerários romanos descobertos em
Mértola6. Embora a descrição dos vestígios arqueológicos seja já pormenorizada, apresenta
apenas os aspectos mais comuns encontrados nos vestígios, nomeadamente uma descrição geral
dos enterramentos. São, no entanto, realçados os objectos fora do comum, concretamente o
espólio funerário, muito atractivo devido ao bom estado de conservação que geralmente
apresenta.
Santos Rocha apresenta alguns artigos sobre os vestígios arqueolígicos romanos no Algarve 7
e no vale do Mondego8. Nestes seus artigos apresenta descrições dos vestígios funerários
romanos encontrados. São apresentadas as dimensões aproximadas das sepulturas e a descrição
do espólio funerário encontrado. Mais uma vez, são destacados os objectos excepcionais,
nomeadamente aqueles que constituíam o mobiliário funerário. Embora não seja apresentada a
metodologia de investigação seguida, o autor procura fundamentar as teorias apresentadas e a
sua leitura dos vestígios arqueológicos. Compara os vestígios funerários encontrados no Algarve,
no Vale do Mondego e na zona de Cascais.
Mais tarde, Ricardo Severo9 e José Fortes10 debruçam-se sobre as necrópoles romanas
descobertas a norte do rio Douro. Criteriosos na apresentação, procuram descrever todos os
pormenores encontrados, integrando-os num conhecimento mais global do fenómeno funerário
romano. Estes dois autores apresentam um método percursor que merece um destaque especial.
Demonstram uma preocupação evidente em integrar os vestígios dos espaços funerários no seu
contexto espacial. Pensamos que devemos apresentar o esquema utilizado por Ricardo Severo no
seu artigo sobre as necrópoles do Bairral e Vila Verde11.
I – Cemitério do Bairral
- Descrição dos achados e do contexto arqueológico
- A necrópole
- As sepulturas
- O espólio
A) Vasos de barro comum
B) Vasos de Terra Sigillata
C) Vasos de Vidro
D) Objectos de ferro
II – Cemitério de Vila Verde
- Descrição dos vestígios e do contexto arqueológico

4
Veiga 1891.
5
Veiga 1879.
6
Veiga 1880.
7
Rocha 1895.
8
Rocha 1896.
9
Severo 1908a; 1908b; 1908c.
10
Fortes 1908d.
11
Severo 1908c.
11
Necrópoles Romanas do Território Português

- O espólio
A) Objectos de barro comum
B) Objectos de metal
III – Considerações gerais

Nota-se, por este esquema de trabalho, uma preocupação em apresentar de uma forma
sistemática os vestígios, destacando a estruturação das sepulturas, a descrição do espólio e, por
fim, o estabelecimento de uma cronologia fundada nos objectos retirados da estação
arqueológica. Estes autores, no entanto, não apresentam uma leitura estratigráfica dos vestígios.
Leite de Vasconcellos, figura incontornável da arqueologia portuguesa da época, apresenta
inúmeros artigos onde dá conta da descoberta de vestígios funerários, um pouco por todo o país.
Mais tarde, no terceiro volume das Religiões da Lusitânia12, faz uma tentativa de sistematização
das práticas funerárias romanas. A sua síntese segue uma diferenciação baseada no rito.
Apresenta uma tipologia das sepulturas, debruçando-se sobre as formas mais comuns que
aquelas adquirem. Destaca também os monumentos funerários com estrutura arquitectónica. Não
faz uma descrição exaustiva, demonstrando essencialmente interesse em integrar os vestígios no
respectivo ritual funerário.
Por fim, uma referência especial a Félix Alves Pereira que dedicou alguns dos seus artigos
aos vestígios funerários romanos. Destaco o artigo publicado nos volumes de 1904 e 1905 d‟ O
Arqueólogo Português sobre os vestígios romanos de Viana do Alentejo13. Neste artigo, o autor
procurou descrever as estruturas funerários encontradas e o seu espólio mas também
problematizou a identificação das sepulturas da época romana. Apercebendo-se da confusão que
existia na identificação das sepulturas tardo-romanas e alto-medievais, nomedamente daquelas
que não apresentam mobiliário funerário, propôs então uma cronologia alto-medieval para as
sepulturas trapezoidais14.

Nas décadas seguintes não se verificou uma alteração significativa deste panorama. Continua
a publicar-se um número razoável de artigos sobre o aparecimento de sepulturas e necrópoles da
época romana. A metodologia continua a ser a mesma: descrição dos vestígios de uma forma
genérica, destacando-se os objectos encontrados no interior das sepulturas.
Por volta de meados do século XX destacam-se os artigos publicados por Abel Viana e seus
colaboradores, que incidem principalmente sobre as necrópoles do Alto Alentejo. O seu labor de
arqueólogo incidiu sobre este tipo de vestígios arqueológicos, procurando, por vezes, ensaiar
uma sistematização dos vestígios das necrópoles da região de Elvas.

12
Vasconcellos 1913, 369-393.
13
Pereira 1904 e 1905. Embora publicado em dois números distintos, constituem o mesmo artigo.
12
Necrópoles Romanas do Território Português

Apesar da riqueza das necrópoles estudadas, não existe uma diferença qualitativa
relativamente ao período anterior. Continuam a faltar estudos baseados em dados estratigráficos,
a maior parte das informações são descontextualizadas e o principal critério para apresentação
dos vestígios adoptado continuam a ser as peças excepcionais do mobiliário funerário.

A década de sessenta, vai trazer-nos a primeira mudança qualitativa ao nível da abordagem


deste fenómeno arqueológico. A publicação das necrópoles da Valdoca15 e do Monte Farrobo16,
ambas no concelho de Aljustrel, vão tornar-se os primeiros exemplos da publicação extensiva e
detalhada destes espaços funerários. Embora continue a privilegiar-se o estudo do mobiliário
funerário, nomeadamente a cerâmica e o vidro, a preocupação pela sua inserção no contexto da
necrópole, a tentativa de conhecer a utilização deste espaço numa perspectiva diacrónica e
sincrónica, tem como consequência um aumento da qualidade da investigação.
Vamos destacar alguns trabalhos que, devido à sua qualidade, merecem um tratamento
especial. Escolhemos aqueles que apresentando um manancial de informações, de uma forma
criteriosa, se tornam abordagens importantes do fenómeno funerário romano. Referimo-nos aos
trabalhos publicados sobre a necrópole de Monte Mozinho (Penafiel)17, necrópole de Santo
André (Ponte de Sôr)18, necrópole dos Pombais (Marvão)19, da Lage do Ouro (Crato)20, de
Gondomil (Valença)21, das necrópoles de Braga22, Achada de S. Sebastião (Mértola)23, Valbeirô
(Castelo de Paiva) e Tongobriga (Marco de Canaveses)24, Gulpilhares (V. N. de Gaia)25, Montes
Novos (Penafiel)26 e a revisão dos dados sobre as necrópoles de Amarante27.
Estas publicações apresentam os dados de uma forma sistemática e criteriosa, valorizando os
elementos estratigráficos de cada uma das estações. De uma forma geral, os enterramentos são
individualizados e é apresentada uma descrição sumária de cada um, onde constam as suas
dimensões, a presença/ausência de elementos de revestimento que estruturam a sepultura e o

14
Pereira 1905, 17-19.
15
Ferreira-Andrade 1966; Alarcão-Alarcão 1966a.
16
Alarcão 1974b.
17
Almeida, C. A. F. 1974; Soeiro 1984,
18
Viegas et al. 1981.
19
Fernandes 1985a.
20
Frade-Caetano 1985, 1991.
21
Almeida-Abreu 1987.
22
Martins-Delgado 1989-1990.
23
Lopes-Boiça 1993.
24
Dias 1993-1994.
25
Lobato 1995.
26
Pinto 1996 e 1998. Esta necrópole foi originalmente publicada numa dissertação de mestrado apresentada por G.
Pinto, em 1996. A publicação dos dados saiu na revista Cadernos do Museu, em 1998.
27
Portela 1998.
13
Necrópoles Romanas do Território Português

espólio arqueológico encontrado em cada uma delas. Este espólio é estudado e classificado,
tornando-se um elemento de datação de cada uma das sepulturas28.
Em todos estes estudos, procura-se apresentar uma leitura cronológica dos dados,
devidamente alicerçada no mobiliário funerário encontrado. A discussão científica sobre os
rituais funerários e a sua cronologia baseia-se em dados concretos retirados das escavações
arqueológicas. Procura-se abandonar um debate fundamentado apenas em generalidades e
direccioná-lo para as realidades detectadas em escavações criteriosas e exaustivas.
Muito fica por referir sobre estes aspectos. Gostaríamos apenas de referir a existência de
muitas dissertações, artigos e inventários que são de grande importância. A consulta desta
bibliografia foi fundamental para a realização deste trabalho. Não a citámos para não tornar este
trabalho fastidioso, rementendo o leitor para a bibliografia apresentada no final desta dissertação.

28
Muitas vezes o mobiliário funerário não permite a datação de cada sepultura, no entanto, os investigadores
procuram sempre datar cada sepultura. Apresentam desta forma datações bastante aproximadas da realização do
enterramento.
14
Necrópoles Romanas do Território Português
15
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1. Localização e organização dos espaços funerários

1.1. As áreas urbanas e os espaços rurais

1.1.1. As áreas urbanas

O mundo romano atribuía especial importância às cidades, elemento estruturador do seu


domínio e representação ideológica do Estado romano. O seu solo era consagrado aos deuses e
torna-se ele mesmo um lugar sagrado. É neste local que se erguem os edifícios públicos, sede
dos poderes políticos, administrativos e religiosos. No actual território português encontramos
alguns espaços urbanos de assinalável dimensão, repartidos de forma desigual pelo espaço. A
uma região meridional, incluída na Lusitânia, com espaços urbanos precoces e distribuídos com
regularidade no espaço, contrapõe-se o território a norte do Maciço Central, onde os espaços
urbanos rareiam e cuja origem se deve ao esforço dominador dos Romanos.
Neste capítulo abordaremos todos os vestígios funerários inseridos em contextos urbanos
(ver figura 1). Desde já desejamos esclarecer o âmbito da análise. Não nos estamos a referir aos
actuais espaços urbanos portugueses, cuja análise não se coaduna com este estudo. Procura-se
estabelecer relações entre os espaços funerários e os espaços urbanos romanos, com o objectivo
de procurar os seus caracteres específicos, porventura reveladores de práticas funerárias
diferenciadas.
Na nossa investigação seguimos como fio condutor os dados mais recentes sobre o
mundo urbano. Num primeiro momento, surgiu a incerteza ao nível da classificação dos espaços
urbanos romanos. Ter em atenção apenas os dados referentes às cidades mais importantes ou
inserir também informações relativas aos espaços de reduzida dimensão, conhecidos na literatura
arqueológica como Vicus? Parece-nos que se coloca o problema de definir espaço urbano. Em
muitos casos, não será possível avançar com certezas devido, essencialmente, à incipiente
investigação em alguns espaços urbanos do mundo romano. De todo o modo, decidimos
englobar não só os espaços urbanos principais mas também todos os espaços que Jorge Alarcão
considera espaços urbanos secundários: oppidum, vicus e castellum29.
O mapa (Fig. 1) que apresentamos sobre os espaços urbanos segue os dados mais recentes
sobre este assunto30. Todas estas áreas urbanas apresentariam os seus espaços funerários, alguns
deles seriam de grandes dimensões. Mas neste momento só possuímos algumas referências para
alguns destas áreas. Temos de admitir que, face a esta quantidade de dados, apenas podemos
apresentar leituras aproximadas do fenómeno funerário romano.

29
Alarcão 1988a, 76-77.
30
Alarcão 1988a; 1990b, 359-382.
16
Necrópoles Romanas do Território Português

Na nossa análise, abordaremos os vestígios dos diferentes espaços urbanos de norte para
sul.

2.1.1.1. Bracara Augusta


Bracara Augusta (Braga) era o principal centro urbano romano do norte de Portugal.
31
Fundada por iniciativa do imperador Augusto entre 3 a.C. e 4 d.C. para facilitar a integração
das populações locais e o domínio romano na região32, a cidade terá assumido uma grande
importância logo após a sua fundação, exercendo as funções de sede de conventus iuridicus do
Conventus Bracaraugustanus33.
A cidade terá atingido uma área aproximada de 48 ha, posteriormente rodeada por uma
muralha. Os espaços funerários rodeavam esta área urbana junto das principais saídas da cidade.
Em Bracara Augusta são conhecidas cinco necrópoles que estão situadas junto das
principais vias que saíam da cidade34. A profusão de vestígios funerários que apareceram permite
delimitar o traçado da própria cidade romana (Fig. 2). Até 1994 considerava-se a existência de
quatro grandes necrópoles nesta importante cidade do Noroeste peninsular (Maximinos,
Rodovia, Campo da Vinha e Via XVII) mas nesse ano foram identificados vestígios funerários
que terão pertencido a outra necrópole. Foi designada por necrópole da Via Nova.
A necrópole de Maximinos estava situada na zona Sudoeste da cidade, junto da Via XVI.
As escavações permitiram a descoberta de incinerações em covachos datados dos séculos I, II e
III da nossa era35. Nesta necrópole também se encontraram vestígios de inumações.
A necrópole do Campo da Vinha já é conhecida desde o século XVI mas não foi alvo de
escavações sistemáticas. Este facto torna-a mal conhecida. Nesta apareceram sepulturas
estruturadas com lateres36. Está situada na zona norte da cidade, junto da saída para Lucus
Augusta (Via XIX), via Limia e Tude.
A necrópole da Via Nova, situada junto da via XVIII, forneceu alguns vestígios de
sepulturas de incineração. Esta necrópole estaria situada a NE do Campo da Vinha, o que a torna
muito próxima da necrópole do Campo da Vinha. Poderemos estar perante dois núcleos de uma
grande necrópole que se terão desenvolvido independentemente junto de duas vias mas cuja

31
Le Roux 1975, 155; Tranoy 1981, 328.
32
Martins 1991-1992, 177.
33
Alarcão 1988.
34
M. Martins e M. Delgado (1989-1990) publicaram um trabalho indispensável sobre os dados obtido nas
escavações mais recentes das necrópoles de Braga. Fizeram uma sistematização das tipologias das sepulturas, a
cronologia dos enterramentos e integraram informações resultantes de descobertas ocaisonais.
35
Martins – Delgado 1989-1990, 84.
36
Martins – Delgado 1989-1990, 155 e 158.
17
Necrópoles Romanas do Território Português

ocupação poderá ter unido os dois espaços. Estas suposições precisam, no entanto, de novos
dados que permitam a sua confirmação37.
A análise do material votivo que acompanhava as sepulturas permitiu verificar a possível
existência de uma diferenciação social dos espaços funerários. Para M. Martins e M. Delgado as
necrópoles de Maximinos e do Campo da Vinha seriam locais de sepultura dos habitantes mais
pobres38. Os mais ricos seriam sepultados na necrópole da Via XVII, onde se encontram as
sepulturas mais cuidadas39. No entanto, é preciso ser cauteloso no estabelecimento de uma
diferenciação social dos espaços funerários devido ao carácter fragmentário dos vestígios
funerários, factor que limita este tipo de leituras. Quanto ao espólio, é rico nos primeiros séculos
da nossa era mas vai desaparecendo no Baixo Império.
Nesta mesma necrópole foram escavadas dezenas de sepulturas bem estruturadas com
tijolos e tegulae mas sem qualquer material votivo. A localização deste núcleo, longe das
sepulturas mais antigas, indica que o espaço foi sendo ocupado ao longo da Via XVII, cada vez
mais longe dos limites da cidade. Os vestígios mais antigos estão junto dos limites orientais da
cidade. Estes são constituídos por incinerações. As sepulturas de inumação aparecem em áreas
cada vez mais longínqua desses limites. No Largo de Senhora – a – Branca apareceram, no início
do século XX, sepulturas de inumação estruturadas com lajes de mármore40. Este núcleo
funerário, já distante, do limite da área urbana podia ser utilizado no período tardo – romano.
Devemos, no entanto, realçar a dificuldade em situar cronologicamente este tipo de vestígios que
podem ser situados num período de transição entre o mundo antigo e o mundo medieval.
Embora não existam dados que permitam confirmar este aspecto, parece-nos que as
sepulturas mais antigas ocupam o espaço mais perto da cidade e a ocupação dos espaços de
maior visibilidade provoca um desenvolvimento da necrópole para junto dos terrenos mais
distantes da cidade, mas próximos da via. No Baixo Império, aquele espaço poderia estar repleto
de sepulturas.
Uma outra necrópole estava situada junto da via que liga Bracara Augusta a Emerita
Augusta, junto do limite sul da cidade. Nesta necrópole também apareceram vestígios de
sepulturas de incineração e inumação com uma cronologia que se estende desde o início da nossa
era até ao século III d.C.41.

37
Martins – Delgado 1989-1990, 158.
38
Martins – Delgado 1989-1990, 87.
39
Martins – Delgado 1989-1990, 146.
40
Vasconcellos 1918c, 360.
41
Martins – Delgado 1989-1990, 155.
18
Necrópoles Romanas do Território Português

Podemos ver esta cidade romana como um paradigma na distribuição dos espaços
funerários. Estes vão aparecendo, logo no início da fundação da cidade, junto de todas as
principais saídas, separadas do mundo dos vivos, mas em locais de boa visibilidade.

2.1.1.2. Tongobriga
As escavações sistemáticas de Tongobriga, localizada no Freixo (Marco de Canaveses),
iniciaram-se em 1980 e permitiram a descoberta de diversas zonas da cidade. Entre os quais se
destaca a zona do fórum e as termas. A área urbana devia exceder os 3 ha42.
Em Tongobriga, a necrópole conhecida está situada junto à via romana que sai em
direcção a Sul43. Não é possível estabelecer a relação com os limites da área urbana devido ao
insuficiente conhecimento da área da cidade, cuja investigação, apesar de contar já muitos anos,
ainda está longe de revelar o traçado aproximado da área urbana. No entanto, não parecem restar
dúvidas que estamos perante o suburbium da cidade.
Os primeiros vestígios sepulcrais surgiram no final do século XIX. Naquela altura
apareceram sepulturas de forma circular, abertas no solo, e uma sepultura revestida com
tegulae44. Estas sepulturas continham vasos cerâmicos com restos de ossos. Mais tarde, em 1927,
apareceu outra sepultura estruturada com tegulae.
Recentemente, em escavações dirigidas por Lino Dias45, foram encontradas sepulturas de
incineração abertas no afloramento granítico. Algumas aproveitavam o espaço existente no
granito para as cinzas e colocar as oferendas funerárias, outras eram fossas abertas no solo sem
qualquer elemento estruturador. Este espaço tinha sepulturas tardias. Estes dados revelam poucas
informações sobre os espaços funerários desta cidade, cuja maior parte terá sido destruída ou
ainda se encontra por escavar.

2.1.1.3. Aquae Flaviae


Aquae Laiae era o oppidum principal dos Turodi46, tornou-se, com os romanos, uma
importante área urbana do norte do actual território português. No período dos Flávios recebeu
estatuto municipal e passou a chamar-se Aquae Flaviae.
Devido à falta de estudos sistemáticos continua a desconhecer-se o traçado urbano de
Aquae Flaviae. Na sua dissertação de mestrado sobre o povoamento romano na região de

42
Alarcão 1988b, 28.
43
Dias 1995, 190-211.
44
Vasconcellos 1900, 32.
45
Dias 1995, 190-211.
46
Alarcão 1988b, 6.
19
Necrópoles Romanas do Território Português

Chaves, Paulo Amaral47 propôs o Alta da Petisqueira como lugar onde estaria sediada a
necrópole romana da cidade48. Esta proposta baseou-se no aparecimento de epígrafes funerárias
no referido lugar49. Pensamos que é um indicador que pode induzir em erro devido ao constante
reaproveitamento das estelas funerárias nas construções de períodos posteriores. No entanto,
devemos realçar a sua utilização como critério de definição da localização das necrópoles.
Numa dissertação de mestrado sobre este mesmo espaço, Ricardo Teixeira apresenta
também uma hipótese sobre a localização de duas necrópoles50. Segue a hipótese de Paulo
Amaral quanto à localização de uma necrópole no Alto da Petisqueira, junto a uma via que
ligava esta cidade a Bracara Augusta. Mais uma vez é o aparecimento de lápides funerárias que o
leva a tirar esta conclusão51. A outra ficaria na outra margem do rio Tâmega na bifurcação de
duas vias romanas. Todas estas hipóteses baseavam-se em vestígios circunstanciais. Nunca tinha
aparecido uma sepultura da época romana na área urbana de Chaves.
Recentemente, apareceram os primeiros vestígios sepulcrais em duas áreas da actual
cidade de Chaves52: Jardim do Tabulado e Largo General Silveira. Portanto, pelos menos duas
necrópoles ficariam situadas nestes locais. Eventualmente poderiam existir outras áreas
funerárias mas só o prosseguimento de investigações na cidade de Chaves poderá confirmar este
facto.

2.1.1.4. Monte Mozinho


No Monte Mozinho (Penafiel) existe uma povoação fundada provavelmente na mudança
de era. Este espaço estava circundado por várias muralhas que protegiam uma área estimada em
cerca de 20 ha53. Conhece-se um espaço sepulcral, utilizado durante o período romano. Está
situado a norte do espaço urbano, junto da muralha (Fig. 3).
Os primeiros vestígios foram encontrados nas primeiras décadas do século XX. Primeiro
Lacerda Machado, mais tarde, José de Pinho, descrevem o aparecimento de diversas sepulturas
com oferendas funerárias54. Estes vestígios apareceram na Poça da Presúria e nas Agras de Vilar,

47
A dissertação intitulada «O povoamento romano no vale superior do Tâmega» foi defendida na Faculdade de
Letras do Porto em 1993.
48
Amaral 1993, 20
49
Nesta obra de P. Amaral aparece com o n.º 35 do catálogo A.
50
Teixeira 1995.
51
Teixeira 1995, 126-127.
52
Agradecemos estas informações ao Sr. Dr. Sérgio Carneiro, arqueólogo da Câmara de Chaves que gentilmente
nos referiu a localização destes dados ainda por publicar.
53
Soeiro 1998, 15 e 17.
54
Nestes dados seguimos a obra de Teresa Soeiro que descreve os principais vestígios funerários encontrados junto
do povoado de Monte Mozinho (1982, 293-299).
20
Necrópoles Romanas do Território Português

espaço contíguo ao anterior55. As oferendas funerárias resultantes das primeiras explorações


estão dispersas por vários museus.
Em 1974 e 1975, escavações dirigidas pelo Prof. Carlos Alberto F. de Almeida põe a
descoberta um conjunto de sepulturas de inumação do período tardio56. Duas sepulturas tinham
moedas do século IV. Junto destas sepulturas foi escavada uma sepultura de incineração feita no
local que continha uma moeda do século III57.
Esta necrópole foi utilizada entre os séculos I e IV d.C. O enterramento mais antigo
presente neste espaço sepulcral está situado no espaço próximo da muralha exterior. Nos três
primeiros séculos utilizando o ritual da incineração e no século IV d.C. apresentando já
sepulturas de inumação. Apesar de ser um povoado com características que o aproximam dos
povoados fortificados da Idade do Ferro, verifica-se um cumprimento dos usos romanos sobre os
espaços dos mortos. Também aqui a necrópole cresceu a partir do limite da muralha, tornando-se
cada vez mais extensa devido à falta de espaços junto dos locais mais visíveis, junto da muralha
ou da via. Não se identificou qualquer via que ligasse ao povoado.
As outras necrópoles também estavam situadas no exterior do espaço amuralhado. Em
1974, Carlos Alberto F. de Almeida escrevia sobre outros espaços funerários, situados no lugar
de Mesão Frio e para sul da zona então escavada58. Deste lugar teriam saído os vestígios
estudados por José de Pinho59. No entanto, não existem dados concretos sobre estes espaços
funerários.
Este oppidum também seguia as determinações urbanísticas romanas que proibiam o
enterramento no interior do pomerium. Embora não fosse uma área urbana paradigmática, os
usos romanos são seguidos desde os primeiros tempos da dominação romana.

2.1.1.5. Viseu
Relativamente a esta civitas não conhecemos a topografia da cidade nem existe um
conhecimento aproximado da sua implantação. Jorge Alarcão propôs uma planta para a cidade
tendo em conta os poucos vestígios que existem sobre o urbanismo da mesma60. Além de traçar a
implantação da muralha romana, apresenta a localização de três necrópoles desta cidade (Fig. 4).

55
Soeiro 1984, 293-294.
56
Soeiro 1984, 297-298.
57
Soeiro 1984, 298.
58
Almeida C.A.F. 1974, 36.
59
Almeida C.A.F. 1974, 36
60
Alarcão 1992.
21
Necrópoles Romanas do Território Português

A. Alves refere o aparecimento dos vestígios de um espaço sepulcral romano na Rua do


Serrado (ou Cerrado)61. Estes vestígios apareceram no decorrer de obras de urbanização deste
espaço. As quatro sepulturas descobertas estavam revestidas de tegulae. Junto do mesmo local
apareceu uma lápide funerária. São, portanto, os vestígios de uma necrópole romana situada
junto do limite sul da cidade romana, provavelmente junto da via romana. Jorge Alarcão
menciona o aparecimento de materiais de construção provenientes de um edifício público 62. Esta
situação intrigou aquele autor e mantém aberto o debate sobre os limites da cidade romana e da
localização desta necrópole. Das hipóteses lançadas por Jorge Alarcão, a mais sedutora está
relacionada com a construção de um templo cristão com material retirado de edifícios situados
no interior da muralha. Seria uma situação comum na construção de templos cristãos que iriam,
posteriormente, influenciar o próprio urbanismo medieval.
Em 1951 apareceram vestígios de uma necrópole na Avenida Emídio Navarro63. Esta
necrópole estava situada num espaço a norte da cidade, junto da porta norte de Viseu.
Jorge Alarcão propõe a localização da outra necrópole nas imediações da igreja de São
Miguel64. Seria a terceira necrópole da cidade romana, situada nas vias que saíam para oriente.
Jorge Alarcão propõe a sua utilização desde o século I d.C. até ao período alto-medieval.
Temos, então, três espaços funerários romanos, situados junto das principais vias de
acesso à cidade.

2.1.1.6. Aeminium
A civitas romana ocuparia a zona velha de Coimbra, na qual existem diversos vestígios
romanos. O mais importante será um criptopórtico construído com o objectivo de criar uma
plataforma onde assentaria parte do forum.
Jorge Alarcão65 refere que a necrópole devia estar situada junto de uma das vias de
saída da cidade, actualmente na encosta de São Bento e do Jardim Botânico. Não aparecem
enterramentos nesta área. Este investigador propõe esta localização devido ao aparecimento de
epígrafes funerárias no pano da muralha virado para esta vertente. Já dissemos que a localização
das estelas funerárias em construções de épocas posteriores poderá falsear a localização espacial
dos espaços funerários. No entanto, para esta cidade não temos mais vestígios funerários e é o
único indicador da localização da necrópole romana.

61
Alves 1975, 440.
62
Jorge Alarcão (1992, 85) lança duas hipóteses: a necrópole instalou-se sobre um edifício abandonado ou os
elementos de construção foram retirados do espaço interior da muralha para a construção de algum templo cristão
naquela área.
63
Cruz 1986, 149.
64
Alarcão 1992, 84.
22
Necrópoles Romanas do Território Português

2.1.1.7. Conimbriga
Desde o século passado que têm aparecido vestígios de enterramentos no suburbium
desta cidade romana. Os primeiros vestígios de enterramentos apareceram em 1906, em local
situado cerca de 500 metros a este da muralha de Conimbriga66. Apenas apareceram vestígios de
cinco túmulos: quatro revestidos e cobertos com lajes de calcário; o outro era um sepulcro feito
com uma pedra de calcário67. Os quatro primeiros enterramentos continham ossadas humanas e
um deles continha um recipiente de vidro. Estes vestígios permitem o estabelecimento de uma
cronologia romana para o enterramento mas não existem dados que nos dêem uma melhor
precisão cronológica destes vestígios funerários.
Mais tarde foram encontrados enterramentos em local abandonado após a construção da
nova muralha no período tardo-romano. A necrópole ocupa duas casas abandonadas. Uma
sepultura encontrada neste local contém moedas do final do século IV e princípio do século V 68.
A retracção do espaço urbano terá levado a uma mudança do próprio espaço dos mortos.
Em obra recente, Jorge Alarcão diz-nos que a necrópole estaria situada na estrada
Aeminium mas não apresenta dados arqueológicos que nos permitam verificar tal conclusão69.
Estes vestígios estariam situados nas duas vias privilegiadas de acesso ao espaço urbano romana:
a via para Aeminium e na via para Sellium.
Apesar destas pequenas notas sobre Conimbriga, importa realçar a falta de dados que nos
permitam conhecer os espaços dos mortos, certamente muito mais extensos do que estes ínfimos
vestígios permitem supor.

2.1.1.8. Idanha-a-Velha
Idanha-a-Velha foi sede de civitas em época romana. Não se conhece o nome latino
desta cidade mas poderá ser Igaeditania70. Em todo o caso, o território administrado a partir
desta cidade era conhecido por Civitas Igaeditanorum. Está rodeada por uma muralha de
cronologia duvidosa. Jorge Alarcão71 avança como hipótese a construção no Baixo Império e
posterior remodelação em época medieval.

65
Alarcão 1988b, 95.
66
Alarcão et al. 1979, 239.
67
Nesta descrição utilizamos os dados relativos a este assunto fornecidos pelo artigo de A. Gonçalves, publicado em
1908.
68
Alarcão et al. 1979, 241.
69
Alarcão s/d, 96.
70
Alarcão 1988b, 74.
71
Alarcão 1988b, 74.
23
Necrópoles Romanas do Território Português

As necrópoles estão situadas no exterior deste espaço amuralhado. Uma das necrópoles
está situada no espaço exterior à muralha, junto da via que segue para norte. J. Baptista, em
recente obra de carta arqueológica, assinala três locais72, próximos uns dos outros, com vestígios
sepulcrais. Estes deviam espalhar-se pelo espaço a norte da muralha, em ambos os lados da via
que ligava esta cidade a Bracara Augusta, conclusão possível devido à detecção de vestígios no
lugar da Tapada da Eira.
Na década de cinquenta este espaço foi objecto de intervenção por Fernando de
Almeida (1958)73 e em 1988 foi sujeita a nova intervenção, desta vez de emergência74. Na
primeira intervenção apareceram 35 sepulturas com diversas tipologias e estruturadas com
tegulae, tijolos e pedras. Nenhuma delas apresentava mobiliário funerário, facto que levou os
autores da intervenção a colocar a hipótese de se tratar de uma necrópole visigótica75. A
intervenção de 1988 vem desfazer as dúvidas sobre a utilização em época romana deste espaço
sepulcral. Se algumas dúvidas permanecem sobre os enterramentos postos a descoberto por
Fernando de Almeida, o mesmo não acontece sobre as novas descobertas que indicam a
utilização deste espaço no primeiro século da nossa era.
Na sequência desta intervenção apareceram duas sepulturas de incineração, abertas no
solo. Estas sepulturas continham cerâmica comum e várias peças de sigillata hispânica que
Côrte – Real, responsável pela escavação, atribui aos finais do século I e inícios do II d.C.76
No Chão da Escola apareceu, em 195577, uma sepultura coberta com uma laje de granito
que cobria uma sepultura estruturada com tijolos. Junto da sepultura estava uma estela funerária.
Outros vestígios de sepulturas apareceram nas obras de abertura de fundações da escola primária.
A sul do espaço amuralhado, na Rua do Cabeço, apareceram, em Setembro de 1955,
três sepulturas78. Nas sepulturas apareceram pregos em ferro, um jarro de barro vermelho e um
prato da época de Augusto.
Portanto, de acordo com os vestígios encontrados, podemos propor a existência de duas
necrópoles (Fig. 5). A mais extensa situada a norte do recinto amuralhado e ocupando todo o
espaço confinante com o mesmo, nos dois lados da via que ligava Emerita Augusta a Bracara

72
J. Baptista (1998) assinala vestígios funerários em Chão do Espírito Santo II, Chãozinho do Espírito Santo e Chão
dos Lamegueiros. As estações de Tapada da Eira e do Chão da Escola poderão pertencer a este vasto espaço
sepulcral.
73
Os resultados desta intervenção foram publicados por F. Almeida e O. V. Ferreira (1958).
74
Côrte-Real 1996.
75
Almeida – Ferreira 1958, 222.
76
Côrte-Real 1996, 28.
77
Baptista 1998, 41-42.
78
Almeida – Ferreira 1957.
24
Necrópoles Romanas do Território Português

Augusta. A outra necrópole estaria situada a sul da cidade, junto da curva do rio Ponsul,
ocupando o espaço a partir da muralha.

2.1.1.9. Olisipo
Felicitas Iulia Olisipo é uma cidade romana que obteve o estatuto de municipium. A
área urbana estaria situado nas encostas voltadas a sul e a ocidente da colina onde está situado o
castelo de São Jorge.
O conhecimento sobre as necrópoles desta cidade é muito reduzido. Conhecem-se
muitas inscrições funerárias na área urbana mas a sua dispersão poderá ser o indicador que não
estão in situ. Na figura 6 aparece uma proposta de localização das necrópoles e de outros
vestígios romanos.
Na Praça da Figueira existia uma necrópole composta por sepulturas de incineração e
algumas de inumação. Esta necrópole foi destruída por sucessivas intervenções efectuadas no
local. O material recolhido neste local indica uma ocupação entre a primeira metade do século I
d.C. e o século III d.C.79. Seria uma grande necrópole destinada aos habitantes da cidade e
encontrava-se situada numa das principais saídas da cidade, a via que ligava esta cidade a
Scallabis. Esta necrópole continuaria pelo espaço ocupado actualmente pelo Largo de São
Domingos e pela Calçada do Garcia, onde foram encontrados vestígios de incinerações e
inumações. Na Calçada do Garcia foram encontrados vestígios de um columbarium80.
Uma grande concentração de inscrições funerárias junto do Largo de Santo António da
Sé levou alguns autores a colocar a hipótese de uma segunda necrópole nesta zona da cidade,
junto à muralha romana81. A confirmar-se esta hipótese, esta necrópole estava situada entre o
limite da cidade romana e o suburbium virado para o rio Tejo, onde existiam actividades
industriais.
Recentemente, foi assinalada outra necrópole no limite oriental da cidade romana. Esta
necrópole estaria situada junto da Rua dos Remédios, junto de uma via que seguiria o rio Tejo,
em direcção a norte82.
Junto desta via, apareceram também sepulturas na Travessa de Lázaro Leitão e urnas na
Calçada do Garcia83. Alguns destes vestígios encontravam-se já na zona suburbana envolvente
da cidade e poderiam pertencer a villae suburbanas.

79
Heleno 1965.
80
Leite 1987, 84.
81
Alarcão 1988, 125; Silva, A. V. 1944b, 54-55.
82
Bugalhão-Carvalho s/d, 2.
83
Leite 1987, 84.
25
Necrópoles Romanas do Território Português

Apesar da existência destes dados, o insuficiente conhecimento da área urbana romana de


Lisboa torna difícil avançar com outras hipóteses sobre a localização dos espaços funerários. À
falta de outros vestígios seriam estes a indicar os limites da própria cidade.

2.1.1.10. Caetobriga
Setúbal é identificada com a Caetobriga dos romanos. O estado actual da investigação
não nos permite traçar os limites precisos da cidade romana. Os achados dispersos e em
pequenas áreas não permite o conhecimento aprofundado do urbanismo desta área.
Apenas se conhece uma necrópole que estaria situada no limite oriental da povoação
romana (Fig. 7). Surgiu durante as obras de abertura do túnel do caminho – de – ferro Palhais –
Fontainhas. Estas obras puseram a descoberta uma necrópole de inumação com mobiliário votivo
que foi datado entre os séculos II e IV d.C.84. Não sabemos se estaria situado junto de uma via
que ligaria esta cidade a Olisipo e a Salacia. Este material foi publicado Carlos T. da Silva. A
escassez de vestígios arqueológicos impede-nos de referir outros elementos sobre a utilização de
espaços funerários nesta cidade romana da foz do Sado.

2.1.1.11. Salacia
Foi importante cidade romana que terá continuado o povoamento pré-romano. Floresceu
como porto fluvial de onde sairiam as produções locais e regionais. Era também ponto de
paragem da via que ligava Olisipo a Ebora85.
Conhecem-se três necrópoles que serviam o espaço urbano: Olival do Senhor dos
Mártires / Azinhaga do Senhor dos Mártires, São Francisco e Bairro do Crespo (Fig. 8). A
primeira começou a ser utilizada na Idade do Ferro com ricas sepulturas que apresentavam
escaravelhos egípcios e vasos gregos. Este espaço funerário continuou a ser utilizado durante os
dois primeiros séculos da nossa era. Houve portanto uma continuidade na utilização do espaço
funerário e não se verificou uma mudança ao nível das práticas funerárias desta população.
No período romano verifica-se uma expansão do espaço ocupado pela necrópole que
passou a ocupar uma área anexa, conhecida nos dias de hoje por Azinhaga do Senhor dos
Mártires. Neste local foram encontradas várias dezenas de sepulturas de incineração e uma
epígrafe funerária do século I d.C.86. Esta necrópole estava situada junto da via romana que
ligava esta cidade a Olisipo.

84
Carlos Tavares da Silva (1966, 577) atribui esta cronologia ao mobiliário votivo retirado desta necrópole.
85
Alarcão 1988b, 132.
86
Faria 1998, 27-28.
26
Necrópoles Romanas do Território Português

Na zona sudeste da cidade actual, no Bairro do Crespo, existe outra necrópole da época
romana. Estava situada junto da estrada que seguia em direcção a Pax Iulia. Desta necrópole
apenas foram escavadas duas sepulturas de inumação, datadas dos finais do século III d.C.87.
Outras sepulturas foram destruídas ao longo do tempo.
A necrópole de São Francisco dos Frades estava situada junto da via romana que ligava
a Ebora. Os primeiros vestígios foram descobertos em 1989 que resultaram no aparecimento de
cinco urnas cinerárias, recipientes de vidro, cerâmica campaniense e sigillata itálica. Estes
enterramentos também são dos primeiros séculos da nossa era88.
Nesta cidade romana, as necrópoles ocupam áreas periféricas confinantes com o espaço
urbano. De salientar a concentração dos vestígios nos primeiros séculos da nossa era e a escassez
de sepulturas de inumação.

2.1.1.12. Tróia
Jorge Alarcão89 considera Tróia um importante centro romano situado na foz do rio
Sado. Surgido, provavelmente, no século I d.C., ganhou importância devido à existência de
actividades industriais ligadas à preparação de “garum” e conservas de peixe. No século XIX
foram encontradas cetárias que se estendiam por quatro quilómetros90. Toda a actividade desta
localidade estaria centrada na pesca intensiva e no posterior processamento do mesmo.
O desenvolvimento do centro urbano estaria ligado a estas actividades o que explicaria a
muito provável inexistência de edifícios públicos de carácter político – administrativo. M.
Maciel Justino considera que Tróia surgiu em torno das actividades industriais, situação que
influencia a própria organização do espaço urbano91. Os espaços habitacionais convivem com os
espaços industriais. No entanto, não se conhece com rigor a extensão desta área urbana, apesar
das diversas escavações aí efectuadas desde o século XVIII. A própria organização interna deste
centro urbano ainda permanece envolta em muitas dúvidas. A transgressão marítima terá
provocado o desaparecimento de algumas partes da área urbana, tornando difícil a compreensão
da sua organização. Parte da cidade também estará coberta pelas areias.
Esta área urbana possui vestígios funerários desde o século I d.C. Apareceram vestígios
de incineração e inumação, com diversas tipologias. De destacar a própria utilização das cetárias
abandonadas para proceder à inumação de defuntos92.

87
Faria 1998, 27.
88
Faria 1998, 27.
89
Alarcão 1988b, 128-129.
90
Alarcão 1988b, 129.
91
Justino 1996, 194.
92
Justino 1996, 199-201.
27
Necrópoles Romanas do Território Português

A sudeste da capela existe uma necrópole datada dos séculos IV ou V d.C. Tem
sepulturas do tipo “mensae”, isto é, cobertas por um maciço de alvenaria semicircular ou
rectangular no qual se cava um “assento” em forma de meio círculo.
Um “columbariam” e um cemitério de inumação estavam inseridos em plena área
industrial93. Jorge Alarcão considera esta situação muito irregular que não seguiria o urbanismo
romano. Esta situação poder-se-á explicar pelo carácter industrial deste povoado, situação que o
furtaria ao cumprimento das rígidas regras de implantação das áreas tumulares. A implantação
tardia deste cemitério também poderia ser um indício de menor vigilância na aplicação daquelas
regras por influência do cristianismo.
Todas estas hipóteses são arriscadas devido ao carácter fragmentário das informações
relativas a Tróia. Para deslindarmos este problema seria necessário conhecer a cronologia
aproximada das estruturas funerárias e das estruturas industriais que as envolvem. O carácter
industrial desta área urbana poderia ter provocado o surgimento de uma área urbana com uma
organização singular. Esta hipótese é muito arriscada face à carência de informações sobre o
urbanismo desta cidade.
A própria dificuldade no estabelecimento da cronologia da ocupação das áreas
descobertas limita a retirada de conclusões. Não podemos excluir a implantação das estruturas
funerárias numa época de abandono de algumas áreas habitacionais.

2.1.1.13. Ebora
Para esta cidade também não se conhecem muitos vestígios funerários. A muralha
encontra-se conservada em muitos locais mas não são referidos vestígios funerários na sua
proximidade. Os únicos vestígios foram encontrados, na segunda metade do século XIX, a cerca
de 600 metros da Porta de Raimundo94. Neste local foram encontradas duas sepulturas junto dos
vestígios da via romana que ligava a Pax Iulia. Estas sepulturas tinham uma caixa formada por
tijolos sobrepostos e apresentavam oferendas funerárias. Estes parcos dados mostram-nos a
escassez de informações sobre o fenómeno funerário romano na cidade Ebora Liberalitas Iulia.
Mesmo a distância em relação à muralha pode levar-nos a questionar a natureza desta necrópole.
Poderia ser uma necrópole de uma villa suburbana.

93
Alarcão1988b, 130.
94
Pereira 1891, 9-10.
28
Necrópoles Romanas do Território Português

2.1.1.14. Vipasca
Vipasca seria um vicus cujo crescimento estaria ligado à exploração das minas de cobre,
prata e ouro aí existentes. Estava situada na Civitas Pax Iulia mas tinha uma administração
autónoma95. A povoação romana estava situada no lugar da Valdoca. Nesta zona deviam estar
concentrados os edifícios públicos e estabelecimentos comerciais e industriais. A escavação
deste local não forneceu grandes dados sobre esta área urbana96.
Junto deste local foi escavada a necrópole, que estaria situada a norte da povoação, numa
encosta de pendor suave (Fig. 10). Apesar da grande quantidade de sepulturas escavadas apenas
é conhecida uma lápide funerária e duas urnas com inscrições grafitadas. Esta necrópole
continha sepulturas de incineração e inumação, sendo a maior parte de incineração. A análise do
material efectuada por Adília e Jorge Alarcão permitiu estabelecer uma utilização do espaço
sepulcral entre os inícios do primeiro século da nossa era e a segunda metade do século III
d.C.97. Esta necrópole devia estar situada junto da via que ligava esta povoação mineira a
Olisipo.
Mais uma vez estamos perante um número reduzido de enterramentos para uma povoação
com um carácter urbano. Embora se tratem de cerca de 500 sepulturas, continuamos a ter um
número baixo para uma povoação com uma população de dimensão razoável, um longo período
de ocupação e, provavelmente, com uma elevada mortalidade, provocada pela actividade
mineira98.

2.1.1.15. Moura
Estão referenciados bastantes vestígios funerários nos arredores da cidade de Moura. Na
sua abordagem sobre a ocupação romana em Moura, Jorge Alarcão99 faz uma proposta sobre a
localização das necrópoles romanas (Fig. 11). Parte do pressuposto que a cidade romana não
seria maior que a cidade actual. A primeira necrópole estaria situada junto da saída da estrada
romana e direcção a Pax Iulia, na zona ocidental da cidade. Neste local apareceram vestígios de
sepulturas. Os vestígios aparecidos em São Sebastião pertenceriam, segundo Jorge Alarcão100, à
mesma necrópole que se espalharia pelos dos lados da referida via.

95
Alarcão 1988b, 175-178.
96
Alarcão 1988b, 176.
97
Alarcão – Alarcão 1966a, 7-8.
98
Adília e Jorge Alarcão colocam a hipótese do abandono deste povoação no século III devido à instabilidade
provocada pelas invasões bárbaras de 260 d.C. (1966a, 8).
99
Alarcão 1990a.
100
Alarcão 1990a, 32-33.
29
Necrópoles Romanas do Território Português

Este autor coloca a outra necrópole na zona oriental da cidade, na via que liga a Arucci101.
Nesta área não foram encontrados vestígios sepulcrais. O autor baseia a sua proposta no
aparecimento de duas aras funerárias. Na nossa opinião, tal proposta necessita ainda de
confirmação dado que se baseia em dois vestígios funerários que poderiam não estar in situ, tal
como acontece frequentemente com a maior parte das lápides e aras funerárias.
Fragoso de Lima refere o aparecimento de vestígios de sepulturas no Matadouro102, na
parte sul do suburbium da cidade. Junto destes vestígios apareceram também elementos que
poderão estar relacionados com uma vivenda ou umas termas públicas. Não se conhecem casos
de necrópoles urbanos junto de edifícios públicos ou vivendas privadas103. Neste caso o
problema será a localização exacto destes vestígios arqueológicos e a própria delimitação da
cidade. No entanto, não nos causaria estranheza a implantação de um espaço funerário junto de
edifícios públicos ou privados, desde que situados no exterior do limite da área urbana da cidade.
Aparecem ainda vestígios no Bairro da Salúquia e no Olival de Miguel Pinto que Jorge
Alarcão coloca já claramente no exterior da área urbano e que corresponderiam a necrópoles de
villae suburbanas ou de pequenos habitats periféricos104.
Segundo a proposta de Jorge Alarcão, os espaços funerários utilizados pelos habitantes da
cidade estariam situados junto das vias romanas, nos limites Oeste, Sul e Este da cidade romana.

2.1.1.16. Pax Iulia


As necrópoles desta cidade romana são muito mal conhecidas. Contrasta sem dúvida com
a importância desta cidade, capital de civitas e conventus iuridicus que abrangia a maior parte do
território do Alentejo e do Algarve105. Relacionado com a problemática que nos interessa está o
conhecimento das portas das muralhas romanas, que se conservaram até um período muito
recente. Estas permitem o traçado da muralha e dos limites da própria cidade106 (Fig. 12).
Os vestígios funerários são muito diminutos e apareceram na sequência de obras de
urbanização. A inexistência de escavações sistemáticas limita os nossos conhecimentos sobre o
assunto.

101
Alarcão 1990a, 32-33.
102
Lima 1981, 23-24, 403.
103
Alarcão 1990a, 33-34.
104
Alarcão 1990a, 34-35.
105
Alarcão 1988b, 197.
106
Alarcão 1988b, 197.
30
Necrópoles Romanas do Território Português

O jornal O Bejense, em número de 9 de Maio de 1896107, refere o aparecimento de


sepulturas rectangulares feitas com caixas de lajes ou de tijolos. Pela descrição parece que as de
tijolos estavam construídas de forma a apresentar uma espécie de telhado de duas águas108.
Junto da estação de caminho-de-ferro foram encontradas outras sepulturas109. Na
sequência de obras públicas foram encontradas sepulturas de inumação. Uma destas tinha uma
placa de mármore, sobre a qual tinham sido dispostas tegulae para formar uma espécie de
telhado de duas águas.
Leite de Vasconcellos, em pequeno artigo publicado em 1895110, refere o aparecimento
de uma sepultura com cobertura tipo cupa no Campo d‟ Oliva. A sepultura de incineração tinha
uma caixa rectangular constituída por paredes de tijolos. A cobertura em forma de cupa cobria
esta sepultura. No interior estavam os ossos queimados. Esta sepultura tinha em cada uma das
paredes laterais um espaço onde estavam depositados alguns objectos votivos.
Em artigo de 1902, Leite de Vasconcellos descreve um cipo de mármore com inscrição,
encontrado junto de uma sepultura da época romana111.
Todos estes vestígios estão no exterior do espaço amuralhado e ajudam-nos a situar uma
necrópole. No espaço situado a norte da muralha, na rua que liga à estação de caminho – de –
ferro devia existir uma necrópole.

2.1.1.16. Myrtilis
Em Mértola foram encontrados dois espaços funerários com vestígios da época romana,
ambos situados junto das vias que ligavam esta cidade a Pax Iulia (Fig. 13). Um destes espaços
já é conhecido desde o século XIX, quando as cheias de 1876 puseram a descoberto, junto da
ermida de S. Sebastião, sepulturas da época romana. Estácio da Veiga apresentou estes primeiros
vestígios numa obra sobre as antiguidades de Mértola112.
Esta necrópole estava situada junto do rio, numa variante da via de Myrtilis a Pax Iulia.
Estácio da Veiga descreve o aparecimento de sepulturas cobertas de lajes de mármore e de
sepulturas circulares abertas no solo contendo uma urna cinerária. Não apresenta descrição das
sepulturas, dado que não foi sujeito a escavações.
Em Outubro de 1991, escavações efectuadas neste local puseram a descoberto quase duas
centenas de sepulturas de inumação. Não apresentavam mobiliário funerário assinalável. Esta

107
Citado por Leite de Vasconcellos (1896b, 175).
108
Situado junto da Igreja de N. Senhora Ao-Pé-da-Cruz, junto da estrada da circunvalação.
109
Sá 1905.
110
Vasconcellos 1895c.
111
Vasconcellos 1902b, 247-248.
112
Veiga 1880, 22-23 e 31-33.
31
Necrópoles Romanas do Território Português

necrópole apresenta sepulturas de inumação e incineração113. A necrópole foi utilizada desde o


primeiro século da nossa era até, pelo menos, ao século IV. Aos primeiros momentos de
utilização devem pertencer os vestígios de incineração descritos por Estácio da Veiga. As
sepulturas de inumação devem ser mais tardias. V. Lopes e J. Boiça propõem uma utilização até
pelo menos o século III / IV. A tipologia das sepulturas poderá de facto indicar a sua utilização
neste período mais tardia da ocupação romana. Este espaço funerário ficava no exterior da
grande muralha que circundava todo o espaço urbano de Myrtilis.
O outro espaço estava situado junto da via principal que ligava a Pax Iulia. Este espaço
funerário está situado no interior do espaço circundado pela grande muralha de Mértola. As
referências a este espaço urbano são bastante antigas. No final do século XIX, Leite de
Vasconcellos descreveu as sepulturas que escavou neste local114. Este investigador atribui-as já
ao período cristão, com utilização a partir do século V. Refere o aparecimento de sepulturas
rectangulares e trapezoidais. Se estas são de cronologia alto-medieval, as primeiras também
podem ser ainda de período tardo-romano115.
A localização deste espaço funerário levanta algumas interrogações sobre a própria
organização do espaço urbano romano. O insuficiente conhecimento sobre a cronologia deste
espaço coloca alguns problemas. Santiago Macias atribui a este espaço uma utilização durante
todo o período romano116. Este aspecto não é surpreendente dado o tamanho reduzido da outra
necrópole. Mas o aspecto intrigante nesta questão é a funcionalidade da própria muralha. Se o
espaço funerário foi ocupado desde o século I d. C. até ao V, então esta muralha devia proteger
um espaço muito maior que o espaço urbano. A necrópole, embora no interior deste espaço, já
devia estar no suburbium da cidade romana. Este espaço servirá nos séculos seguintes de espaço
funerário privilegiado desta cidade, onde será levantada a basílica paleocristã e o cemitério
cristão que servirá este espaço urbano.

2.1.1.17. Lacobriga
Lacobriga foi o centro urbano mais importante do ocidente algarvio mas ainda se
desconhece o seu estatuto administrativo117. A sua origem estará ligada ao Monte Molião, local

113
Nas escavações realizadas recentemente não foram encontradas sepulturas de incineração (cf. Lopes – Boiça
1993, 19).
114
Vasconcellos 1899-1900b, 242-243.
115
Muitas sepulturas romanas tardias não apresentam mobiliário funerário e a sua estrutura é muito similar às
sepulturas posteriores. Estes elementos tornam difícil precisar o período cronológico de muitas sepulturas.
116
Macias 1993, 54.
117
Mantas 1997, 288-289.
32
Necrópoles Romanas do Território Português

118
original da povoação pré-romana e dos primeiros tempos da ocupação romana. V. G. Mantas
considera que a povoação ter-se-ão estendido para o local actualmente ocupado pela cidade de
Lagos, onde se teria desenvolvido um núcleo portuário. A falta de escavações sistemáticas
impede-nos o conhecimento da organização urbanística deste aglomerado.
No Monte Molião apareceu, no século XIX, uma necrópole com sepulturas que
utilizavam os rituais de incineração e inumação119. Apareceram vestígios de incinerações feitas
em bustum e sepulturas com urnas. No mesmo espaço apareceram sepulturas de inumação com
cobertura de tegulae em forma de telhado de duas águas. M. L. Santos atribui a este espaço uma
utilização que começa no século I d.C. e prolonga-se até ao século III120.
Na actual área urbana de Lagos têm aparecido vestígios de sepulturas da época romana.
Apareceram vestígios no Paúl, Jardim e noutros locais da freguesia de Lagos. No entanto, a sua
descoberta casual, seguida quase sempre de destruição sem escavações científicas, não
permitiram um conhecimento aprofundado do fenómeno funerário nem o estabelecimento de
uma relação com a área urbana.

2.1.1.18. Balsa
Balsa foi sede de civitas durante a dominação romana. Estava situada junto à beira-mar
de forma a aproveitar o comércio marítimo. Esta área urbana está muito mal conhecida, apesar
das primeiras escavações se terem iniciado na segunda metade do século XIX. No entanto, estas
incidiram sobre duas necrópoles, algumas cetárias e um edifício121 e nunca envolveram um
programa sistemático para conhecer com profundidade esta cidade. Em consequência deste facto,
não se conhece a extensão do perímetro urbano desta cidade da época romana.
O material arqueológico retirado desta cidade não forneceu material pré-romano. J.
Nolen considera que Balsa terá sido fundada por emigrantes itálicos e veteranos que a
implantaram sobre um possível povoado indígena122.
Das necrópoles proveio a maior parte dos vestígios arqueológicos conhecidos. Uma está
situada 300 metros a norte da Quinta das Antas e a outra está a oriente, na Quinta do Arroio.
Como não se conhece o urbanismo da cidade, podemos pelo menos traçar, com uma certa
aproximação, o limites norte e oriental desta cidade romana.
Da Quinta das Antas foram retirados vestígios de incinerações e de inumações123. As
sepulturas de incineração são maioritárias. Tinham a forma de uma caixa ou eram cistas de

118
Mantas 1997, 288.
119
Santos 1971, 349-373.
120
Santos 1971, 352.
121
Nolen 1997, 330.
33
Necrópoles Romanas do Território Português

chunbo, onde eram colocadas as cinzas. Estas sepulturas de inumação tinham uma forma
rectangular, com a caixa formada por tijolos sobrepostos e a cobertura em foram de telhado de
duas águas. Algumas sepulturas tinham moedas do século I d.C.124. Segundo M. L. Santos, esta
necrópole apresentava vestígios dos séculos I e II d.C.125.
Na necrópole da Quinta do Arroio foram escavadas várias centenas de sepulturas126.
Nesta necrópole foram encontradas sepulturas de incineração e inumação. Se seguisse a
implantação normal dos espaços funerários urbanos estaria situada junto da via que ligava Balsa
a Baesuris. Esta necrópole teria sido utilizada entre os séculos II e IV d.C.127. As sepulturas
apresentavam diversas formas.
A necrópole situada a norte estaria talvez ligada a uma via secundaria que ligaria Balsa à
estrada principal entre Ossonoba e Arandis. Existem outros vestígios que já estariam no
suburbium da cidade romana128.

2.1.1.19. Ossonoba
Nesta cidade existem vários espaços funerários dispostos em volta da área urbana.
Vasco G. Mantas129 apresenta a localização de quatro necrópoles que existiam em volta da
cidade romana (Fig. 14).
A mais importante seria a do Bairro Letes, que estaria no entroncamento de duas vias
romanas: uma em direcção a Arandis e uma outra, que sairia desta, em direcção a Balsa. Seria a
necrópole mais utilizada pelos habitantes de Ossonoba e ocuparia uma vasta área. Os primeiros
vestígios descobertos nesta necrópole remontam ao final do século XIX. As obras de
urbanização do local levaram ao aparecimento posterior de diversos enterramentos. Os vestígios
apareceram em muitas ruas deste bairro: D. João de Castro, João Lúcio, Almeida Garrett,
Mouzinho de Albuquerque, entre outras. Os vestígios encontrados na Rua das Alcaçarias
poderão estar relacionados com esta necrópole130.
A necrópole da Horta do Ferragial estaria já a alguma distância da área urbana que o
autor acima referido interpreta como uma necrópole pertencente a uma villa suburbana. No

122
Nolen 1997, 328.
123
Vasconcellos 1913, 374-375; Santos 234-236 e 291-292.
124
Vasconcellos (1913, 374) menciona duas moedas: uma de Cláudio I e outra de Tibério.
125
Santos 1971, 236.
126
Santos 1972, 321-326.
127
Santos 1972, 326.
128
Está nesta situação a necrópole de Pedras D‟El-Rei.
129
Mantas 1997, 297-299.
130
T. Gamito (1992, 118) considera que estamos perante uma necrópole familiar próxima da necrópole do Bairro
Letes. Para nós a proximidade não exclui a hipótese de se tratar um núcleo daquela necrópole, mesmo que exista
algum tipo de agrupamento familiar.
34
Necrópoles Romanas do Território Português

entanto, a sua posição junto do litoral, não muito distante da área de crescimento da cidade
romana, leva-nos a não excluir a hipótese de se tratar de uma necrópole utilizada pela população
da cidade.
A necrópole da Escola, situada junto da via que seguia para Lacobriga, seria já uma
necrópole de uma villa suburbana. A sua distância em relação ao centro urbano leva o autor a
referir esta hipótese, que consideramos a mais válida. A outra necrópole, por se encontrar junto
da muralha romana, violando o espaço urbano, é considerada paleocristã, teria sido utilizada já
em período de modificação das práticas funerárias.

Muitas zonas urbanas não foram abordadas neste capítulo devido à falta de elementos,
sinal evidente do trabalho de investigação que falta empreender para termos uma imagem geral
dos espaços funerários das zonas urbanas.

1.1.2. O mundo rural

Na abordagem das necrópoles e espaços funerários inseridos em ambientes rurais


deparamo-nos com obstáculos difíceis de transpor. A investigação arqueológica centrada no
estudo da estação arqueológica, muito frequente no nosso país até há poucos anos, não permite a
utilização de toda a riqueza informativa das paisagens antigas. Por outro lado, também se
verificam situações em que a prospecção desenvolvida no intuito de encontrar os habitats não
dão os frutos necessários, tornando difícil a inserção espacial dos vestígios funerários131.
No estudo da inserção espacial das necrópoles é fundamental saber a ligação destas ao
mundo dos vivos, às suas estruturas e suas habitações. A descoberta casual da maior parte dos
vestígios funerários e a falta de programas de investigação exaustivos, orientados para a
contextualização espacial dos vestígios arqueológicos, impede-nos, na maior parte das vezes, de
apresentar linhas de força da implantação das necrópoles.
A maior parte das necrópoles e sepulturas da época romana foram descobertas
casualmente, na sequência de obras e intervenções urbanísticas e viárias empreendidas no
território português. Muitas foram descobertas no século XIX e no princípio do século XX sem
que tenham sido submetidas a escavações sistemáticas e destas tenham resultado publicações
detalhadas dos vestígios arqueológicos. Se o esforço de estudiosos importantes como Leite de
Vasconcelos impediu o esquecimento definitivo destes vestígios, a publicação pouco detalhada

131
Ocorre-nos a situação da necrópole de Santo André, em Montargil (Monforte), cujo habitat não é conhecido
apesar dos esforços dos investigadores para detectar a sua presença (Viegas et al. 1981).
35
Necrópoles Romanas do Território Português

destes vestígios funerários impediu o conhecimento de outras vertentes importantes, relacionadas


com a organização dos espaços funerários e sua relação com os habitats coetâneos.
Tal como é referido para outras regiões do Império132, a maior parte dos vestígios
funerários encontrados em ambientes rurais estariam ligados a villae, casais, pequenos povoados
ou estabelecimentos com funções artesanais ou industriais. No entanto, devido aos aspectos
acima referidos, não é possível estabelecer a correlação com os habitats. Muitas vezes as
necrópoles são o vestígio arqueológico que nos indica que estamos perante habitats da época
romana, embora ainda não tenham sido encontrados.

O que acabamos de referir aplica-se à necrópole romana de Montes Novos (Croca,


Penafiel)133. Implantada a meia encosta sobre um vale por onde passaria a via romana que ligava
Bracara Augusta a Tongobriga. Esta necrópole serviria um povoado aberto romano, ainda
desconhecido, que aproveitaria a fertilidade destas terras. A investigadora responsável pela
escavação avança com a hipótese de estarmos perante a necrópole de um vicus, mas nada até
agora permite confirmar esta hipótese134. O próprio número de sepulturas escavadas é reduzido
para um espaço urbano135.
No sul de Portugal, a necrópole do Monte Novo do Castelinho (Almodôvar), situada
numa encosta de pendor suave, também serviria um habitat romano, provavelmente uma villa
romana, cuja identificação ainda não é segura mas a existência, relativamente próximas, de
vestígios arqueológicos de superfície e uma barragem da época romana torna esta hipótese
bastante plausível136.
Van Doorselar137 e Galliou138 defendem a existência de dois tipos de necrópole nos
grandes domínios rurais que corresponderiam a uma diferenciação social: uma necrópole
pequena com sepulturas cujo espólio funerário seria rico destinados aos proprietários rurais e sua
família e uma outra necrópole destinada ao pessoal da exploração agrícola, visível pela pobreza
do espólio funerário.
No território português existem poucos vestígios que nos permitam verificar esta
situação. Na villa romana de Milreu, os mausoléus estão junto da pars urbana e a necrópole está

132
Galliou 1989, 24-25.
133
Pinto 1998.
134
Pinto 1998, 188-189.
135
Não devemos esquecer que algumas áreas urbanas nos deram um número reduzido de enterramentos. Esta nota
serve para lembrar que o número de enterramentos não é critério suficiente para qualificar os habitats como área
urbana.
136
Fabião et al. 1998, 200-202.
137
1967, 24.
138
1989, 25.
36
Necrópoles Romanas do Território Português

mais distanciada139. Foi estabelecida na outra margem de um pequeno ribeiro onde seriam
sepultados os serviçais.
Nas grandes villae esta situação poderia acontecer ao próprio nível da estrutura funerária
utilizada. Uma necrópole constituída por sepulturas abertas no solo natural para o pessoal da
exploração agrícola e mausoléus para os proprietários. Estes estariam em espaço nobre, contíguo
à própria pars urbana da villa, enquanto a necrópole estaria ligeiramente afastada das diferentes
construções existentes na villa.
Na necrópole da Pombais (Marvão), foi possível identificar a villa que usaria este espaço
funerário140. Na Lage do Ouro (Crato), a necrópole estava situada num lugar mais elevado, a
oriente da villa romana141. Existiria alguma intencionalidade na escolha do local da necrópole?
De momentos não podemos responder a esta questão nem a outras devido à falta de dados.
Em relação às necrópoles das oficinas artesanais a situação poderá ser diferente. Em
Porto dos Cacos, Alcochete, foi encontrada uma necrópole situada a cerca de 100 metros da área
oficinal142. Está situada num pequeno cabeço a nordeste da oficina de olaria e é constituída por
37 sepulturas, das quais foram escavadas 24. As informações até agora publicadas revelam
aspectos curiosos que necessitam de confirmação. Importava saber a razão da existência de
muros junto das sepulturas 31, 37 e 16143. O responsável pelos trabalhos de escavação não lhe
atribui qualquer funcionalidade mas a continuação da escavação poderá ser importante para
conhecer a relação da necrópole com o espaço oficinal144. Poderemos estar perante uma
necrópole que ocupa o espaço imediatamente contíguo à área oficinal, revelando pouco cuidado
na separação do mundo dos mortos em relação ao dos vivos. Outra hipótese que poderemos
colocar estará relacionada com a diferenciação do espaço dentro da própria necrópole. Neste
caso, não podemos deixar de recordar que a sepultura 37, situada junto do muro, revela uma
construção mais cuidada. Estamos perante um sinal de diferenciação social dentro do espaço
funerário? Esta questão é, neste momento, difícil de resolver perante a insuficiência dos dados.
Em relação a este tema, o aspecto mais relevante é a falta de informações e dados que
permitam o lançamento de novas hipóteses devidamente fundamentadas.

139
Hauschild 1984.
140
Fernandes 1985a, 101.
141
Frade-Caetano 1985, 133.
142
Os primeiros resultados da escavação desta necrópole foram publicados A. Sabrosa (1996).
143
Sabrosa 1996, 288-289
144
Sabrosa 1996, 283.
37
Necrópoles Romanas do Território Português

1.2. A organização dos espaços funerários

1.2.1. Introdução

Os espaços funerários romanos deviam estar submetidos ao princípio do respeito pelo


“locus religiosus”. A presença de uma sepultura ou mausoléu tornava o espaço onde estava
localizado num «locus religiosus», espaço «sacralizado», protegido contra os saqueadores de
sepulturas145. É um lugar de culto privado, familiar, cujo espaço estava protegido146.
De acordo com esta “regra” deveríamos encontrar espaços funerários delimitados, cujos
locais de enterramento deveriam estar intactos. A própria violação das sepulturas por
enterramentos posteriores não devia acontecer. No entanto, quando olhamos para os vestígios
funerários da época romana surge-nos a imagem de um espaço pouco organizado. A própria
localização dos grandes espaços funerários junto das áreas urbanas devia contribuir para a
vulnerabilidade dos locais de enterramento face aos saqueadores e aos próprios utilizadores das
necrópoles. Esta situação já foi verficada para outras áreas do Império Romano. J. Toynbee
atribui esta situação à falta de controlo público, justificada pela propriedade privada das terras
onde são implantadas as sepulturas147.
A própria «descoberta» deste espaço é muito problemática. O arqueólogo retira todos os
elementos, que na sua opinião, são de origem natural e faz sobressair os elementos propriamente
arqueológicos, as unidades estratigráficas de origem antrópica. Mas muito raramente reconstitui
o solo antigo, espaço de circulação dos seres humanos contemporâneos dos enterramentos da
necrópole. Reconhecemos a dificuldade em avançar com estas reconstituições face ao «puzzle»
funerário que frequentemente o arqueólogo encontra perante si. A própria amplitude cronológica
da necrópole faz destes espaços locais de utilização muito dinâmica, com diferentes ritmos de
utilização ao longo do tempo.
Estas considerações têm como objectivo alertar para os limites no conhecimento dos
espaços funerários antigos. Elementos discretos, micro-topográficos, que passam despercebidos
numa escavação, poderiam ser muito importantes para os utilizadores da necrópole. Faziam parte
da forma como viam e «viviam» aquela paisagem.

145
Galliou 1989, 26.
146
Scheid 1998, 67.
147
Toynbee 1971, 74.
38
Necrópoles Romanas do Território Português

1.2.2. Disposição topográfica, recintos e parcelas

Este pequeno capítulo pretende abordar a organização dos espaços funerários e a própria
disposição dos enterramentos e outros elementos funerários. Sempre que possível, tentar
reconhecer agrupamentos, recintos ou parcelas dentro do espaço mais vasto da necrópole.
Mais uma vez, estamos perante obstáculos surgidos devido ao pequeno número de
necrópoles escavadas em área. A reduzida área escavada e o número pouco relevante de
enterramentos não permitem a análise da ocupação do espaço num período de tempo muito
longo. Os próprios vestígios remetem-nos para cronologias enganadoras.
Nas áreas urbanas as necrópoles ocupavam os espaços junto das vias. Os primeiros
enterramentos eram realizados junto da via, em ambos os lados da mesma. Estamos perante uma
questão de visibilidade das sepulturas ou dos mausoléus. Seriam estes os locais mais disputados
pelas populações. O crescimento demográfico tornaria a competição por estes locais mais feroz e
provavelmente remeteria as sepulturas das populações das classes populares, sem poder
económico, para os locais mais recônditos, já longe das vias principais.
Para muitas áreas do Império conhecem-se concessões atribuídas para ocupação do
espaço junto das vias. No território português não são conhecidas muitas inscrições que
indiquem o tamanho das mesmas. O exercício de delimitação das concessões também não é
viável devido à falta de informações provenientes das escavações das necrópoles urbanas.
Uma inscrição funerária de Olisipo apresenta as medidas de um espaço funerário. Este
espaço tinha in fronte XXX pedes e in agro XX pedes148. O espaço teria uma área de 54 m2149.
Como era habitual nas diferentes regiões do Império, a medida in fronte é maior que a medida in
agro dado que está junto da via e, dessa forma, dá melhor acesso às sepulturas ou monumentos
funerários. É um espaço bastante razoável mas é o único dado que possuímos sobre o tamanho
das concessões existentes.
Junto da cidade de Collippo também apareceu uma inscrição funerária que atribui um
locus sepulturae a um membro da elite local150. Estas duas inscrições demonstram-nos a
existência de concessões destinadas ao uso funerário. No entanto, ainda não foi possível
reconhecer no terreno estas concessões. Também não possuímos dados para outras regiões do
país.
A maior parte das necrópoles apresentam enterramentos que não violam sepulturas
anteriores. Estamos a falar das necrópoles da zona de Elvas, da necrópole da Lage do Ouro

148
Rodriguez Neila (1991) analisou a inscrição CIL, II, 216, originária de Lisboa.
149
Os cálculos são do autor acima referido que apresenta um valor de cerca de 30 cm para o pé romano (1991, 63).
150
CIL, II, 339. Cf. o artigo do mesmo autor que analisa a concessão de Locus sepulturae na Península Ibérica.
39
Necrópoles Romanas do Território Português

(Crato) (Fig. 15), do Alto da Vela em Gulpilhares (Fig. 18), Achada de S. Sebastião (Mértola)
(Fig. 19), da necrópole da Via XVII em Bracara e dos enterramentos tardo-romanos de Idanha-a-
Velha. São muitos os exemplos de espaços funerários onde se verifica um respeito pelos espaços
sepulcral. Nestas necrópoles os espaços das sepulturas são claramente delimitados. Mesmo
quando a ocupação do espaço funerário não é uniforme, as sepulturas estão claramente separadas
umas das outras. Verifica-se a existência de núcleos de sepulturas com orientações diferentes
mas nunca existe violação do espaço de cada uma.
Como contraste, temos alguns espaços onde alguns enterramentos violam enterramentos
anteriores, desrespeitando o locus religiosus. Na necrópole dos Montes Novos (Croca, Penafiel)
muitos enterramentos, contendo moedas do século IV, foram feitos sobre enterramentos
anteriores, alguns deles com apenas algumas dezenas de anos de diferença (Fig. 20). Esta
situação foi detectada por Gilda Pinto que refere também a falta de um alinhamento ordenado
por parte das sepulturas151. Na utilização de um espaço funerário com sepulturas constituídas por
covachos escavados no solo base, sem elementos delimitadores, é possível que se tenha
verificado um esquecimento sobre a localização de alguns enterramentos. Mas não podemos
considerar essa hipótese quando falamos de sepulturas abertas com uma pequena diferença de
anos. Nesta situação poderemos pôr a hipótese de um relaxamento das práticas funerárias, que
deixou de ser vigilante perante a inviolabilidade do lugar da sepultura.
Na única necrópole conhecida de Tongobriga (Freixo, Marco de Canaveses), em algumas
sepulturas de cronologia mais tardia, verificou-se a violação do espaço de enterramento152. As
sepulturas mais recentes foram abertas sobre sepulturas anteriores. De notar que estas sepulturas
são bastantes pobres. A pobreza do enterramento, visível nas oferendas funerárias presentes,
poderá reflectir a posição social do defunto.
Na necrópole da Marateca (Lagos) também parece ter-se verificado a violação das
sepulturas anteriores, dado que apareceram ossos e outros vestígios em camadas superficiais,
provavelmente resultantes da abertura de novos enterramentos153.
Na necrópole da Valdoca (Aljustrel) (Fig. 16) esta situação não está confirmada mas a
presença de enterramentos muito próximos uns dos outros poderá indicar a violação do espaço
sepulcral154.
Outro aspecto a considerar nesta análise é a reutilização das sepulturas. Temos vestígios
de reutilização nas necrópoles de inumação do Sol Avesso (Oeiras)155, Herdade da Camuja

151
Pinto 1998, 189.
152
Dias 1993-1994, 122-123
153
Rocha 1896, 68-69.
154
Conferir a planta publicada (Est. II) por O. V. Ferreira e R. Andrade (1966).
40
Necrópoles Romanas do Território Português

(Elvas)156, Casas do Canal (Estremoz)157, Senhora do Desterro (Montemor-o-Velho)158, Marim


(Olhão)159 e Cerro da Vila (Loulé)160.
Em todas estas necrópoles verificou-se a reutilização de sepulturas para se proceder à
inumação de mais de um indivíduo. A utilização da sepultura implica o afastamento das ossadas
anteriores e a sua colocação numa área periférica da sepultura, de forma a ganhar espaço para a
colocação do corpo do defunto. Não sabemos se este procedimento está ligado a alguma forma
de utilização familiar da sepultura. No entanto, parece-nos que não há cumprimento estrito da
inviolabilidade da sepultura. Seria interessante saber se existe algum tipo de estratégia familiar
na reutilização destas sepulturas. São informação que não possuímos e que apenas a análise dos
vestígios osteológicos poderá trazer luz.
Na análise dos dados sobre as sepulturas da época romana deparamo-nos com outro
aspecto que consideramos relevante: a reutilização de lápides funerárias romanas. Esta situação
verificou-se no Monte Penouço (Rio Tinto)161, na Herdade da Camuja (Elvas)162 e em Marim
(Olhão)163.
Numa das sepulturas de Monte Penouço apareceram duas lápides funerárias que serviam
de cobertura164. As faces que apresentavam as epígrafes foram propositadamente colocadas
viradas para o interior. Portanto, não estariam visíveis. Seriam, para todos os efeitos, apenas duas
lajes utilizadas na cobertura desta sepultura.
Na Herdade da Camuja verifica-se a mesma situação. As lápides funerárias foram
reutilizadas na nova sepultura165. Uma lápide funerária tinha sido utilizada na parede da
sepultura, no topo, e a outra estava na cobertura. Ambas tinham as faces epigrafadas voltadas
para o interior da sepultura. Após a deposição do defunto e o fecho da sepultura, seriam apenas
duas lajes sem significado especial. A mesma situação verifica-se na necrópole de Marim166.
Apesar de ser evidente a reutilização de material funerário pertencente a outras
sepulturas, não sabemos as condições em que tal foi feito. Não sabemos se verificou a
reutilização de lápides abandonadas, material já perfeitamente adaptado para as sepulturas com
as suas faces devidamente trabalhadas, ou a destruição de sepulturas.

155
Matos 1969, 192.
156
Viana 1950, 313-315.
157
Duarte 1996.
158
Rocha 1903b, 596-598.
159
Santos 1972, 267.
160
A. L. Santos (1997, 400) refere a presença de esqueletos de dois indivíduos em cinco das sepulturas escavadas.
161
Severo 1908a, 112.
162
Viana 1950, 314.
163
Santos 1972, 267.
164
Severo 1908a, 112.
165
Viana 1950, 314.
41
Necrópoles Romanas do Território Português

Inclinamo-nos mais para a primeira hipótese. Seria perfeitamente possível utilizar as


estelas epigrafadas quando estas demonstrassem um sinal evidente de abandono. Isto seria ainda
mais provável se estivéssemos perante estelas abandonadas num canto de uma necrópole. É
material trabalhado com as faces já devidamente alisadas, prontas para uma nova utilização.
A destruição de sepulturas com estelas parece-nos mais improvável devido à resistência
das pessoas. Enquanto a sepultura se encontrasse intacta a reutilização das estelas implicava uma
atitude deliberada de destruição da sepultura, facto difícil de aceitar tendo em conta a proibição
de tal situação.

Em relação à organização do espaço da necrópole, a quantidade diminuta de informações


impede-nos de apresentar afirmações categóricas sobre o assunto. A maior parte da bibliografia
não apresenta informações sobre este assunto.
Em Braga, na área da Cangosta da Palha167, espaço funerário situado junto da Via XVII
onde apareceram cerca de trezentas sepulturas de inumação, parece haver uma certa organização
do espaço da necrópole, com as sepulturas a apresentarem a mesma orientação aproximada. Mas
os dados publicados não permitem a retirada de qualquer conclusão sobre a possível existência
de concessões.
Na maior parte das necrópoles não é possível determinar qualquer tipo de agrupamento.
Para conseguir determinar alguns agrupamentos hipotéticos seriam necessárias escavações em
área com todo o cuidado para determinar possíveis elementos delimitadores, comparar o espólio
votivo das sepulturas e, nos casos em que aparecem vestígios osteológicos, proceder à análise
das ossadas para tentar determinar agrupamentos familiares.
Na maior parte das necrópoles as sepulturas distribuem-se irregularmente pelo espaço
funerário, sem revelarem qualquer disposição significativa aos olhos dos arqueólogos. Apesar
desta grande limitação, vamos apresentar alguns dados que podem ser indicadores de
organização.
No artigo que José Fortes publicou sobre a necrópole da Lomba (Amarante) aparece uma
informação, colhida a um habitante, que refere o agrupamento das sepulturas em grupos de
três168. Estes dados não foram confirmados por escavações. A serem correctos, terão um
significado especial. Mas qual será esse significado? Estaremos perante algum tipo de
agrupamento familiar?

166
Rocha 1895, 192.
167
Este núcleo funerário está integrado na necrópole da Via XVII (Delgado et al. 1987, 180).
168
Fortes 1908b, 255.
42
Necrópoles Romanas do Território Português

Em Gulpilhares (V. N. Gaia), M. J. Lobato dividiu as sepulturas em cinco grupos, dado


que apresentam orientações diferentes169. As sepulturas dos grupos A e B estão circunscritas mas
o mesmo não acontece com as outras. Não parece haver um significado especial para este
aspecto dado que a maior parte das sepulturas não estão circunscritas em espaço diferenciados170.
As sepulturas dos diferentes grupos ocupam o mesmo espaço. Não nos parece que esta
disposição tenha algum significado especial em termos de organização. Provavelmente
estaremos perante uma ocupação cronológica diferenciada do espaço.
Na necrópole da Valdoca (Aljustrel) foram encontrados muros de pedra solta junto de
alguns grupos de sepulturas. Os autores da escavação referem que estes muros serviriam para a
protecção das mesmas171. Será que estas «protecções» definiriam espaços familiares? É uma
hipótese tentadora mas a precisar de dados que confirmem conclusão tão ousada.
Mesmo a necrópole encontrada na Rua das Alcaçarias (Faro) poderá não se integrar neste
agrupamento familiar. Teresa Gamito salienta a homogeneidade destas sepulturas e do seu
mobiliário funerário que permitem circunscrever a sua utilização a um período cronológico
bastante delimitado172. Apesar destes aspectos importantes, não podemos esquecer que a
necrópole continuaria por um espaço que não foi escavado e poderia estar integrada num espaço
maior, na grande necrópole romana de Ossonoba que ocuparia o espaço junto da via romana que
ligaria esta cidade a Balsa. Não rejeitamos a hipótese de estarmos perante um agrupamento mas
consideramos que apenas o conhecimento do espaço contíguo poderia dissipar estas dúvidas.

1.2.3. A sinalização e a visibilidade dos enterramentos

Neste capítulo abordaremos a sinalização das sepulturas e destacaremos a visibilidade /


invisibilidade das mesmas. A análise da bibliografia sobre este assunto permitiu-nos confirmar
uma ideia presente, de uma forma implícita, na maior parte da literatura sobre o fenómeno
funerário romano. A maior parte das sepulturas não apresentavam estelas funerárias ou cipos no
momento da sua descoberta e, principalmente, no momento da sua escavação. As dezenas de
milhares de lápides funerárias conhecidas para o mundo romano não foram encontradas in situ,
situação que limita a sua utilização plena como elemento arqueológico173. Continua a ser uma

169
Lobato 1995, 35.
170
Os grupos A e B apresentam de facto alguma identidade dado que estão circunscritos a um espaço determinado
mas o mesmo não acontece com os outros grupos. O grupo C ocupa mesmo quase todo o espaço da necrópole
(Lobato 1995, 35 e Est. IV).
171
Ferreira – Andrade 1966, 4.
172
Gamito 1992, 118.
173
I. Morris (1994, 156) refere 180 000 lápides funerárias na parte ocidental do Império Romano.
43
Necrópoles Romanas do Território Português

das fontes de informação mais ricas da arqueologia e história do Império mas raramente aparece
integrada no contexto arqueológico inicial, como elemento fundamental do espaço funerário
romano. Esta situação, muito frequente no actual território português, limita a nossa análise em
relação a este aspecto particular das necrópoles romanas.
Parece-nos evidente que uma das formas mais utilizadas para a sinalização das sepulturas era
a colocação de lápides funerárias no topo das sepulturas. Mas a análise dos dados sugere-nos que
muitas sepulturas nunca tiveram uma estela funerária. Sabe-se que não é a única forma de
sinalização dos espaços funerários mas, devido à sua abundância nas zonas urbanas, a sua
utilização devia ser mais comum. São poucas as sepulturas encontradas com lápides funerárias
junto a um dos seus topos. Na necrópole da Rua das Alcaçarias (Faro) uma das sepulturas tinha
no topo uma lápide funerária174 (Fig. 22).
Esta preocupação em assinalar o local da sepultura tanto se verifica na cidade como nas
zonas rurais. Os materiais utilizados estão adequados à disponibilidade local. Na necrópole de
Monte Mozinho apareceu uma estela funerária em granito (Fig. 25). Na necrópole tardia de
Alvariça (Espiunca, Arouca) cada sepultura teria uma lápide funerária em xisto implantada num
dos topos175 (Fig. 26). Algumas das estelas seriam anepígrafas o que não deixa de ser um sinal da
preocupação dos contemporâneos em assinalarem o local da sepultura, mesmo que a lápide não
possuísse qualquer inscrição funerária.
Também aparecem lápides funerárias com epígrafes funerárias dedicadas a dois indivíduos.
Na Quinta do Marim (Olhão) apareceram estelas funerárias nesta situação. A parte inferior não
se encontrava trabalhada, sinal que esta parte ficaria enterrada (Fig.21)176.
Outro tipo de sepultura de grande visibilidade seria aquelas cuja cobertura revestia a forma
de cupa. Existem muitos exemplos deste tipo de sepultura, concentrados principalmente junto de
Lisboa e no Alentejo. As de Lisboa têm as faces lisas e uma inscrição funerária num dos topos.
Apareceram, no entanto, cupae anepígrafas177 (Fig. 24). No Alentejo a tampa tem uns elementos
decorativos imitando a forma das pipas (Fig. 23). A inscrição está no dorso das cupae. Este tipo
de sepultura seria bem visível no espaço funerário. A cupa assentava sobre uma caixa de tijolos
que estaria quase toda enterrada no subsolo. Este tipo de cobertura aparece quase sempre em
sepulturas de incineração, com datas que vão do século I ao III d.C.
Aparecem também cipos funerários que estariam situados junto das sepulturas. J. L. de
Vasconcellos refere o aparecimento, em Beja, de um cipo de funerário junto de uma sepultura

174
Gamito 1992, 105.
175
Silva – Ribeiro (no prelo).
176
Rocha 1895, 198-199; Encarnação 1984, 94-95.
44
Necrópoles Romanas do Território Português

completa178. Era um cipo de mármore e aquele autor refere o seu aparecimento junto da
sepultura. Estaria a sinalizar a sepultura em causa.
Thomaz Pires, no seu catálogo do Museu de Elvas, refere a existência de um cipo funerário
de calcário encontrado, em 1897, «no topo de duas sepulturas de lages brutas à profundidade de
meio metro»179. Tudo indica também que estaria a sinalizar uma das sepulturas encontradas na
mesma ocasião.
Em São Pedro (Porto de Mós) apareceu um monumento funerário original que se destinava a
sinalizar as sepulturas de três indivíduos180. Tinha a forma de um prisma rectangular e o topo
trabalhado de forma a apresentar uma espécie de telhado. Tinha três face trabalhadas e na frente
um nicho e apenas apresentava um epitáfio numa das faces. J. B. Moreira e J. Encarnação181
consideram que este monumento realiza a junção entre dois tipos de monumentos funerários: a
urna em forma de casa e a estela, neste caso colectiva.

Agora gostaríamos de discutir algumas questões sobre as sepulturas que não apresentam
qualquer tipo de lápide ou sinalização. Não nos podemos esquecer que alguns dos exemplos
referidos poderiam ter alguma sinalização que acabou por desaparecer. Mas vamos ultrapassar
esta questão e vamos discutir a sua visibilidade das sepulturas que não apresentariam qualquer
tipo de estela ou cipo funerário.
Na literatura arqueológica, com excepção dos monumentos funerários com estrutura
arquitectónica, assume-se quase sempre o enterramento da estrutura funerária. A sepultura seria
aberta no subsolo, construiriam a estrutura e após a deposição do cadáver ou das cinzas, esta
seria coberta com terra. Na maior das vezes aparece referida a cobertura ou a falta dela mas
nunca se coloca a hipótese de estarmos perante a parte visível da sepultura, pelos menos durante
o período da sua utilização.
Na necrópole da Via XVII de Bracara Augusta apareceu uma sepultura que apresentava um
murete de pedra disposto no sentido do comprimento. Esta estrutura foi detectada pelos
arqueólogos e poderá ser uma forma de tornar visível a sepultura182. No Largo do Colégio
(Porto), em sepultura que os investigadores responsáveis pela escavação consideram tardo-

177
J. L. de Vasconcellos (1902b, 241-243) refere o aparecimento na Rua da Escola Politécnica, em Lisboa, de uma
cupa de mármore que não estaria no seu lugar original. J. L. de Vasconcellos considera-a proveniente do Alentejo.
178
Vasconcellos 1902b, 247-248.
179
Pires 1902, 213.
180
Moreira-Encarnação 1988, 6.
181
Moreira-Encarnação 1988, 7.
182
Martins – Delgado 1989-1990, 145.
45
Necrópoles Romanas do Território Português

romana, apareceu também uma estrutura em forma de pequeno muro que protege a sepultura
propriamente dita183. Esta tinha uma cobertura em forma de telhado de duas águas.
Na já referida necrópole de Bracara Augusta apareceu uma sepultura de incineração coberta
com lajes (Fig. 27) que poderiam estar visíveis184. Esta hipótese poderá não ser de fácil resolução
devido à dificuldade em detectar o solo da necrópole, no entanto, temos de a considerar possível.
Muitas são as necrópoles que apresentam sepulturas deste tipo. Numa sepultura de
incineração de Marialva, a cobertura era feita com um tijolo com uma inscrição epigráfica 185.
Estaria coberta ou seria a parte visível da sepultura? A sua visibilidade poderia tornar a sepultura
mais frágil, vulnerável à violação mas a sua cobertura colocaria questões ainda mais intrigantes.
Qual seria a intenção do construtor da sepultura em cobrir a dedicatória? Inclinamo-nos para a
visibilidade da epígrafe funerária e para a própria visibilidade da cobertura.
Na mesma situação encontrar-se-iam as sepulturas construídas com placas de mármore, das
quais temos exemplos em Chão de São Lourenço (Monsanto)186 e em diversos locais do
Alentejo. A utilização deste material indica uma maior preocupação com a qualidade da
construção da sepultura. A própria colocação de uma placa de mármore na cobertura da sepultura
poderá estar relacionado com alguma fenómeno de visibilidade social. Seria estranho que estas
sepulturas, que evidenciam uma qualidade de construção superior à generalidade das restantes
sepulturas, fossem completamente coberta. Mais uma vez pensamos que a cobertura em
mármore seria a parte visível da sepultura.
As sepulturas com cobertura constituída por fiadas de tegulae e imbrices teriam certamente a
parte superior da sepultura visível. É essa a opinião de Abel Viana que, ao descrever a sepultura
7 da necrópole do Bairro Letes, refere que a última fiada da caixa de tijolos devia ficar acima do
nível do solo187. Nestas condições toda a cobertura de tegulae e imbrices estaria visível.
A própria sepultura n.º 6 da Rua das Alcaçarias seria da mesma tipologia da anterior,
apresentando também uma cobertura de tegulae formando uma secção triangular188.
Conhecemos outros exemplos para Beja189 e Lisboa190 onde a cobertura, constituída por
tegulae e imbrices formando uma espécie de telhado com secção triangular, estaria sempre
visível. A sepultura de Beja apresenta-se com a forma de uma caixa revestida com placas de
mármore (Fig. 28). O fundo e a cobertura também são constituídos com este material. Sobre a

183
Varela-Cleto 2001,
184
Delgado 1984.
185
Rodrigues 1961, 23-24.
186
Almeida – Ferreira 1956, 420-422.
187
Viana 1951, 158.
188
Gamito 1992, 106.
189
Sa 1905, 12.
190
Esta sepultura apareceu na necrópole de Poço de Cortes (Silva 1944a).
46
Necrópoles Romanas do Território Português

placa de mármore da cobertura foram colocados os lateres, formando uma espécie de telhado191.
Na nossa opinião foi o abandono da necrópole e a posterior deposição de material nestes espaços
que cobriu completamente a sepultura, dando-lhe a forma que o arqueólogo encontrou.

Temos de reconhecer que são poucos os dados que possuímos sobre a sinalização dos
enterramentos. Sabemos que as estelas funerárias colocadas num dos topos das sepulturas eram
uma das formas mais utilizadas de sinalização do enterramento. Os cipos funerários colocados
junto das sepulturas eram outra das formas de sinalizar os enterramentos.
Consideramos que parte das sepulturas, mesmo não tendo outro elemento identificador, era
reconhecível pela parte superior da sua cobertura, que ficaria sempre visível. Nesta situação
encontram-se as sepulturas cuja cobertura era em forma de cupa, as sepulturas com cobertura
constituída por lajes de mármore, as sepulturas com uma espécie de telhado constituído por
sobreposição de tegulae e imbrices. Também somos da opinião que as sepulturas com lajes
muito provavelmente deixariam a parte superior descoberta.
As sepulturas com cobertura em forma de cupa são sinalizadas pela própria cupa e pela
inscrição que esta tinha no dorso ou num dos topos. As outras não tinham inscrição mas a
própria estrutura descoberta da sepultura mostrava a sua implantação no espaço da necrópole.
Esta era, sem dúvida, a sua forma de sinalização.

191
B. Sá (1905, 168) refere-se à cobertura dizendo que era constituída por «cinco ordens de grossas tejoleiras».
47
Necrópoles Romanas do Território Português

2. As tipologias dos enterramentos

Neste capítulo vamos proceder a uma tentativa de sistematização dos enterramentos,


elaborando uma tipologia para os enterramentos da época romana encontrados no actual
território português. Os critérios utilizados incidirão sobre a prática funerária utilizada,
nomeadamente a utilização da incineração ou da inumação, o cuidado dado ao corpo do defunto,
o formato do enterramento / sepultura e dos elementos estruturantes que cada um(a) contém. Um
dos aspectos analisados na tipologia dos enterramentos é a deposição primária ou secundária do
corpo do defunto ou dos seus restos mortais192. Estas categorias surgem de uma constatação
arqueográfica que decorre da própria escavação dos vestígios funerários.

2.1. Incinerações

Nesta parte do trabalho vamos analisar todos os vestígios resultantes de incinerações


conhecidos no território português. Tal como temos feito até ao momento, vamos analisar a
bibliografia e sistematizar as informações relacionadas com este tema.
Dentro das incinerações ou cremações, faremos desde logo uma distinção muito importante
entre incinerações primárias e incinerações secundárias. As práticas funerárias são diferenciadas
a este nível193. Podemos dizer que existe uma delimitação entre uma prática funerária mais
simples e outro mais complexo, ou pelo menos uma prática com mais etapas.
Neste tipo de prática funerária o corpo do defunto é levado para a pira funerária onde será
cremado. Neste momento da prática funerária surge a primeira diferença substancial. A
incineração pode ser feita sobre uma cova previamente aberta no solo. Depois da cremação as
cinzas e tudo o que resta da cremação é coberta com a terra e este local passa a ser a morada final
dos restos mortais do defunto. É uma incineração em bustum. Neste caso, o local da cremação é
também o «locus sepulturae» do cadáver.
Em alternativa, o corpo do defunto poderá ser levado para uma pira funerária erguida num
local próprio para a incineração, o ustrinum. Este tanto pode assumir uma forma permanente
como ser um local livre sobre o qual foi erguido uma pira funerária. No fim da cremação, as
cinzas, os ossos e outros restos da cremação são recolhidos e colocados numa sepultura. É uma
incineração secundária. Temos aqui dois momentos do ritual funerário. Numa primeira fase o

192
E. Crubézy (2000, 23 e 27) segue esta diferenciação ao nível das tipologias das práticas funerárias. É um facto
detectado pela própria escavação que não pressupõe o conhecimento do ritual funerário. Trata-se apenas da distinção
entre depósitos primários e secundários.
193
Estas categorias baseiam-se na própria diferenciação entre depósitos primários e secundários dos restos mortais
do defunto (Crubézy 2000, 23). L. Tranoy aplica esta tipologia para os vestígios de incinerações encontrados em
França (2000, 133-134).
48
Necrópoles Romanas do Território Português

corpo é cremado e reduzido à sua mais ínfima forma e volume e posteriormente é colocado num
segundo local, dentro de uma urna, que servirá de sepultura definitiva do indivíduo.

2.1.1. Incinerações primárias


3.1.1.1. Introdução

Nas incinerações primárias o local da cremação do defunto servia de morada final para
os seus restos mortais. O solo já era arranjado pelo fossor de forma a que no final da cremação os
restos fossem cobertos pelas terras envolventes. Junto das cinzas eram colocados a urna (quando
existia) e o espólio votivo em honra do defunto.
Não existe propriamente diferenciação entre o local de cremação do corpo e o local de
deposição das cinzas resultantes da cremação. É uma incineração em bustum.

3.1.1.2. Ustrina
O ustrinum é o local onde os corpos são cremados. Este local tanto pode revestir a forma
de uma estrutura como tratar-se dum local, sem qualquer elemento construído, onde se fazem as
cremações do cadáver. L. Tranoy chamou a atenção para a existência em França de muitos
ustrina sem qualquer estrutura, cuja identificação é possível apenas pela observação do solo 194.
As piras funerárias seriam levantadas directamente sobre o solo, sem qualquer estrutura
permanente.
Em Augusta Emerita, não são conhecidas estruturas permanentes que serviriam de
ustrina. J. Molano Brias e M. Alvarado Gonzalo apenas referem o aparecimento de fossas
abertas no solo195. Em Portugal deve-se também prestar atenção a estes vestígios. As
investigações têm de incidir sobre todos os vestígios deixados no solo, principalmente os mais
ténues que nos poderão dar indicações muito precisas sobre as práticas funerárias. No entanto, as
informações que possuímos sobre este assunto são escassas e pouco esclarecedoras.

Em Portugal, não se conhecem muito vestígios que podem ser definidos como ustrina.
Vamos referir os dados conhecidos para as necrópoles de Cancelhô, Souselo (Cinfães), Santo
André, Montargil (Ponte de Sôr), Lage de Ouro (Crato), Herdade da Chaminé (Elvas) e

194
L. Tranoy (2000, 139-140) fala em vestígios de rubefacção deixados no solo pelas temperaturas elevadas
atingidas no local onde a pira funerária repousa sobre o solo.
195
Molano Brias – Alvarado Gonzalo 1994, 333.
49
Necrópoles Romanas do Território Português

necrópole n.º 4 da Herdade do Padrãozinho (Vila Viçosa). Vamos analisar estes dados de forma
a definir com mais exactidão a sua finalidade.
Existem também alguns vestígios de difícil interpretação que poderão tratar-se de ustrina.
Em Cancelhô, Souselo (Cinfães) apareceu um covacho aberto no solo contendo fragmentos de
ossos, carvões e cinzas196. L. Pinho e A. Pereira referem que se trata de um local de cremação.
Pela descrição dos autores, trata-se de um ustrinum onde se efectuou a cremação do cadáver,
cujas cinzas foram sepultadas numa caixa de lajes de granito.
Na necrópole de Santo André (Montargil), J. R. Viegas definiu dois grupos de sepulturas
que constituíam covas abertas no solo apresentando no seu interior cinzas197. Um dos
enterramentos possuía dois metros de comprimento por um de largura. Tinha uma camada
espessa de cinzas no fundo198. Parece-nos que estamos perante vestígios de cremação em ustrina.
Aqui não aparecem grandes quantidades de fragmentos de ossos, o que indica o cuidado posto na
sua recolha para posterior deposição em urna. Esta situação verifica-se em enterramentos
constituídos por cinzas sem espólio e com espólio.
Pensamos que os vestígios detectados em Santo André (Montargil) são efectivamente
locais de cremação de cadáveres, aquilo que designamos por ustrina. A falta de mobiliário
funerário intacto nestes locais leva-nos a concluir que estamos perante locais de cremação de
cadáveres. Se fosse uma incineração em fossa devia ter junto das cinzas o espólio votivo em
condições razoáveis de conservação.
Na Lage do Ouro (Crato) são individualizadas sepulturas que os autores consideram
cinzeiros. Helena Frade e José C. Caetano descrevem estes cinzeiros da seguinte forma:
«Grandes aglomerados de cinzas, ossos calcinados, fragmentos cerâmicos e pregos queimados.
Tinham forma oval, com aproximadamente 220 cmX 150 cm e 20 cm de espessura. Estes cinzeiros
estavam colocados sobre o saibro, sem cova e sem ligação aparente com qualquer das sepulturas
próximas»199.
Na nossa opinião poderão ser vestígios de ustrina, dado que não apresentam mobiliário
funerário. Os autores não são desta opinião, classificam-nos como cinzeiros mas não dizem qual
é a finalidade desta estrutura funerária200.
Por fim, referimos algumas informações sobre estes espaços referidas por Abel Viana. A
pequena notícia publicada por Abel Viana é sobre a necrópole da Herdade da Chaminé

196
Pinho – Pereira 1997, 30.
197
Viegas et al. 1981, 14. Num dos cinzeiros (C2) a cova estava delimitada por pedras de pequenas dimensões e as
cinzas atingiam espessuras entre os 8 e os 15 cm.
198
Viegas et al. 1981, 15.
199
Frade-Caetano 1985, 135.
50
Necrópoles Romanas do Território Português

(Elvas)201. Este investigador menciona o aparecimento de um «espaço empedrado, coberto com


uma grande camada de cinzas»202. Para este autor, este espaço era utilizado como local de
cremação dos corpos. Na necrópole n.º 4 da Herdade do Padrãozinho apareceu um espaço com
pavimento de pedras com dois metros quadrados de área203. Estava coberto com cinzas. Mais
uma vez temos aqui um espaço de cremação com algumas estruturas permanentes. Na necrópole
da Horta das Pinas (Elvas), com sepulturas dos séculos I e II d.C., foram encontrados vários
locais onde se faziam as cremações dos cadáveres204. São referidos dez ustrina, lajeados como os
espaços descobertos nas necrópoles anteriores. Estes espaços estão dstribuídos pela necrópole,
entre as sepulturas. Ao contrário dos espaços referidos nas necrópoles anteriores, estes ustrina
são estruturas permanentes que devem ser utilizados mais do eu uma vez.

3.1.1.3. Sepulturas

São conhecidos exemplos de incinerações primárias nas necrópoles de Gondomil


(Valença), Tongobriga (Marco de Canaveses), Monte Mozinho (Penafiel), Idanha-a-Velha
(Idanha-a-Nova), Horta das Pinas (Elvas), Monte Novo do Castelinho (Almodôvar) e Fonte
Velha (Lagos). Existem ainda vestígios de difícil interpretação que surgiram em Maximinos
(Braga), Santo André (Montargil) e Valdoca (Aljustrel).

Em Gondomil (Valença) apareceram vestígios de cremações sucessivas realizadas num


local bastante delimitado205. As covas abertas no solo natural apresentavam vestígios evidentes
de cremação, nomeadamente vestígios de carvões, cinzas e ossos humanos carbonizados (Fig.
17).
Brochado de Almeida e A. Abreu consideraram esta necrópole fruto de condições
extraordinárias que terão obrigado a utilizar intensamente um espaço bastante delimitado, para
efectuar um número anormal de cremações206.

200
No mesmo trabalho, consideram que um dos problemas a resolver é a localização dos ustrina (Frade-Caetano
1985, 137).
201
Viana 1953, 240.
202
Viana 1953, 240.
203
Viana-Deus 1955a, 40.
204
Viana-Deus 1958, 143-144. Ver a planta publicada neste trabalho.
205
Almeida-Abreu 1987.
206
Brochado de Almeida e A. Abreu (1987) consideram que se verificaram incinerações em bustum. As
incinerações eram feitas umas sobre as outras.
51
Necrópoles Romanas do Território Português

A cerâmica apareceu quebrada, facto que levou os mesmos investigadores a considerar


que a sua fragmentação se deveu à abertura de covas sucessivas no mesmo local. Este local é
bastante curioso dado que apresenta um número de cremações elevado, em local muito restrito.
De notar que a necrópole não foi totalmente escavada. Por vezes, as incinerações em bustum são
feitas em locais bastante próximos mas raramente ao ponto de destruir enterramentos anteriores.
Em Tongobriga (Freixo, Marco de Canaveses), apareceu uma sepultura do século IV que
Lino Dias considera resultado de uma incineração em bustum207. Esta sepultura foi aberta no solo
natural, sobre a qual teria sido construída uma pira funerária. Após a cremação, os ossos foram
recolhidos e colocados num recipiente cerâmico que desempenharia a função de urna. Por fim, a
urna foi colocada junto das cinzas e a sepultura foi coberta com terra e cascalho.
Na necrópole de Monte Mozinho (Penafiel) também foi encontrada uma incineração
sobre fossa208. A sepultura espalhava-se por uma grande área, onde foi encontrada uma camada
espessa de cinzas e carvões. Junto desta camada foi encontrada uma moeda da primeira metade
do século III d.C, um copo de vidro e dez peças de cerâmica comum209.
A necrópole norte de Idanha-a-Velha também forneceu vestígios de incinerações
primárias210. Nas escavações realizadas em 1988 e 1989 apareceram duas sepulturas de
incineração em cova aberta no solo natural211. Em ambas as sepulturas o mobiliário votivo estava
colocado sobre as cinzas e os ossos calcinados (Fig. 29). Foram encontrados vestígios de pregos
e um tronco calcinado. A pira funerária foi colocada sobre a cova aberta no solo e o corpo do
defunto deveria estar numa padiola de madeira, suposição suportada pela presença de pregos.
Após a incineração o mobiliário votivo, constituído essencialmente por cerâmica, foi colocado
sobre as cinzas. Na sepultura 2 as cinzas foram protegidas por dois imbrices, situação original
que Artur Côrte-Real considera uma espécie de urna212. Tudo isto foi coberto com terra que
estaria em volta da sepultura.
Em Monte Novo do Castelinho (Almodôvar), a escavação de emergência de uma
necrópole permitiu a detecção de várias sepulturas de incineração. A sepultura 3 apresentava
pregos de ferro com sinais de «terem sido submetidos a altas temperaturas» 213. Na área ocupada
por esta sepultura também foram encontrados fragmentos de madeira carbonizada, cinzas e

207
É a sepultura n.º 5 (Dias 1993-1994, 123).
208
Soeiro 1984, 298.
209
Ainda apareceu um fragmento de outra peça de cerâmica comum que T. Soeiro não tem a certeza de pertencer ao
conjunto de oferendas funerárias desta sepultura (1984, 298).
210
No nosso inventário esta necrópole está situada no local de Tapada da Eira (Idanha-a-Velha).
211
Côrte-Real 1996, 23-28.
212
Côrte-Real 1996, 26.
213
Fabião et al. 1998, 214.
52
Necrópoles Romanas do Território Português

fragmentos de ossos. Todos estes indícios levam-nos a concluir que se poderá tratar de uma
cremação em bustum.
No entanto, a sepultura, alvo de um revolvimento de terras, não estava intacta. Os
vestígios espalhavam-se por uma área ampla e poderia, em última instância, tratar-se-ia de uma
deposição secundária dos restos da cremação. Esta é uma das áreas mais destruídas da necrópole,
facto que obriga a uma análise cuidada dos vestígios e a conclusões cautelosas.
Na sepultura 9 desta necrópole foram encontrados vestígios de cinzas, carvões e
esquírolas de osso. Sobre estes vestígios foram encontrados dois recipientes de cerâmica
comum214. Esta sepultura estava estruturada com pedras e fragmentos de cerâmicas de cobertura.
Podemos estar perante uma sepultura idêntica à sepultura 3 mas o estado dos vestígios obriga-
nos a ser cauteloso. Pode ser uma incineração secundária.
Na necrópole da Horta das Pinas (Elvas), Abel Viana refere o aparecimento de sepulturas
cuja incineração foi efectuada sobre as covas abertas no solo215. Refere que tinham sido
recolhidas as cinzas e o que tinha restado da cremação foi «varrido» para o interior da cova. É a
única informação que possuímos sobre estas sepulturas.
Abel Viana refere o aparecimento de pregos em, pelo menos, vinte e quatro covachos216.
Não nos fornece mais informações sobre as sepulturas de forma a sabermos se estamos perante
incinerações em bustum. O autor referido adianta-nos que estes pregos de grandes dimensões
serviriam para fixar a pira funerária217. Mas continuamos sem certezas sobre o tipo de prática
funerária.
Na necrópole n.º 4 da Herdade do padrãozinho (Vila Viçosa), apareceu uma sepultura
com mais de 1,50 m de comprimento que poderá ser uma cremação em bustum. Abel Viana e A.
Dias Deus não a identificam como tal mas a descrição da sepultura deixa aberta essa
possibilidade218. Apresenta grande quantidade de cerâmica e recipientes de vidro fragmentados,
provavelmente resultantes da cremação.
Na necrópole de Santo André (Montargil), J. R. Viegas definiu um grupo de sepulturas
que constituíam covas abertas no solo totalmente repletas de cinzas219. Algumas destas
sepulturas apresentavam dimensões razoáveis e oferendas funerárias. Parece-nos que estamos

214
Esta sepultura não forneceu vestígios de pregos (Fabião et al. 1998, 208).
215
Viana 1953, 240.
216
Viana 1953, 244.
217
Viana 1953, 244.
218
Sepultura 22 (Viana-Deus 1955a, 43).
219
Num dos cinzeiros (C2) a cova estava delimitada por pedras de pequenas dimensões e as cinzas atingiam
espessuras entre os 8 e os 15 cm (Viegas et al. 1981, 14).
53
Necrópoles Romanas do Território Português

perante vestígios de cremação em bustum220. A dimensão de algumas sepulturas leva-nos a


admitir que a pira funerária seria construída sobre a cova aberta no solo e após a cremação
seriam colocadas oferendas funerárias.
Nesta necrópole também aparecem outras sepulturas de pequenas dimensões
completamente cheias de cinzas, com espólio. Neste caso estamos perante incinerações
secundárias221.
Na necrópole de Fonte Velha, Bensafrim (Lagos), Santos Rocha descreve o aparecimento
de «manchas de carvões e cinzas vegetaes, com espessuras variáveis, quasi todas isoladas,
envolvendo urnas cinerárias»222. Estas manchas continham pregos. Este autor interpretou estes
como sendo resultantes de incineração primária, em bustum. Neste caso particular, após a
cremação eram recolhidos os fragmentos de ossos e colocados em urnas. Estas, por sua vez,
eram colocadas no meio das cinzas resultantes da cremação e todo o conjunto era coberto.
Num dos enterramentos apareceram pregos, fechos, argola e outras peças de bronze.
Segundo Santos Rocha, estes vestígios são o que resta do ataúde de madeira em que foi cremado
o defunto223.

Existem também alguns vestígios de difícil interpretação que poderão tratar-se de


incinerações primárias. Na necrópole da Valdoca, Aljustrel, apareceram sepulturas de
incineração, contendo grande quantidade de cinzas, com restos de madeira carbonizada. Junto
destes restos da cremação era colocado o mobiliário votivo224. No entanto, O. Ferreira e R.
Andrade não nos apresentam a descrição completa da sepultura, nem apresentam a sua dimensão,
facto que consideramos importante para a classificação do tipo de enterramento.
Se aplicarmos os critérios definidos para os vestígios encontradas em Idanha-a-Velha,
estamos perante uma incineração em bustum. No entanto, mais uma vez a falta de informações
precisas deixa esta questão por resolver.

Em termos globais todas as incinerações primárias são feitas em covas abertas no solo
natural. A dimensão das mesmas deve ser ajustada ao tamanho da pira funerária. Este elemento é
importante para definir o tipo de incineração. A quantidade de cinzas não é elemento suficiente

220
Refiro-me especialmente à sepultura F 4 que tem 165 cm por 103 cm (Viegas et al. 1981, 19). Este enterramento
apresentava, no seu interior, além das cinzas, ossos calcinados e pedaços de carvão.
221
Viegas (1981, 15-20) inseriu as sepulturas no mesmo grupo, tendo definido como critério a presença de cinzas e
de oferendas funerárias.
222
Rocha 1895, 294.
223
Rocha 1895, 327.
224
Ferreira – Andrade 1966, 4.
54
Necrópoles Romanas do Território Português

para definir uma cremação em bustum, dado que um pequeno covacho pode estar repleto de
cinzas mas ser apenas o local onde foram depositadas as cinzas recolhidos do ustrinum.
O mobiliário funerário era depositado sobre as cinzas. Todo este conjunto era
posteriormente coberto com as terras que estavam em volta. Alguma dessa terra deve ter sido
retirada da cova.
Estes vestígios espalham-se um pouco por todo o país. A pequena quantidade de dados
não se deve a um ritual minoritário. A falta de dados pode resultar de descobertas ocasionais que
não foram acompanhadas por escavações sistemáticas, situação que poderá ter provocado a perda
de informações essenciais.
A própria distribuição cronológica é muito lata. Temos incinerações primárias desde os
primeiros séculos da nossa era até ao século IV (Tongobriga). No entanto, os dados parecem
apontar uma maior permanência destas práticas funerárias no Noroeste. Os elementos mais
tardios pertencem a necrópoles situadas no Noroeste, nomeadamente em Cancelhô (Cinfães) e
Tongobriga (Marco de Canaveses). Talvez seja um indicador de uma romanização mais tardia e
uma maior distância em relação aos centros difusores de inovações. Neste caso, trata-se duma
prática funerária cujo abandono não ocorre simultaneamente no território português.

3.1.2. Incinerações secundárias

Nesta parte do trabalho vamos descrever os vestígios funerários resultantes de


incinerações secundárias. Entendemos por este conceito a deposição dos restos materiais da
cremação numa sepultura. Neste caso, o corpo do defunto era colocado na pira funerária para a
cremação, após a qual as cinzas e os ossos calcinados eram recolhidos e colocados noutro local,
que passariam a constituir a sepultura definitiva.
Nesta prática funerária, estamos a falar de dois momentos distintos. O primeiro era a
preparação do corpo e a sua cremação para reduzir os restos mortais a cinzas. Num segundo
momento, procedia-se à recolha dos ossos que restavam da cremação e doutros elementos para
posterior deposição em sepultura aberta em outro local.

Após análise dos vestígios funerários de incinerações secundárias, entendemos


conveniente a distinção entre incinerações efectuadas em covas ou covachos abertos no solo
natural e as sepulturas que continham elementos estruturais constituídos por material de
55
Necrópoles Romanas do Território Português

construção ou de cobertura. Falamos, neste caso, de lajes de material diversificado, tegulae,


imbrices e lateres.
Este critério está relacionado com o grau de elaboração de cada sepultura e o
investimento realizado na sua construção. É verdade que falamos de estruturas simples cujo
investimento e elaboração não são muito elevados. De qualquer das formas, a utilização de
materiais de natureza e qualidade diferente poderá ser um indicador da importância atribuída ao
próprio local de deposição dos restos mortais dos seres humanos. Para o que nos interessa, a
presença / ausência de elementos construtivos a revestir a sepultura é um bom critério
arqueométrico, que utilizaremos na elaboração desta tipologia.
Estas sepulturas mostram uma maior preocupação no arranjo do espaço onde seriam
depositadas as cinzas do defunto. Neste âmbito as sepulturas adquirem uma configuração
diversificada devido ao formato / tamanho das mesmas e ao material utilizado na sua construção.
Nesta dimensão consideramos material de diferentes proveniências:
- material pétreo, nomeadamente, granitos, xistos, calcários e mármores;
- material de construção, no qual se englobam os diferentes tipos de lateres;
- material de cobertura, muito utilizado na estruturação de sepulturas, tanto as tegulae
como os imbrices.

Tendo em conta estes elementos agrupamos as sepulturas em vários grupos tipológicos.

A. Covachos

Este tipo de sepultura constitui a forma mais simples que uma incineração secundária
pode adquirir. A sua simplicidade tornou-a muito comum por todo o território. Quase todas as
necrópoles com incinerações tinham este tipo de sepultura.
As cinzas são colocadas no fundo da cova aberta no solo natural ou são separadas, indo
os ossos para uma urna e o resto da pira para o fundo da cova. Geralmente, as oferendas
funerárias são colocadas sobre as cinzas, no centro da cova. Este tipo de sepulturas pode adoptar
a forma de um “covacho” de forma circular aberto no solo ou uma forma sub-rectangular com os
cantos arredondados.
Vamos apenas descrever algumas sepulturas deste tipo dado que a sua simplicidade levar-
nos-ia a repetir de forma fastidiosa o mesmo tipo de enterramento.
Este tipo de sepulturas pode adoptar duas formas maioritárias. A primeira é constituída
por sepulturas com forma rectangular ou sub-rectangular, com dimensões variadas. Este aspecto
56
Necrópoles Romanas do Território Português

merece ser realçado devido aparecimento de sepulturas de reduzidas dimensões e outras com
grandes dimensões. Em Montes Novos (Croca, Penafiel) (Fig. 31) aparecem sepulturas de
reduzidas dimensões que não ultrapassam um metro de comprimento225. Na necrópole de Rorigo
Velho (Trofa), apresentam medidas aproximadas para todas. Também estas não ultrapassavam
um metro de comprimento226. O mesmo acontece nas necrópoles de Santo André (Ponte de Sôr)
e de Lage do Ouro (Crato). Todas estas sepulturas são de reduzidas dimensões, raramente
ultrapassando um metro de comprimento por cinquenta a setenta centímetros de largura.
Aparecem também sepulturas de comprimento próximo dos dois metros. Uma das
primeiras referências sobre sepulturas deste dimensão referem-se à necrópole escavada na
freguesia de Lomba (Amarante). José Fortes menciona uma informação oral que refere o
aparecimento de sepulturas com essa dimensão, contendo mobiliário funerário227. Na Lage do
Ouro (Crato) encontraram-se muitas sepulturas com dimensões aproximadas dos dois metros.
Também continham mobiliário funerário depositado no seu interior, junto das cinzas recolhidas
da cremação.
Utilizamos estes exemplos para ilustrar as diferentes sepulturas encontradas que seguiam
esta configuração. Além das necrópoles mencionadas, existem sepulturas deste tipo em
Tongobriga (Marco de Canaveses) e Monte Novo do Castelinho (Almodôvar).
O segundo tipo de sepulturas tem uma configuração circular ou elíptica. Em Tongobriga,
J. L de Vasconcellos noticiava, em 1900, o aparecimento de “sepulturas de forma circular, de
pequeno diâmetro, abertas no solo, a pequena profundidade”228. Também na necrópole surgida
na Lomba (Amarante), J. Fortes descreve a escavação de covas circulares 229. Tal como em
Tongobriga, estas covas continham cinzas, a urna com ossos e outro mobiliário funerário (Fig.
30).
Mais recentemente, na necrópole da Lage do Ouro é descrito o aparecimento de
sepulturas ovais230. Algumas tinham ossos e carvões, além do mobiliário funerário, enquanto
uma não apresentava qualquer vestígio orgânico e outra não tinha mobiliário funerário.
Em outras necrópoles a informação é muito genérica, não permitindo o conhecimento
detalhado e exacto das sepulturas. Muitas vezes a bibliografia sobre esta temática cita fontes
orais que não são muito precisas. Falamos, concretamente, de Cruz, Mouriz (Paredes)231,

225
Apresentam estas dimensões as sepulturas 45 e 48 desta necrópole (Pinto 1998, 205 e 206).
226
Cruz 1940, 214.
227
Fortes 1908d, 254.
228
Vasconcellos 1899-1900a, 32.
229
Fortes 1908d, 253-254.
230
Só foram encontradas três sepulturas com esta forma (I 37.5, I 37.8 e L 38.2), com dimensões muito variadas.
Uma delas atinge quase os dois metros na secção de maior comprimento (Frade – Caetano 1991, 44-46).
231
Soeiro 1988-1989, 110.
57
Necrópoles Romanas do Território Português

Corredoura, Campo (Valongo)232, Campo da Torre, Sardoura (Castelo de Paiva)233, Monte


Farrobo e Valdoca (Aljustrel)234 e Montes dos Serrones (Elvas)235. Para estas necrópoles é
mencionado o aparecimento de covas ou fossas abertos no solo, contendo cinzas e carvões e o
mobiliário funerário.
Pensamos que deve ser incluída nesta categoria a incineração em cova aberta no solo
natural com ânfora. Temos um exemplo deste tipo de enterramento na necrópole de Maximinos
(Braga)236.

B – Covas abertas no solo sem qualquer revestimento lateral e cobertas com material de
cobertura.
 B1 – Cova aberta no solo coberta por duas tegulae formando uma espécie de telhado de duas
águas.
Este tipo de sepultura foi observado nas necrópoles da Horta das Pinas (Elvas)237 e da
Herdade do Padrãozinho (Vila Viçosa)238 (Fig. 32). Nesta necrópole a maior parte destas
sepulturas não apresentava oferendas funerárias. No entanto, algumas tinham o mobiliário
funerário colocado sobre as cinzas.

 B2 – Cova aberta no solo coberta por tegulae formando uma espécie de telhado de duas
águas.
Este tipo de sepultura é diferente da anterior, dado que apresenta maiores dimensões.
Também aparece na necrópole da Herdade do Padrãozinho239 (Fig. 33). Não tem o fundo
revestido. A cova apresenta o fundo com cinzas, sobre as quais foram colocadas as oferendas
funerárias.

 B3 – Cova aberta no solo coberta com tegulae, colocadas horizontalmente.


Na necrópole do Padrão (Elvas), Abel Viana descreveu uma sepultura com forma
elíptica coberta com tegulae240. Estas estavam colocadas na posição horizontal. Na necrópole da

232
Pinto, J. M. 1990-1991,
233
Gonçalves 1989, 472.
234
Alarcão 1974b; Ferreira – Andrade 1966.
235
Viana 1953, 241.
236
Martins-Delgado 1989-1990, 156.
237
Viana 1953, 240.
238
Viana-Deus 1955a, 36.
239
Viana-Deus 1955a, 36.
240
Viana 1953, 240.
58
Necrópoles Romanas do Território Português

Herdade do Padrãozinho (Vila Viçosa) (Fig. 34) também aparecem sepulturas com esta forma241.
Aparece outro tipo de sepultura que apenas contém cinzas e ao lado uma cova, também coberta,
com o mobiliário funerário242.

C – Sepulturas com caixas constituídas por material de construção e de cobertura


 C1 – Com caixa de tegulae ou lateres colocados na vertical e cobertura do mesmo material.
Na necrópole da Rodovia (Braga)243 a caixa da sepultura é feita de tegulae. O fundo e a
cobertura são do mesmo material (Fig. 36).
Na Herdade do Padrãozinho apareceram dois tipos de sepulturas com caixas de tegulae ou
lateres. Algumas sepulturas apresentavam uma caixa de forma rectangular com cobertura
constituída pelo mesmo material244 (Fig. 35). Algumas eram constituídas pelo mesmo material
mas apresentavam uma forma mais ou menos quadrangular, visto que a caixa era constituída
apenas por quatro tegulae245.
Apareceu um exemplar deste tipo com a caixa de lateres, em Avidagos (Mirandela)246. A
sepultura tinha um formato rectangular, a caixa era formada por lateres unidos por ferros nos
cantos. A tampa também era constituída por lateres ligados por ferros.

 C2 – Com caixa de lateres, formando uma fiada, coberta com o mesmo material ou com lajes
de pedra.
Na necrópole da Rodovia (Braga) apareceu uma sepultura que apresentava uma caixa
formada por lateres sobrepostos em camadas e o fundo de tegulae247. Não apresentava cobertura.
Também aparecem sepulturas com caixa rectangular formada por fiada de lateres, coberta
com lajes de granito ou calcário. Temos exemplares deste tipo de sepulturas em Braga
(necrópole da Via XVII)248 (Fig. 37), Constância249, Beja250 e numa necrópole de Balsa251.

 C3 – Com caixa de lateres com cobertura em forma de Cupa.

241
Viana-Deus 1955a, 36.
242
Viana-Deus 1955a, 36-37.
243
Martins-Delgado 1989-1990, 155.
244
Viana-Deus 1955a, 36.
245
Viana-Deus 1955a, 39.
246
Vasconcellos 1902a.
247
Martins-Delgado 1989-1990, 154.
248
Delgado 1984; Martins-Delgado 1989-90, 143.
249
Alarcão-Alarcão 1966b.
250
Viana 1947, 13-14.
251
Mascarenhas 1978, 20-24.
59
Necrópoles Romanas do Território Português

A cobertura deste tipo de sepultura é geralmente constituído por um monólito com uma
forma semicircular. Este tipo de sepultura é muito comum no Alentejo (Fig. 38). A maior das
descobertas referem apenas o aparecimento de cupae. São poucas as descrições das caixas sobre
as quais assentavam estes monólitos em forma de pipa. A caixa tinha uma forma rectangular e as
paredes eram constituídas por fiadas de lateres. Na zona de Cascais também aparecem muitas
coberturas deste tipo mas nenhuma foi encontrada sobre a caixa da sepultura. A face destas
cupae são lisas e a epígrafe funerária foi efectuada num dos topos (Fig. 39). A estas cupae foi
atribuída uma cronologia que compreende os séculos I, II e III d.C.252.
Em Tróia apareceram sepulturas com cobertura em cupae de opus caementicium253. Deste
local também provieram cupae em pedra.

Em Marialva (Meda), apareceu uma sepultura sub-rectangular com forma de caixa, coberta
por uma inscrição efectuada numa placa de argila254. A descrição não permite conhecer a
natureza da caixa. É difícil, face a estes dados, inserir a sepultura num subgrupo desta tipologia.

D – Sepulturas com caixas utilizando o material de construção / cobertura e a pedra


Na necrópole da Herdade do Padrãozinho existe um grupo de sepulturas cuja caixa é formada
por paredes laterais por dupla fila de tegulae colocadas na vertical255. Nos topos estavam lajes
de pedra (fig. 40). Não é descrita a cobertura nem o fundo.

Na necrópole de Monte Novo do Castelinho (Almodôvar) apareceu uma sepultura constituída


por pedra, tegulae e imbrices256. No entanto, o estado em que foi encontrada não permite a sua
reconstituição nem a sua inclusão segura em uma destas categorias.
Na necrópole da Valdoca (Aljustrel) também apareceu uma sepultura combinando material
de construção e rochoso. A sua descrição não é muito pormenorizada e não permite uma correcta
reconstituição. Apenas se refere que a caixa é de esteio de pórfiro e tijolo, coberta com pedras de
grauvaque257.

252
Encarnação atribuiu uma cupa proveniente de Beja à segunda metade do século I d.C. (Encarnação 1984, 347-
348).
253
Maciel 1996, 199.
254
Rodrigues 1961, 23.
255
Viana-Deus 1955a, 36.
256
Fabião et al. 1998, 208.
60
Necrópoles Romanas do Território Português

E – Sepulturas constituídas por lajes de pedra


 E1 – Sepultura aberta no solo sem revestimento no fundo, paredes constituídas por lajes de
pedra ligada por argamassa e coberta com lajes do mesmo material.
Na Devesa Escura (Abação, Guimarães) apareceu, na primeira metade do século XX, uma
sepultura constituída por paredes de lajes de pedra, unidas por argamassa258. O fundo era
constituído pelo solo onde foi aberta a sepultura e estava coberta com lajes de pedra. No interior
tinha vestígios de terra e carvão e vários recipientes cerâmicos259.
Na necrópole do Padrão (Elvas) apareceu uma caixa rectangular formada por pequenas lajes
mais ou menos afeiçoada260. Na descrição da mesma, A. Viana não faz qualquer referência à
cobertura. Mesmo que não tivesse no momento da descoberta, temos de ser prudentes e não
concluir desde logo pela falta de cobertura. Esta provavelmente tinha sido destruída em período
posterior ao seu abandono.

 E2 – Sepultura com caixa de xisto


Junto do Douro, em necrópoles tardias apareceram sepulturas com caixa sub-rectangular
constituída por lajes de xisto e coberta com o mesmo material. Falamos concretamente das
inúmeras sepulturas descobertas em Valbeirô (Castelo de Paiva)261 (Fig. 41) e em Alvariça
(Arouca)262. Este tipo de sepultura também apareceu em Campo (Valongo)263. Todas tinham no
seu interior oferendas funerárias e vestígios de cinzas. As sepulturas de Espiunca tinham, num
dos topos, uma estela no mesmo material.

F – Urnas
Existem em Portugal alguns vestígios de contentores de diversos materiais que serviram
para a deposição secundária de cinzas e das oferendas funerárias. O contexto da sua descoberta
permanece envolto em muitas dúvidas, situação que nos levou a tratá-los em categoria própria.

 F1 – Urnas feitas com material pétreo


Dias Diogo publicou uma urna cinerária em calcário de reduzidas dimensões264. Não se
conhece a sua localização, embora este autor indique as Beiras como região da sua proveniência.

257
Ferreira – Andrade 1966, 5.
258
Pina 1930, 106.
259
Pina 1930, 100-101.
260
Viana 1953, 240.
261
Dias 1993-1994, 114-120.
262
Silva-Ribeiro (no prelo).
263
Pinto, JM 1990-91, 151.
264
Diogo 1983.
61
Necrópoles Romanas do Território Português

Tinha uma tampa que fechava a urna e apresentava decoração na face principal (Fig. 42 e 43).
Apresenta epígrafes nas faces esquerda e direita da urna265. Esta urna destinava-se aguardar as
cinzas de dois indivíduos. Dias Diogo atribui a esta urna uma data dentro dos dois primeiros
terços do século I d.C.266.
Existe outra do mesmo tipo encontrada em Lisboa. Esta foi publicada por Luís Chaves que
dá como local da sua proveniência a Calçada da Ajuda, em Lisboa267. Leite de Vasconcellos
apresenta de forma sumária uma urna cinerária de grés, proveniente de Mértola268.

 F2 – Urnas de chumbo
Estas urnas de chumbo têm pequenas dimensões e serviriam para guardar os fragmentos de
ossos, as cinzas e por vezes alguma oferenda funerária269. No entanto, permanecem muitas
dúvidas sobre a sua deposição na sepultura. Leite de Vasconcellos, referindo uma proveniente da
Quinta das Antas (Tavira)270, avança com a hipótese de estas urnas de chumbo terem sido
depositadas em sepulturas com caixa de pedra.
Também não sabemos o contexto da deposição das urnas encontradas na Praça da Figueira,
em Lisboa271. Apareceu um outro Donas (Fundão) com cerca de um metro de comprimento mas
não sabemos se é uma incineração272. Poderá ser uma inumação infantil.

G – Mausoléus (Columbarium)
Este tipo de deposição secundária dos restos mortais (cinzas) origina a criação de mausoléus
com nichos destinados à colocação das urnas cinerárias. No território português são poucos os
vestígios de mausoléus tipo columbarium (Fig. 46). Existem referências para o Cerro da Vila
(Loulé), Milreu (Estói, Faro), Tróia (Grândola), Paiço (Guilhabreu, Vila do Conde) e Val de
Tenda (Monsanto, Idanha – a – Nova).
Em Cerro da Vila, o mausoléu devia ter a forma de um pequeno templo 273 (Fig. 44). Ainda é
possível ver a estrutura sobre a qual estava erguida o mausoléu. No interior deste existia uma
câmara, aproximadamente rectangular, onde eram colocadas as urnas com as cinzas (Fig. 45).

265
Diogo 1983, 866-867.
266
Diogo 1983, 868.
267
Chaves 1934.
268
Vasconcellos 1913, 375-376.
269
O exemplar referido por Leite de Vasconcellos (1913, 375) tem 36 cm de comprimento (medidas internas).
270
Vasconcellos 1913, 375. Este autor refere a dimensão de mais duas urnas de chumbo provenientes de Alcácer do
Sal e de Torre d‟ Ares.
271
Heleno 1965, 307.
272
P. Galliou (1989, 52-54) descreve os caixões de chumbo descobertos na Bretanha mas insere-os dentro do rito da
inumação.
273
Seguimos a descrição efectuada por J. L. Matos (1984-1988).
62
Necrópoles Romanas do Território Português

Tinha dez nichos, forrados e divididos por grandes lateres. O acesso a este columbarium devia
fazer-se por uma abertura no topo. Estava tapada com lajes de pedra.
Também no Algarve, em Milreu, Estói (Faro) apareceram dois mausoléus274. Um destes é um
mausoléu com columbarium. Este estava inserido numa estrutura rectangular com 10 metros de
comprimento, 5 de largura e dois metros de altura. T. Hauschild considerou esta estrutura como
uma espécie de pódio de um mausoléu com forma de templo275. A câmara tinha uma forma
rectangular e estava coberta com uma abóbada. O acesso a esta câmara fazia-se através de uma
abertura existente na abóbada. No interior existiam dez nichos para colocar as urnas cinerárias.
Este investigador atribui este mausoléu ao século I ou II d.C.
Em Tróia, as escavações realizadas no local, no século XIX, puseram a descoberto um
columbarium. Marques da Costa refere a sua forma rectangular, com nichos nas paredes para
colocar as urnas cinerárias276.
Leite de Vasconcellos descreveu uma estrutura existente em Val da Tenda (Monsanto,
Idanha – a – Nova) que seria também um columbarium277. O edifício tinha uma forma circular e
abobadada, com uma porta baixa. No interior encontrou uma prateleira de lajes que Leite de
Vasconcellos interpretou como o local onde seriam colocadas as urnas.
Em Paiço (Guilhabreu, Vila do Conde) foi descoberta uma estrutura com planta circular,
cobertura abobadada, com três nichos de cada lado278. A forma deste edifício e a existência de
nichos levou à sua interpretação como columbarium.
Embora todas estas estruturas tivessem como objectivo a deposição de urnas cinerárias, a sua
forma parece diferente. Temos estruturas rectangulares onde foi inserida uma câmara que
funcionaria como local de posição das urnas. Os dois últimos vestígios referidos têm, por sua
vez, uma planta circular com os nichos para colocar as urnas. No caso de Val da Tenda, fala-se
apenas de uma prateleira onde seriam colocadas as urnas.

274
Hauschild 1984, 99.
275
Hauschild 1984, 99.
276
Costa 1929, 318.
277
Vasconcellos 1917
63
Necrópoles Romanas do Território Português

2.2. Inumações

3.2.1. Introdução
O rito inumatório nunca desapareceu dos costumes funerários romanos. A prática da
incineração tornou-se generalizada. A integração de populações com práticas funerárias baseadas
na incineração, tornou este procedimento generalizado na parte ocidental do Império durante
alguns séculos. No entanto, a inumação permaneceu sempre como uma prática funerária
conhecida pelas populações. Como exemplo paradigmático da permanência desta prática
funerária temos a inumação das crianças.
O corpo do defunto podia ser colocado na sepultura dentro de um caixão de madeira ou
simplesmente amortalhado. Este tipo de acondicionamento do corpo não deixa muitos vestígios
mas a ausência de pregos ou de madeira, indicará a possível utilização da mortalha. Como é
evidente, a presença de caixões de madeira é visível pela presença de pregos nos cantos da
sepultura ou impressões muito ténues da madeira no registo arqueológico.
Para definir os diferentes tipos de sepulturas vamos utilizar os mesmos critérios apresentados
anteriormente, quando analisamos as incinerações secundárias.
Mais uma vez vamos utilizar como critério principal a presença / ausência de elementos
construtivos a revestir a sepultura é um bom critério arqueométrico. Neste âmbito as sepulturas
adquirem uma configuração diversificada devido ao formato / tamanho das mesmas e ao material
utilizado na sua construção. Nesta dimensão consideramos material de diferentes proveniências:
- material pétreo, nomeadamente, granitos, xistos, calcários e mármores;
- material de construção, no qual se englobam os diferentes tipos de lateres;
- material de cobertura, muito utilizado na estruturação de sepulturas, tanto as tegulae
como os imbrices.

3.2.2. Tipologia dos sepulturas de inumação

A – Covas abertas no solo sem caixa


Neste grupo de sepulturas agrupamos todas as que não apresentam qualquer
revestimento lateral. Não incluímos Podemos dizer que estas sepulturas não apresentam qualquer
tipo revestimento lateral que envolva o corpo do defunto. Pensamos, no entanto, que é necessário
distinguir a presença / ausência de cobertura.

278
Alarcão 1988
64
Necrópoles Romanas do Território Português

A1 – Covas sem qualquer cobertura e revestimento


É a forma mais simples de inumação. Consiste na abertura de uma vala ou cova, com o
tamanho desejado, onde é colocado o defunto. Este pode ser depositado dentro da sepultura
simplesmente amortalhado, prática funerária que não deixa traços, ou então acondicionado
dentro de um ataúde de madeira.
Em Portugal existem muitos vestígios deste tipo de enterramento, que pela sua
simplicidade torna-se enterramento comum, espalhado um pouco por todo o território.
Apareceram vestígios deste tipo de sepultura nas necrópoles de Maximinos (Fig. 47) e da Via
XVII (em Braga), Facha (Ponte de Lima), Vila Verde, Bagunte (Vila do Conde), Tanque, Baltar
(Paredes), Vilarinho (Amarante), Montes Novos, Croca (Penafiel)(Fig. 48 e 49), Casal de Ouro,
Paço de Sousa (Penafiel), Cortinhas, Paço de Sousa (Penafiel), Gulpilhares (V. N. de Gaia),
Talaíde (Cascais), Porto dos Cacos (Alcochete), Mafra, Marateca (Lagos) e Marim (Olhão).
Tendo em conta a vastidão da amostra, poderão não parecer muitos vestígios mas tal situação
deve-se muitas vezes ao carácter impreciso das descrições efectuadas. Quando estes
enterramentos não apresentam oferendas funerárias a sua descoberta acidental por parte da
população poderá passar sem qualquer notícia.
Os poucos dados cronológicos conhecidos atribuem uma cronologia tardia a estas
sepulturas, porventura relacionadas com a própria adopção do rito inumatório. No entanto,
pensámos que estão presentes desde os primeiros enterramentos de inumação.

A2 – Covas sem revestimento mas com elementos de cobertura


Este tipo de sepultura é basicamente idêntico ao tipo anterior. No entanto, apresenta
uma cobertura que a diferencia, dando-lhe um carácter mais cuidado e protegendo o leito onde
foi aberta a sepultura. Esta cobertura assenta sobre o rebordo da própria cova aberta no solo
natural. Esta cobertura podia adquirir diversas formas e ser constituída por material diferenciado.
Estamos a falar de lajes de pedra, tegulae ou até um bloco com a mistura destes elementos.
Foram encontrados vestígios deste tipo de sepultura nas necrópoles da Valdoca
(Aljustrel), Achada de S. Sebastião (Mértola), Nossa Senhora do Desterro (Montemor-o-Novo),
Vilares, Alcabideche (Cascais), Porto dos Cacos (Alcochete), Marim (Olhão) e Cerro da Vila,
Quarteira (Loulé).
65
Necrópoles Romanas do Território Português

Algumas sepulturas apresentam uma cobertura constituída por lajes. Em Vilares,


Alcabideche (Cascais)279 e na Nossa Senhora do Desterro (Montemor-o-Velho)280 onde a
cobertura é feita com lajes de calcário. Na Achada de S. Sebastião (Mértola) a cobertura é feita
com lajes de xisto281. Na necrópole da Valdoca (Aljustrel) também aparecem destas sepulturas e
com a cobertura efectuada por pedras irregulares282.
Na necrópole de Cerro da Vila, Quarteira (Loulé)283, em Porto dos Cacos (Alcochete)284
e em Monte do Outeiro (Almada) 285 as sepulturas estavam cobertas com tegulae colocadas na
horizontal. Neste último caso referido, as tegulae tinham argamassa. Em Marim (Olhão), a
cobertura era uma mistura de lajes e tijolos ligados por uma argamassa.
De referir, por fim, a descoberta, em Vilares (Cascais) de uma sepultura infantil que,
devido à sua dimensão, estava coberta apenas com um imbrex286. Na necrópole de Porto dos
Cacos (Alcochete) foi descoberta uma sepultura com uma cobertura assaz curiosa. Esta era
formada por fundos e bocas de ânfora287. É uma forma de aproveitamento dos recursos existentes
no local, situação que podemos aplicar aos vários vestígios referidos.

B – Sepulturas com revestimento lateral, formando uma caixa


 B1 – Sepultura com caixa constituída por fiadas ou camadas de lateres
Este tipo de sepultura apresenta uma construção mais cuidada. Os vestígios concentram-se
principalmente no sul de Portugal mas também aparecem numa das necrópoles de Braga.
Estas sepulturas apresentam uma caixa constituída por fiadas ou camadas sobrepostas de
lateres. Muitas vezes estão ligados com uma argamassa. Os lateres são colocados de forma a
apresentar uma face interior alinhada. A última camada, sobre a qual assenta a cobertura,
apresenta um aspecto mais cuidado.
O fundo e a cobertura apresentam diversas formas. Por vezes, as sepulturas não apresentam o
fundo revestido. Também aparecem tegulae e lateres a revestir o fundo. A cobertura pode ser
constituída por tegulae ou lateres. Em alguns casos a cobertura é feita por lajes de material
pétreo.

279
Cardoso et al. 2000, 9.
280
Rocha 1903b, 598.
281
Nesta necrópole algumas sepulturas apresentavam um rebordo intencionalmente aberto no momento da abertura
da sepultura. Serviam como local de assentamento das lajes. Lopes – Boiça 1993, 20-21.
282
Ferreira – Andrade 1966, 3.
283
Santos 1997, 400.
284
Sabrosa 1996, 285
285
Santos et al. 1996, 231.
286
Cardoso et al. 2000, 9.
287
Sabrosa 1996, 286.
66
Necrópoles Romanas do Território Português

Em Braga apareceram sepulturas com caixas formadas por lateres. O fundo destas sepulturas
estava revestido com o mesmo material e as tampas também tinham lateres colocados na
horizontal288. Na necrópole da Achada de S. Sebastião (Mértola) apareceram sepulturas com
caixa de lateres mas a cobertura era feita com lajes de xisto289. No Poço de Cortes (Lisboa)
apareceu uma sepultura deste tipo com uma cobertura constituída por lateres colocados
horizontalmente, com argamassa290 (Fig. 51). Na Horta do Bispo (Évora)291, em Tróia
(Carvalhal, Grândola)292 e na Senhora de Aires (Viana do Alentejo)293 também apareceram
sepulturas deste tipo.
A diferença dentro deste grupo de sepulturas coloca-se ao nível do revestimento do fundo e
da cobertura. Algumas sepulturas não apresentam qualquer material para revestimento do fundo.
A cobertura, além dos lateres, também pode ser de tegulae e de lajes de pedra.
É no Algarve que encontramos mais exemplos de sepulturas com cobertura de tegulae. Na
necrópole do Bairro Letes, Abel Viana escavou uma sepultura deste tipo. Apresentava o fundo
revestido de tegulae e a cobertura constituída por duas filas do mesmo material294. Uma das
paredes laterais tinha um espaço para colocar uma lucerna.
Na Rua das Alcaçarias, também em Faro, em data mais recente, foi escavada uma sepultura
idêntica295.
Também existem exemplos de sepulturas com caixas deste tipo com coberturas de material
pétreo. Em Tróia, apareceu uma com tampa de mármore296. Sem dúvida uma sepultura de
construção mais cuidada. Com coberturas mais frustes estão as sepulturas encontradas em
Braga297, Idanha-a-Velha298, Retorta (Boliqueime, Loulé)299 e Dona Menga (Luz, Tavira)300.
Todas apresentam coberturas constituídas por lajes de pedra. Dentre estas realce-se a última
referida, dado que apresenta uma caixa cuidada, com um espaço numa das paredes laterais para
colocar uma oferenda funerária (Fig. 50). No entanto, a sua cobertura é de lajes de calcário 301.
Sobre esta tinha um coval forrado com tegulae e um tumulus de terra. Esta inumação
provavelmente resulta de uma fusão de modelos funerários de proveniências diversas.

288
Martins – Delgado 1989-90, 144.
289
Lopes – Boiça 1993, 21.
290
Vieira 1944, 40.
291
Pereira 1890.
292
Silva 1966, 262.
293
Pereira 1904, 286.
294
Viana 1951, 154-156.
295
Gamito 1992, 106-107.
296
Silva 1966, 262.
297
Martins – Delgado 1989-90, 144.
298
Baptista 1998, 44.
299
Azevedo 1970, 120.
300
Mendes 1999, 218-219.
67
Necrópoles Romanas do Território Português

 B2 – Sepultura com caixa de tegulae e lateres colocados na vertical


Englobamos neste grupo as sepulturas que apresentavam caixas de tegulae e lateres
colocados na vertical. A caixa é constituída por estes dois tipos de material de construção que
formam uma espécie de caixão na vala aberta no solo. O corpo do defunto é colocado no interior,
amortalhado ou dentro de um caixão de madeira.
Encontramos vestígios deste tipo de sepultura nos seguintes locais: necrópole da Via XVII
(Braga); Gulpilhares (V. N. de Gaia); Nossa Senhora do Desterro (Montemor – o – Velho);
Ferrestelo, Ferreira – a – Nova (Figueira da Foz); Idanha – a –Velha (Idanha – a – Nova); Sol
Avesso (Oeiras); Porto dos Cacos (Alcochete); Tróia, Carvalhal (Grândola); Penedo Minhoto,
Torrão (Alcácer do Sal); Herdade da Terrugem, Terrugem (Elvas); Bencafede, Nossa Senhora de
Machede (Évora) e Quinta da Abóbada (Beja). Existem ainda outros vestígios que não foram
considerados dada a descrição pouco pormenorizada que apareceu na bibliografia.
Dentro deste grupo distinguimos entre as sepulturas que apresentam caixa formada por
lateres e caixa formada por tegulae.
Na necrópole de Gulpilhares (V. N. de Gaia) apareceram sepulturas com caixa formada por
tegulae e o fundo revestido com o mesmo material. A cobertura era constituída também por
tegulae302. Algumas não apresentavam o fundo revestido. Na Nossa Senhora do Desterro
(Montemor – o – Velho) a cobertura seria constituída por lajes de pedra303. Em Tróia (Carvalhal,
Grândola) a cobertura era constituída por lateres imbricados304. Encontraram-se ainda sepulturas
deste tipo na necrópole de Penedo Minhoto (Torrão, Alcácer do Sal)305, Idanha – a – Velha
(Idanha-a-Nova)306, Ferrestelo (Ferreira-a-Nova, Figueira da Foz)307 e Herdade da Terrugem
(Terrugem, Elvas)308.
Existem ainda sepulturas cuja caixa é formada por lateres de grandes dimensões colocados
de cutelo. Na necrópole da Via XVII, em Braga, foram descobertas sepulturas com caixa, fundo
e cobertura do mesmo material309. Na mesma necrópole também existem sepulturas com o fundo
sem qualquer revestimento, isto é, o solo onde foi aberta a sepultura constitui o seu próprio
fundo. Em Gulpilhares (V. N. de Gaia) 310; em Bencafede (Nossa Senhora de Machede, Évora)311

301
Mendes 1999, 218-219.
302
Lobato 1995, 36.
303
Rocha 1903b, 596.
304
Silva 1966, 262.
305
Faria – Ferreira 1988, 29.
306
Almeida – Ferreira 1958.
307
Rocha 1903a, 816.
308
Viana 1950, 301.
309
Martins – Delgado 1989-90, 144.
310
Lobato 1995, 38.
68
Necrópoles Romanas do Território Português

e na necrópole de Penedo Minhoto (Torrão, Alcácer do Sal)312 também apareceram sepulturas


com esta forma.
Na necrópole do Porto dos Cacos (Alcochete) (Fig. 52), existem sepulturas deste tipo que
têm a caixa formada com lateres mas a cobertura apresenta a forma de um telhado de duas
águas313. Os lateres foram colocados de forma a constituir esta cobertura específica. Existem
ainda outras exemplos em Idanha-a-Velha314 e Sol Avesso (Oeiras)315 mas a informação presente
na bibliografia não é muito esclarecedora, não revelando a forma exacta das sepulturas.

 B3 – Sepultura com caixa de lajes constituída por diverso material pétreo


É o tipo de sepultura de inumação mais comum do território português. Dentro deste grupo
de sepulturas consideramos todas aquelas que apresentam uma caixa constituída por material
pétreo de diversa natureza. Ao estudar a bibliografia surgiu um problema relacionado com a
natureza do material utilizado nas caixas. Muitas referências bibliográficas apenas mencionam a
utilização de lajes de pedra na estrutura da caixa, não revelando o tipo de rocha utilizada.
Decidimos distinguir as sepulturas de acordo com o grau de perfeição da caixa. O revestimento
de fundo e a cobertura não foram considerados para não provocar o crescimento excessivo de
subcategorias. A utilização de material diversificado está, na nossa opinião, relacionado com as
disponibilidades locais destes materiais.
Apareceram vestígios deste tipo de sepulturas nos seguintes locais: Bairral, Santa Leocádia
(Baião); Ermelo, Ancede (Baião); S. Tiago de Arados, Ariz (Marco de Canaveses); Monte
Penouço, Rio Tinto (Gondomar); Gulpilhares (V. N. de Gaia); Chão do Grilo, Esmoriz (Ovar);
Granja do Ulmeiro (Soure); Ferrestelo, Ferreira-a-Nova (Figueira da Foz); Nossa Senhora do
Desterro (Montemor-o-Velho); Condeixa-a-Velha (Condeixa-a-Nova); Germinade (S. Pedro do
Sul); Idanha-a-Velha (Idanha-a-Nova); vários locais do concelho de Cascais (Vilares, Alcoitão,
Abuxarda, Casais Velhos, Talaíde e Tires); Casais de Lexim (Mafra); Sol Avesso (Oeiras);
Moinho do Meio, S. Miguel do Rio Torto (Abrantes); Calhariz (Sesimbra); Herdade dos
Pombais, Beirã (Marvão); Monte dos Serrones, Herdade da Terrugem, Herdade da Chaminé e
Herdade da Camuja, tudo no concelho de Elvas; Herdade do Padrãozinho, Ciladas (Vila Viçosa);
Folha da Amendoeira, Odivelas (Ferreira do Alentejo); junto da estação de Beja e noutros locais
desta cidade; Adiça (Serpa); Achada de S. Sebastião (Mértola); Senhora de Aires (Viana do
Alentejo) e Marim (Olhão).

311
Pires 1896.
312
Faria-Ferreira 1988, 29.
313
Sabrosa 1996, 285.
314
Almeida – Ferreira 1958.
69
Necrópoles Romanas do Território Português

Estas sepulturas adquirem diversas formas devido ao material utilizado e ao cuidado


empregado na construção da caixa da sepultura.

 B3a – Sepulturas com caixa constituída por pedras pequenas


Algumas sepulturas apresentam uma caixa constituída por pedras e argamassa. Estavam
cobertas com lajes de pedra. Por vezes, a caixa tinha material de construção como lateres ou
tegulae. Temos vestígios destas sepulturas na Achada de S. Sebastião (Mértola) 316.No Monte
Mozinho (Penafiel) (Fig. 53), em 1974 foi escavada uma sepultura com paredes pedras e no
fundo apresentava um revestimento constituído por duas lajes de xisto. Ao lado, tinha uma
pequena prateleira onde foram colocadas as oferendas funerárias317. O defunto tinha sido
colocado num ataúde de madeira. Em Gulpilhares (V. N. de Gaia) a caixa era idêntica mas
apresentam coberturas diferenciadas: lajes de pedra ou tegulae318. Outros vestígios aparecem em
Germinade (S. Pedro do Sul)319 e Marim (Olhão)320.

 B3b – Sepulturas com caixa formada por pedras colocadas de cutelo


Outro conjunto de sepulturas apresentava a caixa constituída por lajes de pedra colocadas na
vertical (Fig. 54). A tampa da sepultura era constituída por lajes dispostas sobre a caixa. O fundo
podia apresentar revestimento ou ser apenas o solo de base onde tinha sido aberta a sepultura. Os
vestígios destas sepulturas apareceram em S. Tiago de Arados (Marco de Canaveses)321, Idanha-
a-Velha322, em vários locais do concelho de Cascais (Alcoitão, Abuxarda, Casais Velhos, Talaíde
e Tires), em Sol Avesso (Oeiras)323, Calhariz (Sesimbra)324, Herdade dos Pombais (Marvão)325,
Monte dos Serrones (Elvas)326, Terrugem (Elvas)327, Tapada da Chaminé (Elvas)328, Herdade da
Camuja (Elvas)329 e Herdade do Padrãozinho (Vila Viçosa)330. Existem outras necrópoles que

315
Matos 1969, 192.
316
Lopes-Boiça 1993,
317
Almeida, C.A.F. 1974, 36-41.
318
Lobato 1995, 36.
319
Girão 1923-1924, 249.
320
Rocha 1895, 193.
321
Cruz 1948, 333.
322
Almeida-Ferreira 1956, 222.
323
Matos 1969, 194.
324
Serrão 1974, 130.
325
Fernandes 1985b.
326
Viana-Deus 1955a, 59.
327
Viana 1950, 301.
328
Viana 1950, 306-307.
329
Viana 1950, 313-314.
330
Viana-Deus 1955a, 33.
70
Necrópoles Romanas do Território Português

apresentavam sepulturas similares mas a descrição incompleta leva-nos a não incluí-las nesta
lista.

 B3c – Sepultura com caixa formada por lâminas de mármore


Diferenciamos ainda outro grupo de sepultura que apresentam um cuidado superior. A caixa
destas sepulturas era constituída por lâminas de pedra (muitas vezes mármore) cuidadosamente
cortadas331. Em Beja apareceu uma sepultura deste tipo (Fig. 28) que apresentava uma cobertura
com lateres, formando uma espécie de telhado de duas águas332. Por vezes apresentavam barras
de ferro que eram encaixadas em locais próprios, perpendiculares ao sentido da sepultura, com o
objectivo de segurar a tampa. Esta era geralmente do mesmo material da caixa. Perto de
Conimbriga pareceu uma sepultura formada por duas «pedras que se uniam cavadas em
paralelepípedo»333. A cobertura era constituída por lajes rectangulares. A descrição não é muito
explícita e subsistem dúvidas sobre a sua cronologia.

Outras sepulturas não foram incluídas em nenhum dos três subgrupos devido ao carácter
impreciso das descrições existentes na bibliografia consultada.

C – Sepulturas com tegulae ou lateres formando telhado de duas águas


Este tipo de sepultura rectangular está intimamente ligada à prática do rito inumatório.
Os materiais são dispostos de modo a adquirir a forma de um telhado com duas águas ou
vertentes. Esta estrutura é montada no interior da cova aberta no solo natural (Fig. 55).
Apareceram vestígios deste tipo de sepulturas na necrópole da Via XVII (Braga),
Gulpilhares (V. N. de Gaia), Quinta do Outeiro (Almada); Porto de Cacos (Alcochete); S.
Sebastião (Setúbal), Valdoca (Aljustrel), Beja, Monte Novo do Castelinho (Almodôvar), Monte
Molião (Lagos) e Cerro da Vila, Quarteira (Loulé). Em Parada de Atei (Mondim de Basto)
também apareceu uma sepultura constituída por tegulae que podia apresentar a forma de um
telhado de duas águas. A descrição da sua descoberta é pouco esclarecedora, colocando sempre a
dúvida sobre a forma da sepultura.
Todas estas sepulturas têm em comum a utilização de tegulae na cobertura de modo a
constituir uma sepultura com uma secção triangular. Nos topos também tinha uma tegulae para

331
Conhecemos exemplos na Herdade da Terrugem, Elvas (Viana 1950, 301), em Beja (Vasconcellos 1896, 54; Sa
1905, 168) e Senhora de Aires, Viana do Alentejo (Pereira 1909, 284-285).
332
Sá 1905.
333
Gonçalves 1908, 296.
71
Necrópoles Romanas do Território Português

tapar esta parte da sepultura. Em Braga334 e na necrópole da Valdoca (Aljustrel)335 algumas


sepulturas apresentavam imbrices no local onde as tegulae se uniam. Muitas vezes apresentavam
o fundo revestido com tegulae. Na necrópole do Cerro da Vila, Quarteira (Loulé), algumas
destas sepulturas não tinham material para revestir o fundo que, desta forma, era constituído pelo
solo onde tinha sido aberta a sepultura336. Na necrópole de Porto dos Cacos (Alcochete)
aparecem sepulturas com esta forma utilizando, no entanto, lateres (Fig. 56). Pensamos que,
embora utilize material de construção diferente, tem subjacente a mesma ideia de construção.
No interior da sepultura o defunto podia ser depositado dentro de um ataúde de madeira.
São estas as indicações que se poderão tirar das sepulturas que apareceram na necrópole de S.
Sebastião, em Setúbal. No interior destas sepulturas apareceram pregos que deviam servir para
colocar no ataúde de madeira337. M. J. Lobato refere a mesma prática para algumas sepulturas
aparecidas na necrópole de Gulpilhares (V. N. de Gaia)338.

D – Sepulturas em ânfora
Apenas existe uma referência ao aparecimento deste tipo de sepulturas de inumação na
necrópole de Tróia. Apenas é referido muito vagamente a utilização de ânforas tipo Beltran 56
na inumação de indívíduos339. É uma forma de atribuir uma forma de “caixa” à sepultura, é um
revestimento. De qualquer das formas deve-se realçar a pobreza de tal enterramento.

E – Sarcófagos
Incluem-se nesta categoria as sepulturas constituídas por blocos monolíticos que
serviram para fazer uma sepultura. São claramente sepulturas utilizadas pelas elites. É uma
forma de ostentação social. Estas sepulturas destinavam-se a colocar em locais bem destacados,
onde estivessem visíveis. A riqueza do defunto e da sua família reflectem-se na sepultura
escolhida para local de deposição do cadáver.
Embora tenhamos incluído esta categoria, os vestígios são escassos e alguns de rito
funerário pouco claro. Garcia y Bellido associa-os ao rito inumatório e aos grupos sociais mais

334
Martins – Delgado 1989-90, 144.
335
Ferreira – Andrade 1966, 5.
336
Santos 1997, 400.
337
Silva 1966, 573.
338
Lobato 1995, 38.
339
Baltasar 1982.
72
Necrópoles Romanas do Território Português

elevados. Esta situação explicaria o número reduzido de sarcófagos e o seu aparecimento no


período posterior ao século II d.C.
São conhecidos sarcófagos ou tampas de sarcófagos provenientes de Valado dos Frades
(Alcobaça)340 (Fig. 57), Chelas (Lisboa)341, Vila Franca de Xira342 (Fig. 58), Évora343 (Fig. 59),
Monte da Azinheira (Reguengos)344 (Fig. 60) e Tróia (Grândola)345. Estes apresentam decoração
nas suas faces laterais ou nas tampas. Garcia Y Bellido datou quase todos estes sarcófagos e
inseriu-os no século III d.C.346. A tampa do sarcófago de Tróia foi datado por J. Maciel que o
atribui ao século IV d.C.347 Estes sarcófagos apresentam elementos decorativos de origem
externa e são, quase todos, importados. Este aspecto indicia o estabelecimento de contactos
culturais estreitos entre a Lusitânia e a capital do Império, situação que permite a circulação de
novas ideias.
São ainda conhecidos sarcófagos descobertos em Conimbriga348, Herdade de Botafogo,
São Pedro (Elvas)349 e Arraiolos350. A maior parte destes não têm qualquer decoração e as
notícias que possuímos sobre os mesmos são muito reduzidas.

F – Sepulturas tipo mensa


As sepulturas tipo mensa são conhecidas em diversos locais do Império Romano. Em
Portugal, Jorge Alarcão apenas mencionou a sua existência em Tróia351. As sepulturas estão
cobertas por alvenaria semicircular ou rectangular. Neste bloco de alvenaria foi cavado um
assento em forma de meio-círculo352. Estas sepulturas estão inseridas numa necrópole que aquele
autor considera tardo-romana ou paleocristã, cuja cronologia roda em torno dos séculos IV e V
d.C.
Este tipo de monumento sepulcral romano é conhecido no Norte de África e na
Península Ibérica, nas necrópoles de Tarragona e Cartagena. No Norte de África a sua cronologia

340
Carvalhaes 1903; Garcia Y Bellido 1949, 233-234; Maciel 1996, 135-139.
341
Garcia Y Bellido 1949, 241-242; Maciel 1996, 137-139.
342
Garcia Y Bellido 1949, 263-264; Maciel 1996, 140-143.
343
Garcia y Bellido 1949, 274-275; Maciel 1996, 126-128.
344
Garcia Y Bellido dá conta da notícia de descoberta deste sarcófago, quando terão aparecido alguns recipientes
cerâmicos classificados como urnas cinerárias. Garcia Y Bellido 1949, 264-267; Maciel 1996, 151-154.
345
Maciel 1996, 160-164. Este autor estudou o fragmento de tampa que apareceu nas escavações de 1968 e 1969,
dirigidas por Fernando de Almeida e J. L. Matos.
346
Remetemos o leitor para a bibliografia citada nas notas anteriores.
347
Maciel 1996, 162.
348
Gonçalves 1908.
349
Pires 1902.
350
Alarcão 1988b, 158.
351
Alarcão 1984b.
352
Alarcão 1988b, 130.
73
Necrópoles Romanas do Território Português

situa-se entre os meados do século II d.C. e meados do século V d.C.353. Na Península Ibérica, os
exemplares conhecidos não têm uma cronologia muito definida, em torno dos séculos IV e V354.
Estas estruturas estavam junto de sepulturas de inumação ou por cima destas sepulturas.
Jorge Alarcão diz que «a inumação podia fazer-se em caixão de tégulas ou tijolos. Algumas
vezes, porém, as mensae recobrem grupos de sarcófagos de pedra.»355 Por esta descrição vemos
que este tipo de monumento é uma combinação de uma sepultura de inumação com uma
estrutura arquitectónica que lhe dá grande visibilidade.

353
Alarcão 1984b, 92.
354
J. Alarcão (1984b, 93) apresenta algumas reflexões sobre a adopção deste tipo de monumento. Dada a falta de
novas informações sobre este assunto, penso não ser necessário repetir argumentos referidos por este autor.
355
Alarcão 1984b, 92.
74
Necrópoles Romanas do Território Português
75
Necrópoles Romanas do Território Português

4. Mobiliário funerário
4.1. Introdução
As sepulturas sempre foram muito «apreciadas» entre os arqueólogos devido aos objectos
recuperados do seu interior. Apresentavam sempre grandes quantidades de mobiliário funerário
em bom estado de conservação, óptimo para o estudo da cultura material desta época. Ao mesmo
tempo, constituíam uma parte importante dos vestígios das práticas funerárias.
Neste capítulo vamos estudar aspectos muito simples do mobiliário funerário presente nas
sepulturas. Não vamos fazer nenhuma reavaliação crítica das cronologias do material, assunto
que ultrapassa os objectivos da dissertação. Seria por si só o assunto principal de qualquer
dissertação. Incidiremos principalmente sobre a presença ou ausência de determinados objectos
nos enterramentos, separando, mais uma vez, as práticas funerárias diferenciadas.

4.2. Incinerações
4.2.1. Incinerações primárias
Abordamos primeiro as incinerações primárias. Neste tipo de incinerações devemos,
antes de prosseguirmos, distinguir entre os objectos inteiros e aqueles que foram encontrados
fragmentados, a maior parte dos quais incompletos. Esta distinção é importante porque revela-
nos dois momentos essenciais da prática funerária da incineração.
A bibliografia muitas vezes não é muito esclarecedora quanto a este aspecto. Os artigos
publicados nas últimas décadas já apresentam uma descrição completa de cada uma das
sepulturas, pormenorizando o mobiliário funerário encontrado e todo o outro espólio detectado.
Mas nem sempre foi assim. Durante muitas décadas, não houve a preocupação de isolar os
oferendas em bom estado de conservação e os fragmentos de diversos objectos, descurando uma
informação valiosa. A fragmentação dos objectos não está apenas relacionada com condições de
deposição e formação dos estratos arqueológicos e a própria violação das sepulturas devido às
actividades humanas. A própria prática funerária romana origina a formação de diferentes tipos
de vestígios.
Nas incinerações primárias encontram-se, por vezes, vestígios de objectos fragmentados,
essencialmente pedaços de cerâmica e fragmentos de vidro. São os vestígios dos objectos
colocados na pira funerária e que se quebraram durante todo o processo de cremação do corpo do
defunto.
76
Necrópoles Romanas do Território Português

P. Galliou refere que neste momento do ritual funerário, os familiares e amigos destroem os
objectos pessoais mais estimados pelo defunto356. Estes objectos seriam atirados para a pira
funerária, acção que provocaria sua destruição. A própria cerâmica encontrada fragmentada
poderia ter resultado da destruição destes objectos após a refeição ritual357.
É com base nestas hipóteses que podemos explicar a presença de fragmentos de sigillata
hispânica e de recipientes de vidro na necrópole de Gondomil (Valença) 358, os vários fragmentos
de vidro recolhidos na Tapada da Eira (Idanha-a-Velha)359 ou os fragmentos recolhidos na Lage
do Ouro (Crato)360. Na necrópole de Santo André361 aparecem muitas peças de cerâmica que
apresentam sinais de terem sido submetidas ao fogo da pira funerária. Na necrópole do
Padrãozinho (Vila Viçosa), Abel Viana e Dias Deus referem o aparecimento de mobiliário
funerário que já estava quebrado quando foi colocado sobre as cinzas362.
Estes vestígios possivelmente resultariam de recipientes quebrados na pira funerária ou sobre
a pira, no caso daqueles que não se encontram queimados. Muitos outros fragmentos encontrados
em incinerações secundárias poderiam ter vindo da pira funerária, misturados com as cinzas.
Mas as informações provenientes da bibliografia consultada não permitem conclusões seguras.
Na maior parte das vezes não conseguimos saber se a fragmentação das peças se deve à acção
das práticas funerárias ou à violação das sepulturas.

Nos poucos vestígios que podem ser definidos como incinerações primárias, o mobiliário
funerário é constituído por vários objectos. Encontram-se frequentemente objectos cerâmicos
colocados sobre as cinzas da cremação. São encontrados vários tipos de recipientes. Além das
urnas onde eram colocadas as cinzas, aparecem formas destinadas a guardar líquidos e alimentos,
porventura associadas à refeição cerimonial, levada a cabo pelos familiares e amigos do defunto.
Os vidros podem estar associados aos objectos pessoais, estimados pelo defunto, como à
necessidade de reduzir o odor da cremação, no caso dos unguentários que continham substâncias
perfumadas363.
Os recipientes cerâmicos assumem a forma de tigelas, copos, pratos, púcaros e bilhas. A
cerâmica comum é muito mais frequente mas, por vezes, são colocadas peças de terra sigillata.

356
Galliou 1989, 42.
357
Galliou 1989, 45.
358
Nesta necrópole os vestígios de terra sigillata e uma parte dos vestígios de vidros foram encontrados
fragmentados (Almeida-Abreu 1987, 201-202 e 214-215).
359
Na sepultura 1foram encontrados in situ vários fragmentos de um recipiente de vidro (Côrte-Real 1996, 24).
360
Frade-Caetano 1985, 135.
361
Viegas et al. 1981, 28.
362
Viana-Deus 1955a, 36.
363
Galliou 1989.
77
Necrópoles Romanas do Território Português

Constituem objectos de valor mais elevado. Em Idanha-a-Velha, na sepultura 2 da Tapada da


Eira, apareceram três peças de Sigillata Hispânica364. Faziam parte de um mobiliário funerário
mais numeroso, constituído também por cerâmica comum.
Em Monte Mozinho (Penafiel), o mobiliário funerário da sepultura era constituído por uma
moeda, um copo de vidro e dez peças de cerâmica comum365. Neste caso, a única oferenda que
merece destaque é o copo de vidro. Em Tongobriga, na sepultura 5 apenas aparecem objectos
cerâmicos366. Um pote de cerâmica comum servia de urna e na sepultura existiam mais seis
peças de cerâmica comum. Deve-se salientar também o mobiliário funerário retirado da
necrópole de Gondomil367. Nesta a necrópole a regra é a colocação de um objecto em cada
sepultura, sempre um recipiente cerâmico. Esta prática funerária foge à regra prevalecente em
quase todas as incinerações, tanto as resultantes de depósitos primários como as resultantes dos
depósitos secundários.
A acrescentar aos recipientes cerâmicos, temos, por vezes, os recipientes de vidro. No
entanto, aparecem em número reduzido. Temos notícia do copo referido a propósito de Monte
Mozinho368, dois unguentários na necrópole da Herdade do Monte Novo do Castelinho
(Almodôvar)369 e vários recipientes encontrados na necrópole da Fonte Velha (Lagos)370. Nesta
necrópole os recipientes apareceram fragmentados.
Mesmo as moedas não são abundantes. Conhecemos duas que apareceram em Monte
Mozinho371 e em Fonte Velha (Lagos)372. Esta última apareceu no interior de uma urna cinerária.
A pobreza destes dados tem de ser vista à luz da quantidade de dados analisados. São poucos os
enterramentos que podem ser definidos como incinerações primárias, provocando uma redução
da quantidade de dados analisados.

4.2.2. Incinerações secundárias


 Cerâmica
A cerâmica é bastante comum nas incinerações secundárias. É a oferenda funerária mais
presentes nas sepulturas. Esta regra parece aplicável a todos os vestígios observados no território

364
Côrte-Real 1996, 24-27.
365
Soeiro 1984, 298.
366
Dias 1993-1994, 125-126.
367
Almeida-Abreu 1987, 221.
368
Soeiro 1984, 298.
369
Fabião et al. 1998, 214.
370
Rocha 1895, 329.
371
Soeiro 1984, 298.
372
Rocha 1895, 329.
78
Necrópoles Romanas do Território Português

português. Podem não constituir a maior parte do mobiliário funerário mas estão quase sempre
presentes.
A cerâmica comum é muito mais frequente. Aparece praticamente em todas as sepulturas
que apresentavam mobiliário funerário. As formas não constituem uma excepção relativamente
àquilo que foi dito sobre as incinerações primárias. São as formas de transportar líquidos ou de ir
à mesa que estão mais presentes. Além da urna que contém as cinzas, encontram-se nas
sepulturas outros recipientes em número variável. São muito numerosos na necrópole de Santo
André, onde algumas sepulturas têm 24 peças de cerâmica comum ou fina 373. Em Valbeirô (C.
Paiva), sete sepulturas apresentavam mobiliário funerário constituído essencialmente por
cerâmica comum. Estas sepulturas tinham, no total, 29 peças de cerâmica comum374.
No entanto, em muitos locais as sepulturas apresentavam poucas peças de cerâmica. Em
muitos lugares apenas se faz referência ao aparecimento de urnas cinerárias. Não sabemos se
existe alguma confusão na identificação das peças cerâmicas. Na necrópole de Torre das Arcas
(Elvas), em 79 sepulturas apenas foram encontrados 82 recipientes de cerâmica comum375.
Algumas sepulturas não apresentavam qualquer recipiente, no entanto, dá uma média baixa de
peças por sepultura. O curioso é a existência de necrópoles próximas com um grande número de
peças cerâmicas. Na necrópole da Horta das Pinas foram encontradas mais de 200 peças
cerâmicas (cerâmica comum e terra sigillata) em 61 sepulturas376. Na Herdade de Santo André
encontraram-se mais de 300 peças distribuídas por 52 sepulturas377.
Mesmo tendo em conta esta variabilidade na composição do mobiliário funerário das
sepulturas, parece frequente o aparecimento de sepulturas compostas por várias peças cerâmicas.
A variabilidade poderá estar relacionada com as condições sócio-económicas de cada
comunidade. Esta parte do ritual parace ter sido assimilada pelas populações autóctones mas o
seu nível económico terá influenciado a sua realização.
Em algumas sepulturas, a terra sigillata e a cerâmica de paredes finas é colocada no
interior da sepultura. Esta cerâmica é muito mais rara, mesmo nas necrópoles que apresentam um
elevado número de oferendas funerárias. A terra sigillata aparece em sepulturas de diferentes
áreas do território estudado mas são mais frequentes a sul do Maciço Central. A norte desta área,
também encontramos alguns vestígios, mas são muito mais raros.

373
O enterramento G3 da necrópole de Santo André apresenta um mobiliário funerário muito numeroso constituído
por recipientes de cerâmica comum e de terra sigillata (Viegas et al. 1981, 163-165).
374
Dias 1993-1994, 115-120.
375
Viana-Deus 1955a, 247.
376
Viana-Deus 1955a, 247.
377
Viegas et al. 1981, 137-171.
79
Necrópoles Romanas do Território Português

 Vidros
Os recipientes de vidro encontram-se com alguma frequência nas sepulturas de
incineração. A seguir às peças de cerâmica são a oferenda funerária mais comum. No entanto, a
sua presença não é muito elevado. Com isto pretendo dizer que existem 41 necrópoles de
incineração que apresentam vestígios de peças de vidro mas a quantidade de peças ou
fragmentos de vidro presentes em cada uma delas não é muito elevado.
Nas sepulturas encontram-se peças das mais variadas formas. Aparecem garrafas, frascos,
unguentários, boiões, taças e copos. Os mais frequentes são os unguentários, que aparecem em
sepulturas situadas em áreas diversas do território português. Estes objectos poderão também
estar ligados à esfera feminina, tal como acontece com as pulseiras ou colares.
Deve salientar-se algumas sepulturas que se destacam pela riqueza das oferendas em
vidro. Uma das sepulturas encontradas no Largo Carlos Amarante apresentava quatro
unguentários e uma taça de vidro, além diversos objectos pessoais em ouro, três alfinetes de
cabelo em osso e recipientes de cerâmica comum378. Esta sepultura é claramente feminina. Na
Herdade da Carvalhal (Constância) uma sepultura continha sete recipientes de vidro (garrafas,
taças, boião, unguentário e urna)379 e no Pombalinho (Santarém) apresentava também sete
recipientes de vidro (três garrafas, dois boiões e dois unguentários)380. Estas três sepulturas são
claramente excepcionais. Na maior parte das sepulturas aparece apenas uma peça de vidro. Esta
oferenda funerária está também claramente ligada a meios com algum desafogo sócio-
económico.

 Moedas
A analise do mobiliário funerário das sepulturas de incineração leva-nos a concluir pela
presença pouco expressiva das moedas. Encontrámos moedas em incinerações atribuídas ao
Alto Império e ao Baixo Império. No entanto, a sua presença dentro de cada necrópole não é
muito significativa. Como se pode ver pelo quadro, os valores mais elevados são atingidos por
necrópoles situadas no norte de Portugal. Montes Novos, Tongobriga, Valbeirô, Maximinos e
Lage do Ouro atingem valores acima de 20 %. Devemos também salientar as necrópoles da
região de Elvas que apresentam números muito baixos. Esta situação é comum a todo o território
estudado. Estaremos perante um facto derivado das condições em que foram efectuadas a maior
parte das descobertas, na sua grande maioria acidentais e sem um acompanhamento arqueológico
adequado? Esta hipótese explicará a falta de moedas em algumas necrópoles mas não pode ser

378
Delgado 1984,
379
Alarcão-Alarcão 1966b.
80
Necrópoles Romanas do Território Português

aplicado às necrópoles escavadas nos últimos anos. Nas necrópoles da Lage do Ouro e da
Herdade de Santo André a falta de moedas em muitas sepulturas é claramente intencional e terá
outra explicação. Neste caso, a pobreza do meio talvez explique a falta de recursos para colocar
uma moeda na sepultura do defunto. Poderemos também colocar a hipótese de a assimilação do
ritual funerário não incluir todos os aspectos presentes nos rituais romanos.
P. Galliou constatou também a sua raridade nas sepulturas do Noroeste de França381. Para
este autor esta situação deve-se a ideias diferentes presentes nas práticas funerárias desses povos
que não terão assimilado todos os costumes romanos382.

Quadro 1 - Moedas nas necrópoles de Incineração


Necrópole Sepulturas com moedas (percentagem)
Valbeirô (S. Maria Sardoura, Castelo de Paiva) 28, 5 %
Monte do Farrobo (Aljustrel) 0,0 %
Maximinos (Braga) 23 %
Herdade do Padrãozinho (Elvas) 1,5 %
Lage do Ouro (Aldeia da Mata, Crato) 22,9 %
Herdade do Padrão (Elvas) 0,0 %
Torre das Arcas (Elvas) 2,5 %
Horta das Pinas (Elvas) 0,0 %
Monte dos Serrones (Elvas) 3,2 %
Herdade de Santo André (Montargil, Ponte de Sôr) 5, 7 %
Tongobriga (Marco de Canaveses) 26,6 %
Montes Novos (Penafiel) 35,7 %
Gondomil (Valença) 0,0 %

Outro aspecto a salientar é o reduzido número de moedas por sepultura. Na maior parte dos
casos, cada sepultura apresenta apenas uma moeda. Podemos ver esta situação nas necrópoles de
Maximinos, Lage do Ouro, Herdade de Santo André ou em Montes Novos. Numa sepultura
encontrada no Largo Carlos Amarante (Braga)383, no meio de um espólio funerário muito rico
constituído por vários objectos de adorno em ouro e recipientes de vidro, apenas foi encontrada
uma moeda de Cláudio I. Seria o óbolo para Caronte, objecto colocado junto das cinzas que se
espalhavam pela sepultura.
Existem, no entanto, excepções a esta regra. Em Valbeirô384, uma sepultura apresentava
cinco moedas do século I e III d.C. Estas moedas estavam colocadas sobre um prato pertencente
ao mobiliário funerário da sepultura. Na necrópole de Tongobriga, a sepultura 12 apresentava 7

380
Alarcão 1969.
381
Galliou 1989, 46-47.
382
Galliou 1989, 46.
383
Delgado 1984, 181-184.
384
Dias 1993-1994, 118.
81
Necrópoles Romanas do Território Português

moedas do século IV d.C.385. São sepulturas dos séculos III ou IV que porventura acompanharão
uma tendência que é comum às sepulturas de inumação tardo-romanas.
As nossas conclusões não são perturbadas pela falta de algumas informações que merecem
uma breve referência. Refiro-me às moedas descobertas nas necrópoles da Quinta das Antas e da
Quinta do Arroio, ambas em Tavira. Nesta necrópole são identificadas 26 moedas mas não é
referida a sua proveniência concreta. Esta necrópole tinha um grande número de sepulturas de
incineração e de inumação e esta falta de informações impede-nos de atribuir a sua utilização a
uma prática funerária determinada. Na Quinta das Antas as moedas não são identificadas. Esta
situação impede-nos de utilizar estes dados.

 Lucernas
A lucernas é outro dos elementos presentes no mobiliário funerário das sepulturas. Este
objecto estará relacionado com a luz necessário aos espíritos dos mortos para iluminar as
trevas386. Aparecem em sepulturas espalhadas por todo o território estudado. Mas não é um
objecto muito comum, apenas a detectamos em 22 necrópoles ou sepulturas do território
português. Os vestígios estão mais concentrados na parte sul deste território, embora apareçam
vestígios nas necrópoles de Bracara Augusta, na necrópole de Bustelo (Penafiel) e na Quinta da
Leveira (Meda).
Aparece geralmente uma lucerna por sepultura. Mas na Herdade da Barrosinha (Alcácer do
Sal) apareceram três lucernas na mesma sepultura387. Estava integrada numa sepultura que foi
atribuída ao século III d.C.388. Não sabemos se existe algum significado especial atribuído a este
facto, dado que a sepultura foi atribuída a um cirurgião. No Monte dos Irmãos (Montargil),
dentro de uma urna apareceu uma lucerna de bronze envolvida num pedaço de tecido389.

 Objectos pessoais
Englobamos nesta categoria todos os objectos colocados nas sepulturas que seriam pertença
do defunto. É verdade que muitos recipientes de vidro estariam nesta categoria mas já foram
abordados separadamente. Dentro desta categoria incluímos as jóias, os objectos de adorno para
colocar na roupa, as armas e os próprios instrumentos de trabalho.

385
Dias 1993-1994, 130.
386
Galliou 1989, 47.
387
Sousa-Sepúlveda 1997, 113-117.
388
Sousa-Sepúlveda 1997, 103.
389
Nolen 1981, 183.
82
Necrópoles Romanas do Território Português

Os objectos de adorno mais comuns são os anéis e as fibulas. Estes objectos estão geralmente
ligados aos gostos femininos. Apresentam-se em diversos materiais. Não são muito abundantes e
a presença de objectos valiosos está relacionado com os estratos sociais mais elevados.
No Largo Carlos Amarante (Braga), a sepultura tinha um anel, um aro, um brinco, duas
contas de colar, tudo em ouro, e três alfinetes de cabelo em ossos revestidos em folha de ouro390.
Estes objectos pessoais e certamente sentimentais foram depositados nas cinzas da sepultura.
Em São Lourenço (Monsanto), no interior da sepultura foi encontrado um diadema, um
brinco e um anel em ouro391. No interior também foi encontrada uma estatueta. Noutros locais
aparecem pulseiras, anéis de metal ou de vidro, fragmentos de espelhos ou até mesmo de stilus
em ferro. São objectos inseparáveis para os defuntos, para os quais deviam ter um valor
sentimental elevado, acompanhando-os também no momento da morte.
Gostavamos também de salientar a presença de outros objectos nas sepulturas. As armas
aparecem em algumas, permitindo talvez ver nestes enterramentos sepulturas masculinas. Não
são objectos muito frequentes. Na Horta das Pinas (Elvas) apareceu um formão de ferro392, na
Torre das Arcas, no mesmo concelho, foram descobertos vários instrumentos de trabalho 393 e na
Lage do Ouro (Crato) diversos objectos ligados às profissões de pedreiro, carpinteiro, lenhador
ou agricultor394.
Na Herdade da Barrosinha (Alcácer do Sal) foram depositados quatro instrumentos de
cirurgião395. Serão os instrumentos da propriedade do defunto, provavelmente necessários à sua
actividade. O mundo dos vivos parece acompanhar o defunto no momento da sua morte. Para
alguns, os objectos do quotidiano, ligado às suas actividades profissionais, acompanham-nos
para o mundo dos mortos.

4.3. Inumações
Vamos efectuar a mesma análise do mobiliário funerário presente nas sepulturas de
inumação. Embora estas existam em maior quantidade, verifica-se uma diminuição das oferendas
presentes. São muitas as sepulturas que não apresentam espólio, situação que dificulta a própria
datação das sepulturas. Detecta-se uma tendência de empobrecimento das sepulturas que provoca
uma diminuição do número de objectos funerários.

390
Delgado 1984, 183.
391
Almeida-Ferreira 1956, 419.
392
Viana-Deus 1955a, 245-246.
393
Viana-Deus 1955a, 245-246.
394
Frade-Caetano 1991, 52.
395
Sousa-Sepúlveda 1997, 117-119.
83
Necrópoles Romanas do Território Português

Deixo no entanto uma advertência sobre esta análise. A dificuldade ou mesmo a


impossibilidade de determinar a prática funerária de muitas sepulturas, impede-nos de abordar
alguns conjuntos de oferendas funerárias. Algumas dessas sepulturas poderiam ser inumações
mas não podemos incluí-las neste estudo para não provocar uma distorção nesta análise.

 Cerâmica
A cerâmica é a oferenda funerárias mais frequente nas sepulturas de inumação. O seu número
não é uniforme, variando de uma unidade até dez. Os números mais frequentes são os
intermediários (quatro a seis). Em Montes Novos (Penafiel), numa necrópole tardia, aparecem
frequentemente quatro ou cinco recipientes cerâmicos em cada sepultura. No entanto, existem os
casos em que este número é claramente superado. Na sepultura 67 apareceram dez recipientes de
cerâmica comum396. Em Gulpilhares (V. N. de Gaia), algumas sepulturas apresentam sete
recipientes cerâmicos.
Em muitas necrópoles tardo-romanas, são frequentes as sepulturas com pouca cerâmica. Na
Herdade dos Pombais (Marvão) ou nas necrópoles de Braga, as oferendas funerários resumem-
se, por vezes, a uma única peça.
Tal como nas incinerações, as peças de cerâmica comum são as mais frequentes. Encontram-
se quase sempre os recipientes de uso corrente, preparados para o transporte e conservação de
alimentos ou para a sua preparação e consumo. Falamos de pratos, tigelas, potes, púcaros,
copos, jarros e bilhas.
Aparecem também outros tipos de cerâmica, nomeadamente Terra Sigillata. No entanto, a
sua quantidade é muito mais reduzida. As referências são por vezes vagas, referindo
genericamente o aparecimento de fragmentos ou vasos de terra sigillata. A maior parte dos
vestígios referem-se a formas tardias de sigillata.

 Vidros
Os recipientes de vidro continuam a aparecer nas sepulturas. A maior parte das sepulturas
apresenta apenas uma peça de vidro. Os conjuntos excepcionais praticamente deixam de existir.
Como excepção temos a sepultura da Rua das Alcaçarias (Faro) que continha vestígios de quatro
peças (unguentário, prato, copo e base de garrafa). Os unguentários continuam a ser as peças de
vidro mais comuns. Aparecem ainda copos, taças, garrafas e algumas peças menos comuns,
como uma anforeta e um frasco.
84
Necrópoles Romanas do Território Português

 Moedas
As moedas são muito mais comuns nas sepulturas de inumação. É verdade que existem mais
vestígios de inumações do que incinerações. É, no entanto, evidente o aparecimento de maiores
quantidades de moedas. Esta situação é bem evidente nas sepulturas mais tardias, onde a sua
presença é frequente.
No entanto, o quadro atrás traçado não se verifica em muitos vestígios. Aparece ainda uma
moeda em cada sepultura, mostrando uma possível continuidade do ritual presente nas
incinerações. Seria, como já dissemos, o óbolo para Caronte. É uma prática que se verifica em
muitas necrópoles de todo o território estudado. Na necrópole da Herdade dos Pombais
(Marvão), inserida no período tardo-romano, apareceram várias moedas, mas tinha sido
depositada apenas uma em cada sepultura397. Na necrópole de Porto dos Cacos (Alcochete) a
regra é a deposição de uma moeda em cada sepultura; apenas uma sepultura apresentava quatro
moedas398. Os exemplos de sepulturas contendo apenas uma moeda espalham-se um pouco por
todo o território estudado.
De salientar uma sepultura escavada na necrópole do Cerro da Vila (Loulé), onde uma moeda
do século IV foi colocada no interior da boca de um indivíduo399. Na maior parte das sepulturas
encontradas as moedas são colocadas numa parte central, provavelmente próximas das mãos.
Em algumas sepulturas, a presença de grandes quantidades de moedas é indício de uma
alteração do valor das oferendas funerários dentro do próprio ritual. Esta constatação verifica-se
em sepulturas localizadas no Noroeste do território português. Em Maximinos (Braga), uma
sepultura continha treze moedas da segunda metade do século III400. Em Vila Verde (Vila do
Conde) apareceram dezasseis moedas de bronze dentro de um prato401. Exemplo mais
paradigmático desta situação verifica-se na necrópole tardo-romana de Montes Novos (Penafiel),
onde existem muitas sepulturas com grande quantidade de moedas. Refiro, como exemplos mais
expressivos, as sepulturas 63 e 67 que contêm, respectivamente, setenta e nove e sessenta e duas
moedas de bronze402. Estas moedas acompanham outras oferendas constituídas por cerâmica
comum. Nesta necrópole mais de cinquenta por cento das sepulturas contêm moedas 403. De
salientar ainda o pouco desgaste que as moedas encontradas nesta necrópole evidenciavam.

396
Pinto 1998, 210-211.
397
Fernandes 1985, 101.
398
Sabrosa 1996, 299.
399
Santos 1997, 400.
400
Martins-Delgado 1989-1990, 80.
401
Severo 1908c, 427.
402
Pinto 1998, 209 e 210-211.
403
Este número inclui todas as sepulturas da necrópole, inclusive as de incineração (Pinto 1998, 191). Nesta
necrópole foram descobertas cerca de 1000 moedas.
85
Necrópoles Romanas do Território Português

Parece-nos que as moedas assumem aqui um valor simbólico diferente. Já não estamos perante a
moeda que era colocada na sepultura como o óbolo para Caronte.

 Lucernas
As lucernas são outro objecto que continua a fazer a sua aparição nas sepulturas de
inumação. São cada vez mais raras e aparecem num número reduzido de enterramentos. Temos
geralmente notícias do aparecimento de lucernas no interior das sepulturas mas poucas vezes é
referida a sua localização.
A maior parte das lucernas são de cerâmica mas também foi encontrada uma lucerna de
bronze numa sepultura da Rua das Alcaçarias, em Faro. Na mesma sepultura foi depositada uma
lucerna de cerâmica404.

 Objectos pessoais
Embora os objectos pessoais continuem a aparecer nas sepulturas de inumação, são cada vez
menos expressivos, em quantidades reduzidas e com objectos pouco valiosos. Tal como
tínhamos referido para as incinerações, continuam a aparecer objectos ligados à esfera feminina,
nomeadamente anéis, brincos, contas de vidro, entre outros objectos. São, no entanto, oferendas
pouco expressivas constituídas quase sempre por um objecto. Apenas verificámos um conjunto
excepcional que apareceu na Rua da Alcaçarias, em Faro. Este conjunto era constituído por
brincos, colar de ouro, alfinetes em osso e placa de vidro circular, provavelmente um espelho405.
Nesta mesma sepultura apareceu uma lâmpada feita em bronze406. É uma lâmpada para
suspensão que ainda apresentava a corrente destinada a esse efeito. O espólio excepcional desta
sepultura pode estar ligado à sua inserção num contexto urbano mais próspero. De referir ainda
que a sepultura foi inserida num período que medeia entre a segunda metade do século II e o
Século III407.
Em algumas sepulturas, aparecem objectos pessoais mais ligados aos indivíduos do sexo
masculino. Refiro-me especialmente às espadas e lanças. Na sepultura encontrada em Dona
Menga (Tavira), a espada estava depositada com uma pedra de amolar408. A espada é similar às
germânicas e a própria inumação poderá corresponder a um indivíduo proveniente deum grupo

404
Gamito 1992, 107.
405
Gamito 1992, 107.
406
Gamito 1992, 111.
407
Gamito 1992, 99.
86
Necrópoles Romanas do Território Português

social ou cultural com práticas funerárias distintas. D. Mendes coloca a hipótese de estarmos
perante um indivíduo de origem germânica409.
Na necrópole de Porto dos Cacos (Alcochete), algumas sepulturas apresentam um grande
número de objectos de metal410. A sepultura 16 continha uma fivela, um machado, um punhal e
uma roçadoira. A sepultura 15 continha três pontas de lança e a sepultura 32 outras duas.
Outros objectos poderiam ser integrados nesta categoria mas decidimos não o fazer devido às
dificuldades em determinar, com segurança, a prática funerária das sepulturas onde foram
encontrados.

4.4. A disposição do túmulo


 A posição das oferendas
O estudo da posição das oferendas funerárias torna-se cada vez mais importante. Os
investigadores vêem nesta disposição uma forma de estudar alguns momentos do próprio ritual
funerário. A enunciação dos objectos encontrados dentro das sepulturas é, agora, considerado
insuficiente por não aproveitar as informações sobre o próprio ritual manifestado através das
oferendas.
Nas incinerações primárias o mobiliário funerário é colocado sobre as cinzas da pira
funerária. Foi esta a disposição verificada na sepultura escavada na necrópole de Monte Mozinho
(Penafiel)411. Na necrópole de Tapada da Eira (Idanha-a-Velha) (Fig. 29) o mobiliário também
foi colocado no centro da sepultura412. Parte das cinzas foram colocadas ligeiramente afastadas
do centro debaixo de uma tegulae. Na necrópole de Tongobriga, na sepultura 5 o mobiliário
funerário foi disposto junto do topo sul da sepultura413. Na necrópole de Santo André, as
oferendas funerárias estavam colocadas sobre as cinzas ou ligeiramente enterradas naquelas414.
Para a necrópole de Fonte Velha (Lagos), Santos Rocha descreve a descoberta de urnas
cinerárias rodeadas por cinzas415.

Nas incinerações secundárias verificam-se modelos de disposição mais diversificados. Em


Montes Novos (Penafiel), o mobiliário funerário é colocado no centro da cova, directamente no

408
Mendes 1999, 215.
409
Mendes 1999, 223.
410
Sabrosa 1996, 299.
411
Soeiro 1998, 31.
412
Côrte-Real 1996,
413
Dias 1993-1994, 125-126.
414
Viegas et al. 1981, 19.
415
Rocha 1895, 291-292.
87
Necrópoles Romanas do Território Português

solo (Fig. 31). Na Lage do Ouro (Crato) e na Lomba (Amarante) (Fig. 30), o mobiliário funerário
foi colocado sobre as cinzas. Estas cobrem o fundo das covas abertas no solo.
Na necrópole de Valbeirô (Castelo de Paiva) as sepulturas estão estruturadas com lajes de
xisto. O mobiliário funerário estava colocado sobre o fundo da sepultura junto às paredes laterais
da mesma. Nas sepulturas com muito mobiliário funerário, as oferendas ocupam praticamente
toda a sepultura (Fig. 41). Esta disposição também parece ter-se verificado na necrópole de
Espiunca (Arouca)416.
Esta preferência pela colocação do mobiliário funerário junto das paredes laterais dos
edifícios parece verificar-se em outras necrópoles. Numa sepultura descoberta no Largo Carlos
Amarante, em Braga, as cinzas cobriam o fundo da sepultura e as oferendas funerárias tinham
sido colocadas sobre estas, mas estavam distribuídas junto das paredes da sepultura417.

Nas sepulturas de inumação, a colocação do mobiliário funerário está condicionada pelo


espaço ocupado pelo corpo do defunto e pela forma como este foi acondicionado na sepultura.
Não é, por isso, de admirar que a colocação das oferendas funerárias, nomeadamente dos vasos
cerâmicos, seja feita principalmente num dos topos da sepultura. Em alguns casos, distribuem-se
pelos dois topos. A configuração do corpo deixa mais espaço livre junto da cabeça e dos pés,
locais onde vão ser colocadas as oferendas funerárias.
Na necrópole de Montes Novos, o mobiliário funerário é colocado em diferentes locais. Na
sepultura 94 as oferendas funerárias estavam colocadas ao longo do corpo do defunto, no meio
da sepultura418. Este corpo teria sido colocado envolta em mortalha. Na sepultura 104 (Fig. 49)
estavam junto das pernas, ocupando muito espaço na parte virada para Este 419. Nesta sepultura
um grande conjunto de moedas estava situada no meio da sepultura, provavelmente junto das
mãos do defunto. Todas oferendas tinham sido colocadas no interior do caixão de madeira. Em
ambas as sepulturas a cabeça repousava no topo Ocidental, virada para Oriente. Nesta necrópole
existem ainda sepulturas cujo mobiliário funerário está dividido em pequenos conjuntos
colocados em ambos os topos das sepulturas e no meio destas420.
Na Rua das Alcaçarias (Faro), na sepultura que se apresentava em melhor estado de
conservação, o corpo tinha sido inumado com um caixão de madeira. Aos pés do corpo tinham

416
Silva-Ribeiro (no prelo),
417
Delgado 1984,
418
Pinto 1998, 239.
419
Pinto 1998, 239.
420
Como exemplo podemos referir a sepultura 78 que forneceu um abundante espólio funerário (Pinto 1998, 213 e
238).
88
Necrópoles Romanas do Território Português

sido colocados diversos objectos: alfinetes de toucado acondicionados numa bolsa, duas moedas
de bronze, uma lucerna de bronze e uma lucerna de barro421.
Na necrópole do Cerro da Vila (Loulé) também se encontram sepulturas com o mobiliário
disposto num dos topos das sepulturas422. Este disposição das oferendas, como já referimos, é a
mais comum. Pensamos que este factor deve-se essencialmente à disposição do corpo no interior
da sepultura que condiciona a colocação das oferendas funerárias.

421
A bolsa devia ser de material perecível visto que não foi encontrada. Esta informação foi retirada da observação
dos alfinetes todos juntos (Gamito 1992, 107).
89
Necrópoles Romanas do Território Português

5. Considerações finais
Nesta parte final do trabalho vamos levantar algumas questões relacionadas com as
necrópoles e enterramentos romanos, nomeadamente a sua disseminação espacial e os rituais
adoptados. Devemos antes de mais salientar as insuficiências do quadro lavrado. Quando
olhamos para o inventário, podemos ser tentados a pensar que a quantidade implicaria uma maior
qualidade dos dados existentes sobre o fenómeno funerário romano. Mas tal facto anda longe da
verdade dado que este estudo lida com cerca de cinco séculos de História. Perante esta amplitude
cronológica, temos de concluir que faltam muitos dados para conseguirmos esboçar um quadro
aproximado da realidade.
Apesar das muitas escavações realizadas nas últimas décadas, faltam vestígios funerários em
muitas áreas urbanas do período romano. Muitas estão perdidas por centenas de anos de
ocupação continuada do solo, durante as quais o Homem interveio no solo, transformando-o e
destruindo vestígios do passado. Muitas áreas rurais também não têm vestígios funerários,
nomeadamente enterramentos. Neste caso, a falta de dados não se deve apenas à destruição das
áreas funerárias. A «invisibilidade» dos enterramentos torna difícil a sua detecção, escondendo-
os dos olhos curiosos dos próprios arqueólogos.

A incineração está presente um pouco por todo o território estudado. Algumas áreas não
apresentam vestígios mas tal facto poderá estar relacionado com a falta de prospecção ou devido
às contingências próprias dos vestígios de enterramentos. Lembramos a sua «invisibilidade»
actual e a descoberta fortuita da maior parte das necrópoles, situação que distorce o
conhecimento do fenómeno.
As incinerações aparecem no território português desde os primeiros tempos da dominação
romana. Não se terá verificado uma transformação ao nível do tratamento dado ao corpo do
defunto. A incineração já era praticada em todo o território português. Existem vestígios de
sepulturas com cinzas, ossos e recipientes cerâmicos como oferendas funerárias no Noroeste do
território português423. Também no Sul do território português se encontram abundantes
vestígios de sepulturas de incineração da IIª Idade do Ferro424. Podemos apresentar como
exemplo a necrópole da Herdade da Chaminé (Elvas) que apresenta mais de duzentas
incinerações datadas dos finais do século V a.C. até ao século I a.C. Junto destas sepulturas foi
efectuado um enterramento do Alto Império425. Na necrópole da Atafona (Almodôvar), também

422
Santos 1997, 400-401.
423
Silva-Gomes 1994, 96.
424
Silva-Gomes 1994, 175-176.
425
Alarcão-Alarcão 1967, 3.
90
Necrópoles Romanas do Território Português

utilizada durante a IIª Idade do Ferro, apareceu uma sepultura de incineração do século II d.C.426
Por estes exemplos se pode ver que o tratamento dado ao corpo do defunto permanece e em
alguns locais o espaço funerário continua em utilização. Ressalve-se aqui uma diferença no
Noroeste do território português. Aqui as sepulturas estavam localizadas junto do espaço
habitado, parecia não existir a separação espacial entre o mundo dos vivos e os locais de
enterramento427.
A maior parte dos vestígios de sepulturas de incineração concentra-se no Alto Império mas
temos alguns vestígios importantes que foram atribuídos ao século IV. No entanto, estas
incinerações tardias concentram-se no Noroeste, sinal da perduração desta prática funerária nesta
região. Temos vestígios tardios nas necrópoles de Maximinos (Braga), Montes Novos (Penafiel),
Tongobriga, Valbeirô (Castelo de Paiva), Espiunca (Arouca) e Cancelhô (Cinfães). Em todos
estes locais apareceram sepulturas dos finais do século III e do século IV. Mesmo numa
necrópole urbana como Maximinos (Braga) apareceu uma sepultura com moedas da segunda
metade do século III428. Fora deste região, os vestígios mais antigas pertencem à necrópole da
Lage do Ouro (Crato), onde a incineração ainda era praticada no século III d.C. Face a estes
dados, poderemos dizer que a incineração perdura no Noroeste até um período bastante tardio da
dominação romana, facto revelador de um maior conservadorismo ao nível das práticas
funerárias, provavelmente relacionadas com uma romanização mais tardia e o seu afastamento
em relação às principais correntes de inovação cultural provenientes do mundo urbano romano.
As incinerações não apresentam um padrão uniforme no território português. A distinção faz-
se ao nível da deposição das cinzas. As incinerações em bustum, resultado da deposição primária
das cinzas, não são muito frequentes e aparecem essencialmente nos primeiros séculos da nossa
era. No entanto, em Tongobriga, Lino Dias identificou uma sepultura em bustum que foi
atribuída ao século IV429. Pelos dados analisados, parece-nos que esta prática não terá sido muito
comum e está concentrada principalmente nos necrópoles do Alto Império. Situação também
verificada na Gália, onde este tipo de enterramento é mais frequente no século I d.C., tornando-
se cada vez mais raro a partir dessa data430.
As sepulturas com incinerações secundárias existem praticamente em todas as necrópoles de
incineração estudadas. Devia ser a prática mais comum das populações que incineravam os seus
defuntos. Apresentam formas muito diversificadas relacionadas com o contexto sócio-económico

426
Beirão 1986, 29.
427
Silva-Gomes 1994, 96.
428
Martins-Delgado 1989-1990, 85. A sepultura 22 possuía várias moedas da segunda metade do século III mas
aquelas autoras determinaram uma cronologia mais tardia, prevendo a própria circulação daquelas moedas.
429
Dias 1993-1994, 134.
430
Tranoy 2000, 139.
91
Necrópoles Romanas do Território Português

do defunto e pela disponibilidade de materiais existentes na região de implantação. É evidente


que esta situação verifica-se primordialmente nas sepulturas de indivíduos de estratos sociais
mais baixos. Os recursos económicos da família do defunto eram fundamentais no momento da
preparação da sua sepultura. Nas famílias com poucos recursos económicos a utilização de
materiais locais tornava-se uma opção a ter em consideração. Mesmo nas sepulturas sem
estrutura arquitectónica visível existe alguma variabilidade ao nível do cuidado posto na sua
construção.
Algumas são evidentemente resultado das influências externas, fruto da circulação das
crenças relativas à morte e às práticas funerárias associadas. Os mausoléus para colocação de
urnas cinerárias e as sepulturas com cobertura tipo cupa estão dentro desta situação. São
resultado da assimilação de práticas funerárias originárias doutras regiões do Império e acolhidas
pelos estratos sociais mais elevados. Os mausoléus conhecidos aparecem quase sempre
relacionados com os estratos sociais mais elevados. Veja-se os exemplos de Milreu (Faro) e
Cerro da Vila (Loulé), onde os mausoléus estão integrados em grandes e prósperas villae. A sua
utilização estará ligada a fenómenos de emulação social em que as elites provinciais procuram
manter-se a par das modas do centro do Império. As sepulturas com cobertura tipo cupa,
possivelmente originárias do Norte de África431, estão ligadas também à circulação de
populações que transportam as suas próprias práticas funerárias. No entanto, a sua disseminação
por um território alargado leva-nos a crer que esta forma de cobertura e sinalização da sepultura
ter-se-á espalhado por um grupo alargado da população. No entanto, este tipo de sepultura
aparece essencialmente em áreas urbanas do sul do território português ou nas áreas rurais que as
envolvem.
As sepulturas de incineração apresentam, geralmente, mobiliário funerário mais rico. No
entanto, esta situação é mais comum nas sepulturas mais antigas. As sepulturas de incineração do
Baixo Império apresentam geralmente recipientes de cerâmica comum. Oferendas funerárias de
valor muito distante daquele que se verifica em algumas sepulturas do Alto Império.

Durante os dois primeiros séculos da nossa era a inumação praticamente desaparece em todo
a parte ocidental do Império Romano, dando lugar à incineração. São conhecidas algumas
inumações, sinal da sua persistência em grupos restritos. A inumação começa a instalar-se no
território português no século II. As sepulturas do Bairro Letes e da Rua das Alcaçarias (Faro)
são atribuídas ao século II d.C. Não é de estranhar a difusão deste rito funerário numa região
mais urbanizada do território e em contacto com a capital do Império. Esta tendência acompanha

431
Encarnação 1984, 825-826; Molano Brías-Alvarado Gonzalo 1994, 334.
92
Necrópoles Romanas do Território Português

as práticas funerárias existentes na parte ocidental do Império432. Ian Morris considera que esta
prática espalha-se em Itália a partir da segunda metade do século II d.C.433.
Existem algumas sepulturas que apresentam moedas do século I d.C. Foram encontradas
moedas do século I em sepulturas de Casais de Lexim (Mafra)434, Porto dos Cacos
(Alcochete)435, Bairro Letes (Faro)436 e Cerro do Lorvão (Lagos)437. Em Porto dos Cacos uma
sepultura apresentava uma moeda de Cláudio I, situação muito contrastante com o restante
espólio. A. Sabrosa considera que a necrópole foi utilizada entre o século III e o V, apenas esta
sepultura não se enquadra dentro desta cronologia438. No Bairro Letes apareceram, em duas
sepulturas diferentes, moedas do século I d.C.439 Estas moedas colocam um problema sobre a
real datação destas sepulturas. Estaremos perante moedas com um grande período de uso que
foram depositadas na sepultura em época muito posterior ou serão sepulturas de inumação muito
antigas? Neste momento não podemos responder a esta questão dado que não conhecemos o
período de circulação dessas moedas. Nunca poderemos, no entanto, afastar a hipótese destas
sepulturas serem de facto de época muito antiga, possivelmente relacionadas com a inumação de
indivíduos provenientes da parte oriental do Império, onde este rito foi sempre maioritário no
período em questão440. No entanto, também é possível outra explicação, relativizando um pouco
a importância das moedas como elemento de datação. Neste caso as sepulturas seriam mais
tardias e as moedas terão circulado durante muito tempo antes de serem depositadas nas
sepulturas.
As sepulturas do Morgado de Dona Menga (Tavira) e da Rua das Alcaçarias (Faro) são
seguramente dos vestígios mais antigos da prática da inumação. A primeira foi atribuída ao
século II d.C.441 e as sepulturas da Rua das Alcaçarias foram atribuídas a um período
compreendido entre a segunda metade do século II e o século III d.C.442. Esta cronologia é
concordante com os dados avançados para as necrópoles de Emerita Augusta. Nesta cidade, a
inumação terá sido introduzida no século II da nossa era443.

432
Morris 1994, 56.
433
Morris 1994,56.
434
Estácio da Veiga (1879, 35) descreve o aparecimento de um meio bronze de Tibério.
435
Sabrosa 1996, 287 e 298.
436
Viana 1951, 159.
437
Santos 1971, 323.
438
Sabrosa 1996, 287.
439
São moedas de bronze. Uma de Tibério e outra não foi identificada (Viana 1951, 159).
440
Morris 1994, 52-53.
441
Mendes 1999, 222-223.
442
Gamito 1992, 118.
443
Molano Brías-Alvarado Gonzalo 1994, 346.
93
Necrópoles Romanas do Território Português

Merece destaque a coexistência das duas práticas funerárias no território português. As


inumações mais antigas, com datação segura, são atribuídas ao século II e as incinerações são
ainda efectuadas no Alto Alentejo e no Noroeste de Portugal nos séculos III e IV.
Em regiões circunscritas este aspecto é ainda mais evidente. No Noroeste temos incinerações
tardias e inumações que foram efectuadas no mesmo espaço funerário. Em Maximinos (Braga),
existem exemplos de sepulturas destas duas práticas funerárias com datações similares444. Nos
vales dos rios Sousa e Tâmega, coexistem necrópoles de incineração e inumação. Na necrópole
de Montes Novos (Penafiel), a sepultura 112 apresentava uma moeda da segunda metade do
século IV, época em que se documentava, na mesma necrópole, um grande número de
inumações445. Enquanto nesta necrópole as inumações são claramente maioritárias, na mesma
época, em Tongobriga, Valbeirô ou Alvariça ainda se procedia a incinerações. De realçar, a
similitude entre as oferendas funerárias encontradas em todas estas necrópoles, constituídas
essencialmente por cerâmica comum.
A coexistência das duas práticas funerárias não é uma originalidade do território português.
Nas necrópoles de Emerita Augusta, durante o século II e princípios do III d.C. as sepulturas de
inumação coexistem com as últimas incinerações446. Nas necrópoles da Gália ou da Inglaterra,
também se verificou esta situação. Na Gália, a inumação foi introduzida a partir do século II mas
as incinerações vão persistir até ao século IV e talvez mesmo até ao século V447. Em Inglaterra, a
introdução da inumação ter-se-á processado no final do século II mas as incinerações
continuarão a efectuar-se até ao século IV d.C.448.
Fica claro que o território português segue as tendências verificadas noutras regiões do
Império Romano. A mudança de ritual funerário não foi uniforme e decorreu ao longo de um
período bastante alargado. P. Galliou, constatando a coexistência dos dois rituais em
determinadas necrópoles da Bretanha, considera que a adopção de um destes rituais ou formas de
tratamento do corpo do defunto está relacionada com uma escolha motivada por preferências ou
gostos pessoais449. Insistimos neste ponto dado que a mudança no tratamento dado ao corpo do
defunto não significa obrigatoriamente um corte com as crenças anteriores.
Relacionado com este aspecto está a presença de oferendas funerárias nas sepulturas.
Algumas sepulturas de inumação apresentam mobiliário funerário rico mas este quadro, cada vez
mais raro, aparece nas sepulturas mais antigas e próximas de áreas urbanas. Uma das sepulturas

444
Martins-Delgado 1989-1990, 85. Neste necrópole as sepulturas de incineração 1 e 8 foram atribuídas aos finais
do século III e a sepultura 22, de inumação, foi atribuída aos primeiros anos do século IV d.C.
445
Pinto 1998, 221. Esta sepultura tinha uma moeda de bronze de 360-368 d.C.
446
Molano Brías-Alvarado Gonzalo 1994, 346.
447
Tranoy 2000, 129.
448
Cleary 1992, 32.
94
Necrópoles Romanas do Território Português

da Rua das Alcaçarias apresenta mobiliário funerário rico450. O mesmo acontece numa das
sepulturas do Bairro Letes451. Estas sepulturas são verdadeiras excepções dado que apresentam
oferendas funerárias variadas. A maior parte das necrópoles de inumação apresentam oferendas
funerárias mais vulgares. As oferendas mais comuns são as peças de cerâmica comum,
nomeadamente as peças de servir e ir ao lume. Algumas apresentam vestígios de uso.
Salvaguardando este empobrecimento do mobiliário funerário, continua-se a depositar oferendas
funerárias relacionadas com a refeição ritual, apesar do tratamento dado ao corpo ser diferente.
Podemos referir como exemplo ilustrativo uma das sepulturas de Monte Mozinho (Penafiel),
datada do século IV, construída de forma muito cuidada452. A caixa rectangular era constituída
por pedras com face, o fundo estava revestido com duas grandes lousas. Num dos lados, foi
construída, a meia altura, uma pequena prateleira revestida de pedra e aberta. Esta prateleira
tinha um copo de vidro, dois pratos e uma tigela. São oferendas relacionadas com a refeição
ritual453. É verdade que não sabemos quais os gestos, orações ou significados rituais que são
atribuídos a estes objectos mas a sua semelhança com o quadro verificado nas incinerações
impede-nos de defender uma mudança brusca no ritual funerário454.
Realçamos novamente as necrópoles romanas encontradas no Noroeste do actual território
português. Em Valbeirô (Castelo de Paiva), Tongobriga e Alvariça (Arouca) as oferendas
funerárias são constituídas essencialmente por cerâmica comum e algumas moedas. Nas
sepulturas de inumação de Montes Novos (Penafiel) e Monte Mozinho (Penafiel) também
apresentam mobiliário funerário constituído por cerâmica comum e moedas. Neste aspecto
registe-se uma diferença assinalável: em algumas sepulturas são depositadas dezenas de
moedas455. Neste aspecto concreto deve-se ter verificado uma mudança do significado das
moedas no contexto do ritual funerário.
As formas que as sepulturas assumem estão mais uma vez relacionadas essencialmente com
o estatuto sócio-económico do defunto. Não se pode dizer que o rito inumatório desvalorize o
local onde se coloca o corpo do defunto. Apesar do empobrecimento das sepulturas, cada vez
mais simples e contendo um mobiliário funerário cada vez mais pobre e uniforme, ainda há lugar
para alguma ostentação social. Aparecem os sarcófagos de mármore com decoração nas faces

449
Galliou 1989, 74.
450
Sepultura n.º 6 da necrópole encontrada nesta rua (Gamito 1991, 108-114).
451
Trata-se da sepultura n.º 7 (Viana 1951, 154-158).
452
Soeiro 1984, 298.
453
T. Soeiro refere que as oferendas podem ser renovadas em datas especiais, procedendo-se ao levantamento da
cobertura da prateleira.
454
Veja-se a introdução e a nota , onde já se abordou esta problemática do conhecimento dos rituais funerários
através dos seus vestígios materiais.
455
Na necrópole de Montes Novos algumas sepulturas apresentavam 62 moedas (S101 e S67) e 79 moedas de
bronze (S63) (Pinto 1998, 209, 210 e 217-218).
95
Necrópoles Romanas do Território Português

laterais e nas próprias tampas. Os sarcófagos conhecidos para o território português são de um
período posterior ao final do século II, relacionados com a própria introdução da inumação.
Foram encontrados em áreas mais inseridas nos contactos com o mundo mediterrânico, de
romanização mais precoce. São claramente destinados aos estratos sociais mais elevados visto
que implicam o gasto de verbas vultuosas. Um dos sarcófagos não é uma obra local, tendo, por
isso, sido importado para este fim456.
As sepulturas tipo mensa também pode ser integradas nesta categoria. Embora procedentes
do Norte de África, representam modelos de ostentação integrados nos próprios rituais
funerários.
Esta uniformização das sepulturas e do espólio funerário processa-se de forma muito lenta. A
difusão do Cristianismo vai acelerar esta uniformização mas vai introduzir outro tipo de
diferenciação. A posição da sepultura torna-se verdadeiramente importante, nomeadamente a sua
distância em relação ao espaço sagrado do templo. Os vestígios actuais mostram-nos que esta
situação torna-se importante no período de transição para a Alta Idade Média. Nesta época o
tumulatio ad sanctos é o critério mais valorizado457. Mas esta transformação não é imediata,
decorrerá durante dezenas ou mesmo centenas de anos. Os espaços funerários continuam no
exterior dos espaços urbanos. Veja-se a localização do cemitério paleocristão de Mértola, situado
no exterior do espaço urbano. Neste aspecto, as práticas paleocristãs continuam as práticas
romanas. A construção de basílicas junto das sepulturas dos mártires e dos primeiros cristãos
alterará definitivamente esta regra, influenciando a própria ocupação do espaço dos vivos 458.
Esta transformação, motivada pelo Cristianismo, ditará a regra nos 1500 anos seguintes.

456
O sarcófago encontrado no Monte da Azinheira (Reguengos) foi importado de Roma (Maciel 1996, 152).
457
Barroca 1987, 10.
458
Barroca 1987, 10.
96
Necrópoles Romanas do Território Português
6. Catálogo dos Vestígios Funerários da Época Romana:

Necrópoles e Sepulturas

Nota Prévia
Serve esta pequena nota para a apresentar o modelo utilizado neste inventário. Embora a
maior parte dos catálogos e inventários de vestígios arqueológicos adoptem uma apresentação
respeitando uma ordem geográfica, do norte para o sul e do litoral para o interior, decidimos
adoptar outro modelo.
Os vestígios foram diferenciados, foi atribuída uma ficha diferente a todos os vestígios de
necrópoles ou de sepulturas isoladas. Em casos excepcionais, quando existem referências para
lugares muito próximos e verificam-se dificuldades em distinguir as áreas arqueológicas, foi
decidido inclui-los na mesma ficha. As fichas foram ordenados por ordem alfabética dos
distritos. Dentro de cada distrito, foram também ordenados da mesma forma por concelhos,
freguesias e lugares. Adoptamos este critério para facilitar a consulta do inventário. É a forma
mais intuitiva e permite um rápido acesso a cada ficha.
A bibliografia foi colocada por ordem de publicação. Em primeiro lugar são colocadas as
referências mais antigas e todas as outras são colocadas de acordo com este critério. Estão
citadas da forma mais simples e abreviada, remetendo para a bibliografia geral desta dissertação.
Não são citados todos os trabalhos sobre cada uma das necrópoles. Naquelas com uma
bibliografia extensa decidiu-se citar apenas as mais importantes, nomeadamente aquelas que
descrevem os vestígios funerários. Nas necrópoles com poucas informações decidiu-se citar
todas as referências, dado que as informações são tão escassas que foi considerada a melhor
solução.
A descrição de cada necrópole procura ser sucinta, alargando-se em pormenores naquelas
que apresentam dados com qualidade. De uma forma geral, a descrição procura coligir as
principais informações sobre a cronologia dos enterramentos, as práticas funerárias, a tipologia
das sepulturas e o mobiliário funerário presente.
Temos consciência das limitações deste inventário, nomeadamente o seu carácter
provisório. Alguns vestígios funerários não estarão presentes mas da nossa parte procuramos
inserir todos os vestígios de necrópoles e enterramentos que pudessem estar relacionados com o
mundo romano.
98
Necrópoles Romanas do Território Português

Mais uma vez lembrámos que não inserimos as epígrafes funerárias, por não se enquadrar
dentro do estudo efectuado. Algumas vezes são referenciadas neste catálogo para permitir a
datação de alguns vestígios arqueológicos.

Neste lugar terão aparecido sepulturas cobertas de


Aveiro laje, possivelmente de xisto. Continham oferendas
cerâmicas. Os autores da Carta Arqueológica da
N.º 001 Arouca pensam que pertenceriam a uma necrópole de
Distrito – Aveiro incineração.
Concelho – Albergaria-a-Velha Bibliografia – Silva, A. (em vias de publicação), 281.
Freguesia – Branca
Lugar – Cristelo N.º 005
Neste local foi descoberta uma sepultura estruturada Distrito – Aveiro
com pedras nas paredes laterais e cerâmica no fundo. Concelho – Arouca / Castelo de Paiva
É uma sepultura de inumação que datará dos séculos Freguesia – Espiunca / Real
I – II d.C. Lugar – Alvariça / Areia
Bibliografia – Silva, A. 1994, 89 (n.º 03). A necrópole de incineração apareceu, no final dos
anos quarenta do século passado, no decorrer de
N.º 002 trabalhos de arroteamento de terras.
Distrito – Aveiro Foram efectuados trabalhos de escavação em várias
Concelho – Arouca ocasiões durante a década seguinte, das quais não
Freguesia – Albergaria da Serra ficaram registos exaustivos.
Lugar – Portela da Anta A maior parte dos vestígios apareceu no lugar da
Enterramento muito curioso porque aproveita um Alvariça mas o posterior aparecimento de vestígios
anterior espaço sepulcral, neste caso um monumento algumas centenas de metros a Norte do local
megalítico, para inserir uma sepultura provavelmente principal, levaram A. Silva e M. Ribeiro (no prelo) a
do século I d.C. (Silva, A. 1994, 89). As paredes e o afirmar que estamos perante uma necrópole com dois
fundo desta sepultura eram constituídos por blocos núcleos.
graníticos. Nela deve ter sido utilizado a incineração. Durante os trabalhos de escavação ter-se-ão detectado
Como espólio funerário, foram encontradas meia pelo menos quatro dezenas de sepulturas. Estavam
centena de contas de azeviche e um fragmento de implantadas em fiadas ordenadas. Encontravam-se a
vidro que devia pertencer a um copo ou taça alta. pouca profundidade no solo e eram constituídas por
Bibliografia – Silva, A. 1994, 89 (n.º 04); Silva, A. lajes de xisto que formavam pequenas caixas
(em vias de publicação), 283-284. quadrangulares ou rectangulares, com dimensões que
oscilavam entre os 0,5 e os 0,6 m de lado.
N.º 003 Algumas sepulturas estavam cobertas com lajes do
Distrito – Aveiro mesmo material e teriam ainda, no topo, estelas
Concelho – Arouca funerárias "in situ", feitas em xisto.
Freguesia – Moldes Relativamente ao mobiliário funerário, A. Silva e M.
Lugar – Fuste (Devesa da Mó) Ribeiro (no prelo) referem que cada sepultura
Na Carta Arqueológica de Arouca aparece uma continha cinco ou seis recipientes cerâmicos. As
referência à descoberta ocasional de uma sepultura peças mais pequenas estariam junto à estela funerária
rectangular, com caixa de lajes de xisto, e as restantes distribuíam-se pelo espaço da sepultura.
possivelmente romana. Tratar-se-ia de uma sepultura Alguns recipientes continham carvões e cinzas.
de inumação. Estes recipientes eram, em grande maioria, cerâmica
Bibliografia – Silva, A. (em vias de publicação), 282. comum de superfícies claras, com formas de mesa ou
cozinha. Em menor quantidade, apareceram
N.º 004 exemplares de cerâmica de superfícies cinzentas. O
Distrito – Aveiro único exemplar de cerâmica de luxo é uma taça de
Concelho – Arouca sigillata Drag. 27, sem marca.
Freguesia – São Miguel do Mato
Lugar – Portelada
99
Necrópoles Romanas do Território Português

Terão aparecido moedas cujo paradeiro é Bibliografia – Gonçalves 1984; Gonçalves 1989,
desconhecido. No entanto, uma moeda chegou a ser 472-479; Silva, A. 1994, 93 (n.º 10).
identificada como um antoniniano de Galieno.
Os vestígios encontrados nesta necrópole datam dos N.º 009
séculos IV e V. Distrito – Aveiro
Bibliografia – Simões Júnior 1959, 7-97; Brandão Concelho – Castelo de Paiva
1962, 313-318; Encarnação 1984, 203-211; Brandão Freguesia – Santa Maria Sardoura
1987, 107-113; Alarcão 1988b, 91, 3/34; Silva, A. Lugar – Valbeirô
1994, 90 (n.º 05); Silva-Ribeiro (no prelo). Esta necrópole foi descoberta quando se procedia ao
alargamento de um caminho. Antes da intervenção
N.º 006 arqueológica foram destruídas cerca de 30 sepulturas
Distrito – Aveiro constituídas por caixas em xisto (Dias 1993-1994,
Concelho – Castelo de Paiva 114). A intervenção arqueológica incidiu sobre sete
Freguesia – Raiva sepulturas que não tinham sido afectadas pelas obras.
Lugar – Folgoso, Picoto As sepulturas eram rectangulares, estruturadas com
Neste local foram encontradas, na década de quarenta xisto e cobertas com placas do mesmo material. O
do século passado, duas sepulturas estruturadas com ritual utilizado é a incineração. Quase todas as
lajes de xisto, uma estela funerária, um anel de metal sepulturas apresentavam mobiliário funerário
e uma moeda (irreconhecível). Foram ainda constituído por cerâmica comum romana. Duas
encontrados fragmentos de cerâmica comum que sepulturas continham moedas. Lino Dias (1993-1994,
poderiam pertencer a uma urna cinerária. A. Silva 133) propõe uma utilização confinada ao século IV
(1994, 92) propõe uma cronologia tardia, século IV. d.C.
Face aos vestígios funerários da região, esta Bibliografia – Alarcão 1988b, 90 (3/15); Dias 1993-
cronologia é bastante plausível. 1994, 113-121 (n.º 12); Silva, A. 1994, 93-94 (n.º
Bibliografia – Aguiar 1944; Silva, A. 1994, 92 ( n.º 12); Silva et al. 1996, 97 (n.º 43).
09).
N.º 010
N.º 007 Distrito – Aveiro
Distrito – Aveiro Concelho – Castelo de Paiva
Concelho – Castelo de Paiva Freguesia – Santa Maria Sardoura
Freguesia – Real Lugar – Vales
Lugar – Paulinhos A cronologia e o ritual utilizado nesta necrópole não
Esta necrópole foi descoberta quando se procedia à foi determinado. As sepulturas estavam estruturadas e
abertura de um caminho. Foi destruída nesse cobertas com lajes de xisto, seguindo uma tradição de
momento. O espólio funerário está na posse de um carácter regional. As sepulturas parecem seguir
particular e não foi estudado. De uma sepultura ficou modelo idêntico ao utilizado na necrópole de
uma tampa de xisto. Na Carta Arqueológica de Valbeirô. Do interior das sepulturas foram retirados
Castelo de Paiva (Silva et al. 1996, 93) esta necrópole 22 recipientes de cerâmica comum romana.
é referida como uma necrópole de incineração. Se as Bibliografia – Pinho 1947; Silva, A. 1994, 93 (n.º
sepulturas forem estruturadas com lajes de xisto, 11).
podemos estar perante uma necrópole idêntica à de
Espiunca. N.º 011
Bibliografia – Silva et al. 1996, 93 (n.º 39). Distrito – Aveiro
Concelho – Castelo de Paiva
N.º 008 Freguesia – São Martinho de Sardoura
Distrito – Aveiro Lugar – Valdemides, Cruz da Carreira
Concelho – Castelo de Paiva Era uma necrópole de incineração da qual foram
Freguesia – Santa Maria Sardoura retirados restos de ossos, pregos, cerâmicas, uma
Lugar – Campo da Torre colher e quatro fíbulas em ómega. Não se conhece o
Esta necrópole foi descoberta nas primeiras décadas formato das sepulturas.
do século XX. Foi sumariamente estudada por Serpa Bibliografia – Almeida 1975; Freire 1986; Alarcão
Pinto que deixou apontamentos sobre a mesma, 1988b, 90 (3/14); Silva A. 1994, 94 (n.º 13); Silva et
posteriormente publicados por A. H. Gonçalves al. 1996, 98 (n.º 44).
(1984 e 1989). As sepulturas, cujo ritual se
desconhece, estavam cobertas por lousa e / ou N.º 012
tegulae. Destas sepulturas foram retirados 12 Distrito – Aveiro
recipientes cerâmicos e 15 moedas de bronze dos Concelho – Ovar
séculos III e IV. Foram encontrados ossos mas não se Freguesia – Esmoriz
refere o estado em que estavam, indicador importante Lugar – Chão do Grilo
para deduzir o ritual funerário. Estes enterramentos Em 1931, num local de extracção de saibro,
datam do século IV d.C. apareceram várias sepulturas de inumação que foram
analisadas por Serpa Pinto (Gonçalves 1989). Serpa
100
Necrópoles Romanas do Território Português

Pinto menciona o aparecimento de 23 sepulturas, com Distrito – Beja


orientação Este-Oeste (Gonçalves 1989, 494-495). Concelho – Aljustrel
Eram trapezoidais e com as paredes constituídas por Freguesia – Aljustrel
pedras colocadas de cutelo ou sobrepostas de forma a Lugar – Monte do Farrobo
fazer um muro. Eram cobertas com lajes de xisto. Esta necrópole apresentou vestígios de incineração e
Apareceram fragmentos de tegulae e imbrices mas o inumação. Devia servir uma villa romana que ainda
autor não refere a sua posição original. De referir não foi detectada. No mesmo local apareceu uma
ainda que as sepulturas não apresentavam mobiliário lápide funerária que, segundo Alarcão (Alarcão
funerário. Perante isto, Serpa Pinto (Gonçalves 1989, 1974b, 1), devia pertencer a um pequeno mausoléu.
494) considera esta necrópole já de período medieval. Foram escavadas 38 sepulturas e do total 36
M. J. Lobato assinala-a num mapa sobre as necrópole resultaram da prática incineração e as restantes duas
romanas do litoral de Entre Douro e Vouga (1995, da inumação. Foram inseridas cronologicamente no
34), atribuindo-lhe uma cronologia romana. No período entre 50 e 350 d.C., embora a maior parte das
entanto, o tipo de sepulturas e a falta de material sepulturas possua espólio datado entre 50 e 150 d.C.
funerário poderá indicar, como refere Serpa Pinto, Catorze sepulturas foram datadas, por J. Alarcão,
uma cronologia mais tardia, já alto medieval. pelos séculos I e II d.C. (1974b, 31-32). O mobiliário
Bibliografia – Gonçalves 1989, 491-497; Lobato funerário retirado destas sepulturas é muito rico e
1995, 34. diversificado: recipientes de vidro, cerâmica comum,
uma peça de vidrado plúmbeo, cerâmica de paredes
N.º 013 finas, uma peça de cerâmica cinzenta com guiloché,
Distrito – Aveiro sigillata clara, lucernas, uma fíbula. Jorge Alarcão
Concelho – Ovar considera que o número de sepulturas é muito
Freguesia – Válega reduzido para um sítio ocupado durante cerca de 300
Lugar – Mesquita anos.
Numa monografia sobre esta localidade, P. Miguel Bibliografia – Andrade 1959, 109-114; Andrade
Oliveira menciona uma informação de Pinho Leal 1963-1964, 115-123; Almagro Gorbea 1966-67, 213-
sobre a descoberta de sepulturas estruturadas com 223; Andrade – Ferreira 1967, 107-114; Alarcão
tijolos, contendo, no seu interior, recipientes 1968, 71-79; Alarcão 1974, 1-27.
cerâmicos, provavelmente bilhas. Recentemente
foram retiradas tegulae deste local, não se sabendo, N.º 016
no entanto, se provêm de sepulturas. Não se conhece Distrito – Beja
o ritual funerário nem a cronologia de utilização Concelho – Aljustrel
destas sepulturas. Freguesia – Aljustrel
Bibliografia – Oliveira 1981, 148-149. Lugar – Valdoca
Foram escavadas 496 sepulturas, cujo âmbito
N.º 014 cronológico vai do início do século I à segunda
Distrito – Aveiro metade do século III da nossa era. Esta necrópole era
Concelho – Santa Maria da Feira utilizada pelos habitantes do vicus mineiro de
Freguesia – Fiães Vipasca. Nesta necrópole estavam presentes a prática
Lugar – Monte de Santa Maria ou Monte Redondo da incineração (65% do total) e da inumação (35%).
Junto ao povoado de «Langobriga» apareceu uma As sepulturas tinham na generalidade um formato
necrópole que foi destruída no século XVIII. O rectangular e estavam cobertas com pedras
espaço funerário devia ficar situado a sul do povoado. amontoadas. Em alguns casos a cobertura era
A descrição das Memórias Paroquiais de 1758 constituída apenas por uma laje ou por outros
menciona o seu aparecimento num outeiro, local de materiais (fragmentos de escórias, tegulae e ânforas).
onde foram retirados muitos recipientes cerâmicos. As sepulturas de incineração apresentavam espólio, o
Refere ainda que as sepulturas estavam «tapadas mesmo não acontecendo nas sepulturas de inumação,
todas com lousas de pedra com seus letreiros». No nas quais o espólio era mais raro. O espólio destas
interior das sepulturas apareceram recipientes sepulturas era constituído por cerâmica comum de
cerâmicos contendo ossos, carvões, metais e, fabrico local (urnas, outros recipientes cerâmicos e
provavelmente, recipientes de vidro. Perante esta lucernas) e espólio mais luxuoso por terra sigillata e
descrição parece-nos que estas sepulturas seriam de vidros. Não é possível distinguir o formato das
incineração. O espaço é actualmente ocupado por um sepulturas de incineração e de inumação. Os artigos
complexo escolar. que abordam esta necrópole não fazem esta distinção.
Bibliografia – Almeida CAF 1971, 148-149; Alarcão Bibliografia – Andrade – Ferreira 1957; Andrade
1988b, 91 (3/29). 1958; Alarcão – Alarcão 1966a; Ferreira – Andrade
1966.
Beja N.º 017
Distrito – Beja
N.º 015 Concelho – Aljustrel
Freguesia – Messejana
101
Necrópoles Romanas do Território Português

Lugar – Ferragial do Carneiro Freguesia – Senhora da Graça dos Padrões


Abel Viana, O. V. Ferreira e A. Serralheiro Lugar – Sembrana
descobriram neste local cinco sepulturas com as Neste local apareceram sepulturas de incineração. A
caixas formadas por lajes de xisto. Apenas uma das referência de M. Saa é muito vaga.
sepulturas tinha uma oferenda funerária: um Bibliografia – Saa 1963, 328; Alarcão 1988b, 203
recipiente cerâmico. Para os autores esta necrópole (8/228).
era tardo-romana. Não se conhece o ritual funerário.
Bibliografia – Viana et al. 1957, 8. N.º 022
Distrito – Beja
N.º 018 Concelho – Beja
Distrito – Beja Freguesia – Nª Srª das Neves
Concelho – Almodôvar Lugar – Alcaçarias
Freguesia – Almodôvar J. Encarnação refere o aparecimento de uma inscrição
Lugar – Atafona funerária sobre uma sepultura de incineração, que
Apareceu uma sepultura romana de incineração do continha uma urna de barro e uma medalha romana.
século II d.C. sobre uma necrópole utilizada na IIª Junto deste local foi encontrado um mosaico. Estes
Idade do Ferro. Está situada relativamente perto da vestígios ficam no suburbium de Pax Iulia.
necrópole romana da Herdade do Monte Novo do Possivelmente está relacionada com os vestígios
Castelinho. funerários encontrados na parte norte da cidade.
Bibliografia – Beirão 1986, 29. Bibliografia – Encarnação 1984, 395–396; Alarcão
1988b, 197 (8/143).
N.º 019
Distrito – Beja N.º 023
Concelho – Almodôvar Distrito – Beja
Freguesia – Almodôvar Concelho – Beja
Lugar – Herdade do Monte Novo do Castelinho Freguesia – Beja (Salvador)
Esta necrópole forneceu vestígios sepulcrais de Lugar – Quinta da Abóbada
incinerações e inumações. Provavelmente estará Na sequência de trabalhos de abertura do caminho-
associada a uma villa. Nesta necrópole foram de-ferro, em 1942 e 1943, apareceram vestígios de
escavadas doze sepulturas que correspondem a uma uma necrópole, utilizada pelos habitantes de uma
parte da necrópole. As sepulturas tinham formas villa. Abel Viana refere que terão sido destruídas
diversas mas os trabalhos agrícolas danificaram os mais de uma dezena de sepulturas (1947, 12). As
estratos arqueológicos, dificultando a sua sepulturas tinham um formato rectangular, as paredes
reconstituição. Os vestígios recolhidos permitiram eram constituídas por tijolos postos de cutelo e a
verificar que eram constituídas por pedras e material cobertura do mesmo material, tegulae e bocados de
de construção diversificado (tegulae, imbrices e mármore. Outra sepultura era formada com uma fiada
lateres). A análise do espólio funerário levou os de tijolos assentes em argamassa e a cobertura era
investigadores encarregados da escavação (Fabião et constituída por pedras de diferentes tamanhos (Viana
alii 1998) a situar a sua utilização entre os séculos II 1947, 13-14). No interior esta sepultura tinha uma
e IV d.C. O mobiliário funerário recolhido é muito pequena urna que continha restos de ossos, cinzas e
diversificado. É constituído por recipientes de carvões. Do mobiliário funerário, Abel Viana refere o
cerâmica comum, fragmentos de uma tigela de aparecimento de pequenos recipientes cerâmicos e de
sigillata hispânica e de um prato de sigillata Clara uma lucerna (1947, 14). Junto das sepulturas foram
C1, dois unguentários de vidro, contas, um pendente, encontrados vestígios que poderiam pertencer a uma
uma moeda de bronze e uma ponta de lança de ferro. villa.
Foram ainda encontrados muitos fregamentos de Bibliografia – Viana 1947, 12-14; Alarcão 1988b,
cerâmica e de vidros. 198 (8/148).
Bibliografia – Fabião et alii 1998.
N.º 024
N.º 020 Distrito – Beja
Distrito – Beja Concelho – Beja
Concelho – Almodôvar Freguesia – Beja (S. Maria da Feira)
Freguesia – Santa Clara-a-Nova Lugar – Caeiro
Lugar – Horta dos Mouros Leite de Vasconcellos (1918b) noticia o aparecimento
Nesta localidade apareceu uma sepultura contendo de uma necrópole associada a outros vestígios da
várias peças de terra sigillata. época romana. Apenas refere o aparecimento de
Bibliografia – Viana et al. 1957, 467-468; Alarcão fragmentos de tegulae na superfície da terra.
1988b, 203 (8/235). Bibliografia – Vasconcellos 1918b, 107; Alarcão
1988b, 194 (8/99).
N.º 021
Distrito – Beja N.º 025
Concelho – Almodôvar Distrito – Beja
102
Necrópoles Romanas do Território Português

Concelho – Beja estudado por J. Alarcão (1978, 103, 106) que


Freguesia – Beja (S. Maria da Feira) manifesta dúvidas sobre a sua origem. Foi publicado
Lugar – Igreja de N. Senhora do Pé da Cruz por J. L. Vasconcellos entre os achados de Cortes
Leite de Vasconcellos noticia o aparecimento de mas aparece no Museu Nacional de Arqueologia
sepulturas de inumação, cobertas com tijolos ou como proveniente de Beringel, no mesmo concelho
tegulae, adoptando a forma de um telhado com duas (Alarcão 1978, 103).
águas. Não sabemos se estamos perante sepulturas Bibliografia – Vasconcellos 1909, 57; Alarcão 1978,
romanas. A notícia de Leite de Vasconcellos cita um 103 e 111; Alarcão 1988b, 193 (8/83).
jornal regional que não menciona outros pormenores.
Adianta, no entanto, que outras sepulturas tinham N.º 029
aparecido em espaço contíguo. Distrito – Beja
Bibliografia – Vasconcellos 1895b, 175. Concelho – Beja
Freguesia – Mombeja
N.º 026 Lugar – Mombeja
Distrito – Beja Marvão descreve a descoberta de vestígios da época
Concelho – Beja romana, nomeadamente de uma galeria. A notícia da
Freguesia – Beja (S. Maria da Feira) descoberta não é muito explícita quanto à natureza
Lugar – Rua da Estação dos vestígios (Marvão 1966). Refere, de uma forma
Na sequência de obras de acesso à estação de algo vaga, a descoberta de «pedras com inscrições,
caminho de ferro, realizadas no início do século XX, possivelmente tumulares, ou aras, moedas e ossadas»
apareceram sepulturas de inumação. B. Sá descreve (Marvão 1966, 578). É com base nesta afirmação que
uma sepultura com caixa constituída por lajes de se adianta a possibilidade de se estar perante uma
mármore e cobertas com uma laje do mesmo material necrópole.
e tegulae, formando uma espécie de telhado de duas Bibliografia – Marvão 1966; Alarcão 1988b, 195
águas. Aquela área teria outras sepulturas que teriam (8/129).
sido destruídas pelos trabalhos efectuados. B. Sá
também dá conta de informações orais que N.º 030
descrevem o aparecimento de recipientes cerâmicos Distrito – Beja
contendo cinzas e ossos calcinados. Poderiam ser Concelho – Beja
sepulturas de incineração. Freguesia – Quintos
Deste local foram retirados os seguintes objectos: Lugar – Gravia
uma arma de ferro com lâmina triangular, um Num inventário dos tipos de tijolos, telhas e outros
fragmento de inscrição gravada em placa de materiais cerâmicos da época romana, Abel Viana faz
mármore, um unguentário de vidro e um recipiente duas referências a tijolos procedentes de sepulturas
cerâmico. que apareceram no lugar de Gravia em Quintos. Estas
Bibliografia – Vasconcellos 1905; Sá 1905; sepulturas deviam pertencer a uma necrópole.
Vasconcellos 1913, 378-379. Bibliografia – Viana 1958, 3-5; Alarcão 1988b, 199,
(8/167).
N.º 027
Distrito – Beja N.º 031
Concelho – Beja Distrito – Beja
Freguesia – Beja (Santiago Maior) Concelho – Beja
Lugar – Penedo Gordo Freguesia – Salvada
Neste local apareceram, em 1953, sepulturas que Lugar – Salvada
continham recipientes cerâmicos e moedas. Algum J. Alarcão refere uma notícia aparecida em jornal
deste mobiliário funerário entrou no Museu de Beja local do século XIX (O Bejense de 6-7-1889) que
mas a maior parte dispersou-se dado que as descreve o aparecimento de uma necrópole.
descobertas foram casuais e nunca deram lugar a Bibliografia – Alarcão 1988b, 200 (8/191).
escavações arqueológicas.
Bibliografia – Viana 1954, 19; Alarcão 1988b, 196 N.º 032
(8/138). Distrito – Beja
Concelho – Beja
N.º 028 Freguesia – Santa Clara de Louredo
Distrito – Beja Lugar – Vale de Aguilhão
Concelho – Beja Junto a uma importante villa apareceram sepulturas.
Freguesia – Mombeja Abel Viana fez duas referências a este sítio
Lugar – Cortes arqueológico mas apenas refere a existência de
Nesta localidade apareceu uma sepultura de importantes vestígios da época romana e o
inumação contendo um unguentário. A sepultura aparecimento de lápides sepulcrais e de sepulturas.
tinha as paredes e a cobertura feita de tijolos. O fundo Não apresenta qualquer descrição das sepulturas.
não tinha revestimento. No interior da sepultura Bibliografia – Viana 1947, 12; Viana 1958, 16-20;
foram encontrados ossos humanos. O unguentário foi Alarcão 1988b, 198 (8/151).
103
Necrópoles Romanas do Território Português

aparecimento de três sepulturas. Uma das sepulturas


N.º 033 tinha as paredes constituídas por pedras de diferentes
Distrito – Beja tamanhos e tijolos. O fundo estava constituído por
Concelho – Beja fragmentos de diferente material de construção e
Freguesia – Santa Vitória grandes recipientes. A cobertura, por sua vez, era
Lugar – Santa Vitória formada por lajes irregulares e partes de tegulae e
Junto de vestígios de um habitat romano apareceu tijolos. Para Abel Viana era uma sepultura romana de
uma necrópole. Esta ocupava uma área extensa. A. inumação de época tardia.
Viana e F. Ribeiro não apresentam descrições destes Bibliografia – Viana 1954, 17; Viana 1958, 4-5;
vestígios. Amaro 1982, 33-34; Alarcão 1988b, 190 (8/5).
Bibliografia – Viana – Ribeiro 1956, 141-142;
Alarcão 1988b, 195 (8/130). N.º 038
Distrito – Beja
N.º 034 Concelho – Ferreira do Alentejo
Distrito – Beja Freguesia – Peroguarda
Concelho – Beja Lugar – Herdade da Zambujeira
Freguesia – São Brissos C. Amaro (1982, 33) refere a existência de uma ou
Lugar – Herdade do Álamo duas necrópoles. Num dos locais as sepulturas eram
J. Encarnação refere o aparecimento de uma inscrição feitas de tijolos. Também apareceu uma urna de
funerária que cobria uma sepultura. Este autor cita cerâmica comum. Nesta necrópole estará presente o
Frei Manuel do Cenáculo que descreve o ritual da incineração.
aparecimento de cerâmica romana, botões de vidro, Bibliografia – Amaro 1982, 33-34; IA 1982, 8;
carvões e ossos. O aparecimento de carvões poderá Alarcão 1988b, 193 (8/79).
indicar uma sepultura de incineração. J. Encarnação
datou a inscrição dos inícios do século I. N.º 039
Bibliografia – Encarnação 1984, 373-374 e 398; Distrito – Beja
Alarcão 1988b, 194 (8/89). Concelho – Ferreira do Alentejo
Freguesia – Peroguarda
N.º 035 Lugar – Peroguarda
Distrito – Beja Abel Viana refere o aparecimento de sepulturas e de
Concelho – Beja uma inscrição funerária. Apenas refere a descoberta
Freguesia – São Matias de «dezenas de lucernas» no interior das sepulturas.
Lugar – Herdade de Mesão Frio Não apresenta qualquer descrição das sepulturas.
J. Encarnação refere o aparecimento de uma Bibliografia – Viana 1955, 545; Encarnação 1984,
necrópole com pelo menos 19 sepulturas. Uma das 411; Alarcão 1988b, 193 (8/78).
sepulturas de inumação, com caixa de tijolo, estava
coberta com uma estela que apresentava uma N.º 040
inscrição funerária. Esta estela foi datada do século II Distrito – Beja
d.C. Concelho – Mértola
Bibliografia – Encarnação 1984, 368; Alarcão 1988b, Freguesia – Corte do Pinto
194 (8/92). Lugar – Mina de São Domingos
Junto de restos de habitações e colunas, apareceu
N.º 036 uma necrópole que devia ser utilizada pelos
Distrito – Beja habitantes deste local. J. Carvalho e O. Ferreira
Concelho – Castro Verde (1954) referem que as sepulturas eram constituídas
Freguesia – Santa Bárbara dos Padrões por lajes de xisto. Nesta necrópole foram encontrados
Lugar – Santa Bárbara dos Padrões vestígios de ossos, recipientes de vidro, tegulae,
Junto de um local onde abundam os vestígios tijolos e ânforas. Os autores referem a aparecimento
romanos, apareceram sepulturas. A notícia de Leite de ossos com vestígios de cremação (Carvalho –
de Vasconcellos diz que estas sepulturas estavam Ferreira 1954, 24) que indicam a utilização desta
estruturadas com tijolos. Não são referidos quaisquer prática funerária nesta necrópole. O aparecimento de
elementos sobre a prática funerária utilizada. tegulae e tijolos no espaço da necrópole poderá ser
Bibliografia – Vasconcellos 1933b, 231; Alarcão indicador da sua utilização como revestimento nas
1988b, 201 (8/217). sepulturas. No entanto, os autores nunca chegam a
avançar essa hipótese. Não é apresentada qualquer
N.º 037 cronologia para a utilização deste espaço.
Distrito – Beja Bibliografia – Carvalho – Ferreira 1954, 23-24;
Concelho – Ferreira do Alentejo Alarcão 1988b, 200-201 (8/214).
Freguesia – Odivelas
Lugar – Herdade do Monte do Outeiro N.º 041
Junto de vestígios da época romana apareceu uma Distrito – Beja
necrópole. Abel Viana (1954, 17) refere o Concelho – Mértola
104
Necrópoles Romanas do Território Português

Freguesia – Mértola bairro (Lima 1988, 68). Também apareceram moedas


Lugar – Rossio do Carmo mas não refere se estavam relacionadas com as
Esta necrópole está situda na zona interior da sepulturas. Não apresenta qualquer descrição das
muralha. Está situada junto da via romana que ligava sepulturas nem das práticas funerárias utilizadas.
Myrtilis a Pax Iulia. Leite de Vasconcellos refere o Jorge Alarcão (1990a, 35) considera que estes
aparecimento de sepulturas tardo-romanas e vestígios funerários já estariam longe da área urbana
medievais neste local. S. Macias considera que este de Moura e deviam estar relacionados com villae ou
espaço deve ter sido utilizado desde o século I até ao casais periféricos.
século V. Este autor considera que este espaço Bibliografia – Lima 1981, 24 e 401; Alarcão 1988b,
funerário está situado fora do espaço urbano de 192 (8/59); Lima 1988, 68; Alarcão 1990a, 35.
Myrtilis. Num espaço contíguo foi construída a
basílica paleocristã e um grande cemitério N.º 044
paleocristão. Distrito – Beja
Bibliografia – Vasconcellos 1899-1900, 240 e 242; Concelho – Moura
Lopes – Boiça 1993, 25; Macias 1993, 54-56. Freguesia – Moura
Lugar – Bairro das Sete Casas
N.º 042 Fragoso de Lima faz uma referência ao aparecimento
Distrito – Beja de vestígios funerários nesta área, nomeadamente
Concelho – Mértola sepulturas e mobiliário funerário. Jorge Alarcão
Freguesia – Mértola (1990, 33) atribui uma cronologia alto – imperial para
Lugar – Achada de São Sebastião este material: século I – III d.C. Estaria situada junto
Junto de vestígios de um habitat, provavelmente uma da via romana que ligaria a Pax Iulia.
villa, apareceu uma necrópole. Está alguma distância Bibliografia – Lima 1981, 24, 402-403; Alarcão
de Mértola, na margem do rio, junto da variante da 1988b, 192 (8/59); Alarcão 1990a, 33.
estrada que ligava Myrtilis a Pax Iulia. A primeira
notícia sobre esta necrópole é da responsabilidade de N.º 045
Estácio da Veiga. Este investigador fala em dezassete Distrito – Beja
sepulturas que apareceram em consequência das Concelho – Moura
grandes inundações de 1876. Refere ainda o Freguesia – Moura
aparecimento de sepulturas cobertas com lajes de Lugar – Matadouro
mármore e covas circulares contendo uma urna Fragoso de Lima (1988, 69) refere o aparecimento de
cinerária. Refere também o aparecimento de uma vária sepulturas. Jorge Alarcão (1990a, 34) duvida da
sepultura contendo apenas uma urna cinerária e a localização destes vestígios, por estar junto de
utilização de um fundo de ânfora como depósito de vestígios de um grande edifício público ou vivenda.
cinzas. Não são apresentadas descrições das sepulturas, do
Em 1991 e 1992 foi submetida a escavações, A mobiliário funerário nem das práticas funerárias.
equipa do Campo Arqueologico de Mértola detectou Bibliografia – Lima 1981, 23-24 e 403; Alarcão
cento e oitenta e três sepulturas de inumação de 1988b, 192 (8/59); Lima 1988, 69; Alarcão 1990a,
diversas tipologias. Estas sepulturas tinham 34.
orientação Noroeste – Sudeste e não apresentavam
mobiliário funerário abundante. Este era constituído N.º 046
por alguns fragmentos de cerâmica comum, um pote Distrito – Beja
de cerâmica comum, fragmentos de ânforas e um Concelho – Moura
pequeno fragmento de terra sigillata. Também Freguesia – Moura
apareceram pregos de ferro e de bronze. Lugar – São Sebastião
Os investigadores responsáveis propõem uma Estaria situado junto da via de ligação a Pax Iulia e
cronologia entre os séculos I e III d.C., que se poderia constituiria com os vestígios do Bairro das Sete Casas
estender ao século seguinte. Com base nestes dados uma vasta necrópole. Não são apresentadas
podemos adiantar a existência de enterramentos de descrições das sepulturas, do mobiliário funerário
incineração e inumação. O seu período de utilzação nem das práticas funerárias.
deve abranger todo o período que vai desde o século I Bibliografia – Lima 1981, 24, 402-403; Alarcão
d. C. até ao IV d.C. 1988b, 192 (8/59); Alarcão 1990a, 33.
Bibliografia – Veiga 1880, 22-23, 30-31 e 81;
Alarcão 1988b, 201 (8/221); Lopes – Boiça 1993. N.º 047
Distrito – Beja
N.º 043 Concelho – Moura
Distrito – Beja Freguesia – Moura
Concelho – Moura Lugar – Olival de Miguel Pinto
Freguesia – Moura Fragoso de Lima (1988, 67) refere o aparecimento no
Lugar – Bairro da Salúquia século XIX de uma sepultura de inumação contendo
Fragoso de Lima refere o aparecimento de sepulturas restos humanos, uma moeda e um recipiente de vidro.
neste local quando se procedeu à construção deste Jorge Alarcão (1990, 34-35) considera que se está
105
Necrópoles Romanas do Território Português

perante vestígios já situados no suburbium desta Bibliografia – Ribeiro 1966-1967, 382-385; Alarcão
cidade. 1988b, 179 (7/51).
Bibliografia – Lima 1988, 67; Alarcão 1990a, 35.
N.º 052
N.º 048 Distrito – Beja
Distrito – Beja Concelho – Ourique
Concelho – Moura Freguesia – Panóias
Freguesia – Santo Aleixo da Restauração Lugar – Panóias
Lugar – Safarejinho J. L. Vasconcellos menciona o aparecimento de uma
No século XVIII apareceram vestígios de um sepultura de incineração, constituída por um covacho
enterramento com 10 ou 11 recipientes de vidro e aberto no solo. Este autor datou a sepultura do século
alguns de cerâmica. Refere-se a existência de cinzas I d.C.
que poderão indicar a presença de uma incineração. Bibliografia – Vasconcellos 1913, 373.
Bibliografia – Alarcão 1988b, 195 (8/126); Alarcão
1990a, 37. N.º 053
Distrito – Beja
Concelho – Serpa
N.º 049 Freguesia – Pias
Distrito – Beja Lugar – Monte da Capela
Concelho – Moura Na Informação Arqueológica aparece uma referência
Freguesia – Sobral da Adiça muito vaga à existência neste local de uma necrópole
Lugar – Carapinhais romana. Não é apresentada qualquer descrição destes
M. Saa faz uma referência vaga ao aparecimento de vestígios.
sepulturas da época romana. Bibliografia – IA 1979, 16; Alarcão 1988b, 195
Bibliografia – Saa 1963, 306; Alarcão 1988b, 195 (8/109).
(8/121).
N.º 054
N.º 050 Distrito – Beja
Distrito – Beja Concelho – Serpa
Concelho – Odemira Freguesia – Vale de Vargo
Freguesia – Relíquias Lugar – Belmeque
Lugar – Relíquias M. Saa faz uma referência muito vaga ao
Neste local foram destruídas duas sepulturas. Do aparecimento de uma necrópole da época romana.
interior das sepulturas foram retirados fragmentos de Bibliografia – Saa 1963, 276; Alarcão 1988b, 195
ossos humanos, fragmentos de uma urna e de um (8/116).
recipiente de vidro. As sepulturas deviam ser de
incineração. N.º 055
Bibliografia – Viana – Ribeiro 1956, 140; Alarcão Distrito – Beja
1988b, 179 (7/41). Concelho – Vidigueira
Freguesia – Pedrógão
N.º 051 Lugar – Marmelar
Distrito – Beja Jorge Alarcão refere o aparecimento de sepulturas de
Concelho – Ourique inumação, estruturadas com pedras, tijolos e
Freguesia – Ourique mármores. A falta de elementos impede a datação
Lugar – Monte Coito desta necrópole, que poderá ser alto medieval.
F. Ribeiro (1966-1967) descreve o aparecimento de Bibliografia – Alarcão 1988b, 191 (8/31).
quatro sepulturas estruturadas com xisto. Uma delas
já estava destruída por uma estrada. Duas destas N.º 056
sepulturas apresentavam as paredes formadas com Distrito – Beja
lajes de xisto colocadas horizontalmente. O fundo Concelho – Vidigueira
aparentemente não possuía revestimento e a cobertura Freguesia – Pedrógão
devia ser feita com lajes de xisto. O espólio funerário Lugar – Monte da Casa Branca
era pobre, constituído por fragmentos de cerâmica Aparecimento de uma necrópole de inumação cujas
comum. A sepultura 3 apresentava um «phalus de sepulturas continham um recipiente cerâmico à
barro» (Ribeiro 1966-1967, 384). Por sua vez, a cabeceira. Jorge Alarcão refere que, perante estes
sepultura 2 continha fragmentos de osso e possíveis dados, é impossível determinar a cronologia da
restos de carvão (Ribeiro 1966-1967, 383). O autor mesma: tanto poderá ser tardo-romana como alto
considera as sepulturas de cronologia romana devido medieval.
às formas da cerâmica e às técnicas de construção Bibliografia – Alarcão 1988b, 191-192 (8/36).
utilizadas (Ribeiro 1966-1967, 385). Não apresenta
cronologia de utilização das sepulturas nem N.º 057
estabelece a prática funerária utilizada. Distrito – Beja
106
Necrópoles Romanas do Território Português

Concelho – Vidigueira apresentamos para a zona da Vidigueira. Trata-se de


Freguesia – Pedrógão uma necrópole de inumação com sepulturas feitas de
Lugar – Monte da Ordem pedra ou tijolo, com mármore a cobri-las. A possível
Jorge Alarcão refere o aparecimento, em dois pontos existência de elementos visigóticos leva o autor
distintos desta localidade, de vestígios de acima referido a colocar a hipótese de se estar perante
enterramentos. No primeiro local apareceram lajes de uma necrópole de cronologia visigótica. De qualquer
xisto que, segundo o autor, poderão tratar-se de das formas, sem outros elementos é impossível
tampas de sepulturas. Num outro local apareceram precisar a cronologia destes enterramentos.
diversos vestígios que poderão resultar da destruição Bibliografia – Alarcão 1988b, 191 (8/32).
de sepulturas: lajes de xisto, tijolos e fragmentos de
cerâmica comum. Não refere a prática funerária
utilizada nem a cronologia dos enterramentos.
Bibliografia – Alarcão 1988b, 191 (8/34).
Braga

N.º 058 N.º 062


Distrito – Beja Distrito – Braga
Concelho – Vidigueira Concelho – Barcelos
Freguesia – Pedrógão Freguesia – Abade de Neiva
Lugar – Monte do Peso Lugar – Queijeiros
Outra área de enterramentos de inumação cuja Brochado de Almeida refere o aparecimento de uma
cronologia é bastante duvidosa. Durante a destruição sepultura situada junto de um povoado tardo-romano.
das sepulturas ter-se-á verificado que cada uma tinha Esta sepultura tinha o fundo coberto com tijoleira.
um recipiente cerâmica à cabeceira. Sem outros Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. III, 38-39 (nº
dados, Jorge Alarcão refere que tanto poderemos 4).
estar perante sepulturas tardo-romanas como
visigóticas. N.º 063
Bibliografia – Alarcão 1988b, 192 (8/37). Distrito – Braga
Concelho – Barcelos
N.º 059 Freguesia – Areias de Vilar
Distrito – Beja Lugar – Madalena
Concelho – Vidigueira Enterramento referido no levantamento arqueológico
Freguesia – Pedrógão de Brochado de Almeida que recupera notícia de
Lugar – São Lourenço 1909 de A. Bellino. Seria uma sepultura com o fundo
Nesta necrópole repete-se a situação descrita na ficha de tijolos, a caixa era constituída por pedra e a
anterior: destruição de sepulturas de inumação que cobertura de lajes do mesmo material. Continha,
continham um recipiente cerâmico. Sem outros dados como material votivo, três recipientes cerâmicos.
estamos perante o mesmo problema cronológico Brochado de Almeida insere-a no período tardo-
referido para a necrópole anterior: tardo-romana ou romano.
visigótica? Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. III, 218 (n.º
Bibliografia – Alarcão 1988b, 194-195 (8/102). 7).
N.º 060 N.º 064
Distrito – Beja Distrito – Braga
Concelho – Vidigueira Concelho – Barcelos
Freguesia – Selmes Freguesia – Balugães
Lugar – Alcaria Lugar – Quinta da Giesta / Laje
Apareceram sepulturas de inumação estruturadas com Junto de um habitat da época romana, apareceu um
pedras e «cobertas com tijolos em falsa cúpula». Tal enterramento da época romana. A sepultura de
como nos casos anteriores, cada sepultura teria um inumação tinha uma secção triangular e estava
recipiente cerâmico junto à cabeceira. Estes vestígios, estruturada com tegulae e imbrices. Brochado de
tal como já foi referido para vários enterramentos, Almeida considera-a do período tardo-romano.
são de difícil datação e poderão tratar-se de vestígios Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. III, 57-58
tardo-romanos ou de vestígios já visigóticos. (n.º 17).
Bibliografia – Alarcão 1988b, 191 (8/27).
N.º 065
N.º 061 Distrito – Braga
Distrito – Beja Concelho – Barcelos
Concelho – Vidigueira Freguesia – Carapeços
Freguesia – Selmes Lugar – Caride
Lugar – Monte do Zangarilho T. da Fonseca assinalou, neste local, o aparecimento
Na sua obra Roman Portugal, Jorge Alarcão refere a de uma necrópole da época romana. Brochado de
destruição de uma necrópole similar a algumas que já
107
Necrópoles Romanas do Território Português

Almeida menciona-a no seu inventário das estações Bibliografia – Martins 1990, 78 (n.º 48); Almeida,
arqueológicas do concelho de Barcelos mas não a CAB 1996, vol. III, 258-264 (n.º 45).
detectou.
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. III, 77-78 Nº 070
(n.º 23). Distrito – Braga
Concelho – Barcelos
N.º 066 Freguesia – Quintiães
Distrito – Braga Lugar – Santa Marinha
Concelho – Barcelos Neste local apareceram vestígios funerários de
Freguesia –Faria cronologia muito incerta. A descoberta da sepultura
Lugar – Assento foi noticiada por T. da Fonseca. Brochado de
As informações sobre esta necrópole provêm de T. da Almeida não encontrou vestígios de enterramentos.
Fonseca (1948) que descreve o aparecimento, em Bibliografia – Fonseca 1948, 347; Almeida, CAB
volta da igreja de Faria, de sepulturas estruturadas 1996, vol. III, 118-120 (n.º 55).
com tijolos (tegulae?) e, acompanhando estes
achados, vasos, pratos e bilhas, objectos normalmente N.º 071
associados a sepulturas da época romana. Distrito – Braga
Bibliografia – Fonseca 1948, 160; Alarcão 1988b, 13 Concelho – Barcelos
(1/226); Martins 1990, 74-75 (n.º 34); Almeida, CAB Freguesia – Rio Covo (Santa Eulália)
1996, vol. III, 242-243 (n.º 34). Lugar – Quinta da Costa
Brochado de Almeida faz uma referência ao
N.º 067 aparecimento e destruição de caixas rectangulares
Distrito – Braga estruturadas com tijolos compridos. Poder-se-á tratar
Concelho – Barcelos de sepulturas da época romana.
Freguesia – Fornelos Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. III, 284 (n.º
Lugar – Agra da Vila; Boavista 59).
A presença de uma necrópole não está confirmada. O
aparecimento de tijolos, tegulae e restos de N.º 072
construções terá levado M. Martins (1990, 75) a Distrito – Braga
sugerir a existência de uma necrópole associada a um Concelho – Barcelos
habitat da época romana. Brochado de Almeida não Freguesia – Vila Cova
menciona a presença de enterramentos. No seu Lugar – Paço
inventário aparece referida a presença de fornos Junto de vestígios de uma villa romana apareceram
cerâmicos. Talvez a presença de abundantes vestígios duas sepulturas estruturadas com tegulae,
de material de construção tenha provocado uma má apresentando uma secção triangular.
interpretação dos vestígios arqueológicos por parte de Bibliografia – Fonseca 1948, 255-256; Almeida,
M. Martins. CAB 1996, vol. III, 145 (n.º 77).
Bibliografia – Fonseca 1948, 167; Martins 1990, 75
(n.º 37); Almeida, CAB 1996, vol. III, 246-247 (n.º N.º 073
34). Distrito – Braga
Concelho – Barcelos
N.º 068 Freguesia – Vila Cova
Distrito – Braga Lugar – São Salvador do Banho
Concelho – Barcelos Foram descobertas sepulturas estruturadas com
Freguesia – Góios tegulae e covachos cavados no solo. Não se sabe a
Lugar – Assento forma das sepulturas constituídas por tegulae. Do
A presença de enterramentos da época romana deve- interior destas sepulturas foi retirado material votivo
se a T. da Fonseca que refere o aparecimento de uma constituído por dois recipientes de cerâmica comum e
caixa de tijolo completamente fechada. uma anforeta de vidro. Estas peças são atribuídas ao
Bibliografia – Fonseca 1948, 199; Almeida, CAB período tardo-romano.
1996, vol. III, 249-250 (n.º 39). Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. III, 137-142
(n.º 75).
N.º 069
Distrito – Braga N.º 074
Concelho – Barcelos Distrito – Braga
Freguesia – Monte de Fralães / Chavão / Silveiros Concelho – Barcelos
Lugar – Monte da Saia Freguesia – Vila Frescaínha – S. Martinho
M. Martins e Brochado de Almeida mencionam o Lugar – Igreja Velha
aparecimento de uma sepultura estruturada com M. Martins refere a existência de tegulae nesta área.
tegulae, adoptando a forma de um telhado de duas A autora coloca a hipótese de se estar perante uma
águas. A sepultura está reconstituída no Museu Pio necrópole. Esta suposição deve basear-se apenas no
XII, em Braga. aparecimento de tegulae, material de construção
108
Necrópoles Romanas do Território Português

bastante utilizado na estruturação de sepulturas da inicia no primeiro século da nossa era e prolonga-se
época romana. Brochado de Almeida é da mesma até ao princípio do século IV. Aquelas autoras
opinião, referindo no entanto que não está (Martins-Delgado 1989-90, 84-85) definiram quatro
comprovada a época dos enterramentos. Segundo este fases de utilização. As primeiras três fases, que
autor poderão ser alto – medievais. revelaram apenas incinerações, prolongam-se até ao
Bibliografia – Martins 1990, 78 (n.º 44); Almeida, final do século III. A quarta fase estaria ligada à
CAB 1996, vol. III, 135-136 (n.º 72). inumação e da qual apenas é conhecida uma sepultura
(Martins-Delgado 1989-90, 84). Nesta necrópole
N.º 075 foram encontradas vários tipos de sepulturas: covas
Distrito – Braga com cinzas, incinerações em cova aberta no solo e
Concelho – Barcelos inumações em cova aberta no solo. Apareceu também
Freguesia – Ucha uma sepultura em cova com ânfora, possivelmente
Lugar – São Romão da Ucha uma incineração (Martins-Delgado 1989-90, 86).
A classificação deste achado como necrópole deve-se O mobiliário funerário é relativamente pobre. É
ao aparecimento de restos de cerâmica, tijolos e constituído por cerâmica comum, vidros, lucernas e
tegulae da época romana. Também não se conhece o moedas do século III d.C.
local exacto onde apareceram estes vestígios. Bibliografia – Martins – Delgado 1989-90, 49-87.
Brochado de Almeida descreve vestígios da época
romana mas não refere a presença de vestígios de
enterramentos. N.º 079
Bibliografia – Fonseca 1948, 397; Martins 1990, 79 Distrito – Braga
(n.º 50); Almeida, CAB 1996, vol. III, 128-129 (n.º Concelho – Braga
66). Freguesia – São João do Souto
Lugar – Campo da Vinha
N.º 076 As sepulturas foram descobertas no ponto de
Distrito – Braga encontro entre a Rua Alferes Ferreira com a Praça
Concelho – Braga Conde Agrolongo. Não se consegue definir com
Freguesia – Dume exactidão a área desta necrópole que poderia ser
Lugar – Carquemije muito vasta dado o afastamento entre os vestígios
Numa escavação de emergência, efectuada em 1982, acima referidos e o limite norte da cidade que andaria
apareceram três sepulturas estruturadas com pedras e junto da Sé Catedral de Braga. Estaria situada junto
sem qualquer espólio. da Via XIX que ligaria Bracara Augusta a Lucus
Bibliografia – Martins 1990, 83 (n.º 57). Augusta por Limia.
Os vestígios resumem-se a seis sepulturas
N.º 077 descobertas em 1953 e quatro inscrições que provêm
Distrito – Braga desta área. As sepulturas eram rectangulares e
Concelho – Braga apresentavam uma orientação NE – SO. Duas eram
Freguesia – Gualtar formadas por uma caixa de tijoleira e as outras quatro
Lugar – Igreja eram formadas por lajes de granito cobertas com
Junto da igreja de Gualtar apareceram, no início do tampas do mesmo material. A base era formada por
século XX, grande quantidade de fragmentos de tijolos. Uma das sepulturas de caixa de tijoleira
tijolos e tegulae. As duas lápides funerárias existentes continha ossos e cal. Talvez seja uma sepultura de
na igreja levaram M. Martins (1990, 84) a classificar inumação.
o sítio como necrópole associada a um habitat. M. Martins e M. Delgado (1989-1990, 158) propõem
Bibliografia – Martins 1990, 84 (n.º 61). uma cronologia que vai da segunda metade do século
I até ao século III d.C. No entanto, não deixam de
N.º 078 apresentar estas datas com muitas reservas dado que
Distrito – Braga não existem vestígios em quantidade e qualidade que
Concelho – Braga permitam estabelecer uma cronologia fiável desta
Freguesia – Maximinos necrópole.
Lugar – Maximinos Bibliografia – Martins – Delgado 1989-90, 155 e 158.
Esta necrópole estava situada na zona Oeste da
cidade romana. As obras de urbanização levaram à N.º 080
descoberta de 44 sepulturas que foram analisadas por Distrito – Braga
M. Martins e M. Delgado (1989-90), na sua obra Concelho – Braga
sobre as necrópoles de Bracara Augusta. A maior Freguesia – São João do Souto
parte dos descobrimentos foram fruto de escavações Lugar – Campo da Vinha (Via Nova / Via XVIII)
de emergência a partir dos anos 70. No entanto, os Esta necrópole foi descoberta na sequência de
primeiros vestígios são bastante anteriores. Nesta trabalhos de salvamento realizados em 1994 e 1995.
necrópole foram encontrados vestígios de inumações Ainda não foram publicados os materiais retirados
e incinerações. Os vestígios funerários encontrados deste local. As sepulturas de incineração foram
até à data revelaram um período de utilização que se descobertas numa área a NE do Campo da Vinha.
109
Necrópoles Romanas do Território Português

Uma das sepulturas constituía uma pequena caixa Lugar – Largo de Senhora-a-Branca
formada por tegulae. No seu interior tinha uma Leite de Vasconcellos menciona o aparecimento,
lucerna de cerâmica vidrada. Esta necrópole poderia junto da igreja da Senhora-a-Branca, de sepulturas
estar situada junto da saída da Via XVIII, estruturadas com placas de mármore. Não se sabe se
constituindo um núcleo sepulcral independente. Não seriam romanas ou visigóticas.
podemos, no entanto, rejeitar a hipótese de fazer parte Bibliografia – Vasconcellos 1918c, 360; Martins-
da grande necrópole situada a norte da cidade, cujo Delgado 1989-1990, 89.
núcleo principal estaria junto do Campo da Vinha.
Bibliografia – Informação retirada do site Geira. N.º 084
Distrito – Braga
N.º 081 Concelho – Esposende
Distrito – Braga Freguesia – Esposende
Concelho – Braga Lugar – Rua 1º de Dezembro
Freguesia – São José São Lázaro No século XIX apareceram algumas sepulturas
Lugar – Avenida da Liberdade / Rua do Raio contendo recipientes cerâmicos (Almeida, CAB
(Necrópole da Via XVII) 1996, IV, 27). Brochado de Almeida considera que a
Esta necrópole está situada no suburbium oriental da descrição do espólio funerário não permite o
cidade, junto da via que liga Bracara Augusta a estabelecimento de uma cronologia para estes
Aquae Flaviae. Espalhava-se por uma área muito achados.
extensa dado que foram encontrados vestígios de Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. IV, 27-28
enterramentos no Largo Carlos Amarante, no edifício (n.º 14).
dos CTT, na Rua do Raio, na Avenida da Liberdade e
na Cangosta da Palha. N.º 085
Nesta necrópole foram descobertas algumas Distrito – Braga
sepulturas de incineração e dezenas de inumações. A Concelho – Esposende
cronologia abrange um período muito longo que vai Freguesia – Fão
desde a segunda metade do século I até ao século IV Lugar – Cordas / Barreira
(Martins – Delgado 1989-1990, 146). O mobiliário Obras de construção civil destruíram sepulturas de
funerário é rico numa das incinerações da segunda inumação. Estas eram totalmente construídas com
metade do século II e pobre ou mesmo inexistente tegulae. Uma das sepulturas tinha um formato
nas inumações. rectangular e era constituída por pedaços de tegulae.
As sepulturas apresentavam uma gama variada de Brochado de Almeida (1996, IV, 28) pensa que se
formas que vão desde sepulturas em cova sem tratava de uma sepultura infantil, provavelmente de
revestimento até a sepulturas revestidas com material um recém-nascido. Não se conhece o número de
de construção e cobertura que adoptam várias formas. enterramentos surgidos nesta necrópole bem como a
Bibliografia – Delgado 1984; Martins – Delgado cronologia da mesma.
1989-90, 88-147. Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. IV, 28-29
(n.º 15).
N.º 082
Distrito – Braga N.º 086
Concelho – Braga Distrito – Braga
Freguesia – São José São Lázaro Concelho – Esposende
Lugar – Rodovia Freguesia – Fonte Boa
Este espaço funerário estava situado na zona sul da Lugar – Outeiro dos Picoutos
cidade romana, provavelmente junto da via que Neste local apareceu uma sepultura que continha
ligava Bracara Augusta a Emerita Augusta. Foi recipientes cerâmicos e moedas. Uma das moedas era
utilizada entre os séculos I / II e o século III d.C. de Maxêncio. Estamos, portanto, perante uma
Nesta necrópole foram descobertas sepulturas de sepultura do final do século III, inícios do século IV
incineração e inumação. Foram encontrados vestígios d.C.
de incinerações em cova, uma incineração com Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. IV, 29-30
ânfora, uma sepultura aberta no solo natural, e (n.º 16).
sepulturas construídas com tijoleiras, tijolos e
tegulae. N.º 087
Desta sepulturas foi retirado algum mobiliário Distrito – Braga
funerário, constituído por recipientes de cerâmica Concelho – Esposende
comum romana. Freguesia – Vila Chã
Bibliografia – Martins – Delgado 1989-90, 148-155. Lugar – Covelos
Neste local apareceu uma necrópole tardo-romana.
N.º 083 As sepulturas eram feitas com tijoleira, adoptando um
Distrito – Braga possível formato rectangular. Foi destruída quando se
Concelho – Braga procedeu à plantação de uma vinha.
Freguesia – São Vítor
110
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Almeida, CAB 1985, 41-42; Alarcão


1988b, 9 (1/72); Almeida, CAB 1996, vol. IV, 41-46 N.º 092
(n.º 31). Distrito – Braga
Concelho – Guimarães
N.º 088 Freguesia – Moreira de Cónegos
Distrito – Braga Lugar – Moure
Concelho – Guimarães Necrópole descoberta no século XIX durante as obras
Freguesia – Abação de abertura de uma estrada. Martins Sarmento
Lugar – Alegria, Devesa Escura noticiou a descoberta e apresentou alguns dados
Durante os trabalhos de abertura de uma estrada foi sobre a mesma. As sepulturas foram abertas na rocha
encontrada uma sepultura que teria as paredes laterais base e não tinham qualquer material de construção na
revestidas com pedras. A cobertura seria, sua estrutura. Tinham cerca de 1,80 m de
provavelmente, do mesmo material. Esta sepultura comprimento e 0,75 m de largura. Apareceram
continha vários recipientes cerâmicos. L. Pina (1930, pregos que o célebre arqueólogo interpretou como
106) considera que estamos perante uma sepultura de vestígios de caixões de madeira. Embora não
incineração. A dada altura L. Pina menciona a apresente dados concretos individualizados para cada
descoberta de uma «talha, como chamaram ao vaso sepultura descoberta, refere a existência em cada
maior coberto com alguidar invertido. Tratar-se-ia sepultura de «três vasilhas, dispostas em grupo»
dum dólio funerário» (1939, 102). O facto de ter (Sarmento 1999, 350). Pela descrição, parece-nos que
interpretado este recipiente cerâmico como uma urna estamos perante uma necrópole de inumação do
levou-o a considerar uma sepultura de incineração. Baixo Império.
Faz também um paralelismo com as sepulturas de Bibliografia – Alarcão 1988b, 17, 1/314; Sarmento
incineração da região de Amarante (Pina 1930, 106). 1999, 81 (350-351).
Bibliografia – Pina 1930, 96-107; Alarcão 1988b, 18
(1/320). N.º 093
Distrito – Braga
N.º 089 Concelho – Guimarães
Distrito – Braga Freguesia – Pinheiro
Concelho – Guimarães Lugar – Pinheiro
Freguesia – Abação Martins Sarmento faz uma pequena menção à
Lugar – Campo do Cruito descoberta de uma pia de pedra, cheia de cinza e
Neste local apareceu uma sepultura de inumação. carvão que, segundo este autor, seria uma urna
Martins Sarmento menciona uma sepultura de tijolo cinerária.
contendo um esqueleto. Apareceram ainda outros Bibliografia – Sarmento 1933, 216; Alarcão 1988b,
vestígios da época romana cuja localização não é 17 (1/307).
fácil de definir.
Bibliografia – Sarmento 1933, 217; Sarmento 1970, N.º 094
37; Cardozo 1972, 108; Alarcão 1988b, 18 (1/321). Distrito – Braga
Concelho – Guimarães
N.º 090 Freguesia – Souto (Santa Maria)
Distrito – Braga Lugar – Santa Maria de Souto
Concelho – Guimarães Neste local apareceu uma necrópole com cerâmica
Freguesia – Aldão pintada. Os recipientes retirados deste local
Lugar – Aldão encontram-se no Museu da Sociedade Martins
No Museu Martins Sarmento existem alguns Sarmento.
recipientes de cerâmica que, para Jorge Alarcão, Bibliografia – Guimarães 1978, 413; Alarcão 1988b,
provêm de uma necrópole situada nesta freguesia. 15 (1/248).
Bibliografia – Alarcão 1988b, 15 (1/267).
N.º 095
N.º 091 Distrito – Braga
Distrito – Braga Concelho – Guimarães
Concelho – Guimarães Freguesia – Souto (São Salvador)
Freguesia – Longos Lugar – Quinta do Reguengo
Lugar – Casa da Bóca Em local onde apareceram vestígios que poderão
No sopé do monte, junto deste local, apareceram pertencer a um habitat da época romana, Martins
sepulturas abertas no solo natural, contendo vários Sarmento faz uma referência ao aparecimento de uma
recipientes cerâmicos. M. Cardozo fala em cerâmica sepultura que estava estruturada com tegulae.
fina e cerâmica pintada. Estas oferendas funerárias Bibliografia – Sarmento 1933, 272; Alarcão 1988b,
recuperadas das sepulturas encontram-se no Museu 15 (1/249).
da Sociedade Martins Sarmento.
Bibliografia – Guimarães 1978, 409; Alarcão 1988b, N.º 096
15 (1/246); Cardozo 1994, 525. Distrito – Braga
111
Necrópoles Romanas do Território Português

Concelho – Póvoa de Lanhoso


Freguesia – Brunhais N.º 099
Lugar – Igreja Distrito – Braga
Esta necrópole foi publicada por Helena Carvalho Concelho – Vila Verde
(1991-92) que fez uma análise do material funerário Freguesia – Cabanelas
depositado no Museu Municipal da Póvoa de Lugar – Cabanelas, Veiga de Cabanelas
Lanhoso. A autora acima referida fez uma prospecção M. Martins (1990, 97) refere o aparecimento de
superficial do local e encontrou vestígios cerâmicos caixas de tegulae e cerâmica intacta, sinal evidente,
da época romana. A necrópole foi descoberta em segundo a autora, da existência de vestígios de
1978, na sequência de obras de construção civil que sepulturas da época romana. Não adianta a prática
destruíram a área funerária. Apenas foi recuperado funerária utilizada nem estabelece uma cronologia
um potinho de cerâmica comum. Não foi possível aproximada para estes vestígios.
determinar o ritual utilizado nem a cronologia de Bibliografia – Martins 1990, 97 (n.º 103).
utilização da necrópole. A autora, no entanto,
apresenta uma cronologia de utilização daquele tipo N.º 100
de peças que vai do século I ao III d.C. (Carvalho Distrito – Braga
1991-92, 167). Concelho – Vila Verde
Bibliografia – Carvalho 1991-92. Freguesia – Turiz
Lugar – Turiz
N.º 097 M. Martins (1990, 102) considera que se está perante
Distrito – Braga um habitat associado a uma necrópole, embora não
Concelho – Póvoa de Lanhoso refira os vestígios que a levaram a concluir pela
Freguesia – Garfe existência, neste local, de um espaço sepulcral.
Lugar – Salgueiros Bibliografia – Martins 1990, 102 (n.º 121).
Esta necrópole foi descoberta em 1968 em
consequência das obras realizadas na Escola Primária N.º 101
desta localidade. Esta descoberta foi noticiada em Distrito – Braga
jornal local que refere existência de várias sepulturas Concelho – Vizela
paralelas. Destas foram recuperados vasos cerâmicos Freguesia – Barrosas (Santa Eulália)
de fabrico local e regional, umas contas de colar Lugar – Rielho
(desaparecidas), uma taça de vidro e pregos. Não foi Martins Sarmento descreveu o aparecimento de uma
possível determinar o ritual utilizado nem a sepultura com uma estrutura de tijolo. Não apresenta
cronologia dos enterramentos. No entanto, o outras informações sobre a cronologia nem a prática
aparecimento de pregos poderá indicar a utilização do funerária.
ritual da inumação (Carvalho 1991-92, 166). Quanto Bibliografia – Sarmento 1884, 171; Pinto, J. M. 1995,
à cronologia a mesma autora propõe uma ocupação 278.
extensa, abrangendo todo o período entre os séculos I
e V d.C. (Carvalho 1991-92, 168). Esta datação não é N.º 102
muito precisa por não se conhecer a necrópole. Distrito – Braga
Bibliografia – Carvalho 1991-92. Concelho – Vizela
Freguesia – Barrosas (Santa Eulália)
N.º 098 Lugar – Senra
Distrito – Braga Martins Sarmento descreveu a descoberta, neste
Concelho – Vieira do Minho local, de uma necrópole com sepulturas delimitadas
Freguesia – Rossas por pequenas pedras e coberta com pedras de maiores
Lugar – São Pedro dimensões. As sepulturas, cujo ritual é desconhecido,
C. Teixeira (1943-44) descreve a descoberta de uma continham recipientes cerâmicos. Um recipiente
necrópole nesta localidade. Durante a abertura de cerâmico pintado foi datado da segunda metade do
uma estrada apareceram diversos recipientes de século IV.
cerâmica comum romana, um vaso de vidro e Bibliografia – Sarmento 1904 13; Abascal Palazon
fragmentos de cerâmica pintada provenientes de 1984, 183 e 258; Pinto, J. M. 1995, 278.
sepulturas. Apareceram também «fragmentos de
„cavilhas‟ de ferro muito oxidadas» (Teixeira 1943- N.º 103
44, 166). Estes vestígios poderão indicar a utilização Distrito – Braga
de caixões de madeira nas sepulturas. Perante estes Concelho – Vizela
dados e comparando a cerâmica com o mobiliário Freguesia – Vizela (São Paio)
proveniente de outras necrópoles do Noroeste, C. Lugar – Monte de São Paio
Teixeira (Teixeira 1943-44, 167) concluiu que Martins Sarmento descreveu a descoberta de seis
estamos perante uma necrópole de inumação do poços funerários redondos. Este célebre arqueólogo
século IV. refere que alguns deles têm «10 palmos de altura, e
Bibliografia – Teixeira 1943-44; Alarcão 1988b, 13 de diâmetro 1, 50 m». Não apresentavam qualquer
(1/219). elemento de revestimento e no interior apareceu terra
112
Necrópoles Romanas do Território Português

com carvão. Só foi retirado um grande recipiente vestígios de incineração e inumação. Também têm
cerâmico. A descrição poderá indicar a descoberta de aparecido moedas e lápides funerárias.
uma necrópole de incineração mas é estranha a Bibliografia – Marcos 1998, 40.
aparente falta de oferendas funerárias. As parcas
informações sobre estes vestígios arqueológicos não N.º 108
permitem a retirada de conclusões seguras sobre este Distrito – Bragança
local. Concelho – Miranda do Douro
Bibliografia – Sarmento 1904, 9. Freguesia – Malhadas
Lugar – Malhadas
D. Marcos situa neste local uma necrópole da época
Bragança romana, no entanto, não apresenta qualquer
informação sobre o aparecimento de enterramentos.
N.º 104 No local têm aparecido lápides funerárias, facto que
Distrito – Bragança levou aquele autor a classificá-lo como necrópole.
Concelho – Alfândega da Fé Bibliografia – Marcos 1998, 42.
Freguesia – Vilarelhos
Lugar – Castro dos Anúncios N.º 109
Neste local apareceram várias sepulturas que Distrito – Bragança
apresentam uma cronologia indeterminada. Algumas Concelho – Miranda do Douro
sepulturas estavam estruturadas com lajes colocadas Freguesia – Picote
de cutelo, revestimento também muito comum nas Lugar – Picote
sepulturas medievais. No local foi encontrada uma Neste local não têm aparecido vestígios de
inscrição funerário e J. Alarcão continua a situar enterramentos, no entanto, D. Marcos situa neste
neste local uma necrópole romana de inumação. local uma necrópole da época romana devido à
Bibliografia – Anselmo 1978; Santos Júnior 1980; descoberta de lápides funerárias.
Alarcão 1988b, 44 (2/106). Bibliografia – Marcos 1998, 47-48.

N.º 105 N.º 110


Distrito – Bragança Distrito – Bragança
Concelho – Bragança Concelho – Mirandela
Freguesia – Aveleda Freguesia – Avidagos
Lugar – Labuselo Lugar – Avidagos
F. M. Alves menciona a descoberta neste local de Em 1825 apareceu uma sepultura que estava
estelas funerárias e de vestígios de enterramentos. estuturada com tijolos que formavam as paredes
Foram encontrados fragmentos de ossos e fragmentos laterais. Os tijolos que formavam os cantos estavam
de cerâmica comum e fina («cerâmica saguntina»). presos com ferros. A tampa era formada por três
Bibliografia – Alves 1938a, 225-227; Alves 1948, tijolos ligados por ferros. No seu interior encontrava-
592-595; Alarcão 1988b, 40-41 (2/23). se a urna com cinzas e outro espólio funerário. Não é
possível determinar a cronologia deste enterramento.
N.º 106 Bibliografia – Vasconcellos 1902a, 11; Alarcão
Distrito – Bragança 1988b, 43 (2/78).
Concelho – Miranda do Douro
Freguesia – Atenor N.º 111
Lugar – Atenor Distrito – Bragança
D. Marcos situa neste local uma necrópole da época Concelho – Mogadouro
romana, no entanto, não refere o aparecimento de Freguesia – Angueira
qualquer vestígio de enterramentos. Menciona apenas Lugar – Angueira (Cocolha)
o aparecimento de lápides funerárias. D. Marcos menciona informações orais que dão conta
Bibliografia – Marcos 1998, 38. do aparecimento, neste local, de moedas e de uma
sepultura. Poderá tratar-se de uma sepultura da época
N.º 107 romana.
Distrito – Bragança Bibliografia – Marcos 1998, 81.
Concelho – Miranada do Douro
Freguesia – Duas Igrejas N.º 112
Lugar – Duas Igrejas Distrito – Bragança
D. Marcos menciona informações orais que Concelho – Mogadouro
descrevem o aparecimento, na década de 40 do Freguesia – Castro Vicente
século passado, de sepulturas e ossos. Também é Lugar – Vilar Seco
referido o aparecimento de um «dólio cheio de D. Marcos situa neste local uma necrópole da época
carvão». Poderá tratar-se de uma necrópole com romana. Dado que não apareceram vestígios de
enterramentos, esta classificação deve-se ao
aparecimento de uma lápide funerária.
113
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Marcos 1998, 60-61.


N.º 118
N.º 113 Distrito – Bragança
Distrito – Bragança Concelho – Vimioso
Concelho – Mogadouro Freguesia – Algoso
Freguesia – Penedo da Bemposta Lugar – Algoso (Capela de São Martinho)
Lugar – Algosinho Quando se procedia à plantação de uma vinha, foram
Neste local apareceram sepulturas contendo ossos destruídas três sepulturas. Estas tinham a caixa e a
humanos. Do mesmo local vieram duas lápides cobertura constituída por lajes. Não são referidos
funerárias. As sepulturas não são descritas nem é outros elementos sobre esta necrópole.
referida a sua cronologia. Bibliografia – Marcos 1998, 79.
Bibliografia – Marcos 1998, 67-68.
N.º 119
N.º 114 Distrito – Bragança
Distrito – Bragança Concelho – Vimioso
Concelho – Mogadouro Freguesia – Santulhão
Freguesia – Tó Lugar – São Mamede
Lugar – Tó (Crastros) D. Marcos menciona informações orais que referem o
D. Marcos situa neste local um povoado da época aparecimento de sepulturas. F. M Alves já tinha
romana. Na sua descrição dos vestígios faz uma noticiado o aparecimento no mesmo local de
referência ao aparecimento de ossos e cerâmica. sepulturas, moedas e uma lápide funerária. As
Poderão ser vestígios de enterramentos de inumação. sepulturas eram feitas de pequenas pedras e estavam
Bibliografia – Marcos 1998, 73. cobertas com lajes de mármore. Não são apresentadas
mais informações sobre estes vestígios.
N.º 115 Bibliografia – Alves 1934, 82-83; Neto 1975, 319;
Distrito – Bragança Alarcão 1988b, 42 (2/55); Marcos 1998, 85-86.
Concelho – Mogadouro
Freguesia – Vilarinho dos Galegos
Lugar – Vila dos Sinos
D. Marcos menciona o aparecimento de uma
Castelo Branco
necrópole, situada numa área a sul de um povoado
romano. Não faz qualquer descrição destes vestígios. N.º 120
Alguns destes são de época alto-medieval. Não Distrito – Castelo Branco
sabemos se a necrópole também não tem a mesma Concelho – Belmonte
cronologia. F. M. Alves mencionou o aparecimento Freguesia – Belmonte
neste lugar de louça com carvão. Sepulturas de Lugar – Belmonte?
incineração? Proença Júnior refere o aparecimento de uma
Bibliografia – Alves 1938, 289; Marcos 1998, 76, 94- necrópole da época romana.
95. Bibliografia – Proença Júnior 1910, 3; Alarcão
1988b, 68 (4/340).
N.º 116
Distrito – Bragança N.º 121
Concelho – Torre de Moncorvo Distrito – Castelo Branco
Freguesia – Adeganha Concelho – Castelo Branco
Lugar – Junqueira Freguesia – Castelo Branco
M. Hipólito menciona o aparecimento de sepulturas Lugar – Carvalhinho
constituídas por pedras de granito. Não são referidas Na Informação Arqueológica apareceu uma
outras informações sobre estes enterramentos. informação muita vaga sobre a existência, neste local,
Bibliografia – Hipólito 1960-1961, 40-41; Alarcão de uma necrópole da época romana.
1988b, 44 (2/108). Bibliografia – IA 1982, 14; Alarcão 1988b, 75
(4/474).
N.º 117
Distrito – Bragança N.º 122
Concelho – Vila Flor Distrito – Castelo Branco
Freguesia – Lodões Concelho – Castelo Branco
Lugar – Cabeço de São Pedro Freguesia – Escalos de Cima
Neste local apareceram lousas que serviriam de Lugar – Vale da Lagoa ou Vale de Alagoa
elementos de revestimento das sepulturas. No mesmo Neste local apareceram recipientes cerâmicos e
local foram encontradas lápides funerárias da época pregos, retirados de uma cova que continha cinzas.
romana. Não é conhecido o ritual praticado. Um dos recipientes seria de terra sigillata. Leite de
Bibliografia – Lopo 1911, 49-50; Alves 1938, 43; Vasconcellos refere-se a esta tigela como sendo de
Alarcão 1988b, 44 (2/101).
114
Necrópoles Romanas do Território Português

«barro arretino». Estamos provavelmente perante Concelho – Idanha-a-Nova


uma sepultura de incineração. Freguesia – Idanha-a-Nova
Bibliografia – Proença Júnior 1910, 6; Vasconcellos Lugar – Mortórios
1918a, 2-3; Alarcão 1988b, 74 (4/456). Proença Júnior faz uma referência ao aparecimento
de sepulturas da época romana.
N.º 123 Bibliografia – Proença Júnior 1910, 11; Alarcão
Distrito – Castelo Branco 1988b, 75 (4/464).
Concelho – Castelo Branco
Freguesia – Losa ou Escalos de Cima N.º 128
Lugar – Val Vaqueiro Distrito – Castelo Branco
Neste local apareceram duas sepulturas de Concelho – Idanha-a-Nova
incineração, sem qualquer revestimento. No interior Freguesia – Idanha-a-Velha
continham cinzas e várias oferendas funerárias: Lugar – Chão dos Lamegueiros
vários recipientes cerâmicos, dois recipientes de Esta necrópole é mencionada pela primeira vez por J.
vidro e um stilus de ferro. Leite de Vasconcellos Baptista (1998, 49-50). Provavelmente será a
atribuiu-lhes uma datação em torno do século I d.C. continuação da necrópole da Tapada da Eira. Aquele
Bibliografia – Vasconcellos 1918a, 2-4; Alarcão autor detectou vestígios de uma ou duas sepulturas. À
1988b, 74 (4/458). superfície aparecem materiais de construção
romanos, terra sigillata, pesos de tear e vidros.
Nº 124 Bibliografia – Baptista 1998, 49-50.
Distrito – Castelo Branco
Concelho – Castelo Branco Nº 129
Freguesia – Sarzedas Distrito – Castelo Branco
Lugar – Sarzedas Concelho – Idanha-a-Nova
Neste local foi descoberta uma sepultura estruturada Freguesia – Idanha-a-Velha
com tijolos. Lugar – Chãozinho do Espírito Santo
Bibliografia – Proença Júnior 1910, 14; Alarcão Segundo informações orais, recolhidas por J.
1988b, 75 (4/469). Baptista, esta necrópole teria sido escavada por
Fernando de Almeida, no entanto, não existem
N.º 125 informações sobre a mesma. No fundo de uma das
Distrito – Castelo Branco sepulturas teria aparecido uma moeda de prata.
Concelho – Fundão Bibliografia – Baptista 1998, 46.
Freguesia – Donas
Lugar – Santa Menina Nº 130
Neste local apareceu uma sepultura em cantaria, Distrito – Castelo Branco
dentro da qual estava depositado um caixão de Concelho – Idanha-a-Nova
chumbo que continha mobiliário funerário Freguesia – Idanha-a-Velha
constituído por dois unguentários de vidro, um anel, Lugar – Rua do Cabeço
um fio de ouro e moedas de cobre e prata. Não se Escavada em 1955 por Fernando de Almeida e Veiga
conhece a dimensão do caixão de chumbo. Leite de Ferreira. Foram postas a descoberto três sepulturas. O
Vasconcellos adianta um comprimento em torno de espólio era constituído por pregos em ferro, um jarro
um metro. de barro vermelho e um prato de barro preto da época
Bibliografia – Vasconcellos 1917, 336-338; Alarcão de Augusto. Desconhece-se o paradeiro deste espólio.
1988b, 71 (4/395). Bibliografia – Almeida – Ferreira 1957; Baptista
1998, 41-42.
N.º 126
Distrito – Castelo Branco Nº 131
Concelho – Idanha-a-Nova Distrito – Castelo Branco
Freguesia – Alcafozes Concelho – Idanha-a-Nova
Lugar – Granja de São Pedro Freguesia – Idanha-a-Velha
O. V. Ferreira faz uma referência muito breve a esta Lugar – Tapada da Eira
necrópole (1978, 234). Para este autor a necrópole é Esta necrópole foi escavada pela primeira vez por
da época romana devido ao material que encontra no Fernando de Almeida e Veiga Ferreira. Foram
solo. Neste artigo refere a abundância de tegulae, descobertas 35 sepulturas de inumação de vários
imbrices, tijolos e pedra afeiçoadas. Não se encontra tipos. Não foi retirado espólio das sepulturas. Estas
qualquer referência às práticas funerárias nem a uma sepulturas estavam estruturadas com tegulae, lateres
cronologia de utilização do local. ou pedras. Os autores da escavação não apresentam
Bibliografia – Ferreira 1978, 234; Alarcão 1988b, 75 uma cronologia esclarecedora. No caso de ser
(4/466A). romana, referem que a falta de mobiliário funerário
se deve a saque realizado em épocas posteriores.
N.º 127 Dizem mesmo que uma das sepulturas tem um
Distrito – Castelo Branco dispositivo talhado na rocha para receber uma lucerna
115
Necrópoles Romanas do Território Português

(Almeida – Ferreira 1958, 222). No entanto, não sepulturas, junto de vestígios de uma povoação.
deixam de colocar a hipótese de se tratar de uma Fernando de Almeida e Veiga Ferreira (1956) fazem
necrópole visigótica dado que não tem mobiliário referência a quatro túmulos romanos mas apenas um
funerário (Almeida-Ferreira 1958, 222). é inequivocamente de época romana. Três são de
Recentemente, em escavações de emergência, granito e o outro é de mármore. Os primeiros são alto
apareceram duas sepulturas de incineração. Destas medievais e este deve ser romano. Este sarcófago
foram retiradas peças de terra sigillata, cerâmica estaria coberto com tegulae.
comum, vidros e grandes quantidades de ossos. Eram Uma sepultura continha oferendas funerárias
covachos cavados na rocha-base que continham, diversificadas: três lucernas, grande quantidade de
depositados no fundo, os restos da cremação em cerâmica comum, um diadema de ouro, um brinco e
bustum dos corpos, sobre os quais estavam colocados um anel de ouro, uma estatueta representando uma
os recipientes cerâmicos pertencentes ao mobiliário figura feminina e duas moedas de ouro. Era uma
funerário (Côrte-Real 1996, 24-25). Uma das sepultura muto rica que os autores dataram do século
sepulturas continha dois imbrices na vertical que I d.C. (Almeida – Ferreira 1956, 423-424).
continha cinzas e, segundo este autor, constituiria Bibliografia – Vasconcellos 1917, 299-300; Almeida
uma espécie de urna (Côrte-Real 1996, 26). A análise – Ferreira 1956, 411-419; Alarcão 1988b, 73 (4/436).
da sigillata hispânica retirada destas sepulturas
permitiu o estabelecimento de uma cronologia Nº 135
aproximada para a sua utilização: finais do século I e Distrito – Castelo Branco
princípio do século II d.C. (Côrte-Real 1996, 28). Concelho – Idanha-a-Nova
Bibliografia – Almeida – Ferreira 1958; Côrte Real Freguesia – Monsanto
1996; Baptista 1998, 45. Lugar – Val da Tenda
Leite de Vasconcellos descreve vestígios que poderão
Nº 132 corresponder a um «columbarium». A descrição
Distrito – Castelo Branco efectuada por este investigador é muito sucinta. O
Concelho – Idanha-a-Nova edifício tinha uma base circular e o acesso fazia-se
Freguesia – Medelim por uma porta baixa. As paredes eram feitas de
Lugar – Medelim pedras irregulares, ligadas por argamassa. «Dentro,
Neste local foi descoberta uma sepultura com em toda a volta, há uma prateleira alta, de lajes, a
mobiliário funerário variado: lucernas, objectos de qual não podia servir de assento». Para Leite de
ferro, recipientes de vidro e terra sigillata. Não se Vasconcellos podia ser a prateleira onde eram
conhece a cronologia nem a prática funerária colocadas as urnas cinerárias.
utilizada. Bibliografia – Vasconcellos 1917, 305-306; Alarcão
Bibliografia – Silva, J. 1982, 41; Alarcão 1988b, 73 1988b, 73 (4/438).
(4/437).
Nº 136
Nº 133 Distrito – Castelo Branco
Distrito – Castelo Branco Concelho – Idanha-a-Nova
Concelho – Idanha-a-Nova Freguesia – Toulões
Freguesia – Monfortinho ou Salvaterra de Lugar – Toulões
Lugar – Batanada Neste local foi descoberta uma sepultura que
Neste local foi descoberta uma necrópole de continha um recipiente cerâmico. Dentro deste
inumação, da qual terão sido destruídas cerca de estavam depositadas seis moedas de cobre
trinta sepulturas. J. P. Campos diz que teriam uma republicanas.
forma rectangular, cobertas com pedras. Adianta Bibliografia – Proença 1910, 15; Alarcão 1988b, 75
ainda o facto de conterem ossadas humanas, algumas (4/466).
delas com indícios de reutilização. No interior notou
a presença de tijolos à cabeceira, onde assentaria a Nº 137
cabeça. Também teriam lajes com inscrições. No Distrito – Castelo Branco
interior das sepulturas também apareceram diversos Concelho – Penamacor
objectos: fíbulas, moedas, esporas e cerâmica. Não Freguesia – Aldeia do Bispo
foi apresentada qualquer datação para esta necrópole. Lugar – Lameira Larga
Bibliografia – Campos 1959, 249-250; Alarcão Neste local apareceu uma sepultura romana do século
1988b, 75 (4/467). I d.C. contendo mobiliário funerário muito rico. As
oferendas funerárias estavam dentro de um caixão de
Nº 134 chumbo, que media cerca de um metro de
Distrito – Castelo Branco comprimento. No interior desta foram encontrados os
Concelho – Idanha-a-Nova seguintes objectos: três vasos de prata, uma pátera em
Freguesia – Monsanto prata, um prato circular em prata, um unguentário de
Lugar – São Lourenço vidro, um vaso de vidro, uma lucerna e um recipiente
A primeira referência foi efectuada por Leite de de cerâmica comum.
Vasconcellos que menciona o aparecimento de
116
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Rocha 1909, 44-49; Landeiro 1965; Lugar – Mato Pinto


Alarcão 1988b, 71 (4/409). Perto de um local com vestígios romanos, J. Alarcão
menciona o aparecimento de uma necrópole de
Nº 138 inumação.
Distrito – Castelo Branco Bibliografia – Alarcão 1988b, 93 (3/74).
Concelho – Penamacor
Freguesia – Penamacor N.º 143
Lugar – Arrochela Distrito – Coimbra
Com base em informações dos antigos Serviços de Concelho – Cantanhede
Arqueologia, Jorge Alarcão situa neste local uma Freguesia – Cadima
sepultura romana utilizada no século II d.C. Nesta Lugar – Quinta das Poças
localidade existe cerâmica que indicará a existência Este local, situado perto do anterior, também é
de um habitat, provavelmente relacionado com a classificado, por J. Alarcão, como uma necrópole de
sepultura. Não foi publicada. inumação.
Bibliografia – Alarcão 1988b, 71-71 (4/415). Bibliografia – Alarcão 1988b, 93 (3/74).

N.º 139 N.º 144


Distrito – Castelo Branco Distrito – Coimbra
Concelho – Penamacor Concelho – Cantanhede
Freguesia – Penamacor Freguesia – Murtede
Lugar – Monsanta Lugar – Murtede
Neste local foram descobertas urnas cinerárias, Na sua obra sobre os vestígios romanos de Portugal,
referidas, de uma forma muito vaga, por J. Lobato. Jorge Alarcão refere o aparecimento de uma
Bibliografia – Lobato 1982, 165; Alarcão 1988b, 70 sepultura de inumação que continha moedas de prata
(4/383). e ouro e cerâmica.
Bibliografia – Alarcão 1988b, 94 (3/82).
N.º 140
Distrito – Castelo Branco N.º 145
Concelho – Proença-a-Nova Distrito – Coimbra
Freguesia – Sobreira Formosa Concelho – Cantanhede
Lugar – Sobreira Formosa Freguesia – Outil
Tavares Proença refere a descoberta de uma sepultura Lugar – Gândara de Vila Nova
estruturada com tegulae contendo diverso mobiliário Neste local apareceram vários sepulturas de
funerário. Este era constituído por moedas de cobre inumação que foram objecto de uma notícia por parte
do império, dois recipientes de vidro e um anel de de Bairrão Oleiro. Este investigador observou cinco
ouro. sepulturas rectangulares, com o fundo escavado na
Bibliografia – Proença Júnior 1910, 14; Ribeiro 1979, rocha e as paredes laterais formadas por lajes de
nº 36; Alarcão 1988b, 76 (4/487). calcário. Estavam orientadas no sentido Este – Oeste.
As sepulturas continham ossos humanos. Algumas
N.º 141 informações orais referem a presença de mais do que
Distrito – Castelo Branco um esqueleto em algumas sepulturas. Apenas foi
Concelho – Vila Velha de Ródão retirado um recipiente cerâmico do interior de uma
Freguesia – Vila Velha de Ródão sepultura. Com base nestes indicadores, aquele
Lugar – Vila da Revelada investigador considera esta necrópole tardo-romana.
Uma informação oral, recolhida por F. Henriques e J. Bibliografia – Oleiro 1955-1956, 281-282, Alarcão
Caninas, menciona o aparecimento de uma sepultura 1988b, 94 (3/76).
de inumação. Esta estava estruturada com lajes e
continha ossos e recipientes cerâmicos. Uma das lajes N.º 146
teria uma inscrição. Não se conhece a cronologia Distrito – Coimbra
desta sepultura. Concelho – Cantanhede
Bibliografia – Henriques – Caninas 1978, 8-9; Freguesia – Pocariça
Alarcão 1988b, 76 (4/504). Lugar – Quinta do Chalet ou Sítio do Beato
Neste local apareceu uma necrópole com cerca de
cem sepulturas de inumação.
Bibliografia – Costa 1930, 181-182; Alarcão 1988b,
Coimbra 93 (3/71).

N.º 142 N.º 147


Distrito – Coimbra Distrito – Coimbra
Concelho – Cantanhede Concelho – Coimbra
Freguesia – Cadima Freguesia – Antanhol
Lugar – Vale de São Domingos
117
Necrópoles Romanas do Território Português

V. Correia faz uma referência muito vaga ao Freguesia – Condeixa-a-Velha


aparecimento, neste local, de tegulae e de sepulturas. Lugar – Condeixa-a-Velha
O aparecimento das tegulae levou V. Correia a Em 1906 foi decoberta uma necrópole junto de
determinar uma cronologia romana para estas Conimbriga. Embora não se conheça o local exacto
sepulturas. da necrópole, sabe-se que ficaria a cerca de 500
Bibliografia – Correia 1940, 103; Alarcão 1988b, 98. metros da muralha, no suburbium oriental da cidade.
Na primeira notícia da descoberta, publicada por A.
N.º 148 Gonçalves, é feita uma descrição pouco
Distrito – Coimbra pormenorizada dos enterramentos. Este autor fala em
Concelho – Coimbra cinco sepulturas, provavelmente de inumação. Quatro
Freguesia – Assafarge estavam revestidas e cobertas com lajes de calcário.
Lugar – Vale de São Silvestre Estas sepulturas continham ossadas humanas e uma
V. Correia faz uma referência muito vaga à delas apresentava um recipiente de vidro. As lajes de
descoberta de sepulturas com caixa de pedra ou cobertura, segundo o autor, estariam seguras por
tijolos. O autor não as identifica explicitamente como ferros colocados no seu interior.
sepulturas romanas mas descreve outros vestígios, A. Gonçalves fala ainda na descoberta de um outro
junto deste local, que são romanos. De lembrar que túmulo «em que a caixa era d‟uma só pedra e a tampa
este autor considera da época romana sepulturas arredondada em semi-círculo nos dois topos» (1908,
estruturadas com tegulae. 286). Fala certamente de um sepulcro em calcário.
Bibliografia – Correia 1940, 107. Nenhuma das indicações fornecidas permite o
estabelecimento de uma cronologia para estes
N.º 149 vestígios funerários.
Distrito – Coimbra Bibliografia – Gonçalves 1908; Alarcão et al. 1979,
Concelho – Coimbra 239.
Freguesia – Cernache
Lugar – Mina N.º 153
V. Correia faz uma referência muito vaga à Distrito – Coimbra
descoberta de sepulturas, junto de um habitat da Concelho – Condeixa-a-Nova
época romana. É este facto que leva o autor a atribuir Freguesia – Condeixa-a-Velha
uma cronologia romana às sepulturas. Lugar – Condeixa-a-Velha
Bibliografia – Correia 1940, 119; Alarcão 1988b, 97 No espaço exterior à muralha construída no período
(3/145). tardo-romano, uma necrópole ocupou uma área
anteriormente habitada. Uma das sepulturas
N.º 150 escavadas contém moedas do final do século IV e
Distrito – Coimbra princípios do V d.C.
Concelho – Coimbra Bibliografia –Alarcão et al. 1979, 241.
Freguesia – Souselas
Lugar – Curadoiro N.º 154
V. Correia faz uma referência muito vaga à Distrito – Coimbra
descoberta de sepulturas no local da estação de Concelho – Figueira da Foz
caminho-de-ferro. A estes vestígios é atribuída uma Freguesia – Brenha
cronologia romana. Não são adiantadas mais Lugar – Ouro da Fonte ou Cabeça da Fonte
informações sobre as mesmos. Neste local apareceu uma necrópole de inumação que
Bibliografia – Correia 1940, 135. J. Alarcão considera de duvidosa cronologia romana,
devido à falta de mobiliário funerário.
N.º 151 Bibliografia –Alarcão 1988b, 96 (3/116).
Distrito – Coimbra
Concelho – Coimbra N.º 155
Freguesia – Torre de Vilela Distrito – Coimbra
Lugar – Quinta de Lagares Concelho – Figueira da Foz
Junto de local que apresenta vestígios romanos, V. Freguesia – Ferreira-a-Nova
Correia menciona a descoberta de sepulturas feitas de Lugar – Ferrestelo
lajes pequenas mas não lhe atribui uma cronologia Neste local foi descoberta uma necrópole de
romana. Esta opção dever-se-á ao facto de não terem inumação. A falta de mobiliário funerário torna difícil
materiais romanos nem fornecerem oferendas estabelecer a cronologia da sua utilização mas pensa-
funerárias. se que será tardo-romana.
Bibliografia – Correia 1940, 141; Alarcão 1988b, 97 Bibliografia – Rocha 1971, 92-95; Alarcão 1988b, 96
(3/145). (3/124).

N.º 152 N.º 156


Distrito – Coimbra Distrito – Coimbra
Concelho – Condeixa-a-Nova
118
Necrópoles Romanas do Território Português

Concelho – Lousã poderiam pertencer à estrutura da sepultura e


Freguesia – Lousã recipientes cerâmicos romanos.
Lugar – Quinta do Sítio Bibliografia – Rocha 1896a, 73; Rocha 1896b, 156;
Neste local apareceu uma sepultura de inumação Alarcão 1988b, 97 (3/131).
infantil, cuja caixa era constituída por tegulae. Não
sabemos a forma desta sepultura. Do interior foram
retirados recipientes cerâmicos, um unguentário de
vidro e alguns objectos de osso.
Évora
Bibliografia – Lemos 1950, 14-15; Alarcão 1988b, 98
(3/161). N.º 161
Distrito – Évora
N.º 157 Concelho – Alandroal
Distrito – Coimbra Freguesia – Alandroal
Concelho – Montemor-o-Velho Lugar – Cabril
Freguesia – Montemor-o-Velho M. Calado menciona uma informação oral não
Neste local, Santos Rocha encontrou sarcófagos de confirmada que situa neste local uma necrópole
pedra. Não conhecemos outras informações sobre os romana.
mesmos. Bibliografia – Calado 1993, 91 (nº 1).
Bibliografia – Rocha 1896a, 74; Alarcão 1988b, 96,
3/125. N.º 162
Distrito – Évora
N.º 158 Concelho – Alandroal
Distrito – Coimbra Freguesia – Alandroal
Concelho – Montemor-o-Velho Lugar – Casco
Freguesia – Montemor-o-Velho M. Calado menciona uma informação oral não
Lugar – Senhora do Desterro confirmada que situa neste local uma necrópole
Foram descobertas sepulturas junto de diversos romana.
vestígios da época romana. Apareceram oito Bibliografia – Calado 1993, 111 (nº 4).
sepulturas «abobadadas», revestidas de tijolos e
argamassas. Continham ainda vestígios ósseos, N.º 163
provenientes de mais de uma inumação. Parece que Distrito – Évora
se verificava a reutilização das sepulturas. Concelho – Alandroal
Apareceram ainda duas sepulturas cavadas no Freguesia – Alandroal
subsolo, cobertas com lajes de calcário. Uma Lugar – Fonte das Freiras
sepultura constituída por lajes de calcário estava M. Calado refere a destruição de sepulturas de
debaixo de um edifício romano, o que levantou incineração estruturadas com tegulae. Não adianta
dúvidas sobre a cronologia da mesma. Santos Rocha mais informações sobre esta necrópole.
coloca mesmo a hipótese de não ser um enterramento Bibliografia – Calado 1993, 21 (nº 7).
da época romana.
Bibliografia – Cruz 1898, 275; Rocha 1903b, 596- N.º 164
598; Alarcão 1988b, 96-97 (3/127). Distrito – Évora
Concelho – Alandroal
N.º 159 Freguesia – Alandroal
Distrito – Coimbra Lugar – Granja
Concelho – Oliveira do Hospital M. Calado menciona uma informação oral não
Freguesia – Mergulhe confirmada que situa neste local uma necrópole
Lugar – São Barrotemos de Meruge romana.
Em lugar não identificado, junto desta localidade, Bibliografia – Calado 1993, 112 (nº 20).
apareceram sepulturas.
Bibliografia – Secco 1853, 105; Alarcão 1988b, 64 N.º 165
(3/284). Distrito – Évora
Concelho – Alandroal
N.º 160 Freguesia – Alandroal
Distrito – Coimbra Lugar – Herdade das Bolhas
Concelho – Soure Leite de Vasconcellos descreve o aparecimento de
Freguesia – Granja do Ulmeiro uma sepultura de incineração contendo mobiliário
Lugar – Granja do Ulmeiro funerário. A sepultura tinha uma forma rectangular,
Santos Rocha refere o aparecimento de sepulturas com orientação Este – Oeste e estava coberta com
romanas nesta localidade. Eram feitas com lajes e laje de xisto. Continha uma terra negra com carvões
tinham uma forma quase trapezoidal. No interior e recipientes cerâmicos romanos (pratos e púcaros).
apareceram fragmentos de tegulae e imbrices que Desta sepultura também foi retirada uma barra de
119
Necrópoles Romanas do Território Português

ferro que, segundo aquele investigador, serviria para J. L. Vasconcellos datou esta necrópole do século I
segurar a tampa. ou II d.C.
Bibliografia – Vasconcellos 1916, 160-161; Alarcão Bibliografia – Vasconcellos 1913, 371; Ferreira 1969,
1988b, 160 (6/292); Calado 1993, 92 (n.º 18). 171, 173; Alarcão 1978, 101-112; Encarnação 1984,
535; Alarcão 1988b, 158; Calado 1993, 37 (nº 3).
N.º 166
Distrito – Évora N.º 171
Concelho – Alandroal Distrito – Évora
Freguesia – Alandroal Concelho – Alandroal
Lugar – Herdade de Alcalate Freguesia – Capelins
Leite de Vasconcellos menciona o aparecimento de Lugar – Covil
uma inscrição romana e de várias sepulturas. M. Calado menciona uma informação oral não
Efectuou escavações no local mas não publicou os confirmada que situa neste local uma necrópole
resultados. romana.
Bibliografia – Vasconcellos 1916, 174-175; Alarcão Bibliografia – Calado 1993, 101 (nº 11).
1988b, 158.
N.º 172
N.º 167 Distrito – Évora
Distrito – Évora Concelho – Alandroal
Concelho – Alandroal Freguesia – Juromenha
Freguesia – Alandroal Lugar – Juromenha
Lugar – Horta do Lourenço Alcaide Neste local apareceu uma necrópole e vidros do
M. Calado menciona uma informação oral não século I d.C. Os vidros foram analisados mais tarde
confirmada que situa neste local uma necrópole por J. e A. Alarcão (1967). Estes vidros deviam ser
romana. provenientes da necrópole.
Bibliografia – Calado 1993, 91 (nº 7 e 8). Bibliografia – Viana 1961, 32 e 44; Alarcão –
Alarcão 1967, 5, 23, 26 e 27; Nolen 1985, 13;
N.º 168 Alarcão 1988b, 158 (6/273); Calado 1993, 32 (nº 35).
Distrito – Évora
Concelho – Alandroal N.º 173
Freguesia – Alandroal Distrito – Évora
Lugar – Mota Concelho – Alandroal
M. Calado menciona uma informação oral não Freguesia – Juromenha
confirmada que situa neste local uma necrópole Lugar – Mimosas
romana. M. Calado menciona uma informação oral não
Bibliografia – Calado 1993, 59 (n.º 4). confirmada que situa neste local uma necrópole
romana ou posterior.
N.º 169 Bibliografia – Calado 1993, 31 (nº 28).
Distrito – Évora
Concelho – Alandroal N.º 174
Freguesia – Alandroal Distrito – Évora
Lugar – Outeiro dos Defuntos Concelho – Alandroal
M. Calado refere a destruição de sepulturas durante a Freguesia – Juromenha
abertura de uma estrada. Insere-as, com reticências, Lugar – Monte da Cardeira
no período romano. Abel Viana e Dias Deus referem o aparecimento de
Bibliografia – Calado 1993, 101 (nº 4). uma necrópole de incineração neste local. Para estes
autores a necrópole é da Idade do Ferro.
N.º 170 Mais tarde, J. Alarcão e A. Alarcão (1967, 2)
Distrito – Évora estudaram alguns recipientes de vidro provenientes
Concelho – Alandroal de Juromenha. Mencionam esta necrópole e uma
Freguesia – Alandroal outra junto da Escola da mesma freguesia. Os vidros
Lugar – Rouca não são separados quanto à sua procedência devido à
Mencionada pela primeira vez por J. L. Vasconcellos, falta de informações. Os vidros analisados, datados
o seu mobiliário funerário foi estudado mais tarde por do primeiro século da nossa era, não podem,
diversos investigadores. J. L. Vasconcellos descreve portanto, ser atribuídos com segurança a esta
vários tipos de sepulturas de incineração, com necrópole.
orientação Norte – Sul. Segundo este autor existiam No entanto, o púcaro de cerâmica comum estudado
covas abertas no solo, sepulturas com paredes por J. S. Nolen (1985a, 238), datado da segunda
formando uma caixa de pedras dispostas metade do século I – inícios do século II d.C., é um
horizontalmente e com caixa formada por lajes elemento bastante seguro da prática da incineração já
dispostas na vertical. no Alto Império.
120
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Viana – Deus 1958, 140-142, 193; M. Calado menciona uma informação oral não
Alarcão – Alarcão 1967, 2, 3, 5, 22-23 e 27; Nolen confirmada que situa neste local uma necrópole
1985a, 238; Alarcão 1988b, 158 (6/251). romana.
Bibliografia – Calado 1993, 87 (nº 11).
N.º 175
Distrito – Évora N.º 181
Concelho – Alandroal Distrito – Évora
Freguesia – Juromenha Concelho – Arraiolos
Lugar – Tenazes Freguesia – Arraiolos
M. Calado menciona uma informação oral não De lugar desconhecido, nos arredores desta vila, foi
confirmada que situa neste local uma necrópole retirado um sarcófago.
romana. Bibliografia – Alarcão 1988b, 158 (6/254).
Bibliografia – Calado 1993, 30 (n.º 23).
N.º 182
N.º 176 Distrito – Évora
Distrito – Évora Concelho – Arraiolos
Concelho – Alandroal Freguesia – Arraiolos
Freguesia – Santiago Maior Lugar – Herdade dos Colos
Lugar – Vila Sara Silva e Perdigão mencionam o aparecimento de uma
M. Calado menciona uma informação oral não tampa de sepultura em forma de cupa de proveniência
confirmada que situa neste local uma necrópole desconhecida. Aqueles investigadores pensam que
romana. terá vindo da Herdade de Colos.
Bibliografia – Calado 1993, 119 (nº 4). Bibliografia – Silva – Perdigão 1998, 73.

N.º 177 N.º 183


Distrito – Évora Distrito – Évora
Concelho – Alandroal Concelho – Arraiolos
Freguesia – Terena Freguesia – Arraiolos
Lugar – Monte do Inverno Lugar – Santana do Campo
M. Calado situa neste local uma necrópole da época G. Pereira refere o aparecimento de sepulturas e
romana. Não descreve os vestígios, apenas refere a moedas romanas a norte da igreja. Não nos dá mais
descoberta de uma lápide funerária proveniente de informações sobre estas descobertas.
local próximo. Bibliografia – Pereira 1891, 29.
Bibliografia – Encarnação 1984, 537; Calado 1993,
87 (nº 14). N.º 184
Distrito – Évora
N.º 178 Concelho – Arraiolos
Distrito – Évora Freguesia – Gafanhoeira (São Pedro)
Concelho – Alandroal Lugar – Herdade do Zambujo
Freguesia – Terena Neste lugar apareceram vários vestígios romanos,
Lugar – Setil entre os quais se encontravam sepulturas. Destas
M. Calado refere o aparecimento de vestígios de sepulturas Gabriel Pereira recolheu, no final do
sepulturas da época romana. Apareceu cerâmica de século XIX, um recipiente cerâmico e um
construção, um recipiente cerâmico e o fragmento de unguentário de vidro, actualmente depositado no
uma lucerna. Museu de Évora.
Bibliografia – Calado 1993, 87 (nº 4). Bibliografia – Pereira 1891, 28; Alarcão 1988b, 158
(6/255); Silva – Perdigão 1998, 140.
N.º 179
Distrito – Évora N.º 185
Concelho – Alandroal Distrito – Évora
Freguesia – Terena Concelho – Arraiolos
Lugar – Terena Freguesia – Igreijinha
M. Calado menciona uma informação oral não Lugar – Herdade do Cortiçal
confirmada que situa neste local uma necrópole Leite de Vasconcellos refere a aparecimento de uma
romana. necrópole de inumação. Este autor detectou vários
Bibliografia – Calado 1993, 87 (nº 7). tipos de sepulturas: sepulturas em covas simples;
sepulturas com caixas de pedra e tijolos e sepulturas
N.º 180 em caixas bem construídas de diverso material (lajes,
Distrito – Évora tegulae e tijolos). Descreve ainda uma sepultura com
Concelho – Alandroal cobertura formada por uma camada de tijolos,
Freguesia – Terena sustentada por quatro barras de ferro. Não apresenta
Lugar – Vicentes cronologia para esta necrópole.
121
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Vasconcellos 1913, 377-378; Alarcão Freguesia – Évora (Sé ou São Pedro) ?
1978, 102 e 108; Alarcão 1988b, 158 (6/258). Lugar – Arredores (lugar desconhecido)
Nos arredores de Évora apareceu um sarcófago de
N.º 186 mármore que que terá pertencido a um mausoléu de
Distrito – Évora uma villa suburbana.
Concelho – Borba Garcia y Bellido considera-o uma imitação local de
Freguesia – Borba (São Bartolomeu) modelos externos. Este autor atribui-o aos finais do
Lugar – Herdade dos Queimados século II e começos do III d.C. M. J. Maciel também
Thomaz Pires menciona um recipiente cerâmico estudou este sarcófago.
existente no Museu de Elvas que tinha vindo de uma Bibliografia – Garcia y Bellido 1949, 274-275;
sepultura feita de tegulae, encontrada em 1898. Maciel 1996, 126-128.
Bibliografia – Pires 1902, 219; Alarcão 1988b, 157,
(6/241). N.º 191
Distrito – Évora
N.º 187 Concelho – Évora
Distrito – Évora Freguesia – Évora (Sé ou São Pedro)
Concelho – Estremoz Lugar – Horta do Bispo
Freguesia – Estremoz (Santa Maria ou Santo André) A cerca de 600 metros de umas das entradas da
Lugar – Senhora dos Mártires cidade (Porta do Raimundo), foram encontradas duas
Estes autores fazem uma referência muito vaga ao sepulturas e vestígios da via romana. As caixas destas
aparecimento de sepulturas e inscrições da época sepulturas eram formadas por tijolos sobrepostos. No
romana. Não apresentam qualquer descrição das interior foram encontrados doze recipientes
sepulturas. cerâmicos e um unguentário de vidro. Não se sabe o
Bibliografia – Almeida – Ferreira 1967, 47; Alarcão ritual utilizado nem a cronologia das sepulturas. Não
1988b, 155,(6/208). se sabe se pertenceria a uma das necrópoles da
cidade.
N.º 188 Bibliografia – Pereira 1890, 40-41; Pereira 1891, 9-
Distrito – Évora 10; Alarcão 1988b, 160 (6/299).
Concelho – Estremoz
Freguesia – Estremoz (Santa Maria) N.º 192
Lugar – Casas do Canal Distrito – Évora
Esta sepultura de inumação foi localizada, pela Concelho – Évora
primeira vez, em 1965 durante a realização de Freguesia – Nª Srª da Boa Fé
trabalhos de florestação da área. A tampa e parte da Lugar – Herdade do Ligeiro
estrutura foi retirada nesse ano e nos anos L. Castro refere o aparecimento de uma lucerna
subsequentes. Em 1992 a sepultura foi escavada com proveniente de uma sepultura. O autor datou a
metodologia científica e veio a revelar a presença de lucerna, atribuindo-a ao final do século II ou ao
ossadas humanas pertencentes a dois indivíduos. A século III d.C. Não apresenta qualquer descrição da
inumação do segundo indivíduo fez-se após a sepultura.
deslocação para os lados da sepultura dos ossos do Bibliografia – Castro 1960, 282, 290-291; Alarcão
indivíduo inumado em primeiro lugar. Estamos 1988b, 160 (6/293).
perante um caso evidente de reutilização do espaço
funerário na época romana. N.º 193
Bibliografia – Duarte 1996. Distrito – Évora
Concelho – Évora
N.º 189 Freguesia – Nossa Senhora de Machede
Distrito – Évora Lugar – Herdade de Bencafede
Concelho – Estremoz Em notícia aparecida em O Arqueólogo Português,
Freguesia – Santo Estevão C. Pires (1896) refere a descoberta de uma necrópole
Lugar – Silveirona de época romana. Esta era constituída por sepulturas
Necrópole escavada por M. Heleno cujos resultados estruturadas com tijolos que continham ossadas
nunca foram alvo de publicação. J. Encarnação humanas. No interior das sepulturas apareceu diverso
(1984) estudou a epigrafia e J. Alarcão analisou um material funerário: dois unguentários, um prato de
copo de vidro (1978, 104). A epigrafia é vidro, lucernas, duas argolas de ferro, um «anulus»
maioritariamente do Alto Impéro. de cobre ou bronze e diversos objectos de cerâmica.
Bibliografia – Alarcão 1978, 103-104; Encarnação Pela descrição dos achados, pensamos que estamos
1984, 531-532, 537-538 e 549-550; Alarcão 1988b, perante uma necrópole que utiliza o ritual funerário
155 (6/202). da inumação. Não é possível determinar a cronologia
dos enterramentos.
N.º 190 Bibliografia – Pires 1896.
Distrito – Évora
Concelho – Évora N.º 194
122
Necrópoles Romanas do Território Português

Distrito – Évora Distrito – Évora


Concelho – Évora Concelho – Redondo
Freguesia – São Manços Freguesia – Redondo
Lugar – Almo da Horta ou Horta do Álamo Lugar – Herdade da Capela
M. Saa faz uma referência muito vaga sobre o Gabriel Pereira noticiou a descoberta, em 1882, de
aparecimento de uma necrópole. sepulturas romanas com caixas de tijolos e lápides
Bibliografia – Saa 1964, 59-60; Alarcão 1988b, 161 funerárias.
(6/318). Bibliografia – Pereira 1891, 23; Alarcão 1988b, 160
(6/286).
N.º 195
Distrito – Évora N.º 200
Concelho – Évora Distrito – Évora
Freguesia – São Manços Concelho – Redondo
Lugar – Monte do Outeiro Freguesia – Redondo
M. Saa faz uma referência muito vaga à descoberta Lugar – Herdade dos Casos
de uma necrópole. Um jornal local (A Defesa) noticia a descoberta de
Bibliografia – Saa 1964, 59-60; Alarcão 1988b, 161 duas necrópoles perto de um habitat da época
(6/319). romana. Refere o aparecimento de um conjunto ritual
funerário, um tanque de lavagem de ossos calcinados
N.º 196 e sepulturas. Uma das necrópoles seria do século I
Distrito – Évora d.C.
Concelho – Évora Bibliografia – A Defesa de 3-2-1982; Alarcão 1988b,
Freguesia – São Sebastião da Giesteira 160 (6/285).
Lugar – São Sebastião da Giesteira
Neste local apareceu uma necrópole, sobre a qual não N.º 201
existem muitas informações. Distrito – Évora
Bibliografia – Machado 1964, 125; Alarcão 1988, Concelho – Reguengos de Monsaraz
158 (6/274). Freguesia – Corval
Lugar – Monte da Azinheira
N.º 197 Neste local apareceu, na primeira metade do século
Distrito – Évora XIX, um sarcófago de mármore. O sarcófago estava
Concelho – Montemor-o-Novo coberto por uma laje do mesmo material que
Freguesia – Nossa Senhora do Bispo assentava sobre três barras de ferro. No interior
Lugar – Herdade da Comenda encontraram um esqueleto e um pequeno recipiente
Em 1957 Afonço do Paço e João Lemos escavaram de vidro colocado à cabeceira. O sarcófago tem uma
três sepulturas relacionadas com um habitat romano. representação das quatro estações. Garcia y Bellido
Uma das sepulturas estava revestida de mármore, considera o trabalho de meados do século III d.C. M.
incluindo o fundo. A tampa estava assente sobre três J. Justino situa a sua origem em Itália.
barras de ferro. Esta sepultura continha objectos em No mesmo local terão aparecido outras sepulturas de
ferro e um jarro de vidro, datado do final do século inumação cujo espólio era constituído por recipientes
III / século IV. Uma das sepulturas apenas continha de vidro. Também é referido o aparecimento de urnas
um recipiente cerâmico e a terceira sepultura cinerárias.
continha objectos de ferro e dois recipientes de vidro Bibliografia – Garcia y Bellido 1949, 264-267;
datados do século III – IV. Estes vidros foram Alarcão 1988b, 162 (6/326); Maciel 1996, 151-154.
estudados por J. Alarcão.
Bibliografia – Paço – Lemos 1962, 322-326; Alarcão N.º 202
1965; Alarcão 1988b, 122, (247/5). Distrito – Évora
Concelho – Reguengos de Monsaraz
N.º 198 Freguesia – Monsaraz
Distrito – Évora Lugar – Monsaraz
Concelho – Montemor-o-Novo Leite de Vasconcellos menciona a descoberta,
Freguesia – Santiago do Escoural debaixo de uma laje, de recipientes cerâmicos e vasos
Lugar – Foros da Carvalha de vidro e outro objecto que não foi identificado. Pela
No volume 3 da Informação Arqueológica (1980) descrição deste autor, pensamos estar perante uma
aparece uma notícia onde se refere o aparecimento sepultura da época romana.
de uma sepultura de criança. A sepultura estava Bibliografia – Vasconcellos 1895b, 253.
estruturada com tijoleira. Não são indicados outros
dados. N.º 203
Bibliografia – IA 1980, 95; Alarcão 1988b, 160 Distrito – Évora
(6/292). Concelho – Viana do Alentejo
Freguesia – Viana do Alentejo
N.º 199 Lugar – Herdade das Paredes
123
Necrópoles Romanas do Território Português

Apareceram várias inscrições funerárias na Herdade M. L. Santos menciona o aparecimento de dois


das Paredes que poderão pertencer à necrópole do núcleos de sepulturas. Um núcleo era constituído por
vicus situado em Nossa Senhora de Aires. F. Alves sepulturas de inumação abertas no pavimento de um
Pereira descreve o aparecimento de sepulturas de edifício. Continham ossos e vários objectos. O outro
inumação da época romana. Destacou as sepulturas núcleo estava a cerca de cem metros dos edifícios e
que apresentavam uma caixa constituída por lâminas era constituído por sepulturas de incineração
de mármore. O mesmo material era utilizado para contendo ossos, cinzas e recipientes cerâmicos. Neste
revestir o fundo e cobrir a sepultura. Tinha três núcleo apareceram urnas cinerárias e nas sepulturas
travessões de ferro para segurar a tampa. de inumação apareceram moedas.
Bibliografia – Pereira 1904; Pereira 1905, 16-28; Bibliografia – Santos 1972, 368-369; Alarcão 1988b,
Alarcão 1988b, 162 (6/335). 204 (8/255); Marques 1995, 299 e 300.

N.º 204 N.º 206


Distrito – Évora Distrito – Faro
Concelho – Vila Viçosa Concelho – Alcoutim
Freguesia – Ciladas Freguesia – Alcoutim
Lugar – Herdade do Padrãozinho Lugar – Montinho das Laranjeiras
Nesta herdade existiam três necrópoles romanas ou Neste local apareceram sepulturas de inumação.
tardo-romanas. Algumas destas sepulturas continham ossadas de
A necrópole n.º 4 é alto-imperial, da qual foram vários indivíduos.
exploradas 128 sepulturas de incineração. A. Viana Bibliografia – Santos 1972, 374; Encarnação 1984,
(1953, 241) colocou a sua utilização nos séculos II e 154; Alarcão 1988b, 204 (8/249); Maciel 1992;
III d.C. Cronologia confirmada por J. S. Nolen (1985, Marques 1995, 299 e 300.
147-150) na análise que fez ao mobiliário funerário
de algumas sepulturas. Esta autora coloca a utilização N.º 207
da necrópole na segunda metade do século I. J. Distrito – Faro
Alarcão e A. Alarcão (1967, 2) estudaram os Concelho – Alcoutim
recipientes de vidro vindos desta necrópole e Freguesia – Martim Longo
atribuíram-nos à segunda metade do século I ou ao Lugar – Castelhana
século II d.C. As peças de terra sigillata também Necrópole referenciada pela primeira vez na Carta
estão dentro deste intervalo cronológico. A utilização Arqueológica de Portugal (Marques 1995, 283).
desta necrópole deve iniciar-se logo no primeiro Foram identificadas duas sepulturas. Não é possível
século da nossa era e prolongar-se até ao século III estabelecer a cronologia das mesmas e as práticas
d.C. funerárias utilizadas.
Existiam vários tipos de sepulturas com orientação Bibliografia – Marques 1995, 283.
predominante Norte – Sul. A maior parte delas
utilizava tegulae, tijolos e lajes para revestir ou cobrir N.º 208
a sepultura. A maior parte das sepulturas continha Distrito – Faro
mobiliário funerário constituído por sigillata, Concelho – Alcoutim
cerâmica comum, nove vasilhas de vidro, lucernas e Freguesia – Martim Longo
uma ponta de lança. Foi encontrado ainda diverso Lugar – Martim Longo
material metálico. M. L. Santos refere uma informação de Estácio da
As duas necrópoles tardo-romanas ou visigóticas Veiga que menciona o aparecimento de uma
(necrópoles n.º 1 e n.º 3) apresentam sepulturas de necrópole de inumação. Esta necrópole não aparece
inumação com ossadas humanas. Não apresentavam referenciada na Carta Arqueológica de Portugal.
mobiliário funerário cerâmico. Estas sepulturas Bibliografia – Santos 1972, 391; Alarcão 1988b, 203-
estavam orientadas no sentido Este – Oeste. 204 (8/240).
Bibliografia – Viana 1953; Viana – Deus 1955a, 33-
55; Alarcão 1961; Alarcão – Alarcão 1967, 2; N.º 209
Alarcão – Ponte 1976, 73; Nolen 1985, 147-150; Distrito – Faro
Alarcão 1988b, 157 (6/246). Concelho – Alcoutim
Freguesia – Vaqueiros
Lugar – Vaqueiros
Neste local apareceram sepulturas cujo ritual não foi
Faro definido. Destas sepulturas terá sido retirada uma
urna de terra sigillata e várias moedas. Entre estas
N.º 205 encontravam-se um denário e um bronze de Cláudio
Distrito – Faro I. Estas informações permitem situar a sua utilização
Concelho – Alcoutim no século I d.C.
Freguesia – Alcoutim Bibliografia – Santos 1972, 389; Alarcão 1988b, 204
Lugar – Álamo (8/253); Marques 1995, 287.
124
Necrópoles Romanas do Território Português

N.º 210 Neste local existia uma necrópole de inumação da


Distrito – Faro qual foram retiradas duas inscrições funerárias. Esta
Concelho – Aljezur necrópole foi explorada por Estácio da Veiga que
Freguesia – Odeceixe recolheu algumas oferendas funerárias,
Lugar – Odeceixe principalmente recipientes cerâmicos. J. Encarnação
Apareceu uma sepultura contendo um recipiente em estudou uma estela funerária encontrada junto de um
bronze, dois anéis do mesmo material e uma urna de esqueleto. Para este a estela seria do século III d.C.
barro. Bibliografia – Santos 1972, 239-241; Encarnação
Bibliografia – Viana et al. 1953, 119; Alarcão 1988b, 1984, 61; Alarcão 1988b, 207 (8/302).
180 (7/55).
N.º 216
N.º 211 Distrito – Faro
Distrito – Faro Concelho – Faro
Concelho – Castro Marim Freguesia – Estói
Freguesia – Castro Marim Lugar – Milreu
Lugar – Mandinheiro Junto desta villa luxuosa, propriedade de uma familia
Nesta necrópole de inumação apareceram várias rica ou com uma posição social destacada,
dezenas de sepulturas formadas por lajes. Não foi apareceram dois mausoléus e uma necrópole. A
datada a sua utilização. necrópole está situada no outro lado do pequeno rio
Bibliografia – Viana 1955, 166; Santos 1972, 348- que corre junto da villa, informação retirada da
349; Alarcão 1988b, 206 (8/289); Marques 1995, 217 observação da planta elaborada por Estácio da Veiga.
e 218. Um mausoléu tem na base 10 metros de comprimento
por 5 de largura. No interior possui uma câmara
N.º 212 rectangular abobadada, com vestígios de nichos onde
Distrito – Faro seriam colocadas as urnas com as cinzas. Esta
Concelho – Castro Marim construção foi atribuída ao século I d.C. ou início do
Freguesia – Castro Marim II (Hauschild 1984, 99). O outro mausoléu apresenta
Lugar – Sobral de Baixo apenas vestígios das fundações e base impedindo a
Nesta necrópole apareceram dois tipos de sepulturas. construção da sua forma. Não tem câmara destinada
Algumas tinham as paredes argamassa e as outras às urnas mas uma simples câmara abobadada que
eram de reboco, com a cabeceira virada para Este. poderia destinar-se a um sarcófago. Portanto, a sua
Bibliografia – Santos 1972, 350-351; Encarnação construção tinha como objectivo a colocação de um
1984, 152-154; Alarcão 1988b, 206; Marques 1995, sarcófago, quando a prática funerária utilizada era já
221 e 222. a inumação.
Bibliografia – Botto 1898; Hauschild 1984; Alarcão
N.º 213 1988b, 207 (8/304).
Distrito – Faro
Concelho – Faro N.º 217
Freguesia – Conceição Distrito – Faro
Lugar – Relvinhas Concelho – Faro
Na Carta Arqueológica de Portugal aparece uma Freguesia – Santa Bárbara de Nexe
referência a uma necrópole romana. Não é feita Lugar – Colmeal
qualquer descrição dos vestígios. M. L. Santos menciona o aparecimento de um cipo
Bibliografia – Marques 1995, 65. funerário. A Carta Arqueológica de Portugal refere
um fragmento de urna funerária depositados no
N.º 214 Museu Nacional de Arqueologia que seria
Distrito – Faro proveniente desta localidade.
Concelho – Faro Bibliografia – Santos 1972, 237; Alarcão 1988b,
Freguesia – Estói 207; Marques 1995, 41 e 42.
Lugar – Cancela
Neste local apareceram tijolos que poderão ser N.º 218
provenientes da estrutura das sepulturas. Apareceram Distrito – Faro
também lajes que cobririam as sepulturas. Concelho – Faro
Bibliografia – Rocha 1895, 201; Santos 1972, 244; Freguesia – São Pedro
Marques 1995, 65. Lugar – Bairro Letes
Necrópole extensa que engloba várias ruas do Bairro
N.º 215 Letes. Foi escavada pela primeira vez por Estácio da
Distrito – Faro Veiga em 1878. Nesta data este investigador
Concelho – Faro descobriu trinta e sete sepulturas de inumação.
Freguesia – Estói Posteriormente foi objecto de novos trabalhos
Lugar – Guelhim (Cerro de Guelhim) dirigidos por Abel Viana em 1938. De acordo com
este autor, os vestígios apareceram nas ruas D. João
125
Necrópoles Romanas do Território Português

de Castro, João Lúcio, Almeida Garrett, Mouzinho de Distrito – Faro


Albuquerque, Bartolomeu Dias, Largo do General Concelho – Faro
Carmona e outros arruamentos (Viana 1951, 147- Freguesia – Sé
148). Lugar – Rua das Alcaçarias
Nos trabalhos de 1938 apareceram sete sepulturas de Esta necrópole foi descoberta durante obras de
inumação, situadas junto da Rua D. João de Castro. construção civil levadas a cabo em 1984. Os
As sepulturas estavam estruturadas com tegulae e trabalhos de emergência que se seguiram à sua
imbrices e tinham, grosso modo, uma orientação Sul descoberta permitiram a descoberta de oito sepulturas
– Norte (Viana 1951, 148). Destaca-se a existência de de inumação (Gamito 1992, 103). Uma das sepulturas
ossadas humanas em algumas sepulturas e mobiliário tinha uma lápide funerária cujo campo epigráfico foi
funerário constituído por recipientes de vidro e destruído durante os trabalhos de construção civil
cerâmica. Na escavação de 1938, publicada apenas (Gamito 1992, 103). Esta necrópole estendia-se em
em 1951, Abel Viana (1951, 154-158) destacou ainda direcção às casas velhas da Rua das Alcaçarias
a sepultura 7 que estava intacta e permitiu a retirada (Gamito 1992, 104). Todas as sepulturas estão
de grande quantidade de informações. Esta era orientadas no sentido NE – SO.
rectangular com fundo constituído por tegulae, as A escavação permitiu individualizar dois tipos de
paredes de de tijolos e coberta com tegulae. Esta sepulturas. O grupo maioritário era constituído por
sepultura, além das ossadas humanas, continha um sepulturas constituídas por tegulae e imbrices, com
copo e uma garrafa de vidro, uma lucerna de barro e secção triangular (Gamito 1992, 104). Existia ainda
um bronze de Tibério. Esta moeda estabelece uma uma sepultura de formato rectangular com fundo
cronologia muito antiga para a sepultura e para a coberto por lajes de pedra, paredes constituídas por
própria inumação. pedras ou tijolos e a cobertura com tegulae formando
Bibliografia – Viana 1951; Viana 1960-61, 6 e 11; uma secção triangular (Gamito 1992, 106-107).
Santos 1971, 188-201; Marques 1995, 57 e 58. Esra sepultura continha pregos de ferro que deviam
fazer parte de um ataúde de madeira. Tinha também
N.º 219 brincos e um colar de ouro. Junto dos pés foram
Distrito – Faro encontrados duas moedas de bronze, uma pequena
Concelho – Faro placa de vidro circular e alfinetes de toucado.
Freguesia – São Pedro Nas outras sepulturas foi encontrado o seguinte
Lugar – Rua João de Deus mobiliário funerário: unguentário, prato e copos de
Os vestígios que apareceram nesta rua pertencem ao vidro, base de uma garrafa do mesmo material, uma
espaço da necrópole do Bairro Letes. Abel Viana lucerna, uma moeda de bronze e um jarro de
descreve as sepulturas de inumação que apareceram cerâmica.
na sequênca de obras realizadas nesta rua. As A análise do mobiliário funerário levou Teresa
sepulturas seriam estruturadas com tegulae e imbrices Gamito a propôr uma cronologia em torno da
e apresentavam uma orientação Norte-Sul. segunda metade do século II e o século III d.C.
Bibliografia – Viana 1951, 147-148; Marques 1995, (Gamito 1992, 99).
59, 60. Bibliografia – Gamito 1986, 69 – 75; Gamito 1992;
Marques 1995, 57.
N.º 220
Distrito – Faro N.º 223
Concelho – Faro Distrito – Faro
Freguesia – Sé Concelho – Lagoa
Lugar – Horta dos Fumeiros Freguesia – Estômbar
P. Rosa refere a existência de uma necrópole neste Lugar – Vale Crevo
local. Não adianta outras informações sobre a mesma. Apareceram cerca de 200 sepulturas com mobiliário
Bibliografia – N/A 1967, 119; Rosa 1976; Marques funerário. As sepulturas continham ossadas humanas,
1995, 49; Mantas 1997, 299. recipientes cerâmicos, espadas e lanças. Como não
foram alvo de escavações, não é possível retirar mais
N.º 221 informações sobre esta necrópole. A presença de
Distrito – Faro ossos humanos poderá ser um indicador da existência
Concelho – Faro de sepulturas de inumação.
Freguesia – Sé Bibliografia – Santos 1972, 127; Gomes – Gomes
Lugar – Horta do Ferragial 1988, 68; Marques 1992, 69.
P. Rosa e V. Mantas situam neste local uma
necrópole romana. Não são mencionadas outras N.º 224
informações sobre a necrópole e respectivas Distrito – Faro
sepulturas. Concelho – Lagoa
Bibliografia – Rosa 1984, 151-153; Mantas 1997, Freguesia – Lagoa
299. Lugar – Lagoa

N.º 222
126
Necrópoles Romanas do Território Português

Num local da área urbana de Lagoa apareceu uma M. L. Santos menciona o aparecimento de sepulturas
sepultura romana. Do seu interior foi retirado um romanas. Não adianta outras informações sobre esta
anel. necrópole.
Bibliografia – Santos 1972, 127; Gomes – Gomes Bibliografia – Santos 1971, 401-402; Alarcão 1988b,
1988, 67; Alarcão 1988b, 182 (7/118); Marques 181 (7/96).
1992, 77.
N.º 230
N.º 225 Distrito – Faro
Distrito – Faro Concelho – Lagos
Concelho – Lagoa Freguesia – Bensafrim
Freguesia – Lagoa Lugar – Fonte Velha
Lugar – Poço Partido Esta necrópole já é conhecida desde Estácio da
Neste local apareceram sepulturas de inumação Veiga. Este investigador explorou dezasseis
estruturadas com lajes. Referida no Levantamento sepulturas de incineração. Mais tarde, Santos Rocha
Arqueológico de Lagoa, foi atribuída, pelos autores retirou de um local próximo dezasseis urnas
desta obra, ao período romano. cinerárias. As sepulturas exploradas por estes
Bibliografia – Gomes et al. 1995, 69. arqueólogos continham abundante mobiliário
funerário. Foram encontrados diversos recipientes de
N.º 226 cerâmica, fragmentos de vasos de vidro, uma ponta
Distrito – Faro de lança, fragmentos de outra e uma moeda. Esta
Concelho – Lagoa necrópole deverá ser do Alto Império.
Freguesia – Porches Bibliografia – Rocha 1895, 202 e 327-337; Santos
Lugar – Porches Velho 1971, 329-348; Alarcão 1988b, 181 (7/90).
Existem referências muito vagas sobre a destruição
de sepulturas romanas. Não se conhece o seu ritual N.º 231
nem a cronologia. Distrito – Faro
Bibliografia – Santos 1978, 128; Alarcão 1988b, 184 Concelho – Lagos
(7/150); Marques 1992, 81, 82; Gomes et al. 1995, Freguesia – Lagos (São Sebastião)
82. Lugar – Casteleja
Abel Viana e os seus colaboradores mencionam o
N.º 227 aparecimento de sepulturas romanas nesta localidade.
Distrito – Faro Não temos outras informações sobre esta necrópole.
Concelho – Lagos Bibliografia – Santos 1971, 403; Alarcão 1988b, 183
Freguesia – Bensafrim (7/133).
Lugar – Álamo
As principais informações sobre esta necrópole N.º 232
provêm de M. L. Santos. Esta autora atribui a Santos Distrito – Faro
Rocha a escavação de uma vasta área desta necrópole Concelho – Lagos
de incineração. Segundo a mesma autora, muitos Freguesia – Lagos (São Sebastião)
anos depois Abel Viana e seus colaboradores Lugar – Cerro das Amendoeiras
descobriram, em local próximo, uma sepultura de M. L. Santos faz uma referência genérica ao
incineração que continha dois recipientes de terra aparecimento, neste local, de sepulturas da época
sigillata. romana.
Bibliografia – Santos 1971, 324-325; Alarcão 1988b, Bibliografia – Santos 1971, 402; Alarcão 1988b, 183
181 (7/85). (7/137).

N.º 228 N.º 233


Distrito – Faro Distrito – Faro
Concelho – Lagos Concelho – Lagos
Freguesia – Bensafrim Freguesia – Lagos (São Sebastião)
Lugar – Cerro do Lago Lugar – Jardim
Neste local têm aparecido ocasionalmente sepulturas M. L. Santos faz uma referência muito vaga ao
da época romana. Nunca foi alvo de escavações. aparecimento de sepulturas. Esta estação está muito
Bibliografia – Santos 1971, 402-403; Alarcão 1988b, próxima do Paúl, podendo constituir a mesma estação
181 (7/94). arqueológica.
Bibliografia – Santos 1971, 401; Alarcão 1988b, 183
N.º 229 (1/134).
Distrito – Faro
Concelho – Lagos N.º 234
Freguesia – Bensafrim Distrito – Faro
Lugar – Figueiral da Misericórdia Concelho – Lagos
Freguesia – Lagos (São Sebastião)
127
Necrópoles Romanas do Território Português

Lugar – Marateca Concelho – Lagos


Esta necrópole de inumação foi referenciada pela Freguesia – Lagos (São Sebastião)
primeira vez por Estácio da Veiga. Mais tarde, foi Lugar – Sargaçal
explorada por Santos Rocha que descobriu seis Abel Viana refere o aparecimento de sepulturas de
sepulturas. Estas eram rectangulares e estavam inumação e moedas da época romana.
abertas no calcário. Algumas estavam cobertas por Bibliografia – Viana 1955, 555; Santos 1971, 403;
duas três lajes. Uma destas apresentava a laje coberta Alarcão 1988b, 181 (7/97).
por uma argamassa. Estavam orientadas no sentido
ENE – OSO. No seu interior encontraram-se ossadas N.º 238
humanas. De salientar que em algumas sepulturas Distrito – Faro
encontravam-se ossadas de vários indivíduos. O Concelho – Lagos
mobiliário funerário era pobre: apenas foram Freguesia – Luz
retirados dois bronzes e um recipiente cerâmico. Lugar – Cerro do Lorvão
Bibliografia – Rocha 1896, 68-72; Santos 1971, 375- Esta necrópole de incineração foi implantada sobre
377; Alarcão 1988b, 183 (7/136). uma outra área funerária utilizada durante a Idade do
Ferro. As sepulturas tinham uma orientação Norte –
N.º 235 Sul. Estas estavam revestidas por lajes grosseiras.
Distrito – Faro M. L. Santos menciona o aparecimento no interior de
Concelho – Lagos uma sepultura de um crânio e ossos longos,
Freguesia – Lagos (São Sebastião) juntamente com uma moeda de Adriano. Por esta
Lugar – Monte Molião referência temos de admitir também a existência de
No século XIX foi descoberta uma necrópole com sepulturas de inumação.
enterramentos de incineração e inumação. J. Nunes Bibliografia – Santos 1971, 323; Alarcão 1988b, 184
(1899-1903, 818) refere que a cremação era feita em (7/142).
bustum dado que se encontram vestígios de cinzas
nos enterramentos. Esta conclusão é corroborada por N.º 239
M. L. Santos (1971, 352). Apareceram também urnas Distrito – Faro
contendo cinzas e restos de ossos resultantes da Concelho – Lagos
cremação. Foram ainda retiradas algumas moedas de Freguesia – Odiáxere
Cláudio I e Júlia Mameia. Lugar – Descampadinho ou Escampadinho
Nesta mesma necrópole também apareceram Neste local apareceu uma necrópole constituída por
sepulturas destinadas à inumação de indivíduos. sepulturas de incineração e inumação. Foi explorada
Algumas sepulturas estavam revestidas com tegulae. por Abel Viana.
J. Nunes refere que estas tinham tombado para o As sepulturas de incineração continham o mobiliário
interior (1899-1903, 817) mas parece-nos, tal como já funerário mais rico, constituído por peças de terra
tinha referido Santos Rocha, que se tratam de sigillata e fragmentos de vidro. As sepulturas de
sepulturas cobertas com tegulae formando um inumação eram estruturadas por tegulae colocadas de
telhado de duas águas. Também foram encontradas cutelo. Do seu interior foram retirados recipientes de
sepulturas rectangulares com paredes constituídas por cerâmica comum. Uma destas sepulturas continha
pedra, barro e fragmentos de tijolos. O fundo estava uma moeda de Honório. Esta sepultura terá sido
forrado com tegulae. Nesta não se encontraram utilizada no século V.
oferendas funerárias. Bibliografia – Santos 1971, 379-392; Alarcão 1988b,
A cronologia proposta por M. L. Santos situa-se entre 181 (7/106).
os séculos I e III d.C.
Bibliografia – Rocha 1899-1903, 816-817; Nunes N.º 240
1899-1903, 817-818; Rocha 1906; Santos 1971, 349- Distrito – Faro
373; Alarcão 1988b, 183 (7/139). Concelho – Loulé
Freguesia – Almansil
N.º 236 Lugar – Mata-Lobos
Distrito – Faro J. Alarcão refere o aparecimento de uma necrópole
Concelho – Lagos com quatro sepulturas. Do interior destas foi retirado
Freguesia – Lagos (São Sebastião) um recipiente de vidro e outro de cerâmica. Não
Lugar – Paúl refere a prática funerária utilizada.
M. L. Santos faz uma referência muito vaga ao Bibliografia – Alarcão 1988b, 208 (8/306); Marques
aparecimento de diversas sepulturas. Podiam fazer 1992, 253.
parte de uma grande estação arqueológica
abrangendo este local e o lugar do Jardim. N.º 241
Bibliografia – Santos 1971, 398-399; Alarcão 1988b, Distrito – Faro
183 (7/135). Concelho – Loulé
Freguesia – Almansil
N.º 237 Lugar – São João da Venda
Distrito – Faro
128
Necrópoles Romanas do Território Português

Na Carta Arqueológica de Portugal aparece uma Distrito – Faro


referência a uma necrópole destruída. Não são Concelho – Loulé
adiantadas outras informações sobre esta necrópole. Freguesia – Boliqueime
Bibliografia – Gomes – Gomes 1988, 80; Marques Lugar – Cerro
1992, 253. M. L. Santos faz uma referência muito vaga ao
aparecimento de sepulturas contendo diversos
N.º 242 objectos de cerâmica. Serão provavelmente de
Distrito – Faro cronologia romana. Não é referido o ritual utilizado.
Concelho – Loulé Bibliografia – Santos 1972, 144; Alarcão 1988b, 205
Freguesia – Alte (8/265); Gomes – Gomes 1988, 76; Marques 1992,
Lugar – Águas Frias do Meio 233.
A bibliografia citada faz uma referência muito vaga à
destruição de uma sepultura, de provável cronologia N.º 248
romana. Distrito – Faro
Bibliografia – Gomes – Gomes 1988, 75; Marques Concelho – Loulé
1992, 201. Freguesia – Boliqueime
Lugar – Retorta
N.º 243 Junto de uma importante villa romana apareceu uma
Distrito – Faro necrópole. Esta era constituída por dois tipos de
Concelho – Loulé sepulturas: covas abertas no solo sem qualquer
Freguesia – Alte revestimento ou cobertura e sepulturas com as
Lugar – Monte da Júlia paredes formadas por pedras e tijolos e a cobertura
Neste local apareceu uma necrópole, mencionada constituída por tegulae ou tijolos.
pela primeira vez no século XIX. Não existem outras Semedo (1970, 119-121) refere o aparecimento de
informações sobre a mesma. diversas argolas e braceletes nos esqueletos
Bibliografia – Veiga 1891, 86; Gomes – Gomes encontrados em algumas sepulturas.
1988, 78; Alarcão 1988b, 181 (7/83). Não é proposta qualquer cronologia de utilização da
necrópole.
N.º 244 Bibliografia – Semedo 1970; Alarcão 1988b, 184
Distrito – Faro (7/158); Gomes – Gomes 1988, 48 e 80; Marques
Concelho – Loulé 1992, 241.
Freguesia – Alte
Lugar – Quinta do Freixo N.º 249
M. L. Santos faz uma referência muito vaga à Distrito – Faro
destruição de uma necrópole romana. Concelho – Loulé
Bibliografia – Santos 1972, 159; Gomes – Gomes Freguesia – Loulé (São Clemente)
1988, 78; Alarcão 1988b, 204 (8/257); Marques Lugar – Aprá ou Torres de Aprá
1992, 209. Estácio da Veiga recolheu, no século XIX, vários
objectos provenientes de uma necrópole. Não são
N.º 245 avançados mais dados sobre este espaço funerário.
Distrito – Faro Bibliografia – Santos 1972, 155-156; Alarcão 1988b,
Concelho – Loulé 205 (8/272); Gomes – Gomes 1988, 75; Marques
Freguesia – Benafim 1992, 237.
Lugar – Benafim
Neste local apareceu, no início do século XX, uma N.º 250
sepultura com diverso mobiliário funerário. Distrito – Faro
Bibliografia – Gomes - Gomes, 1988, 76; Alarcão Concelho – Loulé
1988b, 181 (7/82); Marques 1992, 225. Freguesia – Quarteira
Lugar – Cerro da Vila
N.º 246 Jorge Alarcão (1988b, 206) considera que estamos
Distrito – Faro perante uma das mais ricas villae de Portugal. O
Concelho – Loulé arqueólogo responsável pelas escavações considera
Freguesia – Boliqueime que junto desta villa existia um conjunto industrial
Lugar – Alcaria destinado à salga do peixe (Matos 1984, 138; Matos
A bibliografia citada menciona a destruição de uma 1996 e 1997) e um complexo portuário. Numa área
necrópole romana. Aparece referida na bibliografia situada a norte da villa existe uma necrópole utilizada
mas não são avançados outros elementos sobre a no século IV (Matos 1996, 27). Junto deste complexo
mesma. foram encontrados vestígios de dois monumentos
Bibliografia – Gomes – Gomes 1988, 75; Marques funerários. O mais bem conservado encontra-se
1992, 221. reduzido aos alicerces mas ainda é possível ver a
dimensão do mesmo: 10 metros de comprimento por
N.º 247 5 metros de largura (Matos 1996, 142). Na parte
129
Necrópoles Romanas do Território Português

central existiria um espaço onde estariam os nichos Distrito – Faro


destinados à deposição das urnas com as cinzas Concelho – Monchique
resultantes da cremação. Jorge Alarcão considera que Freguesia – Monchique
este monumento deve ser anterior ao século III d.C. Lugar – Alcaria
(Alarcão 1988, 206). M. L. Santos faz uma referência muito vaga ao
A necrópole terá cerca de 60 sepulturas (Santos aparecimento de uma necrópole tardo-romana.
1997). Destas foram escavadas 13 sepulturas que Bibliografia – Santos 1972, 61; Alarcão 1988b, 180
revelaram enterramentos que utilizaram a prática (7/70).
funerária da inumação. «A maioria dos indivíduos foi
inumado em decúbito dorsal» (Santos 1997, 402). N.º 255
Existia uma grande variedade de sepulturas, a maior Distrito – Faro
parte delas estruturadas com tegulae, tijolos e mesmo Concelho – Monchique
xisto. A maior parte dos enterramentos revelou uma Freguesia – Monchique
orientação O – E, embora existam outras orientações Lugar – Archeta
(Santos 1997, 401-402). J. L. Matos (1996, 27) Neste local apareceu uma necrópole de provável
atribui a utilização da necrópole ao século IV, cronologia romana. As sepulturas, entretanto
relacionando tal situação com a reconstrução da villa destruídas, eram constituídas por lateres e tegulae.
e o desenvolvimento das actividades fabris e Uma das sepulturas continha um esqueleto, uma
portuárias. De realçar o aparecimento de um lança e vários recipientes cerâmicos.
indivíduo com uma moeda do séc. IV na boca. Foi Bibliografia – Santos 1972, 60; Alarcão 1988b, 180
ainda retirado das sepulturas dois recipientes (7/69).
cerâmicos, dez contas de pasta de vidro e cerca de
noventa preguetas. Um dos vasos de cerâmica era N.º 256
tardo-romano. Distrito – Faro
Bibliografia – Matos 1984; Matos 1984-1988; Concelho – Monchique
Alarcão 1988b, 206-207 (8/298); Matos 1996; Matos Freguesia – Monchique
1997; Santos 1997. Lugar – Cerro da Vigia
M. L. Santos faz uma referência muito vaga ao
N.º 251 aparecimento de sepulturas de possível cronologia
Distrito – Faro romana. Não são apresentadas outras informações
Concelho – Loulé sobre estas sepulturas.
Freguesia – Salir Bibliografia – Santos 1972, 59; Alarcão 1988b, 180
Lugar – Palmeiros (7/74).
Neste local foi referenciada uma necrópole de
duvidosa cronologia romana. A bibliografia citada N.º 257
apresenta poucas informações sobre a mesma. Distrito – Faro
Bibliografia – Gomes – Gomes 1988, 79; Marques Concelho – Olhão
1992, 229. Freguesia – Moncarapacho
Lugar – Alfanxia
N.º 252 Neste local apareceu uma necrópole de inumação. M.
Distrito – Faro L. Santos refere que estas sepulturas eram revestidas
Concelho – Loulé com «placas de argila» (tegulae ou lateres?) e
Freguesia – Salir continham ossadas. J. Alarcão refere também o
Lugar – Salir aparecimento de um sarcófago.
Estácio da Veiga descobriu uma necrópole de Bibliografia – Santos 1972, 292-293; Encarnação
inumação. Desta foram retirados vários objectos que 1984, 83-84; Alarcão 1988b, 210; Marques 1995, 79,
não permitiram a datação da necrópole. 80.
Bibliografia – Santos 1972, 144-145; Alarcão 1988b,
204 (8/260); Gomes – Gomes 1988, 80-81; Marques N.º 258
1992, 209. Distrito – Faro
Concelho – Olhão
N.º 253 Freguesia – Moncarapacho
Distrito – Faro Lugar – Parra
Concelho – Loulé Esta necrópole de inumação é referida pela primeira
Freguesia – Salir vez por J. F. Mascarenhas. Este autor menciona o
Lugar – Torrinha aparecimento de dois esqueletos em cada sepultura.
Neste local apareceu uma necrópole romana sobre a Nas cabeceiras das sepulturas foram encontrados
qual existem poucas informações. unguentários de vidro. Não se conhece a cronologia
Bibliografia – Saa 1963, 134 e 136; Alarcão 1988b, de utilização desta necrópole.
204 (8/259); Marques 1992, 209. Bibliografia – Mascarenhas 1974, 19-20; Marques
1995, 87.
N.º 254
130
Necrópoles Romanas do Território Português

N.º 259 Nesta necrópole foram encontradas sepulturas de


Distrito – Faro incineração e inumação. A maioria das sepulturas de
Concelho – Olhão inumação eram constituídas por placas de calcário.
Freguesia – Moncarapacho Apareceram algumas constituídas por tegulae e uma
Lugar – Bias do Sul sepultura com caixa rectangular feita de alvenaria,
M. L. Santos faz uma referência muito vaga ao completamente fechada. O mobiliário funerário era
aparecimento, neste lugar, de sepulturas romanas. constituído por cerâmica comum.
Bibliografia – Santos 1972, 287-288; Encarnação Uma sepultura de incineração era constituída por uma
1984, 720; Alarcão 1988b, 208, (8/310); Marques urna coberta com uma tegula. Esta tinha um
1995, 99. mobiliário mais rico, constituído por vários
recipientes de terra sigillata, lucerna e cerâmica
N.º 260 comum. Não se conhece a cronologia desta
Distrito – Faro necrópole.
Concelho – Olhão J. Alarcão situa esta necrópole na freguesia de
Freguesia – Pechão Mexilhoeira Grande.
Lugar – Bela Mandil Bibliografia – Vasconcellos 1904, 180; Santos 1972,
Neste local foi descoberta uma necrópole de 41-42; Alarcão 1988b, 181 (7/103); Gomes – Gomes
incineração. As sepulturas continham ossos 1988, 91; Marques 1992, 47.
carbonizados e unguentários. De uma das sepulturas
também foi retirado um pequeno prato e uma moeda N.º 263
de Cláudio I. Este dado permite datar a utilização Distrito – Faro
desta necrópole da segunda metade do século I d.C. Concelho – Portimão
Bibliografia – Santos 1972, 247-248; Marques 1995, Freguesia – Mexilhoeira Grande
107. Lugar – Alcalar
Apareceu neste local uma sepultura com fragmentos
N.º 261 de um recipiente de vidro e uma moeda de Cláudio I.
Distrito – Faro Esta sepultura tinha sido aberta sobre o topo de um
Concelho – Olhão monumento pré-histórico. Não se menciona o ritual
Freguesia – Quelfes utilizado.
Lugar – Marim ou Quinta do Marim Bibliografia – Veiga 1889, 222; Santos 1972, 15;
Neste local foram descobertas vários vestígios Alarcão 1988b, 181 (7/99); Marques 1992, 31.
funerários pertencentes a duas necrópoles distintas ou
a dois núcleos da mesma necrópole. N.º 264
Estácio da Veiga escavou parte da necrópole. Esta Distrito – Faro
parte da necrópole continha sepulturas de inumação, Concelho – Portimão
das quais retirou vários objectos. Freguesia – Mexilhoeira Grande
Mais tarde, Santos Rocha escavou outra necrópole ou Lugar – Malhadais
outro núcleo da mesma necrópole, situado a cerca de M. L. Santos faz uma referência ao aparecimento de
200 metros da anterior. Este investigador escavou uma grande necrópole. As sepulturas eram de
quatro sepulturas de inumação orientadas no sentido «pedra». Não sabemos o que aquela autora pretende
NO – SE. Duas das sepulturas tinham as paredes dizer com este facto. Não se menciona o ritual
constituídas por alvenaria e tijolo, sem qualquer utilizado nem a cronologia destas sepulturas.
revestimento no fundo. Uma das sepulturas estava Bibliografia – Santos 1972, 17; Gomes – Gomes
coberta com cipos reaproveitados de outras 1988, 91; Marques 1992, 41.
sepulturas. Por fim, Santos Rocha detectou ossadas
de vários indivíduos numa das sepulturas. Apenas N.º 265
retirou um pequeno recipiente cerâmico. Distrito – Faro
Deste local também vieram várias cupae em calcário Concelho – Portimão
dos séculos II e III. Esta cobertura indica-nos a Freguesia – Mexilhoeira Grande
presença da incineração nesta necrópole. Lugar – Mexilhoeira Grande
Uma estela funerária, encontrada sobre uma sepultura Santos Rocha menciona o aparecimento de uma
de inumação, foi datada por J. Encarnação, que a necrópole romana neste local. Não são adiantadas
insere na segunda metade do século II d.C. outras informações sobre este local.
Bibliografia – Rocha 1895, 113 e 193-199; Santos Bibliografia – Rocha 1896, 79; Santos 1972, 9-10;
1972, 266-267; Encarnação 1984, 81-101; Alarcão Alarcão 1988b, 181 (7/105); Gomes – Gomes 1988,
1988b, 208 (8/311); Marques 1995, 99. 91; Marques 1992, 41.

N.º 262 N.º 266


Distrito – Faro Distrito – Faro
Concelho – Portimão Concelho – Portimão
Freguesia – Alvor Freguesia – Mexilhoeira Grande
Lugar – Monte da Torre Lugar – Vale do Marinho
131
Necrópoles Romanas do Território Português

A Carta Arqueológica de Portugal situa neste local Neste local foi encontrada uma necrópole tardo-
uma sepultura cavada na rocha, com cronologia romana ou alto-medieval. A cerâmica foi considerada
duvidosa. A tipologia deste tipo de sepultura já do período visigótico.
geralmente remete para o período medieval. Bibliografia – Santos 1972, 87; Alarcão 1988b, 184;
Bibliografia – Marques 1992, 42. Gomes – Gomes 1988, 99; Marques 1992, 151,

N.º 267 N.º 272


Distrito – Faro Distrito – Faro
Concelho – Portimão Concelho – Silves
Freguesia – Portimão Freguesia – Algoz
Lugar – Quinta de Arge Lugar – Amoreira / Senhora do Pilar
Necrópole constituída por cinco sepulturas escavadas Leite de Vasconcellos encontrou sepulturas, cinzas e
na rocha. Esta necrópole foi referenciada, pela ossos. E. Andrade e L. Andrade (1974-1977) situam
primeira vez, por Estácio da Veiga. Mais uma vez a neste local uma grande villa romana e uma necrópole
tipologia destas sepulturas poderá indicar uma da mesma época. Estes vestígios e a necrópole do
utilização já no período medieval. Morgado das Taipas poderão pertencer ao mesmo
Bibliografia – Veiga 1887, 350-351; Santos 1972, 87; conjunto de vestígios arqueológicos. Tudo indica que
Alarcão 1988b, 182 (7/113); Gomes – Gomes 1988, neste local estaria situada a villa e no lugar do
94; Marques 1992, 47. Morgado das Taipas estaria a necrópole. Não aparece
qualquer descrição das sepulturas nem de qualquer
N.º 268 material votivo daí procedente.
Distrito – Faro Bibliografia – Santos 1972, 71-72; Andrade –
Concelho – São Brás de Alportel Andrade 1974-1977; Alarcão 1988b, 182, (7/124).
Freguesia – São Brás de Alportel
Lugar – Outeiro de Alportel N.º 273
Em dois momentos distintos apareceram vestígios de Distrito – Faro
sepulturas de inumação. Uma das sepulturas continha Concelho – Silves
ossadas humanas e um recipiente cerâmico. Numa Freguesia – Algoz
sepultura, aparecida em 1966, encontraram-se três Lugar – Morgado das Taipas
lanças de ferro. Não é possível apresentar uma Leite de Vasconcellos refere a existência de uma
cronologia das sepulturas. necrópole romana neste local. M. L. Santos situa
Bibliografia – Vasconcellos 1918b, 116-117; Santos neste local uma necrópole de inumação. Esta
1972, 160-164; Alarcão 1988b, 205 (8/270); Gomes – investigadora descreve o aparecimento de sepulturas
Gomes 1988, 95; Marques 1992, 269. com caixa formada por tegulae e cobertura do mesmo
material. Uma das sepulturas não tinha revestimento
N.º 269 lateral e estava coberta com uma laje. Adianta ainda a
Distrito – Faro presença de um «tijolo semi-circular ou uma pedra
Concelho – São Brás de Alportel onde estava encostada a caveira» (Santos 1972, 75).
Freguesia – São Brás de Alportel As sepulturas apresentavam uma orientação Este –
Lugar – São Brás de Alportel Oeste, com a cabeceira voltada para Oeste.
Neste local foi destruída uma sepultura romana. Não E. Andrade e L. Andrade (1974-1977, 407-408)
se conhece a sua forma nem o ritual funerário. encontraram tegulae neste local e confirmam a
Bibliografia – Pinto 1929, 33; Marques 1992, 269. existência de uma necrópole que se estenderia pela
quinta contígua. Não se conhece a cronologia da sua
N.º 270 utilização.
Distrito – Faro Na Carta Arqueológica de Portugal apenas aparece
Concelho – São Brás de Alportel referência a esta necrópole que estaria ligada a uma
Freguesia – São Brás de Alportel villa romana situada no lugar da Senhora do Pilar.
Lugar – São Romão Bibliografia – Santos 1972, 75; Andrade – Andrade
Não existem vestígios de sepulturas. Apenas a 1974-77, 407-415; Alarcão 1988b, 182 (7/125);
presença de inscrições funerárias poderá situar neste Marques 1992, 147.
local uma necrópole.
Bibliografia – Santos 1972, 165-166; Encarnação N.º 274
1984, 112-113, 116-117; Alarcão 1988b, 205 (8/271); Distrito – Faro
Marques 1992, 269. Concelho – Silves
Freguesia – São Bartolomeu de Messines
N.º 271 Lugar – Amorosa
Distrito – Faro Estácio da Veiga faz uma referência muito vaga a
Concelho – Silves uma necrópole de inumação. Não apresenta qualquer
Freguesia – Alcantarilha descrição dos vestígios.
Lugar – Poço dos Mouros
132
Necrópoles Romanas do Território Português

Durante a realização de trabalhos agrícolas, em N.º 280


meados do século XX, apareceu uma sepultura Distrito – Faro
contendo unguentários de vidro. Concelho – Silves
Bibliografia – Veiga 1887, 364; Santos 1972, 117; Freguesia – Silves
Alarcão 1988b, 181 (7/78); Gomes – Gomes 1988, Lugar – Vila Fria / Borregas
97; Marques 1992, 113. Junto de vestígios de uma villa romana, apareceu
uma necrópole da mesma época. Não são
N.º 275 apresentadas outras informações sobre a mesma.
Distrito – Faro Bibliografia – Gomes – Gomes 1988, 102; Marques
Concelho – Silves 1992, 135.
Freguesia – São Bartolomeu de Messines
Lugar – Fonte Ferrenha N.º 281
Esta necrópole romana foi referenciada, pela primeira Distrito – Faro
vez, na Carta Arqueológica de Portugal. Não são Concelho – Tavira
apresentadas outras informações sobre a mesma. Freguesia – Conceição
Bibliografia – Marques 1992, 109. Lugar – Horta da Canada
Estácio da Veiga explorou uma necrópole de
N.º 276 inumação com dezassete sepulturas. As sepulturas
Distrito – Faro estavam abertas no solo natural, sem qualquer
Concelho – Silves material de revestimento. Apresentavam uma
Freguesia – São Bartolomeu de Messines orientação Oeste – Este. Em duas sepulturas foram
Lugar – Monte da Torre Vã encontrados recipientes de vidro, colocados na
Neste local foi detectada uma sepultura romana, cabeceira.
referenciada pela primeira vez na Carta Arqueológica Bibliografia – Santos 1972, 339-340; Alarcão 1988b,
de Portugal. Menciona-se ainda a descoberta de 205 (8/284).
ossos e de um recipiente cerâmico.
Bibliografia – Marques 1992, 122. N.º 282
Distrito – Faro
N.º 277 Concelho – Tavira
Distrito – Faro Freguesia – Luz
Concelho – Silves Lugar – Dona Menga
Freguesia – São Bartolomeu de Messines Neste local eram conhecidos vários vestígios da
Lugar – Pedreira / Cerro Alto época romana, entre os quais encontrava-se uma
Aparece referida na bibliografia indicada, mas não necrópole com sepulturas de incineração e inumação.
são apresentadas quaiquer informações sobre as M. L. Santos apresenta uma descrição de uma
sepulturas. sepultura de incineração. Esta era quadrangular,
Bibliografia – Gomes – Gomes 1988, 99; Marques revestida por tijolos e coberta com uma grande laje.
1992, 117. No interior tinha cinzas e um recipiente de vidro. Não
existem datações para estes vestígios.
N.º 278 Recentemente, David Mendes (1999) publicou a
Distrito – Faro descoberta de uma sepultura romana de inumação do
Concelho – Silves século II d.C. que poderá não estar relacionada com a
Freguesia – São Bartolomeu de Messines necrópole acima referida. Esta sepultura tinha
Lugar – Pedreirinha paredes construídas com tijolos (lateres crudi) e
Na Carta Arqueológica de Portugal classifica-se este estava coberta com três lajes de calcário. A sepultura
vestígios como uma necrópole, provavelmente de estava orientada no sentido Norte – Sul e estava
cronologia romana. Para este local é ainda coberta com um tumulus raso com indícios de fogos.
mencionada a presença de um núcleo de tinas de No interior foi descoberto um copo em vidro do
culto. século II d.C. (Mendes 1999, 220), um imbrex, uma
Bibliografia – Gomes – Gomes 1988, 99; Marques pedra de amolar e uma espada de ferro, de provável
1992, 113. origem germânica (Mendes 1999, 200). David
Mendes considera que se estará perante um
N.º 279 enterramento de um indivíduo de origem germânica,
Distrito – Faro dado que a espada é dessa origem. A sepultura
Concelho – Silves apresenta uma orientação Norte – Sul e está coberta
Freguesia – São Bartolomeu de Messines com um tumulus (Mendes 1999, 221-222). Ao
Lugar – Zimbreira contrário do que diz este autor, não nos parece que a
A primeira referência a esta necrópole aparece na orientação Norte – Sul seja estranha aos costumes
Carta Arqueológica de Portugal. Não são adiantadas funerárias da população desta região. Foram
mais informações sobre a mesma. encontradas sepulturas em Faro com essa orientação.
Bibliografia – Marques 1992, 122. No entanto, de facto a cobertura da sepultura com
133
Necrópoles Romanas do Território Português

tumulus é original, podendo estar relacionada com As sepulturas de inumação, que assumiam diversas
costumes funerários originários doutra região. formas, continham ossadas, com o crânio colocado
Bibliografia – Santos 1972, 301-302; Alarcão 1988b, sobre uma tegula. Em algumas destas sepulturas foi
208 (8/314); Marques 1995, 153; Mendes 1999. encontrado mobiliário funerário diversificado. Foram
encontradas sepulturas formadas com tijolos e
N.º 283 tegulae, assumindo a forma de um telhado de duas
Distrito – Faro águas, sepulturas com caixa de tijolos, com fundo e
Concelho – Tavira cobertura do mesmo material, uma sepultura coberta
Freguesia – Luz com uma grande laje e sepulturas planas com quatro
Lugar – Quinta das Antas tijolos. A descrição não permite a visualização da
Esta necrópole estava situada a norte da cidade formas destes dois tipos de sepulturas.
romana de Balsa. Era constituída por sepulturas de O mobiliário funerário não aparece discriminado por
incineração e inumação. As sepulturas de incineração tipo de sepultura. Não sabemos se o mobiliário
são claramente maioritárias. Estas sepulturas tinham aparece em sepulturas de inumação ou incineração.
a forma de uma caixa ou eram cistas de chumbo, M. L. Santos menciona os diferentes objectos
rectangulares ou troncocónicas, onde eram guardadas encontrados: fragmentos de terra sigillata, lucernas,
as cinzas. M. L. Santos refere quarenta e três urnas cinerárias, unguentários, objectos de metal,
exemplares destas incinerações. alfinetes de marfim e vinte e seis moedas (Adriano,
J. F. Mascarenhas descreve o aparecimento de uma Trajano, Marco Aurélio, Faustino Júnior). Esta
sepultura mas não precisa a localização desta necrópole terá sido utilizada entre os séculos II e IV
sepultura (Mascarenhas 1978, 20), que poderá ser d.C.
proveniente de qualquer sepultura da cidade de Balsa. Bibliografia – Santos 1972, 321-326; Encarnação
Neste seu trabalho sobre Balsa descreve uma 1984, 123, 139, 141; Alarcão 1988b, 208 (8/317);
sepultura de incineração com uma formato peculiar. Marques 1995, 153.
Tem uma forma rectangular, as paredes são
construídas por fiadas de tijolos. Em cada um dos N.º 285
cantos da mesma, Mascarenhas reconheceu «uma Distrito – Faro
espécie de nichos de tijolos, para a colocação das Concelho – Tavira
cinzas dos mortos, certamente da mesma familía» Freguesia – Luz
(Mascarenhas 1978, 20). Estava coberta com pedras e Lugar – Quinta do Pinheiro
tijolos. Sobre esta sepultura encontrou vestígios de Neste local apareceu uma necrópole da qual foram
cinzas e tijolos queimados. No interior da sepultura, retirados vários objectos. Foram recolhidos
apenas um dos nichos continha cinzas, junto das recipientes de cerâmica e um balsamário em bronze
quais estava depositado um recipiente de vidro. O com a forma de um busto de um pequeno fauno. Não
autor considera que a taça é do século I d.C. sabemos a forma das sepulturas, o ritual utilizado e a
(Mascarenhas 1978, 22-23). cronologia da necrópole. Para Garcia y Bellido
M. L. Santos descreve algumas sepulturas de (1949, 457) o balsamário de bronze seria do séc. II
inumação. Estas tinham caixas de tijolo, cobertas d.C.
com tegulae ou lajes. Algumas tinham a forma de um Bibliografia – Garcia y Bellido 1949, 457-457;
telhado de duas águas. Santos 1972, 302-303; Alarcão 1988b, 209 (8/319);
O mobiliário funerário retirado é bastante Marques 1995, 153.
diversificado: cerâmica, vidros, objectos de metal,
jóias e moedas. N.º 286
M. L. Santos propôs uma cronologia de utilização da Distrito – Faro
necrópole em torno dos séculos I e II d.C. Concelho – Tavira
Bibliografia – Santos 1971, 234-236, 291-292; Freguesia – Santo Estevão
Mascarenhas 1978, 20-24; Alarcão 1988b, 208-209 Lugar – Paúl
(8/318). Uma necrópole da qual foram retirados vários
objectos votivos. Foram retirados os seguintes
N.º 284 objectos: uma lucerna, quatro recipientes cerâmicos,
Distrito – Faro um prato de vidro, dois objectos em bronze, dois
Concelho – Tavira anéis em bronze e uma moeda de Cláudio II. A
Freguesia – Luz necrópole foi utilizada no século III d.C. Não se
Lugar – Quinta do Arroio conhece o ritual funerário utilizado nesta necrópole.
Neste local apareceram vestígios de uma necrópole Bibliografia – Santos 1972, 297-299; Alarcão 1988b,
de incineração e inumação. Esta necrópole foi 205 (8/277); Marques 1995, 133.
explorada por Teixeira Aragão em 1868. Deste local
também foram retiradas algumas inscrições N.º 287
funerárias. Distrito – Faro
As sepulturas de incineração eram constituídas por Concelho – Tavira
urnas cinerárias, dentro das quais foram depositadas Freguesia – Luz
cinzas, ossos e mobiliário funerário. Lugar – Pedras d‟ El Rei
134
Necrópoles Romanas do Território Português

Junto de importantes vestígios da época romana Neste local foi destruída uma necrópole romana. Nas
(mosaicos e termas) apareceu uma necrópole de sepulturas apareceram moedas e outros objectos.
inumação. A princípio foram descobertas doze Não é referido o ritual utilizado nem é apresentada
sepulturas distribuídas por dois tipos. Algumas qualquer proposta de cronologia.
tinham a caixa rectangular formada por tijolos e a Bibliografia – Viana 1955, 49; Santos 1972, 344;
cobertura constituída por tegulae. Outras tinham a Alarcão 1988b, 206 (8/295); Marques 1995, 173.
cobertura com a forma de um telhado de duas águas.
As sepulturas não tinham material a revestir o fundo
e apresentavam uma orientação Este – Oeste. Uma
sepultura tinha um vão na parede lateral, junto do
Guarda
crânio, onde tinham sido colocados dois recipientes
cerâmicos (Santos 1972, 309). N.º 292
Posteriormente apareceram sepulturas abertas no solo Distrito – Guarda
arenoso, sem qualquer revestimento. Concelho – Almeida
O mobiliário funerário recuperado era reduzido, Freguesia – Parada
constituído por cerâmica comum. Não foi proposta Lugar – Parada
uma cronologia para esta necrópole. Jorge Alarcão faz uma breve referência à descoberta
Bibliografia – Viana 1952; Santos 1972, 308-309; de uma lápide funerária sobre uma sepultura
Alarcão 1988b, 208 (8/315); Marques 1995, 157. estruturada com tijolos. Não se conhece o ritual
funerário.
N.º 288 Bibliografia – Teles 1985, n.º 61; Alarcão 1988b, 64
Distrito – Faro (4/272).
Concelho – Tavira
Freguesia – Tavira (Santiago) N.º 293
Lugar – Quinta do Trindade Distrito – Guarda
Junto de um local rico em vestígios romanos, Concelho – Guarda
apareceu também uma necrópole. A referência a esta Freguesia – Guarda
necrópole é muito vaga e aparece essencialmente Lugar – Guarda
devido à descoberta de inscrições funerárias. Foi descoberta, em 1957, na sequência de obras de
Bibliografia – Santos 1972, 326-332; Alarcão 1988b, urbanização da área da Sé e do Liceu, uma sepultura
208 (8/312); Marques 1995, 149. de incineração com recipientes cerâmicos e um
unguentário de vidro. A. V. Rodrigues refere que esta
N.º 289 sepultura tinha a forma de uma cista. Os recipientes
Distrito – Faro cerâmicos são tardios.
Concelho – Vila do Bispo Bibliografia – Rodrigues 1977, 34; Alarcão 1988b,
Freguesia – Budens 64 (4/264).
Lugar – Cerro das Alfarrobeiras
M. L. Santos faz uma referência muito vaga ao N.º 294
aparecimento de uma necrópole de inumação. Esta Distrito – Guarda
foi detectada por Estácio da Veiga. Concelho – Meda
Bibliografia – Santos 1971, 322; Alarcão 1988b, 183 Freguesia – Marialva
(7/130). Lugar – Quinta da Leveira
Necrópole de incineração descoberta quando se
N.º 290 procedia à plantação de uma vinha. No local apareceu
Distrito – Faro grande quantidade de tegulae que devia pertencer às
Concelho – Vila Real de Santo António sepulturas. Destas foram retirados «vasos cinerários,
Freguesia – Vila Nova de Cancela fragmentos cerâmicos, perfumadores e lacrimogénios
Lugar – Horta em vidro» (Rodrigues 1961, 22-23). Embora a notícia
Neste local apareceu uma necrópole de inumação que da descoberta da necrópole não se alongue em
não forneceu mobiliário funerário. As sepulturas aspectos descritivos não deixa de referir um achado
eram formadas por placas de calcário e cobertas com bastante singular. Falamos do aparecimento de uma
tegulae, formando um telhado de duas águas. No inscrição num tijolo com as seguintes dimensões: 0,6
interior das sepulturas foram encontradas ossadas m X 0,5 m X 0,06 m. Segundo o autor estaria
humanas. «colocada horizontalmente fechando uma cista em
Bibliografia – Santos 1972, 343; Alarcão 1988b, 206 caixa, no interior da qual se encontraram vasos
(8/293); Marques 1995, 165. cinerários» (Rodrigues 1961, 23). Na necrópole foi
encontrada uma lucerna e três pontas de lança. A esta
N.º 291 necrópole foi atribuída uma cronologia em torno dos
Distrito – Faro séculos II e III d.C.
Concelho – Vila Real de Santo António Bibliografia – Rodrigues 1961; Alarcão 1988b, 55.
Freguesia – Vila Nova de Cacela
Lugar – Quinta da Fidalga
135
Necrópoles Romanas do Território Português

N.º 295 Bibliografia – Azevedo 1896, 182-188; Figueiredo


Distrito – Guarda 1998, 112 (n.º 17B).
Concelho – Sabugal
Freguesia – Sabugal N.º 300
Lugar – Sabugal Distrito – Leiria
J. M. Correia menciona fontes orais que dão conta da Concelho – Alcobaça
descoberta de uma necrópole na área da vila do Freguesia – Bárrio
Sabugal. As sepulturas seriam estruturadas com Lugar – Parreitas (ou Pirreitas)
tijolos e argamassa. Também apareceu uma lápide Foram descobertas sepulturas com contas de vidro e
funerária. um fragmento de um alfinete de cobre. A estas
Bibliografia – Correia 1909, 302; Alarcão 1988b, 69 sepulturas foi atribuída uma datação em torno dos
(4/350). séculos II e III d.C.
Bibliografia – Figueiredo 1998, 121 (n.º 3C).
N.º 296
Distrito – Guarda N.º 301
Concelho – Vila Nova de Foz Côa Distrito – Leiria
Freguesia – Mós do Douro Concelho – Batalha
Lugar – Cruzinha Freguesia – Golpilheira
Sá Coixão, na sua carta arqueológica do concelho de Lugar – Bico do Sacho
Vila Nova de Foz Côa, menciona a destruição de uma A. Figueiredo (1998, 103) refere o aparecimento de
sepultura estruturada com tegulae. Junto deste local sepulturas associadas a materiais arqueológicos da
teria sido encontrada uma laje de xisto com inscrição. época romana. No mesmo local terão sido recolhidas
Bibliografia – Coixão 1996, 111-112. inscrições funerárias romanas. Não apresenta o ritual
utilizado nem cronologia de utilização.
Bibliografia – Figueiredo 1998, 103 (n.º 2B).
Leiria
N.º 302
N.º 297 Distrito – Leiria
Distrito – Leiria Concelho – Nazaré
Concelho – Alcobaça Freguesia – Famalicão
Freguesia – Alfeizeirão Lugar – São Gião
Lugar – Alfeizerão Eduíno Garcia (1962) refere a descoberta de um
Nesta localidade foi descoberto um sepulcro de sepulcro, um unguentário e moedas da época romana,
criança. além de um pequeno monumento anepígrafo. Não se
Bibliografia – Figueiredo 1998 (n.º 6C). conhece a cronologia do local nem o ritual utilizado.
Bibliografia – Garcia 1962; Figueiredo 1998, 122 (n.º
N.º 298 4C).
Distrito – Leiria
Concelho – Alcobaça N.º 303
Freguesia – Alfeizerão Distrito – Leiria
Lugar – Pedrógão Concelho – Nazaré
J. Carvalhaes descreve o aparecimento, neste local, Freguesia – Valado dos Frades
de grandes quantidades de ossos humanos misturados Lugar – Valado dos Frades
com materiais normalmente usados pelos romanos na Nesta localidade foram descobertos dois sepulcros
construção de sepulturas. A grande quantidade de que estão actualmente depositados no Museu
vestígios ósseos leva-nos a concluir que se trata de Nacional de Arqueologia e no Museu do Carmo. Este
uma necrópole de inumação. Não é mencionada a foi descoberto quando se arroteava um terreno e
presença de oferendas funerárias. encontrava-se assente sobre seis pequenas colunas.
Bibliografia – Carvalhaes 1903, 90-93; Alarcão O sarcófago das Musas foi estudado por Garcia y
1988b, 113 (5/33). Bellido que o datou do século III d.C. Este autor
considera-o fruto de um trabalho local baseado em
N.º 299 modelo erudito romano. Para M. J. Justino este
Distrito – Leiria sarcófago é mais tardio, já do século IV.
Concelho – Alcobaça Bibliografia – Garcia Y Bellido 1949, 233-234;
Freguesia – Aljubarrota (Prazeres) Maciel 1996, 135-139; Figueiredo 1998, 120 (n.º 2C).
Lugar – Aljubarrota
Neste local apareceram sepulturas. Pela descrição N.º 304
apresentada, retirada das Memórias Paroquiais de Distrito – Leiria
1758, nem todas deverão ser de época romana. Numa Concelho – Porto de Mós
das sepulturas foi encontrada uma moeda de Cláudio. Freguesia – Alcaria
Lugar – Zambujal de Alcaria
136
Necrópoles Romanas do Território Português

A. Figueiredo, na sua dissertação de mestrado, refere


a existência de vestígios da época romana numa
gruta. É, sem dúvida, o único caso de ocupação de
um espaço deste tipo como área sepulcral, talvez
Lisboa
como continuidade de práticas funerárias anteriores.
Não apresenta cronologia nem ritual funerário. N.º 309
Bibliografia – Figueiredo 1998, 97 (n.º 1A). Distrito – Lisboa
Concelho – Alenquer
N.º 305 Freguesia – Abrigada
Distrito – Leiria Lugar – Cabanas de Chão
Concelho – Porto de Mós Apareceu uma necrópole com mobiliário funerário
Freguesia – Calvaria constituído por moedas, recipientes cerâmicos e
Lugar – Quinta de São Paio lucernas.
Esta necrópole estava associada a uma villae. Esta Bibliografia – Saa 1959, 75, nota 1; Alarcão 1988b,
necrópole seria extensa e dataria de um período 117 (5/110).
compreendido entre os séculos II e IV d.C. Foram
encontradas moedas romanas dos séculos III / IV dC. N.º 310
As sepulturas tinham a cabeceira orientada para Distrito – Lisboa
Oriente. Concelho – Alenquer
Bibliografia – Alarcão 1988b, 111 (5/11); Figueiredo Freguesia – Alenquer (Santo Estevão)
1998, 109 (n.º 12B). Lugar – Paredes
Neste local apareceu, em 1934, uma necrópole com
N.º 306 mais de dez sepulturas de incineração. Estes vestígios
Distrito – Leiria deviam pertencer a uma grande necrópole, da qual
Concelho – Porto de Mós faziam parte também os vestígios descobertos na
Freguesia – Juncal Quinta das Sete Pedras e na Quinta do Bravo.
Lugar – Andam ou Ribeiro de Andã As sepulturas descobertas no lugar de Paredes não
M. Saa faz uma referência ao aparecimento de estavam revestidas com qualquer material de
sepulturas romanas e moedas. Esta necrópole não construção. No seu interior viam-se restos de «ossos
aparece na dissertação de A. Figueiredo. Estará com calcinados, cinzas» (Cabaço – Jalhay 1936, 110) e
outra referência? mobiliário funerário constituído por uma urna, terra
Bibliografia – Saa 1960, 47; Alarcão 1988b, 111 sigillata e vários recipientes de vidro (Cabaço –
(5/6). Jalhay 1936, 110). M. A. Pereira estudou um dolium
que serviu de urna cinerária. Esta continha 60
N.º 307 objectos de diversa natureza. Este enterramento foi
Distrito – Leiria datado do final do século I d.C.
Concelho – Porto de Mós Junto desta necrópole foi encontrada uma estela
Freguesia – São João Baptista funerária dedicada a três pessoas distintas. O
Lugar – Fonte do Oleiro mobiliário funerário retirado desta necrópole é
Deste local foram retiradas várias inscrições diversificado e abundante: recipientes de vidro,
funerárias, facto que terá levado A. Figueiredo (1998, fragmentos de terra sigillata, cerâmica comum e um
106) a concluir que estamos perante uma necrópole skyphos com vidrado a verde. Também foram
da época romana. Não apareceram outros materiais recolhidos diversos objectos de metal: pregos, fechos,
arqueológicos que indiquem a presença de uma fivelas, argolas e uma campainha.
necrópole. Bibliografia – Cabaço – Jalhay 1936, 110-113;
Bibliografia – Moreira 1982; Figueiredo 1998, 106 Pereira 1936, 129-135; Barbosa 1970, 27-30; Pereira
(n.º 7B). 1970a, 45-74; Gomes – Ponte 1984, 100-101;
Alarcão 1988b, 117 (5/133).
N.º 308
Distrito – Leiria N.º 311
Concelho – Porto de Mós Distrito – Lisboa
Freguesia – São Pedro Concelho – Alenquer
Lugar – Desterro, Ribeira de Cima Freguesia – Alenquer (Santo Estevão)
Neste local apareceu um monumento funerário com Lugar – Quinta da Barradinha
ossadas in situ. J. Moreira e J. Encarnação estudaram E. Barbosa menciona o aparecimento de uma
o monumento e concluiram que seria do século I d.C. necrópole de inumação, cortada por uma estrada. Não
Este monumento estava destinado a assinalar a adianta outras informações sobre esta necrópole.
sepultura de três pessoas. No mesmo local também Mais tarde, apareceu um esqueleto humano sobre
apareceram ossos e tijolos, provavelmente, uma estrutura de tijoleira. Não é claro se se trata da
provenientes de sepulturas. estrutura da sepultura.
Bibliografia –Moreira 1986; Moreira – Encarnação
1988; Figueiredo 1998, 108 (n.º 10B).
137
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Barbosa 1970, 27; IA 1979, 24; indivíduos, indício da reutilização das sepulturas. Foi
Alarcão 1988b, 118 (5/141). encontrado algum mobiliário funerário: recipientes
cerâmicos, jóias e uma espada. G. Cardoso não
N.º 312 apresenta uma cronologia precisa, apenas refere uma
Distrito – Lisboa datação genérica nos períodos romano e visigótico. A
Concelho – Alenquer orientação Norte – Sul, aliado à presença de
Freguesia – Alenquer (Santo Estevão) mobiliário funerário, poderá indicar uma cronologia
Lugar – Quinta do Bravo romana para parte dos enterramentos.
Neste local existiam sepulturas romanas que Bibliografia – Oliveira 1889-92, 92, 105-110; Rocha
pertenciam a uma grande necrópole. E. Barbosa 1896a, 75; Vasconcellos 1913, 586 e 587; Almeida
refere que esta área funerária era a continuação da 1962; Cardoso 1991, 45-46.
necrópole do lugar de Paredes.
Bibliografia – Barbosa 1970, 27-28; Alarcão 1988b, N.º 317
118 (5/140). Distrito – Lisboa
Concelho – Cascais
N.º 313 Freguesia – Alcabideche
Distrito – Lisboa Lugar – Alcoitão
Concelho – Alenquer Neste local apareceram duas sepulturas de inumação
Freguesia – Alenquer (Triana) com a caixa formada por esteios de calcário. G.
Lugar – Quinta das Sete Pedras Cardoso situa estas sepulturas no período romano ou
Neste local foram descobertas sepulturas de no visigótico.
incineração e de inumação. E. Barbosa, com base nas Bibliografia – Alarcão 1988b, 123; Cardoso 1991, 41.
informações de H. Cabaço, considera estes vestígios
uma continuação da necrópole descoberta no lugar de N.º 318
Paredes. Distrito – Lisboa
Bibliografia – Barbosa 1970, 27; Alarcão 1988b, 118 Concelho – Cascais
(5/139). Freguesia – Alcabideche
Lugar – Alcoitão (Centro de Reabilitação)
N.º 314 Neste local apareceu uma necrópole com trinta e
Distrito – Lisboa quatro sepulturas de inumação, revestidas com lajes
Concelho – Alenquer de calcário. Apresentavam uma orientação Este –
Freguesia – Cabanas de Torres Oeste. Várias sepulturas continham ossadas de mais
Lugar – Cabanas de Torres do que um indivíduo. O mobiliário funerário
M. Saa faz uma referência vaga ao aparecimento de recuperado era constituído por brincos de bronze,
sepulturas, contendo recipientes cerâmicos, lucernas anéis de bronze e dois pequenos recipientes
e moedas. cerâmicos. Mais uma vez, torna-se difícil situar estas
Bibliografia – Saa 1959, 75, nota 1; Alarcão 1988b, sepulturas no período tardo-romano ou visigótico.
117 (5/109). Bibliografia – Vasconcellos 1913, 586 e 587;
Cardoso 1991, 41.
N.º 315
Distrito – Lisboa N.º 319
Concelho – Alenquer Distrito – Lisboa
Freguesia – Carregado Concelho – Cascais
Lugar – Quinta da Marquesa Freguesia – Alcabideche
E. Barbosa menciona o aparecimento de vestígios de Lugar – Manique
uma necrópole romana neste local. Este facto já tinha G. Cardoso faz uma referência ao aparecimento de
sido mencionado por M. Saa. Não são adiantadas sepulturas de inumação de forma oblonga, mais
outras informações sobre esta estação arqueológica. estreitas de um dos lados. Apresentava uma
Bibliografia – Saa 1959, 65; Barbosa 1970, 28; orientação Este – Oeste. A forma dos túmulos
Alarcão 1988b, 118. aproxima-os das sepulturas trapezoidais medievais.
Aquele autor não precisa a época das sepulturas,
N.º 316 inserindo-as no período romano ou no visigótico.
Distrito – Lisboa Bibliografia – Cardoso 1991, 35.
Concelho – Cascais
Freguesia – Alcabideche N.º 320
Lugar – Abuxarda Distrito – Lisboa
Mais uma vez apareceram sepulturas de inumação Concelho – Cascais
cuja caixa era constituída por lajes de calcário. Freguesia – Alcabideche
Algumas tinham paredes laterais constituídas por Lugar – Murches
tijolos. Algumas sepulturas apresentavam uma Neste local apareceram sepulturas de inumação com
orientação Este – Oeste e quatro Norte – Sul. caixa constituída por lajes de calcário. Algumas
Continham ossadas humanas pertencentes a vários sepulturas foram reutilizadas várias vezes. Uma das
138
Necrópoles Romanas do Território Português

sepulturas continha um recipiente cerâmico. A Lugar – Casais Velhos


descoberta de uma lápide funerária romana indica a Neste local existem importantes vestígios de uma
sua utilização no período da ocupação romana. villa romana. Junto desta encontraram-se duas
Bibliografia – Vasconcellos 1929, 227; Cardoso necrópoles. Algumas das sepulturas eram de
1991, 38. inumação e a caixa era constituída por lajes de
calcário afeiçoado. O mobiliário funerário era
N.º 321 constituído por jóias, armas, moedas e vasilhas. Esta
Distrito – Lisboa necrópole deve ser do período tardo-romano.
Concelho – Cascais Bibliografia – Branco – Ferreira 1971, 69-83;
Freguesia – Alcabideche Alarcão 1988b, 122 (5/249); Cardoso 1991, 49-51.
Lugar – Pau Gordo
Neste local apareceu uma cobertura tipo cupa, de N.º 326
calcário que apresentava inscrição. Podia não estar Distrito – Lisboa
situada no local da necrópole. Concelho – Cascais
Bibliografia – Encarnação 1971, 95 e 96; Alarcão Freguesia – Estoril
1988b, 123; Cardoso 1991, 44-45. Lugar – Alapraia
Foi encontrada uma tampa em forma de cupa sem
N.º 322 inscrição. Tinha sido reaproveitada e não estava,
Distrito – Lisboa portanto, no local original.
Concelho – Cascais Bibliografia – Cardoso 1991, 63.
Freguesia – Alcabideche
Lugar – Vilares N.º 327
Junto de vestígios habitacionais romanos foram Distrito – Lisboa
encontradas três sepulturas de inumação. Uma era Concelho – Cascais
constituída por um esqueleto de uma criança sob um Freguesia – São Domingos de Rana
imbrex. A segunda era um covacho, coberto com Lugar – Alto do Moinho Velho ou Goilão
lajes de calcário. No interior tinha três recipientes Junto de vestígios da época romana foram recolhidas
cerâmicos e uma moeda. A última era constituída por lápides funerárias em mármore. Para G. Cardoso,
uma caixa de lajes e pedras miúdas. Tinha um estas lápides sinalizam o local de implantação de uma
esqueleto de uma mulher, um púcaro, uma lucerna e necrópole romana.
uma moeda. Bibliografia – Cardoso - Encarnação 1984, 26;
Não são datadas mas os autores da notícia (Cardoso Alarcão 1988b, 123 (5/260); Cardoso 1991, 82.
et al. 2000, 9) colocam a sua utilização num período
posterior ao século II ou inícios do III d.C. N.º 328
Bibliografia – Alarcão 1988b, 123 (5/256); Cardoso Distrito – Lisboa
et al. 2000, 9. Concelho – Cascais
Freguesia – São Domingos de Rana
N.º 323 Lugar – Casal de Freiria
Distrito – Lisboa Nas imediações da villa romana apareceram diversos
Concelho – Cascais vestígios funerários, entre os quais se encontravam
Freguesia – Alcabideche sepulturas.
Lugar – Zabrizes Bibliografia – Cardoso 1991, 76-78.
Neste local apareceu uma necrópole constituída por
sepulturas estruturadas com pedras que apresentavam N.º 329
uma orientação Este-Oeste. Segundo G. Cardoso as Distrito – Lisboa
sepulturas estavam muito danificadas. Concelho – Cascais
Bibliografia – Cardoso 1991, 42. Freguesia – São Domingos de Rana
Lugar – Miroiço
N.º 324 Junto de vestígios pertencentes a uma villa
Distrito – Lisboa importante, foram encontrados vestígios de sepulturas
Concelho – Cascais de inumação.
Freguesia – Carcavelos Bibliografia – Cardoso 1991, 76-78.
Lugar – Quinta de Santa Maria
Neste local foi encontrado um sarcófago em grés e N.º 330
uma fossa com materiais romanos ou medievais. Não Distrito – Lisboa
se sabe a cronologia do sarcófago. Concelho – Cascais
Bibliografia – Cardoso 1991, 86-87. Freguesia – São Domingos de Rana
Lugar – Talaíde (a norte da Escola Primária de
N.º 325 Talaíde)
Distrito – Lisboa Nesta necrópole apareceram várias sepulturas de
Concelho – Cascais inumação, apresentando diversas formas. Algumas
Freguesia – Cascais sepulturas eram covas abertas no solo e outras tinham
139
Necrópoles Romanas do Território Português

uma caixa. Apresentavam orientação Este – Oeste. Lugar – Tapada da Ajuda


Também apareceu um sarcófago de grés. No seu No decurso de obras de desaterro, efectuadas em
interior foram encontrados diversos objectos: moedas 1982, apareceu uma necrópole romana nesta
romanas, brincos, anéis, pulseiras, fivelas, colares, freguesia da cidade de Lisboa. Clementino Amaro
facas e pregos. Esta necrópole teria sido utilizada no publicou uma pequena notícia sobre esta necrópole
período tardo-romano e no visigótico. (1985). As escavações efectuadas permitiram detectar
Bibliografia – Cardoso 1991, 71. duas sepulturas de inumação, datadas dos séculos III /
IV d.C. A sepultura intacta tinha sido aberta no solo
N.º 331 natural, onde foi depositado um caixão de madeira
Distrito – Lisboa contendo o defunto, e coberta com lateres dispostos
Concelho – Cascais de forma a constituir uma espécie de telhado de duas
Freguesia – São Domingos de Rana águas. Na mão direita o defunto tinha uma moeda de
Lugar – Talaíde II bronze de Constantino (307-327 d.C.). Nesta
Foram encontradas duas sepulturas de inumação com sepultura foram ainda encontrados fragmentos de um
paredes laterais constituídas por lajes de calcário. A recipiente cerâmico e dois anéis. Na outra sepultura,
falta de outros dados impede o correcto em parte destruída, o corpo estava depositado em
estabelecimento de uma cronologia. A estrutura da decúbito dorsal e estava coberta com imbrices.
sepultura não nos permite definir a sua época, tanto Bibliografia – Amaro 1985.
pode ser romana como visigótica.
Bibliografia – Cardoso 1991, 72. N.º 336
Distrito – Lisboa
N.º 332 Concelho – Lisboa
Distrito – Lisboa Freguesia – Beato / Alto do Pina
Concelho – Cascais Lugar – Chelas
Freguesia – São Domingos de Rana Neste local foi encontrada tampa de um sarcófago de
Lugar – Talaíde III mármore com uma representação de musas e
Em virtude da realização de obras de construção pedagogos. Este sarcófago e as várias inscrições
civil, apareceu uma sepultura de inumação aberta no funerárias estariam em espaços funerários utilizados
solo, sem qualquer revestimento. Tinha um esqueleto pelos habitantes de uma villa que ocuparia esta área
e um pequeno recipiente cerâmico aos pés deste. É junto da via romana Olisipo – Scallabis. Garcia y
uma sepultura romana ou visigótica. Bellido atribui este trabalho ao último terço do século
Bibliografia – Cardoso 1991, 72. III d.C., opinião seguida por M. J. Maciel.
Bibliografia – Figueiredo 1890, 11-15; 30-32; Garcia
N.º 333 y Bellido 1949, 241-242; Alarcão 1988b, 123
Distrito – Lisboa (5/272); Maciel 1996, 137-139.
Concelho – Cascais
Freguesia – São Domingos de Rana N.º 337
Lugar – Talaíde IV Distrito – Lisboa
Durante a realização de obras de construção civil, Concelho – Lisboa
apareceram «três túmulos lajeados com esteios de Freguesia – Santa Engrácia
calcário». Esta sepultura de inumação era tardo- Lugar – Travessa do Recolhimento de Lázaro Leitão
romana ou visigótica. Ana C. Leite faz uma breve referência ao
Bibliografia – Cardoso 1991, 72. aparecimento de sepulturas romanas neste local. Não
apresenta qualquer descrição dos vestígios
N.º 334 arqueológicos.
Distrito – Lisboa Bibliografia – Leite 1987, 84.
Concelho – Cascais
Freguesia – São Domingos de Rana N.º 338
Lugar – Tires Distrito – Lisboa
Esta necrópole aparece referida, pela primeira vez, Concelho – Lisboa
por Virgílio Correia, que teve conhecimento da sua Freguesia – Santa Maria Olivais / Marvila
localização através de uma informação oral. Seria um Lugar – Avenida Marechal Gomes da Costa / Poço de
espaço funerário com sepulturas com paredes laterais Cortes
constituídas por lajes de calcário. G. Cardoso faz uma Neste local apareceram vários vestígios funerários
referência a esta necrópole, atribuindo-lhe uma durante a abertura da avenida de ligação ao aeroporto
cronologia romana ou medieval. de Lisboa. Dos vestígios destaca-se o aparecimento
Bibliografia – Correia 1913; Cardoso 1991, 79. de uma estutura em forma de cripta circular. O acesso
ao interior do mesmo far-se-ia por uma abertura
N.º 335 circular na cobertura. Trata-se provavelmente de um
Distrito – Lisboa monumento funerário dado que dentro do mesmo
Concelho – Lisboa foram encontrados ossos, cerâmica e uma ara. Neste
Freguesia – Alcântara local foram ainda encontradas três pequenas aras
140
Necrópoles Romanas do Território Português

votivas e uma estela com inscrição que, segundo Leite de Vasconcellos menciona a descoberta de
Vieira da Silva, serviria para tapar um sarcófago ou vestígios de construções, ossadas humanas e duas
um columbário (Silva 1944a, 39). inscrições romanas. Ana C. Leite faz uma breve
No exterior, foi encontrada uma urna de calcário e referência ao aparecimento de urnas na Calçada do
uma sepultura de tijolo e alvenaria. O fundo desta Garcia. Não apresenta qualquer descrição dos
estava revestido de tegulae ou tijolos, as paredes vestígios.
eram de alvenaria e a cobertura de cinco fiadas de Bibliografia – Vasconcellos 1899-1900c, 283.
tegulae para formar uma espécie de telhado. A
orientação desta sepultura era E – O. Havia outras N.º 342
sepulturas que foram destruídas pelas obras de Distrito – Lisboa
abertura da avenida (Silva 1944a, 40). Com as Concelho – Lisboa
informações obtidas, Vieira da Silva considera que se Freguesia – São Vicente de Fora
está perante um monumento funerário pré-histórico Lugar – Calçada do Cardeal
reaproveitado no período romano (Silva 1944a, 41). Ana C. Leite faz uma breve referência ao
Não apresenta informações sobre práticas funerárias aparecimento de um columbarium na Calçada do
nem qualquer cronologia aproximada dos achados. Cardeal. Não apresenta qualquer descrição dos
Bibliografia – Silva 1944a, 37-41; Silva 1944b, 269- vestígios.
278; Alarcão 1988b, 122 (5/244). Bibliografia – Leite 1987, 84.

N.º 339 N.º 343


Distrito – Lisboa Distrito – Lisboa
Concelho – Lisboa Concelho – Lisboa
Freguesia – São Miguel Freguesia – Sé
Lugar – Rua dos Remédios Lugar – Rua das Canastras
Numa carta dos vestígios arqueológicos romanos de Jorge Alarcão situa neste local uma necrópole
Lisboa aparece sinalizada na Rua dos Remédios romana devido ao aparecimento de diversas
(Alfama) uma necrópole da época romana. inscrições funerárias.
Bibliografia – Bugalhão-Carvalho s/d, 2. Bibliografia – Alarcão 1988b, 125; Bugalhão-
Carvalho s/d, 2.
N.º 340
Distrito – Lisboa N.º 344
Concelho – Lisboa Distrito – Lisboa
Freguesia – São Nicolau Concelho – Mafra
Lugar – Praça da Figueira Freguesia – Azueira
Descoberta em 1961 na sequência das obras do Lugar – Quinta das Casas Novas
metropolitano de Lisboa e destruída em consequência M. Gandra situa neste local uma necrópole de
das mesmas. Estava situada numa das principais vias incineração. As sepulturas deviam conter urnas
de saída de Olisipo, em direcção a Scalabis. Nesta cinerárias e recipientes de vidro.
necrópole foram encontradas sepulturas de Bibliografia – Gandra 1996, 103.
incineração e inumação. Além das inscrições
funerárias foram encontradas dois pratos e quatro N.º 345
taças de terra sigillata sud-gálica, duas lucernas, Distrito – Lisboa
cerâmica comum, sete recipientes de vidro, dois Concelho – Mafra
cofres de chumbo contendo cinzas e fragmentos de Freguesia – Cheleiros
ossos e uma urna cinerária com texto plano. Muitos Lugar – Carvalhal
outrso objectos foram encontrados. Para Manuel M. Gandra faz uma referência à descoberta de
Heleno (1965, 305) esta vestígios indicam que a sepulturas romanas “escavadas em blocos de
necrópole foi utilizada desde a primeira metade do basalto”(?). Não menciona qualquer espólio
século I d.C. até ao século III d.C. funerário.
Recentemente, na sequência de obras de construção Bibliografia – Gandra 1996, 98.
de um parque de estacionamento, este espaço foi alvo
de uma escavação de emergência que terá revelado N.º 346
mais vestígios de enterramentos. Distrito – Lisboa
Bibliografia – Heleno 1965; Ferreira – Vicente 1962; Concelho – Mafra
Moita 1968; Moita – Leite 1986, 57. Freguesia – Cheleiros
Lugar – Lexim
N.º 341 Neste local foi encontrada uma necrópole de
Distrito – Lisboa inumação, parcialmente escavada por Estácio da
Concelho – Lisboa Veiga. As caixas das sepulturas estavam estruturadas
Freguesia – São Sebastião da Pedreira com pequenas pedras ou lajes. Não apresentavam
Lugar – Largo de São Domingos / Calçada do Garcia cobertura. Do interior das sepulturas foram retiradas
duas moedas de épocas muito diferentes (século I
141
Necrópoles Romanas do Território Português

d.C. e século V d.C.), uma argola de bronze e uma aparecido uma urna cinerária. Esta sepultura estava
possível ponta de lança. A cronologia desta necrópole estruturada com lateres e o fundo revestido com uma
permanece muito duvidosa devido ao aparecimento argamassa de barro e cal. No mesmo local foram
de uma moeda de Tibério. Estácio da Veiga considera recolhidos vestígios osteológicos, um fragmento de
possível a existência de inumações no primeiro terra sigillata e peso de tear.
século da nossa era. Sem pôr em causa a utilização da Bibliografia – Gandra 1996, 98.
inumação no início do Império, parece-nos que esta
necrópole será mais tardia. Mesmo em relação às N.º 350
próprias sepulturas, não existem grandes diferenças Distrito – Lisboa
na estrutura das mesmas. Concelho – Oeiras
Bibliografia – Veiga 1879, 33-37; Saa 1960, 29; Freguesia – Oeiras
Alarcão 1988b, 120 (5/205). Lugar – Junção do Bem
Necrópole romana de onde provêm duas lápides
N.º 347 romanas. Os autores não descrevem enterramentos
Distrito – Lisboa nem mencionam o aparecimento de espólio funerário
Concelho – Mafra mas, no entanto, consideram que estamos perante
Freguesia – Mafra uma necrópole.
Lugar – Carrilhas Bibliografia – Cardoso – Cardoso 1993, 80 (n.º 59).
Estácio da Veiga noticiou a destruição de uma
necrópole que teria mais de cinquenta sepulturas. As N.º 351
informações referidas por este autor provêm dos Distrito – Lisboa
trabalhadores que a encontraram. As sepulturas Concelho – Oeiras
estavam alinhadas no sentido Este – Oeste e estavam Freguesia – Oeiras
escavadas no solo. Não possuíam caixas de Lugar – Sol Avesso
revestimento e apenas algumas tinham o fundo Foi descoberta uma necrópole com enterramentos de
revestido com tijolos. Uma estava coberta com uma inumação. Apenas foram escavadas três sepulturas
lje de grandes dimensões. que continham vários objectos votivos. Uma
Apareceram sepulturas de incineração e inumação. sepultura tinha as paredes laterais constituídas por
No interior das sepulturas foram encontrados lateres e fundo revestido com o mesmo material. A
recipientes cerâmicos, lucernas e unguentários. outra sepultura intacta tinha as paredes constituídas
Apareceram ainda dois anéis. As sepulturas de por lajes e estava coberta com grandes lajes. De
incineração continham urnas. Numa sepultura de destacar o aparecimento de uma lucerna e uma taça
inumação um cadáver apresentava uma moeda na de terra sigillata clara C.
mão. Bibliografia – Matos 1969; Alarcão 1988b, 123;
Bibliografia – Veiga 1879, 42-43; Saa 1960, 29; Cardoso – Cardoso 1993, 72-74 (n.º 45).
Alarcão 1988b, 118 (5/153); Gandra 1996, 98.
N.º 352
N.º 348 Distrito – Lisboa
Distrito – Lisboa Concelho – Oeiras
Concelho – Mafra Freguesia – Paço de Arcos
Freguesia – Mafra Lugar – Laveiras
Lugar – Igreja de Santo André Embora os autores da Carta Arqueológica de Oeiras
Estácio da Veiga descreveu a descoberta de um não apresentem nenhuma descrição de enterramentos
enterramento de incineração, encontrado junto da e mobiliário funerário, a existência de duas lápides
igreja de Santo André. No interior da sepultura funerárias é, para os referidos autores, indício da
apareceram «cinzas amontoadas, ossos calcinados, existência de uma necrópole na Avenida Conselheiro
pequenos carvões, conchas de moluscos marítimos, Ferreira Lobo.
fragmentos de um vaso de argila» (Veiga 1879, 38). Bibliografia – Cardoso – Cardoso 1993, 88-89 (n.º
A urna estava estava coberta por uma laje de 75).
pequenas dimensões. Não se conhece uma datação
para este enterramento. Não sabemos se seria um N.º 353
núcleo da necrópole encontrada no lugar de Carrilhas, Distrito – Lisboa
situada na mesma freguesia. Concelho – Sintra
Bibliografia – Veiga 1879, 38-39; Gandra 1996, 101. Freguesia – São João das Lampas
Lugar – Ermidas
N.º 349 Neste local apareceu uma necrópole de duvidosa
Distrito – Lisboa cronologia romana.
Concelho – Mafra Bibliografia – Pereira 1914, 333; Alarcão 1988b, 119
Freguesia – Santo Isidoro (5/180).
Lugar – Carrasqueira
M. Gandra situa neste local uma necrópole romana de N.º 354
incineração e inumação. Numa das sepulturas terá Distrito – Lisboa
142
Necrópoles Romanas do Território Português

Concelho – Torres Vedras Distrito – Lisboa


Freguesia – Matacães Concelho – Torres Vedras
Lugar – Quinta da Portucheira Freguesia – Torres Vedras (Santa Maria do Castelo)
Neste local apareceu uma necrópole, na qual se Lugar – São Gião
encontraram várias lucernas. A. Belo publicou uma Apareceu uma sepultura contendo material votivo.
lucerna proveniente de uma sepultura de tijolos. Não Do mesmo local veio uma cupa de calcário com
se conhece a prática funerária nem a forma exacta da inscrição. Para V. Mantas este monumento deve
sepultura. Deste local também foi retirada uma lápide pertencer ao período de transição entre os séculos I e
funerária. II d.C.
Bibliografia – Belo 1959, 105-107; Trindade – Bibliografia – Trindade – Ferreira 1964, 266-270;
Ferreira 1964, 266-269, 277; Alarcão 1988b, 117 Mantas 1982, 10-17; Alarcão 1988b, 116 (5/116).
(5/124).
N.º 360
N.º 355 Distrito – Lisboa
Distrito – Lisboa Concelho – Vila Franca de Xira
Concelho – Torres Vedras Freguesia – Calhandriz
Freguesia – Runa ou Matacães Lugar – Calhandriz
Lugar – Moirinha M. Saa faz uma referência vaga ao aparecimento de
Neste local apareceu uma necrópole romana, sobre a sepulturas com lucernas e uma pequena lápide de
qual existem poucas informações. mármore. Não são apresentadas outras informações
Bibliografia – Torres 1881, 23; Alarcão 1988b, 117 sobre estes vestígios.
(5/ 123). Bibliografia – Saa 1959, 54; Alarcão 1988b, 121
(5/213).

N.º 356 N.º 361


Distrito – Lisboa Distrito – Lisboa
Concelho – Torres Vedras Concelho – Vila Franca de Xira
Freguesia – Runa Freguesia – Castanheira do Ribatejo
Lugar – Penedo Lugar – Bairro Gulbenkian
Neste local apareceu uma sepultura da época romana. Rui Parreira refere a destruição neste local de uma
A. Belo estudou uma lucerna proveniente desta estação arqueológica da época romana que parecia
sepultura com caixa de pedra e argamassa. Uma placa uma necrópole de incineração.
de mármore cobria um terço do pavimento. Não se Bibliografia – Parreira 1992, 84 (n.º 6).
conhece a prática funerária e a cronologia desta
sepultura. N.º 362
Bibliografia – Belo 1959, 97-105; Alarcão 1988b, Distrito – Lisboa
117 (5/ 126). Concelho – Vila Franca de Xira
Freguesia – Castanheira do Ribatejo
N.º 357 Lugar – Desconhecido
Distrito – Lisboa Nos arredores de Castanheira do Ribatejo foi
Concelho – Torres Vedras encontrado um sarcófago de mármore de reduzidas
Freguesia – Silveira dimensões, provavelmente destinado a uma inumação
Lugar – Santa Cruz infantil. Neste sarcófago vê-se uma representação de
Neste local apareceram sepulturas e inscrições uma vinha com animais. No centro aparece uma
funerárias. Uma das inscrições estava numa tampa de imagem de uma criança, possivelmente a defunta.
sepultura com a forma de cupa, com a inscrição Seria possivelmente uma importação de uma oficina
colocada num dos topos. Esta tampa está associada itálica. Garcia y Bellido considera que este trabalho
ao rito incineratório. foi efectuado em meados do século III d.C.
Bibliografia – Azevedo 1907, 102; Pereira 1909a, Bibliografia – Garcia y Bellido 1949, 263-264;
261-265; Saa, 1960, 32; Alarcão 1988b, 117 (5/107). Heleno 1958, 475-483; Alarcão 1988b, 118-119
(5/164); Parreira 1992, 84 (n.º 12); Maciel 1996, 140-
N.º 358 143.
Distrito – Lisboa
Concelho – Torres Vedras
Freguesia – Torres Vedras
Lugar – Cemitério de São João
Portalegre
Junto ao cemitério de São João apareceu uma
sepultura com enócoa de bronze. N.º 363
Bibliografia – Trindade – Ferreira 1964, 266-270; Distrito – Portalegre
Alarcão 1988b, 117 (5/ 117). Concelho – Alter do Chão
Freguesia – Alter do Chão
N.º 359
143
Necrópoles Romanas do Território Português

Lugar – Cerca do Convento


Neste local foi descoberta uma necrópole romana, N.º 369
sobre a qual não existem muitas informações. Distrito – Portalegre
Bibliografia – Pereira 1912, 217; Timóteo et al. 1978, Concelho – Arronches
281; Alarcão 1988b, 149 (6/109). Freguesia – Mosteiros
Lugar – Herdade dos Mosteiros
N.º 364 Neste local apareceu uma sepultura contendo cinza
Distrito – Portalegre negra. Do interior da sepultura foi retirado um
Concelho – Alter do Chão recipiente de vidro. Poderá ser uma sepultura de
Freguesia – Seda incineração.
Lugar – Horta da Moura Bibliografia – Vasconcellos 1896, 4; Pires 1902, 223;
F. Alves Pereira faz referência a uma informação oral Alarcão 1988b, 150 (6/130).
que situa neste local a descoberta de sepulturas
construídas com tegulae. Estas teriam a forma de um N.º 370
telhado de duas águas. Não se sabe as práticas Distrito – Portalegre
funerárias utilizadas nesta necrópole. Concelho – Arronches / Campo Maior
Bibliografia – Pereira 1912, 216; Alarcão 1988b, 150 Freguesia – Assunção / Degolados
(6/117). Lugar – A do Rico
Nesta necrópole apenas foram escavadas duas
N.º 365 sepulturas. No interior de uma destas sepulturas
Distrito – Portalegre foram encontradas três recipientes cerâmicos e um
Concelho – Arronches recipiente de vidro. Na outra foram encontrados
Freguesia – Assunção pregos e cardas de ferro. O recipiente de vidro foi
Lugar – Monte de Belmonte estudado por J. Alarcão e A. Alarcão (1967, 3) que o
M. Saa faz uma referência muito vaga ao dataram dentro de um período abrangente que vai dos
aparecimento de sepulturas, provavelmente de época finais do século I até ao século III. A cerâmica
romana. Encontram-se outros vestígios romanos no comum foi estudada por J. S. Nolen (1985, 155) que
local. a datou da segunda metade do século II e dos inícios
Bibliografia – Saa 1967, 39-40; Alarcão 1988b, 152 do século III. A cronologia destes enterramentos está
(6/150). dentro deste extenso período.
Bibliografia – Viana 1953; Viana – Deus 1955b, 265;
N.º 366 Nolen 1985, 13, 155; Alarcão 1988b, 152 (6/156).
Distrito – Portalegre
Concelho – Arronches N.º 371
Freguesia – Assunção Distrito – Portalegre
Lugar – Nossa Senhora do Carmo Concelho – Avis
Neste local apareceu uma necrópole detectada por Freguesia – Ervedal
Abel Viana e seus colaboradores. Lugar – Ladeira
Bibliografia – Deus et al. 1955, 574; Alarcão 1988b, Leite de Vasconcellos menciona, de uma forma muito
152 (6/152). vaga, a descoberta de uma urna de mármore. Não
temos mais informações sobre esta urna.
N.º 367 Bibliografia – Vasconcellos 1912, 288; Alarcão
Distrito – Portalegre 1988b, 150.
Concelho – Arronches
Freguesia – Assunção N.º 372
Lugar – Porto das Escarninhas ou Herdade das Distrito – Portalegre
Carninhas Concelho – Campo Maior
É noticiado o aparecimento de sepulturas da época Freguesia – São João Baptista
romana. Lugar – Valada
Bibliografia – Deus et al. 1955, 574; Alarcão 1988b, J. Alarcão estudou um recipiente de vidro que terá
152 (6/154). vindo de uma sepultura situada nesta localidade. Para
aquele autor, o jarro de vidro poderá ser dos finais do
N.º 368 século I d.C. ou do século II.
Distrito – Portalegre Bibliografia – Alarcão 1984, 175; Alarcão 1988b,
Concelho – Arronches 153 (6/164).
Freguesia – Assunção
Lugar – Sáfara N.º 373
M. Saa menciona a descoberta de sepulturas romanas Distrito – Portalegre
estruturadas com tegulae. Não adianta outras Concelho – Castelo de Vide
informações sobre o assunto. Freguesia – São João Baptista
Bibliografia – Saa 1959, 146-147; Alarcão 1988b, Lugar – Herdade de Santa Marinha
152 (6/149).
144
Necrópoles Romanas do Território Português

J. M. Almeida e F. B. Ferreira (1967, 69), a propósito Distrito – Portalegre


do aparecimento de uma inscrição funerário, Concelho – Crato
mencionam a existência de uma necrópole romana Freguesia – Gáfete
neste local. Dizem que ainda são visíveis sepulturas, Lugar – Granja do Carvalhal
danificadas. No local existem sepulturas M. Saa refere o aparecimento de sepulturas abertas na
antropomórficas já alto – medievais. rocha com forma antropomórfica. A tipologia das
Bibliografia – Almeida – Ferreira 1967, 68-69; sepulturas indica uma cronologia alto-medieval.
Encarnação 1984, 681-682; Alarcão 1988b, 147 Bibliografia – Saa 1967, 82; Alarcão 1988b, 147-148
(6/56). (6/65).

N.º 374 N.º 377


Distrito – Portalegre Distrito – Portalegre
Concelho – Crato Concelho – Crato
Freguesia – Aldeia da Mata Freguesia – Gáfete
Lugar – Lage do Ouro Lugar – Horta do Pascoal
Foi escavada na década de 1980. As investigações Leite de Vasconcellos menciona o aparecimento de
permitiram detectar algumas dezenas de sepulturas de uma necrópole. Uma das sepulturas tinha, numa das
incineração e inumação. Esta necrópole foi utilizada suas paredes, uma lápide romana. Não são
num período compreendido entre os meados do apresentados mais elementos sobre este espaço
século II e o século IV. Todas as sepulturas são covas funerário, motivo pelo qual não se pode precisar a
abertas no solo natural, adoptando quase sempre um cronologia dos enterramentos. Não são mencionadas
formato oval ou subrectangular. Uma sepultura, informações sobre as práticas funerárias.
provavelmente de inumação, continha duas tegulae a Bibliografia – Vasconcellos 1933a, 176; Alarcão
cobrir o fundo. Outras apresentavam cobertura 1988b, 147 (6/52).
constituída por lajes de granito, tegulae ou imbrices.
Estas sepulturas continham peças cerâmicas, vidros, N.º 378
moedas e centenas de objectos em ferro. As Distrito – Portalegre
cerâmicas são maioritariamente comuns. As moedas Concelho – Crato
estudadas pertencem aos séculos II e III d.C. Os Freguesia – Vale do Peso
pregos são atribuídos às caixas de madeira e às Lugar – Monte das Braguinas
padiolas onde foram transportados os corpos. M. Saa menciona, de uma forma muito vaga, a
A este local foram atribuídas duas inscrições descoberta de uma necrópole.
funerárias, do século I, no entanto, não foram Bibliografia – Saa 1967, 82; Alarcão 1988, 148
encontradas sepulturas datadas desta época. Uma (6/76).
sepultura de incineração forneceu uma sigillata
hispânica datada pelos finais do século III – inícios N.º 379
do século IV. Distrito – Portalegre
As sepulturas de inumação assumem a forma Concelho – Crato
rectangular e continham pregos que seriam utilizados Freguesia – Vale do Peso
nos caixões de madeira que transpostavam o corpo Lugar – Monte dos Cem Dias
para a sepultura. As sepulturas deste tipo foram M. Saa refere o aparecimento de sepulturas
datadas dos séculos III e IV. Os investigadores antropomórficas abertas na rocha. Poderemos estar
encarregados do estudo desta estação consideram que perante sepulturas medievais.
os dois rituais foram utilizados simultaneamente e Bibliografia – Saa 1967, 85; Alarcão 1988b, 148
não há diferenciação espacial destes dois tipos de (6/74).
sepultura (Frade – Caetano 1991, 56).
Bibliografia – Frade – Caetano 1985; Frade – N.º 380
Caetano 1991; Frade – Caetano 1991. Distrito – Portalegre
Concelho – Elvas
N.º 375 Freguesia – Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso
Distrito – Portalegre Lugar – Herdade do Padrão
Concelho – Crato Foi descoberta em 1948 quando se procedia à
Freguesia – Crato e Mártires abertura de uma estrada. Esta necrópole foi escavada
Lugar – Granja por Abel Viana e Dias Deus, que detectaram mais
Leite de Vasconcellos faz uma referência muito breve sepulturas, todas de incineração. Nesta necrópole
ao aparecimento de sepulturas. Estas continham ossos existiam mais de vinte sepulturas de incineração.
e recipientes cerâmicos. São de provável cronologia As sepulturas apresentavam a seguinte tipologia:
romana. - covachos protegidos com pedras, contendo no seu
Bibliografia – Vasconcellos 1918c, 369; Heleno interior as urnas e as cinzas;
1953; Saa 1959, 123; Alarcão 1988, 149 (6/105). - sepulturas rectangulares formadas por tegulae ou
por lajes de xisto.
N.º 376
145
Necrópoles Romanas do Território Português

O mobiliário funerário é muito abundante. Foram Thomaz Pires refere o aparecimento de um sarcófago
encontradas peças de cerâmica comum, terra de mármore que assentaria sobre duas colunas.
sigillata, cerâmicas de paredes finas, lucernas, Bibliografia – Pires 1902, 212; Alarcão 1988b, 157
recipientes de vidro e objectos metálicos, incluindo (6/229).
alguns elementos de adorno.
O mobiliário funerário retirado desta necrópole vai N.º 385
do século I aos inícios do III d.C. Distrito – Portalegre
Bibliografia – Viana – Deus 1950, 236-242; Viana – Concelho – Elvas
Deus 1953, 70; Deus et al. 1955, 569-570; Viana Freguesia – Caia e São Pedro
1955, 551-552; Viana – Deus 1956, 138-141; Nolen Lugar – Papulos
1985a; Alarcão 1988b, 157 (6/249); Sepúlveda- Em 1897, quando se procedia à reconstrução de uma
Carvalho 1998, 244. estrada, foram encontradas várias sepulturas. Foi
encontrado um cipo funerário que estava no topo de
N.º 381 sepulturas estruturadas com lajes. Foi encontrado
Distrito – Portalegre espólio funerário mas não são reveladas as condições
Concelho – Elvas do achado. É referido o aparecimento de dois anéis de
Freguesia – Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso cobre ou bronze, dentes e ossos humanos e um prego
Lugar – São Rafael de ferro.
Neste local apareceram vestígios de uma necrópole Bibliografia – Pires 1902, 213, 218, 220 e 223;
de inumação. Encarnação 1984, 659-660; Alarcão 1988b, 156.
Bibliografia – Deus et al. 1955, 573; Alarcão 1988b,
158 (6/250). N.º 386
Distrito – Portalegre
N.º 382 Concelho – Elvas
Distrito – Portalegre Freguesia – Santa Eulália ou São Vicente e Ventosa
Concelho – Elvas Lugar – Herdade de Vila Cova
Freguesia – Barbacena Neste local foi encontrada uma sepultura de
Lugar – Herdade da Fontalva incineração estruturada com alvenaria. No seu
Esta estação arqueológica apenas recebeu algumas interior foi encontrado um fragmento de um
curtas referências. A. Paço e O. V. Ferreira, em recipiente cerâmico e cinza.
pequeno artigo publicado em 1951, estudaram uma Bibliografia – Vasconcellos 1896, 4; Pires 1902, 220;
lucerna que fazia parte do mobiliário funerário de Alarcão 1988b, 154 (6/185).
uma sepultura deste local. Referem ainda o
aparecimento, na mesma sepultura, de moedas do N.º 387
Baixo Império, cerâmica comum, terra sigillata e Distrito – Portalegre
recipientes de vidro. Apontam uma cronologia em Concelho – Elvas
torno do século IV. Não indicam prática funerária Freguesia – São Brás e São Lourenço
utilizada. Lugar – Horta da Serra
Recentemente, E. Sepúlveda e A. Carvalho (1998, Apareceu uma necrópole de incineração com pelo
261) estudaram uma taça fragmentada de cerâmica de menos quinze sepulturas.
paredes finas, à qual atribuiram uma datação da J. S. Nolen estudou a cerâmica comum desta
segunda metade do século I d.C. necrópole que se encontra no Museu de Vila Viçosa.
Bibliografia – Paço – Ferreira 1951; Ferreira et alii Esta cerâmica é maioritariamente do Alto Império.
1957, 112; Sepúlveda-Carvalho 1998, 244-246. Bibliografia – Deus et al. 1955, 574; Nolen 1985, 13;
Alarcão 1988b, 156 (6/224).
N.º 383
Distrito – Portalegre N.º 388
Concelho – Elvas Distrito – Portalegre
Freguesia – Caia e São Pedro Concelho – Elvas
Lugar – Herdade da Alfarófia Freguesia – São Brás e São Lourenço
Nesta localidade apareceu uma sepultura de alvenaria Lugar – Torre das Arcas
coberta com três pedras. No interior foi descoberto Necrópole de incineração cuja primeira referência
um recipiente cerâmico. Não se conhece o ritual remonta a 1897. Foi escavada mais tarde por A.
funerário. Viana e Dias Deus. Foram escavadas 79 sepulturas de
Bibliografia – Vasconcellos 1896, 3; Pires 1902, 221; incineração e inumação. 45 eram de inumação e 16
Alarcão 1988b, 157 (6/232). de incineração. Para 18 sepulturas não foi possível
determinar a prática funerária utilizada. As sepulturas
N.º 384 eram formadas por tegulae, lateres e algumas tinham
Distrito – Portalegre lajes. No interior destas sepulturas foram encontrados
Concelho – Elvas recipientes de cerâmica comum, três recipientes de
Freguesia – Caia e São Pedro vidro, lucernas, duas moedas de bronze e diverso
Lugar – Herdade de Botafogo
146
Necrópoles Romanas do Território Português

material metálico. 22 sepulturas não tinham qualquer Junto de vestígios de uma villa romana, foram
material votivo. descobertas, em 1946, várias sepulturas de inumação.
Abel Viana não estabeleceu uma cronologia muito Algumas tinham um formato trapezoidal. A descrição
precisa para a utilização desta necrópole. O único de Abel Viana não discrimina bem as sepulturas de
recipiente de vidro estudado por J. Alarcão e A. época romana das sepulturas de época visigótica. O
Alarcão (1967, 2) data do século I d.C. aparecimento de moedas romanas em duas sepulturas
J. S. Nolen (1985a, 155) estudou a cerâmica comum permite-nos pensar que estamos perante
de algumas sepulturas e sitou a sua utilização nos enterramentos romanos. As sepulturas eram
séculos II e III d.C. Face a estes dados temos de construídas com tegulae (fundo, paredes e cobertura),
admitir uma utilização desta necrópole entre o século com lajes de xisto ou lajes de mármore. Neste caso,
I e o século III d.C. esta sepultura possuía três varões de ferro para
Bibliografia – Pires 1902, 218; Viana 1953; Viana – sustentar a cobertura (Viana 1950, 301). Este tipo de
Deus 1955b; Alarcão – Alarcão 1967, 2; Alarcão – sepultura aparece em época romana. De acordo com
Ponte 1976, 73; Nolen 1985a, 150-155; Alarcão Abel Viana, quase todas as sepulturas possuíam as
1988b, 156 (6/225). ossadas de dois ou mais indivíduos, sinal da
reutilização das sepulturas (Viana 1950, 301). Junto
N.º 389 das sepulturas apareceu um edifício construído com
Distrito – Portalegre blocos de granito, de funcionalidade desconhecida.
Concelho – Elvas Noutro local de Terrugem, António Dias Deus (Viana
Freguesia – São Vicente e Ventosa 1950, 304) descobriu outro sepultura. Esta era de
Lugar – Horta das Pinas incineração e tratava-se de uma mera cova aberta no
Foi escavada em 1950 por Abel Viana e António D. solo sem qualquer material de construção, contendo
Deus. cinzas e recipientes de cerâmica. Será outra sepultura
Durante os trabalhos foram identificadas 61 de época romana?
sepulturas de incineração que correspondiam apenas Bibliografia – Viana 1950, 300-304; Alarcão 1988b,
a uma parte da necrópole. 156 (6/217).
As sepulturas escavadas dividiam-se em dois grupos:
- covachos escavados no solo, contendo cerâmica, N.º 392
outros objectos pessoais e cinzas, coberto com Distrito – Portalegre
algumas pedras de pequena dimensão; Concelho – Elvas
- sepulturas estruturados por lajes ou tegulae, tanto Freguesia – Vila Boim
nos limites laterais como na cobertura. Lugar – Herdade da Camugem
O espólio é constituído por peças de cerâmica Em 1949 apareceram três sepulturas de inumação.
comum, terra sigillata, cerâmica de paredes finas, Nas suas estruturas estas sepulturas utilizavam lajes
vidros fíbulas e fivelas de bronze e outros objectos de calcário branco. Uma das sepulturas tinha uma
metálicos e de adorno. caixa formada por pequenas lajes assentadas
A. Viana considerou que a utilização da necrópole foi horizontalmente. Outra sepultura tinha na sua
efectuada nos séculos I e II d.C, cronologia apoiada estrutura lápides funerárias reutilizadas.
pelo estudo das peças de vidro destra necrópole Todas as sepulturas tinham uma orientação Este –
(Alarcão – Alarcão 1967, 3). Oeste e apenas continham ossadas humanas. Não
Bibliografia – Viana - Deus 1950, 242-244; Viana - tinham mobiliário funerário. Não se conhece a
Deus 1953; 70-71; Viana 1953, 238, 239 e 241; Deus cronologia destas sepulturas.
et al: 1955, 570; Viana 1955, 552-553; Viana - Deus Bibliografia – Viana 1950, 313-315; Encarnação
1958, 143-154, 177-190; Alarcão – Alarcão 1967, 2- 1984, 650, 655-656 e 660; Alarcão 1988b, 156
3; Alarcão 1968, 28-29; Nolen 1985a; Alarcão (6/218).
1988b, 154 (6/192).
N.º 393
N.º 390 Distrito – Portalegre
Distrito – Portalegre Concelho – Elvas
Concelho – Elvas Freguesia – Vila Fernando
Freguesia – São Vicente e Ventosa Lugar – Alcaparinha
Lugar – Monte de São Pedro Abel Viana menciona o aparecimento de três
Thomaz Pires refere o aparecimento de sarcófagos. sepulturas da época romana situados junto de um
Não refere o ritual funerário. monumento megalítico. No interior de uma das
Bibliografia – Pires 1901, 234; Saa 1956, 197; sepulturas encontrou dois brincos de bronze. Este
Alarcão 1988b, 154 (6/189). autor nada mais acrescenta sobre estas sepulturas.
Bibliografia – Viana 1950, 293; Alarcão 1988b, 156
N.º 391 (6/213).
Distrito – Portalegre
Concelho – Elvas N.º 394
Freguesia – Terrugem Distrito – Portalegre
Lugar – Herdade da Terrugem Concelho – Elvas
147
Necrópoles Romanas do Território Português

Freguesia – Vila Fernando bronze. Foram ainda encontrados objectos de bronze,


Lugar – Herdade da Chaminé pregos e cardas.
Esta necrópole foi utilizada desde a Idade do Ferro As 19 sepulturas de inumação apenas continham
até à época visigótica. Em primeiro lugar foram ossadas humanas. Estavam estruturadas com lajes.
descobertas 25 sepulturas de inumação, orientadas no Abel Viana (1953, 241) datou as sepulturas de
sentido Norte – Sul. Estas sepulturas eram incineração do século I mas deve ser apenas o
trapezoidais, construídas com lajes de granito ou de momento inicial da sua utilização. J. Alarcão e A.
xisto. O fundo era constituído pelo próprio solo ou Alarcão (1967, 2) estudaram alguns recipientes de
por lajes. A cobertura também era constituída por vidro vindos desta necrópole e dataram-nos dos
lajes do mesmo material. A. Viana (1950, 307) refere séculos I e II d.C. A mesma datação foi atribuída às
o aparecimento de recipientes de cerâmica peças de terra sigillata (Alarcão 1967, 2).
«grosseira» em três sepulturas e de moedas do Baixo J. S. Nolen (1985a, 156) estudou a cerâmica comum e
Império em outras duas sepulturas. Tudo indica que conclui que as sepulturas datam de um período
estas sepulturas sejam tardo-romanas ou visigóticas. compreendido entre Cláudio e a primeira metade do
No ano seguinte apareceram sepulturas de inumação século II.
e incineração. As sepulturas de inumação eram Face a estes dados devemos concluir que as
trapezoidais e continham apenas um recipiente sepulturas de incineração devem ser dos dois
cerâmico cada. Deviam ser idênticas às primeiras primeiros séculos da nossa era. As sepulturas de
sepulturas descobertas. inumação devem ser de cronologia mais tardia.
As de incineração eram maioritariamente da Idade do Bibliografia – Viana 1950, 296-297; Viana 1953,
Ferro mas também existiam já algumas de época 237-239, 241-243, 245, 246 e 247; Viana – Deus
romana. A. Viana (1950, 309) refere o aparecimento 1955a, 55-68; Alarcão, 1960-1961; Alarcão –
de uma sepultura de tegulae, de onde retiraram Alarcão 1967, 2; Nolen 1985a 143-147; Alarcão
fragmentos de vidro e cerâmica fina. Estamos perante 1988b, 156 (6/212).
uma sepultura romana.
A.Viana atribui a esta fase da necrópole uma N.º 396
utilização até ao século I d.C., situação confirmada Distrito – Portalegre
pela peça de vidro romano, estudado por J. Alarcão e Concelho – Fronteira
A. Alarcão (1967, 3), que foi datado da primeira Freguesia – Cabeço de Vide
metade do século I. Uma peça de sigillata vinda desta Lugar – Pulsigais
necrópole é de meados do mesmo século. Numa nota de um artigo sobre a Villa de Torre de
Estamos perante um espaço funerário que serviu de Palma, M. Heleno (1962, 314) refere a existência de
necrópole para uma comunidade da Idade do Ferro e uma necrópole neste local, da qual retirou terra
continuou a ser utilizado no período romano. A sua sigillata e cerâmica comum romana.
utilização durante o período romano não está muito Bibliografia – Heleno 1962, 314; Alarcão 1988b, 151
definida. Existem dados que nos permitem afirmar a (6/140).
sua utilização no primeiro século da nossa era. Os
outros dados apontam para uma utilização já no N.º 397
período tardo-romano e alto-medieval. De qualquer Distrito – Portalegre
modo, a qualidade das informações retiradas pelos Concelho – Marvão
investigadores responsáveis pela escavação da Freguesia – Beirã
estação impede-nos de conhecer melhor esta Lugar – Herdade dos Pombais
importante necrópole. Neste local foi encontrada uma necrópole romana de
Bibliografia – Viana 1950, 306-311; Viana – Deus inumação de época tardia. As sepulturas estavam
1950, 230-236; Viana 1953, 238 e 255; Viana 1955, estruturadas com lajes de xisto, que eram utilizadas
548-550; Viana – Deus 1958, 134-137; Nolen 1985a; nas paredes e como cobertura. Também utilizaram
Alarcão 1988b, 155-156 (6/210). lajes de granito. No interior das sepulturas foram
encontrados ossos, fragmentos de cerâmica comum,
N.º 395 terra sigillata, uma bilha de cerâmica comum e um
Distrito – Portalegre cálice de vidro.
Concelho – Elvas Junto a este local foram descobertas as estruturas de
Freguesia – Vila Fernando uma villae.
Lugar – Monte dos Serrones Bibliografia – Fernandes 1983; Fernandes 1985a;
Nesta necrópole foram escavadas 92 sepulturas: 31 Fernandes 1985b; Alarcão 1988b, 146 (6/43).
de incineração, 19 de inumação e as restantes não
foram identificadas. N.º 398
As sepulturas de incineração estavam revestidas de Distrito – Portalegre
lajes, tijolos, tegulae. Algumas não tinham qualquer Concelho – Monforte
material de revestimento. Estas sepulturas continham Freguesia – Vaiamonte
mobiliário funerário constituído por terra sigillata, Lugar – Curral de Sampão ou Sapão
cerâmica comum, recipientes de vidro, uma moeda de
148
Necrópoles Romanas do Território Português

Neste local apareceu uma necrópole tardo-romana ou entre 1973 e 1975. Todos os enterramentos foram
visigótica, sobre a qual não existem muitas efectuados em covas ou covachos abertos no solo
informações. natural, sem qualquer tipo de revestimento.
Bibliografia – Vasconcellos 1929, 200; Heleno 1962, Foram escavados cerca de meia centena de
314; Alarcão 1988, 151. enterramentos que continham, na sua maioria,
mobiliário funerário diversificado. Esta era
N.º 399 constituído por recipientes de terra sigillata hispânica
Distrito – Portalegre e sudgálica, cerâmica de paredes de finas, cerâmica
Concelho – Monforte comum, alguns recipientes de vidro, duas moedas e
Freguesia – Vaiamonte uma lucerna.
Lugar – Herdade do Reguengo A utilização da necrópole foi estabelecida no período
M. Heleno referiu pela primeira vez a existência de compreendido entre a segunda metade do século I e o
duas necrópoles neste local (Heleno 1962, 314). Esta primeiro quartel do século II da nossa era (Viegas et
necrópole de incineração foi escavada por este autor al. 1981, 127).
que nunca publicou os resultados das suas Bibliografia – Viegas et al. 1981; Alarcão 1988b, 118
investigações. O mobiliário funerário proveniente (5/147).
desta necrópole foi posteriormente publicado por J.
Caeiro e J. Alarcão. As sepulturas continham uma N.º 403
grande quantidade de peças votivas, constituído por Distrito – Portalegre
sigillata hispânica, paredes finas e cerâmica comum. Concelho – Ponte de Sôr
A análise deste material permitiu datar algumas Freguesia – Montargil
sepulturas do final do século I e do século II da nossa Lugar – Monte dos Irmãos
era. Durante a realização de trabalhos agrícolas foi
Bibliografia – Heleno 1962, 314; Caeiro 1977a, 139- encontrada uma urna cinerária. Esta continha vários
144; Caeiro 1977b, 227-241; Caeiro 1978, 203-210; objectos votivos. Ao lado da urna foi enterrada uma
Caeiro 1979, 113-120; Alarcão 1984, 173; Alarcão lucerna de bronze envolta num pano. Este mobiliário
1988b, 151 (6/143). funerário foi estudado por J. S. Nolen.
Este achado foi datado da segunda metade do século I
N.º 400 d.C.
Distrito – Portalegre Bibliografia – Nolen 1981; Alarcão 1988b, 118
Concelho – Monforte (5/148).
Freguesia – Vaiamonte
Lugar – Torre de Palma
Numa pequena nota inserida no artigo sobre esta villa
romana, M. Heleno (1962, 314) refere sucintamente a
Porto
existência, perto da basílica, de um espaço funerário
com enterramentos de incineração e inumação. N.º 404
Refere ainda o abundante mobiliário funerário Distrito – Porto
retirado deste local. No entanto, não apresenta Concelho – Amarante
qualquer cronologia para a utilização desta necrópole. Freguesia – Cepelos
Bibliografia – Heleno 1962, 314. Lugar – Cepelos
Neste local apareceu um número indeterminado de
N.º 401 sepulturas, contendo cerâmica comum e fragmentos
Distrito – Portalegre de ânfora. Foi referenciado pela primeira vez por
Concelho – Ponte de Sôr Helena Portela.
Freguesia – Galveias Bibliografia – Portela 1998, 9 (n.º 5).
Lugar – Galveias
Leite de Vasconcellos menciona o aparecimento de N.º 405
uma sepultura romana que continha oferendas Distrito – Porto
funerárias. Não adianta mais informações sobre esta Concelho – Amarante
sepultura. Freguesia – Freixo de Cima
Bibliografia – Vasconcellos 1912, 288; Alarcão Lugar – Campinho do Muro
1988b, 149 (6/114). Não se conhece o número de sepulturas desta
necrópole. As oferendas funerárias eram constituídas
N.º 402 por cerâmica comum. Foi referenciado pela primeira
Distrito – Portalegre vez por Helena Portela.
Concelho – Ponte de Sôr Bibliografia – Portela 1998, 8-9 (n.º 4).
Freguesia – Montargil
Lugar – Herdade de Santo André N.º 406
Esta necrópole de incineração foi descoberta em Distrito – Porto
1973, na sequência de trabalhos agrícolas. A Concelho – Amarante
escavação foi efectuada no período compreendido
149
Necrópoles Romanas do Território Português

Freguesia – Gatão Freguesia – Lufrei


Lugar – Pascoaes Lugar – Gatiães
Nesta necrópole, de ritual desconhecido, apareceu um Esta necrópole de incineração é conhecida desde o
número indeterminado de sepulturas. O espólio era final do século XIX. J. Fortes (1908b, 255) faz-lhe
constituído por cerâmica comum. Foi referenciado uma breve referência no seu trabalho sobre a
pela primeira vez por Helena Portela. necrópole da Lomba. Parece-lhe que as sepulturas
Bibliografia – Portela 1998, 15 (n.º 11). eram constituídas por covas abertas no solo natural.
No seu interior tinham um recipiente de cerâmica
N.º 407 comum, assumindo a função de cinerária contendo
Distrito – Porto cinzas, carvões e ossos carbonizados.
Concelho – Amarante Bibliografia – Fortes 1908b, 255; Portela 1998, 11
Freguesia – Gondar (n.º 7).
Lugar – Tubirei
Apareceu um número indeterminado de sepulturas. N.º 411
Destas foram retirados 74 pregos e 24 recipientes de Distrito – Porto
cerâmica comum romana. Foi referenciada pela Concelho – Amarante
primeira vez por Helena Portela. Freguesia – Madalena
Bibliografia – Portela 1998, 17-18 (n.º 14). Lugar – Ataúdes (Marancinho)
Necrópole de incineração conhecida desde o início do
N.º 408 século XX. José Fortes (1908b, 255) faz referência a
Distrito – Porto esta necrópole em 1908. Este autor noticia a
Concelho – Amarante decoberta de uma sepultura de incineração com dois
Freguesia – Gondar recipientes cerâmicos no seu interior. Nos anos
Lugar – Villa Leça e Paneleiros setenta apareceram vestígios no mesmo local. Nesta
Nesta necrópole, tal como em outras da mesma época terão aparecido sepulturas constituídas por
região, apareceu um número indeterminado de covachos abertos no solo natural, contendo
sepulturas, cujo espólio era composto por cerâmica recipientes cerâmicos. Este mobiliário funerário,
comum. O ritual também não foi determinado. constituído por cerâmica comum, foi estudado por
Bibliografia – Vasconcellos 1895, 1 e 17; Alarcão Marques et al. (1988). Estes investigadores
1988b, 25; Portela 1998, 18 (nº 14.1). propuseram uma cronologia em torno dos séculos II e
III d.C.
N.º 409 Bibliografia – Fortes 1908b, 255; Marques 1988,
Distrito – Porto 135-153; Dias 1993-1994, 109 (n.º1); Portela 1998,
Concelho – Amarante 5-6 (n.º 1).
Freguesia – Lomba
Lugar – Quebrada (Sítio dos Prazos) N.º 412
Esta necrópole de incineração foi explorada, pela Distrito – Porto
primeira vez, por José Fortes que publicou notícia da Concelho – Amarante
mesma na revista Portugalia (1908b). Trabalhos Freguesia – Real
agrícolas puseram a descoberto grande quantidade de Lugar – Real
recipientes de cerâmica. J. Fortes (1908b, 254) Nesta localidade apareceram várias sepulturas. A
detectou uma sepultura intacta constituída por uma primeira notícia foi publicada por Bairrão Oleiro que
cova circular aberta no solo, dentro da qual estava o não conseguiu apurar o número de sepulturas
mobiliário funerário, a urna cinerária contendo descoberto. Aquele investigador referiu que as
carvões e ossos carbonizados. O mobiliário funerário sepulturas seriam similares às da necrópole da
é constituído por cerâmica comum romana. Lomba, do mesmo concelho. Estamos, portanto,
Este autor refere ainda fontes orais que indicam a perante uma necrópole de incineração. Foram
existência de outro tipo de sepulturas, de formato retirados vários recipientes cerâmicos, entre os quais
rectangular, com cerca de dois metros de se destacavam dois pratos de sigillata hispânica
comprimento (Fortes 1908b, 254). No interior destas (Drag. 31) e moedas dos séculos III e IV d.C.
sepulturas também se encontravam recipientes Bibliografia – Oleiro 1955-1956, 276; Alarcão
cerâmicos. 1988b, 24 (1/414); Portela 1998, 15-16 (n.º 12).
José Fortes (Fortes 1908b, 262) considera que as
sepulturas descobertas foram utilizadas no século IV N.º 413
d.C. Distrito – Porto
Bibliografia – Fortes 1908b, 252-262; Vasconcellos Concelho – Amarante
1913, 373; Alarcão 1988b, 24; Dias 1993-1994, (n.º Freguesia – Salvador
2); Portela 1998, 12-14 (n.º 9). Lugar – Louredo das Almas
Subsistem algumas dúvidas sobre esta necrópole.
N.º 410 Lino Dias, num levantamento das necrópoles do
Distrito – Porto território de Tongobriga, assinala esta necrópole
Concelho – Amarante atribuindo-lhe a utilização do ritual da incineração.
150
Necrópoles Romanas do Território Português

Helena Portela regista esta necrópole como uma Esta necrópole foi escavada por José Fortes e José
necrópole de inumação, cujo espólio era constituído Pinho no início do século XX. Destas escavações não
por cerâmica comum. Também foram recolhidos resultou nenhuma publicação específica, facto que
pregos. Aquela investigadora atribui a sua utilização dificulta a interpretação dos achados. No entanto, J.
aos séculos IV ou V d.C. Fortes referiu que se tratava de uma necrópole que
Bibliografia – Marques et al. 1990; Dias 1993-1994, continha os dois rituais usados no mundo romano
110 (n.º3); Portela 1998, 14-15 (n.º 10). (incineração e inumação). O espólio funerário foi
estudado por A. Amaral (1988-89) e é constituído
N.º 414 exclusivamente por cerâmica comum romana. Esta
Distrito – Porto autora situa a necrópole no mesmo âmbito
Concelho – Amarante cronológico das necrópoles romanas desta região:
Freguesia – Sanche séculos III e IV da nossa era (Amaral 1988-89, 114).
Lugar – Sanche Bibliografia – Amaral 1988-89; Portela 1998, 11-12
Não é possível determinar o número de sepulturas (n.º 8).
encontrado nesta necrópole. O mobiliário funerário é
constituído por cerâmica comum romana. H. Portela
indica que o tipo de enterramento é similar ao da N.º 419
necrópole da Lomba, do mesmo concelho. Estamos, Distrito – Porto
portanto, perante uma necrópole de incineração. Concelho – Amarante
Bibliografia – Portela 1998, 16-17 (nº 13). Freguesia – Vila Caíz
Lugar – Vilarinho
N.º 415 J. Fortes (1908c) noticia o aparecimento da necrópole
Distrito – Porto que se deveu à construção do caminho-de-ferro. Este
Concelho – Amarante investigador refere o aparecimento de «inhumações,
Freguesia – São Gonçalo mais ou menos superficialmente abertas no salão,
Lugar – Barral sem revestimento interno, nem tampas, de planta
Neste local foi descoberta uma necrópole de aproximadamente rectangular (Fortes 1908c, 477).
incineração. As sepulturas, em número desconhecido, No interior foram encontrados alguns vasos de
eram covas abertas no solo natural. O mobiliário cerâmica comum. Perante estes dados parece-nos que
funerário era constituído por cerâmica comum se tratam de sepulturas de inumação, apesar das
romana. informações do autor não provirem de observação
Bibliografia – Portela 1998, 6-7 (n.º 2). directa. Face a tudo isto, torna-se difícil de
compreender a razão que terá levado L. Dias (1993-
N.º 416 1994, 110) a referir que estamos perante sepulturas
Distrito – Porto de incineração, quando nada aponta nesse sentido.
Concelho – Amarante Esta necrópole terá sido utilizada nos séculos III / IV
Freguesia – São Gonçalo d.C.
Lugar – Calçada da Misericórdia Bibliografia – Fortes 1908c, 477; Soeiro 1984, 39;
J. Fortes refere o aparecimento de uma sepultura de Alarcão 1988b, 24 (1/420); Dias 1993-1994 (n.º 5);
incineração com a forma de uma cova aberta no solo. Pinto 1996, 304 (n.º 01); Portela 1998, 19 (n.º 15).
No seu interior estavam depositados três recipientes
cerâmicos. N.º 420
Bibliografia – Fortes 1908b, 255; Portela 1998, 7-8 Distrito – Porto
(n.º 3). Concelho – Baião
Freguesia – Ancede
N.º 417 Lugar – Ermêlo (Igreja Velha)
Distrito – Porto Desta necrópole conhecem-se quatro sepulturas. Duas
Concelho – Amarante sepulturas estavam vazias e as outras duas estavam
Freguesia – São Simão estruturadas com pedras pequenas e continham
Lugar – Chã da Portela ossadas humanas. Não apresentavam mobiliário
Neste local apareceu uma necrópole de inumação funerário. Esta necrópole é do período tardo-romano.
com um número desconhecido de sepulturas. O Bibliografia – Vasconcellos 1908, 669-672; Barroca
mobiliário funerário era constituído por cerâmica 1984, 118; Dias 1993-1994 (n.º 11).
comum. Apareceram também três pregos de ferro.
Bibliografia – Portela 1998, 10 (n.º 6). N.º 421
Distrito – Porto
N.º 418 Concelho – Baião
Distrito – Porto Freguesia – Frende
Concelho – Amarante Lugar – Castelo
Freguesia – Telões Neste local apareceram três pedras esculturadas que
Lugar – Laboriz poderiam pertencer a um monumento funerário
(Almeida, CAF 1975, 32). Ferreira de Almeida
151
Necrópoles Romanas do Território Português

pensou tratar-se um «mausoléu tipo torre ou Nesta necrópole foram descobertas cinco sepulturas
corucheu». Mais tarde serão feitos enterramentos que de inumação, estruturadas com tijolos. Uma das
aquele autor atribui à época paleocristã. sepulturas, dada a sua dimensão, devia conter uma
Bibliografia – Vasconcellos 1913, 474-477; Almeida, inumação infantil.
CAF 1975; Barroca 1984, 118; Alarcão 1988b, 29 Bibliografia – Vasconcellos 1887, 178-179; Brandão
(1/439). 1960, 486-487; Barroca 1984, 117; Alarcão 1988b,
29 (1/489).
N.º 422
Distrito – Porto N.º 426
Concelho – Baião Distrito – Porto
Freguesia – Ovil Concelho – Felgueiras
Lugar – Giesta Freguesia – Airães
Neste local apareceu uma necrópole da qual se Lugar – Monte Outeiro
conhecem apenas dois recipientes de cerâmica Um jornal local noticiou, em 1983, o aparecimento de
comum romana. sepulturas de tijolo. Poderão ser de cronologia
Bibliografia – Barroca 1984, 117; Alarcão 1988b, 29 romana.
(1/486). Bibliografia – Notícias de Felgueiras, 28-07-83.

N.º 423 N.º 427


Distrito – Porto Distrito – Porto
Concelho – Baião Concelho – Felgueiras
Freguesia – Ovil Freguesia – Macieira da Lixa
Lugar – Ovil Lugar – Masorra
É possível que se trate da mesma necrópole referida J. M. Pinto situa neste local uma necrópole de
no número anterior. Mário Barroca (1984, 117-118) incineração constituída por sepulturas em cova,
afirma o aparecimento de lápide funerária «nas abertas no solo natural. Têm «secção “ocular” ou
imediações» da anterior. Não se refere ao trapezoidal». Este investigador considera-as tardias,
aparecimento de vestígios de outra necrópole. J. inseridas num período que vai dos finais do século III
Alarcão (1988) assinalou outra necrópole neste local. até ao século V d.C.
Bibliografia – Barroca 1984, 117-118; Alarcão Bibliografia – Freitas 1985, 17; Pinto, J. M. 1995,
1988b, 29 (1/486). 278.

N.º 424 N.º 428


Distrito – Porto Distrito – Porto
Concelho – Baião Concelho – Felgueiras
Freguesia – Santa Leocádia Freguesia – Macieira da Lixa
Lugar – Bairral Lugar – Veigas
Foi descoberta em 1899 e estudada por Ricardo Neste local apareceu uma necrópole constituída por
Severo. Esta necrópole de inumação foi utilizada nos sepulturas formadas por tegulae. Só possuímos esta
séculos III e IV d.C. Foram descobertas dez informação, mencionada por J. M. Pinto que as
sepulturas rectangulares, abertas no solo natural, com considera de incineração e de cronologia tardia
paredes de blocos graníticos e cobertas com lajes. O (desde os finais do século III até ao V d.C.).
fundo é constituída pelo próprio solo onde foram Bibliografia – Pinto, J. M. 1995, 278.
abertas as sepulturas. O mobiliário funerário é
composto por recipientes de cerâmica comum, peças N.º 429
de vidro e dois pratos de sigillata clara. J. Sousa Distrito – Porto
(1967) voltou mais tarde a estudar este mobiliário Concelho – Gondomar
funerário. Apareceram também pregos, alguns com Freguesia – Rio Tinto
vestígios de madeira. Estes seriam usados num Lugar – Monte do Penouço
estrado ou caixão de madeira que transportaria o R. Severo (1908a) publicou o material resultante da
morto. Do mesmo sítio veio uma ara. descoberta acidental de uma necrópole romana, que
Bibliografia – Vasconcellos 1905, 379; Severo apareceu neste local nos primeiros anos do século
1908c, 417-426; Brandão 1960; Sousa 1967, 181- XX. Este autor fala no aparecimento de fragmentos
196; Barroca 1984, 116-117; Alarcão 1988b, 29 de tegulae e grandes pedaços de xisto (Severo 1908a,
(1/485); Garcia 1991, 397; Dias 1993-1994, 111-112 111). Para ele era o material utilizado nas sepulturas.
(n.º 8). Apareceram também muitas peças inteiras de
cerâmica comum. R. Severo explorou uma sepultura
N.º 425 rectangular com paredes de granito e cobertas com
Distrito – Porto lajes (Severo 1908a, 112). Três destas lajes eram
Concelho – Baião lápides funerárias reutilizadas, com a epígrafe voltada
Freguesia – Santa Marinha do Zêzere para o interior. No interior da sepultura foram
Lugar – Quinta de Guimarães
152
Necrópoles Romanas do Território Português

encontrados três recipientes cerâmicos e uma peça de Necrópole romana referenciada por C. A. F. Almeida,
vidro. sobre a qual não existem muitas informações.
Não conhecemos o ritual funerário, nem a sua Bibliografia – Almeida 1969, 42.
cronologia.
Bibliografia – Severo 1908a; Severo 1908b; Alarcão N.º 433
1988b, 24, 1/400. Distrito – Porto
Concelho – Maia
N.º 430 Freguesia – Vermoim
Distrito – Porto Lugar – Agra da Portela
Concelho – Lousada Esta necrópole foi referenciada por C. A. F. Almeida
Freguesia – Caíde de Rei que não apresentou muitas informações sobre a
Lugar – Vila Verde mesma.
J. A. Vieira, no final do século XIX, fez uma Bibliografia – Almeida 1969, 42; Alarcão 1988b, 23
referência muito vaga ao aparecimento de sepulturas. (1/396).
No mesmo local foram encontrados capitéis e
objectos de cerâmica, daí a possível cronologia N.º 434
romana dos enterramentos. Distrito – Porto
Bibliografia – Vieira 1887, 364; Alarcão 1988b, 24 Concelho – Maia
(1/412). Freguesia – Vila Nova da Telha
Lugar – Bicas
N.º 431 Neste local apareceu uma necrópole com cerca de dez
Distrito – Porto sepulturas do século IV ou V d.C.
Concelho – Maia Bibliografia – Almeida 1969, 42; Alarcão 1988b, 23
Freguesia – Gemunde (1/392).
Lugar – Forca
Esta necrópole foi encontrada na década de 40 do N.º 435
século XX (Almeida 1988, 114). A necrópole está Distrito – Porto
situada a poucas centenas de metros do castro de Concelho – Marco de Canaveses
Santo Ovídio em Avioso e junto da via romana que Freguesia – Alpendurada
ligava Olisipo a Bracara Augusta (Almeida 1988, Lugar – Fraga – Feira Nova
115). Não se conhece o habitat ligado a esta Necrópole de incineração da qual foi retirado
necrópole. O material funerário foi publicado, em mobiliário funerário constituído por vasos de
1988, por A. J. Almeida que apresenta um conjunto cerâmica comum. J. L. Vasconcellos descreveu as
de considerações sobre esta necrópole. sepulturas de pequenas dimensões que eram
Considera que a necrópole teria enterramentos constituídas por caixas feitas de lajes de pedra e
derivados de incinerações e inumações. No momento cobertas com uma laje do mesmo material. Tinham
da descoberta «teriam aparecido bastantes cinzas e uma forma rectangular. Uma sepultura continha uma
carvões, num determinado local» (Almeida 1988, moeda do século IV.
120) e alguns recipientes apresentam fuligem Parece haver uma confusão na identificação desta
resultante da incineração. Como não encontrou necrópole. J. Alarcão (1988b, 90) refere outra
material de construção, considera que as inumações necrópole na freguesia de Penha Longa mas deve
seriam feitas em sepulturas abertas na rocha, referir-se a esta necrópole.
vulgarmente conhecidos por covachos (Almeida Bibliografia – Vasconcellos 1908, 669-672;
1988, 120). O espólio funerário é constituído por Vasconcellos 1913, 370-372; Alarcão 1988b, 28
cerâmica comum. (1/480); Dias 1993-1994, 112 (n.º 10).
O autor atrás referido não se inclina-se para uma
cronologia precisa da necrópole devido à falta de N.º 436
elementos facilmente datáveis. As duas lucernas que Distrito – Porto
coloca na segunda metade do século I d.C. (Almeida Concelho – Marco de Canaveses
1988, 121) não permitem uma datação muito precisa Freguesia – Ariz
e a própria utilização de incineração não permite a Lugar – São Tiago de Arados
inclusão num grande período histórico. A incineração António Cruz (1948) publica um manuscrito que
no Noroeste perdurou até ao Baixo Império e tal facto menciona o aparecimento de uma necrópole no
impede a sua utilização como critério cronológico. século XVIII. No manuscrito vem explicitamente a
Bibliografia – Almeida 1988. referência à descoberta de «muitas covas, feitas ao
modo de sepulturas, e que nellas se acharão diversos
N.º 432 vasos de barro vermelho, de varios feitios, e alguns
Distrito – Porto pregos» (Cruz 1948, 333). Refere também a
Concelho – Maia descoberta de duas moedas de Constante e
Freguesia – Gueifães Constâncio. Estas dez ou doze sepulturas estavam
Lugar – Quelha Funda estruturadas com lajes de pedra e cobertas pelo
153
Necrópoles Romanas do Território Português

mesmo material. Estas sepulturas seriam de Lugar – Tongobriga


inumação. Esta necrópole está situada a sul da cidade romana,
No mesmo trabalho, alude-se ao aparecimento de junto da via que seguia para Viseu. Os primeiros
«mais duas, ou tres covas redondas, cubertas de vestígios foram descobertos no final do século XIX.
lousas, tudo no mesmo sítio, junto do qual se acharão Na época apareceram vestígios de sepulturas
há annos talhas, e urnas, e que nas talhas se acharão estruturadas com tegulae, dentro das quais existiam
cinzas e carvoens» (Cruz 1948, 334). Certamente, recipientes cerâmicos com vestígios de ossos
tratava-se de sepulturas de incineração. (Vasconcellos 1900, 32). Mais tarde, em 1927, foi
De destacar o aparecimento de uma peça de vidro e destruída uma sepultura também revestida e coberta
moedas de Constante e Constâncio, portanto com tegulae. As palavras dos descobridores indicam-
atribuíveis já ao século IV d.C. Portanto, estamos nos que estamos perante enterramentos que utilizam
perante uma necrópole com enterramentos de o ritual da incineração.
incineração e inumação. Muito recentemente, L. Dias escavou a necrópole
Bibliografia – Cruz 1948; Alarcão 1988b, 90 (3/3). tendo posto a descoberto vários tipos de sepulturas
abertas no afloramento granítico da área. Foram
N.º 437 escavadas quinze sepulturas que utilizam o ritual da
Distrito – Porto incineração. Estes enterramentos adaptavam-se às
Concelho – Marco de Canaveses características da área e aproveitavam o espaço entre
Freguesia – Ariz os afloramentos graníticos. De destacar a escavação
Lugar – Tapada das Eirozes de uma sepultura de incineração em bustum.
Lino Dias localiza nesta freguesia uma necrópole de O mobiliário funerário era constituído essencialmente
incineração do século IV. Os enterramentos por cerâmica comum e algumas poucas moedas do
continham cerâmica comum. século IV. Estamos, portanto, perante uma necrópole
Bibliografia – Dias 1993-1994, 112 (n.º 9). tardia, ou área da necrópole, usada no século IV d.C.
Bibliografia – Vasconcellos 1899-1900, 32; Dias
N.º 438 1993-1994, 121-132 (n.º 6); Dias 1995, 190-211;
Distrito – Porto Pinto 1996, 305 (n.º 04).
Concelho – Marco de Canaveses
Freguesia – Avessadas N.º 441
Lugar – Mória Distrito – Porto
Esta necrópole de incineração foi escavada nos anos Concelho – Marco de Canaveses
50. As sepulturas continham mobiliário funerário que Freguesia – Toutosa
Lino Dias considera do século IV d.C. Este autor Lugar – Alvim
refere a presença de recipientes cerâmicos associados J. Alarcão, no Roman Portugal, situa neste local uma
a carvões e a existência de caixas de madeira com necrópole. Não possuímos mais informações sobre
cinzas. Esta parte da descrição não deixa de ser estes vestígios
estranha dado que se afasta daquilo que conhecemos Bibliografia – Alarcão 1988b, 24 (1/421).
sobre práticas funerárias romanas. Será que estamos a
falar de caixões de madeira que servem de urnas? N.º 442
Pela descrição e informações recolhidas, é impossível Distrito – Porto
avançar mais sobre esta questão. Concelho – Marco de Canaveses
Bibliografia – Dias 1993-1994, 111 (n.º 7). Freguesia – Vila Boa de Quires
Lugar – Telha
N.º 439 T. Soeiro situa neste local uma necrópole, de onde
Distrito – Porto foram retirados, em meados do século XX,
Concelho – Marco de Canaveses recipientes cerâmicos. Não foi determinado o ritual e
Freguesia – Caldas de Canaveses a cronologia de utilização.
Lugar – Caldas de Canaveses Bibliografia – Soeiro 1984, 44; Alarcão 1988b, 24
Junto das Caldas de Canaveses foi encontrada uma (1/416).
necrópole. Das sepulturas, de forma desconhecida,
foram retiradas moedas e recipientes cerâmicos. Este N.º 443
material nunca foi estudado. Não se conhece o ritual Distrito – Porto
funerário nem a cronologia da utilização da Concelho – Paços de Ferreira
necrópole. Freguesia – Carvalhosa
Bibliografia – Vasconcelos 1935, 2 e 40; Soeiro Lugar – Peias
1984, 49; Alarcão 1988b, 24 (1/422); Pinto 1996, 305 Armando C. F. Silva inventaria três recipientes
(n.º 3). cerâmicos vindos deste lugar, que poderão pertencer
a uma necrópole.
N.º 440 Bibliografia – Silva, 1986b, 127.
Distrito – Porto
Concelho – Marco de Canaveses N.º 444
Freguesia – Freixo Distrito – Porto
154
Necrópoles Romanas do Território Português

Concelho – Paços de Ferreira Concelho – Paços de Ferreira


Freguesia – Carvalhosa Freguesia – Frazão
Lugar – São Roque Lugar – São Brás
Esta necrópole apareceu na sequência da abertura de Os primeiros vestígios apareceram em meados do
uma estrada, tendo revelado sepulturas contendo século XX, quando se procedeu à abertura de uma
diverso mobiliário funerário. O mobiliário recolhido estrada (Dinis 1976, 219). As sepulturas romanas
era constituído por cerâmica comum romana, parte eram constituídas por paredes de pedras e o fundo
dela estudada por Armando C. F. Silva. Não se revestido com tegulae. Estas continham diverso
conhecem os enterramentos, o ritual e a cronologia da mobiliário funerário, entre o qual se destacava um
necrópole. recipiente de terra sigillata D (Dinis 1976, 219). De
Bibliografia – Silva, 1986b, 127; Alarcão 1988b, 21 local próximo veio uma ara tumular (Dinis 1976,
(1/374). 219). Neste local M. V. Dinis diz ter notado a
presença de «fragmentos de ardósia, muito grossos a
N.º 445 cobrir cinzeiros» (Dinis 1976, 220). Estamos perante
Distrito – Porto vestígios de sepulturas de incineração. Armando C. F.
Concelho – Paços de Ferreira Silva considera que neste local também apareceram
Freguesia – Eiriz inumações, nunca referidas por M. V. Dinis.
Lugar – Eiriz A necrópole teria sido utilizada num período que vai
Esta necrópole foi descoberta no final do século XIX, do século III até ao século V d.C.
tendo então revelado abundante material funerário, Bibliografia – Dinis 1962, 227; Dinis 1976; Silva
entretanto perdido. Conservou-se, no Museu Martins 1986b, 127-128; Alarcão 1988b, 24 (1/402).
Sarmento, cerâmica comum e uma lucerna
provenientes desta necrópole. Não se conhecem os N.º 449
enterramentos e o ritual funerário. Armando C. F. Distrito – Porto
Silva atribui a esta necrópole uma cronologia tardo- Concelho – Paços de Ferreira
romana (séculos IV e V d.C.). Freguesia – Meixomil
Bibliografia – Silva 1986b, 127; Alarcão 1988b, 24 Lugar – Bouçós
(1/372). M. V. Dinis descreve o aparecimento de duas
necrópoles de incineração da época romana, «apenas
N.º 446 separadas por uns escassos cem metros» (1962, 224).
Distrito – Porto A outra necrópole (Devesa Grande) poderia ser outro
Concelho – Paços de Ferreira núcleo desta grande necrópole ou a sua continuação,
Freguesia – Frazão facto que as descobertas não permitiram verificar. Em
Lugar – Boavista relação a esta necróple, refere o aparecimento de
M. V. Dinis (1962, 224) refere a descoberta de uma mobliário funerário em cada enterramento constituído
necrópole no lugar da Boavista. Armando C. F. Slva por «3 a 7 vasos» (Dinis 1962, 225) de cerâmica
diz que as sepulturas eram valas, afastadas umas das comum. Apareceu também cerâmica pintada, «botões
outras, contendo «terra de cinza» e o mobiliário de ferro», e uma bracelete de pasta vítrea. Armando
funerário. Este era constituída por cerâmica comum e C. F. Silva faz uma descrição dos enterramentos, sem
dois pratos de imitação de sigillata clara D. Este diferenciar qualquer dos núcleos. Este autor
investigador coloca a utilização da necrópole num considera esta necrópole mais tardia, com elementos
período que decorre desde a segunda metade do datáveis até ao século IV d.C.
século III até ao século V d.C. Bibliografia – Dinis 1962, 224-227; Dinis 1980; Silva
Bibliografia – Dinis 1962, 224; Silva 1986b, 128- 1986b, 129-130; Alarcão 1988b, 21 (1/376).
129; Alarcão 1988b, 24 (1/401).
N.º 450
N.º 447 Distrito – Porto
Distrito – Porto Concelho – Paços de Ferreira
Concelho – Paços de Ferreira Freguesia – Meixomil
Freguesia – Frazão Lugar – Devesa Grande
Lugar – Santa Maria Alta Estes enterramentos devem pertencer a uma
Os primeiros vestígios terão aparecido no início do necrópole de grande dimensão (verificar necrópole
século XX. Das sepulturas, de forma desconhecida, seguinte). Pela leitura do artigo que noticia a
foram retirados vários recipientes de cerâmica descoberta desta necrópole, parece-nos que se tratam
comum e uma forma de sigillata tardia. Estes de enterramentos de incineração. No entanto, o
elementos atribuem uma cronologia tardia a esta mobiliário funerário retirado desta é mais rico. M V.
necrópole (séculos IV e V d.C.). Dinis (1962, 225) refere o aparecimento de cerâmica
Bibliografia – Dinis 1962, 227; Dinis 1976, 220; de importação, talvez sigillata sudgálica e hispânica.
Silva 1986b, 127-128; Alarcão 1988b, 24 (1/402). Fala ainda do aparecimento de «elementos de vidro,
pedras de amolar, metais ferruginosos, com três
N.º 448 bronzes reluzentes, um deles do II século d.C. (Marco
Distrito – Porto Aurélio), pedaços de telha, esquírolas ósseas
155
Necrópoles Romanas do Território Português

envolvidas pela cinza» (Dinis 1962, 225). A Distrito – Porto


necrópole poderá ter uma utilização muito grande e, Concelho – Paços de Ferreira
pelas indicações dadas, apenas podemos apontar uma Freguesia – Raimonda (São Pedro)
cronologia alto-imperial. Não doram referidos dados Lugar – Reguengo
sobre a estruturação dos enterramentos. Armando Coelho Silva situa nesta localidade uma
Bibliografia – Dinis 1962, 224-225, 227; Dinis 1980; necrópole da época romana, de onde terão saído
Silva 1986b, 129-130; Alarcão 1988b, 21 (1/375). recipientes de cerâmica comum.
Bibliografia – Silva 1986b, 131; Alarcão 1988b, 21
N.º 451 (1/371).
Distrito – Porto
Concelho – Paços de Ferreira N.º 456
Freguesia – Meixomil Distrito – Porto
Lugar – Fontelo Concelho – Paços de Ferreira
Armando C. F. Silva coloca neste local outro núcleo Freguesia – Sanfins de Ferreira
da necrópole anterior. Deste local foram retirados, em Lugar – Bouçamonte
1940, dois recipientes de cerâmica comum romana. Neste local, situado numa das vertentes da Citânia de
Não existem outras informações sobre estes vestígios. Sanfins, apareceu um recipiente cerâmico e
Bibliografia – Silva 1986b, 129-130. fragmentos de cerâmica comum que sinalizam a
presença de uma necrópole tardo-romana.
N.º 452 Bibliografia – Silva 1986b, 131; Alarcão 1988b, 20
Distrito – Porto (1/369).
Concelho – Paços de Ferreira
Freguesia – Paços de Ferreira N.º 457
Lugar – Pelourinho Distrito – Porto
Necrópole situada no jardim fronteiro ao edifício da Concelho – Paços de Ferreira
Câmara Municipal, de onde foram retirados, no início Freguesia – Seroa
do século XX, diversos recipientes cerâmicos. Não Lugar – Outeiro de Foguetes
existem outras informações sobre este espaço Neste local estava situada uma necrópole, de onde
funerário. saíram uma bilha e uma lucerna. A lucerna permite
Bibliografia – Dinis 1962, 227; Silva 1986b, 130; atribuir uma datação em torno dos séculos II e III
Alarcão 1988b, 24 (1/407). d.C. Não existem outras informações sobre este
espaço funerário.
N.º 453 Bibliografia – Silva 1986b, 131-132; Alarcão 1988b,
Distrito – Porto 24 (1/403).
Concelho – Paços de Ferreira
Freguesia – Paços de Ferreira N.º 458
Lugar – Quintãs Distrito – Porto
Deste local saíram seis recipientes de cerâmica Concelho – Paredes
comum que pertenciam ao mobiliário funerário de Freguesia – Baltar
sepulturas da época romana. Não existem outros Lugar – Calvário
dados sobre esta necrópole. Os vestígios de enterramentos apareceram em virtude
Bibliografia – Dinis 1978, 187-190; Silva 1986b, de trabalhos de arroteamento e, recentemente, ao
130-131; Alarcão 1988b, 24 (1/ 408). plantar uma vinha. Não foi realizada qualquer
escavação e o material exumado dispersou-se sem
N.º 454 qualquer estudo. Não é possível determinar a
Distrito – Porto cronologia da necrópole nem o ritual funerário
Concelho – Paços de Ferreira utilizado.
Freguesia – Penamaior Bibliografia – Soeiro 1988-89.
Lugar – Vila de Baixo
Em 1950, foi descoberta uma necrópole que foi N.º 459
objecto de uma referência muito sumária (Dinis 1962, Distrito – Porto
227). Das sepulturas foram retirados vários recpientes Concelho – Paredes
de cerâmica comum, uma possível imitação de Freguesia – Baltar
sigillata tardia, duas taças de vidro e moedas do Lugar – Tanque
século IV d.C. Não se conhece a prática funerária Na abertura de alicerces para uma casa apareceram
utilizada nem a tipologia dos enterramentos. Estes sepulturas. Estas eram simples covas abertas no solo
vestígios apontam para uma utilização da necrópole sem qualquer elemento estruturador. Apareceram
num período tardio, nos séculos IV e V d.C. recipientes cerâmicos que constituíriam o mobiliário
Bibliografia – Dinis 1962, 227; Silva 1986b, 131; funerário dos enterramentos. Destes Soeiro (1988-89)
Alarcão 1988b, 24 (1/406). publicou dois recipientes de cerâmica comum. Não é
possível determinar a cronologia dos enterramentos
N.º 455 nem o ritual funerário utilizado.
156
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Soeiro 1988-89.


N.º 462
N.º 460 Distrito – Porto
Distrito – Porto Concelho – Penafiel
Concelho – Paredes Freguesia – Abragão
Freguesia – Mouriz Lugar – Castro da Penha Grande
Lugar – Cruz Esta necrópole estava situada no exterior do recinto
Na sequência de trabalhos de arroteamento de um amuralhado de um povoado castrejo. Desta necrópole
terreno, apareceram covachos de formato oval ou teriam sido retirados recipientes cerâmicos. Não é
elíptico, sem quaisquer estruturas de protecção. O possível determinar o ritual nem a cronologia de
mobiliário funerário estava disposto no fundo do utilização.
covacho, numa camada de terra com bastante cinza. Bibliografia – Soeiro 1984, 50-51; Alarcão 1988b, 28
Os recipientes cerâmicos exumadas dispersaram-se e (1/475); Pinto 1996, 306 (N.º 06).
alguns foram guardados no Museu Municipal de
Paredes. Uma almotolia apresenta pintura sobre o N.º 463
bojo. Não se conseguiu determinar o ritual funerário Distrito – Porto
utilizado. T. Soeiro (1988-89, 110), tendo em conta Concelho – Penafiel
as informações recolhidas e as características da Freguesia – Boelhe
cerâmica, data os enterramentos desta necrópole entre Lugar – Tapada da Grama
meados do século III e o século IV d.C. T. Soeiro estudou uma tigela retirada desta necrópole.
Bibliografia – Soeiro 1988-89. Não determinou a sua localização nem existem outras
informações sobre a mesma.
N.º 461 Bibliografia – Soeiro 1984, 54.
Distrito – Porto
Concelho – Paredes N.º 464
Freguesia – Parada Todeia Distrito – Porto
Lugar – Parada Todeia Concelho – Penafiel
Estava localizada numa vertente voltada para o rio Freguesia – Bustelo
Sousa e foi descoberta na década de 20 do século Lugar – Monteiras
XX. Era constituída por um grande número de Nesta necrópole apareceram vestígios de incinerações
sepulturas. Concentravam-se numa área próxima do do século I d.C. e inumações tardias. Esta necrópole
cemitério desta localidade. A notícia da sua aparece referida no inventário de necrópoles
exploração foi publicada por Mendes Corrêa (1923- publicado na dissertação de mestrado de Gilda Pinto
1924). (1996). As sepulturas de incineração eram
As primeiras sepulturas exploradas tinham forma constituídas por pequenos covachos abertos no solo
rectangular ou trapezoidal. Eram construídas com com cinzas e espólio votivo ao lado, covachos com
tijolos, pedra, xisto e tegulae. Entre estas havia "duas panela e covachos com panela depositada sobre as
ou três", com forma rectangular e uma dimensão cinzas e pedra a tapa a panela. Continham cerâmica
aproximada de 0,5 m X 0,25 a 0,4 m. Mendes Corrêa castreja, comum romana, terra sigillata, cerâmica
apresenta duas alternativas para o seu uso: sepultura cinzenta fina, vidros e lucernas.
de crianças (provavelmente perinatais) ou As sepulturas de inumação eram rectangulares
incinerações. A NE deste local foi encontrado um abertas no solo. Do interior destas foi retirada
muro e, de acordo com Mendes Corrêa, já teriam cerâmica comum, vidros e moedas do século IV.
aparecido um mosaico e muros em local próximo da Bibliografia – Pinto 1996, 312 (n.º 25); Pinto 1998,
necrópole. Apareceu um pequeno fragmento de 189.
cerâmica.
O segundo grupo de sepulturas era idêntico às N.º 465
anteriores. Não apresentavam vestígios cerâmicos. Distrito – Porto
As restantes sepulturas estavam escavadas no solo, Concelho – Penafiel
sem elementos estruturadores. Apresentavam Freguesia – Cabeça Santa
mobiliário funerário, nomeadamente cerâmica mas Lugar – Jugueiros
também moedas, pregos num prato e carvões num Em 1954, apareceu uma necrópole que forneceu
púcaro e em um prato. Três moedas foram espólio funerário. Não foi estudada, pelo que não é
identificadas e verificou-se pertencerem ao período possível determinar o ritual funerário e a cronologia
de Constantino I e de Constante. Apareceu ainda um de utilização.
anel de cobre. Bibliografia – Soeiro 1984, 64 e 67; Alarcão 1988b,
Provavelmente, esta necrópole foi utilizada durante 28 (1/479); Pinto 1996, 311 (n.º 22).
longos períodos e conheceu a utilização do ritual de
incineração. N.º 466
Bibliografia – Corrêa 1923-24; Alarcão 1988b, 26 Distrito – Porto
(1/461). Concelho – Penafiel
Freguesia – Canelas
157
Necrópoles Romanas do Território Português

Lugar – Quinta da Boa Vista Bibliografia – Soeiro 1980, 85; Dias 1993-1994 (n.º
Neste local foram descobertas sepulturas de 4); Dias 1995, 272; Pinto 1996; Pinto 1998.
inumação, contendo diverso espólio funerário. Este
encontra-se depositado em diversos museus. Do N.º 469
interior das sepulturas foram retirados recipientes Distrito – Porto
cerâmicos, um anel, moedas, pregos e ossos. Entre a Concelho – Penafiel
cerâmica destaca-se um prato de sigillata hispânica e Freguesia – Duas Igrejas
cerâmica cinzenta fina, que T. Soeiro atribuiu aos Lugar – Antas
finais do século I ou ao II d.C. A ter em conta estes Nesta localidade foram encontradas duas necrópoles
dados temos inumações muito precoces nesta região distanciadas 200 metros. Não se sabe se se tratam de
do Império. Por outro lado, a mesma autora cita uma vestígios da mesma ou duas necrópoles. Os primeiros
informação de 1918 que refere o aparecimento de vestígios compreendiam sepulturas de inumação, de
«duas vasilhas cheias de terra e carvões», na mesma diversas formas, contendo mobiliário funerário
freguesia. Será outro núcleo da mesma necrópole? variado. Estavam cobertas com lajes de pedra.
Em caso afirmativo, teríamos uma necrópole com Refere-se a presença de tábuas de madeira mas não se
enterramentos de incineração e inumação. esclarece a sua funcionalidade.
Bibliografia – Soeiro 1984, 77 e 79; Pinto 1996, 307- Os outros vestígios apareceram mais tarde e eram
308 (n.º 11). constituídos por sepulturas rectangulares com
mobiliário funerário diversificado. Nesta necrópole
N.º 467 foram encontradas moedas do século IV. Temos,
Distrito – Porto portanto, uma utilização tardia de uma das necrópoles
Concelho – Penafiel de Antas.
Freguesia – Capela Bibliografia – Soeiro 1984, 89-95; Alarcão 1988b, 28
Lugar – Igreja (1/474); Pinto 1996, 308-309 (n.º 13).
Na sequência da realização de obras apareceu uma
necrópole com sepulturas, contendo recipientes N.º 470
cerâmicos e moedas. Esta informação foi recolhida Distrito – Porto
por T. Soeiro que considera estarmos perante Concelho – Penafiel
sepulturas de inumação. Não é possível determinar a Freguesia – Entre-os-Rios
cronologia destes enterramentos. Lugar – Eja
Bibliografia – Soeiro 1984, 104; Alarcão 1988b, 90 T. Soeiro menciona uma informação, do início do
(3/2); Pinto 1996, 310-311 (n.º 20). século XX, que refere a descoberta, na encosta da
Cividade de Eja, de tegulae, recipientes cerâmicos e
N.º 468 lucernas. Aquela autora pensa estar-se perante uma
Distrito – Porto necrópole que serviria o povoado. Não existem mais
Concelho – Penafiel informações sobre estes vestígios.
Freguesia – Croca Bibliografia – Soeiro 1984, 77; Pinto 1996, 311 (n.º
Lugar – Montes Novos 23).
Necrópole descoberta acidentalmente em 1987 pelo
proprietário do terreno onde se encontrava, foi N.º 471
seguidamente escavada por equipa dirigida por G. Distrito – Porto
Pinto. É uma das necrópoles mais bem estudadas do Concelho – Penafiel
norte de Portugal e cuja publicação seguiu método Freguesia – Galegos
científico e criterioso. Lugar – Bairro
A escavação revelou uma área sepulcral extensa T. Soeiro menciona o aparecimento de um recipiente
constituída por 139 sepulturas, que utilizam os rituais cerâmico proveniente de um contexto funerário.
da incineração e inumação. Os enterramentos Coloca a hipótese de se tratar de enterramentos
resultantes das incinerações são muitos minoritários e pertencentes à necrópole referida no número
são simples covachos escavados no solo. As seguinte, situada na mesma freguesia. Não existem
inumações são fossas rectangulares abertas no solo outras informações sobre estes vestígios.
base, algumas destas apresentam vestígios de Bibliografia – Soeiro 1984, 98.
utilização de caixões de madeira.
O mobiliário funerário é constituído essencialmente N.º 472
por cerâmica comum romana. Existem ainda alguns Distrito – Porto
objectos de adorno, vidros, terra sigillata e cerâmica Concelho – Penafiel
fina cinzenta. De realçar, no entanto, a abundância de Freguesia – Galegos
moedas, maioritariamente do século IV. Lugar – Igreja
A análise deste mobiliário funerário levou G. Pinto a Neste local foram descobertas sepulturas,
propor uma cronologia de utilização deste espaço nos desconhecendo-se o número de enterramentos, o tipo,
séculos III e IV. No entanto, existem alguns vestígios o ritual e a própria cronologia. Destas sepulturas
que indicam uma possível utilização no período alto- conhecem-se dois recipientes cerâmicos. Também
imperial. continham moedas, entretanto desaparecidas.
158
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Soeiro 1984, 98; Pinto 1996, 309 (n.º aparecimento de abundante mobiliário funerário. Os
15). poucos conhecimentos concretos sobre os
enterramentos desta necrópole resultaram das
N.º 473 escavações realizadas por Carlos Alberto Ferreira de
Distrito – Porto Almeida, em 1974 e 1975.
Concelho – Penafiel Tem sepulturas de incineração, praticadas entre o
Freguesia – Irívo século I d.C. até meados do século III. A inumação
Lugar – Candaídos apresenta vestígios datados de meados do século IV.
T. Soeiro menciona o aparecimento de uma necrópole A incineração parece ser feita em covas abertas no
de incineração neste local. As informações, solo, onde são colocadas as cinzas e as oferendas
recolhidas por aquela investigadora, referem o votivas. Também se conhece uma incineração
aparecimento de recipientes cerâmicos sem qualquer primárias, datada de meados do século III d.C.
elemento de protecção nas sepulturas. Não é possível As inumações conhecidas eram feitas em sepulturas
determinar a cronologia de utilização da necrópole. estruturadas com pedras e outros materiais, onde o
Bibliografia – Soeiro 1984, 100; Pinto 1996, 309-310 corpo do defunto era depositado acondicionado num
(n.º 16). caixão de madeira. No interior, acompanhavam o
defunto moedas e recipientes cerâmicos. O mobiliário
N.º 474 funerário conhecido é constituído por mais de uma
Distrito – Porto centena de recipientes cerâmicos (sigillata hispânica,
Concelho – Penafiel cinzenta fina e cerâmica comum romana), lucernas,
Freguesia – Lagares recipientes de vidro e alguns objectos de metal.
Lugar – Agra de Ordins Bibliografia – Soeiro 1984, 293-299; Alarcão 1988b,
Neste local apareceu uma sepultura com mobiliário 27 (1/466); Pinto 1996, 306-307 (n.º 08); Soeiro
funerário constituído por cerâmica. Não se conhece o 1998, 31-32.
ritual funerário utilizado nesta sepultura. A cerâmica
foi estudada por T. Soeiro. N.º 478
Bibliografia – Soeiro 1984, 104; Alarcão 1988b, 27 Distrito – Porto
(1/468); Pinto 1996, 310 (n.º 18). Concelho – Penafiel
Freguesia – Paço de Sousa
N.º 475 Lugar – As Campas, Casal do Ouro
Distrito – Porto Necrópole descoberta em 1991 quando se procedia ao
Concelho – Penafiel alargamento de um caminho. Estas obras destruíram
Freguesia – Lagares várias sepulturas. Trabalhos posteriores revelaram a
Lugar – Presa dos Vasos presença de sete sepulturas (Soeiro 1992-93, 282).
Junto da base de um povoado castrejo, apareceu uma Estas tinham um formato rectangular e foram abertas
necrópole. Esta informação foi recolhida por T. no saibro. Do seu interior foram retirados dez
Soerio. Não existem outras informações sobre esta recipientes de cerâmia comum romana, muito
necrópole. frequente nas necrópoles tardo-romanas. Não foi
Bibliografia – Soeiro 1984, 104; Alarcão 1988b, 27 possível determinar a prática funerária utilizada.
(1/469); Pinto 1996, 310 (n.º 19). Bibliografia – Soeiro 1992-93; Pinto 1996, 312-313
(n.º 26).
N.º 476
Distrito – Porto N.º 479
Concelho – Penafiel Distrito – Porto
Freguesia – Marecos Concelho – Penafiel
Lugar – Castro de Marecos Freguesia – Paço de Sousa
T. Soeiro faz uma referência vaga à possível Lugar – Cortinhas de Trago
existência de uma necrópole junto do castro de T. Soeiro (1993-94, 285-286) refere uma informação
Marecos. Desta necrópole teria vindo um púcaro de oral sobre o aparecimento de uma necrópole em
cerâmica cinzenta fina. Não existem outras 1931. O alargamento de um caminho pôs a
informações sobre estes vestígios arqueológicos. descoberto sepulturas abertas no solo, dentro das
Bibliografia – Soeiro 1984, 96. quais se encontraram recipientes cerâmicos,
possivelmente cerâmica comum romana.
N.º 477 Bibliografia – Soeiro 1992-93; Pinto 1996, 313 (n.º
Distrito – Porto 27).
Concelho – Penafiel
Freguesia – Oldrões N.º 480
Lugar – Mozinho Distrito – Porto
A necrópole estava situada num local a Norte do Concelho – Penafiel
povoado, no espaço exterior contíguo à última linha Freguesia – Paço de Sousa
de muralhas. Parecia ser bastante extensa. Foi sujeita Lugar – Covelo
a muitas intervenções de curiosos que provocaram o
159
Necrópoles Romanas do Território Português

T. Soeiro refere o aparecimento de uma necrópole, da Bibliografia – Soeiro 1984, 54-55; Alarcão 1988b, 28
qual foram retirados recipientes cerâmicos. (1/477); Pinto 1996, 306 (n.º 07).
Actualmente, encontra-se uma tigela no Museu de
Penafiel. Não se conhece a forma das sepulturas, o N.º 485
ritual funerário nem a cronologia de utilização da Distrito – Porto
necrópole. Concelho – Penafiel
Bibliografia – Soeiro 1984, 100; Alarcão 1988b, 26 Freguesia – Santa Marta
(1/463); Pinto 1996, 310 (n.º 12). Lugar – Estrada
Esta necrópole fica situada numa área a nordeste do
N.º 481 castro de Santa Marta. As sepulturas eram
Distrito – Porto constituídas por caixas grandes, contendo vasos
Concelho – Penafiel cerâmicos e moedas. O material retirado destas
Freguesia – Paredes sepulturas é constituído por cerâmica comum,
Lugar – Giesta ou Tapada de Barreiros sigillata clara D, moedas de Cláudio II, Galieno e de
Esta necrópole de incineração, conhecida desde o Constantino I. Também foram retiradas tachas em
início do século XX, forneceu mobiliário funerário ferro. Estas sepulturas de inumação são tardias.
constituído por cerâmica comum. Os últimos Bibliografia – Soeiro 1984, 85-86; Pinto 1996, 308
vestígios encontrados eram constituídos por (n.º 12).
enterramentos sem qualquer material estruturador,
contendo recipientes cerâmicos e alguns carvões. T. N.º 486
Soeiro estudou a cerâmica e considera que esta não Distrito – Porto
pode ser do século I d.C nem poderá ser tardia. Concelho – Penafiel
Bibliografia – Soeiro 1984, 64; Alarcão 1988b, 27 Freguesia – Santiago de Subarrifana
(1/471); Pinto 1996, 307 (n.º 09). Lugar – Outeiro
Os vestígios arqueológicos foram descobertos em
N.º 482 1965. O espólio é composto por cerâmica comum e
Distrito – Porto por uma moeda em bronze de Constantino I, datada
Concelho – Penafiel de fins de 312-313 d.C.
Freguesia – Pinheiro Os trabalhos realizados após a descoberta dos
Lugar – Outeiro de Dino vestígios detectaram uma sepultura de inumação com
Junto de um castro romanizado apareceu uma formato rectangular, medindo 1,94 m X 0,76 m.
necrópole de incineração. Esta está situada no espaço Estava orientado no sentido Nascente-Poente e as
imediatamente a seguir à última muralha. Os paredes eram constituídas por pedra miuda.
enterramentos deviam ser covas abertas no solo onde Foram atribuídos a este enterramento seis recipientes
foram colocados os recipientes cerâmicos. Estes eram cerâmicos.
constituídos por cerâmica comum, cuja cronologia Bibliografia – Soeiro 1987.
não foi determinada por T. Soeiro.
Bibliografia – Soeiro 1984, 60 e 64; Alarcão 1988b, N.º 487
27-28 (1/472); Pinto 1996, 311 (n.º 21). Distrito – Porto
Concelho – Penafiel
N.º 483 Freguesia – São Martinho de Recezinhos
Distrito – Porto Lugar – Quinta do Castro
Concelho – Penafiel T. Soeiro menciona o aparecimento, na primeira
Freguesia – Rans metade do século XX, de uma necrópole de
Lugar – Pedreira incineração. As sepulturas seriam covas abertas no
T. Soeiro menciona, de forma vaga, a possível solo sem qualquer material estruturador ou de
existência de uma necrópole neste local, de onde teria protecção, onde eram depositados os recipientes
saído um prato. cerâmicos. Aquela investigadora estudou quatro
Bibliografia – Soeiro 1984, 96; Alarcão 1988b, 26 recipientes, depositados no Museu de Penafiel, aos
(1/459); Pinto 1996, 309 (n.º 14). quais atribuiu uma datação em torno dos finais do
século I ou do II d.C.
N.º 484 Bibliografia – Soeiro 1984, 44-46; Pinto 1996, 305
Distrito – Porto (n.º 05).
Concelho – Penafiel
Freguesia – Rio de Moinhos N.º 488
Lugar – Codes Distrito – Porto
Neste local apareceu uma necrópole de inumação. Os Concelho – Penafiel
vestígios foram destruídos sem qualquer observação Freguesia – São Vicente do Pinheiro
especializada, pelo que não é possível determinar a Lugar – Termas de São Vicente
forma das sepulturas. Destas foram retirados A cerca de 100 metros das termas romanas foi
recipientes de vidro e pequenos bronzes do século IV. encontrada uma necrópole. Não se conhece o ritual
funerário utilizado, o formato das sepulturas ou a
160
Necrópoles Romanas do Território Português

cronologia da sua utilização. Das sepulturas teriam que permitem a inserção cronológica no período
sido retirados recipientes cerâmicos e lucernas, romano.
entretanto perdidos. Bibliografia – Sarmento 1999, 414.
Bibliografia – Soeiro 1984, 75; Alarcão 1988b, 28
(1/473); Pinto 1996, 307 (n.º 10). N.º 493
Distrito – Porto
N.º 489 Concelho – Santo Tirso
Distrito – Porto Freguesia – Sequeiró
Concelho – Penafiel Lugar – Portinhos
Freguesia – Valpedre Nos seus apontamentos sobre as viagens de
Lugar – Mesão Frio prospecção, Martins Sarmento refere o aparecimento
Numa pequena nota do seu trabalho, T. Soeiro (1984) de uma sepultura no lugar de Portinhos. A sepultura
menciona um informação vaga sobre o aparecimento de inumação tinha uma caixa de tijolo e estava
de uma necrópole, destruída quando se procedia à coberta com duas lajes de xisto. Não faz referência a
abertura de um caminho. qualquer oferenda funerária. Nas redondezas era
Bibliografia – Soeiro 1984, 103. possível encontrar outros vestígios romanos. Para
Martins Sarmento este enterramento deverá ser
N.º 490 atribuído ao período medieval.
Distrito – Porto Bibliografia – Sarmento 1999, 353.
Concelho – Porto
Freguesia – Sé N.º 494
Lugar – Largo do Colégio, 9-12 Distrito – Porto
Em escavações recentes realizadas num edificío Concelho – Trofa
situado neste Largo, apareceu uma sepultura de Freguesia – Muro
inumação coberta com tegulae, com a forma de um Lugar – São Cristóvão do Muro
telhado de duas vertentes. A cobertura era fechada Neste local apareceu, no início do século XX, uma
com imbrices. No interior encontraram os vestígios necrópole de incineração. Esta descoberta apenas foi
ósseos de um indivíduo do sexo feminino. Em volta assinalada pelo registo da aquisição, pelo Museu de
da sepultura existia um pequeno muro que, segundo Etnologia, de oferendas funerárias, constituídas por
J. Varela e J. Cleto, servia para assinalar o local de cerâmica, provenientes deste local.
enterramento e proteger a sepultura. Bibliografia – O Archeologo Português, 10, 1905,
Os investigadores responsáveis pela escavação 381; Alarcão 1988b, 19 (1/352)
consideram-na de cronologia romana., do período
tardio. Apontam uma cronologia entre o início do N.º 495
século IV e meados do século V. Distrito – Porto
Bibliografia – Varela – Cleto 2001, 11-12 e 35-36. Concelho – Trofa
Freguesia – Santiago de Bougado
N.º 491 Lugar – Bairros
Distrito – Porto Neste local apareceu uma sepultura com duas peças
Concelho – Póvoa de Varzim de ouro. Não se conhecem outras informações sobre
Freguesia – Beiriz esta necrópole.
Lugar – Alto da Vinha Bibliografia – Almeida CAF 1969, 44; Alarcão
J. M. Gomes menciona a descoberta de um cipo, uma 1988b, 19 (1/345).
ara epigrafada e cinco sepulturas estruturadas com
tijolo. Estes vestígios permitem situar, neste local, N.º 496
uma necrópole romana com rito e cronologia Distrito – Porto
desconhecidas. Concelho – Trofa
Bibliografia – Gomes 1996, 61-62. Freguesia – Santiago de Bougado
Lugar – Rorigo Velho
N.º 492 Em 1939 foi descoberta uma necrópole que, segundo
Distrito – Porto o autor da publicação, se encontrava a curta distância
Concelho – Santo Tirso da via romana e associada a outros vestígios
Freguesia – Negrelos (São Mamede) arqueológicos, nomeadamente mós manuais, tegulae
Lugar – Portelas e algumas moedas (Cruz 1940, 211-212).
Nos seus apontamentos sobre as viagens de Foram encontradas oito sepulturas de incineração.
prospecção, Martins Sarmento refere o aparecimento Algumas sepulturas foram destruídas pelos trabalhos
de sepulturas no lugar das Portelas, junto da casa da de arroteamento (Cruz 1940, 212). Pela descrição
Laje. A destruição das sepulturas não foi presenciada feita na época estamos perante sepulturas cavadas no
pelo arqueólogo que recebeu a informação por solo que revelaram no seu interior mobiliário
intermédio de um morador e proprietário que funerário que «assentava em escórias de fogo» (Cruz
descobriu a referida necrópole, quando arroteava o 1940, 212). Este era constituído por cerâmica comum
terreno. Também apareceram recipientes cerâmicos, e terra sigillata com diversas formas, fragmentos de
161
Necrópoles Romanas do Território Português

vasos de vidros, fragmentos de brincos de prata, uma Concelho – Vila do Conde


bracelete de vidro negro e cinco moedas (Cruz 1940, Freguesia – Guilhabreu
214). Três delas eram do século III d.C. Estes Lugar – Paiço
elementos permitiram o estabelecimento de uma Junto de vestígios de uma villa romana foi descoberto
cronologia em torno do século III. um monumento funerário que deveria ser um
Bibliografia – Cruz 1940; Alarcão 1988b, 19 (1/346). columbarium. As descrições populares referem um
edifício com planta oval, abobadado, com três nichos
N.º 497 de cada lado e recipientes cerâmicos com cinzas.
Distrito – Porto Bibliografia – Almeida, CAF 1969, 35; Alarcão
Concelho – Valongo 1988b, 19.
Freguesia – Campo
Lugar – Corredoura N.º 501
Durante a década de 50 apareceram várias sepulturas Distrito – Porto
neste local. Sobreviveu até hoje algum mobiliário Concelho – Vila do Conde
funerário que foi estudado por J. M. Pinto (1990-91). Freguesia – Mosteiró
Os achados pertenciam a duas sepulturas de Lugar – Arões
incineração. Uma estava cavada no solo e estruturada C. A. F. Almeida faz uma referência ao
com xisto, apresentando um formato quadrangular. aparecimento, neste local, de uma necrópole romana
Continha três recipientes cerâmicos com restos de Bibliografia – Almeida, CAF 1969, 44; Alarcão
carvão e cinzas dentro. 1988b, 19 (1/342).
A outra era uma cova aberta no solo sem elementos
estruturadores, com cerâmica no seu interior. N.º 502
Associado ao prato e às duas bilhas apareceu um Distrito – Porto
conjunto de cinco moedas datadas de 260 a 273 d.C. Concelho – Vila do Conde
Próximo deste local encontram-se vestígios de Freguesia – Touguinhó
tegulae, fragmentos de cerâmica comum e mós que Lugar – Touguinhó
poderão estar ligadas a um povoado da época Neste local apareceu uma necrópole sobre a qual não
romana. Pelos achados funerários, o autor coloca existem muitas informações.
estes enterramentos no último quartel do século III Bibliografia – Alarcão 1988b, 16 (1/286).
d.C. (Pinto, J. M. 1990-91, 153).
Bibliografia – Pinto, J. M. 1990-91. N.º 503
Distrito – Porto
N.º 498 Concelho – Vila do Conde
Distrito – Porto Freguesia – Vila do Conde
Concelho – Vila do Conde Lugar – Caxinas
Freguesia – Bagunte Esta necrópole foi descoberta em 1953-1954. Nunca
Lugar – Vila Verde foi alvo de escavações arqueológicas, facto que limita
Esta necrópole de inumação foi descoberta no início as informações retiradas da mesma. O mobiliário
do século XX. R. Severo não detectou as sepulturas. funerário foi publicado por Carlos A. F. de Almeida.
Para este autor tratava-se de uma necrópole de Aparentemente vasta mas não se conhece o número
inumação, constituída por sepulturas abertas no solo, de sepulturas que apareceram. No momento da
sem qualquer elemento de revestimento e cobertura. descoberta apareceram tegulae e lateres,
Das sepulturas foram retirados vários recipientes de provavelmente pertencentes à estrutura das
cerâmica comum, uma argola de bronze, alguns sepulturas. O mobiliário funerário era constituído
fragmentos de pregos e dezasseis moedas romanas essencialmente por cerâmica comum romana mas
dos séculos III e IV d.C. também apareceram lucernas, fragmentos de vidro,
Bibliografia – Severo 1908c, 426-431; Alarcão de sigillata hispânica e de sigillata clara C. O
1988b, 18 (1/337). investigador acima referido estabeleceu uma
cronologia para este material que vai do final do
N.º 499 século II até ao século IV d.C. Não se conhecem as
Distrito – Porto práticas funerárias utilizadas nesta necrópole.
Concelho – Vila do Conde Bibliografia – Almeida, C.A.F. 1973-74; Alarcão
Freguesia – Guilhabreu 1988b, 18 (1/338).
Lugar – Vila Boa
Neste local apareceu uma necrópole de incineração e N.º 504
duas aras anepígrafas. Os recipientes cerâmicos Distrito – Porto
foram oferecidos, em 1905, ao Museu de Etnologia. Concelho – Vila Nova de Gaia
Bibliografia – Almeida, CAF 1969, 23-24; Alarcão Freguesia – Gulpilhares
1988b, 19 (1/340). Lugar – Alto da Vela / Coteiro da Vela
Esta necrópole foi alvo de uma publicação detalhada
N.º 500 e criteriosa do material. Nesta curta abordagem
Distrito – Porto seguimos a publicação de M. J. Lobato (1995). A
162
Necrópoles Romanas do Território Português

necrópole foi descoberta em 1908, tendo a primeira


escavação decorrido nesse mesmo ano sob direcção
Santarém
de José Fortes.
José Fortes retirou 181 recipientes cerâmicos N.º 508
utilizados como material funerário provenientes de 98 Distrito – Santarém
sepulturas. É uma necrópole de inumação e a seu Concelho – Abrantes
período de utilização foi estabelecido entre os finais Freguesia – Abrantes (São João)
do século IV / princípios do século V (Fortes 1909). Lugar – Casal do Lopo
No entanto, M. J. Lobato (1995, 31) refere que nesta J. Alarcão faz uma referência ao aparecimento de
vasta necrópole existiam vestígios de enterramentos sepulturas neste lugar.
atribuíveis à Idade do Bronze. Bibliografia – Alarcão 1988b, 114 (5/62).
Em 1979-1980, esta necrópole sofreu outra
intervenção de emergência sob a direcção de N.º 509
Armando C. F. Silva (Lobato 1995, 33). Nesta nova Distrito – Santarém
campanha foram postas a descoberta duas novas Concelho – Abrantes
sepulturas (Lobato 1995, 33). Em trabalhos de Freguesia – Mouriscas
terraplanagem posteriores apareceu outra sepultura. Lugar – Aldeias
Abreviando esta descrição, podemos dizer que esta Leite de Vasconcellos noticiou a descoberta de
necrópole tem uma cronologia tardia e apresenta sepulturas romanas com caixas de tijolos e cobertas
apenas sepulturas de inumação. A necrópole romana com tampas de pedra. Adianta ainda o aparecimento
é constituída por 95 sepulturas, que continham de duas lápides funerárias. Não se conhece a
mobiliário funerário constituído essencialmente por cronologia desta necrópole nem o ritual funerário
cerâmica comum romana. utilizado.
Bibliografia – Fortes 1909; Alarcão 1988b, 90 (3/6); Bibliografia – Vasconcellos 1918c, 369; Encarnação
Lobato 1995. – Silva 1982, 28-31; Alarcão 1988b, 145 (6/22).
N.º 505 N.º 510
Distrito – Porto Distrito – Santarém
Concelho – Vila Nova de Gaia Concelho – Abrantes
Freguesia – Pedroso Freguesia – Rio de Moinhos
Lugar – Monte Murado / Senhora da Saúde Lugar – Pedreiras
Junto deste povoado foi encontrada uma sepultura Junto a um habitat da época romana apareceu uma
estruturada com tegulae que continha dois recipientes área funerária constituída por nove sepulturas datadas
cerâmicos e moedas. do período tardo-romano e visigótico. A sepultura
Bibliografia – Fortes 1908, 18; Gonçalves 1984, 79- tardo-romana utilizava o rito funerário da inumação.
81; Alarcão 1988b, 90 (3/9); Silva, A. 1994, 100 (n.º Esta sepultura, orientada no sentido Nascente-Poente,
26). estava coberta com um telhado de duas águas de
tegulae e imbrices. No seu interior o indivíduo foi
N.º 506 sepultado num caixão de madeira e junto da sua
Distrito – Porto cabeça encontrava-se depositada uma pequena taça.
Concelho – Vila Nova de Gaia Apareceram também cinco moedas do século III d.C.
Freguesia – Perosinho Bibliografia – Ferreira 1987; Ferreira 1992.
Lugar – Monte Murado / Senhora da Saúde
Apareceram sepulturas de cronologia duvidosa, cujas N.º 511
paredes eram constituídas por tijolos. No seu interior Distrito – Santarém
encontravam-se ossos humanos. Concelho – Abrantes
Bibliografia – Silva, A. 1994, 101 (n.º 27). Freguesia – São Miguel de Rio Torto
Lugar – Casal do Moinho do Meio
N.º 507 Junto do cemitério paroquial apareceu, em 1979, um
Distrito – Porto conjunto de três sepulturas com uma forma
Concelho – Vila Nova de Gaia trapezoidal e orientadas no sentido OSO – ENE.
Freguesia – Valadares Todas as sepulturas eram de inumação e estavam
Lugar – Sameiro estruturadas com placas de ardósia, granito e pedaços
Esta necrópole de incineração foi destruída pela de tijolos numa delas. Não apresentavam mobiliário
construção da via férrea e pelas obras de urbanização funerário. Devido a estes factores torna-se difícil
do local. Esta necrópole forneceu diversas oferendas propôr uma cronologia para estes enterramentos que
funerárias: recipientes de cerâmica, lucerna, um vaso tanto poderão ser tardo-romanos como alto
de vidro e uma moeda. Esta necrópole terá sido medievais, embora os indícios se inclinem para
utilizada no período alto imperial. enterramentos já de período medieval.
Bibliografia – Silva, A. 1994, 101-102 (n.º 29). Bibliografia – Silva – Ponte 1981; Alarcão 1988b,
114 (5/65).
163
Necrópoles Romanas do Território Português

Lugar – Montinho do Brito


N.º 512 Uma necrópole romana foi destruída por trabalhos
Distrito – Santarém agrícolas.
Concelho – Almeirim Bibliografia – Ribeiro 1975, 171-184; Alarcão 1988b,
Freguesia – Benfica do Ribatejo 119 (5/175).
Lugar – Azeitada
Neste local apareceu uma necrópole com sepulturas N.º 516
de incineração e inumação. Uma das sepulturas de Distrito – Santarém
incineração tinha sido violada. Não são avançadas Concelho – Mação
mais informações sobre os referidos enterramentos. Freguesia – Amêndoa
Bibliografia – Informação Arqueológica, 4, 1981, 34; Lugar – Coutada
Alarcão 1988b, 117 (5/112); Quinteira 1998, 153- M. A. Horta Pereira faz uma referência ao
154. aparecimento, em 1943, de três sepulturas tapadas
contendo recipientes cerâmicos, vidro, ânfora e potes.
N.º 513 Podemos estar perante sepulturas da época romana.
Distrito – Santarém Bibliografia – Pereira 1970, 321-322.
Concelho – Benavente
Freguesia – Benavente N.º 517
Lugar – Courela das Caveiras Distrito – Santarém
Necrópole que se estende por uma área de razoável Concelho – Mação
dimensão, onde foram aparecendo vários vestígios da Freguesia – Carvoeiro
época romana. O proprietário encontrou duas Lugar – Senhora da Moita
sepulturas com ossos e no local é possível recolher M. A. Horta Pereira menciona uma informação oral
fragmentos de «urna de incineração, terra sigillata, que refere o aparecimento de várias sepulturas
sigillata clara, asa de lucena» (Amaro 1982, 132). romanas. Estas eram constituídas por lajes, o fundo
Este autor considera que se está perante uma forrado de tijolos. No interior foram encontrados
necrópole onde foram utilizadas as práticas funerárias recipientes cerâmicos.
da incineração e da inumação e a sua cronologia irá Bibliografia – Pereira 1970, 339; Alarcão 1988b, 145
do século I ao III / IV d.C. (6/9).
Bibliografia – Amaro 1982; Alarcão 1988b, 119
(5/169). N.º 518
Distrito – Santarém
N.º 514 Concelho – Mação
Distrito – Santarém Freguesia – Envendos
Concelho – Constância Lugar – Cabeça da Catraia
Freguesia – Santa Margarida da Coutada M. A. Horta Pereira menciona uma informação oral
Lugar – Herdade do Carvalhal que refere o aparecimento de duas sepulturas iguais
Esta necrópole era constituída por enterramentos que às referidas no número anterior. Também não tinham
utilizaram o ritual da incineração. Os primeiros espólio e estão inventariadas como vestígios da época
vestígios apareceram em Fevereiro de 1965. Adília e romana.
Jorge Alarcão (1966b) publicaram o rico espólio Bibliografia – Pereira 1970, 328.
funerário descoberto no interior da sepultura,
constituído por sete recipientes de vidro, um N.º 519
fragmento de taça do mesmo material e três Distrito – Santarém
recipientes de cerâmica. Esta sepultura foi construída Concelho – Mação
com tijolos e coberta com lajes calcáreas (Alarcão – Freguesia – Envendos
Alarcão 1966b, 5). Lugar – Ribeira da Senhora
Mais tarde, em 1985, foi efectuada uma escavação M. A. Horta Pereira menciona uma informação oral
que pôs a descoberto outros enterramentos que que refere o aparecimento de uma sepultura com
também utilizam a incineração. De acordo, com L. F. lajes, estruturada com tijolos e pedra de cantaria. Não
Dias, a cremação foi efectuada num Ustrinum e tinha oferendas funerárias. Aquela investigadora
posteriormente as cinzas foram depositadas nas inseriu-a nos vestígios da época romana.
sepulturas (1987, 62). Pela análise do espólio Bibliografia – Pereira 1970, 328.
funerário, esta autora avança com uma cronologia
compreendida entre os séculos I e III d.C. N.º 520
Bibliografia – Alarcão – Alarcão 1966b; Dias 1987; Distrito – Santarém
Alarcão 1988b, 114 (5/63). Concelho – Mação
Freguesia – Ortiga
N.º 515 Lugar – Vale do Junco
Distrito – Santarém Junto de uma villa romana apareceu uma necrópole.
Concelho – Coruche Esta era constituída por sete sepulturas que
Freguesia – Coruche apresentavam as paredes revestidas de pedras e
164
Necrópoles Romanas do Território Português

tijolos. A cobertura era constituída por lousa e Freguesia – Vale de Figueira


tegulae. M. Horta Pereira menciona a exploração de Lugar – Quinta do Cirne
uma destas sepulturas que continha ossos de um F. Machado refere o aparecimento de «fragmentos de
adulto. Foram encontrados fragmentos de cerâmica e cerâmica de vasilhame como de telhas e ossos
de recipientes de vidro. Os materiais recolhidos na partidos». Embora esta descrição não seja muito
estação são dos séculos III e IV d.C. esclarecedora, poderia tratar-se de sepulturas de
Bibliografia – Pereira 1970, 353-357; Alarcão 1988b, inumação da época romana, relacionadas com uma
145-146 (6/30). villa situada neste local.
Bibliografia – Machado 1934-1936.
N.º 521
Distrito – Santarém N.º 526
Concelho – Mação Distrito – Santarém
Freguesia – Penhascoso Concelho – Tomar
Lugar – São Marcos do Rosmaninhal Freguesia – Santa Maria dos Olivais
Maria Amélia Pereira cita uma informação oral sobre Lugar – Rua de Santa Iria / Estrada
a descoberta de uma necrópole e moedas romanas em Neste local apareceram enterramentos de vários
frente de uma capela arruinada. períodos históricos. Este espaço funerário foi
Bibliografia – Pereira 1970, 332; Alarcão 1988b, 145 utilizado desde o período tardo-romano (século V
(6/28). d.C.). Desta época apareceram algumas moedas. O
espaço funerário continuou a ser utilizado até à Baixa
N.º 522 Idade Média.
Distrito – Santarém Bibliografia – Ponte 1995, 303.
Concelho – Santarém
Freguesia – Marvila N.º 527
Lugar – Ónias Distrito – Santarém
Neste local apareceram várias sepulturas de Concelho – Tomar
inumação. M. Saa também refere o aparecimento de Freguesia – Serra
recipientes parecidos com urnas. Também existirão Lugar – Igreja Paroquial
incinerações nesta necrópole? A presença de urnas Junto do adro da Igreja apareceram ossadas humanas
poderá indicar a presença de incinerações mas não e dois sestércios do século IV. Deve corresponder a
podemos colocar de parte a hipótese de se tratar de um espaço funerário tardo-romano. Este espaço
uma designação incorrecta. funerário foi posteriormente utilizado no período
Bibliografia – Saa 1959, 86-87; Alarcão 1988b, 116 medieval.
(5/99). Bibliografia – Ponte 1995, 300.

N.º 523 N.º 528


Distrito – Santarém Distrito – Santarém
Concelho – Santarém Concelho – Vila Nova de Ourém
Freguesia – Pombalinho Freguesia – Formigais
Lugar – Pombalinho Lugar – Porto Velho
Neste local apareceu, no final do século XIX ou J. Alarcão cita informações que referem a presença,
princípio do século XX, uma sepultura de incineração neste local, de sepulturas e outros materiais romanos.
do século II d.C. Jorge Alarcão estudou o mobiliário Bibliografia – Alarcão 1988b, 104 (2/237).
funerário proveniente desta sepultura. O mobiliário
votivo era constituído por cerâmica e sete recipientes N.º 529
de vidro. Distrito – Santarém
Bibliografia – Alarcão 1969; Alarcão 1988b, 115 Concelho – Vila Nova de Ourém
(5/79). Freguesia – Freixianda
Lugar – Cumeada
N.º 524 J. Alarcão menciona, no Roman Portugal, a
Distrito – Santarém descoberta de sepulturas de duvidosa cronologia
Concelho – Santarém romana.
Freguesia – Romeira Bibliografia – Alarcão 1988b, 102 (3/211).
Lugar – Romeira de Baixo
M. Saa faz uma referência muito vaga ao N.º 530
aparecimento de sepulturas da época romana. Distrito – Santarém
Bibliografia – Saa 1959, 54; 1960, 37; Alarcão Concelho – Vila Nova de Ourém
1988b, 115 (5/78). Freguesia – Rio de Couros
Lugar – Rio de Couros
N.º 525 J. Alarcão situa neste local sepulturas romanas e
Distrito – Santarém outros materiais da mesma época.
Concelho – Santarém Bibliografia – Alarcão 1988b, 103 (3/232).
165
Necrópoles Romanas do Território Português

volta do início da nossa era. Não possuímos outras


informações sobre esta necrópole.
Bibliografia – Faria 1998, 27.
Setúbal
N.º 535
N.º 531 Distrito – Setúbal
Distrito – Setúbal Concelho – Alcácer do Sal
Concelho – Alcácer do Sal Freguesia – Alcácer do Sal (Santiago)
Freguesia – Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo) Lugar – Bairro do Crespo
Lugar – Azinhaga do Senhor dos Mártires Necrópole de inumação onde foram escavadas duas
Os primeiros vestígios desta necrópole foram sepulturas que datarão do final do século III d.C.
descobertos em 1876. Em 1977, trabalhos de Existiam outras sepulturas que foram destruídas.
construção civil levam à descoberta e posterior Estava situada junto da via romana que ligava a
destruição de várias sepulturas de incineração. Foi cidade de Salacia a Pax Iulia.
escavada em 1982 e 1984. Estes trabalhos permitiram Bibliografia – Alarcão 1988, 133 (5/358); Faria 1998,
o surgimento de várias dezenas de enterramentos de 27.
incineração. Cavaleiro Paixão estabeleceu uma
cronologia alto-imperial para estes enterramentos: N.º 536
séculos I e II d.C. (Faria 1998, 28). Distrito – Setúbal
Bibliografia – Alarcão 1988b, 133 (5/357); Faria Concelho – Alcácer do Sal
1998, 27-28. Freguesia – Alcácer do Sal (Santiago)
Lugar – Herdade da Barrosinha
N.º 532 J. Alarcão faz uma referência a uma necrópole de
Distrito – Setúbal inumação no Roman Portugal. J. C. Faria apresenta,
Concelho – Alcácer do Sal na sua dissertação de mestrado, uma referência muito
Freguesia – Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo) vaga sobre uma necrópole situada junto desta villa da
Lugar – Herdade do Pinheiro época romana.
Num local a nordeste de fornos cerâmicos romanos, Deste local vieram também objectos provenientes de
apareceu uma necrópole da mesma época. uma sepultura de incineração. Foram estudados por
Bibliografia – Zbiszewski et al. 1976, 57; Alarcão Élvio Sousa e Eurico Sepúlveda. A colecção era
1988b, 131 (5/336). composta por cinco peças de cerâmica, quatro peças
de metal e um recipiente de vidro. O material foi
N.º 533 atribuído ao século III d.C.
Distrito – Setúbal Bibliografia – Alarcão 1988b, 133 (5/369); Sousa –
Concelho – Alcácer do Sal Sepúlveda 1997; Faria 1998, 33 e 79.
Freguesia – Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo)
Lugar – Olival do Senhor dos Mártires N.º 537
Necrópole de incineração identificada na segunda Distrito – Setúbal
metade do século XIX e alvo de escavações por parte Concelho – Alcácer do Sal
de Vergílio Correia e, mais recentemente, por Freguesia – Alcácer do Sal (Santiago)
Cavaleiro Paixão. Esta necrópole foi utilizada no Lugar – Herdade de São Brás
período da Idade do Ferro mas continuou em Esta necrópole foi referida pela primeira vez por
utilização no período romano (Alto Império). Leite de Vasconcellos. As sepulturas eram de tijolo,
Constitui com a necrópole da Azinhaga do Senhor quadrangulares e de dimensões reduzidas. Aquele
dos Mártires um vasto espaço sepulcral, utilizada autor considera que não caberiam os cadáveres
durante um longo período de tempo. estendidos. No interior das sepulturas foram
Bibliografia – Alarcão 1988b, 133; Faria 1998, 12- encontrados fragmentos de ossos e moedas romanas.
13. As informações disponíveis não permitem definir a
cronologia das sepulturas nem o ritual. A dimensão
N.º 534 das sepulturas poderá indicar enterramentos de
Distrito – Setúbal incineração.
Concelho – Alcácer do Sal Bibliografia – Vasconcellos 1898a, 113; Alarcão
Freguesia – Alcácer do Sal (Santa Maria do Castelo) 1988b, 132 (5/355).
Lugar – São Francisco
Esta necrópole de incineração foi descoberta em N.º 538
1989. Da escavação empreendida resultou a Distrito – Setúbal
descoberta de diverso material funerário, entre o qual Concelho – Alcácer do Sal
se encontravam cinco urnas cinerárias, alguns Freguesia – Alcácer do Sal (Santiago)
unguentários de vidro e cerâmica importada. Estes Lugar – Santa Catarina de Sítimos
vestígios permitem estabelecer uma cronologia em É a necrópole de uma villa romana localizada nesta
freguesia. Nesta área foi encontrada uma sepultura
rectangular com as paredes constituídas por lajes de
166
Necrópoles Romanas do Território Português

calcário. O interior tinha cinzas que indicam que este Em 1976, apareceu uma sepultura aberta na rocha de
enterramento continha os elementos provenientes de base, coberta por tegulae ligadas por argamassa.
uma incineração. No mesmo local foi encontrada uma Junto deste existe outro enterramento coberto por
estela funerária. Perto deste local foi também tegulae disposta em telhado de duas águas. A
encontrada uma cupa em mármore. primeira sepultura apresentava material funerário que
Bibliografia – Alarcão 1988b, 132 (5/348); Faria sugerem uma cronologia dos séculos IV / V d.C. A
1998, 35. proximidade destes vestígios dos referidos na ficha
anterior poderá ser o indício da existência de uma
N.º 539 necrópole mais vasta associada a um povoado
Distrito – Setúbal desconhecido.
Concelho – Alcácer do Sal Bibliografia – Santos et alii 1996, 231.
Freguesia – Torrão
Lugar – Penedo Minhoto N.º 542
Foram descobertas, em 1986, duas sepulturas de Distrito – Setúbal
inumação que continham três peças de cerâmica Concelho – Almada
comum romana, nomeadamente, dois púcaros e um Freguesia – Caparica
pratel. Foram destruídas no momento da descoberta. Lugar – Quinta da Torre
As sepulturas estavam revestidas por tegulae e Neste local foram observadas sepulturas de inumação
lateres colocados de cutelo, não possuindo cobertura com caixa e cobertura em tijoleira. Não foi
nem fundo. No seu interior estavam algumas ossadas recuperado mobiliário funerário. Os vestígios foram
humanas. Os autores do estudo material (Faria – destruídos por obras de construção civil.
Ferreira 1988) não avançam com qualquer cronologia Bibliografia – Santos et alii 1996, 230-231.
devido ao escasso mobiliário funerário encontrado
(Faria – Ferreira 1988, 35). N.º 543
Bibliografia – Faria – Ferreira 1988, 29-35; Faria Distrito – Setúbal
1998, 38. Concelho – Grândola
Freguesia – Carvalhal
N.º 540 Lugar – Tróia
Distrito – Setúbal As primeiras referências a vestígios funerários nesta
Concelho – Alcochete estação remontam aos séculos XVIII e XIX. No
Freguesia – Alcochete entanto, apesar dos diversos trabalhos de escavação aí
Lugar – Porto dos Cacos levados a cabo, nunca foi objecto de publicação
Necrópole constituída por 37 enterramentos, dos sistemática. Neste local apareceram vestígios de
quais foram escavados 24 (Sabrosa 1996, 283). A sepulturas de incineração e inumação. Apareceram
escavação decorreu a partir de 1985 e pôs a enterramentos em ânfora. Leite de Vasconcellos
descoberto a necrópole do complexo oficinal de descreveu uma sepultura de incineração pequena com
olaria situado no mesmo local. Os enterramentos uma caixa em tijolos. Sobre esta estava colocada uma
escavados indicam a utilização deste espaço sepulcral lápide funerária. Foi descoberto ainda um
entre o século III e o início do V (Sabrosa 1996, 287). columbarium e sepulturas tardias tipo mensa.
Todos os enterramentos utilizam o ritual da Algumas das cetárias foram utilizados, após o seu
inumação. As sepulturas não têm uma orientação abandono, como sepulturas de inumação. As ânforas
uniforme: a maior parte apresenta uma orientação também foram utilizadas com a mesma finalidade.
«Norte – Sul , com a cabeceira a Sul e o espólio Nos anos 60 do século passado foi descoberto um
funerário geralmente depositado no extremo oposto» fragmento de tampa de sarcófago, com cenas de caça,
(Sabrosa 1986, 287) e um grupo de três sepulturas viagem e banquete. M. J. Maciel considera-o
têm uma orientação Este-Oeste. proveniente da zona de Roma. Segundo este autor
A maior parte das sepulturas utiliza tegulae e datará do século IV.
tijoleiras para estuturar o espaço do enterramento, Os vestígios funerários encontrados neste local
sendo cobertas por telhados de duas águas. Destaca- cobrem todo o período imperial.
se uma sepultura que apresenta uma construção mais Bibliografia – Vasconcellos 1913, 370-371; Almeida
cuidada com paredes de tijoleira ou pedras, coberta – Paixão 1978; Baltasar 1982, 22; Alarcão 1988b,
com tijoleira disposta em falsa cúpula. A. Sabrosa 130 (5/320); Maciel 1996, 160-164 e 193-256.
pensa que esta sepultura terá apresentado uma
cobertura constituída por uma camada de opus N.º 544
signinum (Sabrosa 1996, 286-287). Distrito – Setúbal
Bibliografia – Sabrosa 1996. Concelho – Grândola
Freguesia – Grândola
N.º 541 Lugar – Lugar desconhecido
Distrito – Setúbal Abel Viana refere o aparecimento, em 1953, numa
Concelho – Almada herdade próxima de Grândola, de uma sepultura
Freguesia – Caparica romana, contendo objectos em ouro. Adianta ainda
Lugar – Quinta do Outeiro que foram levados para o então Museu de Etnologia.
167
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Viana 1955, 547-548. sepulturas de ritual desconhecido. O espólio funerário


descoberto é abundante e incluiria recipientes
N.º 545 cerâmicos, vidros, objectos de metal e moedas
Distrito – Setúbal romanas.
Concelho – Palmela Bibliografia – Vasconcellos 1895, 338-339.
Freguesia – Marateca
Lugar – Herdade do Zambujal N.º 549
Este local apresenta muitos vestígios de superfície Distrito – Setúbal
enquadráveis na época romana. I. Fernandes e A. Concelho – Santiago de Cacém
Carvalho (1996) procederam a trabalhos de Freguesia – Santa Cruz
investigação no local e efectuaram uma intervenção Lugar – Herdade do Parral
numa área onde estava situada uma necrópole da Em local rico em vestígios da época romana,
época romana. Esta área já tinha sido alvo de apareceram sepulturas de inumação. Não se
violação que pôs a descoberto várias sepulturas. Os conhecem outras informações sobre estas sepulturas.
autores referem a existência de uma sepultura violada Bibliografia – Vasconcellos 1914, 316-317; Alarcão
estruturada com tijoleira (1996, 75). No mesmo local 1988b, 172 (7/12).
apareceram vestígios de uma possível sepultura de
incineração e fragmentos de terra sigillata. De N.º 550
realçar, o aparecimento neste local de tijolos Distrito – Setúbal
paralelipédicos que poderão pertencer aos Concelho – Santiago do Cacém
enterramentos da necrópole. Os fragmentos de Terra Freguesia – Santiago do Cacém
Sigillata Clara D foram atribuídos aos séculos IV – V Lugar – Formiga
d.C. (Fernandes – Carvalho 1996, 82). J. Alarcão estudou recipientes de vidro provenientes
Bibliografia – Fernandes – Carvalho 1996. de uma necrópole situada nesta localidade.
Bibliografia – Alarcão 1968b, 36; Alarcão 1988b,
N.º 546 175 (7/21).
Distrito – Setúbal
Concelho – Santiago do Cacém N.º 551
Freguesia – Alvalade Distrito – Setúbal
Lugar – Herdade da Defesa Concelho – Santiago do Cacém
Neste local foi descoberta uma necrópole de Freguesia – Santo André
inumação. Leite de Vasconcellos refere que as Lugar – Santo André
sepulturas seriam similares às da Herdade do Cortiçal Na sequência de trabalhos agrícolas, apareceu uma
(Arraiolos): sepulturas abertas no solo sem qualquer sepultura de incineração. No local onde foi
revestimento e sepulturas com caixas de pedra e descoberta esta sepultura, apareciam frequentemente
tijolos. Esta necrópole foi alvo de escavações do vestígios de ossos e cinzas dentro de urnas. A
então Museu Etnológico. Uma sepultura continha um sepultura descoberta continha uma urna cinerária,
recipiente cerâmico. dentro da qual estavam depositadas cinzas, ossos,
Bibliografia – C. L. 1913, 150 e 161; Vasconcellos uma moeda e outros objectos. Esta urna estava tapada
1913, 379; Alarcão 1988b, 175 (7/29). com um prato de terra sigillata. M. L. Ubieto estudou
o prato de terra sigillata sudgálica e uma lucerna.
N.º 547 Esta investigadora datou a incineração da segunda
Distrito – Setúbal metade do século I d.C.
Concelho – Santiago do Cacém Bibliografia – Ubieto 1956; Alarcão 1988b, 172
Freguesia – Alvalade (7/13).
Lugar – Roxo
J. L. Vasconcellos menciona informações N.º 552
provenientes de um manuscrito de Fr. Manuel do Distrito – Setúbal
Cenáculo. Nesta herdade terão aparecido três Concelho – Santiago do Cacém
lucernas romanas provenientes de uma sepultura. Não Freguesia – São Francisco da Serra
se conhece a cronologia nem a prática funerária Lugar – Monte Sardinha
utilizada nesta sepultura. Esta necrópole de incineração foi descoberta em
Bibliografia – Vasconcellos 1895, 339-340. 1974, na sequência de trabalhos agrícolas. Estes
puseram a descoberto fragmentos de cerâmica, vidro
N.º 548 e escória de ferro, carvões e cinzas que continham
Distrito – Setúbal fragmentos de osso. Neste local também foi
Concelho – Santiago do Cacém descoberto um prego. Esta necrópole é do século I
Freguesia – Cercal d.C. Não se conhece a tipologia das sepulturas.
Lugar – Herdade do Raco Bibliografia – Dias – Viegas 1976-77; Alarcão
J. L. Vasconcellos menciona informações 1988b, 172 (7/10).
provenientes de um manuscrito de Fr. Manuel do
Cenáculo. Nesta herdade terão aparecido mais de dez N.º 553
168
Necrópoles Romanas do Território Português

Distrito – Setúbal
Concelho – Seixal
Viana do Castelo
Freguesia – Arrentela
Lugar – Quinta de São João N.º 557
Neste local apareceram sepulturas cobertas com Distrito – Viana do Castelo
tijolos, debaixo dos quais se encontravam os Concelho – Arcos de Valdevez
esqueletos, com a cabeça para norte. C. Silva e M. Freguesia – Padreiro (Salvador)
Cabrita propõem uma cronologia alto imperial: Lugar – Tavarez
séculos I e II d.C. Neste local apareceu uma necrópole de inumação
Bibliografia – Silva – Cabrita 1964, 26-27. com vinte sepulturas. Algumas tinham uma forma
quase trapezoidal e eram constituídas por paredes
N.º 554 com pequenas pedras. Uma das sepulturas era feita de
Distrito – Setúbal tegulae e tinha a forma de um telhado de duas águas.
Concelho – Sesimbra Apenas foi encontrado uma pequeno recipiente
Freguesia – Castelo cerâmico. A forma das sepulturas e a falta de
Lugar – Calhariz (Vale da Palha) mobiliário funerário apontam para um momento de
Neste local apareceram cinco sepulturas de duvidosa transição para o período alto-medieval ou já dentro
cronologia romana. As sepulturas eram constituídas deste período.
por lajes de calcário. Uma das sepulturas continha um Bibliografia – Brito 1933, 83-92; Alarcão 1988b, 4
esqueleto e uma taça. Alguns dos frgmentos (1/80).
cerâmicos parecem filiar-se na cerâmica proto-
histórica. E. C Serrão refere uma informação oral N.º 558
sobre o aparecimento de um recipente de vidro em Distrito – Viana do Castelo
um dos sepulcros. Estes elementos não permitem Concelho – Arcos de Valdevez
datar com rigor estes vestígios funerários. Freguesia – Prozelo
Bibliografia – Silva – Cabrita 1964, 27; Serrão 1974. Lugar – Pelourinhos
F. Alves Pereira faz uma pequena descrição de uma
N.º 555 sepultura aberta no solo com as paredes formadas por
Distrito – Setúbal tegulae colocadas de cutelo. O pavimento não
Concelho – Setúbal apresentava revestimento e a cobertura era
Freguesia – São Lourenço constituída por fragmentos de lateres. O interior da
Lugar – Painel das Almas sepultura não apresentava qualquer oferenda
Em meados do século XIX foram encontradas funerária.
sepulturas romanas, contendo recipientes cerâmicos. Bibliografia – Pereira 1923-1924, 273-274; Alarcão
Não se conhece a estrutura das sepulturas, as práticas 1988b, 3 (1/47).
funerárias nem a sua cronologia.
Bibliografia – Rasteiro 1897, 5; Silva – Cabrita 1964, N.º 559
20; Alarcão 1988b, 127 (5/294). Distrito – Viana do Castelo
Concelho – Monção
N.º 556 Freguesia – Mazedo
Distrito – Setúbal Lugar – Cortes
Concelho – Setúbal Neste local apareceu uma necrópole de inumação,
Freguesia – Setúbal escavada por J. A. Maia Marques. Este necrópole
Lugar – São Sebastião devia ser tardia, embora não apresente elementos
Necrópole descoberta no momento da abertura do seguros que permitam a sua datação. Foram
tunel ferroviário de Palhais – Fontaínhas. No descobertas seis sepulturas de diversas tipologias.
seguimento destas obras foram descobertas várias Destacam-se as sepulturas com telhado de duas
sepulturas estruturadas com tijolos ou tegulae. A vertentes e as sepulturas rectangulares estruturadas
orientação predominante era E – O e o ritual referido com tegulae e pedras. Não foram encontradas
por Silva (1966, 573) é a inumação. Do seu interior oferendas funerárias, apenas apareceram quatro
foram retirados ossos humanos, pregos, cerâmica pregos numa sepultura, possivelmente usados num
comum romana, 3 lucernas, um recipiente de vidro caixão de madeira.
(poculum), um fragmento de unguentarium de vidro, Bibliografia – Marques 1984, 90; Alarcão 1988b, 2,
um fragmento de estilete em osso, uma colher de 1/8.
bronze, dois anéis do mesmo material e uma haste de
ferro muito dobrada. Estes materiais foram datados N.º 560
nos séculos II e IV d.C., o que mostra um grande Distrito – Viana do Castelo
período de utilização da necrópole. Concelho – Paredes de Coura
Bibliografia – Silva 1966; Alarcão 1988b, 128. Freguesia – Ferreira
Lugar – Moimenta
169
Necrópoles Romanas do Território Português

Neste local apareceram moedas (Constantino, Distrito – Viana do Castelo


Constâncio II, Constante I e Graciano), tegulae e Concelho – Ponte de Lima
tijolos. Estes vestígios indicam que estamos, Freguesia – Facha
provavelmente, perante uma necrópole do século IV. Lugar – Agras de Gondim
Bibliografia – Alarcão 1988b, 2 (1/16); Almeida Neste local foram encontradas duas sepulturas da
C.A.B. 1996, vol. VI, 31-32 (n.º 18). época romana. Do interior de cada uma delas foi
retirado um púcaro. Brochado de Almeida (1996, I,
N.º 561 143) estabeleceu uma cronologia em torno do século
Distrito – Viana do Castelo I d.C.
Concelho – Ponte de Lima Bibliografia – Alarcão 1988b, 7 (1/123); Almeida,
Freguesia – Arcozelo CAB 1996, vol. I, 143-145 (n.º 72).
Lugar – Rego do Azar
C. Brochado de Almeida refere uma notícia sobre o N.º 566
aparecimento de sepulturas neste local. No entanto, Distrito – Viana do Castelo
dada a falta de informações, não é possível Concelho – Ponte de Lima
estabelecer uma cronologia para a mesma. Freguesia – Facha
Poderemos estar a falar de sepulturas já de período Lugar – Bouça da Gateira
Alto Medieval. Necrópole descoberta em 1974 e constituída por dez
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 34-35 (n.º sepulturas de inumação. Três estavam estruturadas
9). com tegulae e imbrices, formando uma secção
triangular. Um tinha uma caixa em pedra e os
N.º 562 restantes estavam abertos no solo natural sem
Distrito – Viana do Castelo qualquer revestimento. No interior de uma sepultura
Concelho – Ponte de Lima foram encontrados pregos, chapas de ferro usadas
Freguesia – Beiral do Lima como cantoneiras e um fecho de caixão de madeira.
Lugar – Paço Apenas uma das sepulturas continha um copo de
Neste local apareceu uma necrópole suévico- cerâmica como espólio votivo.
visigótica datada do século VI. O aparecimento de Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 330-334.
incinerações e simples covachos abertos no solo
poderão ser indicadores da sua utilização em período N.º 567
anterior. C. Brochado de Almeida (1996, I, 52) refere Distrito – Viana do Castelo
que esta necrópole tem dois momentos de utilização e Concelho – Ponte de Lima
o primeiro teria sido efectuado por povos de origem Freguesia – Facha
hispano-romana. Lugar – Quinta do Paço
Bibliografia – Viana 1961; Sousa 1979; Almeida, Neste local apareceram quatro sepulturas de
CAB 1996, vol. I, 50-52 (n.º 19). inumação. Estas eram meras covas abertas no solo
natural, sem qualquer elemento de revestimento.
N.º 563 Apenas foi possível determinar o comprimento de
Distrito – Viana do Castelo uma sepultura. Tinha cerca de 1 metro, provável
Concelho – Ponte de Lima indicador de uma inumação infantil. No interior das
Freguesia – Cabaços sepulturas apareceram copos e taças de cerâmica,
Lugar – Mourelhe com uma cronologia fixada entre o final do século IV
Pinho Leal refere o aparecimento de sepulturas que e a primeira metade do século V. Brochado de
utilizavam os tijolos como elemento estruturador. Almeida (1996, vol. I, 122) considera que os corpos
Embora não seja indício absoluto para a datação desta eram depositados na terra sem caixão de madeira. A
necrópole, não podemos rejeitar a possibilidade de cerca de trinta metros do local está situado um forno
estarmos perante uma necrópole tardo-romana. cerâmico, facto que leva o mesmo autor a referir que
Bibliografia – Leal 1874, 6; Almeida, CAB 1996, estamos perante o local de enterramento dos oleiros
vol. I, 58-59 (n.º 26). que nele trabalhavam (Almeida, CAB 1996, I, 122).
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 119-125
N.º 564 (n.º 60).
Distrito – Viana do Castelo
Concelho – Ponte de Lima N.º 568
Freguesia – Calvelo Distrito – Viana do Castelo
Lugar – Igreja Concelho – Ponte de Lima
O aparecimento de tegulae neste lugar levou Freguesia – Feitosa
Brochado de Almeida (1996) a colocar a hipótese de Lugar – Monte dos Medos
se tratar de uma necrópole da época romana. Neste local foram encontrados fragmentos de
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 76-78 (n.º recipientes cerâmicos com uma cronologia que oscila
37). entre a segunda metade do século I e o século II d.C.
Brochado de Almeida (1996, I, 147) considera que
N.º 565 estes fragmentos terão vindo de uma sepultura.
170
Necrópoles Romanas do Território Português

Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 147-149 triangular (secção triangular?). Este autor pensa que
(n.º 76). se trata de enterramentos tardios, talvez suévicos.
Mas a tipologia da sepultura não é indicativa deste
N.º 569 facto, já que as sepulturas formando um telhado de
Distrito – Viana do Castelo duas vertentes aparecem também em contextos
Concelho – Ponte de Lima romanos.
Freguesia – Fornelos Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 193-194
Lugar – Quinta do Outeiro (n.º 110).
Na sequência da realização de trabalhos agrícolas
apareceram vestígios de duas sepulturas. O fundo das N.º 574
sepulturas devia ser constituído por «tijolos» e as Distrito – Viana do Castelo
paredes laterais eram formadas por pedras colocadas Concelho – Ponte de Lima
na vertical. Não possuíam cobertura. No interior de Freguesia – Moreira de Lima
uma sepultura apareceu uma camada de cinzas Lugar – Madorna
(Almeida, CAB 1996, I, 158). Podemos estar perante Brochado de Almeida (1996, I, 195-196) descreve o
uma sepultura de incineração. aparecimento, junto de um habitat da época romana,
Bibliografia – Almeida, Cab 1996, vol. I, 158- 159 de recipientes cerâmicos partidos que, segundo este
(n.º 83). autor, poderiam pertencer a uma necrópole.
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 195-196
N.º 570 (n.º 113).
Distrito – Viana do Castelo
Concelho – Ponte de Lima N.º 575
Freguesia – Friastelas Distrito – Viana do Castelo
Lugar – Pacinho Concelho – Ponte de Lima
Brochado de Almeida (1996, I, 172-173) refere o Freguesia – Rebordões (Santa Maria)
aparecimento de uma necrópole mas nada adianta Lugar – Paços
sobre os vestígios encontrados e sobre a sua O aparecimento de tegulae inteiras e cerâmica
cronologia. comum romana, alguma dela intacta, leva Brochado
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 172-173 de Almeida (1996, I, 203) a considerar provável a
(n.º 91). existência de uma necrópole da época romana neste
local.
N.º 571 Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 203 (n.º
Distrito – Viana do Castelo 121).
Concelho – Ponte de Lima
Freguesia – Friastelas N.º 576
Lugar – Salamonde Distrito – Viana do Castelo
Brochado de Almeida (1996, I, 171) refere o Concelho – Ponte de Lima
aparecimento de sepulturas estruturadas com tegulae. Freguesia – Rebordões (Souto)
Apareceram também fragmentos de cerâmica comum Lugar – Igreja
e de terra sigillata hispânica tardia. Brochado de Almeida (1996, I) refere que existiu
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 170-171 uma necrópole no local onde se ergueu o edifício da
(n.º 89). escola primária. Não apresenta qualquer descrição
dos vestígios.
N.º 572 Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, n.º 124,
Distrito – Viana do Castelo
Concelho – Ponte de Lima N.º 577
Freguesia – Moreira de Lima Distrito – Viana do Castelo
Lugar – Boudilhão Concelho – Ponte de Lima
Brochado de Almeida refere o aparecimento, em Freguesia – Refojos do Lima
1982, de uma sepultura estruturada com tegulae. Não Lugar – Santa Eulália
adianta mais informações sobre esta sepultura. Neste local apareceram tegulae inteiras que Brochado
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 192-193 de Almeida (1996, I, 219) considera provenientes de
(n.º 109). sepulturas.
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 217-219
N.º 573 (n.º 133).
Distrito – Viana do Castelo
Concelho – Ponte de Lima N.º 578
Freguesia – Moreira de Lima Distrito – Viana do Castelo
Lugar – Canadelo Concelho – Ponte de Lima
No seu inventário das estações deste concelho, Freguesia – Refojos do Lima
Brochado de Almeida (1996, I, 194) refere o Lugar – São Gião
aparecimento, em 1954, de uma sepultura com forma
171
Necrópoles Romanas do Território Português

Neste local apareceu uma necrópole, detectada pela O mobiliário funerário retirado desta necrópole é
primeira vez por Alves Pereira. Não é feita uma relativamente pobre. É constituído principalmente por
descrição dos vestígios. cerâmica comum romana. Apareceram também
Bibliografia – Pereira 1927-1929, 4; Alarcão 1988b, fragmentos de sigillata hispânica, recipientes de
4 (1/71); Almeida, CAB 1996, vol. I, 214-215 (n.º vidro e uma fíbula.
131). Os autores desta escavação propuseram uma
cronologia em torno do último quartel do século I e
N.º 579 os princípios do II d.C. (Almeida-Abreu 1987, 220),
Distrito – Viana do Castelo dado que consideram que as cremações ocorreram
Concelho – Ponte de Lima num período bem delimitado cronologicamente.
Freguesia – Vilar das Almas Bibliografia – Almeida – Abreu 1987; Almeida C. A.
Lugar – Quinta do Casal B. 1996, vol. VI, 36-42 (n.º 16).
Em 1984, o arroteamento de um terreno baldio
destruiu as estruturas de um edifício e a respectiva N.º 582
necrópole (Almeida, CAB 1996, I, 252). Não se Distrito – Viana do Castelo
conhece o número de sepulturas destruídas, a sua Concelho – Viana do Castelo
tipologia e as práticas funerárias. Brochado de Freguesia – Castelo de Neiva
Almeida (1996, I, 252) menciona seis recipientes Lugar – Moldes
cerâmicos que terão vindo da necrópole e serão de Brochado de Almeida (1996, I, 75) refere uma
época tardia. necrópole situada a norte de um povoado castrejo.
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 252-254 Não apresenta qualquer descrição sobre esta
(n.º 156). necrópole.
Bibliografia – Almeida CAB 1996, vol. II, 70-75 (n.º
N.º 580 28).
Distrito – Viana do Castelo
Concelho – Ponte de Lima N.º 583
Freguesia – Vitorino das Donas Distrito – Viana do Castelo
Lugar – Almuinhas / Aldeia Concelho – Viana do Castelo
As primeiras notícias foram transmitidas por Pinho Freguesia – Geraz do Lima (Santa Maria)
Leal que refere o aparecimento de sepulturas feitas Lugar – Igreja
com tijolos. Mais recentemente, em 1974, apareceu Brochado de Almeida situa neste local uma necrópole
uma sepultura com o fundo constituído por tegulae e do Baixo Império. Foi descoberta uma sepultura
as paredes de pedra. No interior foi encontrado um constuída com tegulae, adoptando a forma de um
recipiente cerâmico. Esta sepultura de inumação foi telhado de duas águas.
utilizada no período tardo-romano. Bibliografia – Almida, CAB 996, vol. III, 148-152
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. I, 260-261 (n.º 73).
(n.º 159).
N.º 584
N.º 581 Distrito – Viana do Castelo
Distrito – Viana do Castelo Concelho – Viana do Castelo
Concelho – Valença Freguesia – Lanheses
Freguesia – Gondomil Lugar – Cividade
Lugar – Crasto / Cruz Sob esta designação, Brochado de Almeida (1996, II,
Os primeiros vestígios desta necrópole de incineração 95-101) apresenta duas necrópoles que estariam
surgiram na sequência de trabalhos de construção situadas junto do povoado castrejo. No lugar do
civil. No decurso desses trabalhos apareceram três Outeiro apareceram três sepulturas com formato
recipientes cerâmicos intactos. Esta necrópole está trapezoidal, contendo dois recipientes cerâmicos.
situada junto de um pequeno povoado fortificado. No Aquele autor atribui, com reservas, estas sepulturas
decurso dos trabalhos de escavação arqueológica ao período tardo-romano.
surgiram vestígios de vinte cremações, mas não fica Noutro local, situado a poente do povoado, terão
claro quantos indivíduos terão sido cremados naquele aparecido objectos de barro que poderão ter vindo de
local. sepulturas (Almeida CAB 1996, II, 100).
As cremações eram feitas no próprio local do Bibliografia – Almeida CAB 1996, vol. II, 95-101
enterramento (Almeida – Abreu 1987, 197), in (n.º 40).
bustum. Estes autores fazem uma descrição das
práticas funerárias praticadas nesta necrópole N.º 585
(Almeida-Abreu 1987, 200-201): sobre a fossa aberta Distrito – Viana do Castelo
no local era levantada uma pira funerária; sobre esta Concelho – Viana do Castelo
era colocada um caixão de madeira contendo o corpo Freguesia – Lanheses
do defunto. As cinzas resultantes desta cremação, Lugar – Roupeiras
sobre os quais era colocado o recipiente votivo, eram Em 1907, apareceu uma necrópole constituída por
cobertas com terra. doze sepulturas. Estas estavam estruturadas com
172
Necrópoles Romanas do Território Português

tijolos, tegulae ou tijoleira. Não existem mais A sepultura mais pequena era construída da mesma
informações sobre esta necrópole. forma e contina uma lucerna e dois recipientes
Bibliografia – Almeida CAB 1996, Vol. II, 101-102 cerâmicos.
(n.º 41). Esta necrópole está situada junto de um habitat
romano.
N.º 586 Bibliografia – Botelho 1897, 69-72; Alarcão 1988b,
Distrito – Viana do Castelo 15 (1/273).
Concelho – Vila Nova de Cerveira
Freguesia – Lobelhe N.º 590
Lugar – Louredo Distrito – Vila Real
Brochado de Almeida (1996, V, 33) refere uma Concelho – Sabrosa
notícia que descreve o aparecimento de caixas Freguesia – Provesende
formadas por tijolos. Trata-se certamente de Lugar – Relva
sepulturas, no entanto, de cronologia indeterminada. Esta necrópole já é conhecida desde o século XIX,
Bibliografia – Almeida, CAB 1996, vol. V, 33-34 (n.º quando foram destruídas as primeiras oito ou nove
13). sepulturas.
As sepulturas de inumação eram rectangulares,
constituídas por lajes de xisto. Na cabeceira, algumas
sepulturas tinham estelas decoradas. Do interior das
Vila Real sepulturas foram retiradas cinco recipientes de
cerâmica comum romana. Esta necrópole foi
N.º 587 destruída nos anos cinquenta.
Distrito – Vila Real Bibliografia – Alves 1936-38, 315-325; Alarcão
Concelho – Chaves 1988b, 25 (1/440); Gonçalves 1992-93, 201-204.
Freguesia – Eiras
Lugar – Jardim do Tabulado N.º 591
Esta necrópole apareceu no seguimento de trabalhos Distrito – Vila Real
de emergência efectuados na pensão Jaime, dirigidos Concelho – Valpaços
por uma equipa da Ethnos. Freguesia – Água Revés e Crasto
Bibliografia – Informação gentilmente cedida pelo Lugar – Água Revés
Dr. Sérgio Carneiro da Câmara Municipal de Chaves. Neste local apareceu uma estela funerária e existem
referências ao aparecimento de ossadas e moedas.
N.º 588 Ricardo Teixeira (1996) refere a existência de
Distrito – Vila Real fragmentos de tegulae e imbrices neste local,
Concelho – Chaves evidência suficiciente para este autor e Sande Lemos
Freguesia – Santa Maria Maior considerarem a existência neste local de uma
Lugar – Largo General Silveira necrópole.
Necrópole que apareceu no decorrer de escavações de Bibliografia – Lemos 1993, Iib, 502-504 (n.º 851);
emergência dirigidas pelo Dr. Sérgio Carneiro. Teixeira 1996, 111-112 (n.º 804).
Bibliografia – Informação gentilmente cedida pelo
Dr. Sérgio Carneiro da Câmara Municipal de Chaves. N.º 592
Distrito – Vila Real
N.º 589 Concelho – Valpaços
Distrito – Vila Real Freguesia – Valpaços
Concelho – Mondim de Basto Lugar – Valpaços
Freguesia – Atei Na década de 30 do século passado apareceram duas
Lugar – No sopé do monte da Senhora da Graça lucernas e um recipiente de cerâmica comum,
No final do século XIX apareceram duas sepulturas provenientes de um contexto funerário. Sande Lemos
que utilizavam os tijolos e as "tegulae" como material (Lemos 1993) datou as peças do período Alto
de construção. De acordo com Henrique Botelho Imperial. Não refere as práticas funerárias utilizadas.
(1897), a sepultura maior media 2,8 m de Bibliografia – Lemos 1993, Iib, 560-561, n.º 918;
comprimento. Teixeira 1996, 111, n.º 802.
"Três tijolos no fundo da sepultura com entalhes e
rebordos lateraes, a que se uniam inteiramente dos N.º 593
lados outros tres tijolos de (cada lado) com saliencias Distrito – Vila Real
e entalhes oppostos, e um na cabeceira e outro na Concelho – Vila Pouca de Aguiar
extremidade (pés), unidos no angulo formado pelos Freguesia – Tresminas
tijolos lateraes na parte média e superior pelas telhas, Lugar – Lugar desconhecido
formavam uma sepultura..."(Botelho 1897, 71). Leite de Vasconcellos publicou três lápides funerárias
A sepultura maior tinha uma lucerna, dois recipientes provenientes desta freguesia que apareceram em
de argila, uma ponta de espada e a sua bainha. obras de abertura de uma estrada. Nas mesmas obras
apareceram unguentários e recipientes de cerâmica.
173
Necrópoles Romanas do Território Português

Estamos perante vestígios que terão provindo de uma


necrópole destruída quando se procedia à abertura da N.º 597
referida estrada. Distrito – Viseu
Bibliografia – Vasconcellos 1936-1938. Concelho – Resende
Freguesia – Cárquere
Lugar – Cárquere
Leite de Vasconcellos descreve, de uma forma muito
Viseu sucinta, o aparecimento de uma sepultura de
incineração. Esta estava junto de uma estela
N.º 594 epigrafada e era constituída por quatro tijolos (ou
Distrito – Viseu tegulae?), dentro da qual se encontrava terra negra.
Concelho – Cinfães Bibliografia – Vasconcellos 1913, 392.
Freguesia – Souzelo
Lugar – Cancelhô N.º 598
Na sequência de trabalhos agrícolas, foi descoberta, Distrito – Viseu
em 1982, uma sepultura de incineração. Em 1984, foi Concelho – Resende
efectuada uma intervenção de emergência (Silva, E. Freguesia – Resende
1986). A sepultura tinha uma caixa com configuração Lugar – Trapas
sub-rectangular, constituída por lajes graníticas Numa carta arqueológica deste município aparece
colocadas na vertical. A cobertura era constituída por uma referência à descoberta de duas sepulturas de
duas lajes, cujos espaços foram tapados com inumação e «em caixão». Estas duas sepulturas
imbrices. No interior desta sepultura foram teriam uma cronologia romana tardia, em torno do
encontrados cinco recipientes de cerâmica comum século V d.C.
romana (Pinho – Pereira 1997, 31-32) e três moedas Bibliografia – Silva et al. 1997, 40.
da segunda metade do século III d.C. (Pinho – Pereira
1997, 32). Na sondagem efectuada em 1984 foi
encontrada uma cova aberta no saibro contendo N.º 599
fragmentos de ossos, carvões e cinzas (Silva, E. 1986, Distrito – Viseu
92). Concelho – São Pedro do Sul
Para L. Pinho e A. Pereira (1997, 31) a sepultura foi Freguesia – Carvalhais
utilizada nos finais do século III – inícios do IV d.C. Lugar – Germinade
Bibliografia – Silva, E. 1986; Alarcão 1988b, 90-91 Amorim Girão (1923-1924) noticia o aparecimento
(3/22); Dias 1993-1994, 112 (nº 13); Pinho – Pereira de sete sepulturas nesta localidade de São Pedro do
1997. Sul. Todas as sepulturas têm um formato mais ou
menos rectangular. Algumas são feitas de "pedras
N.º 595 mais ou menos aparelhadas", assentes directamente
Distrito – Viseu sobre o saibro. Possuem uma cobertura feita com o
Concelho – Cinfães mesmo material. As restantes são feitas de tegulae.
Freguesia – Tarouquela Não nos indica a forma como as tegulae são dispostas
Lugar – Tarouquela para formar a sepultura rectangular. As informações
J. L. Vasconcellos noticia o aparecimento de três recolhidas então falam no aparecimento de uma
covachos de incineração, com peças de barro moeda e fragmentos de cerâmica. Amorim Girão
misturadas com terra. O lugar da descoberta não é atribui a sepultura ao período romano devido ao
referido por aquele autor. Não adianta qualquer aparecimento de um fragmento de uma lápide
cronologia para estes achados. sepulcral.
Bibliografia – Vasconcellos 1923, 373. Bibliografia – Girão 1923-24.

N.º 596 N.º 600


Distrito – Viseu Distrito – Viseu
Concelho – Lamego Concelho – Viseu
Freguesia – Sé Freguesia – Viseu
Lugar – Campo do Tablado Lugar – Avenida Emídio Navarro
Rui Serpa Pinto (1925-26, 159) refere a existência, no Neste local apareceram, em 1951, vestígios que
Museu da Faculdade de Ciências do Porto, de pertenciam a uma necrópole. Não é feita qualquer
recipientes cerâmicos provenientes deste local. Estes descrição dos vestígios.
recipientes cerâmicos terão sido encontrados no Bibliografia – Cruz 1986, 149; Alarcão 1992, 84
interior de sepulturas. Um dos vasos tinha pintura
exterior e, segundo o autor, é idêntico a um aparecido N.º 601
na necrópole da Lomba, em Amarante. Distrito – Viseu
Bibliografia – Pinto 1925-1926; Alarcão 1988b, 52, Concelho – Viseu
4/7. Freguesia – Viseu
Lugar – Cerrado
174
Necrópoles Romanas do Território Português

Os primeiros vestígios desta necrópole apareceram no Bibliografia – Figueiredo 1953, 32; Alarcão 1988b,
século XIX. A. Alves, em artigo publicado em 1975, 58 (4/144).
noticia o aparecimento de vestígios pertencentes a
esta necrópole, situada na antiga Quinta do Cerrado.
Este autor apresenta uma descrição sumária de quatro
sepulturas. Refere que eram formadas por «tegulae de
rebordo». Neste mesmo local teria aparecido uma PROVENIÊNCIA DESCONHECIDA
lápide funerária (Alves 1975, 443). Não apresenta
qualquer cronologia nem estabelece a prática
funerária utilizada. N.º 604
Bibliografia – Alves 1975; Cruz 1986, 149; Alarcão Região de Proveniência - Beiras
1992, 85 Dias Diogo publicou uma urna cinerário de calcário
com a face principal decorada. Tinha uma tampa que
N.º 602 tapava o compartimento interior. Apresentava duas
Distrito – Viseu inscrições funerárias: uma na face esquerda e a outra
Concelho – Viseu na face oposta. Este autor atribui-a ao século I da
Freguesia – Viseu nossa era.
Lugar – São Miguel Bibliografia – Diogo 1983.
Na imprensa regional apareceu uma notícia sobre a
descoberta de uma sepultura de possível cronologia
romana. Neste local têm aparecido vestígios
funerários. Este espaço funerário também foi
utilizado na Idade Média.
Bibliografia – Voz das Beiras, 27-01-83; Alarcão
1992, 84.

N.º 603
Distrito – Viseu
Concelho – Vouzela
Freguesia – Queirã
Lugar – Carvalhal do Estanho
Figueiredo menciona a descoberta, neste local, de
uma necrópole com pelo menos 24 sepulturas. Estas
estavam estruturadas com lajes de pedras ou
«tijolos». Continham recipientes cerâmicos.
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