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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO MARAVILHA

COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA

HISTÓRIA DE ANGOLA

PROGRAMA TEMÁTICO E ANALÍTICO DA DISCIPLINA HISTÓRIA DE


ANGOLA – NÃO ESPECIALIDADE
Apresentação Docente: Kelsom Chavonga

o Licenciado em História;

o Pós-graduado em agregação pedagógica para o ensino superior;

o Pós graduado em Actualização dos docentes nos fundamentos do


processo de formação inicial no ensino superior;

o Especialista em Administração pública e gestão de conflitos;

o Mestre em Gestão de Recursos Humanos;

o Correio electrónico: dekhelsonmixpro@gmail.com

o Contacto: 916497109/940497407
Apresentação do Programa da Cadeira
HISTÓRIA DE ANGOLA – NÃO ESPECIALIDADE

• INTRODUÇÃO (FUNDAMENTAÇÃO DA DISCIPLINA):


• A cadeira de História de Angola para os cursos de ensino de
Geografia visa dotar os estudantes de conhecimentos sobre o
passado Histórico de Angola, permitindo a compreensão do
presente e perspetivar o futuro, e para consolidar o orgulho
nacional, o patriotismo e a unidade nacional.

• Problema da cadeira
• A necessidade da explicação e de avaliação (crítica e
historicamente fundamentada) do processo histórico ocorrido em
Angola desde as civilizações pré-históricas, passando pelo período
Pré e Pós-colonial até ao período actual.
Apresentação do Programa da Cadeira
• TEMA I: HISTÓRIA DE ANGOLA UMA NECESSIDADE NACIONAL
• Objectivos da unidade
• – Explicar a necessidade do estudo da história de Angola;
• - Identificar Angola no período pré-colonial para melhor saber as
nossas origens.
• TEMA II: AS MIGRAÇÕES BANTU E O POVOAMENTO DO ACTUAL
TERRITÓRIO DE ANGOLA
• Objectivos da Unidade:
• – Analisar o processo de migração do povo Bantu e o povoamento
do actual território de Angola;
• – Compreender o processo de migração do povo Bantu e o
povoamento do actual território de Angola;
• – Conhecer e identificar os principais povos etnolinguístico que
povoam o actual território de Angola.
• TEMA III: OS PORTUGUESES E O ESTADO DO CONGO
• Objectivos da Unidade:
• Caracterizar o reino do Kongo pré e pós-colonial;
• Compreender a adesão do Kongo ao cristianismo e ao mercantilismo;
• Analisar os principais períodos da presença portuguesa no reino do
Congo.
• TEMA IV: FUNDAÇÃO E EVOLUÇÃO DA COLÓNIA DE ANGOLA
• Objectivos da Unidade:
• Analisar as principais políticas coloniais portuguesas implementadas em
Angola;
• Compreender as políticas de povoamento branco, a ultramarina e
assimilacionista.
• TEMA V: A LUTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL
• Objectivos da Unidade:
• Compreender a atmosfera a que ocorreu a luta de libertação nacional;
• Identificar os principais movimentos da luta de libertação Nacional bem
como o papel desempenhado neste processo nobre;
• Analisar a ideologi aimplementada pela colonia portuguesa e o
posicionamento dos nacionalistas.
• BIBLIOGRAFIA
• WHEELER, Douglas e PÉLISSIER, René. (2013) História de Angola.
Tinta-da-china 2ª Edição Lisboa
• DELGADO, Ralph (1948-1955) “História de Angola – 1482-1832” 4
Vol. – Benguela e Lobito
• BOAVIDA, Américo – Angola, Cinco séculos de exploração, Luanda,
UEA.
• BENDER, Gerald J. (2004) Angola sob domínio português, Editora
Nzila, Luanda, Agosto
• DILOLWA, Carlos Rocha – Contribuição a História Económica de
Angola, Luanda.
• BENOT, Yves. (1981) Ideologia das independências africanas, Editora
Instituto Nacional do Livro e do Disco
• AMARAL, Ilídio do (1960). Aspectos do Povoamento Branco em
Angola, Lisboa
• BIRMINGHAM, David (1981) A África Central até 1870, Luanda
• CAPELA, José (1977) O Imposto de palhota e a introdução de modo
de produção capitalista nas colónias – Afrontamento, Porto
• CARDONEGA, António de O. (1940) “História geral das guerras
angolanas”, Lisboa
• CARVALHO, Henriques Augusto D. de, (1890) “Etnografia e História
Tradicional dos Povos da Lunda”, Imprensa Nacional
• Henriques Augusto D. de, (1898) “O Jaga de Cassange na província
de Angola” Etnografia de C. Augusto R., Lisboa
• CORREIA, Pezarat. (1991) Descolonização de Angola, Editora ler e
escrever, Lisboa
• GONÇALVES, Jonuel (2011) A Economia ao longo da História
Angolana, Mayamba, 1ª edição Luanda
• KIZERBO, Josef. (1991) História da África Negra, Vol. I e II; colecção
Universidade; 2ª Edição; Editora Publicações Europa-América, LDA;
Portugal; Mira-Sintra; Março
• LANDES, David S. (2011) A Riqueza e a Pobreza das Nações, Por
que são algumas tão ricas e outras tão pobres. 8ª Edição. Editora
Gradiva
• MARTINS, Rocha. (1933) “História das Colónias Portuguesas”,
Lisboa
• ROCHA, Edmundo. (2009) Angola Contribuição ao Estudo da
génese do Nacionalismo Moderno Angolano Período 1950 a 1964
(Testemunho e estudo documental), Dinalivro – Lisboa 2ª Edição
TEMA I – HISTÓRIA DE ANGOLA UMA NECESSIDADE NACIONAL
GENERALIDADES SOBRE A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA
Investigar,
Historiei Averiguar

Sei Isto,
Etimologia
Eu sei isto
Palavra História
Eu vi,
Aprender

• A História Como ciência surgiu no século V a.C na Grécia.


• Heródoto é consideado como o Pai da História, pelo facto
de ser o primeiro a escrever um livro sobre as
lendas/guerras entre gregos e persas e a chamou de
História.
• A História Como ciência surgiu no século V a.C na
Grécia.
• Heródoto é consideado como o Pai da História, pelo
facto de ser o primeiro a escrever um livro sobre as
lendas/guerras entre gregos e persas e a chamou de
História.
• Nesta obra algumas descrições possuíam exageros e
falsidades.
• Tucídedes (em contraste, sustentava escrever apenas
aquilo que era real, credível, razão pela qual para os
gregos, na época, a História como ciência surgiu com
Tucídedes), mas não apartou o mérito de Heródoto
ser considerado o pai da História.
GENERALIDADES SOBRE A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA
Regista e relata as acções humanas do passado ao longo
dos tempos Investiga, estuda e divulga o passado.

A Historia é o conhecimento do passado humano.


(Henry Marrow)

A Historia como sendo a ciência dos homens no tempo.


(Marc Bloc)
Podemos concluir que tudo o que diz respeito á vida dos
homens através dos tempos é história.
A História é uma ciência que estuda o homem ao longo
do tempo: desde o passado mais remoto até aos nossos
dias.
Os três elementos fundamentais para a História são:
Ciência, Homem e Tempo.
• OBJECTO E MÉTODO DA HISTÓRIA

• Objecto de Estudo da História: o Homem; O Tempo; O Espaço; A


Sociedade.

• MÉTODOS
• Tradição Oral: Processo pelo qual a informação é levada de
geração a geração, consubstanciado em cidadania, por vezes não
compatível as exigências académicas;

• História Oral: Método de pesquisa baseado em entrevistas de


uma testemunha ocular do facto histórico;

• Pesquisa Parcial: Colecta de informações através da análise crítica


de conhecimentos existentes em bibliografias, bibliotecas,
arquivos históricos, museus.
Funções
o Estratégica: quando contribui nas influências das
acções práticas humanas a partir das lições
históricas.

o Ideológica: quando influencia a consciência


colectiva orientando acções práticas através de
sentimentos públicos expressos de
solidariedade, repulsa, amizade, tolerância,
patriotismo, nacionalismo, etc.
HISTÓRIA DE ANGOLA UMA NECESSIDADE NACIONAL

• As sociedades pré-coloniais que constituíram a nação angolana já


no séc. XV encontravam-se em diferentes estádios de evolução e
organização tribal, coexistiam relações de produção,
apresentavam-se como verdadeiros Estados organizados.

• Entre os séculos XVI-XIX, a interacção portuguesa com as


sociedades africanas produziram um novo mosaico cultural pelas
relações económicas, politicas, culturais, sociais, tráfico de
escravos.

• Desestruturando a identidade social, principalmente no litoral,


verificando-se o desprezo dos valores culturais, muitas vezes
ignorados ou falsificados.
• A História de Angola é uma necessidade nacional pelas
seguintes razões:

• Se para a Europa o método de abordar assuntos da cultura é


o recurso a documentos escritos, para África processa-se
através da memória colectiva.

• Muitos consideram a Era pré-colonial como símbolo de uma


harmonia social perdida, destruída pela opressão e
exploração colonial.

• Para refutar aquelas teses, seguem-se as Razões do estudo


da História de Angola.
• Procura de uma Identidade Nacional reunindo
elementos da memória colectiva.

• Preservar a herança sócio - cultural e histórica de


geração à geração.

• Conhecer a evolução histórica dos povos.

• Necessidade de uma história colectiva e completa


produzida com leis sociais, metodológica
científica, documentos escritos e fontes orais sem
visão etnocêntrica e eurocêntrica.
PROBLEMAS ACTUAIS DO ESTUDO DA HISTÓRIA DE ANGOLA

• Fontes expatriadas e destruídas.


• Especialização (historiadores, historiógrafos e estudiosos)
• Ignorância do conhecimento sobre a realidade social
angolana.
• Pouco investimento em pesquisas dirigidas.
• Falta de critérios teóricos e metodológicos.
• Ausência de fóruns científicos para a elaboração de
consensos.
• Escassez e deturpação das fontes escritas referentes a
História de Angola fazem com que o ensino, análise,
investigação apresentem lacunas, limitações dificultando a
compreensão, conhecimento e interpretação dos
fenómenos históricos.
Fontes da História de Angola

• As fontes históricas são sinais ou vestígios deixados


pelos homens que no passado habitaram determinada
região.

• As fontes históricas podem ser: Oral, Escrita e Material.

• Para o estudo da nossa História são válidas as três


formas de fontes desde que submetidas a respectiva
crítica histórica.

• Para que sejam credíveis é necessário que tenham como


suporte provas baseados em relatos escritos, artefactos
como armas, ferramentas e narrativas orais (faladas).
• Fontes Materiais - São ruinas de construções antigas
(casas, pirâmides, castelos, utensílios domésticos,
museus, moedas, Fotografias, armas) etc.

• Fontes Escritas - São todos os documentos escritos


(cartas, leis de “Hamurabi”, listas de impostos, contratos,
jornais, livros, revistas, biografias) etc.

• Fontes Orais - Narrações ou contos transmitidos


oralmente de geração à geração até os nossos
dias(canções, contos, mitos) etc.
Ciências Auxiliares

• Ciências Auxiliares: São aquelas que ajudam o


historiador no seu processo de investigação. Elas
podem ser:
• Geografia: Estudas os solos, o clima, a fauna, a
vegetaçao, etc. Atraves dos seus estudos possibilita
saber se há ou não vestigios historicos;
• Arqueologia: Estuda os vestigios materiais das
civilizaçoes passadas , resultantes das escavaçoes
arqueologicas.
• Geomorfologia: É o ramo da Geografia, que dedica-se
ao estudo da formaçao da terra, dá informaçoes
importantes a Historia.
• Sedimentologia: Estuda os sedimentos, a sua composição e
deslocação e que dão informações importantes a Historia.

• Linguística: É a ciência que estuda as línguas. Através dela o


Historiador pode caracterizar, a população, sua cultura, hábitos,
costumes, qual a sua origem, bem como o seu enquadramento.

• Antropologia Cultural ou Etnografia: Ciências que fornecem


dados a Historia sobre os hábitos e costumes dos diferentes
povos e civilizações, parentesco, produção, sistema de
reprodução, etc.

• Ciência Artística: Permite determinar o que os povos sabiam


fazer, as suas actividades e características.
• Outras ciências são:

• Epigrafia: Analisa inscrições em material duro).

• Paleografia: Analisa inscrições antigas, em papiro,


pergaminho, papel etc.

• Numismática: Estudo de moedas.

• Heráldica: Analisa brasões.

• Cronologia: Dedica-se a datação de vestígios da pré-


história e não só.
Crítica – Histórica
• A critica histórica, depende em grande medida do método histórico
usado pelo historiador.
• Este trabalho é realizado através da investigação da origem do
testemunho e da crítica histórica, isto é, a critica das fontes ou da
autenticidade dos documentos que por vezes exige interpretação,
decifração ou reconstituição dos materiais, alterados, distorcidos ou
incompletos.
• Como estudiosos da vida dos homens através dos tempos, não nos
devemos contentar apenas com o simples conhecimento dos
acontecimentos ou factos históricas.
• É necessário também sabermos abstrair, investigar, analisar,
argumentar, comparar, generalizar, sintetizar, sistematizar e extrair
conclusões destes acontecimentos, para podermos abarcar todos
aspectos políticos, económicos, sociais, culturais e religiosos.
• Deste modo estaremos apurando a verdade da mentira e vice-versa.
Requisitos

• Basear-se em fontes e bibliografias confiáveis.

• Análise das variadas informações que se caracterizam como


lendas, podendo ser resgatadas no processo explicativo da
constituição de Angola.

• Aprofundar a interpretação da realidade angolana no contexto


histórico africano, europeu e mundial.

• Ajustamento da complexidade dos programas nos diferentes níveis


de ensino as características da população.

• Divulgação e elaboração de obras orais, escritas, arqueológicas e


antropológicas de Angola.
A periodização da História de Angola

1º Pré-História

Idade Paleolítica Idade Neolítica ()


(cerca de 600 000 cerca de 6 000 até Idade dos Metais
até 5 000 a.C) 1 500 a.C
2º A
Proto-
História

As
Vatuas Khoisan Migrações
Bantu

Kikongos séc. XIII; Jagas


séc. XVI; Nyanekas séc. XV
Bosquímanos hotentotes ou XVI; Helelos séc. XVI;
Ngangelas séc. XVII;
Tshokwé séc. XVIII;
Ambós séc. XVIII;
Makokolos séc. XIX;
Kwangalis séc. XIX.
3º A História

Idade colonial (de Idade pós colonial


Idade Pré-colonial (começa com a 1575 - 1961) (1961 até a data
fundação do Congo no séc. XIII) actual)

Período de
Período
Período Afro- resistência à
Período Africano contemporâneo
Português (desde ocupação (de
(até 1520) (de 1940 a 1961)
1490 até 1575) 1575 - 1940)
AS COMUNIDADES ANGOLANAS NÃO BANTU

• Os povos não Bantu são grandes complexos sócio- culturais


primários no povoamento de Angola (povoações mais
antigas).
• Localizáveis em toda África austral que foram descendo
para o sul dando espaço aos Bantu.
• Espalharam-se nas províncias a sul de Angola (Huila,
Cunene, Cuando Cubango e Namibe).
• Encontráveis nas zonas de difícil acesso: florestas, estepes
ao longo dos rios intermitentes, montanhas e na orla do
deserto do Namibe.
• Fugiram os Bantu devido a superioridade militar.
• Estudos arqueológicos até então conhecidos, mostram que
o povoamento humano do território angolano data pelo
menos a 12 mil anos.
• Inicialmente habitado pelos Khoisans, Vátwas e pigmeus.
KHOISANS

A palavra • é formada
“KHOISANS”

“Khoi”
• significa pastores
termo hotentote

“Sans” • indicando
termo caçadores e
bosquímano recolectores
• Presume-se que os antepassados da etnia bosquimane
tenham pertencido a vários grupos fundamentalmente
khois-sans.

• Os khoisans igualmente designados por bosquimanes,


por terem sido encontrados pelos pesquisadores
europeus (Exploradores e missionários como Sparman
(1784), Thunberg (1794), Lichtenstien (1812), Campbell
(1815), Burchell (1822) e Arbousset (1842)),
principalmente nas florestas do interior de África.

• A esta gente deram o nome de Bosjesmannem (homem


do mato em holandês), gozam de adjectivos como:
vakwankwala, vakamusekele e vakakwengo.
Nome

atribuído pelos
holandeses

homens dos
bosques
Características dos khoisans
• Povos não negros, pele de cor castanha clara, avermelhda ou
levemente amarela.

• Molares são salientes como no tipo mongoloide.

• Olhos oblíguos do tipo oriental.

• Nariz achatado.

• Cabelo em grão de pimenta, formando pequenos tufus.

• Pequena estatura sendo a média de 1,60 para homens e 1,50


para mulheres.

• Possuem língua monossilábica.


MODO DE VIDA

• Nunca formaram reinos, sempre viveram em tribos


agrupamentos ligados entre si por laços de parentesco
orientados por um chefe de grupo escolhido entre si.
• Suas armas eram pequenos arcos e flexas envenenadas.
• Viviam apenas da caça e recoleçao.
• Procuravam para seu habitat em especial zonas de
savana.
• Monógamos, o adulterio era muito pouco frequente e a
roptura de casamento raríssima.
• Não possuem iniciação masculina e a puberdade é
assinalada por uma simples reclusão da natureza ritual
• Na arte rupestre, representavam habitualmente
cenas de guerra, caça, danças e cerimónias
religiosas aplicando tons vermelhos, pretos,
amarelos, castanhos e brancos
• A sua lígua é caracterizada por numerosos clics e
têm uma notavel intuição para se orientarem nas
matas e desertos
• Têm uma surprendente capacidade para suportar
a fome por vários dias
• A maior parte foram escravos das tribos vizinhas
ás quais eram obrigados a entregar as peles
provenientes das caças.
• Discute-se ainda a sua proveniência, inclinando-se
alguns para a sua origem mongol ou para o
cruzamento de homens asiáticos com mulheres da
África oriental.

• Actualmente são calculados em 40.000 habitantes


em toda a África Meridional, localizáveis na
Namíbia, África do Sul, Botswana e Angola.

• Em Angola não excedem 7000 dispersos em


pequenos grupos nas províncias do Cuando-
Cubango, Huíla e Cunene.
VÁTWAS

Etnolinguístico
também conhecido • (do rio Curoca)
por Curocas

Designam-se a si • “vakwandu” ou
próprios por “mukwandu”

Divide-se em
dois principais • os Kwissi e
sub grupos: Kwepe
• Tendo enfraquecido a prática da caça, de que em
tempos idos foram exímios, predominam-se as
actividades de tratamento de curas e
religiosidade tradicional.

• Vivem em lugares inóspitos com as mais


precárias condições de vida.

• Constituem uma comunidade relactivamente


importante localizada no interior da Huila,
Namibe, K. Kubango, Cunene e Benguela.
CARACTERÍSTICAS

• Pele castanha e pouco amarela.

• Baixa estatura e possuem a mesma língua.

• Olhos oblíquos do tipo oriental.

• Cabelos com pequenos tufos.


MODO DE VIDA

• Polígamos, moderada na comunidade kwepe e rara na


comunidade kwissi.

• Veneram um ser supremo e praticam o culto dos espírititos dos


antepassados.

• Dedicam-se a pastorícia e a caça como meio de subsistência.

• Assimilados pelos ovakuvale, actualmente adoptaram-lhes a


língua, circuncisão e cerimónias de puberdade feminina e
masculina.

• Vivem em comunidades.

• Língua mista com elementos khoisans e bantu.


PIGMEUS
• Várias teorias têm sido propostas para explicar a baixa
estatura dos pigmeus.

• Explicações apontam para os baixos níveis de luz


ultravioleta nas florestas equatoriais.

• Isto pode significar que relativamente pouca vitamina D


pôde ser feita na pele humana, limitando assim a absorção
do cálcio na dieta de crescimento e manutenção óssea e
que conduziu à evolução característica de tamanho
pequeno e esquelético dos pigmeus.

• Pigmeus vivem em vários grupos étnicos: Ruanda, Uganda,


RDC, Repúblca Centro-Africana, Camarões, Guiné
Equatorial, Gabão, Botwana, Namíbia e Angola.
• Os Pigmeus africanos sofrem preconceito e opressão de
outros grupos étnicos, principalmente o canibalismo dos
Bantu.
• Alguns países pretenderiam usar os Pigmeus como
curiosidade turística e convertê-los em património
nacional, como se tratasse de animais raros de uma
reserva.
• Não é fácil falar da religião dos Pigmeus, não costumam
expressar suas crenças com ritos externos.
• Geralmente, crêem num Ser Supremo criador, que se
personifica no Deus da selva, do céu e do além.
• Crêem ainda que as almas dos bons se convertem em
estrelas, enquanto as almas dos maus são condenadas a
vagar eternamente pela selva e dão origem às doenças dos
humanos.
• Estima-se que há entre 250.000 e 600.000 pigmeus que
vivem na floresta tropical do Congo.
Modo de vida

• A maioria das comunidades sobrevive como caçadores-coletores.


Fazem comércio com os agricultores vizinhos para adquirir
alimentos e outros materiais cultivados.

• Destilam o milho e frutas disponíveis; extraiam dali o álcool.

• As casas são feitas de varas, troncos e folhas, mantêm sempre


fogueira acesa durante a noite.

• A unidade socioeconómica é a aldeia, formada por uma dezena de


cabanas e habitada por grupos de trinta a setenta pessoas.

• O mais velho, ou o caçador mais hábil, preside cada unidade.


• Há uma nítida divisão sexual do trabalho. As
mulheres recolhem na selva tubérculos, fungos,
larvas e cogumelos.
• A pesca, que só acontece na estação seca, é
reservada, em alguns grupos, às mulheres e crianças.
• Já a caça é actividade exclusivamente masculina e se
constitui num momento mágico na vida da
comunidade pigmeia.
• Os homens se preparam para sair à caça se abstendo
das relações sexuais e evitando toda "ofensa" à
comunidade.
• Antes de partirem, há cerimónias de purificação e
propiciação.
• A mulher é muito respeitada na sociedade pigmeia e
a monogamia é uma tradição tão firme que chega a
ser difícil aos estudiosos explicá-la.
F I M
TEMA I – HISTÓRIA DE ANGOLA UMA NECESSIDADE NACIONAL
Tema II – As migrações Bantu e o Povoamento do
Actual Território de Angola
• Povos Bantu
• Etmologicamente a palavra Bantu foi primeiramente
usada por Wilhelm Bleek em 1826.
• Segundo o autor o radical Ntu refere-se a homem, o
prefixo Ba indica o plural e ocasiona a formação do
plural da palavra integral Bantu significando homens.
• Neste contexto, Povos Bantu: grupo linguístico e
cultural que utiliza a raiz Ntu para designar homem e
Ba para designar o conjunto.
• Não existe uma raça Bantu, mas sim um povo Bantu,
comunidade cultural com uma civilização comum e
linguagens similares.
ORIGEM DOS BANTU
• Joseph Greenberg (1963), indicava que um grupo de
línguas da Nigéria era o mais próximo das restantes
línguas Bantu e propôs que uma dessas línguas se
teria espalhado para sul e leste, ao longo de centenas
de anos.
• Malcolm Guthrie analisou várias línguas Bantu e
concluiu que as mais estereotípicas eram as da
Zâmbia e sul da actual RDC, propondo teoria
alternativa de ser esta região a originária dos Bantu.
• Esta teoria é apoiada por fontes norte-africanas e do
Médio Oriente que não falam da existência de Bantus
a norte de Moçambique antes do ano 1000.
Migrações Bantu

• Migrações são deslocações das populações de


uma região à outra na procura de melhores
condições de vida.

• Imigração: Entrada de pessoas para um


determinado país ou região.

• Emigração: Saída de indivíduos de um país ou


região para outra.
• Em África no geral e Angola em particular,
registou-se dois tipos de migrações internas:

1. Migração pré-colonial: povos Bantu.

2. Migração colonial: durante a colonização


europeia.
• Assim Migrações Bantu: são movimentos
migratórios sucessivos de grupos étnicos,
oriundos da África ocidental e meridional que
durante milhares de anos fixaram-se em vários
pontos de África.
• Actualmente é mais aceite a síntese das duas teorias: os
Bantu teriam tido origem na região dos rios Benue-Cross,
no sudeste da Nigéria e emigrado primeiro para Zâmbia.
• Por volta do segundo milénio a.C. provavelmente impelidos
pela desertificação do Sahara, e pela consequente pressão
dos saharauis emigrando para aquela região, foram
forçados a espalhar-se pelas florestas tropicais da África
central (fase I).
• Cerca de 1000 anos mais tarde, iniciaram uma segunda
fase mais rápida de expansão para as savanas da África
austral e oriental(fase II).
• Durante o primeiro milénio d.C. apareceram na Zâmbia
novas técnicas agrícolas e novas plantas, provavelmente
importadas do Sudeste asiático através do Madagascar.
Estas novas técnicas possibilitaram uma nova expansão
Bantu centrada nesta região (fase III).
ROTAS MIGRACIONAIS
ROTAS MIGRACIONAIS
 O processo migracional é caracterizado
em três grandes focos:
 Norte ao sul: (florestas tropicais da
África ocidental e meridional):
Camarões e Tchad
 Centro africano: floresta do Zaíre
 Leste: atingiram a região dos grandes
lagos, o planalto Luba e a Bacia do
Zaíre
 Vansina (1995) propõe uma expansão
inicial através da selva, e depois
seguindo o curso dos rios.

Molossande
CAUSAS DAS MIGRAÇÕES BANTU

• Explosão demográfica: a descoberta dos metais


em especial o ferro permitiu o desenvolvimento
da agricultura e da caça o que provocou o
aumento da produção e da população obrigando-
os a deslocarem-se para outras regiões a procura
de melhores condições de vida.

• Problemas ecológicos: o alargamento do deserto


do Sahara não permitia o desenvolvimento da
agricultura daí a procura de novas realidades para
actividades agrícolas e pastoris.
• Políticas: defesa e luta pela sobrevivência dos
grupos face a outros.

• Económicas: as catástrofes naturais


condicionavam a procura de regiões mais
férteis.

• Os desentendimentos dentro dos vários clãs: a


sucessão ao trono, falta de união, etc.
• A Antropologia física (Hiernaux, 1968) e a Genética (Cavalli-
Sforza, 1996) têm demonstrado que os povos Bantu são
bastante homogéneos.
• Esta homogeneidade deve-se ao recente da migração e ao
pouco tempo que tem existido para que se produza uma
diversificação genética e linguística.
• Estes povos Bantu foram-se impondo a grupos de outras
origens não Bantu.
• Os Bantu antes de se dispersarem viviam provavelmente
entre o rio Níger e os Camarões, emigrando a norte, sul,
este até atingir a região dos grandes lagos, o planalto Luba e
a bacia do Zaíre.
• Alguns grupos vieram fixar-se em Angola, de referir que os
Bantu angolanos são originários do que se tem designado
por 2º Centro Bantófono (Baixo Congo e Planalto Luba).
CARACTERÍSTICAS GERAIS
• Consanguinidade: matrilinear e patrilinear.
• Economia: agricultura, comércio, caça, pesca e artesanato
(olaria, cestaria, tecelagem, metalurgia, etc.) e impostos de
vassalagem
• Religiosiosidade: religiões com a componente mágica. São
pluriteístas em que os ancestrais constituem o elemento
basilar (ancestrologia, magia, feiticismo, etc.).
• Linguística: a registar um elevado grau de parentesco entre
todos os países da África austral e central (Nigéria, Gabão,
Camarões, Costa do Marfim, Republicas do Congo, Angola,
Cabo Verde, Guine Bissau, São Tome e Príncipe,
Moçambique, Namíbia, Lezoto, Níger, Togo, África do Sul,
etc.)
ACTIVIDADES PRODUTIVAS

• Agricultura
• Comércio
• Caça
• Pesca
• Aartesanato (Olaria, cestaria, tecelagem,
metalurgia, etc.).
MIGRAÇÃO BANTU EM ANGOLA

• Os Bantu de Angola são classificados como pertencentes


ao grupo ocidental e uma pequena vaga meridional.

• Os Bantu de Angola constiturm um grupo


demograficamente importante cuja distribuição
territorial abrange a totalidade de Angola.

• Do ponto de vista sociolinguístico, Angola é uma


sociedade homogénea como resultado de vários
movimentos migratórios.
HISTORIADORES APONTAM HIPÓTESES

• Sustentam que o processo de fixação das migrações


Bantu em Angola ocorreu até ao século X, ocorrendo a
formação de grupos étnicos e a consequente formação
dos reinos.
• Provavelmente as autonomias só ficaram definidas no
século XIII e completou-se no século XIX.
• De acordo com Afrontamento (1965), os primeiros povos
a emigrarem foram os bakongos no século XIII e
formação no século XIV o Reino do Congo.
• Seguiu-se os Va-Nyaneka (séc. XVI), Nganguela (séc.
XVII), Ovambo e Cokwe (séc. XVIII), e os Ovankwangali
(séc. XIX).
• Segundo José Redinha e Mesquitela Lima, cada um
destes grupos se subdividem em vários subgrupos:
BAKONGO

• Expressão que anuncia Tsikongo ou terra dos


caçadores, língua Kikongo.
• Vivem principalmente no noroeste e norte de
Angola, mais precisamente nas províncias: Zaire,
Luanda, Uíge, Cabinda, Bengo, nas Repúblicas
Democráticas do Congo.
• São o terceiro maior grupo étnico com 13,5% da
população em Angola.
• Em meados do século XIII, ocupavam o vale do rio
Congo e formaram o reino do Kongo no século XIV
que até à chegada dos portugueses, no final do
século XV, era um reino forte e unificado, a capital
inicial Kumba Ngundy depois passou para M´banza
Kongo, ficava na actual província do Zaire.
• Subgrupos étnicos Bakongo:
• Bavill, Balombe, Bakongo, Baoyo, Basolongo,
Baxilongo, Basoso, Bezombo e Bayaka.

• Actividades económicas:
• Agricultura, comércio, indústria têxtil.

• Os Bakongo demonstram uma grande


inclinação ao misticismo, criação de
instituições religiosas, artesanatos (Olaria,
tecelagem, etc.) e guerra.
AMBUNDO (KIMBUNDO)
• São falantes da língua Kimbundo, instalaram-se ao
longo dos séculos XII-XIII, terão sido vassalos dos
Bakongos, daí a sua origem Bakongo.
• Estão repartidos numa grande extensão na faixa
atlântica, excedendo para leste e transpondo para
Sul o médio Kwanza, que envolve as províncias de
Luanda, Bengo, Kwanza Norte, Malange e partes do
Kuanza Sul.
• Subgrupos: Muhaku, Mungoya, Akwa-Lubolo, Akwa
Ngola, Imbundu, Bahalo, Hali, Muxinji, Tumungo e
Besongo.
• São o segundo maior grupo em Angola com 26% da
população.
LUNDA TCHOKWÉ, LUVALE E BÂNGALA
• Também conhecido como os Balundas ou povos Lunda,
que edificaram o Império Lunda (1665-1887).
• Muatiãnvua dos Tambungu é uma confederação africana
pré-colonial de Estados, onde são hoje a RDC, o nordeste
de Angola e o noroeste da Zâmbia.
• Seu Estado central ficava no actual Congo Kinshansa.
• Em Angola estão localizados numa vasta zona a nordeste
que envolve as províncias: Lundas norte e sul, Malanje
Moxico, Kuando Kubango, ainda no Congo Kinshansa e
Zâmbia, língua Kokwe.
• Actividades: agricultura caça, comércio, escultura de
madeira com representação significativa na arte
tradicional.
• As migrações Bantu prolongaram-se até o século XIX altura
em que a colonização impediu a expansão por meio de
controlo militar as deslocações.
OVIMBUNDU (OCIMBUNDU)
• Constituem o maior grupo etnolinguístico de Angola com
32% da população.
• Ocupam a zona centro e ocidental do país a região que
compreende: Huambo, norte da Huila (municípios de
Caconda, Caluquembe e na própria cidade do Lubango,
cuja população é maioritariamente Ovimbundu), Bié,
Kuanza Sul, Moxico, Kuando-Kubango e Benguela.
• Ombundu: localizáveis na faixa do nevoeiro (zona
montanhosa).
• A origem dos Ovimbundu é de acordo com historiadores,
resultado dos preconceitos migratórios Bantu. No entanto,
as hipóteses a cerca das suas origens são várias e nem
sempre consensuais.
NGANGUELA
• Ganguela ou Nganguela, desde os tempos coloniais seu
nome é usado para designar, não apenas esta etnia, mas
um conjunto de povos que vivem no Leste e Sudeste de
Angola. Localizáveis: Kuando Kubango, Moxico, Bié,
Huambo, Malanje, Cunene e Zâmbia. Subgrupos: Mbunda,
Luvale, Lwena, Lutchaze, Lwimbi, Camachi, etc.
• Passaram a ser conhecidos pelos europeus já no séc. XVII,
por um duplo envolvimento nas redes comerciais
desenvolvida: tráfico de escravos a partir de Luanda e
Benguela; e comércio das caravanas organizado pelos
Ovimbundu nos séculos XIX-XX, onde entraram como
fornecedores de cera, mel, marfim e outros bens
negociavam.
• Actividades: agricultura, criação de gado, recolecção (mel
e cera), artes em obras de cerâmica e máscaras.
HELELO (HERERO)
• Hererós ou Ovahelelo - Termo que deriva de Ocuela, são povos
Bantu vindos da região dos grandes lagos, habitam a Namíbia,
Botswana e Angola.
• Em Angola, os povos considerados Hereros, ou aparentados aos
Hereros, são os Kuvale (Vakuvale), também designados por
Mucubais, Himba, Dimba e os Vandombe.
• Residem no sudoeste de Angola nas províncias de Benguela,
Huila, Namibe e Cunene.
• Sociedade matriarcal em que os homens possuem autoridade
mas a herança transmite-se na linhagem materna.
• São excelentes cavaleiros, Caçadores
• Comunidades governadas por um chefe hereditário.
• Povos pastores semi-nómadas.
NYANEKA –KHUMBI
• O termo Nhaneca-Humbe (ortografia internacional
Nyaneka-Nkhumbi) é utilizado para designar um conjunto
de etnias agropastoras do Sudoeste de Angola.
• Organizaram-se em reino no século XV-XVII, estado
Matamã, divididos após a invasão imbangala em Huíla e
Humbe.
• Subgrupos: Quipungo, Cheu, Gambue, Mupa, Chilengue,
Mussu e Mumbi

• Localizáveis no Cunene e Huíla. Fixaram-se no planalto da


Umpata e territórios do curso médio do rio Cunene.

• Estas etnias combinam a criação de gado bovino com uma


agricultura geralmente destinada à auto-subsistência do
que à comercialização Cada etnia tem sua identidade social
e suas características culturais e linguísticas próprias.
AMBÓ (OVAMBO)
• Owambo ou Ambó, designa povos de origem Bantu vindos do
sul de África, fixando-se nas regiões férteis e planas do norte da
Namíbia e sul de Angola particularmente na província do
Cunene.
• O termo Ovambo foi introduzido pelos Herero para designar as
populações que viviam nas regiões onde afluíam avestruzes, o
que significa avestruz ou pessoas que convivem com avestruzes.
• São agricultores e criadores de gado bovino.
• Subgrupos são: Kwanyama, Kwamatu, Ndombondola, Evale e
os Kafima.
• Este grupo étnico comporta outros subgrupos na Namíbia:
Ondonga (Ndonga), Kwanyama (Ukuayama), Kwambi
(Ukuambi), Ngandjera (Ongaqndjera), Kwaluudhi (Ukualuthi),
Mbalantu (Ombalantu), Onkolonkathi (Kolonkadhi), Mbadja e
Eunda, sendo a maior etnia do país com quase 50% da
população total, cerca de 1 milhão de pessoas.
OSHINDONGA

• Ou Xindonga, localizam-se na parte sul do Kuando


Kubango, nas chamadas terras das folhas verdes ou
terras do fim do mundo, hoje terras do progresso.

• São cinco grupos cujos os nomes são: Vakwangali,
Vandundo, Vakuso (Mambukuso), Vanyengo e
Ovandiliku.

• Segundo José Quipungo, este grupo são


descententes do cruzamento dos Ovambo com
outros povos.
OVANKUVANGARI (OVAKWANGALI)

• Estes povos instalaram-se em Angola no século


XIX, também chamados por Kuangares, vieram do
Orange, na Africa do Sul, em 1840, chefiados por
Sebituame e foram-se fixando primeiro no alto
Zambeze, e eram conhecidos por Makokolos.

• Do alto Zambeze alguns passaram para o Kwangar


no extremo Sudoeste angolano, onde estão hoje,
entre os rios Kubango e Kuando
Molossande

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