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De acordo com Knafou e Stock (2003, p. 932), o turismo nasceu na Europa Ocidental da
Revolução Industrial, de uma dupla filiação: do “veraneio aristocrático” e da prática,
também aristocrática, do “tour” (ou Grand Tour, a “volta”), um tipo de percurso
“iniciático” pelo continente europeu, rapidamente codificado por guias de viagem.
https://educated-traveller.com/2017/11/23/history-of-the-grand-tour/
Nos séculos 18 e 19 era comum, para famílias britânicas
ricas, enviar seu filho e herdeiro em uma viagem pela
Europa Continental. Grand Tour – historic map showing a possible route from England through
France across the Alps and down into Italy (marked in red).
Uma viagem planejada para apresentar arte, história e
cultura da Itália ao jovem herdeiro.
O sistema educacional britânico baseava-se na literatura e
na filosofia latina e grega, ou seja, uma pessoa “educada”
aprendia os clássicos desde muito cedo.
Embora os Grandes Turistas originais fossem em sua
maioria homens, algumas famílias enviaram suas filhas
para "o continente" também.
As famílias aristocráticas viam esta viagem à Europa como
uma oportunidade para completar sua educação.
A viagem ficou conhecida como 'Grand Tour’.
Os jovens cavalheiros e algumas senhoritas eram
frequentemente acompanhados por um "guia erudito",
uma pessoa que poderia atuar como tutor e
acompanhante.
Esses guias, geralmente altamente educados, eram
conhecidos em italiano como ' cicerone' e era seu trabalho
explicar a história, arte e literatura da Itália aos seus
jovens pupilos.
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“Caminhante Sobre o Mar de Névoa”
de Caspar David Friedrich - 1818
A IMPORTÂNCIA DO GRAND TOUR PARA A DIFUSÃO DO TURISMO
A pintura encarna a essência dos princípios da estética romântica de paisagem, mostrando uma figura solitária
confrontando a natureza em reverência. Em primeiro plano vemos a silhueta escura de um promontório rochoso,
onde um viajante olha sobre denso nevoeiro e pináculos de rocha do vale, para as montanhas e picos distantes. O
trecho cênico é dominado pelo espaço profundo de uma vista, levando-nos a querer saber o que está além.
https://www.arteeblog.com/2016/06/analise-de-caminhante-sobre-o-mar-de.html
AS DESCRIÇÕES DOS LUGARES POR “GRANDTURISTAS”
Goethe, que também realizou uma viagem à Itália, entre 1786 e 1788, em uma
carta escrita em Roma, três meses depois de ter iniciado sua jornada, declara:
“Nada há, de fato, que se compare à nova vida que a contemplação de uma terra
estranha descortina ao homem afeito à reflexão. Embora eu siga sendo sempre a
mesma pessoa, creio ter mudado até os ossos” (Goethe, 1999, p. 173).
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RAÍZES PRÉ-INDUSTRIAIS DO TURISMO
De acordo com Gemini (2008, p. 44), até o último quartel do século 19, os
turistas eram os proprietários de terra e os capitalistas, que seguiam o modelo
do século 18, ou seja, viagens com disponibilidade praticamente ilimitada de
tempo, como fazia a aristocracia.
https://www.abebooks.fr/
Referências bibliográficas
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KNAFOU, Rémy; STOCK, Mathis. Tourisme. Dictionnaire de la Géographie et de l’espace des sociétes. LÉVY, Jacques;
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MOESCH, Marutschka. A produção do saber turístico. SP, São Paulo, Contexto, 2000.
THOMAS, Keith. O homem e o mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais (1500-
1800). Tradução de João Roberto Martins Filho. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 1988. 454 p.