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Outros aglomerantes –

Aula 5
Cal
Cal
A cal é um produto obtido pela
calcinação (queima) de rochas
calcárias. As rochas calcárias
podem ser: Calcário, do latim “calcarius” … “o
contém cal”
 
 Calcíticas (CaCO3) : possuem alto teor de
MgO < 4%
carbonato de cálcio. 

 Dolomíticas (CaMg(CO3)2) : possuem carbonato


de cálcio e carbonato de magnésio. 4% < MgO < 18%

 Magnesianas : Maior teor de magnésio (acima de


18%) MgO > 18%
Calcário
Os calcários são, na verdade,
fósseis marinhos. Essas rochas se
formam a partir da precipitação
de carbonatos que são liberados Calcário, do latim “calcarius” … “o
contém cal”
na água do mar pela destruição
de conchas de praia. Isso significa
que onde existe calcário há
muitos milhões de anos já existiu
mar!
As rochas carbonáticas se
dissolvem com facilidade pela
água de chuva. Onde há
caverna...há calcário! Estalactites – formações calcárias

 
Fabricação da cal
A rocha calcária é extraída das jazidas (pedreiras) com o
uso de explosivos. O material extraído é britado e
posteriormente fragmentado até atingir ~30 mm.

Para a obtenção da cal virgem, o calcário é introduzido


em fornos de calcinação que atingem temperaturas de ~
900-1000 °C. A esta temperatura o calcário perde o
carbonato, de acordo com a seguinte reação:

CaCO3 + calor CaO + CO2

100 g/mol 56 g/mol 44 g/mol


Utilização da cal
Argamassas, pintura (de baixa
Construção civil qualidade)

- Siderúrgica  obtenção do ferro


Outras indústrias gusa
-Indústria cerâmica
- Farmacêutica  agente
branqueador ou desodorizador
- Correção de solos e tratamento
de águas
- Indústria de tintas (pigmentos)
Cal na contrução civil
A cal virgem não pode ser utilizada diretamente nas
argamassas necessitando uma prévia hidratação.

CaO (virgem) + H2O Ca(OH)2


No passado, essa hidratação era feita na obra (extinção da
cal) em tanques, durante o período de vários dias. Hoje já
se compra as cales hidratadas em pó.
Nas indústrias, ao término do processo de hidratação são
instalados equipamento aero-separadores que captam as
partículas nas dimensões previamente definidas pelo
fabricante. Logo, a cal hidratada passa por um processo
de moagem e separação até atingir a granulometria
adequada.
Edurecimento da cal
A cal é considerado um aglomerante aéreo (reage com o
ar), processo conhecido como re-carbonatação, conforme
reação a seguir:

Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O

Como se pode observar, nessa reação a cal tende a voltar


ao seu estado original que é a “pedra” calcária solidificada
e consistente, representando um dos aspectos positivos
da utilização da cal hidratada nas argamassas.
Argamassas de cal
Numa argamassa, para que os grãos de areia fiquem unidos
entre si é necessário que o aglomerante esteja na
quantidade suficiente. Obtém-se então uma argamassa
com consistência plástica, com boa mobilidade e “liga”
(aderência). Esta característica comum às argamassas de
revestimento e assentamento é conhecida como
“incorporação de areia”. A cal é considerada um excelente
incorporador de areia.

No caso do cimento o poder de incorporação de areia não


chega a 3, ou seja um determinado volume de cimento
envolve cerca de 3 vezes o volume de areia. Em cales de boa
qualidade este valor supera 4,5 vezes.
Argamassas de cal
Como já foi dito o cimento é um aglomerante hidráulico
portanto necessita de água para reagir. Nas argamassas
mistas a cal adsorve água e durante a fase de
endurecimento cede essa água para o cimento, auxiliando-
o na hidratação de um maior número de partículas.

 
Argamassas de assentamento
Argamassas de assentamento
RESISTÊNCIA INICIAL

RESISTÊNCIA FINAL

RETRAÇÃO

CIMENTO CAL
Argamassas de assentamento
TRABALHABILIDADE

ELASTICIDADE

RETENÇÃO DE ÁGUA

CIMENTO CAL
Cal – exigências químicas
É importante destacar que a cal hidratada pode ser
classificada em três tipos: CH I, CH II e CH III. Todos os
tipos têm que ser submetidos aos mesmos ensaios mas as
exigências de resultados melhores para a cal CH I são
maiores do que para a CH II, que exigem mais do que para
a CH III. Isto significa que se o consumidor quiser uma cal
mais "pura" ele deve adquirir uma CH I, já que para ser
definida desta maneira, seus resultados obedecem a
limites acima dos exigidos para a CH III. O tipo CH II seria
o meio termo.
CH-I - Cal hidratada especial
CH-II – Cal hidratada comum
CH-III – Cal hidratada comum com carbonato
Cal – exigências químicas

CH-I - Cal hidratada especial


CH-II – Cal hidratada comum
CH-III – Cal hidratada comum com carbonato
Cal – exigências físicas
NBR 7175/92
Gesso
Gesso - Histórico
O gesso é o mais antigo aglomerante de que se tem notícia, já
encontrado em construções nas pirâmides do Egito, cerca de 5000 mil
anos e na Síria e Turquia, há mais de 8000 anos.

Suas técnicas de calcinação e suas propriedades hidráulicas já eram


amplamente conhecidas pelos egípcios, o que permite inferir que o
material era utilizado por civilizações até anteriores a esta.

Seu emprego: confecção de objetos decorativos (estátuas),


revestimentos de paredes (argamassas e pastas que serviram de base para
afrescos)
Gesso – Histórico
Por volta do ano de 1755, na França, o gesso teve sua natureza química
interpretada e a partir daquele ano ocorreu um aumento gradual de sua
utilização. Surge a denominação comercial de gesso de Paris ("Plaster of
Paris"), uma vez que foi na região parisiense que teve inicio a exploração
sistemática de um grande depósito de gipsita.

Nos EUA a calcinação da gipsita para emprego na construção civil


começou em 1835, mas esta aplicação só se desenvolveu por volta de 1885,
com a descoberta de um método comercial para retardar o tempo de pega
do gesso.
Gesso – Histórico
O desenvolvimento do cimento Porltand propiciou o aumento da
extração da gipsita. O mercado de cimento ainda é o maior consumidor
deste material, que é usado na proporção de 2% a 5% na fabricação de
cimento.
Gesso – Definição
O gesso é o produto obtido pela desidratação parcial ou total da gipsita
(CaSO4 . 2H2O ) – sulfato de cálcio di-hidratado.
Desidratação da gipsita
O gesso estuque é
obtido através do
beneficiamento do gesso a
temperaturas de 120ºC a
180ºC, sendo assim
definido como um
hemidrato ou anidrita III.

Este é também chamado


de gesso Paris e é muito
aplicado na construção
civil, sobretudo para
fabricação de artefatos de
gesso.
Desidratação da gipsita
Na temperatura de
300°C a 600°C pode-se
obter o gesso com
endurecimento mais
lento, comumente
utilizado na execução de
reboco simples, que pode
substituir a cal aérea na
produção de argamassas
de revestimento.
Os gessos para rebocos
são uma mistura de 30%
anidrita + 70%
hemihidrato.
Desidratação da gipsita
De 600°C - 900°C obtem-se
um produto inerte e que não
apresenta o fenômeno da
pega.

Entre 1000°C-1200°C,
forma-se um gesso anidro
com estrutura cristalina
diferente e os cristais
apresentam maior tamanho,
tendo uma área específica
menor, exigindo
conseqüentemente, menos
água. Esse gesso é chamado
de gesso hidráulico é um
aglomerante de maior
resistência
Hidratação e pega do gesso
CaSO4.0,5H2O + 1,5 H2O  CaSO4.2H2O + CALOR
A hidratação do gesso
ocorre a partir do momento
que o gesso entra em contato
com a água. Este dissolve-se e
forma uma solução
supersaturada de íons SO42-
e Ca2+, ocorrendo a reação
química exotérmica,
formando assim, os cristais
de di-hidrato.

Os cristais di-hidratados crescem em forma de agulhas entrelaçadas. Com o


entrelaçamento dos cristais que precipitaram da solução saturada, começa o
endurecimento da pasta e esta passa a ganhar resistência mecânica.
Devido ao crescimento de cristais aciculares (agulha), é fácil perceber que a reação
de hidratação do gesso é expansiva (aumenta de volume).
Fatores que influenciam a pega:
Maior temperatura ou tempo
Temperatura e tempo
maior gera material com pega
de calcinação
mais lenta, porém mais
(desidratação)
resistente

O aumento da área específica o


torna mais reativo, diminui a
Finura
pega
(e demanda de água)

Quanto maior a quantidade de


água, maior o tempo
Água de amassamento necessário para saturar a
solução (e maior a pega). O
teor ótimo é de 18,6%
Fatores que influenciam a pega:
Aceleram a pega por atuarem
Presença de impurezas
como núcleos de cristalização

Retardam ou aceleram a pega,


Aditivos dependendo do agente
químico

O início de pega do gesso se processa entre 2 a 3 minutos e termina 15 a 20 minutos


depois do amassamento.

Com água quente o tempo total de pega se reduz a 2 minutos. O gesso dos
dentistas é amassado sempre com água quente.
Propriedades
Depois de endurecidas:

 Tração: entre 0,7 – 3,5 MPa


 Compressão: entre 5,0 – 15 MPa
Resistência mecânica

Assim como no cimento, as


propriedades mecânicas são
proporcionais à relação
água/aglomerante (água/gesso)

Boa aderência ao tijolo, ferro


(apesar de apresentar corrosão), Aderência
concreto. Má aderência à madeira.
Propriedades Materiais Isolantes: k = 0,035 – 0,16
Concreto: k ~1,7
Concreto leve: k ~0,4

A condutividade térmica (k) do gesso pode


variar com a sua densidade, e uma placa de
gesso possui k~ 0,17 W/m.K. Se comparado a Isolamento térmico
outros materiais de construção, pode ser
considerado um ótimo isolante térmico.

Excelente isolante acústico. A dissipação


de energia sonora processa-se,
Isolamento Acústico principalmente, pelo atrito gerado pela
passagem do ar através dos poros do
material absorvente, o qual deve ser leve,
poroso e de baixa densidade.
Propriedades
Pode-se dizer que o gesso é um dos
materiais de construção com melhor
resistência a deterioração pela ação do
Resistência ao fogo fogo.

O bom desempenho do gesso contra a


ação do fogo deve-se, sobretudo, ao fato
de tratar-se de um material mineral,
incombustível, e que apresenta duas
reações endotérmicas de desidratação
durante seu processo de queima.

Desta forma, o calor gerado pela elevação da temperatura durante um


incêndio é inicialmente consumido pela evaporação das moléculas de
água, o que retarda o aquecimento e, conseqüentemente, os danos à
vedação.
Mercado
Aplicação do gesso Brasileiro (2004)
55% placas e
Em termos gerais, a fraca resistência revestimentos

mecânica dos produtos à base de 43% para indústria


gesso, (comparado com o concreto e cimenteira

outros materiais cimentícios), e a


sensibilidade à umidade fazem com 2% fins medicinais

que a utilização desse na construção


se limite ao acabamento de paredes e
tetos, bem como na fabricação de
artefatos para vedação de interiores.
Gesso na
indústria
cimenteira
A gipsita é adicionada ao cimento Portland na
etapa de moagem do clínquer para evitar a
pega instantânea do C3A (aluminato tricálcico)
durante a hidratação do cimento, ou seja, a
gipsita é responsável pela trabalhabilidade dos
materiais confeccionados à base de cimento.
Gesso como revestimento
O gesso apresenta propriedades
Aderência
extremamente atraentes para o
uso como revestimento. Cabe
lembrar que sua aplicação em
ambientes externos não é Endurecimento
recomendada, devido a sua alta rápido
solubilidade na presença de água.

Excelente
acabamento
Gesso como revestimento

Como revestimento, o consumo é de 1 kg/m2 (para espessuras


de 1 mm).
O Gesso para revestimento pode ser aplicado em paredes e
tetos de concreto, alvenaria de blocos de concreto, tijolos
cerâmicos, concreto celular ou pré-moldados em gesso.
Gesso acartonado
Processo industrial de
fabricação de placas de
gesso envolvidas por um
papel resistente (tipo
cartolina)

As placas são fixadas em


painéis verticais metálicos
ou de madeira,
acompanhados ou não de
outro revestimento termo-
acústico (ex. lã de vidro)
Gesso acartonado
Processo industrial permite reciclagem de
aproximadamente 5% do refugo.
Gesso acartonado - Produção
Gesso acartonado - Produção
Gesso acartonado - Produção
Gesso acartonado - Produção
Gesso acartonado - Produção
Gesso acartonado - Produção
Gesso acartonado - Produção
Gesso acartonado - Produção

Placa padrão – 12 mm
Gesso acartonado - Instalação

Perfis metálicos

Lã de vidro = isolante térmico e acústico


Gesso acartonado - Instalação

Fita para
reforço e
massa de
gesso
para
emendas

Perfis metálicos com instalações

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