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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO II

AULA 07
MARA RÉGIA FALCÃO VIANA ALVES
Cimento
AGLOMERANTES INORGÂNICOS

 Origem mineral.
Cal
 Apresenta-se sob forma pulverulenta.
 Na presença de água forma uma pasta com
propriedades aglutinantes.
 São compostos químicos formados, em geral, por
processos inorgânicos, o qual tem uma composição
química definida e ocorre naturalmente na crosta
terrestre.
CAL
 É o produto que se obtém com a calcinação, à
temperatura elevada, de pedras calcárias.
 A existência de fundações de cal na Turquia
oriental demonstra que ela já era utilizada há
14.000 anos.

Pedra Calcárea
CAL
 É o produto resultante da calcinação (queima) de
rochas calcárias (CaCO3), em fornos especiais com
temperatura entre 900°C e 1100°C.
 Pode ser obtido também da rocha magnesiana
dolomita CaMg(CO3)2 .
 As propriedades das cais (cales) dependem do teor de
argila presente na rocha e do seu processamento.
 A cal é um ligante mineral que se divide em duas
categorias: cal aérea ou hidratada e cal hidráulica.
CALCINAÇÃO DA CAL
 A calcinação do calcário se processa em temperatura
acima de 850 ºC e abaixo de 1200 ºC.
 Ocorre de várias formas, em fornos de campanha, em
fornos intermitentes, em fornos contínuos verticais,
entre outras.
 A queima do calcário puro dá origem ao óxido de
cálcio, que constitui a cal aérea;
 A queima do calcário margoso (com teor de argila
superior a 8%), dá origem as cales mais ou menos
hidráulicas, conforme o teor de argilas, e também aos
cimentos naturais.
CAL VIVA OU VIRGEM
 A partir da "queima" da pedra calcária em fornos,
obtemos a "cal viva" ou "cal virgem".
 Esta não tem aplicação direta em construções,
sendo necessário antes de usá-la, fazer a "extinção"
ou "hidratação" pelo menos com 48 horas de
antecedência.

900 ºC
CaCO3 CaO + CO2
100% 56% 44%
EXTINÇÃO DA CAL
 A hidratação ou extinção da cal consiste em
adicionar dois ou três volumes de água para cada
volume de cal.
 Há forte desprendimento de calor e após certo
tempo as pedras se esfarelam transformando-se em
pasta branca, a que se dá o nome de "CAL
HIDRATADA“.

CaO + H2O Ca(OH)2 + Calor


CALCINAÇÃO DO CALCÁRIO

Pedras de calcário,
sem calcinação.
Pedras calcinadas.
Cal virgem ou viva.
Cal fina, moída ,
extinta ou hidratada.
CAL AÉREA OU HIDRATADA
 A cal aérea possui maior teor de cálcio e menor teor de
impurezas.
 É um ligante que consiste majoritariamente em óxido
de cálcio ou hidróxido de cálcio.
 Quando misturado com água, seca e endurece
lentamente por ação da absorção do dióxido de
carbono do ar, obtendo ao longo do tempo mais
resistência.
 O endurecimento (fazer presa) da argamassa de cal
aérea não é possível dentro de água.
CAL HIDRATADA
 É nesta forma que tem sua aplicação em
construções, sendo utilizada em argamassas na
presença ou não de cimento para assentamento de
tijolos ou para revestimentos.
 Normas ABNT
 ABNT NBR 7175:2003 - Cal hidratada para argamassas -
Requisitos
 ABNT NBR 6.473/2003 - Cal virgem e cal hidratada -
Análise química
 ABNT NBR 6471:1998 - Cal virgem e cal hidratada -
Retirada e preparação de amostra - Procedimento
CLASSIFICAÇÃO DA CAL HIDRATADA
1. Quanto à composição química:

 Cal Cálcica – teor de MgO < 20%


 Cal Magnesiana – teor de MgO > 20%

Em ambos os casos, a soma de CaO e MgO deve ser


maior que 95% e os componentes argilosos como a
SiO2 (sílica), Al2O3 (alumina) e Fe2O3 (óxido de
ferro) somam no máximo 5%.
CLASSIFICAÇÃO DA CAL HIDRATADA
2) Quanto ao rendimento da pasta:
 Cal gorda – Derivam de calcário quase puro com teores
de carbono não inferiores a 99% e são brancas. São
plásticas e macias. São necessários menos de 550 kg de
cal virgem para produzir 1 m3 de pasta, ou seja, 1 m3 de cal
produz mais de 1,82 m3 de pasta.

 Cal magra – Derivam de calcário com teores de argilas e


impurezas entre 1 e 5%. São menos macias e acinzentadas.
São necessários mais de 550 kg de cal virgem para produzir
1 m3 de pasta, ou seja, 1 m3 de cal produz menos de 1,82 m3
de pasta .
PROPRIEDADES DA CAL HIDRATADA
 Cor branca.

 Plástica (fácil de espalhar).

 Retração (sujeita a trincas).

 Endurecimento lento, com o tempo, pela ação do


CO2. Aplicar em camadas.

 Aumenta de 2 a 3 vezes de volume com a extinção.


UTILIZAÇÃO DA CAL HIDRATADA
 Preparo de tintas;
 Tratamento de água;
 Adição em pavimentos betuminosos;
 Argamassa simples e mista em alvenarias e
revestimentos;
 Correção de acidez do solo (agricultura);
 Na indústria química, indústria cerâmica,
indústria siderúrgica e indústria alimentícia.
CAL HIDRÁULICA
 Aglomerante obtido pela calcinação de rochas calcárias,
que natural ou artificialmente, contenham quantidade
apreciável de materiais argilosos (8 a 20%).
 Tem a propriedade de endurecer tanto na água quanto
no ar.
 A produção da cal hidráulica consiste da fragmentação
da rocha calcária seguida da calcinação e da hidratação.
CAL HIDRÁULICA
 A cal hidráulica pode ser classificada como um
produto intermediário entre a cal virgem e o cimento
Portland.

 As propriedades hidráulicas resultam da presença de


silicatos e aluminatos junto à cal.

 O processo de endurecimento (fazer presa) ocorre


tanto pela absorção da água como pela incorporação de
CO² da atmosfera.
CAL HIDRÁULICA
 A cal hidráulica pode endurecer (fazer presa) tanto ao ar
como dentro de água.

 A cal hidráulica endurece devido ao processo de


hidratação que acontece quando é misturada com água.

 Adicionalmente, depois de seca, o processo de presa


complementa-se através da fixação de CO2 do ar.

 A pedra artificial formada como resultado deste


processo é durável mesmo em contacto com água.
CAL HIDRÁULICA
 A cal hidráulica pode classificar-se em artificial e em
natural.

 A cal hidráulica artificial é produzida através da mistura


de vários materiais (cimento, diferentes polímeros,
argilas, margas, etc).

 A cal hidráulica natural é produzida a partir de pedras


com “impurezas” argilosas que contêm naturalmente
calcário, argilas e sílicas e são cozidas (temperatura
inferior a 1250 °C), extintas e depois moídas até pó.
EXTINÇÃO DA CAL HIDRÁULICA
 Depois do cozimento, as pedras são umedecidas para a
extinção (hidratação), com uma temperatura
controlada na faixa de 150º C

 O controle da extinção é bastante rigoroso caso


contrário, a água em excesso combina-se com os
silicatos e aluminatos.

https://www.youtube.com/watch?v=R-sbxx9LECE
https://www.youtube.com/watch?v=06AINuok8Ng
UTILIZAÇÃO DA CAL HIDRÁULICA
 Indicada para utilização em argamassas de
assentamento e reboco grosso.
 Sua utilização em argamassas reduz a quantidade de
cimento necessária, reduzindo o custo da argamassa.
 Seu uso proporciona ótima trabalhabilidade e maior
rendimento.
 Estabilização de solos argilosos.
 Uso artesanal (Tadelakt – reboco marroquino)
 Restauração de prédios históricos.
Tadelakt
reboco marroquino
CLASSIFICAÇÃO DA CAL
 Grau de Hidraulicidade < 0,1 Cal Aérea Tempo de
Endurecimento > 30 dias;
 Grau de Hidraulicidade de 0,1 a 0,15 Cal Fracamente
Hidráulica Tempo Endurecimento de 15 a 30 dias;
 Grau de Hidraulicidade de 0,15 a 0,30 Cal Medianamente
Hidráulica Tempo Endurecimento de 10 a 15 dias;
 Grau de Hidraulicidade de 0,30 a 0,40 Cal Hidráulica
Tempo Endurecimento de 5 a 10 dias;
 Grau de Hidraulicidade de 0,40 a 0,50 Cal
Eminentemente Hidráulica Tempo Endurecimento de 2 a 4
dias.

%SiO2  % Al2O3  %Fe2O3


Sendo o grau de Hidraulicidade 
%CaO
A cal retarda o As argamassas de cal
aparecimento de bolores e regulam o teor de umidade
fungos funcionando como dos compartimentos
agente fungicida. interiores.

https://www.youtube.com/watch?v=2PjgmKh1yU0
EXERCÍCIO

Qual o tipo de cal que devemos


usar quando preparamos uma
argamassa?
GESSO
 Encontrado sob as formas de gipsita (CaSO4.2H2O),
hemidrato ou bassanita (CaSO4.0,5H2O) e anidrita
(CaSO4).
 Obtido a partir da desidratação total ou parcial das
mesmas.
 A gipsita pode ser utilizada na forma natural ou
calcinada.
 A forma natural é bastante usada na agricultura e na
indústria de cimento.
 A forma calcinada, conhecida como gesso, encontra
várias utilizações na construção civil, como material
ortopédico ou dental etc.
GESSO  A denominação gipsita é mais
adequada ao mineral em estado
natural, enquanto gesso é o termo
mais apropriado para designar o
produto calcinado.
 A Gipsita natural é calcinada
(queimada) em diferentes
temperaturas dependendo do uso
pretendido.
 Gesso é um material branco fino
que em contato com a água se
hidrata, formando um produto não
hidráulico e rijo.
GIPSITA
GIPSITA
 A gipsita é o tipo estrutural de gesso mais consumido na indústria
cimenteira, encontra-se no estado natural em grandes jazidas
sedimentares, geologicamente denominadas de evaporitos. As
principais jazidas economicamente exploradas encontram-se:

 na Serra de Araripina, em região confrontante dos estados do

Ceará, Pernanbuco e Piauí;

 na região de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte; e

 nas regiões de Codó, Balsas e Carolina, no Estado do

Maranhão.
https://www.youtube.com/watch?v=U5bqxseokYY
LAVRA DA GIPSITA

Frente de lavra de gipsita da Mineração Campo Belo em


Araripina-PE.
PEGA
 O processo de pega do gesso inicia com 2 a 3 minutos após a
mistura com a água e termina 15 a 20 minutos após. Esse processo
ocorre com liberação de calor (processo exotérmico).

 O processo de ganho de resistência do gesso pode durar semanas e


é influenciado por:
 tempo e temperatura de calcinação da gipsita;

 finura do gesso;

 quantidade de água de amassamento (água utilizada na mistura);

 presença de impurezas.
PROPRIEDADES DO GESSO
1. Elevada plasticidade da pasta;
2. Pega e endurecimento rápidos;
3. Finura equivalente ao cimento;
4. Pequena retração na secagem;
5. Estabilidade volumétrica;
6. Leveza do material;
7. Baixa resistência em presença de água;
8. Excelente isolante térmico e acústico natural.
RESISTENCIA À UMIDADE
 Atualmente, existem placas Resistentes à Umidade
(RU), produzidas especialmente para utilização em
áreas molhadas.
 Possuem na composição do gesso, aditivos especiais
que as tornam mais resistentes aos vapores e aos
fungos resultantes da ação da umidade.
 Para as áreas constantemente molhadas (ex. Box de
chuveiros) é indispensável a impermeabilização.
A propriedade de absorver e liberar umidade ao
ambiente confere aos revestimentos em gesso um
elevado poder de equilíbrio higroscópico, além
de funcionar como inibidor de propagação de
chamas, liberando moléculas d’água quando em
contato com o fogo.
FORMA NATURAL
 A forma natural da gipsita é amplamente utilizada na
fabricação de cimento Portland e na agricultura.
 Na indústria cimenteira, a gipsita é adicionada ao
clínquer durante a moagem, na proporção de 2 a 5%,
para retardar o tempo de pega do cimento.
 Na agricultura, a gipsita pode atuar como:
 agente corretivo de solos ácidos, como fonte de cálcio;
 como fertilizante em culturas específicas como
amendoim, batatas, legumes e algodão e
 como condicionador de solos, aumentando a
permeabilidade, a aeração, a drenagem, a penetração e
retenção da água (Velho et al., 1998).
FORMA HEMIDRATADA: GESSO
 A forma hemidratada (gesso) da gipsita é dividida em dois
grandes grupos: o gesso para construção civil e o gesso
industrial.
 O gesso empregado na construção civil é obtido a partir de um
minério com grau de pureza superior a 75% (Dominguez e
Santos, 2001).
 O gesso industrial é um produto de maior pureza e valor
agregado, podendo ser obtido a partir dos hemidratos α ou β,
dependendo da aplicação (Regueiro e Lombardero, 1997):
 A obtenção de cada uma dessas variedades de produto requer
condições específicas com relação ao tipo de gipsita, tipo de
forno, condições de calcinação e tratamento posterior.
GESSO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL
1. gesso de fundição utilizado para a confecção de pré-moldados
(fabricados simplesmente com gesso ou como placas de gesso
acartonado);
2. placas para rebaixamento de tetos;
3. blocos para paredes divisórias;
4. gesso para isolamento térmico e acústico (produto misturado com
vermiculita ou perlita);
5. gesso para portas corta fogo;
6. gesso de revestimento de aplicação manual, utilizado para paredes e
tetos;
7. gesso de projeção, para aplicação mecanizada de revestimento de
parede;
8. gesso com pega retardada, para aplicação de revestimento manual;
9. gesso cola, para rejunte de pré-moldados em gesso.
GESSO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL
 A utilização do gesso na construção civil é regulada
pela norma NBR – 13207:2017 - Gesso para Construção
Civil – Requisitos.

 “Material moído em forma de pó, obtido da calcinação


da gipsita, constituído predominantemente de sulfato
de cálcio, podendo conter aditivos controladores de
tempo de pega”. Definição da NBR 13207:2017.

 Uma tonelada de gipsita gera 0,8 toneladas de gesso.


GESSO PARA INDÚSTRIA
 Indústria Cerâmica;
 Indústria do vidro;
 Carga Mineral ou diluente na fabricação de papel, tintas, plásticos,
adesivos, madeira, têxteis e alimentos, etc;
 Indústria Farmacêutica;
 Decoração;
 Escolar (giz);
 Ortopédico;
 Dental;
 Bandagens de alta resistência;
 Indústria automobilística;
 Fabricação de fósforos;
 Fabricação de cerveja;
 Indústria eletrônica , etc.
GESSO SINTÉTICO OU FOSFOGESSO
 Gesso de origem química.

 As enormes proporções de rejeitos industriais da fabricação do


ácido fosfórico no Sul e Sudeste do país motivaram a
industrialização do fosfogesso ou gesso sintético, a partir de 1975.

 A reação química que permite a obtenção do ácido fosfórico a


partir da apatita (minério natural de fosfato) é observada a
seguir:

Ca3(PO4)2 + 3H2SO4 + 6H2O 2H3PO4 + 3(CaSO . 2H2O)


Apatita ác. Sulfúrico água Ác. Fosfórico gipsita
VANTAGENS DO GESSO
 Leveza: paredes, divisórias e peças de gesso são mais leves
do que peças feitas de outro material;
 Podem ser usadas em apartamentos sem alterar a estrutura.
 Facilidade de manuseio para execução de detalhes.
 Rapidez de aplicação.
 Recebe bem todos os tipos de pintura e acabamento.
 Por suas propriedades físico-químicas, o gesso é
considerado isolante térmico e acústico natural.
 Sua manutenção é simples: basta pano úmido e sabão de
coco.
VANTAGENS DO GESSO
 Não é inflamável. A grande quantidade de água contida no
gesso hidratado confere-lhe excelentes propriedades como
material de proteção passiva. Resiste até 120º C de
temperatura;
 É inodoro;
 Não agride a pele (tem uso biológico);
 Não forma fibras;
 Não libera poeira depois de instalado.
 Sem fissuras; os movimentos normais das estruturas são
absorvidos.
 As variações de temperatura e de umidade relativa do ar
não provocam variações dimensionais expressivas.
DESVANTAGENS DO GESSO
 Sujeira na instalação: O pó fino se espalha facilmente, o que às
vezes é preferível à sujeira provocada por cimento, pedra, cal e
água.
 O gesso comum não resiste à umidade.
 Devido a solubilidade dos produtos em gesso (1,8 g/l), a
utilização destes fica restrito a ambientes interiores e onde não
haja contato direto e constante com água ( áreas molhadas).
 Alto poder oxidante do gesso quando em contato com
componentes ferrosos;
 Alto poder expansivo das moléculas de etringita, formadas pela
associação do gesso com o cimento em fase de hidratação;
 Diminuição da resistência com o grau de umidade absorvida;
 Solubilidade e lixiviação com a percolação de água constante.
maraalves@fanese.edu.br

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