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Rochas Sedimentares

1.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ROCHAS SEDIMENTARES

Apesar da grande variedade de rochas sedimentares, é possível classificá-las em 3 grupos, consoante a


origem dos sedimentos. Estas podem ser detríticas, quimiogénicas e biogénicas.

Resumidamente, quando os detritos têm origem físico-química e resultam de fragmentos de rochas


preexistentes, estes irão originar rochas detríticas. Quando a origem dos sedimentos é química, sendo
estes substâncias dissolvidas na água, os sedimentos irão originar rochas quimiogénicas. Por fim,
quando os sedimentos têm origem biológica são substâncias químicas produzidas ou resultantes da
atividade dos seres vivos ou fragmentos das suas partes duras, originam rochas biogénicas.

ROCHAS SEDIMENTARES DETRÍTICAS

As rochas sedimentares detríticas são constituídas, essencialmente, por fragmentos de rochas


preexistentes resultantes da ação dos agentes de meteorização e erosão. Esses fragmentos são
sedimentos designados por detritos ou clastos. Para além desses detritos, estas rochas podem integrar
outros materiais, como restos de seres vivos ou minerais precipitados, que podem ser encontrados em
proporções mais reduzidas. Após diagénese, os sedimentos tornam-se agregados coerentes, formando
rochas sedimentares detríticas. Um dos principais critérios de classificação das rochas detríticas é o
tamanho dos clastos que as constituem.
Sedimentos ou rochas sedimentares detríticas não Rochas sedimentares detríticas consolidadas
consolidadas
cascalheiras de grão anguloso brecha
cascalheiras de grão arredondado conglomerado
areias arenito
siltes siltito
argilas argilito

BRECHAS E CONGLOMERADOS

Os detritos de dimensão superior a 2 mm têm a designação genérica de balastros. Estes sedimentos,


após consolidação, formam conglomerados e brechas. No caso da brecha, os balastros são angulosos,
que correspondem a um transporte muito reduzido. Já o conglomerado apresenta balastros
arredondados, uma vez que ocorre a abrasão durante o transporte mais longo. Este conjunto de rochas
é, normalmente mal calibrado, já que entre os detritos mais grosseiros se encontram outros de
menores dimensões.

ARENITOS

As areias são grupo de sedimentos cuja dimensão das partículas é menor da que os balastros. O
equivalente consolidado recebe o nome de arenito. As areias predominam em vários ambientes
sedimentares, como rios, praias ou desertos. O mineral predominante é o quartzo vir com a já que se
trata de um mineral resistente a longos transportes. Os minerais menos resistentes, como o feldspato e
os ferromagnesianos, tendem a escassear com transporte longo. No entanto, há também areias
calcárias e areias negras, constituídas, respetivamente, por calcite por minerais ricos em ferro e
magnésio, nas situações em que o transporte é reduzido.~

• Arenito silicioso: o cimento é a sílica;


• Arenito argiloso: o cimento é a argila;
• Arenito calcário: o cimento é o carbonato de cálcio;
• Arenito ferruginoso: o cimento é rico em óxidos de ferro que lhe confere cores avermelhadas.

ARGILITOS E SILTITOS

Os siltes e as argilas são os sedimentos com o menor tamanho, ocorrendo, frequentemente, associados
em rochas de granulometria fina. Sendo estes os minerais menos pesados, são transportados a grandes
distâncias, podendo depositar-se em vários ambientes de sedimentação, desde que se verifique uma
diminuição significativa da energia do agente transportador. Após a diagénese, as argilas evoluem para
argilitos, e o silte, para siltito. Durante este processo, ambos os detritos experimentam uma grande
redução de volume, aquando da compactação, uma vez que até 80% do volume inicial dos sedimentos
é ocupado por água. Os argilitos e siltitos caracterizam-se por serem suaves ao toque e friáveis, ou seja,
por se desagregarem com facilidade. Nas rochas onde a fração argilosa é predominante vídeo colar o
cheiro a barro após humedecimento é uma das características distintivas. Estas rochas caracterizam-se
também pela sua impermeabilidade à água, originando paisagens com reduzida cobertura vegetal.
ROCHAS SEDIMENTARES QUIMIOGÉNICAS

Durante a meteorização, vários compostos e iões são libertados para a água, sendo depois
transportados em soluções para Lagos, lagunas, mares interiores e oceanos. Por exemplo, a água
salgada é normalmente rica em iões sílica, carbonato, sulfato, cálcio, cloreto, sódio e potássio. Em
determinadas condições ambientais, estas substâncias dissolvidas reagem entre si, precipitando e
formando minerais que irão constituir as rochas sedimentares quimiogénicas. Estas rochas podem ser
agrupadas em rochas carbonatadas e rochas evaporíticas ou evaporitos.

ROCHAS CARBONATADAS

As rochas carbonatadas são constituídas, essencialmente, por minerais com o ião carbonato na sua
composição química. Estes minerais resultam da reação de vários iões com o ião bicarbonato em meio
aquoso, formando-se um precipitado que se deposita no fundo da bacia de sedimentação.

A deposição e posterior de agente dos minerais de calcite originam calcário, neste caso, de origem
química. A diminuição do teor de dióxido de carbono nas águas devido ao aumento da temperatura, da
diminuição da pressão atmosférica ou da agitação das águas determina que o equilíbrio químico se
desloque no sentido da formação do CO2 e, consequentemente, da precipitação da calcite. Contudo, o
sentido da reação depende das condições ambientais, podendo ocorrer a reação no sentido inverso.
Assim, podem ocorrer ciclos de precipitação, correspondente à formação de calcários e dissolução,
correspondente à formação de grutas.

Das rochas carbonatadas de origem química e inorgânica, salientam se os calcários, constituídos por
calcite e formados, essencialmente, nos ambientes cársicos e em nascentes termais. Nas áreas
calcárias, a água infiltra se com facilidade pelas fraturas da rocha, provocando a dissolução que está na
origem do modelado cársico. Essa água, rica no ião bicarbonato, circula depois nas grutas, permitindo a
precipitação do carbonato de cálcio, que formam os travertinos, bem como as estalactites e as
estalagmites.
Uma fração dos calcários formados nos oceanos tem também origem quimiogénica. Nesse caso, a
precipitação de carbonato de cálcio ocorre como consequência de variações ambientais. Destas, pode
destacar-se a diminuição da concentração de dióxido de carbono na água e o aumento da temperatura
do ambiente. Frequentemente digo a atividade biológica modifica o ambiente aquático a ponto de
induzir a precipitação de calcita, com posterior formação de calcário.

EVAPORITOS

Os evaporitos resultam da precipitação de sais minerais em ambientes aquáticos de água salgada ou


salobra Que se encontram em áreas quentes e áridas, de intensa evaporação. O sulfato de cálcio
hidratado e o cloreto de sódio são os precipitados mais comuns desse processo, levando à formação do
gesso e halite, respetivamente. Na formação dos evaporitos, os primeiros minerais a precipitar são os
menos solúveis, seguindo-se os mais solúveis, caso o processo de evaporação continue.
O aumento da pressão tem efeitos sobre depósitos de sal-gema, uma vez que, sendo um material
plástico, ou seja, pouco denso virou a tende a ascender em áreas de fraqueza da crusta terrestre,
constituindo domos salinos ou diápiros. Quando as rochas se encontram perto da superfície, ocorre a
sua dissolução, formando-se depressões.

ROCHAS SEDIMENTARES BIOGÉNICAS

Estas rochas resultam de resto os de seres vivos ou resultam da sua atividade. Neste grupo de rochas
poderemos considerar os calcários biogénicos e os carvões.

CALCÁRIOS BIOGÉNICOS

Muitos calcários resultam da acumulação de restos de seres vivos e distinguem-se de acordo com os
vestígios neles predominantes. Por exemplo, os recifes de coral são estruturas edificadas por corais,
animais que usam carbonato de cálcio como molécula estrutural dos seus esqueletos. Após a sua morte
e decomposição das partes moles do corpo, estas estruturas rígidas acumulam-se, dando origem, após
diagénese, ao calcário recifal.

Em Portugal, os organismos construtores de recifes deixaram vários testemunhos em calcários que


ocorrem, por exemplo, em rochas do paleozoico da região de Penacova e são abundantes nos calcários
das orlas ocidental e meridional da Estremadura. Um destes calcários é que vulgarmente conhecido por
lioz. Para a formação destas rochas ocorre um processo químico de precipitação, mas, como neste
intervêm seres vivos, alguns autores designam estas rochas por quimiobiogénicas, formando-se em
ambientes de águas quentes pouco profundas.

Outros organismos incorporam o ião bicarbonato e o ião cálcio na produção de conchas. Após a morte
dos animais, as conchas e os seus fragmentos sedimentam e originam, por diagénese, os calcários
conquíferos. Os restos calcários destes organismos podem constituir extensas acumulações. Além
destas conchas, podem fossilizar outras estruturas, como os esqueletos de calcário de alguns
microrganismos que estão associados a determinadas rochas.

CARVÕES

Os carvões são um resultado da acumulação e evolução de sedimentos orgânicos, constituídos,


essencialmente, por restos de plantas. Formam um grupo complexo, cujas particularidades dependem
de fatores como o conjunto de plantas que estão na origem dos sedimentos, as características do
ambiente de sedimentação e a evolução termodinâmica dos sedimentos. Em ambientes lacustres e
lagunares, os restos de plantas podem ser depositados em ambientes pouco oxigenados. Quando tal se
verifica, ocorre uma decomposição parcial dessa matéria orgânica pela ação de seres decompositores
anaeróbios, como bactérias, formando-se um sedimento designado por turfa. Este sedimento, por
conter muito material orgânico e água, não é considerado um carvão.

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