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RAIVA

Amanda Nascimento de Almeida


MSc - University of São Paulo
Veterinary School
Pathology Department
Neuroscience & Behavior
Laboratory
+55 (11) 9486-1133
Código de
Eshunna
2.300 aC
Raposa
Racoon Skunk Mongoose Raposa do Coiote Lobo
Ártico

www.who-rabies-bulletin.org/About_Rabies/
Cão Morcego
Morcego Gato
www.who-rabies-bulletin.org/About_Rabies/
Epidemiologia
     

Desmodus rotundus

Diaemus youngi

Dyphilla ecaudata
Epidemiologia
     
SUL SUDESTE

AgV3
AgV4
AgV6

CENTRO-OESTE AGV NC

Variante 3

AgV3 AgV3
Morcego hematófago

Morcego não hematófago

Herbívoros (Eqüinos / Bovinos)

Cão

Gato

AgV NC Saguï

Homem

Outros Animais Silvestres


NORTE NORDESTE

AvG3
AgV2

AgV2

AgV3

Morcego hematófago

Morcego não hematófago

Herbívoros (Eqüinos / Bovinos)

Cão

Gato

Saguï

Homem

Outros Animais Silvestres


Epidemiologia
     

73 70
80
57 58 60
60 50
39
36 31
40
22 25 25 29 26 26 28
29
21
17
20 10

0
86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 2000 2001 2002 2003 2004

2005 – 45 casos / 2006 – 30casos


Epidemiologia
     
60

50

40

30

20

10

0 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
2004
*

Cão 28 44 27 44 50 49 38 38 16 26 20 18 20 23 24 18 6 14 5
O u t ra s s p . 12 16 9 15 24 21 22 12 6 5 5 7 9 3 2 3 4 3 24
Profilaxia da Raiva Humana
Brasil, 1995 a 2003
500.000
450.000
400.000
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Atendidas Iniciaram Tratamento Abandono de Tratamento

Fonte: SVS/MS
Agente etiológico
      

Classificação

Ordem: Mononegavirales
(genoma RNA não segmentado de sentido negativo)

Família: Rhabdoviridae
(3 gêneros: Lyssavirus, Ephemerovirus e Vesiculovirus)

Gênero: Lyssavirus
sorogrupos: 1. vírus rábico clássico; 2. vírus Lagos bat;
    
3. vírus Mokola; 4. vírus Duvenhage;
5 e 6. vírus European bat virus 1 & 2;
7. Australian bat virus
Agente etiológico
      

    
- acetylcholine receptor
- neural cell adhesion molecule
(NCAM) (CD56)
Corpúsculo de Negri
O vírus rábico é inativado por diversos agentes
físicos e químicos, tais como:
-radiação ultravioleta
- detergentes
- agentes oxidantes
- álcool
- compostos iodados
- enzimas proteolíticas
- raio X.
- ácidos com pH<4
- bases com pH>10.
É inativado pelo calor: 35 segundos a 60°C, 4 horas
a 40°C e vários dias a 4°C.
Modo de transmissão

      - contato com saliva de animal raivoso


(mordeduras, lambeduras de mucosa ou de pele
com solução de continuidade)

- arranhaduras
Modo de transmissão
     

Outras formas de contágio, embora raras:

transplante de córnea, de órgãos sólidos, via


inalatória, via transplacentária e aleitamento
materno
  

A transmissão inter-humana de raiva é rara!


      
- 8 casos de raiva humana devido a transplante de
córnea;

- 1 relato de transmissão de raiva por via


transplacentária;

- 2 casos de transmissão inter-humana através da


saliva;

- 4 casos de transplantes de órgãos.


      
Patologia
Patologia
- A patologia da infecção rábica é tipicamente definida por
encefalite e mielite.

- Vários fatores afetam o desencadeamento da exposição ao


vírus: variantes do vírus, dose do inóculo, rota e localização
da exposição, bem como fatores individuais do hospedeiro,
como idade e condições do sistema imune.
Período de incubação

      Homem: 2 a 10 semanas, em média 45


dias
(há relato na literatura de até 6 anos)

Cão: 21 dias a 2 meses, em média.

Animais silvestres: período bastante


variável, não havendo definição clara para a
grande maioria deles.
Quadro clínico no cão

     

Período de transmissibilidade
      Ocorre antes do aparecimento dos sintomas e durante o período da doença. No cão e gato este período se inicia de 5 a 3 dias antes dos
sintomas.
Quadro clínico no homem

- período prodrômico: febre, cefaléia, mal-estar, anorexia, náusea


e dor de garganta.

- alteração de sensibilidade no local da mordedura:


formigamento, queimação, adormecimento, prurido e/ou dor
local. Esse período varia de 2 a 4 dias.

- comprometimento do sistema nervoso central: ansiedade,


inquietude, desorientação, alucinações, comportamento bizarro e
até convulsões. As crises convulsivas podem ser desencadeadas
por estímulos táteis, auditivos ou visuais.

Em cerca de 50% dos casos costuma haver espasmos de faringe e


laringe após beber ou mesmo desencadeados pela simples visão da
Quadro clínico no homem

- No homem, são raros os surtos de agressividade, com


tendência de atacar ou de morder, característicos da raiva
furiosa nos animais.

- Outros sintomas acompanhantes são hipersalivação,


fasciculação muscular e hiperventilação. Esse período dura de
4 a 10 dias.

     
- Na fase final, instala-se um quadro de paralisia
progressiva ascendente e coma no final da evolução.
Conduta frente à mordedura

 Limpeza do local com água e sabão e desinfecção com


álcool ou soluções iodadas, imediatamente após a
agressão.

 Embora possa aumentar o risco de infiltração do vírus


nas terminações nervosas, a sutura das lesões deve ser
realizada se houver risco de comprometimento
funcional, estético ou de infecções.
Conduta frente à mordedura

 O soro anti-rábico, quando indicado, deve ser infiltrado


no local ferido uma hora antes da sutura.
      É necessário avaliar a necessidade de profilaxia do
tétano, de acordo com a norma vigente, e de
antimicrobianos para a prevenção de infecções
secundárias.

 Quando o animal agressor for cão ou gato deve ser


observado durante 10 dias para identificar qualquer
sintoma sugestivo de raiva; se o animal suspeito for
sacrificado, sua cabeça ou seu cérebro deve ser enviado
para o Laboratório especializado, em gelo, para o
exame laboratorial.

 Procurar orientação médica.


Diagnóstico

      - O diagnóstico da raiva é feito através do quadro clínico


sugestivo e da história clínica do paciente com antecedente
de mordedura ou outros tipos de exposição.

- No diagnóstico da raiva humana, existem várias técnicas


laboratoriais para identificação de antígenos ou anticorpos
específicos da doença, tais como: reação de
imunofluorescência direta, imunofluorescência indireta,
soroneutralização e prova biológica.

- Os materiais a serem examinados incluem: sangue, saliva,


bulbo piloso, esfregaço da córnea e tecido nervoso, sendo que
este último é retirado do material da necrópsia.
Diagnóstico

      

Imunofluorescência Direta
Diagnóstico

      

Prova Biológica – inoculação i.c. camundongos


Diagnóstico

      

PCR FAVN/RFFIT
Tratamento

Uma vez instalada a doença não há tratamento

específico, e a letalidade é de 100%. O tratamento

paliativo visa minimizar o sofrimento do paciente

CDC, 53(50):1171-1173, 2004

Jeanna Giese
Tratamento Profilático

http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/manuais/manual_4/norma_08.htm
Esquemas de tratamento profilático da raiva
humana

Esquemas de pré-exposição com vacinas produzidas em cultura celular ou em embrião de pato

a. Esquema com 3 doses pela via intramuscular (IM)


- aplicar nos dias 0, 7 e 28
- via de administração: IM, na região deltóide.
- dose: 0,5 ou 1 ml, dependendo do fabricante. A dose indicada pelo fabricante
independe do sexo, da idade e do peso da pessoa

b. Esquema com 3 doses pela via intradérmica (ID), para as vacinas HDCV, PVCV e
PCEV (mas não para a PDEV)
- aplicar nos dias 0, 7 e 28
- via de administração: ID, na região deltóide
- dose: 0,1 ml, independente do fabricante
     
      Pacientes que usam cloroquina para a profilaxia da malária apresentam títulos menores de anticorpos da
raiva após a vacinação, por isso, o tratamento profilático com doses menores, pela via ID, é contra-indicado para
estes pacientes, bem como para pacientes imunodeprimidos em geral.

http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/manuais/manual_4/norma_08.htm
Esquemas de tratamento profilático da raiva
humana

Esquemas com as vacinas produzidas em cultura celular ou em embrião de pato

3 doses de vacina e observação do cão ou gato


- aplicar nos dias 0, 3 e 7
- via de administração: IM, na região deltóide; em crianças
menores de 2 anos pode ser administrada no vasto lateral da
coxa
- dose: 0,5 ou 1 ml, dependendo do fabricante. A dose indicada
pelo fabricante independe da idade e do peso do paciente

http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/manuais/manual_4/norma_08.htm
Esquemas de tratamento profilático da raiva
humana

Esquemas com as vacinas produzidas em cultura celular ou em embrião de pato

vacinação (5 doses)
- aplicar nos dias 0, 3, 7, 14 e 28
- via de administração: IM, na região deltóide; em crianças
menores de 2 anos pode ser administrada no vasto lateral da
coxa
- dose: 0,5 ou 1 ml, dependendo do fabricante. A dose indicada
pelo fabricante independe da idade e do peso do paciente

http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/manuais/manual_4/norma_08.htm
Esquemas de tratamento profilático da raiva
humana

Esquemas com as vacinas produzidas em cultura celular ou em embrião de pato

soro-vacinação
Vacina:
- aplicar nos dias 0, 3, 7, 14 e 28
- via de administração: IM, na região deltóide; em crianças menores
de 2 anos pode ser administrada no vasto lateral da coxa
- dose: 0,5 ou 1 ml, dependendo do fabricante. A dose indicada pelo
fabricante independe da idade e do peso do paciente

http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/manuais/manual_4/norma_08.htm
Esquemas de tratamento profilático da raiva
humana

Esquemas com as vacinas produzidas em cultura celular ou em embrião de pato

Soro anti-rábico (SAR) ou imunoglobulina humana anti-rábica (HRIG):


- aplicar no primeiro dia de tratamento (dia 0)
- via de administração: infiltrar no local da lesão; se a quantidade for
insuficiente para infiltrar toda lesão, podem ser diluídos em soro
fisiológico; se não houver possibilidade anatômica para a infiltração de
toda a dose, uma parte, a menor possível, deve ser aplicada na região
glútea
- dose: SAR - 40 UI/kg
HRIG- 20 UI/kg

http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/informacoes/manuais/manual_4/norma_08.htm
Reações adversas
       Durante o tratamento podem ocorrer reações às vacinas
anti-rábicas, podendo ser locais, gerais ou neurológicas.

- As reações locais manifestam-se por dor, prurido e eritema


no local da aplicação, com ou sem aumento de gânglios
linfáticos locais.

-Atualmente somente vacinas de cultivo celular, contendo


vírus rábico inativado, cultivado em células diplóides
humanas, células de rim de hamster e rim de macaco.

- Apresentam alto poder imunogênico, eficácia elevada e


baixo índice de efeitos adversos, mas têm, como
inconveniente, o alto preço.
Reações adversas
      
- O soro anti-rábico é obtido de equídeos
hiperimunizados com vírus rábico inativado. A
aplicação se dá em dose única, por via
intramuscular, em locais diferentes da aplicação da
vacina e parte da dose deve ser infiltrada ao redor
do ferimento.

- As reações ao soro, que não são incomuns , podem


ser divididas em: reações anafiláticas, reações
anafilactóides e doença do soro.
FIM!

OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

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