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INTRODUÇÃO
As populações da tartaruga-da-amazônia (P. expansa) (figura 1) vêm sendo histórica e sistematicamente reduzidas
principalmente em razão da sua sobrexploração pelo consumo e comércio ilegal (IBAMA, 1989). Em avaliação recente foi considerada
como quase ameaçada de extinção (NT) no território brasileiro e para a região amazônica como um todo, e categoriza-se como
criticamente ameaçada segundo a lista de especialistas em quelônios de água-doce (Dijk et al., 2011).
Em Goiás, ações de proteção e o manejo conservacionista para a tartaruga-da-amazônia foram iniciadas em 1985, em sítios de
reprodução da espécie nos rios Araguaia e Crixás-açu (figura 2), em razão da suspeita de declínio populacional dessa espécie na região
devido à intensa pressão de consumo e comércio ilegais. Essas ações foram iniciadas pelo extinto IBDF, assumidas pelo
CENAQUA/IBAMA na década de 1990, que sua vez originou o RAN/ICMBio em 2001, atual responsável pelo projeto (IBAMA, 1989; PQA-
GO, 1985 a 1991, 1993 a 1996, 2001 a 2011).
METODOLOGIA
Desde o início do “Projeto Quelônios” em Goiás utilizou-se a mesma metodologia de proteção e manejo de ovos e
filhotes nos nove sítios de nidificação monitorados. Nesse período foram confeccionados relatórios técnicos anuais das ações
de manejo conservacionista e monitoramento reprodutivo em 22 estações reprodutivas da tartaruga-da-amazônia, que
serviram de fonte de informações para este trabalho (PQA-GO, 1985 a 1991, 1993 a 1996, 2001 a 2011).
Esses relatórios gerenciais de atividades foram cadastrados no Sistema de Gestão e Informação dos Quelônios
Amazônicos – SisQuelônios, web system de gestão da informação, desenvolvido e administrado pelo RAN, especializado no
Fig. 02 – Região do médio Araguaia, destacando os sítio processamento de dados obtidos em programas/projetos de monitoramento populacional e/ou manejo para conservação de
reprodutivos de P. expansa monitorados. quelônios amazônicos. As informações quantitativas obtidas foram avaliadas por estatística descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
(matrizes) reduziu de cerca de 8.500, em 2001, para aproximadamente 1.000, em 2011 1997
1998
8.000
2.267
......
......
500.000
36.862
......
......
......
......
......
......
......
......
......
......
(tabela 1; figura 3). 1999
2000
5.887
8.567
......
......
290.372
506.966
......
......
......
......
......
......
......
......
......
......
2001 1.496 ...... 12.367 ...... ...... ...... ...... ......
2002 939 61.528 55.184 505 5.829 89,7 0,9 9,5
As razões para a constatada redução populacional da espécie nessa região, 2003 154 15.942 14.857 36 1.049 93,2 0,2 6,6
2004 177 16.371 13.986 128 2257 85,4 0,9 13,8
notadamente de fêmeas reprodutoras nos últimos 10 anos, ainda não são bem 2005 90 3.527 3.047 76 404 86,4 2,5 11,5
caracterizadas, mas infere-se que estejam relacionadas à intensa influência antrópica 2006
2007
995
520
8.970
36.560
6.359
33.668
145
934
136
1.958
70,9
92,1
2,3
2,8
1,5
5,4
nas alterações dos ambientes dessa região, em consequência dos grandes 2008
2009
514
455
......
9.979
35.505
8.629
......
......
......
......
......
86,5
......
......
......
......
empreendimentos agropastoris em franca expansão; e pela alta coleta de animais e 2010 3000 ...... 30.000 ...... ...... ...... ...... ......
2011 1000 ...... ...... ...... ...... ...... ......
ovos por residentes e pessoas de fora, impulsionados por forte turismo local, Total 73.028 1.257.716 3.818.746 ...... ...... ...... ...... ......
principalmente, em temporadas de praia (IBAMA, 1989). Média
DP
2.704,7
2.637,9
90.549,6
106.790,9
146.874,8
171.673,7
......
......
......
......
......
......
......
......
......
......
CV 97,5 117,9 116,9 ...... ...... ...... ...... ......
1985 1986 1987 1988 1989 1990 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Taxa ovos inviáveis (%) 17,3 5,8 8,3 9,0 7,1 9,7 9,5 6,6 13,8 11,5 1,5 5,4
Taxa mortalidade (%) 4,7 10,5 1,3 1,9 1,2 1,8 0,9 0,2 0,9 2,5 2,3 2,8
Taxa eclosão (%) 79,0 90,5 90,3 89,3 91,8 88,7 89,7 93,2 85,4 86,4 70,9 92,1
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2009
Ovos 22.112 42.571 161.550 245.754 132.864 356.786 153.181 61.528 15.942 16.371 3.527 8.970 36.560 9.979
Filhotes 17.461 38.531 145.820 219.467 121.994 316.532 138.571 55.184 14.857 13.986 3.047 6.359 33.668 8.629
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Figura 05 – Taxas de eclosão, de ovos inviáveis e de mortalidade de filhotes de P. expansa no
rio Araguaia, Estado de Goiás. Dijk, P.P.V.; Iverson, J. B.; Shaffer, H. B.; Bour, R.; Rhodin, A. G. J. 2011. Turtles of the
World, 2011 Update: Annotated Checklist of Taxonomy, Synonymy, Distribution, and
Conservation Status. Chelonian Research Monographs, 5: 165 – 242.
Ibama. Projeto quelônios da Amazônia 10 anos. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio
y = -81,776x + 3849,6 Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1989. 119 p.
R² = 0,0605
Relatórios técnicos do Projeto Quelônios da Amazônia no Estado de Goiás (PQA-GO) dos
anos de 1985 a 1991, 1993 a 1996, 2001 a 2011.
Subirá, R.J.; de Souza, E.C.F.; Guidorizzi, C.E.; M.P.; de Almeida, J.B.; Martins, D.S., 2012.
Avaliação Científica do Risco de Extinção da Fauna Brasileira – Resultados Alcançados em
2012. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/ICMBio, Coordenação de
Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade/COABIO. Biodiversidade Brasileira,
2(2), 17-24, 2012.