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Artigo

Produção de Fitoterápicos no Brasil: História, Problemas e


Perspectivas
Alves, L. F.
Rev. Virtual Quim., 2013, 5 (3), 450-513. Data de publicação na Web: 3 de julho de 2013
http://www.uff.br/rvq

Production of Phytotherapeutics in Brazil: History, Problems and


Perspectives
Abstract: Higher plants have been used with therapeutic purposes by all cultures.
Brazil has the biggest biodiversity in the world. The country also occupies the 13th
position in articles published in peer review journals. However, Brazilian production of
plant derived drugs at all levels is very small. The reasons for this are discussed in this
review.
Keywords: Brazil; phytotherapy; history; problems; perspectives.

Resumo
Os vegetais superiores são usados com finalidades terapêuticas por todas as culturas.
O Brasil tem a maior biodiversidade do mundo e ocupa a 13 a posição quanto à
publicação de artigos em periódicos indexados. Entretanto, a sua produção de
medicamentos fitoterápicos em todas as suas fases é muito pequena. As razões para
este fato são apresentadas neste trabalho. O artigo descreve ainda uma breve história
dos naturalistas viajantes que estiveram no Brasil, estudando plantas medicinais, nos
séculos XVI, XVII e XIX.
Palavras-chave: Brasil; fitoterapia; história; problemas; perspectivas.

* Fundação Oswaldo Cruz, Far-Manguinhos, Av. Sizenando Nabuco 100, Bonsucesso, Rio de
Janeiro-RJ, Brasil.
ograndetimoneiro@uol.com.br
DOI: 10.5935/1984-6835.20130038
Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 450
Volume 5, Número 3 Maio-Junho 2013

Revista Virtual de Química


ISSN 1984-6835

Produção de Fitoterápicos no Brasil: História, Problemas e


Perspectivas
Lucio F. Alves
Fundação Oswaldo Cruz, Far-Manguinhos, Av. Sizenando Nabuco 100, Bonsucesso, Rio de
Janeiro-RJ, Brasil.
* ograndetimoneiro@uol.com.br

Recebido em 9 de janeiro de 2013. Aceito para publicação em 1 de julho de 2013

1. Introdução
2. Viajantes e Naturalistas no Brasil
3. Pesquisa com Plantas Medicinais no Brasil
4. Legislação
5. Conclusão

1. Introdução A Índia também teve um importante


papel na descrição de plantas medicinais,
principalmente devido à medicina Ayurvédica
Observações sobre o uso terapêutico de (ayur = vida, veda = conhecimento), baseada
plantas medicinais são registradas desde a nos Vedas, o livro sagrado dos hindus. No
antiguidade pelas civilizações da China, Índia, século I antes de Cristo, os indianos
Egito e Grécia. produziram um tratado médico intitulado
Caraka, com mais de 500 plantas.3,4
O uso medicinal da Artemisia annua
contra a malária foi descrito pela primeira vez Os gregos e os romanos absorveram e
asà à P es iç es à es itasà du a teà aà ampliaram o conhecimento na utilização das
Dinastia Mawangdui Han que reinou na China plantas medicinais. No início da era cristã, o
de 206 a.C. a 220d.C.1,2 grego Pendamius Dioscorides, que se tornou
médico de Nero, escreveu um texto de
As propriedades do ópio (Papaver botânica e medicina, De Materia Medica,
somniferum) como sedativo e calmante, do dividido em 5 tomos e que foi utilizado
óleo de rícino (Ricinus communis), da durante 15 séculos pelos gregos, romanos,
alcaravia (Carum carvi) e da hortelã pimenta árabes e turcos. Das 1.000 drogas descritas,
(Mentha piperita) como digestivo e da cila cerca de 600 eram plantas, como o cânhamo
(Drimia urticaria) como estimulante cardíaco, (Cannabis sativa), a cicuta (Conium
já eram conhecidas no Egito há mais de 4.000 maculatum), o cólquico (Colchicum
anos. Os egípcios sabiam como preparar autumnale), além de anestésicos à base de
diuréticos, vermífugos, purgantes e ópio e de mandrágora (Mandragora
3,4
antissépticos de origem natural. officinarum).

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Nesta mesma época, Plínio, o Velho, como anti-inflamatório26-28, como


28,29 30
introduziu a doutrina segundo a qual para antiúlcera ,como antinociceptivo , como
cada doença haveria uma planta específica antidiabético31,32 e antidiurético33.
para tratá-la. Plínio foi ainda o responsável
Em 2011, o mercado global de
pela História Natural, em 37 volumes com
medicamentos (sintéticos e naturais)
inúmeras menções a plantas medicinais.3,4
alcançou a cifra de U$ 800 bilhões. Este valor,
É possível, portanto, que os nossos é claro, variou de acordo com as condições
ancestrais tenham aprendido através da econômicas e sociais da cada região do globo
observação da natureza o valor terapêutico (Quadro 1, Gráfico 1), enquanto o mercado
das plantas. Na verdade, existem evidências para os fitoterápicos atingiu o patamar de U$
históricas e arqueológicas de que as 26 bilhões, com uma desigualdade regional
propriedades curativas das plantas semelhante (Quadro 2, Gráfico 2).
medicinais já eram conhecidas desde o
O maior mercado encontra-se na Europa,
período Neolítico (cerca de 10.000 anos
sendo que cerca de 50% deste encontra-se na
atrás).3,4
Alemanha. Digno de nota é o fato de a
Assim, a fitoterapia é um método racional América Latina, com 7 países considerados
e alopático, baseado em evidências megabiodiversos (Brasil, Colômbia, Costa
científicas, empregado no tratamento médico Rica, Equador, México, Panamá e Peru)
de váriaspatologias.5 Um levantamento participarem apenas com 5% desse total.
bibliográfico cobrindo apenas os primeiros Neste mesmo período (2011), o mercado de
meses de 2012 e considerando apenas o fitoterápicos movimentou cerca de R$ 1,1
mecanismo de ação dos princípios ativos bilhão no Brasil, quando foram
envolvidos, mostra a eficácia das plantas comercializados 43 milhões de unidades
medicinais no tratamento da doença de desse tipo de medicamento, representando
Alzheimer6-8, de doenças cardíacas9-12, da um aumento de 13% em relação ao ano
malária13,14, da leishmania15, da anterior. A receita total do setor
16 17-22
esquistossomose , do câncer , do farmacêutico no país foi de R$ 43 bilhões em
herpes23,da artrite24, como antibiótico25, 2011.34,35

AMÉRICA LATINA
6,6% AMÉRICA DO
JAPÃO NORTE
11,3% 38,2%

ÁSIA, ÁFRICA,
AUSTRÁLIA
15,9%

EUROPA
28%

Gráfico 1. Mercado global de medicamentos em 2011 e sua distribuição de acordo com as


diversas regiões geográficas. De acordo com IMS Health. Cortesia do professor Luis Carlos
Marques

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OUTROS
AMÉRICA LATINA EUROPA
7%
5% 30%
JAPÃO
11%

AMÉRICA DO
NORTE ÁSIA
18% 29%

Gráfico 2. Mercado global de medicamentos fitoterápicos em 2011 e sua distribuição de


acordo com as diversas regiões geográficas. De acordo com Jaenicke. Cortesia do professor
Luis Carlos Marques

Esses dados mostram que apesar da sua Entretanto, ele prossegue, 'as águas são
imensa biodiversidade, da capacidade de muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa
seus cientistas, do seu parque industrial e dos que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela
numerosos centros de pesquisas dedicados tudo, por bem das águas que te .36
ao estudo das plantas medicinais espalhados
Ciente da riqueza que a nova Colônia
pelo país, o desenvolvimento e a produção,
abrigava e de sua incapacidade em defendê-
em todas as suas fases, de um medicamento
la, Portugal adotou uma política de
de origem vegetal no Brasil, ainda é muito
isolamento, proibindo a entrada de qualquer
pequeno. Essas fases envolvem a seleção da
estrangeiro naquele território.
planta, cultivo, coleta, isolamento e
determinação estrutural do princípio ativo, Assim, durante três séculos, da chegada
controle de qualidade e testes de Cabral até o início do século XIX, os
farmacológicos. As razões para explicar este estudos sobre a biodiversidade do Brasil
fato são bastante complexas e, sem querer foram feitas pelos próprios portugueses ou
esgotar o assunto, é o tema deste artigo. por pessoas designadas por eles.
Em 1937, Mello-Leitão37 escreveu um livro
no qual examina os trabalhos realizados por
2. Viajantes e Naturalistas no dezenas de naturalistas estrangeiros que
Brasil estiveram entre nós desde a chegada do
primeiro governador-geral em 1549, até as
primeiras décadas do século XX. Apesar de
As primeiras descrições sobre a flora e a ter sido escrito há 75 anos, este livro merece
fauna brasileiras são de espanto e admiração, a atenção como fonte de informações sobre
a começar pela carta de Pero Vaz de Caminha a história da biologia no Brasil. Aliás, o título
ao rei de Portugal, nela o escrivão da frota de do livro é exatamente este: A Biologia no
Cabral observa não poder fazer qualquer Brasil. Nele, o autor também faz uma análise
afirmação sobre a existência de ouro, prata, dos trabalhos dos naturalistas brasileiros que
nem coisa alguma de metal ou ferro. se destacaram nas áreas de botânica,
geologia e zoologia, assim como a história
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das primeiras instituições destinadas àquelas Maurício de Nassau.


ciências, como o Museu Nacional, o Museu
Nos dias de hoje, algumas dessas
Paraense Emílio Goeldi e o Museu Paulista.
dedicatórias podem soar como meras
Quase vinte anos depois, Ferri38 produziu um
bajulações, mas é preciso levar em conta a
trabalho semelhante, limitando-se, contudo,
época e o contexto em que elas foram
à botânica. Mais recentes, são os trabalhos
escritas. Nos livros de Spix e Martius47, Pohl48,
de Kury39 sobre as viagens de Saint-Hilaire, de
Gândavo49,50, Piso51,52, Jean de Léry53 e Saint-
Pinto40, Pinto e colaboradores41
Hilaire54 os nomes dos monarcas eram
apresentando uma visão geral dos viajantes,
sempre precedidos de adjetivos como
de Sá42 sobre João Barbosa Rodrigues e o de
'clemente Imperador', 'mui Alto e
Riedel-Doren43 sobre Natterer. Peckolt e
Sereníssimo Senhor', 'Gracioso Senhor,
Langsdorff foram temas de duas teses de
Ilustre e Poderoso Senhor' e assinadas por
doutorado.44,45
seu 'mui obediente súdito, devotíssimo e
Em O Brasil dos Viajantes, a professora humilíssimo protegido', ou ainda 'com
Ana Maria de Moraes Belluzzo46 apresenta profunda veneração'. Peckolt55 fez o mesmo
uma descrição do trabalho realizado por em relação a D. Pedro II 'Sábio Imperador do
cerca de 300 desses viajantes (naturalistas, Brasil, Excelso Monarca, Protetor das
pintores, desenhistas), além da reprodução Ciências'. Por outro lado, o de George
de seus desenhos e pinturas. Gardner56, naturalista inglês que esteve pela
primeira no Brasil em 1833 e posteriormente
A maioria desses viajantes-naturalistas
entre 1836 e 1841, foi dedicado
produziu registros em forma de diários de
simplesmente a William Hooker, presidente
viagem que se constituem em fonte
da Linnean Society e do Jardim Botânico de
indispensável de pesquisa para a história
Kew, e o de Louis e Elisabeth Agassiz57 a
natural do Brasil. De um modo geral, esses
Nathaniel Thayer, enquanto os diários de
livros foram dedicados aos seus
Wallace58 e Bates59 não contêm qualquer
patrocinadores, ou aos seus monarcas, o que
dedicatória. A Tabela 1 mostra uma relação
quase sempre significava a mesma coisa.
dos naturalistas que estiveram no Brasil do
Dessa maneira, os relatos de Spix e século XVI ao XIX, a data de permanência por
Martius47, bem como o de Pohl48, são aqui, o país de origem, as obras que
dedicados ao Imperador da Áustria, assim escreveram e, em alguns casos, o material
como haviam sido os de Gândavo49,50 ao que coletaram.
Príncipe Dom Henrique, e os de Piso51,52 a

Tabela 1. Relação de alguns naturalistas que estiveram no Brasil entre os séculos XVI e XIX
Naturalista Data de País de Livro Coleta
permanência origem
no Brasil
Manoel da 1549 Portugal Cartas -
Nóbrega
(1517-1570)
José de Anchieta 1553 Portugal Epístola -
(1534-1597)
Pero de 1558-1572 Portugal Tratado da Terra do -
Magalhães Brasil
Gândavo (1540-
História da Província
1579)
de Santa Cruz

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Fernão Cardim 1583-1598 Portugal Do Clima e da Terra -


do Brasil
(1549-1625) 1601-1625
Gabriel Soares 1567-1578 Portugal Tratado Descritivo do -
de Sousa Brasil
(1540-1591)
André Thevet 1555-1556 França Singularidades da -
França Antártica
(1502-1592)
Jean de Léry 1556-1558 França Viagem às Terras do -
(1534-1611) Brasil
Willem Piso 1637-1644 Holanda História Natural do -
(1611-1678) Brasil
Georg
MarcGrave
(1610-1644)
Frei Vicente do 1627 Brasil História do Brazil -
Salvador
(1564-1635)
Alexandre 1783-1792 Brasil Viagem Filosófica -
Rodrigues
Ferreira (1756-
1815)
Frei Vellozo 1779-1790 Brasil Flora Fluminensis -
(1742-1811)
Auguste de 1816-1822 França Vários 30.000 exemplares
Saint-Hilaire
7.000 espécies
(1779-1853)
Carl Friedrich 1817-1820 Alemanha Viagem ao Brasil 85 espécies de
von Martius (com Spix) mamíferos 350 de
aves, 116 de peixes,
(1794-1868) Flora Brasiliensis,
130 de anfíbios, 2.700
Sistema de Matéria
Johann von Spix de insetos, 80 de
Médica Vegetal
(1781-1826) aracnídeos, 6.500 de
Natureza, Medicina, plantas
Doenças e Remédios
dos Índios Brasileiros
Johann Natterer 1817-1835 Alemanha 12.293 pássaros,
1.621 peixes, 1.146
(1792-1848)
mamíferos, 32.825
insetos
1.500 peças
etnográficas

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Johann Christian 1817-1818 Áustria Delectus Florae et 3 mamíferos, 49 aves,


Mikan Faunae 37 anfíbios, 16 peixes,
3.000 insetos, 6
(1769-1844)
crustáceos, 27
conchas, 4 helmintos,
171 amostras de
sementes, 2.400
plantas e 16 minerais
Johann 1817-1822 Alemanha Viagem no Interior 6 mamíferos, 6 aves,
Emmanuel Pohl do Brasil 22 anfíbios, 69 peixes,
2.124 insetos, 10
(1782-1834)
radiolários, 4
helmintos, 110
sementes, 31.746
plantas, 4.464
minerais e 115 armas
e instrumentos
Grigory 1822-1826 Rússia Diários (3 volumes) Plantas e pedras
Langsdorff preciosas
(1774-1852)
George Gardner 1836-1841 Inglaterra Viagem ao Interior 6.000 espécies de
(1812-1849) do Brasil plantas
Theodoro 1847-1912 Alemanha Análise de Matéria _
Peckolt Médica
(1822-1912) História das Plantas
Medicinais e Úteis do
Brasil, História das
Plantas Alimentares e
de Gozo no Brasil
Alfred Russell 1848-1849 Inglaterra Viagem aos Rios 553 espécies de
Wallace Amazonas e Negro insetos (em dois
meses)
(1823-1913)
Henry Walter 1848-1859 Inglaterra Um Naturalista no 300 espécies de
Bates Rio Amazonas borboletas,
(1825-1892) 14.713 exemplares de
insetos
Louis Agassiz 1865-1866 Estados Viagem ao Brasil -
(1807-1873) Unidos

Para os propósitos desse trabalho, no Brasil no século XVI foi, sem dúvida,
merecem destaque os nomes de Gabriel Gabriel Soares de Sousa pela riqueza de
Soares de Sousa, Guilherme Piso, Grigory detalhes com que escreveu o Tratado
Langsdorff, Carl Friedrich Phillip von Martius, Descritivo do Brasil.60
Auguste de Saint-Hilaire e Theodoro Peckolt.
O livro ficou pronto em 1687,entretanto,
O naturalista mais importante que esteve só foi publicado em 1825 e está dividido em
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duas partes, a primeira com 74 capítulos e a do-inferno, o camará, a cana fístula (Cassia
segunda com 194 capítulos. Gabriel dedica ferruginea, C. fistuloides, C. bonplandiana) e,
cada um deles a um assunto: história da mais uma vez, a copaíba. Muitas delas já
colonização da Bahia, da topografia, da mencionadas por Gabriel Soares de Sousa e
agricultura, dos índios, das árvores que dão com as mesmas finalidades terapêuticas.
fruto e que se come, das ervas medicinais, Ambos descrevem as propriedades da
das árvores reais e paus de lei, da copaíba, da embaúba e da figueira-do-inferno
entomologia brasileira, das aves, dos para curar as feridas e da almécega para
mamíferos, dos répteis, dos peixes, dos f ialdades .à
crustáceos, dos moluscos, dos metais e
Ainda no século XVI, estiveram no Brasil o
pedras preciosas.
Capuchinho André Thevet e o Calvinista Jean
Ele chama as plantas medicinais utilizadas de Léry. A vinda de ambos está ligada à
pelosà í diosà deà vo esà daà vi tude à eà itaà fundação da França Antártica por
uma série delas, entre as quais a embaúba Villegaignon, uma tentativa de expulsar os
(Cecropia hololeuca, C. palmata, C. adenopus, portugueses do Brasil e estabelecer uma
C. cinerea), o mucuná (Mucuna pruriens), a colônia francesa na Guanabara.
figueira-do-inferno (Datura stramonium), o
O primeiro chegou em novembro de 1555,
camará (Chromolaena laevigata, Lantana
tendo permanecido até janeiro de 1556.
camara), a caapeba (Cissampelos pareira, C.
Como resultado da sua viagem ao Brasil,
glaberrima), a almécega (Protium icicariba, P.
escreveu as Singularidades da França
heptaphyllum), o ananás (Ananas comosus), o
Antártica62em 1558. Léry permaneceu no
maracujá (Passiflora sp. ), a piaçava
Brasil de março de 1557 a janeiro de 1558, e
(Leopoldinia piassaba), a ubiracica (Protium
sua obra, História de uma Viagem Feita às
icicariba), o jaborandi (Pilocarpus jaborandi)
Terras do Brasil, também chamada
e a copaíba (Copaifera spp.). Todas essas
América53, data de 1563.
plantas eram usadas para curar feridas,
chagas ou apostemas, segundo o próprio Claude Lévi-Strauss63, que esteve no Brasil
autor. Já a corneiba (Schinus aroeira, S. molle, na década de 1930, considera Thevet e Léry
S. angustifolia, S. occidentalis) tinha 'virtude como sendoà g a desàes ito es ,à asàoàliv oà
para os dentes' (página 166). Do caju deà L à eleà lassifi aà o oà u aà o aà p i aà
(Annacardium occidentale), ele diz ser bom daà lite atu aà et og fi a .à E t eta to,à aà
medicamento para doente de febre. A descrição dos dois religiosos no que se refere
u i a i aàta àe aàútilà o oà defe sivoàdaà às plantas medicinais é praticamente nula.
f ialdadeà eà pa aà solta à a eà ue ada à Como resultado da política isolacionista já
(página 108), leia-se 'feridas'. Por outro lado, mencionada, os únicos naturalistas
a ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha) e o estrangeiros importantes que chegaram aqui
oiti (Moquitea tomentosa) serviam para no século XVII foram os franceses Claude
esta a à a asàdoàsa gue à diarreia). d'Abeville e Yves d'Evreux e os holandeses
Em seguida veio Fernão Cardim. Cardim Willem Pies (Guilherme Piso) e George
chegou ao Brasil em 1583, onde residiu até Marcgrave.
1598; retornou em 1601, aqui permanecendo Os dois primeiros, como os seus
até a sua morte em 1625, num total de 36 conterrâneos no século anterior, também
anos entre nós. Em Tratado da Terra do vieram numa tentativa de colonização por
Brasil61, Cardim tratou não apenas da flora e parte da França, desta feita no Maranhão.
da fauna, mas também do clima, da terra e D'Abeville escreveu História da Missão dos
dos costumes dos índios. Neste livro, ele fez Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão e
observações sobre plantas medicinais, Terras Circunvizinhas64, no qual descreve o
destacando-se o jaborandi, a datura, a caroba clima, a fertilidade e a beleza da terra.
(Jacaranda caroba), a embaúba, a figueira- Menciona ainda os índios, os pássaros, os

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peixes, os mamíferos e os insetos. medicinais que ele encontrou.


O relato de Yves d'Evreux65 é semelhante Piso, nome latinizado do holandês Pies,
ao produzido pelos que aqui estiveram permaneceu sete anos no Brasil, regressando
anteriormente. São descritos os animais e os à Holanda, com Maurício de Nassau, em
costumes dos índios, como os seus funerais, 1644. Nesse período, coletou material para
economia e as doenças curadas pelas plantas. escrever o primeiro tratado de medicina
tropical, De Medicina Brasiliensis, cuja
Todavia, as primeiras descrições da
primeira edição data de 1648 e onde ele trata
natureza do Brasil, ou de parte dele, só
com detalhes as doenças então existentes no
ocorreram no século XVII por Guilherme Piso
Brasil e como tratá-las. Piso foi também o
e George Marcgrave, membros da comitiva
primeiro a realizar necropsias no Brasil e a
de Maurício de Nassau, enviado ao Brasil
descrever o veneno do sapo cururu, Bufo
para a colonização do Nordeste. Como
viridis vulgaris. O livro era, na verdade, parte
médico do Conde Maurício de Nassau, Piso
de outro escrito em parceria com Marcgrave,
pôde, ao contrário dos seus antecessores,
a Historia Naturalis Brasiliae (Figura 1).
testar, de maneira empírica, muitas plantas

Figura 1. Frontispício do Original da Historia Natural do Brasil

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Este trabalho, considerado o primeiro venenosos, e a compara à copaíba neste


Tratado Científico das Américas, é composto sentido.
por vários tratados descontínuos, com
O óleo das cascas do caju combatia o
paginação própria. Cada um deles é, por sua
herpes, as impigens e devia ser dado aos
vez, dividido em livros (ou seções).
cancerosos e aos que sofriam de úlceras
O primeiro Tratado, o já mencionado malignas; a almécega, além de curar com
De Medicina Brasiliensis, de Piso, abrange 4 facilidade as dores, também era útil contra
livros num total de 122 páginas. O primeiro gases. O óleo de coco, por via oral, era
livro trata do clima, dos rios e da região; o laxante, curava os males do peito e as feridas
segundo das doenças; o terceiro dos venenos antigas.
e seus antídotos e o quarto é um Tratado de
Na maioria das vezes, as propriedades das
Botânica Médica.
plantas que ele descreve são claras,
Em seguida ao Tratado de Piso principalmente quando ele se refere àquelas
encontra-se o de Marcgrave, Historiae Rerum usadas na cicatrização de feridas, como a
Naturalium Brasiliae, constituído de oito cambui (Schinus terebinthifolius), o camará
livros com 293 páginas e 423 estampas. O (Chromalaena laevigata), a cana-fístula
primeiro livro descreve as ervas; o segundo (Cassia ferruginea), o araticum (Annona
trata dos arbustos e plantas frutíferas; o squamosa), o avare-timó (Pithecollobium
terceiro é dedicado às árvores. Os livros 4, 5, avaremotimo), o albará (Cana glauca), a
6 ocupam-se respectivamente dos peixes, das aninga-peri (Clidemia blepharoides), a
aves e dos quadrúpedes e répteis; o 7º trata paiomibioba (Acanthospermum australis) e a
dos insetos e o oitavo da geografia, babosa (Aloe vera). Ele fala ainda do emprego
meteorologia e etnografia. do gengibre (Zingiber officinalis) contra as
enfermidades do estômago e do intestino, da
Em 1658, Piso publica a Historia Natural e
caápomonga (Plumbago scandens), como
Médica da Índia Ocidental52, no qual ele
laxante, da aninga (Philodendron speciosum)
descreve as propriedades terapêuticas de
nas doenças articulares e do cipó de cobras,
cerca de 120 plantas medicinais, algumas já
ou erva de Nossa Senhora (Cissampelos
citadas por outros naturalistas que estiveram
glaberrima, C. pareira) para problemas dos
no Brasil antes dele, como o jaborandi, a
rins e da bexiga.
figueira-do-inferno (Argemone mexicana,
Datura stramonium), a almécega (Protium Em outras ocasiões, pode-se supor a que
heptaphyllum), o maracujá (Passiflora atividade ele está se referindo, mesmo
Passiflora edulis, P. incarenata), a embaúba quando não é possível identificar a planta. É
(Cecropia hololeuca, C. palmata), o caju oà asoàdaàgua ipo a i aà ueà p ovo aàaàu i aà
(Anacardium occidentale), o abacaxi (Ananas presa; socorre as obstruções dos rins e da
comosus), a ipeca (Cephaelis ipecacuanha) e e iga à p gi aà ,à aà paio i io aà dissolveà
a copaíba (Copaiba multijuga), a goiaba e expele as urinas e os cálculos vesicais e
(Psidium guajava), o sassafrás (Ocotea ode aàosàa do esàdosà i s à p gi aà .àE à
pretiosa), a salsaparrilha (Herreria ambos os exemplos, não é difícil imaginar
salsaparrilha, Muehlembeckia sagittifolia, que se trata de diuréticos. Já o caaticá era
Smilax longifolia), o tipi (Petiveria alliacea), a u à e dioà deso st ue teà eà ep esso à e,à
erva-cidreira (Lippia alba) e o mamão (Carica a ste ge do,à pu gaà aà ileà peloà ve t e à
papaya). (página 487). Poderia ser um laxante?
A figueira-do-inferno era usada para Ao mesmo tempo, existem aquelas
li as,àgasesàeà zu idoàdosàouvidos'.àEleàdizà plantas, mesmo quando é possível identificá-
ainda ter comprovado a eficácia da capreúva las, em que é necessário certo esforço para
ou bálsamo peruano (Myroxylon peruiferum) saber qual atividade a que ele se refere. Por
contra as feridas e mordidas de animais exemplo, o pó da raiz da batata-de-purga

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(Operculina alata, O. macrocarpa) era daquele ano, Rodrigues Ferreira agradeceu


apli adoà o à segu a çaà pa aà eli i a à ao Ministro por tê-lo colocado no que ele
principalmente o humor pituitoso e o mesmo classifica de paraíso.67
a uoso à p gi aà ,à e ua toà ueà
Na viagem, que durou 10 anos (1783-
otamarindo, (Tamarindus indica) que ele
1792), Rodrigues Ferreira percorreu as
ha aà iuta à i p eà u à f eioà aosà hu o esà
capitanias do Grão Pará, Rio Negro, Mato
iliosos à p gi aà .à Oà auleà astigadoà doà
Grosso e Cuiabá, num total de 39.372
paco-caatinga (Costus spicatus, C. spiralis),
quilômetros (Figura 2). Acompanharam-no os
pu aàosàhu o esàdaà a eça à p gi aà ,àaà
desenhistas José Joaquim Freire e Joaquim
maçaranduba (Manicaria huberi ,à p oduzàu à
Codina, o jardineiro, botânico e coletor
líquido usado contra as doenças frias do
naturalista Agostinho Joaquim do Cabo.
peito, alivia a garganta e a artéria áspera
ata ada à p gi aà ,à aà oz-catártica Suas coleções foram levadas para o
(Cataputia major ,à e aà i di adaà asà Museu da Ajuda em Lisboa, e seus relatos de
diutu asà o st uç esà dasà vís e asà atu ais à viagem estão reunidos em um volume
(página 384). Já para o iito e para a intitulado Viagem Filosófica.68
iaparandiba, Piso encontra duas aplicações: a Aproximadamente na mesma época em
casca da primeira, reduzida a pó era usada que Alexandre Rodrigues Ferreira realizava
contra as obstruções inveteradas à p gi aà suas pesquisas, o vice-rei do Brasil, Luiz de
365), enquanto que as folhas da segunda, Vasconcellos e Souza, ordenou, em 1799,
inteiras ou esmagadas, e aplicadas à região pelo provincial frei José dos Anjos Passos,
doà fígado,à u ava à asà du ezasà dosà que frei José Mariano da Conceição Vellozo
hipo d ios à p gi aà àouàai daàoàaguap (1741-1811) procedesse à coleta e estudo das
(Echinodorus grandiflorus ,à ujasà aízesà al à plantas brasileiras. Nascido na então
de refrescarem a bile, aliviam e refreiam os Província de Minas Gerais, Vellozo foi
flu osà dise t i osà doà ve t e à p gi aà - admitido na ordem dos Franciscanos em
460). 1761, estudou filosofia e teologia no
Com a expulsão dos holandeses, o Brasil Convento de Santo Antônio no Rio de
voltou a se fechar para qualquer viajante Janeiro, tendo ensinado Geometria, Retórica
estrangeiro. e História Natural.
Foi necessário mais de um século para que Durante oito anos, acompanhado de frei
outro naturalista de renome se destacasse na Anastácio de Santa Inez, escrevente das
história natural do Brasil. O baiano Alexandre definições herbáceas, e de frei Francisco
Rodrigues Ferreira (1756-1815) foi enviado a Solano, pintor e desenhista, Vellozo
Portugal por seu pai em 1768 para estudar na percorreu a Serra e o litoral do que é hoje o
Universidade de Coimbra, onde se doutorou Estado do Rio de Janeiro. O resultado foi a
em Direito e Filosofia Natural. Domingo Flora Fluminensis, uma obra monumental em
Vandelli (1730-1816), médico e professor da 14 volumes, onde estão descritos e
Universidade de Pádua, foi contratado pelo desenhados, incluindo indicações e nomes
governo português para lecionar química e indígenas, 1.640 vegetais brasileiros. O
botânica naquela instituição. Indicado por primeiro volume desta obra foi publicado em
Vandelli, Rodrigues Ferreira voltou ao Brasil 1825. Com a conclusão do trabalho em 1790,
em 1783 com a ordem do ministro da Vellozo foi a Portugal mostrá-lo à corte, lá
Marinha e dos Negócios Ultramarinos, permanecendo até 1808, quando
Martinho de Melo e Castro, para averiguar os acompanhou a família real portuguesa na sua
costumes do povo e o comércio dos três vinda para a Colônia.69
reinos.66Em carta enviada em 23 de outubro

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Alves, L. F.

Figura 2. Trajeto percorrido por Alexandre Rodrigues Ferreira (1783-1792)

Ainda dessa época merece destaque o resfriamentos, Dos danos que faz o leite,
nome de Luiz Gomes Ferreira70, um melado, água ardente de cana e advertências
português que viveu no Brasil nas primeiras para conservação da saúde, Dos venenos e
décadas do século XVIII e introduziu mordeduras venenosas e Do escorbuto ou
medicamentos nativos para a cura de mal de Luanda.
doenças tropicais inexistentes na Europa. Em
Esses 12 Tratados estão, por sua vez,
1705 recebeu a carta-régia e, embora nunca
su divididosà e à v iosà apítulos.à áà vi tudeà
tenha se formado em medicina, exerceu a
do óleo de ouro para a maior parte dos
profissão, publicando em 1735 o livro Erário
afetosà i ú gi os à à oà te aà doà T atadoà V.à Oà
Mineral no qual o autor descreve uma série
autor dedica todo um Tratado, o décimo,
de práticas da medicina europeia, indígena e
para mostrar que o leite era prejudicial à
africana. A obra é um calhamaço de 600
saúde, pois além de tirar a vontade de comer,
páginas, dividida em 12 Tratados: Da curadas
produzia obstruções. Para ele, o sangue
pontadas pleurísticas e suas observações, Das
e st ualàe aà alig o ,à pe ve so ,à apazàdeà
obstruções, Da miscelânea de vários
fazer azedar e turvar o vinho. Ele também
remédios, Das deslocações e fraturas e suas
preconizava remédios para afugentar pulgas
observações, Da rara virtude do óleo de ouro,
e piolhos, para quem come barro, para
Dos segredos ou remédios particulares, que o
remove à a hasà deà vestidosà eà pa aà
Autor faz manifestos para a utilidade de bem
amancebados se apartarem sem que a justiça
comum, Dos formigueiros e outras doenças
o igue .àOàtalà e dio à o sistiaàe à olo a à
comuns nessas Minas, Da enfermidade a que
o esterco do homem na sola dos sapatos da
chamam corrupção-do-bicho, Dos
mulher, e vice-ve sa,à deà odoà ueà oà

461 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

poderão ver um ao outro e se apartarão sem empregada como emplastros em resfriados


que ninguém osào igue à p gi aà .à leves (página 654). A raiz de gengibre era
também ideal para curar inchaços dos pés e
Banhos de urina também eram
das pernas (página 329-330). Sementes de
ad i veis àpa aàdo esàdeàgotaà p gi aà ;à
melancia e abóbora cozidas com folhas de
percevejos amassados, ingeridos pela boca
chicória e almeirão e sumo de limão, para
ou desfeitos em vinho ou caldo de galinha,
febres ardentes (página 260).
pa aàla ça àaà ia çaà ueàestivesseà o taà oà
ve t eà daà e à p gi aà 36). Para nascerem A raiz de butua tinha tantas qualidades ou
cabelos era recomendado untar a cabeça virtudes, como diz Luiz Gomes Ferreira,70 que
raspada à navalha com sebo de homem se iaà e essário um livro inteiro para
esquartejado (página 375), gorduras de rãs e explicar todas com os diferentes modos de
pós de lagartos para a extração indolor de apli a à eà usa à p gi aà .à áà aizà destaà
de tesà p gi aà .àOà a àe aàu aà d ogaà planta cozida com a de caapeba em água
medicinal originária do orvalho e de muitas ue te,à e aà si gula íssi a à o oà
virtudes. Purga levemente e sem moléstia, des oagula teàpa aàa i àaàveiasàeàosà a ais à
eva uaà aà le aà eà fa ilitaà aà u i a à p gi aà eà pa aà faze à i ular melhor o sangue e os
791). mais líquidos e, consequentemente,
desembaraçar o sangue mensal das mulheres
Dedicado à Puríssima e Sereníssima Nossa
e fazer-lhes vir à regra copiosamente' (página
Senhora da Conceição, o livro contém a
252-253). As folhas de cravo tinham
maneira de preparar, a posologia e a
propriedades ainda mais surpreendentes,
i di aç oà deà u aà s ieà deà e eitas
poisà ove à suo à eà u i asà se à g ande
preparadas a partir de plantas medicinais,
trabalho da natureza, corrobora o coração e
muitas delas criadas pelo próprio autor,
itigaà aà sede .à Oà auto à p opagaà out asà
como ele faz questão de salientar.
vi tudesà dosà avos:à s oà ef li osàeà o diais,à
Como método concepcional infalível, ele o seu uso serve para as vertigens e males da
a o selhavaà aà segui teà f ula :à osas,à cabeça, apoplexia, paralisia, epilepsia e em
almécega, Galea moscata, espírito de canela, todos os achaques de nervos, na síncope, na
noz-moscada, cubebas, massis, galanga, de palpitação do coração, nas febres pestilentas
cada uma duas oitavas, cardamomo, cascas (...) matam as lombrigas, facilitam o parto e
de cidra, erva-doce, funcho, alcaravia, ti a à asà oisasà fi adasà oà io à p gi aà
nêveda, aipo, de cada uma oitava e meia, 338-339).
âmbar e almíscar, de cada uma dois
Foi somente com a invasão de Portugal
escrópulos, pimenta longa e branca, de cada
pelas tropas de Napoleão e a consequente
uma oitava e meia, açúcar branco quatro
fuga da família real para o Brasil que a
onças, mel puro libras duas; faça-se confeição
biodiversidade brasileira passou a ser
segundo a arte, da qual tomará a mulher a
estudada de forma sistemática e científica.
miúdo, às colheres, e, sem dúvida,
o e e à p gi aà .à O primeiro desses homens a chegar ao
Brasil, ainda no início século XIX, foi Grigory
Existiam preparações para pesadelos. Se
Ivanovich Langsdorff, aliás Georg Heinrich
os sonhos eram medonhos e espantosos, o
von Langsdorff, em dezembro de 1804 na
remédioà o sistiaà e à e e à vi teà fev easà
condição de naturalista da expedição russa
de açafrão desfeitas com duas colheres de
do almirante Kreuzenstern.71
água de cerejas negras ou, em sua falta, água
de erva- id ei a à p gi aà .à “eà po à out oà Em 1813, voltou ao Brasil, desta vez como
lado, o sonho fosse triste ou turbulento, seria cônsul da Rússia, cargo que ocupou até 1820
e e à se e tesà deà alfa eà e à p à o à gua dividindo o seu tempo com pesquisas em
ouà vi hoà aoà deita à p gi aà .à áà istu aà botânica e em entomologia. Em 1820, voltou
preparada com folhas de cravo, mostarda, à Rússia, para dois anos mais tarde ser
gengibre e sebo de rim de porco poderia ser designado pelo czar Alexandre I com o

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 462


Alves, L. F.

objetivo de organizar e chefiar uma Grosso, Pará, Amazonas e Rondônia (Figura


expedição científica a São Paulo, Paraná, Rio 3), num total de 17.000 quilômetros. Foi a
de Janeiro, Mato Grosso, Minas Gerais, mais longa expedição realizada por um
Amazonas e Pará.71 estrangeiro em território brasileiro e também
a mais trágica. Dos 39 homens que dela
A expedição chefiada por ele percorreu,
participaram desde o início, somente 12
de 1824 a 1829, por via fluvial e terrestre, o
sobreviveram.71
que corresponde hoje aos Estados do Rio de
Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato

Figura 3. Roteiro percorrido pela Expedição Langsdorff (1824-1829)

Langsdorff deixou um diário, em três gigantea) eram boas contra picada de cobra,
volumes71, em que fala da agricultura, clima, sendo que esta última também era útil no
comércio, riqueza (principalmente ouro e caso de febres. Ele cita a solidônia (Trixis
diamantes), escravos, índios, botânica e divaricata ,à u aà Micania’ contra qualquer
zoologia; relata as suas próprias experiências erupção cutânea e, também, como
com as plantas medicinais. antiescorbútico; o óleo da purga-dos-gentios
(Cayaponia cabocla, C. pilosa, Joannesia
As raízes do algodoeiro, de Rubus e do
princeps), como purgante; a raiz-da-China ou
cipó mil-homens (Aristolochia cymbifera, A.
japecanga (que ele diz tratar-se de um
463 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|
Alves, L. F.

grandePiper’), como sendo antissifilítico de descrições sobre os locais por onde


'infalível'. Braço de mono (Solanum cernum) passou.
ou braço de preguiça (Solanum martii), como
São de sua autoria Plantas Usuais dos
sudorífero, antirreumático, cicatrizante e
Brasileiros72 e História das Plantas mais
também antissifilítico (volume 1, página 113).
Notáveis do Brasil e do Paraguai73. No
A sete-sangrias, que ele diz ser uma Mikania,
primeiro ele apresenta o desenho, o nome
era um antiescorbútico (volume 1, página
científico, o nome popular, a descrição
215), as sementes da fava-de-santo-Inácio,
botânica, a etimologia, a localização e o uso
cozidas, atuavam como purgativo (volume 1,
de quase 70 plantas nativas e aclimatadas,
página 120). Langsdorff recomenda o
como a quina do campo (Strychnos pseudo-
fedegoso como purgante sudorífero, o
quina), quina da serra (Cinchona ferruginea),
jaborandi contra feridas, (volume 1, página
ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha), cipó
.à áà i utaà seà o stituíaà e à e dioà
suma (Anchieta salutaris), cipó-carijó (Davilla
pode osíssi o à volu eà ,àp gi aà .
rugosa ,à as aà d anta (Drymis winteri),
Langsdorff chega mesmo a prescrever pindaíba (Xylopia sericea), douradinha
algumas delas, principalmente a cainca (Waltheria douradinha), orelha-de-onça
(Chiococca alba, C. brachieata). Em diversas (Cissampelos ovalifolia, C. ebracteata), andá-
passagens dos seus Diários, ele narra como açu (Joannesia princeps) e velame do campo
curou várias pessoas sofrendo de hidropisia, (Croton campestris).
i fla aç oàsaliva ,à eu aste ia,à ete ç oàdasà
Quase ao mesmo tempo chegava ao Brasil
se eç esà atu ais à e,à p i ipal e te,à
o botânico alemão Carl Friedrich Phillip von
amenorreia, utilizando a raiz desta planta. Ele
Martius, como membro da comitiva da
iti aà osà ha lat es,à ueà o conhecem
arquiduquesa Carolina Josefina Leopoldina,
nada, absolutamente nada, tentam impor-se
filha de Francisco I, imperador da Áustria,
prescrevendo dietas absurdas associadas ao
noiva do príncipe D. Pedro.
o po ta e toà dosà doe tes à volu eà ,à
página 134). Ele afirma também ter curado Para se ter uma noção da importância
u aà oftal ia,à deà o ige à g st i a,à o à u à atribuída à missão, basta recordar que ela foi
pu ga teà deà alo ela o ,à al à deà planejada pessoalmente pelo próprio
hemorragias nasais, dores nos ossos, doenças Imperador da Áustria Francisco I e pelo seu
venéreas e lepra (volume 3, página 144), mas von Metternich desde 1816. A sua direção
os resultados que ele diz ter obtido parecem científica estava nas mãos de Karl Franz
carecer de qualquer fundamento científico. Anton von Schreibers, diretor do Imperial
Gabinete de História Natural e professor de
Quando Langsforff iniciava a sua jornada
ciências naturais da Arquiduquesa desde
pelo Brasil, o botânico francês Auguste
1808.43
François César Provençal de Saint-Hilaire
estava concluindo a sua própria. Saint-Hilaire Martius é o mais famoso de todos os
chegou ao Brasil em 1816 integrando a integrantes da Missão Austríaca. Durante a
comitiva do conde de Luxemburgo, sua estada no Brasil, percorreu na maior
designado como embaixador da França junto parte do tempo acompanhado de Spix ao que
à corte, aqui permanecendo até 1822. atualmente corresponde aos Estados do Rio
Durante esse período, percorreu o que hoje de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia,
corresponde aos Estados do Rio de Janeiro, Maranhão, Pará e Amazonas. A Figura 4
Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, mostra o percurso percorrido por esses dois
Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande naturalistas, juntos ou separadamente entre
do Sul, escrevendo uma série de livros como 1817 e 1820.
relatos dessas viagens, deixando uma série

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 464


Alves, L. F.

Figura 4. Trajeto percorrido Por Martius e Spix durante sua viagem ao Brasil (1817-1820).
Cortesia do Instituo Martius/Staden

Sua obra principal, ou pelo menos a mais apareceu em 1840 e o último em 1906, 38
conhecida, foi a Flora Brasiliensis, composta anos após a morte de Martius). Deve-se notar
de 15 volumes divididos em 40 partes, 130 que a República honrou o compromisso
fascículos, 10.367 páginas, 20.733 colunas de assumido pelo Império mantendo a
texto, 3.811 estampas, 210 famílias subvenção para a publicação da Flora
compreendendo 2.253 gêneros e 22.767 Brasiliensis, até o último fascículo.
espécies de plantas das quais 19.629 são
Para executar empreendimento de tal
brasileiras e 3.138 dos países limítrofes.
envergadura foi necessária a colaboração de
Financiada pelo imperador da Áustria e 65 botânicos de 10 nacionalidades.
pelo rei Ludovico I da Baviera e, a partir de Entretanto, apesar da contribuição financeira
1850, pelo imperador Dom Pedro II, Martius do imperador do Brasil para a realização da
a es e touà e t oà aoà título:à Sub auspicius obra, nenhum cientista brasileiro foi
sublevatum populi brasiliensis liberalitate à convidado para tomar parte do projeto. Estes
(Publicada graças à liberalidade do povo participaram somente na coleta do material
brasileiro) (Figura 5). A obra levou 66 anos botânico; foram 25 brasileiros num total de
para ser concluída (o primeiro fascículo 128 cientistas de 14 países.37,38,74

465 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

Figura 5. Frontispício do Primeiro Volume Parte 1 da Flora Brasiliensis

Em Viagem ao Brasil47, obra em três e o agrião-do-Pará (Spilanthes brasiliensis). O


volumes escrita em parceria com o seu tratamento durava sessenta dias; durante
colega Johann von Spix, Martius descreve esse período, o doente estava proibido de se
minuciosamente o tempo passado no país. aproximar de mulheres e sair da cama por
Neste relato pode-se ver claramente sua mais tempo do que o sol permanece no
atuação como médico. Martius menciona, horizonte.
então, uma série de plantas usadas por suas
Outras plantas relacionadas no livro são a
propriedades terapêuticas. Assim, para
contraerva (Dorstenia opifera), como
mordida de cobra o doente deveria ingerir
sudorífero; a casca da sebipira, segundo eles
grande quantidade de decocção preparada
uma espécie de Cassia ainda não estudada,
com folhas frescas e raízes esmagadas de
em lavagens e banhos contra erupções
Chiococca anguifuga, popularmente
crônicas da pele e, em decocto,
conhecida pelos nomes de raiz preta ou raiz
internamente, contra hidropisia e sífilis; as
de cobra, alternando-se com decocções de
sementes do angelim (Andira sp.) e umari
outras plantas como o loco (Plumbago
(Geoffroya vermifuga, G. spinulosa), como
scadens), a erva-de-“a t á aà Kuhnia arguta)
vermífugos; mangabeira-brava (Hancornia
Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 466
Alves, L. F.

(Willugbeia) pubescens), contra a constipação Julocroton plagedenicus, Pistia occidentalis,


dos órgãos abdominais, principalmente do Gossypium vitiforme e Alpinia pacoseroca
fígado, contra icterícia e doenças crônicas da (Alpinia racemosa Linnaeus); nas fraturas
pele; remédio-de-vaqueiro (Ocymum ósseas os índios empregavam a Tillandsia
incanescens), cujas folhas e flores, tomadas recurvata, a raiz de Piper nodosum, quando
em infuso, são sudoríferos e diuréticos; mastigada fresca, era útil contra a dor de
calunga (Simaba ferruginea), para facilitar a dentes, o sumo da imbaúba (Cecropia spp.)
digestão e contra a hidropisia; as folhas de era empregado nas oftalmias e erisipelas.
Argenome mexicana, eram aplicadas como Martius menciona ainda medicamentos
ataplas aà o t aà asà ou asà sifilíti as ;à asà obtidos do reino animal, como chifre de
raízes de espigélia (Spigelia glabrata) e sapê veado, reduzido a carvão, contra mordida de
ou capiumbeba (Anatherum bicorne), eram cobras, carne de sapo torrada para aliviar as
usadas como sudorífero, sendo que a dores do parto e até mesmo pele de cachorro
primeira também era útil como vermífugo; esfolado recentemente para a ciática.
camaru (Phyasalis pubescens), planta de
Martius também escreveu Sistema de
frutas comestíveis, cujo decocto das folhas
Matéria Médica Vegetal Brasileira76,
era empregado como diurético suave e
o te doà oà at logoà eà aà lassifi aç oà deà
e o e dadoà osà asosà deà esf iadosà o à
todas as plantas brasileiras conhecidas, seus
complicaçõesà g st i as ;à a ia i haà
nomes em língua nacional, nomenclatura
(Comelina sp.), contra reumatismo; alecrim-
botânica, habitat, usos medici ais,à et .à et . ,à
do-campo (Lantana microphylla), como
de acordo com a folha de rosto da obra.
estimulante; manacá, jaraticaca, cagambá ou
Apesar do título, o livro descreve plantas
mercúrio vegetal (Franciscea uniflora), em
usadas como alimento, narcóticas, tintoriais,
mordida de cobras.
resinosas e balsâmicas.
Em Natureza, Doenças, Medicina e
As aplicações terapêuticas principais das
Remédios dos Índios Brasileiros75, livro
plantas medicinais eram: nas inflamações,
posterior, escrito em 1844 quase vinte anos
Sida atheifolia, Linum usitatissimum (linho) e
após a morte de Spix, Martius volta a abordar
ipê (Tecoma ipe); como diurética, Pavonia
o uso das plantas medicinais.
diuretica e Vandelia diffusa (mata cana,
Ele observa como os pajés colhem o orelha de rato, caá-ataya); nas afecções
material vegetal fresco para serem catarrais, Sphoeralea cisplatina (malvaísco),
empregados internamente em infusão e Waltheria douradinha (douradinha) e
decocto, ou externamente em cataplasmas Lecythes grandiflora, também usada no
o à aà aisà efi azà vi tudeà edi a e tosa à estadoàsu i fla at ioàdoàsiste aàu i io ,à
(página 233). Os índios, só se utilizam para (página 66); nas oftalmias, Myrodia
uso interno ou de cataplasmas frescas. A angustifolia e Potalia resinifera (anabi); nas
mata é a sua farmácia. Não costumam colher cólicas, Urena lobata (malvaísco, guaxima) e
planta medicinal alguma e conservá-la seca Ageratum conyzoide (mentrasto); nas
pa aà e essidadeà futu a à p gi asà -236), diarreias, Gomphrena officinalis (para-tudo),
diz ele. Em seguida, ele descreve a utilização, Mangifera indica (manga) e Eclipta erecta
pelos índios, de plantas medicinais para o (tangaraca); contra úlceras, Bidens
tratamento de uma série de doenças como graveolens, Argemone mexicana, Plumeria
afecções catarrais e ósseas, dermatoses, phagedania (seburu-uva) e Thevetia ahoai;
va íola,à hepatite,à e a açosà g st i osà nas dores reumáticas e artrites, Myristica
i os ,à espi hela,à sífilis,à gota,à bicuuba, M. sebifera (ucuuba) e Aleurites
hemorroidas, doenças mentais, dos órgãos moluccana (Noz da Índia); nas feridas e
dos sentidos e respiratórios. Ele afirma ter úlceras, Carica digitata, Alasia jobini,
presenciado a cicatrização de feridas pela Curatella sambaiba (sambaiba), Casearia
aplicação de cataplasmas preparadas com adstringens (guaçatonga); Solanum

467 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

paniculatum (jurubeba) e Gossypium Peckolt, que veio para o Brasil em 1847,


vitifolium, G. herbaceum (algodoeiro); nas indicado por Martius para, entre outras
febres, Discaria febrifuga (quina do Rio coisas, coletar espécies para a Flora
Grande do Sul) e contra mordida de cobra, Brasiliensis que este estava preparando e de
Eupatorium crenata e Eupatorium ayapana quem recebeu 50$000 mensais para que as
a apa a .à Estaà últi aà e aà u à eg gioà amostras de plantas lhe fossem enviadas. A
ale if a o ,à ouà seja,à u à a tídotoà p gi aà isso se devem acrescentar as dificuldades de
101). trabalho para jovens professores alemães
devido à rigidez do sistema universitário
A erva-de-Santa Maria (Chenopodium
predominante no seu país.77 Peckolt viajou
ambrosioides), além de carminativa,
pelas então Províncias do Rio de Janeiro,
diaforética e emenagoga, servia também
Espírito Santo e Minas Gerais. Na realidade,
o t aà oà i gu gita e toà pituitosoà dosà
Theodoro Peckolt não pode ser considerado
pul es à p gi aà ;à oà su oà esp e idoà
um 'viajante', na acepção da palavra, uma vez
seco do cipó de chumbo (Cuscuta umbellata)
que fixou residência no Brasil até morrer em
e aà esolve teà eà a tiflogísti o ,à e ua toà
1912. Além disso, ele deixou uma herança
que a Cassia alata era u difi a te à eà
familiar na pesquisa à química e farmacologia
também útil contra as impingens e as
de plantas medicinais, através de seu filho
obstruções do fígado (página 57); o assacu
Gustavo e de seus netos Oswaldo e
(Hura brasiliensis), além de anti-helmíntico
Waldemar.
e aà usadoà pelosà í diosà pa aà e iaga à osà
pei es àeàaà ai aà Chioccoca racemosa) tinha A despeito do seu pioneirismo, a
múltiplos empregos na terapêutica: nas determinação estrutural das substâncias
opilações das vísceras, na melancolia, nas isoladas por ele estava além do que permitia
o didasàdeà o as,à o oàdiu ti oàeà atuavaà a química do seu tempo e se constituíram em
so eà oà úte oà p opulsio a doà oà e i oà um desafio para futuras gerações de
(página 176). Martius menciona três espécies fitoquímicos. Assim, por exemplo, em 1870,
de maracujá (Passiflora foetida, P. hircina, P. ele publicou no periódico alemão Archive der
hibiscifolia) que, segundo ele, eram Pharmazie um artigo relatando o isolamento
empregadas contra a erisipela e inflamações de um glicosídeo iridoide das folhas da
daàpeleà eà afi aàte àp ese iadoàoà alívioàdeà Plumeria lancifolia, cuja elucidação estrutural
uma grave moléstia de engurgitamento do só foi determinada88 anos mais tarde por
aço à o à apli aç oà dasà folhasà daà Halpern e Schmidt. Em 1894, Boorsman
janipanrandiba (Gustavia brasiliensis). isolou a mesma substância das cascas de
outra espécie de Plumeria, a P. acutifolia.
Ele menciona o pau-brasil (Caesalpinia
Boorsman, que desconhecia o trabalho de
echinata) como um remédio adstringente,
Peckolt, deu o nome de 'plumerídeo' à
corroborante e secante, reduzido a pó
substância.78
finíssimo e misturado com o das folhas da
aroeira; é ótimo para fortificar as gengivas Em 1889, ele produziu um longo trabalho
p gi aà ;à eà so eà oà af :à aà i fus oà dasà sobre a aroeirinha, ou aroeira, (Schinus
sementes acabadas de colher se tornou terebinthifolius) para o Congresso Médico
ot velà pelaà suaà efi iaà aà gotaà a t íti a à Brasileiro daquele ano, no qual ele apresenta
(página 119). uma descrição botânica detalhada da planta
e uma análise química das suas folhas, cascas
O valor dos trabalhos realizados por todos
e frutos.79
esses homens é indiscutível. Entretanto,
nenhum deles tinha o preparo acadêmico Peckolt afirma ter encontrado em 1.000
necessário para executar um trabalho de gramas de folhas frescas 'umidade, matéria
análise química, mesmo dentro dos limites da cerácea, clorofila, resina mole aromática,
ciência do seu tempo, nas plantas que glucosídeos, ácidos orgânicos, nitratos,
descreveram ou classificaram. Esta tarefa mucilagem, cinzas, celulose e óleos
coube primeiramente ao alemão Theodoro essenciais'. A análise das cascas e dos frutos

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Alves, L. F.

revelou, com a exceção óbvia da clorofila, um o p ovada à aà aç oà daà a oei aà o oà


resultado praticamente idêntico. Segundo antiprurido, contra o escorbuto, no
ele, o ácido 'esquino-tânico' está presente relaxamento da úvula, no prolapso do reto e
nas folhas, casca e frutos; a 'picrosquina' nas do útero. O seu óleo essencial era aplicado
folhas e frutos, a esquinina nas cascas e nas afecções bronco-pulmonares e
frutos e o 'ácido schinico' nos frutos. Todavia, urogenitais.
em virtude dos limites já mencionados dos
Estudos químicos recentes realizados com
métodos químicos e físicos de análise ao seu
a aroeira81-84 permitiram determinar a
dispor, as informações sobre cada uma
presença de terpenoides como, por exemplo,
dessas substâncias se restringem às suas
α-fela d e o,à β-fela d e o,à α-te pi eol,à α-
propriedades organolépticas, como cor,
pi e o,à β-pineno, p- i e o,à li o e o,à γ-
sabor e solubilidade.79
adi e o,à α-tujona, germacreno D,
Ele sugere que os médicos deveriam ge a e oà B,à β-ele e o,à α-gu ju e o,à β-
estudar a ação fisiológica e terapêutica da cariofileno, α-hu ule o,à α-bergamoteno,
aroeira, observando que o suco das folhas allo-aromandendreno. Bendaoud e
81
era ativo nas oftalmias; a infusão destas era colaboradores isolaram cerca de 60 outros
empregada nas afecções reumáticas, na desses terpenoides das folhas de S.
lavagem das úlceras malignas. Ele mesmo terenbithifolius e S. molle. Dos frutos de S.
afirma ter verificado a sua ação diurética. Já a terenbithifolius, Richter e colaboradores85
casca, devido à presença de taninos, era encontraram 3 sesquiterpenos do tipo
empregada como adstringente e no espirolactona, terebaneno, teredeneno e
reumatismo, inchações e tumores sifilíticos. terebinteno, além de vários mono e
Ele apresenta ainda a maneira de preparar e sesquiterpenoides. Das folhas e dos galhos
a posologia para cada uma dessas desta planta, Johann e colaboradores86
indicações.79 Na mesma época, Tibério Lopes obtiveram o esquinol e uma nova bifenila.
de Almeida80 o se vouàesta à ie tifi a e teà

OH HO
O O
COOH

O O
OH HO
HO
Bifenila
Eschinol

As pesquisas farmacológicas com aroeira História das Plantas Alimentares e de Gozo no


são bastante promissoras. Nesse sentido, Brasil55, História das Plantas Medicinais e
testes clínicos mostraram as suas Úteis do Brasil99, este último em colaboração
propriedades antioxidante81, com seu filho, Gustavo.
antiproliferativas81-83,87, acaricida84,
No primeiro desses livros, Peckolt fez uma
antifúngica86,88,89, antimicrobiana90,
91 92 análise química e botânica de 115 vegetais
antialérgica , antiúlcera e cicatrizantes de
(além alguns fungos). Ele menciona as
feridas93-97.
propriedades da goiabeira contra a diarreia
De maior importância, na sua extensa (o que está confirmado hoje em dia), mas se
produção acadêmica destacam-se os livros refere também ao seu uso contra a
Análise de Matéria Médica Brasileira98, leucorreia, cólera e vermes. A erva-de-São
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Alves, L. F.

João (Ageratum conyzoides) era empregada caboclo (Cayaponia cabocla), além de


contra reumatismo, o cravo de defunto 'drástica', também era antissifilítica e
(Tagetes glandulifera) na histeria, nas empregada contra mordida de cobra; a purga
verminoses e afecções cutâneas, a caroba de cereja (Cayaponia cordifolia) servia como
roxa ou preta (Bignonmia obovata) era purgante de efeito rápido101. O decocto da
recomendada como antissifilítico. Na maioria tayuaya (Trianosperma martiana) era
das plantas mencionadas, ele se refere empregado na escrofulose e sífilis
apenas ao rendimento produzido pela secundária, na dose de uma colher de sopa
destilação de partes das plantas, sem três vezes ao dia102.
mencionar o valor terapêutico. Apesar do
A tradição das pesquisas iniciada por esses
título da obra, nem todos os vegetais
naturalistas tem se mantido constante desde
analisados são medicinais, como a mandioca,
então como será discutido no próximo
o café e o mate.
tópico.
História das Plantas Alimentares e de
Gozo no Brasil55 foi escrita entre 1871 e 1884
e está dividida em cinco partes, nas quais o 3. Pesquisa com Plantas
autor discute as plantas alimentares, as de Medicinais no Brasil
uso técnico (fibras vegetais, óleos essenciais,
plantas tintoriais e tânicas) e as plantas
medicinais.
Além dos naturalistas mencionados no
A História das Plantas Medicinais e Úteis tópico anterior, o século XIX testemunhou os
do Brasil99, originalmente escrito em alemão trabalhos de alguns brasileiros que muito
em colaboração com seu filho Gustavo, entre contribuíram para a compreensão da história
1888 e 1914, dividido em oito partes, ou natural do Brasil, principalmente para a
fascículos, abrange um total de 946 vegetais botânica. Entre eles, destacam-se o frade
(incluindo algas, fungos e liquens) das quais carmelita Leandro do Santíssimo Sacramento
ele realizou análise química em 130. (1778-1829), Joaquim Monteiro de Caminhoá
Em 1904, ele publicou um artigo sobre (1836-1896), Francisco Freire Allemão de
uma série de cucurbitáceas100, trabalho este Cysneiros e seu sobrinho, menos conhecido,
reproduzido na Revista da Flora Medicinal Manoel Freire Allemão de Cysneiros. Nascido
em 1937. Por exemplo, O suco espremido das em 1778, frei Leandro estudou Filosofia na
folhas do Melão de São Caetano (Momordica Universidade de Coimbra. Foi professor de
charantia), segundo Peckolt, é eficaz no Botânica da Academia Médico-Cirúrgica.
combate à febre gástrica. Os leprosos a Percorreu quase todo o Brasil durante 6 anos,
usavam como cataplasma para aliviar as tendo publicado 23 livros sobre botânica. Foi
dores, enquanto que a raiz era considerada diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
purgativa.100 A algumas plantas, ele atribui a de 1824 a 1829, quando faleceu.
propriedade de ser um 'drástico', sem Formado em Medicina, o baiano Joaquim
explicar exatamente o seu significado, como, Monteiro de Caminhoá foi professor de
por exemplo, a melancia do campo Botânica e Zoologia da Faculdade de
(Melancium campestre), o pepino de purga Medicina do Rio de Janeiro. Escreveu
(Melothria cucumis), abóbora do mato ou Elementos de Botânica Geral e Médica e Das
cereja de purga (M. fluminensis), azougue Plantas Tóxicas do Brasil em 1871, traduzido
vegetal ou abobrinha do mato (Willbrandia para o francês. Criou com recursos próprios o
verticillata). Esta última também era herbário daquela instituição. Sua obra
empregada na hidropisia, nas doenças dos Elementos de Botânica Geral e Médica, em
rins e baço e no tratamento da sífilis. O três volumes e cujo primeiro volume foi
decocto das folhas do cipó de guardião publicado em 1877, trazia 1.500 estampas
(Melothria punctuatissima) era empregado intercaladas no texto e três mapas de
em clisteres como resolvente100. Já a purga de geografia botânica. Em sua apresentação o
Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 470
Alves, L. F.

autor afirmava que o livro, resultado de anti-inflamatória, antiúlcera e


quase 16 anos de estudos, era o resumo de antibacteriana,107-109 enquanto a amburana
59 compêndios e obras de importantes apresenta atividades anti-inflamatória e
autores norte-americanos e europeus, analgésica.110
incluindo os de Affonso Wood, Pierre Étienne
Seu sobrinho, Manoel Freire Allemão de
Simon Duchartre, Henri Baillon e de Carl
Cysneiros, que o acompanhou na viagem ao
Friedrich Philipp von Martius37,38. Em
Ceará, estava mais interessado na parte
novembro de 1888, apresentou uma
médica, tendo, assim, desempenhado um
comunicação na Academia Imperial de
grande papel no conhecimento dos nossos
Medicina do Rio de Janeiro sobre as
fitoterápicos. Nesta viagem, tomou
propriedades tóxicas do gênero
103,104 conhecimento dos usos e propriedades de
Mucuna ,à assu to,à segu doà ele,à deà
mais de uma centena de plantas medicinais
g a deài te esseàpa aàaàhu a idade à p gi aà
que ele, então, apresentou em uma série de
144).
artigos e relatórios. Ele também, como
Freire Allemão diplomou-se como Peckolt, descreveu as propriedades
cirurgião na Academia Médico-Cirúrgica do afrodisíacas da catuaba, informando ainda
Rio de Janeiro em 1827. Doutorou-se em ueà asà aízesà dosà a a uj sà s oà a ti as,à
Medicina na Universidade de Paris em 1831, anti-histéricas e sedativas .à Eleà seà efe eà aoà
com uma tese sobre o bócio, doença emprego do pipi (Petiveria alliacea) contra o
endêmica naquela época. Foi um dos estupo à eà asà pa alisiasà velhas .à Noà seuà
fundadores (e presidente) da Sociedade Estudo de Matéria Médica, Freire Allemão
Velloziana de Ciências. Em 1843 partiu para a Sobrinho incluiu algumas plantas bem
Europa na comitiva que foi buscar a princesa conhecidas pelas suas atividades
D. Tereza Cristina, noiva de Dom Pedro II, farmacológicas, como o juruquiti (Abrus
tendo sido médico pessoal deste e professor preactorius), caju (Anacardium occidentale),
de ciências de suas filhas, Isabel Cristina e jaborandi verdadeiro (Pilocarpus jaborandi),
Leopoldina Teresa. Além de médico foi menstruço (Chenopodium ambrosioides),
também botânico. Regeu a Cadeira de ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha), cipó-
Botânica e Zoologia da Faculdade de suma (Anchieta salutaris), japecanga (Smilax
Medicina do Rio de Janeiro (de 1833 a 1853) japecanga), cipó mil-homens (Aristolochia
e a de Botânica da Escola Central de 1858 a cymbifera), abutua (Cissampelos pareira),
1865. De 1859 a 1861 percorreu o Ceará e, mulungu (Erythrina glauca) e muitas
de volta ao Rio de Janeiro, dirigiu o Jardim outras111.
Botânico de 1865 a 1874, quando veio a
Resta destacar os nomes de Ezequiel
falecer. O material coletado durante esta
Corrêa dos Santos (pai e filho).
viagem lhe permitiu estabelecer a
classificação de 15 gêneros e Nascido no Rio de Janeiro, em 1801,
aproximadamente de 45 espécies de plantas Ezequiel (pai) foi um farmacêutico de
compreendendo várias famílias.37,38,105,106 destaque no século XIX, tanto pelo seu
trabalho científico como pelas suas posições
Algumas das plantas coletadas por ele são
políticas radicais. Na biografia dedicada a ele,
medicinais, como a aroeira do sertão
Ezequiel Corrêa dos Santos: Um Jacobino na
(Myracrodruon urundeuva), pau de cumaru
Corte Imperial, Basile112 ilustra bem essas
ou amburana (Torresea cearensis), pau-
características.
pereira (Geissospermum vellosii, (G. laeve), a
cabriúva ou óleo pardo (Myrocarpus Formado em Farmácia em 1819, Ezequiel
frondosus) e arapoca amarela (Galipea foi um dos responsáveis pela fundação da
dichotoma). Testes clínicos recentes Sociedade Pharmaceutica, a qual presidiu até
realizados com a aroeira do sertão
mostraram as suas propriedades analgésica,

471 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

falecer em 1864. Ele foi ainda um grande capazes de inibir a enzima


defensor da necessidade da adoção de um acetilcolinesterase. Esta enzima é
Código Farmacêutico. O historiador Lycurgo responsável pela quebra da acetilcolina, um
dos Santos Filho113o considerou o mais neurotransmissor que tem a sua
notável farmacêutico brasileiro do século XIX. concentração e suas atividades reduzidas nos
pacientes portadores da doença de
Em 1833, ele isolou o alcaloide pereirina
Alzheimer. A inibição desse
da casca do pau-pereira, Geissospermum
neurotransmissor, portanto, poderá ser útil
velosii, e em 1838, começou a comercializá-
no tratamento desta e de outras doenças
lo, tornando-se um pioneiro na obtenção de
neurológicas.116,117,120
alcaloides.114,115 A casca desta árvore era
empregada no combate à malária até o início Ezequiel também esteve à frente da
do século XX. Esta atividade foi verificada por criação da Revista Pharmaceutica, lançada
diversos pesquisadores no século XX.14,116-120 em julho de 1851, três meses após a
fundação da Sociedade Pharmaceutica
Contudo, o pioneirismo de Ezequiel na
Brasileira e, portanto, quase 30 anos antes da
obtenção da pereirina foi contestado desde o
fundação do Journal of the American
início, tanto no Brasil por dois farmacêuticos
Chemical Society, periódico de grande
franceses radicados no Rio de Janeiro, Jean-
prestígio na área de química, cujo primeiro
Louis Alexandre Blanc e Jean Marie Soullié,
número circulou em 1879.
como na Europa pelos alemães Cristoph H.
Pfaff e Bernard Goss, pelos franceses Seu filho homônimo, médico e também
François Dorvault, Charles Adolphe Wurtz e farmacêutico, foi seu primeiro redator (julho
Pierre Joseph Pelletier e pelo italiano Pietro de 1851 a junho de 1852).
Peretti.116,117,121 Por outro lado, Rapoport e
Seguiram-se na redação da revista
colaboradores122 atribuem a Otto Hesse, em
Francisco Lopes de Oliveira Araújo de julho
1880, o primeiro isolamento daquele
de 1852 a junho de 1853, Manoel Hilário
alcaloide.
Pires Ferrão de julho de 1853 a junho de
A polêmica em torno da pereirina pode 1854, Ezequiel (pai) julho de 1854 a junho de
ser entendida se considerarmos que o que 1855, I.M. de Almeida Rego, de julho de 1855
Ezequiel Correa dos Santos denominou a fevereiro de 1856. Este número só
'pereirina', considerando um único alcaloide apareceu em outubro de 1857.
pode, na verdade, ser uma mistura complexa
O Dicionário Histórico-Biográfico das
desse tipo de substâncias121.
Ciências da Saúde no Brasil122a (1832-1930)
É oportuno destacar ainda estudos afirma que Ezequiel (filho) voltou a ocupar o
recentes realizados por pesquisadores do cargo de redator nesse último período.
Instituto de Química e do Departamento de Todavia, essa informação não corresponde à
Farmacologia da Universidade Federal do Rio realidade. As Figuras 6 e 7 mostram
de Janeiro mostrando que substâncias claramente que pai e filho ocuparam o cargo
presentes no extrato do pau-pereira são de redator da Revista em épocas diferentes.

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 472


Alves, L. F.

Figura 6. Frontispício do Tomo I da Revista Pharmaceutica, 1851, sob a redação de Ezequiel


Correa dos Santos Junior

473 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

Figura 7. Frontispício do Tomo IV da Revista Pharmaceutica, 1854, sob a redação de Ezequiel


Correa dos Santos (pai)

Entre os artigos sobre plantas medicinais o autor estava se referindo às plantas


publicados naquele periódico destacam-se medicinais. O trabalho está dividido em 11
'Da dissertação inaugural sobre os partes: medicamentos tônicos, estimulantes,
medicamentos brasileiros que podem purgativos, eméticos, emoluentes,
substituir os exóticos na prática da medicina medicamentos refrigerantes, sudoríferos,
no Brasil'123.à Po à edi a e tosà asilei os ,à antissifilíticos, diuréticos, anti-helmínticos e

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 474


Alves, L. F.

narcóticos, abrangendo aproximadamente 65 reumatismo, gota e erisipela. O autor afirma


plantas, publicado em doze números já ter empregado por diversas vezes o
consecutivos da revista (julho de 1852 a ozi e toàdaà aizàdessaàpla taà o t aàaà sífilisà
junho de 1853). i vete ada .à Oà a i içoà Sinsirichium
galaxioides) era usado na sua clínica para
Em 1853, Pires Ferrão publicou o artigo:
tratar as brotoejas. Por outro lado, ao mesmo
'Emprego do caracol (vulgo caramujo) no
tempo em que era nocivo dar às crianças
tratamento das affecções escrupulosas e nas
recém-nascidas papa de banana, pois estas
phitisicas'124. Nele o autor dava inclusive o
eram, segundo ele, as principais causas da
modo de como preparar a pastilha de
existência dos vermes intestinais, ela poderia
caramujo.
se à e p egadaà o t aà asà fe idasà deà mau-
Deve-se, ainda, citar a tese de doutorado a te àe as aftas das crianças.
de Ezequiel Correa dos Santos (filho), a
Cerca de três décadas mais tarde, em
Monographia do Geissospermum velosii, ou
Ensaios de Matéria Médica e Terapêutica
pau-pereira. Este trabalho foi dividido em
Brasileira, Martins Costa127-131 descreve as
três partes, botânica, química e
propriedades químicas e farmacológicas de
terapêutica.115 Mostrando a influência de seu
23 plantas nativas e aclimatadas, além de
paià pa aà suaà a ei a,à eleà es eveu:à áà
fornecer dados sobre a origem, a preparação
descoberta da quinina tornou provável a
farmacêutica, ação fisiológica, sinonímia
existência de produtos análogos em todas as
vulgar e científica das mesmas. Assim, as
plantas dotadas de virtudes enérgicas. Foi
folhas da trombeteira branca (Datura
movido por esta probabilidade que meu Pae
arborea) e da trombeteira roxa (D. fastuosa)
extrahio, em 1833, o principio ativo da casca
eram úteis contra reumatismo, asma e
doà pauà pe ei a,à ueà de o i ouà pe ei i a à
otalgias; a erva moura (Solanum nigrum) era
(página 43).
aplicada nas feridas dolorosas, nas úlceras. O
Em 1854, a revista publicou a fórmula do suco desta planta podia ser aplicado nas
a opeà depu ativoà deà Eze uiel ,à o sta doà cabeças raspadas de indivíduos portadores
de extratos de salsaparrilha, de japecanga, de de meningites ou meningo-encefalites; o
gua o,à deà a o a,à deà pa a eia ,à deà i oà arrebenta-cavalo (Solanum aculiatissimum)
folhas, de saponária, de fumaria, além de e aà e p egadoà e à a hosà o t aà osà
doce amargo, açúcar mascavo e mel. tu ulosà ese t i os .à Ma ti sà Costaà
A revista circulou mensalmente, e sem também apresenta algumas fórmulas para o
interrupção, de julho de 1851 a janeiro de uso do tabaco contra a asma, coqueluche e
1856. paralisia, sendo neste último caso uma
combinação de folhas de tabaco, raiz de
O século XIX presenciou ainda o angélica e alcaçuz. As sementes maceradas
desenvolvimento e a publicação de uma série do jequeriti (Abrus precatorius) eram úteis
de trabalhos sobre as plantas medicinais, nas oftalmias, e o mulungu (Erythrina
nativas e aclimatadas, inclusive em corallodendron), na insônia, para acalmar a
periódicos estrangeiros e teses de tosse, moderar os acessos de asma e nas
doutoramento, principalmente nas coqueluches.
Faculdades de Medicina.
Além desses trabalhos, houve ainda
Em 1840, Emilio Joaquim da Silva diversas teses de doutoramento defendidas
Maia125,126 realizou um trabalho sobre as naquele período. Esses trabalhos envolviam
monocotiledôneas brasileiras empregadas na estudos detalhados sobre uma determinada
medicina no qual aborda as atividades planta medicinal, como o caju, imbaúba,
médicas da japecanga ou salsaparrilha timbó-boticário, pau-pereira, dedaleira,
(Smilax salsaparrilha, S. glauca, Herreria araroba, ipecacuanha, jaborandi, quebracho,
salsaparrilha) no combate à sífilis, mamão e jurubeba, salsaparrilhas, ou as

475 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

atividades às quais elas eram preconizadas como Martius, Caminhoá, Peckolt, Silva Maia.
como purgantes, sudoríferos e tônicos Por sua vez, estes autores mencionam
(Tabela 2). diversas propriedades medicinais dessas
plantas sem qualquer relação com as suas
A Tabela 2 mostra que em 1831 o estudo
atividades purgativas (embora esta também
das plantas medicinais já tinha se tornado
seja mencionada), como dores reumáticas,
uma preocupação científica para os
tumores dos testículos e das articulações,
pesquisadores brasileiros. Naquele ano, José
para o cipó-imbé (Philodendron arborescens)
Agostinho Vieira Matos defendeu junto à
e nas febres malignas, mordida de cobras,
Faculdade de Medicina de Paris uma tese
hidropisia para a tayuya (Trianosperma
sobre o caju e, em 1835, Bernardino
ficifolia), a piteira (Agave americana), como
Francisco Justiniano132-134 apresentou uma
u difi ativasà dasà úl e as ,à istoà ,à pa aà
tese à Faculdade de Medicina do Rio de
limpar as úlceras.
Janeiro sobre as propriedades purgativas de
45 plantas nativas ou aclimatadas existentes Manoel de Castro teve, também, a
no Brasil. Logo no início do seu trabalho, oportunidade de testar a buchinha (Luffa
Bernardino refere-seà aoà B asilà o oà oà purgans), a purga de gentio (Cayaponia
deli iosoàja di àdoà u do àeà ueà à eleà ueà diffusa), o anda-açu (Joannesia princeps), a
o médico-naturalista achará os mais variados batata de purga (Operculina convolvulus) e a
produtos da natureza, cuja aplicação na agoniada (Plumeria lancifolia)no Hospital da
edi i aà à i e sa à p gi aà -34). Misericórdia e de verificar a sua atividade
Entretanto, as suas descrições são purgativa.
extremamente breves, baseadas em
Pode-se mencionar ainda a tese de José
informações populares, e desprovidas de
Phillipe Cursino de Moura145,146 sobre plantas
qualquer evidência médica.
sudoríferas, defendida na faculdade de
Em 1848, Carlos Luiz de Saules135 Medicina do Rio de Janeiro em 1884. Entre as
submeteu à mesma faculdade uma tese plantas que ele examinou, usadas
sobre a aplicação da ambaíba (Cecropia popularmente como sudoríferas, encontram-
palmata, C. peltata, C. concolor) na cura do se o fedegoso (Cassia occidentalis), a
cancro. Saules conclui pela eliminação da japecanga (Herreria salsaparrilha), o
doença, embora não tenha sido possível jaborandi (Pilocarpus pinnatifolius), a
determinar a ação do agente terapêutico, salsaparrilha (Smilax salsaparrilha) e a
nem explicar os seus efeitos. ayapana (Eupatorium ayapana), além de
outras 15 espécies de plantas. Cursino de
Ainda no século XIX, em 1877, João
Moura testou cada uma dessas plantas,
Manoel de Castro136-144 apresentou uma tese
entretanto só foi possível comprovar a ação
bem mais abrangente sobre as plantas
sudorífera da salsaparrilha, da japecanga, do
purgativas do Brasil, abrangendo a descrição
fedegoso e dos jaborandis (falso e
botânica, análise química, ação fisiológica e
verdadeiro).
terapêutica, meio de administração e doses e
a sinonímia vulgar e cientifica de 65 espécies Esses trabalhos representam, certamente,
de vegetais. Segundo ele, a ação dos uma parcela daquilo que foi estudado no
purgativos não se limitava à constipação do século XIX sobre as plantas medicinais
ventre, podendo ser empregados ainda existentes no Brasil. Seria, contudo,
contra a diarreia, disenteria, hidropisia, extremamente importante que outras teses
congestão pulmonar e cerebral, intoxicações pudessem ser recuperadas, a fim de facilitar
e dismenorreia. Castro cita, então, uma série as pesquisas nesse campo atualmente em
de observações feitas por outros autores andamento no Brasil.

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 476


Alves, L. F.

Tabela 2. Exemplos de algumas teses sobre plantas medicinais defendidas no século XIX
Tema ou Classificação Autor Local Ano
Planta
caju Anacardium occidentale José Agostinho Vieira FMP 1831
Matos
purgantes - Bernardo Francisco FMRJ 1835
Justiniano
imbaúba Cecropia hololeuca Carlos Luiz de Saules FMRJ 1848
pau-pereira Geissospermum vellossii Eliseu Correa dos Santos FMRJ 1848
timbó Dahlstedtia pinnata Carlos Augusto Cezar FMRJ 1849
boticário Meneses
dedaleira Digitalis purpúrea João Batista de Lacerda FMRJ 1870
salsaparrilhas Smilax sp. Edmond Vandercolme FMP 1870
araroba Vaitaireopsis araroba Joaquim Macedo de Aguiar FMBA 1877
purgantes - João Manoel de Castro FMRJ 1877
ipecacuanha Cephaelis ipecacuanha Guilherme Frederico FMRJ 1877
Victorio da Costa
jaborandi Pilocarpus jaborandi João Henrique Fernando da FMRJ 1877
Costa
FMRJ 1877
Joaquim Rodrigues Lira da
FMRJ 1877
Silva
FMRJ 1888
Julio Braz Magalhães Calvet
Arthur Ribeiro da Fonseca
quebracho Aspidosperma Adolpho Lutz FMRJ 1881
quebracho blanco
mamão Carica papaya Domingos Alberto Niomey FMRJ 1882
vegetais - Francisco Maria de Mello FMRJ 1883
tônicos Oliveira
sudoríferos - José Phillipe Cursino de FMRJ 1884
Moura
jurubeba Solanum paniculatum Francisco da Luz Carrascosa FMBA 1886
FMP= Faculdade de Medicina de Paris, FMRJ= Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro,
FMBA= Faculdade de Medicina da Bahia.

Seguindo os passos do pai, Gustavo árvores eram: araroba (Andira araroba),


Peckolt147 publicou um artigo sobre a química usada para afecções da pele; a gameleira
e as propriedades terapêuticas do que ele (Urostigma doliarum), como anti-helmíntico
chamou 'as dez árvores genuinamente e digestivo; sicupira (Bowdichia virgiloides)
brasileiras mais úteis na medicina'. Essas como tônico depurativo energético,

477 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

moléstias da pele, impurezas do sangue, plantas da flora brasileira' e o 'diploma de


úlcera, reumatismo e sífilis; óleo vermelho mérito', da seção de mineralogia, pela
(Toluifera peruifera), anticatarral e coleção de minerais do Brasil, devidamente
expectorante, para moléstias da pele e classificada e analisada.
úlceras crônicas; anda-assu (Johannesia
No ano seguinte, foi nomeado professor
princeps), como purgativo; pau-pereira
de química orgânica e analítica da Escola
(Geissospermum vellosii) eguarem (Pradosia
Superior de Farmácia, criada no Rio de
lactescens), nas disenterias, como
Janeiro no ano anterior. Entre agosto de 1886
anticatarral e nas hemorroidas; marupá
e agosto de 1887, juntamente com Carlos
(Simaruba amara), na diarreia, disenteria,
Francisco Xavier, ele foi o responsável pela
dispepsia e afecções verminosas; casca
publicação da Revista Pharmaceutica (não
d a taà Drymis winteri), empregada nas
confundir com o periódico homônimo
funções digestivas; e, mais uma vez, copaíba
também editado pelo Instituto Farmacêutico
(Copaifera langsdorffii ,à u à ti oà
do Rio de Janeiro entre 1851 e 1856).
estimulante, anticatarral e antiblenorrágico
de primeira ordem'. São também de sua autoria: 'Método
sistemático de análise quantitativa de
Dignas de nota são também as suas
minerais', 'Estudo químico do leite vendido na
monografias sobre as cucurbitáceas
cidade do Rio de Janeiro', 'Estudo químico das
(abóboras) medicinais148 e sobre as plantas
diferentes qualidades de formicidas
medicinais com propriedades anti-
existentes no comércio do Rio de Janeiro',
helmínticas149,150 e sobre a erva-mate151,152.
'Plantas tóxicas para peixes', 'Plantas
No necrológio dedicado ao seu pai, tintoriais e a origem do nome Brasil', 'Mais
Oswaldo Peckolt afirma que o mesmo terríveis façanhas do gavião harpia', entre
realizou 'milhares de análises [em plantas outros. Em 1901, foi nomeado perito químico
medicinais] consideradas perfeitas'.153 do Banco do Brasil, para realizar análise nas
letras emitidas Banco e consideradas
Gustavo foi sócio da Sociedade
falsas.153
Nacional de Agricultura e da Liga Marítima
Brasileira, fundador da Sociedade Seus filhos, Oswaldo (farmacêutico) e
Entomológica Brasileira, membro da Waldemar (farmacêutico e médico), também
Deutsche Botanische Gesellschaft, da exerceram importante papel no estudo das
Deutsche Chemische Gesellschaft, da plantas medicinais. O primeiro escreveu um
Deutsche Pharmaceutische Gesellschaft. Em longo trabalho (mais de 300 páginas) sobre o
1883, foi premiado na Exposição problema da aclimatação das quinas no
Internacional da Áustria com um diploma de Brasil.154-160
honra pela apresentação do trabalho
Ele também examinou dois tipos de
'Alcaloides e Produtos Químicos Extraídos de
istu asàusadasàpa aà a hosàdeàdes a ga àeà
Vegetais da Flora Brasileira'. Na Exposição Sul
doisà o oà defu ado esà pa aà afasta à osà
Americana de Berlim, realizada em 1886,
ausàespí itos .àásà istu asàfo a àa alisadas
recebeu as medalhas de ouro e bronze.
sendo identificadas diversas plantas. Em
Em 1884, durante a Exposição Científica algumas misturas, seja para banho ou
do Rio de Janeiro, recebeu o 'diploma de defumador, foram encontradas as mesmas
honra' pelos trabalhos sobre 'Produtos plantas.161 (Tabela 3).
químicos e farmacêuticos nacionais' e 'Novos
alcaloides e princípios orgânicos, obtidos de

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 478


Alves, L. F.

Tabela 3. Plantas usadas pa aà a hosàdeàdes a ga àeà o oàdefu ado es

Nome da planta Classificação Parte usada Uso


Santa Barbara Solanum argeteum, folha banho de descarga
Dun
defumador
Cipó cabeludo Mikania hirsutissima, toda a planta (exceto banho de descarga+
DC a raiz)+
defumador++
++
folha e caule
Aperta-ruão Piper hirsutum, Sw, sumidade florida+ banho de descarga+
(P.aduncum, Vell.,
folha++ defumador++
Steffensia Olfersiana,
Kunth)
Jaborandi do mato Piper jaborandi, Vell. toda a planta banho de descarga
virgem
(Ottonia anisum, defumador
Spreng, Serronia
jaborandi, Gaudchi)
Guiné pipi, pipi Petiveria tetrandra, toda a planta banho de descarga
Mart.
defumador
Guiné, Guiné preto, Annona acutiflora, folha e caule banho de descarga
pau guiné, Guiné Mart.
defumador
caboclo
Saco-saco Cymbopogum nardus, sumidade florida banho de descarga
L.
defumador
alho Alium sativum, L. toda a planta banho de descarga
defumador
Alecrim do mato Baccharis rosmarinus, folha banho de descarga
virgem Vell.
defumador
Erva de São João Argeratum conyzoides, planta florida banho de descarga
L.
Alfavaca, alfavaca Ocimum canum, Sims. sumidade florida banho de descarga
do campo
Maria preta, Cordia corymbosa, (l.) planta florida banho de descarga
marmelinho do Dom
campo
Cipó caboclo Davilla rugosa, Poir folha banho de descarga
defumador
Assa-peixe Vernonia phosphorica, folha banho de descarga
Vell.
Camará Lantana camara, L. folha defumador

479 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

Cravo, cravo da Caryophillus aromaticu, folha defumador


Índia L.
canela Cinnamonum folha defumador
ceylanicum, Ness
Jaborandi Piper ceanotifolium, folha defumador
fedorento H.B.K.
Pau d'alho Gallesia gorazema, folha defumador
Miq.
Catinga de porco Cordia curassavica, folha defumador
(Jacq.) Fres

Devem ainda ser mencionados os seus Alfredo de Andrade, destinado a premiar o


artigos sobre o abacateiro,162,163 sobre a poaia melhor trabalho em química analítica
mineira164-166 e sobre a castanha mineira167 apresentado nas reuniões anuais daquela
todos escritos em parceria com Oswaldo de Sociedade171. Participou também da criação
Almeida Costa. da Associação Brasileira de Farmacêuticos.172
Resta relatar a participação de Waldemar, Jayme Pecegueiro foi redator da Revista
o único médico da família Peckolt a se da Flora Medicinal de 1934 a 1953, diretor e
dedicar ao estudo das plantas medicinais. Em vice-diretor da Faculdade de Farmácia da
1916, escreveu Contribuição ao Estudo de Universidade Federal do Rio de Janeiro nos
Falsas Quinas Medicinais da América do períodos de 1968-1974 e 1974-1978,
Sul168, como tese apresentada à Faculdade de respectivamente. Foi membro titular da
Medicina do Rio de Janeiro. O trabalho foi Academia de Farmácia Militar e da Academia
dedicado ao professor Afrânio Peixoto. Na Nacional de Medicina. Desempenhou
página de rosto é possível ler 'De Waldemar importante papel na criação do Centro (hoje
Peckolt, filho legítimo do Dr. Gustavo Peckolt Núcleo) de Pesquisa de Produtos Naturais
e de D. Alfonsina de Lazzarini Peckolt'. A tese (NPPN).
descreve a sinonímia científica e vulgar, o
Juntos, separados ou com outros autores,
habitat, histórico e descrição botânica,
eles produziram mais de 50 trabalhos
composição química, usos, empregos e
compreendendo a descrição de cerca de 130
dosagem e, em alguns casos, ações
plantas. Os artigos do primeiro sobre o cipó-
fisiológicas e terapêuticas e observações
suma173 (Anchieta pyrifolia), sobre a erva-de-
clínicas de 35 espécies de quinas. No mesmo
passarinho174, sobre o picão de praia175, sobre
ano, ele produziu uma monografia de falsas
a unha-de-vaca176, (Bauhinia forficata), e, em
quinas brasileiras169e, em 1939, com a
colaboração com Luiz Faria, sobre o yagé177,
colaboração de Domingos Yered, ele publicou
(além do já mencionado sobre o abacateiro, a
o livro Contribuição à Matéria Médica
castanha mineira e a poaia mineira, em
Vegetal.170
parceria com Oswaldo Peckolt) e do segundo
Dois outros nomes que deixaram as suas sobre a ipecacuanha178,179, (Cephaelis
marcas na história da Farmácia, na primeira ipecacuanha), sobre a cainca180 e o velame do
metade do século XX, são Oswaldo de campo181 (Croton campestris), são
Almeida Costa e Jayme Pecegueiro Gomes da importantes fontes de consulta até hoje. Este
Cruz. Oswaldo Costa foi um dos fundadores último foi uma tese de doutorado que o
da Sociedade Brasileira de Química, na sua autor apresentou à Faculdade Nacional de
primeira versão, a qual presidiu entre 1938 e Farmácia, então anexa à Faculdade de
1939, e redator chefe do seu periódico, a Medicina, para o concurso de Livre Docente
Revista da Sociedade Brasileira de Química, da Cadeira de Farmacognosia, em 1944.
de 1939 a 1951. Criou o Prêmio Professor
Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 480
Alves, L. F.

Oswaldo Costa escreveu também 'Plantas químico e emprego terapêutico. Ao morrer,


Tóxicas para o Gado'182 e criou um índice deixou uma série de trabalhos inéditos sobre
analítico para a 'História das Plantas as plantas medicinais brasileiras nativas e
Medicinais e Úteis do Brasil', a obra aclimatadas, como a muirapuama (Acanthes
monumental em 8 volumes escrita por virilis), a abútua (Chondodendron
Theodoro Peckolt e seu filho Gustavo entre platyphyllum), a sapucainha (Carpotroche
1888 e 1914. brasiliensis), o pipi (Petiveria tetrandra), o
cipó caboclo (Davilla rugosa), o chapéu-de-
Jayme Pecegueiro e Oswaldo Costa
couro (Echinodorus macrophyllus), a copaíba
escreveram em conjunto uma série de
(Copaifera sp. ), a casca-d a taà Drymis
trabalhos nos quais apresentam a descrição
winteri), a catuaba (Anemospaegma
botânica, nome comum, nome científico,
mirandum) e muitas outras. Algumas dessas
distribuição geográfica, composição química
plantas já haviam sido estudadas
e uso terapêutico de aproximadamente 25
anteriormente; contudo, Rodolpho Albino
plantas medicinais, algumas inscritas nas
lhes acrescentou novos dados
farmacopeias estrangeiras, como da França,
farmacognósticos e químicos.197-201
Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica,
Espanha, Finlândia, Hungria, Itália, Japão, Rodolpho Albino fundou ainda em 1925 a
México, Estados Unidos, Holanda, Portugal, Revista Brasileira de Medicina e Farmácia,
Romênia, Rússia, Sérvia, Suíça, Suécia e editada pela Casa Granado, empresa da qual
Venezuela183-188. foi Diretor Técnico de 1920 até a sua morte
em 1931 e onde produziu a sua principal
Da parceria entre Pecegueiro e Carlos
obra, a primeira edição da Farmacopeia
Henrique Liberalli resultou um trabalho longo
Brasileira. Escrita exclusivamente por ele,
e detalhado sobre a Mikania
este trabalho colossal levou 10 anos para ser
hirsutíssima.189,190 Além disso, Pecegueiro
concluído, tendo sido adotada oficialmente
escreveu As Plantas Medicinais e a Guerra191
em 1926 como o primeiro Código
e Cultura e Colheita de Plantas Medicinais192.
Farmacêutico Brasileiro. Entretanto, o seu
Mas o nome do cientista mais importante uso só se tornou obrigatório a partir de 15 de
envolvido com a pesquisa de plantas agosto de 1929.202-204
medicinais nas primeiras décadas no século
A despeito do pioneirismo desses homens,
XIX no Brasil foi, sem dúvida, Rodolpho
a pesquisa sistemática, moderna e
Albino Dias da Silva, o primeiro presidente da
institucionalizada do que hoje se chama
Associação Brasileira de Farmacêuticos e o
fitoquímica, e de maneira menos apropriada
primeiro editor do Boletim da Associação
uí i aà deà p odutosà atu ais ,à deà a te à
Brasileira de Farmacêuticos.
interdisciplinar, teve início com a criação, em
Rodolpho Albino produziu um longo 1918, do Instituto de Química,
trabalho sobre as falsas poaias brasileiras,193 posteriormente Instituto de Química Agrícola
em 1919,para concorrer a uma vaga de (IQA), durante o governo de Wenceslau Braz,
Membro Titular da Seção de Farmácia da e foi extinto em 1962, no governo João
Academia Nacional de Medicina. Em 1923,ele Goulart.205, 206
escreveu uma monografia das
Idealizado, fundado, organizado e dirigido
plumbagináceas brasileiras194-196como tese de
por Mário Saraiva desde o início até 1937, o
concurso para catedrático de Botânica da
Instituto teve a sua origem no Laboratório de
Escola Superior de Agricultura do Rio de
Fiscalização da Manteiga.
Ja ei o,à ueà oà p p ioà auto à o side aà u aà
odestaà o t i uiç o à àfisiologiaàeàa ato iaà José Hasselmann dirigiu o Instituto de
daquela família vegetal. Seus trabalhos eram 1938 a 1946, sendo substituído por Taygoara
minuciosos, abrangendo nomenclatura, Fleury de Amorim (1946-1956). Durante
descrição botânica, anatomia vegetal, estudo gestão deste último houve um significativo

481 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

aumento nos trabalhos de química vegetal. do componente ativo de Piper


214
Foi ainda nessa época que o Instituto passou jaborandi' ,'Ocorrência de um alcaloide do
a contar com a presença de Walter Mors Capim Gengibre'215, 'O alcaloide da Fruta do
(1947) e Otto Richard Gottlieb (1955). Lobo'216, 'Estudo químico da asperana,
Benjamin Gilbert ingressou um pouco mais Limnanthemum Humboldtionum'217, 'Estudo
tarde, em 1958. Químico da curindiba Trema micrantha'218,
'Ocorrência de uma base orgânica na
Contando ainda com a colaboração de
Euphorbiaceae Sapium Klotzschianum Muel.
Mauro Taveira de Magalhães, Milton Lessa
Arg. (pau de leite)'219 e 'Ocorrência do ácido
Bastos, Antenor Machado, Maria Emília Sette
gálico na trapoeraba, Commelina agaaria
e Roderick Arthur Barnes, o Instituto ganhou
Kunth'220.
projeção internacional, fomentando contatos
com a Fundação Rockfeller. Ribeiro e Machadopublicaram ainda dois
t a alhosà o à Ma iaà E íliaà “ette:à Estudoà
Sob a liderança de Oscar Ribeiro,
dos alcaloides do Hybanthus biggibosus'221e
designado, em 1945, chefe da seção de
'A Ocorrência do ácido orto-ftálico no Melão
pesquisas com plantas medicinais, tiveram
de São Caetano (Momordica charantea)'222.
início os primeiros trabalhos de isolamento e
Com Benjamin Cordeiro, Machadoapresentou
determinação estrutural de substâncias
'Estudo químico e tecnológico da resina de
obtidas de plantas brasileiras, as primeiras
Bombax endecaphylla (paineira branca)'223. O
colaborações entre químicos e biólogos
professor Walter Mors foi ainda autor de
(permitindo o avanço das pesquisas com
quatro outros trabalhos, dois deles sobre
plantas medicinais) e ainda a
liquens brasileiros224-225, um sobre os
quimiossistemática no Brasil. Foi naquele
alcaloides da Banisteria caapi226 em parceria
Instituto que nasceu a moderna fitoquímica
com Pérola Zaltzman e um sobre plantas
no Brasil.205,206 Faria205 oàde o i ouàdeà u aà
alcaloidíferas em forragens de cavalos de
ilhaàdeà o pet ia .à
corrida em colaboração com a própria
Os trabalhos realizados no Instituto eram Zaltzman e Paulo Ochioni.227
publicados nas Memórias e no Boletim da
O professor Otto Gottlieb contribuiu com
própria instituição. Entre os trabalhos de
três artigos versando sobre plantas
interesse para a química vegetal destacam-se
odoríferas brasileiras com os professores
os de Mario Saraiva207 'Matéria gorda do
Walter Mors228 e Mauro Taveira de
murumuru (Astrocardium murumuru)'e de
Magalhães229,230. Finalmente, resta
Luiz Gurgel208 sobre o mate (Illex
mencionar, na área da fitoquímica, o longo
paraguariensis). Com Taygoara de Amorim,
trabalho do professor Milton Lessa Bastos
Gurgel publicouum estudo sobre o óleo de
sobre a microquímica de alcaloides.231
pau-marfim (Agonandra brasiliensis)209; e
com Fernando Ramos210, outro sobre o óleo O trabalho de Mário Saraiva deu vida ao
de anda-açu (Joannesia princeps), todos Instituto. Médico, formado pela Universidade
publicados nas Memórias. da Bahia, Saraiva foi ainda catedrático de
química orgânica acíclica e tecnologia
Oscar Ribeiro sobressai como autor dos
química agrícola da Escola Nacional de
trabalhos do Boletim. São de sua autoria, em
Química, professor de química da Escola de
parceria com Walter Mors, 'Estudo químico
Química do Exército, chefe do Posto
da mucilagem das estípulas da embaúba
Zootécnico em Pinheiros, membro da
Cecropia adenopus'211, Dete i aç oà deà
Comissão encarregada de organizar o
alcaloides totais e quinina em pequenas
Conselho Nacional de Pesquisa (atual CNPq),
amostras de casca de Cinchona 212,à ã idoà
presidente da Sociedade Brasileira de
Quiodectônico. Contribuição para o estudo
Química (na sua primeira versão) e redator-
daàsuaàest utu a 213.
chefe (o que seria hoje o editor) do seu
Ribeiro publicou ainda uma série de periódico, a Revista da Sociedade Brasileira
artigos com Antenor Machado, como 'Estudo de Química. Saraiva construiu a melhor

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 482


Alves, L. F.

biblioteca de química do Brasil. Com a assim, cada um deles teve que procurar
extinção do IQA em 1962, a biblioteca foi outros caminhos, isto é, instituições onde
transferida para a EMBRAPA.232,233 Na visão pudessem continuar com seu trabalho.
de Rheinboldt206(página 66), Saraiva foià oà
Hoje em dia, pode-se afirmar que o
aisàdotadoà uí i oàdoàpaísàe àsuaà po a .à
desmantelamento do IQA foi benéfico para a
Os alunos o tinham em alto conceito,
ciência no Brasil, pois a partir daí foram
embora, devido a sua ranzinzice, o
criados os primeiros centros de pesquisa em
apelidaram de'Mate Leão' (já vem
fitoquímica com foco no estudo das plantas
queimado).233Quando ele morreu, em maio
medicinais, como o CPPN criado em
de 1950, Walter Mors, que estava na direção
setembro de 1963 por iniciativa do professor
em substituição a Taygoara Amorim e ao
Paulo da Silva Lacaz, catedrático de Química
vice-diretor, Leandro Vettori, mandou
Orgânica e Bioquímica das Faculdades de
hastear a bandeira nacional a meio-pau por
Medicina e Farmácia, da então Universidade
três dias. Foi uma forma de homenagear o
do Brasil. O novo centro contou, na sua
criador daquele órgão.233
formação, com a participação dos
Em seus depoimentos, Mors, Gottlieb e professores Walter Mors, Benjamin Gilbert,
Gilbert205,234, atribuem a falta de interesse Joaquim Martins Ferreira Filho, Bernard
pelo tipo de pesquisa desenvolvida no IQA, à Tursch e Keith Brown, mantidos,
inveja, ao ciúme e à má vontade por parte inicialmente, com bolsas de fontes norte-
dos agrônomos como as causas da extinção americanas de apoio à pesquisa com o apoio
do órgão em 1962. Outro fator apontado era material da Fundação Rockfeller), o NPPN
a independência do grupo no interior da (antigo CPPN) é hoje em dia um dos centros
instituição para conduzir as suas pesquisas, de pesquisa em química de produtos naturais
pois, nas palavras do professor Walter Mors, mais importantes do país.
osà uí i osà fazia à aisà ouà e osà oà ueà
Por sua vez, o professor Otto Gottlieb
ue ia ,àte doà es oào tidoàu à a datoà
participou do processo de fundação de
universitário que os permitia orientarem
outros centros semelhantes na Universidade
dissertações e teses de mestrado e
de Brasília (1962) e na Universidade Federal
doutorado com o aval da Universidade
de Minas Gerais (1965), na Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Federal Rural do Rio de Janeiro (1966) e na
O professor Otto considerava o IQA como Universidade de São Paulo (1967). O da UnB
talvezà oà elho à ueà e istiaà essaà foi um sonho que terminou de forma
especialidade de plantas em toda a América dramática em 1965 com a invasão da
doà “ul 234. Em entrevista concedida à revista universidade pelas tropas da aeronáutica
Ciência Hoje235, ele descarta a explicação durante o regime militar, como ele recorda.
oficial da modernização do Ministério da Por outro lado, a experiência na UFMG
Agricultura para explicar a extinção do IQA. ep ese touà u aà ealidade;à foià oà aio à
Ele admite que essa modernização realmente grupoà ueà tiveà aà aleg iaà deà t a alha à dizà
ocorreu com a criação da EMBRAPA, mas ele ele.235
argumenta: 'aconteceu, no entanto, que o
Pesquisadores formados naqueles centros
Instituto era famoso demais,
dirigiram-se para outras regiões do país,
reconhecidamente um dos pouquíssimos
estabelecendo cursos de mestrado e
locais no país onde se fazia pesquisa química
doutorado em fitoquímica, química e
de alta qualidade, recebendo verbas e
farmacologia de plantas medicinais e ecologia
colaborações internacionais'. E conclui: 'a
química, permitindo que o Brasil ocupe uma
inveja é uma arma mortífera, certeira e que
posição de desataque no que se refere ao
não perdoa'234. O fato provocou alguns
número de artigos publicados em periódicos
protestos por parte dos cientistas, mas estes
indexados nessas áreas.
não tinham muito peso político no Brasil e,

483 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

Além do IQA, outro fator essencial para o 1986 outras 40 foram adicionadas à lista,
estudo farmacológico e químico das plantas divididas em 11 grupos de atividade
medicinais no Brasil foi à criação da Central farmacológica e em 1993 esse número
de Medicamentos (CEME), mais aumentou para as 74 espécies. Do total de
precisamente do Programa de Pesquisas de espécies constantes do projeto, foi possível
Plantas Medicinais (PPPM). chegar a resultados com 55, como mostra a
Tabela 4.
Criada oficialmente em 25 de junho de
1971, durante o governo do general Médici, Entre 1983 e 1996, a CEME investiu cerca
para promover a produção de medicamentos de U$ 8 milhões e financiou 110 projetos
destinados à população de baixa renda e envolvendo 24 instituições (sendo 23
subordinada inicialmente à própria públicas e uma privada) e mais de 50
Presidência da República, a CEME sofreu uma pesquisadores (Tabela 5).
série de transformações durante a sua
A Tabela 5 mostra que a região
existência até ser extinta em 1998.236
Sudeste foi contemplada com 11 das 24
Na seleção das plantas, o Programa instituições e com 69 dos 110 projetos. A
baseou-se nos critérios de ordem médica, região Sul com 3 instituições e 14 projetos, o
antropológica-social, botânica e econômica. Nordeste com 2 instituições e 8 projetos, a
região Norte com duas instituições e 7
Numa primeira etapa, foram selecionadas
projetos e o Centro-Oeste com 3 instituições
21 plantas, classificadas por suas supostas
e 5 projetos.
ações farmacológicas em nove grupos; em

Tabela 4. Plantas Medicinais do Projeto de Estudos Patrocinado pela CEME. Adaptado de


Fernandes234 e Netto Jr.236, Sant'Anna e Assad237 e Ferreira e colaboradores238
Nome científico Nome comum N/A1 Patente2 Efeito
Achyrocline
macela N SIM Ação anti-inflamatória confirmada
satureoides

Ageratum Confirmada ação contra artrose


menstrato N SIM
conyzoides Sem efeito tóxico
Verificada ação anti-helmíntica
Allium sativum alho A SIM
Sem efeito tóxico
Ação antidiurética não confirmada
Verificada atividade anti-
Alpinia nutans colônia A NÃO
hipertensiva
Sem efeito tóxico
Amaranthus
bredo N NÃO Sem efeito tóxico
viridis
Não foram encontradas ações
Annona
graviola A SIM hipoglicemiante, sedativa e
muricata
anticonvulsivante
Verificada ação anti-helmíntica
Annona Ação anticonvulsivante não
pinha A NÃO
squamosa encontrada
Tóxica no modelo experimental

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 484


Alves, L. F.

usado
Arrabidaea
pariri N NÃO -
chica
Verificada ação anticonvulsivante
Artemisia
artemísia A SIM Tóxica no modelo experimental
vulgaris
usado

Astronium Confirmada ação antiúlcera gástrica


aroeira N SIM
urundeuva Sem efeito tóxico
Verificada ação hipotensora
Baccharis Não foi encontrada ação depressora
carqueja N SIM
trimera do SNC
Sem efeito tóxico
Bauhinia affinis
unha-de-vaca A NÃO Não foi verificada ação antidiabética
chelantia
Não foram confirmadas as ações
Bauhinia hipoglicemiante e antidiabética
unha-de-vaca N SIM
forficata
Sem efeito tóxico
Bixa orellana urucu N SIM -
Verificadas ações diurética e
Boerhavia natriurética
pega-pinto N NÃO
hirsuta
Sem efeito tóxico
Brassica
couve A NÃO Não foi verificada ação antiúlcera
oleracea
Bryophyllum
calicynum
folha-da-
(atualmente A SIM Não foi verificada ação antiúlcera
fortuna
Kalanchoe
pinnata)
Não foram verificadas ações anti-
Caesalpinia inflamatória, analgésica e
jucá N SIM antipirética
ferrea
Sem efeito tóxico
Carapa
andiroba N SIM -
guianensis
Confirmadas as ações hipotensora e
Cecropia hipertensiva
embaúba N SIM
glaziovii
Sem efeito tóxico
Chenopodium Não foi confirmada ação anti-
mastruço N SIM
ambrosioides helmíntica

485 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

Tóxica no modelo utilizado


Não foi confirmada ação anti-
Cissus sicyoides cipó-pucá N SIM helmíntica
Tóxica no modelo utilizado
Coleus barbatus
(atualmente Não foi verificada ação
boldo N NÃO
Plectranthus anticonvulsivante
barbatus
Costus spicatus cana-do-brejo N NÃO Sem efeito tóxico
Croton canela-de- Verificadas ações antiespasmódica,
N NÃO
zehntnery cunhã analgésica e antiedematogênica
Cucurbita
abóbora A SIM Não foi verificada ação sobre o SNC
maxima
Cuphea aperta sete-sangrias N NÃO -
Não foi confirmada ação sobre o
Cymbopogon SNC1
capim-cidrão A SIM
citratus
Sem efeito tóxico
Dalbergia
verônica N NÃO -
subcymosa
Dioclea violacea mucunha A NÃO -

Elephantopus Não foi confirmada ação diurética


língua-de-vaca A NÃO
scaber Sem efeito tóxico
Eleutherine
maruparí N NÃO -
plicata

Foeniculum Não foi encontrada ação sobre o SNC


funcho A SIM
vulgare Sem efeito tóxico
Hymenaea
jatobá N SIM -
courbaril
Imperata
sapê A NÃO -
exaltata
Lantana
cambará N NÃO -
camara
Não foram confirmadas ações anti-
inflamatória, anti-térmica e
Leonotis cordão-de- diurética.
N SIM
nepetaefolia frade
Verificada ação contra asma e
antiespasmódica

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 486


Alves, L. F.

Não foram verificadas ações


Lippia alba falsa-melissa N NÃO hipnótica ou ansiolítica
Tóxica nos modelos usados2
Lippia gracilis alecrim N NÃO -
Lippia sidoides alecrim N SIM -
Luffa
cabacinha A SIM -
operculata
Matricaria
camomila A NÃO Verificada ação ansiolítica
chamomilla

Maytenus espinheira- Confirmada ação antiúlcera


N SIM
ilicifolia santa Sem efeito tóxico
Não foram verificadas ações
Melissa hipnótica e ansiolítica
erva-cidreira A SIM
officinalis
Sem efeito tóxico
Mentha piperita hortelã A SIM -
Mentha spicata hortelã A NÃO Verificada ação anti-helmíntica
Confirmada ação bronco-dilatadora
Mikania e béquica
guaco N SIM
glomerata
Sem efeito tóxico
Momordica melão-de-São- Não foram verificadas ações anti-
A SIM
charantia Caetano helmíntica e antimalárica
Não foi verificada ação anti-
Musa sp. bananeira N NÃO
helmíntica
Não foi confirmada ação
pedra-ume- antidiabética e hipoglicemiante
Myrcia uniflora N NÃO
caá
Sem efeito tóxico
Nasturtium
agrião A SIM Sem efeito tóxico
officinale
Confirmada ação sedativa
Passiflora edulis maracujá N SIM
Sem efeito tóxico

Persea Não foi confirmada ação diurética


abacateiro A SIM
americana Sem efeito tóxico
Confirmadas ações analgésica e
Petiveria anticonvulsivante
tipi N SIM
alliacea Não foram verificadas ações anti-
inflamatória e antipirética
Phyllanthus
quebra-pedra N SIM Confirmada ação antilitisíaca
niruri

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Alves, L. F.

Sem efeito tóxico


Phytolacca
A NÃO -
dodecandra
Piper callosum N SIM -
Não foram encontradas ações anti-
Plantago major tanchagem A SIM inflamatória, analgésica e
antipirética
Não foi verificada ação analgésica
Polygonum acre erva-de-bicho A NÃO
Sem efeito tóxico
Verificadas ações anti-inflamatória e
antiespasmódica
Portulaca pilosa amor-crescido A NÃO
Não verificada ação antipirética
Sem efeito tóxico
Não foram verificadas ações anti-
Pothomorphe caapeba-do- inflamatória, analgésica, antipirética
N NÃO e antimalárica
peltata norte
Sem efeito tóxico
Pothomorphe
caapeba N NÃO Verificada ação antimalárica
umbellata
Psidium
goiabeira N SIM -
guajava
Pterodon sucupira-
N NÃO Verificada ação anti-inflamatória
polygalaeflorus branca
Schinus
aroeira N SIM Verificada ação antiúlcera
terebentifolius
Scoparia dulcis vassourinha N SIM -
Sedum
bálsamo A NÃO Não foi verificada ação antiúlcera
praealtum
Verificada ação antiúlcera
Solanum Não foram encontradas ações
jurubeba N SIM
paniculatum hepatoprotetora, antiácida e
colagoga
Stachytarpheta Verificadas ações antiedematogênica
gervão-roxo N NÃO
cayennensis e antiácida
Stryphnodendro
n barbatimao
barbatimão N SIM Sem efeito tóxico
(atualmente S.
adstringens)

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 488


Alves, L. F.

Symphytum
confrei A SIM -
officinale
Syzygyum
jambolão A NÃO Não foi verificada ação antidiabética
jambolanum
Verificadas ações diurética e
Tradescantia natriurética
trapoeraba N NÃO
diuretica
Sem efeito tóxico
Xylopia sericea embiriba N NÃO -
N=nativa, A=aclimatada
1= Isto provavelmente foi erro devido à perda do mirceno antes da preparação da amostra
para ensaio. 2= Pesquisas subsequentes mostraram que todos esses resultados estavam
equivocados, devido ao modelo usado no teste de toxidez (intraperitoneal em vez de oral).

Tabela 5. Instituições que Participaram do Programa de Plantas Medicinais Patrocinado


pela CEME com o Respectivo Número de Projetos
INSTITUIÇÃO Nº DE PROJETOS
1- Escola Paulista de Medicina 33
2- Universidade Federal de Santa Catarina 10
3- Universidade Estadual Paulista 07
4- Universidade Federal do Ceará 06
5- Universidade Federal do Rio de Janeiro 06
6- Universidade do Estado do Rio de Janeiro 06
7- Universidade de São Paulo 05
8- Museu Paraense Emílio Goeldi 04
9- Universidade de Campinas 04
10- Universidade de Brasília 03
11- EMBRAPA (Brasília) 03
12- Universidade Federal do Pará 03
13- Fundação Oswaldo Cruz 03
14- Universidade Federal do Rio Grande do Sul 03
15- Universidade Federal do Maranhão 02
16- Universidade Federal de Uberlândia 02
17- Universidade Federal da Paraíba 02
18- Universidade de Ribeirão Preto 02
19- Farmacotécnica 01
20- Universidade Federal de Goiás 01

489 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

21- Indústrias Químicas do Estado de Goiás 01


22- Universidade Federal de Minas Gerais 01
23- Universidade Federal do Paraná 01
24- Universidade Federal Fluminense 01
TOTAL 110
(Modificado de 236, 237, 238).

Apesar de ter tido sucesso relativo na Graças a essas duas instituições, o avanço
análise farmacológica com um número da química e da farmacologia no século XX
significativo de plantas, a CEME falhou em permitiu a comprovação científica das
sua proposta de colocar no mercado um atividades terapêuticas de muitas das plantas
medicamento fitoterápico totalmente medicinais mencionadas pelos naturalistas
brasileiro, não pela falta de competência que estiveram no Brasil e, mais do que isso,
técnico-científica das pessoas envolvidas, mostrou que eles não vieram ao Brasil para
mas pela descontinuidade do apoio fazer turismo. Eles sabiam perfeitamente o
governamental necessário para o seu pleno que queriam e o valor do que vieram buscar.
desenvolvimento.237,238 Entretanto, apesar de Após um estudo detalhado com 23 espécies
todo esse esforço, em termos práticos, das de plantas medicinais brasileiras
74 espécies selecionadas pelo PPPM, poucos mencionadas por Saint-Hilaire, Burton,
resultados foram publicados ou tornaram-se Mawe, Langsdorff, Pohl, Martius e Spix,
disponíveis. Vinte e cinco anos após o Brandão e colaboradores239,240 verificaram
encontro promovido pela CEME, muitos dos que todas elas estão inscritas na primeira
problemas detectados para a produção de edição da Farmacopeia Brasileira, três
fitoterápicos ainda persistem, como a espécies se mantiveram na segunda edição e
deficiência no controle de qualidade, quatro na quarta edição. As espécies são
especialmente a falta de padronização abutua (Chondodendron platiphylla), angico
química dos produtos fitoterápicos nos (Anadenanthera colubrina), aroeira (Schinus
ensaios de farmacologia pré-clínica. terebinthifolius), barbatimão
(Stryphnodendron adstringens), cainca
De maneira semelhante ao que ocorreu
(Chiococca brachiata), cambará (Lantana
com a extinção do IQA, o sentimento entre os
camara), carapiá (Dorstenia multiformis),
pesquisadores pela desativação da CEME foi
caroba (Jacaranda caroba), carqueja amarga
de surpresa e de grande perda. Produto da
(Baccharis timera), cipó-mil-homens
modernização do Estado brasileiro, a
(Aristolochia cymbifera), chá-de-pedestre
estrutura federal de apoio ao programa de
(Lippia pseudo-tea), copaíba (Copaifera
plantas medicinais foi desmontada.
officinalis, C. guianensis, C. coriacea, C.
As instituições envolvidas em projetos Langsdorff, C. oblongifolia), fedegoso (Senna
financiados pela CEME continuaram e até alata, S; corymbosa, S. leiophylla, S.
mesmo ampliaram as suas linhas de ação oblongifolia, S. occidentalis), guaco (Mikania
apesar da extinção daquele órgão, o que glomerata, M. officinalis), imbaúba (Cecropia
pode ser comprovado através do número de hololeuca), ipecacuanha (Psychotria
trabalhos apresentados em simpósios e ipecacuanha), jaborandi (Pilocarpus
congressos, de dissertações e teses e de jaborandi, P. microphyllua), japecanga
artigos publicados em periódicos indexados (Smilax japicanga), pacova (Renealmia
em diversas áreas que compõem o espectro exaltata), pau-pereira (Geissospermum
das plantas medicinais. laeve), quina-do-campo (Strychnos pseudo-
quina), quina mineira (Remijia ferruginea) e
sucupira (Bowdichia virgiloides).

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 490


Alves, L. F.

Dez dessas plantas (carapa, carqueja Guilherme Piso51,52 também o mencionam em


amarga, copaíba, guaco, imbaíba, seus trabalhos. Segundo o holandês, os
ipecacuanha, jaborandi, japecanga, pacova e judeus o usavam na circuncisão. Além disso,
sucupira) foram registradas junto a ANVISA, algu asà goti hasà po à viaà o alà au e ta à asà
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, forças das vísceras, também refreiam o fluxo
(procedimento necessário para a das mulheres, as diarreias e a
comercialização de qualquer medicamento go o eia p gi aà .à Pa aà Luizà Go esà
no Brasil), enquanto sete (barbatimão, Ferreira70 p gi aà ,à aà opaí aà u avaà asà
cainca, carqueja amarga, copaíba, pessoas que são doentes da alma, as dores
ipecacuanha, jaborandi e japecanga) foram da bexiga e as inveteradas do estômago, ou
também patenteadas por empresas seja,à do à e t e a,à est ago .à Ma tius76
estrangeiras. observa que o bálsamo desta planta
apresentava variação na cor, cheiro, peso
Assim, por exemplo, a copaíba conta com
específico e propriedades medicinais
um registro na ANVISA e 17 pedidos de
segundo as diferentes espécies de onde fosse
patentes nos últimos 20 anos, sendo 14 por
retirado.
empresas japonesas, seguidos de uma
empresa francesa, uma americana e um A copaíba também constava da
indivíduo brasileiro (note-se que se trata de Farmacopeia Britânica de 1620, da Norte-
um indivíduo, não de uma empresa). Existem Americana de 1820 e da Brasileira de 1926.
13 patentes registradas para o jaborandi, das As suas propriedades farmacológicas foram
quais 9 pertencem a empresas japonesas e as comprovadas como ansiolítico243 na cura de
outras pertencem a empresas dos Estados feridas244, analgésica245,246, anticâncer247-250,
Unidos, Canadá, Rússia e Alemanha, contra antimicrobiana251-255, antimicrobiana oral256-
258
apenas dois registros na ANVISA. O guaco , antiedematogênica259,260,anti-
tem 16 pedidos de registro na ANVISA, mas inflamatória261-267, antileishmania268-271, na
nenhuma patente. Já a ipecacuanha tem 11 endometriose272, na urolitíase273, na acne274,
registros na ANVISA e apenas dois pedidos de na psoríase275, no controle do mosquito
patentes. Aedes aegypti276-278, no controle de ácaros279
e em infecções ginecológicas.280
Dessa relação, a copaíba, a ipecacuanha e
o jaborandi merecem destaque especial, não O óleo da copaíba também reduz os níveis
somente pelo número de patentes ou de séricos de ureia e creatinina em ratos
registros na ANVISA, mas também por terem submetidos à síndrome de isquemia e
sido citados de maneira quase sistemática reperfusão. Deve-se notar que no rim, a lesão
por vários naturalistas e pelo seu uso induzida por isquemia e reperfusão se
confirmado pelas pesquisas recentes, muito constitui na principal causa da insuficiência
embora as duas primeiras constem apenas da renal aguda, que se caracteriza, entre outros
primeira edição da Farmacopeia Brasileira, aspectos, por uma elevação transitória na
tendo sido suprimidas das demais edições. taxa de creatinina.281-283
O poder cicatrizante da copaíba já havia O óleo das sementes da C. Langsdorffii
sido mencionado por Anchieta241 em 1560. O também encontra aplicação nas indústrias
seuà leoà e aà e ele teà pa aà aà u aà deà farmacêuticas e de cosméticos284. Em extensa
feridas, porque nem mesmo restam vestígios revisão sobre o assunto, Veiga Jr. e Pinto285 e
deà i at izes ,à dizà eleà p gi aà .à Ga ielà Leandro e colaboradores286 apontam
60
Soares de Sousa oà o side avaà u à leoà indicações farmacológicas da copaíba para
sa tíssi o à ta à usadoà pa aà f ialdades,à uma série de patologias, tais como cistite,
dores de barriga e po tadasà deà f io à p gi aà doenças venéreas, incontinência urinária,
164). Para Gândavo49 (página 71), o bálsamo psoríase, eczema, tétano, leishmaniose e
daà opaí aà e aà uià salutífe oà eà p oveitosoà picada de cobra. A presença de ácidos
aoà e t e o .à F eià Vi e teà doà “alvado 242 e diterpênicos pode ser útil no seu controle de

491 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

qualidade e a composição química do óleo-


resina, como era de se esperar, varia com o
local e a época da colheita.287-290
O óleo da copaíba não apresenta risco
para mulheres grávidas quando usado nas
doses recomendadas.291 Por outro lado,
exposições a altas concentrações a alguns
dos diterpenos presentes em diversas de
suas espécies, pode provocar
genotoxicidade.292
A ipecacuanha é outra planta nativa do
Brasil constantemente presente nos relatos
O conhecimento registrado sobre o
dos viajantes que por aqui passaram.
jaborandi é tão antigo quanto o da copaíba e
Anchieta241 se referiu a ela nas suas Cartas
da ipeca. Gabriel Soares de Sousa60 observa
Inéditas e Gabriel Soares de Sousa60 diz que a
ueàoàp àdasàsuasàfolhasà uei adasà li paàoà
suaà aizà pisadaà eà la çadaà em água, tem a
e à dasà fe idasà se à dei a à pe a à eà ueà aà
grande virtude de estancar as câmaras de
água cozida com essas folhas era boa para
sa gue à(página 165).
lava à oà ostoà ap sà oà a ea à eà pa aà ue à
Fernão Cardim61, seu conterrâneo e te àaà o aàda ada à p gi aà .
contemporâneo, lhe atribuiu a mesma
Piso52, na História Natural e Médica da
propriedade.
Índia Ocidental, descreve quatro espécies
Além de reconhecer as suas características desta planta e as propriedades medicinais de
eméticas, Guilherme Piso52 afirma que ela é suas raízes. A primeira eliminava pelo suor e
também sudo ífe a,à apazàdeà deso st ui àosà pela urina os venenos em geral. Ele garante
eatosàeàosài fa tos àeàdeà u a àosàflu osàdoà ter presenciado este efeito na presença do
ve t e à p gi aà . próprio Maurício de Nassau. A segunda era
Por outro lado, na sua peregrinação pelas usada contra as retenções da urina (leia-se
Minas Gerais, Luiz Gomes Ferreira70 um diurético) e contra os venenos oriundos
preconizava a raiz dissolvida em água ou daà f iage .à E aà ta à e p egadaà pa aà
aldoà deà gali ha,à útilà o t aà osà u sos à liv a à aà a eçaà eà osà de tesà daà pituíta .à ásà
(movimento apressado dos fluídos e líquidos) duas outras também eram usadas contra os
leia-se diarreia. venenos (página 452-453).

Spix e Martius47 narram a lenda segundo a Luiz Gomes Ferreira70 a prescreveu para
ualà osà í diosà ap e de a à aà p op iedadeà dores de dente, enquanto Langsdorff71 afirma
emética da ipeca com a irara, uma espécie de ser essa planta um medicamento testado
fuinha, que, ao engolir muita água suja ou o t aà hagas.à ásà aízesà s oà ozidas,à eà aà
salgada de riachos ou lagos, tem o costume chaga é exposta ao vapor; depois fazem-se
de mastigar as folhas ou raízes dessa planta compressas com a decocção das folhas com
pa aàp ovo a àv itos à vol.à ,àp.à . um pou oà deà salà deà ozi ha à volu eà ,à
página, 155).
Recentemente, o uso da emetina,
alcaloide presente na ipecacuanha e A introdução do jaborandi na medicina
responsável pela sua atividade emética, ocidental, contudo, data de 1873 quando o
como substância anticancerígena, foi português Symphronio Coutinho levou as
sugerido por pesquisadores alemães.293,294 suas folhas para a Europa. O suor e salivação
abundantes provocados pela planta atraíram
a atenção dos médicos franceses, que, assim,
passaram a utilizá-lo em várias patologias.
Dois anos mais tarde, Hardy e Gerard,

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 492


Alves, L. F.

independentemente, isolaram o alcaloide Em junho de 2005, reuniram-se em São


pilocarpina, que ainda hoje é empregado no Paulo, em simpósio promovido pelo CEBRID
combate ao glaucoma295. Por produzir (Centro Brasileiro de Informação sobre
salivação intensa, a pilocarpina também é Drogas Psicoativas do Departamento de
empregada na xerostomia (secura excessiva Psicobiologia da UNIFESP) e pela SBPC, a
da boca). Sociedade Brasileira de Plantas Medicinais
(SBPM), o Instituto Brasileiro de Plantas
Medicinais (IBPM), a Sociedade Brasileira de
Farmacologia e Terapêutica Experimental
(SBFTE), a Associação Médica de
Fitomedicina (SOBRAFITO), a Sociedade para
o Progresso da Ciência (SBPC), a Sociedade
Brasileira de Química (SBQ), a Sociedade
Brasileira de Farmacognosia (SBF), a
Sociedade Botânica do Brasil (SBB) e a
No Brasil encontramos um triste Sociedade Brasileira de Etnobiologia e
paradoxo: dentro de um universo de 278 Etnoecologia (SBEE) para discutirem o tema
plantas nativas e aclimatadas no país, Pla tasàMedi i aisàB asilei as:àOàPes uisado à
selecionadas por Moreira296,297 186 foram Brasileiro Consegue Estudá-las? .300 Esta
alvos de pedidos de patentes. Desse total, reunião foi provocada pela decisão do CGEN
foram identificados 738 documentos de (Conselho de Gestão do Patrimônio Genético)
patentes sendo que apenas 43, ou 5,8%, são depois de multar a Escola Paulista de
de titulares nacionais, sendo 21 depositados Medicina (EPM) em R$ 5 milhões e proibir os
por inventores isolados, 13 por empresas seus cientistas de tocar em plantas nativas.301
brasileiras, 5 por universidades brasileiras, 1 Considerando a capacidade técnico-
é o resultado de uma participação científica dos cientistas brasileiros, o número
universidade-empresa, 1 por uma instituição de dissertações e teses de mestrado e
brasileira de pesquisa não universitária, 1 doutorado, de comunicações em congressos,
pertence a uma agência de fomento e 1 é de artigos publicados em periódicos
uma cotitularidade entre um inventor indexados e de grupos de pesquisa presentes
brasileiro e uma agência de fomento. O na Plataforma Lattes do CNPq nas áreas de
estudo mostrou ainda que 89,7% desses fitoquímica e plantas medicinais, a resposta é
pedidos referem-se ao tratamento de o via e teà si .
diversos tipos de doenças e 10,7% para
Todavia, a questão levantada naquele
outras finalidades.
encontro não se referia à capacidade técnica
Em pesquisa semelhante, Fernandes298 e científica dos pesquisadores nacionais, mas
aponta a existência de cerca de 240 plantas sim em como transformar todo esse
encontradas no Brasil (das quais quase uma conhecimento em um produto, isto é, em
centena é nativa) com registro de patentes produto com um valor agregado como um
registradas nos Estados Unidos, Japão e medicamento.
Comunidade Europeia. Mais recentemente,
Os participantes criticaram os rigores da
Oliveira e colaboradores299 constataram que
legislação especialmente da Medida
o número de patentes concedidas no Brasil
Provisória (MP) 2186-16/2001, que
para fitomedicamentos ainda é pequeno. 302
regulamenta o acesso à biodiversidade .
A MP dispõe 'sobre o acesso ao
4. Legislação patrimônio genético, à proteção e ao acesso
ao conhecimento tradicional associado à
repartição de benefícios e o acesso à

493 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

tecnologia e transferência de tecnologia para conhecimento transmitido por um índio


sua conservação e utilização'. O documento deverá ser considerado propriedade da
define conhecimento tradicional associado aldeia, da tribo, da nação indígena ou da
como 'informação ou prática individual ou FUNAI? Contrariamente ao que parece
coletiva de comunidade indígena local, com querer estabelecer a Medida (...), em outros
valor real ou potencial associado ao países a divisão de lucros entre as partes
patrimônio genético'. Neste sentido, envolvidas com a exploração econômica de
assegurou, de acordo com o parágrafo único, um produto ou processo não é fixo, sendo
do artigo 9, que esse conhecimento poderá resultado de intensa negociação entre as
ser de titularidade da comunidade, ainda que partes, e raramente é equitativa à p gi aà .à
apenas um único indivíduo, membro dessa Ele observa ainda que como parte da
comunidade o detenha. biodiversidade brasileira é comum a países
vizinhos, onde a legislação é menos restritiva
A Medida criou também o Conselho de
ou inexistente, o Brasil corre o risco de
Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), cujos
perder competitividade nesta área.
objetivos são, entre outros, autorizar o
acesso ao conhecimento tradicional Deve-se levar ainda em consideração a
associado, mediante autorização prévia do questão de se classificar uma planta,
seu titular (lembrando que este pode ser um medicinal ou não, devido aos diversos nomes
único indivíduo) e conceder autorização populares e botânicos que ela pode ter.
especial de acesso àquele conhecimento a Assim, por exemplo, existem nove espécies
instituição nacional, pública ou privada, que deà vassou i ha ,àpe te e tesàaàseisàfa íliasà
exerça atividade de pesquisa nas áreas diferentes, seis de 'para-tudo', englobadas
biológicas e afins. em quatro famílias, dez de 'sete-sangrias'
classificadas em cinco famílias304. É razoável,
Todavia, os principais pontos daquela MP
portanto, supor que uma mesma planta
são os que tratam do acesso à biodiversidade
tenha várias denominações indígenas,
e ao conhecimento tradicional e da
classificadas como espécies botânicas
repartição de benefícios derivados à
diferentes, usadas por várias comunidades,
população da área em estudo.
sem que seja possível determinar à qual ela
Apesar da definição de 'conhecimento pertença.
tradicional associado', a questão da
Entretanto, já no seu primeiro artigo, a
titularidade do conhecimento tradicional, isto
Medida estabelece a repartição justa e
é, a quem pertence esse conhecimento, é
equitativa dos benefícios derivados da
extremamente complexa.
exploração de componente do patrimônio
O Dr. Benjamin Gilbert303, profundo genético e do conhecimento tradicional
conhecedor das plantas medicinais brasileiras associado, mas é evidente que o que é 'justo'
à ateg i oà aoà afi a :à N oà o heçoà u aà pode não ser 'equitativo' e o que é
espécie tão isolada que alguém possa dizer: 'equitativo' pode não ser justo. E mais: justa
esta pertence a tal comunidade. Igualmente, para quem? Também não está claro se nessa
não conheço uma planta medicinal cujo valor epa tiç oà justa à est oà o ta ilizadosà osà
terapêutico seja um conhecimento limitado a custos de formação do pessoal necessário
uma única tribo ou comunidade na para conduzir as pesquisas com o patrimônio
á az ia .à genético (mestres, doutores, técnicos de
O professor Giles Rae300, representante da nível médio e superior), bem como para a
Sociedade Brasileira de Farmacologia e realização dos estudos químicos
Terapêutica Experimental (SBFTE), no [(isolamento, purificação, identificação da(s)
simpósio patrocinado pelo CEBRID expressou substância(s)], farmacológicos (teste in vivo,
a dificuldade de se aplicar esse item da in vitro, farmacologia pré-clínica e clínica,
segui teà a ei a:à Noà asoà deà u aà fases I, II e III) botânicos (identificação do
comunidade indígena, por exemplo, o material) e agronômicos.

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 494


Alves, L. F.

De uma maneira quase unânime, os estavam amarradas entre si nas malhas da


participantes criticaram a MP por ser burocracia.
excessivamente detalhista, limitadora e
A questão do (não)-reconhecimento da
burocrática por desamparar o pesquisador
representatividade da Vyty-Cati pela Kapey
brasileiro levando-o a uma situação
também foi levantada. Alegando ter sido
constrangedora de ficarem na ilegalidade por
excluída, esta Associação ameaçou entrar
publicarem seus resultados sem a
o àu àp o essoàpo à da osà o ais à o t aàaà
autorização do CGEN.
UNIFESP. Assim, o projeto foi
Após dois dias de debates, os interrompido.305
participantes do simpósio organizado pelo
Outros aspectos burocráticos, discutidos
CEBRID manifestaram as suas preocupações
durante o encontro patrocinado pelo
sobre a impossibilidade de haver uma
CEBRID/SBPC, foram o grande atraso, na
discussão sobre a repartição de benefícios
verdade a quase ausência, na obtenção de
entre os pesquisadores e os detentores do
respostas aos projetos submetidos ao CGEN,
conhecimento popular, antes mesmo que a
que está vinculada à aprovação prévia por
pesquisa a ser desenvolvida indique a chance
parte de CNPq, FUNAI e CONEP (como o
de um retorno financeiro. Um exemplo
projeto entre a UNIFESP e a comunidade
concreto desse fato é a tentativa de se
Krahô) e a morosidade nos processos de
estabelecer um acordo entre os índios Krahô
registro de patentes junto ao INPI (esse
e a UNIFESP.
órgão, inclusive, agora exige prévia
Em julho de 1999, a bióloga Eliana aprovação do CGEN antes da submissão do
Rodrigues305 realizou a primeira de uma série pedido de patente com material da
de viagens à Aldeia Nova, uma das aldeias da biodiversidade à análise técnica).
etnia Krahô, no Estado de Tocantins, com a
Mendes e colaboradores306 (página 15)
finalidade de desenvolver um projeto visando
manifestaram-se de maneira idêntica ao
estudar as atividades farmacológicas de
o se va à ueà aà e ataà sepa aç oà doà ueà à
algumas plantas medicinais utilizadas por
conhecimento tradicional e o que se tronou
aquela comunidade. O projeto era parte da
conhecimento difuso é um empecilho para
tese de doutorado que aquela pesquisadora
determinar em que casos caberiam
realizava sob a orientação do professor
repartição de benefícios'.
Elisaldo Carlini. A aldeia mencionada era
representada por duas Associações, Vyty- As críticas levantadas contra a MP em
Caty e Mãcraré. Na ocasião, a pesquisadora questão são inteiramente válidas. O
desconhecia o fato da existência de outras professor Carlini307 (página 9) a classificou
três Associações, Kapey, Wõkram e Alkere. o oà lesa-p t ia à eà o luiuà ueà 'à aà totalà
Foi também combinado com a Aldeia Nova a alienação da comunidade científica brasileira
porcentagem dos eventuais royalties na elaboração da Medida Provisória veio
advindos de uma possível comercialização do mostrar claramente a oportunidade e a
conhecimento tradicional. importância dos cientistas brasileiros unirem
esforços e exigir participação nas decisões
Uma vez obtido o financiamento do
juntamente com outros setores pertinentes
projeto pela FAPESP, o Comitê de Ética em
da sociedade brasileira'.
Pesquisa da UNIFESP (CEP) solicitou
autorização à FUNAI para acessar a área Todavia, aquela Medida não trazia, no seu
indígena. Esta, por sua vez, solicitou o aval do bojo, grandes novidades. Por exemplo, o uso
Comitê de Ética em Pesquisa do Ministério da da biodiversidade visando o desenvolvimento
Saúde (CONEP) e do CNPq para aprovar o do país deu origem à Lei 6.938, de 31 de
projeto. Contudo, a aprovação da CONEP março de 1981.308 Em 1995, a Secretaria de
dependia do CEP, e este da FUNAI. Assim, Vigilância Sanitária editou uma Portaria com
fechava-se o círculo, pois as instituições o propósito de instituir e normatizar o

495 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

registro de produtos fitoterápicos.309 Apesar titularidade desse conhecimento ainda que


de não mencionar a repartição de benefícios, apenas um único indivíduo o detenha.
o documento determinava explicitamente Impede que terceiros não autorizados
que as bulas e rótulos daqueles realizem testes, pesquisas ou exploração,
medicamentos deveriam conter os seguintes relativos aquele conhecimento. Proíbe ainda
dizeres: 'o uso deste produto está baseado a divulgação, transmissão ou retransmissão
em indicações tradicionais'. Colocava, dos mesmos.312
também, dois requisitos para tentar controlar
Quatro anos após a sua edição, o Governo
a coleta extrativista, um dos principais
Federal baixou o Decreto 5.459, de 2005,
aspectos relacionados à biodiversidade
destinado a aplicações de sansões contra as
(desmatamento, destruição ambiental, etc.)
atividades consideradas lesivas ao patrimônio
que, apesar de inúmeros atos normativos de
genético ou ao conhecimento tradicional
diversos órgãos, até o momento não se
associado, conforme as normas dispostas
consegue controlar.
naquela Medida Provisória. A apreensão da
A própria MP foi adotada para amostra coletada, a perda ou suspensão de
regulamentar a Convenção da Diversidade participação de financiamento em
Biológica (CDB), assinada pelo Brasil como estabelecimento oficial de crédito, proibição
decorrência da Conferência das Nações de realizar contrato com a administração
Unidas sobre o Meio Ambiente e pública e multa de R$ 10.000,00 (dez mil) até
Desenvolvimento,310 realizada no Rio de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões), caso a
Janeiro em 1992. A CDB reconheceu o direito infração seja cometida por pessoa jurídica,
soberano de cada país dispor de seus leia-se uma universidade, estão entre as
próprios recursos, deixando assim de ser penalidades estabelecidas pelo Decreto.313
e sà daà hu a idade .à Co à à a tigos,à osà
Dentre os diversos documentos oficiais
seus objetivos foram definidos de maneira
referentes ao uso da biodiversidade, deve-se
la aàj à oàp i ei oàdeles:à Osào jetivos desta
destacar o Decreto 4.339, de 22 de agosto de
Convenção, a serem cumpridos de acordo
2002. O Decreto314 repete alguns artigos da
com as disposições pertinentes, são a
CDB como o do direito de as nações
conservação da diversidade biológica, a
explorarem os seus próprios recursos
utilização sustentável de seus componentes e
biológicos. O documento estabelece que: 'A
a 'repartição justa e e uitativa à dos
Política Nacional da Biodiversidade aplica-se
benefícios derivados da utilização dos
aos componentes da diversidade biológica
recursos genéticos, mediante, inclusive, o
localizados nas áreas sob jurisdição nacional,
acesso adequado aos recursos genéticos e a
incluindo o território nacional, a plataforma
transferência adequada de tecnologias
continental e a zona econômica exclusiva; e
pertinentes, levando em conta todos os
aos processos e atividades realizados sob sua
direitos sobre tais recursos e tecnologias,
jurisdição ou controle, independentemente
edia teàfi a ia e toàade uado .
de onde ocorram seus efeitos, dentro da área
Deve-se notar que a CDB só foi sob jurisdição nacional ou além dos limites
regulamentada em 1998, seis anos após a sua desta' (itálico acrescentado).
assinatura.311
Ao mesmo tempo, não se pode omitir o
Além disso, grande parte das suas fato de que, no que diz respeito ao meio
disposições contidas na MP-2181-16, já havia ambiente e aos fitoterápicos, o Brasil é um
sido estabelecida pela MP 2052-2 de 28 de emaranhado de Leis, Decretos, Medidas
agosto de 2000, editada para regulamentar a Provisórias e Portarias que se repetem, se
Convenção sobre a Diversidade Biológica.312 sobrepõem e se anulam.
A Medida reconhece a repartição justa e
Por exemplo, de acordo com Petrovick e
equitativa dos benefícios derivados do acesso
colaboradores315, o primeiro documento legal
ao patrimônio genético e aos conhecimentos
para o registro e comercialização de
tradicionais associados, assim como a

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 496


Alves, L. F.

fitoterápicos data de 1931. Desde então e diosà asei os à eà aà epa tiç oà dosà
foram promulgados diversos documentos benefícios derivados do uso dos
semelhantes destinados a regulamentar o conhecimentos tradicionais associados ao
setor316,317. pat i ioà ge ti o .à N oà est à e io adoà
ueà estaà epa tiç oà devaà se à justaà eà
Assim, em 1995, o governo federal editou
e uitativa .àDoisà esesà aisàta de,àaàág iaà
a Portaria nº 6, da Secretaria de Vigilância
editou uma Portaria instituindo um Grupo de
Sanitária, com a finalidade de instituir e
Trabalho para elaborar, no prazo de 120 dias,
normatizar o registro de fitoterápicos no país.
a partir da publicação daquele instrumento
A Portaria concedia um período máximo de
legal, o Programa Nacional de Plantas
cinco anos para a realização de estudos sobre
Medicinais e Fitoterápicos.332
a toxicidade do produto e dez anos para a
comprovação da sua eficiência Resta mencionar a Política Nacional de
309
farmacológica . Um ano mais tarde, a Medicina Natural e Práticas
Portaria nº 116 da Secretaria de Vigilância Complementares,333 aprovada pelo Conselho
Sanitária estipulou as normas para a Nacional de Saúde em junho de 2005, na qual
realização de estudos de toxicidade em estão incluídas como práticas legais de saúde
fitoterápicos318. Seguiram-se várias não apenas a acupuntura, a homeopatia e a
Resoluções para aprimorar e atualizar aquela fitoterapia, mas também algo chamado
Portaria319-325. edi i aà a t opos fi a ,à ueà aà p p iaà
política que a adotou é incapaz de definir de
A ANVISA publicou uma série de
forma clara, e outras práticas totalmente
documentos para implementar uma política
desvinculadas da realidade da área no país, o
de fitoterápicos em escala nacional. Neste
termalismo social ou crenoterapia (uso de
sentido, a Portaria 212, de 11 de setembro de
águas minerais).
1981, estabeleceu o estudo de plantas
medicinais como uma prioridade em A falta de investimento oficial continuado
saúde326. Foram necessários quase 15 anos em certos setores é outro ponto muito
para a criação de um Grupo de Estudos de criticado por alguns especialistas. Por
Fitoterápicos, o que foi feito através da exemplo, o professor Lapa300, representante
Portaria 31, de 6 de abril de 1994.327 Em da Sociedade Brasileira de Plantas Medicinais
1998, a ANVISA criou a Sub-Comissão no simpósio patrocinado pelo CEBRID (página
Nacional de Assessoramento em 10), lamenta a interrupção do Programa da
328
Fitoterápicos (CONAFITI) . Catorze anos CEME e observa que a razão para o pequeno
depois, através da Resolução 296, de 2004, a número de fitoterápicos desenvolvidos no
Agência instituiu a Câmara Técnica de B asilà est à oà fatoà deà ueà oà paísà oà te à
Medicamentos Fitoterápicos (CATEF).329Em tradiç oà essaà ea .à Po ta to,à segu doà ele,à
fevereiro de 2005, como se a CONAFITI e a cabe ao governo garantir a infraestrutura
CATEF não existissem, criou um Grupo de científica para atrair os recursos humanos
Trabalho a fim de formular uma proposta capazes de realizá-la, pois esses profissionais
para uma Política Nacional de Plantas oà as e àfeitos .
Medicinais e Fitoterápicos.330 No ano
Contudo, a observação do professor Lapa
seguinte, o Decreto 5.813, aprovou a Política
merece dois reparos. Em primeiro lugar, a
Nacional de Plantas Medicinais e
própria história da ciência no Brasil mostra de
Fitoterápicos, com o objetivo de promover a
maneira inequívoca a tradição do país nas
pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias
pesquisas com as plantas medicinais. Em
e inovações em plantas medicinais e
segundo lugar, é claro que esses profissionais
fitoterápicos, através do desenvolvimento
'não nascem feitos', mas entre o fim da CEME
sustentado das diversas fases da cadeia
(1998) e a época da realização do simpósio
produtiva.331 O documento reconhecia ainda
organizado pelo CEBRID (2005) passaram-se 7
asàp ti asàpopula esàdeàpla tasà edi i aisàeà
anos, período no qual o aumento no número

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Alves, L. F.

de bolsas de mestrado e doutorado na área compreendido entre 1987 e 2011, período


de plantas medicinais aumentou disponibilizado no sítio da CAPES, esse
consideravelmente (de 30 para 105 e de 6 aumento é mais evidente (de 3 para 215 e de
para 33, respectivamente. Em destaque na 1 para 57) formando, assim, centenas de
Tabela 6). Considerando o espaço de tempo pesquisadores.334 Ver Tabela 6 e Gráfico 3.

Tabela 6. Número de dissertações e teses defendidas em plantas medicinais em


universidades brasileiras (1987-2011)
ANO MSc DSc
1987 03 01
1988 01 00
1989 02 00
1990 08 00
1991 11 00
1992 05 01
1993 05 02
1994 11 02
1995 24 02
1996 15 05
1997 33 10
1998 30 06
1999 46 08
2000 54 25
2001 60 18
2002 72 28
2003 108 39
2004 105 40
2005 105 33
2006 117 41
2007 142 57
2008 170 48
2009 167 42
2010 189 43
2011 215 57
TOTAL 1698 508
De Acordo com o Sítio do Banco de Teses da Capes. Acessado entre 20 e 25 de Maio de
2009 (para o período 1987-2007) e 25 de março de 2013 (para o período 2009-2011).

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Alves, L. F.

250

200

150

100

50

0
1991

2005
1987
1988
1989
1990

1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004

2006
2007
2008
2009
2010
2011
Gráfico 3. coluna azul=mestrado, coluna vermelha=doutorado

É importante ressaltar, ainda, que em não parece ser o fator determinante nessa
1978, durante a realização do V SPMB foi questão. A esse respeito, o professor João
discutida a criação do Projeto Flora, Batista Calixto335 o e tou:à E ga a -se
patrocinado pelo CNPq. Alguns anos mais aqueles que pensam que para inovar há
tarde, em 2001, o CNPq selecionou 31 apenas necessidade de recursos financeiros
projetos para que através da parceria substanciais. Os recursos financeiros são
universidade/empresa fossem realizadas realmente fundamentais, mas sem pessoal
pesquisas com plantas medicinais. Não foi qualificado e, especialmente, sem uma boa
possível, entretanto, saber quais foram os gest o,à oàh à o oài ova à p gi aà .
resultados dessas iniciativas. Em 2005, o
Neste contexto, Flávia Alves336 observa
CNPq lançou o Programa Instituto do Milênio
que o financiamento, por maior que seja,
com verba na ordem de R$ 90 milhões para o
torna-se insuficiente sem um planejamento e
triênio 2005-2008. A modalidadeà F a osà–
gerenciamento adequados. A autora destaca
P odutosàNatu ais ,à o side adaà deài te esseà
a importância do papel do Estado não apenas
est at gi o ,àfoiàu aàdasà easà o te pladasà
para estimular as empresas nacionais a
para desenvolver projetos.
investirem no setor, mas para que as
Há, todavia, outra questão, fundamental companhias multinacionais também
levantada pelo professor Lapa.300 Ele participem deste processo.
destacou que no início da sua carreira não
O papel do Estado, no entanto, deve ser
existiam pesquisadores treinados como
exercido através de uma política contínua,
o o eà hoje,à asà ueà aà pes uisaà atualà são
fator essencial em qualquer atividade
os conflitos de interesse que se interpõem
econômica, e não apenas na indústria
entre a descoberta e a efetivação de novos
farmacêutica. Os pesquisadores apontam a
protótipos (página 10. Grifo acrescentados) .
necessidade de uma política contínua e
Esses conflitos de interesse, sejam eles quais
definida como o primeiro fator para o
forem, assim como a colaboração, ou a falta
desenvolvimento de fitoterápicos no
dela (devido a conflitos de interesses?) entre
Brasil.337-341
as diferentes áreas, química, farmacologia,
botânica, etnofarmacologia, etc., Um exemplo claro da importância da
independem de qualquer ação participação governamental na pesquisa de
governamental, sejam elas legislativas ou um medicamento de origem vegetal é o
financeiras. taxol, antitumoral isolado nos Estados
Unidos, de Taxus brevifolia. O programa
Assim, a falta de investimento, por si só,

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Alves, L. F.

americano que deu origem a esse medicamentos para todos os males, quer sob
fitoterápico teve início em 1958, envolvendo a forma de vegetal em si, quer sob a forma
35.000 espécies de plantas com o objetivo de deà sais,à e t aídosà dasà pla tasà al aloides à
se encontrar uma substância com aquela p gi aà .à Eà ai da:à Have doà oà B asilà
atividade. Em 1962, os pesquisadores todos os climas e altitudes, pode-se aqui
coletaram no estado de Washington cultivar todas as plantas por nós importadas,
amostras daquela espécie que foram para isso duas coisas são imprescindíveis: 1)
enviadas para estudos no National Cancer apoio do governo; 2) benevolência do
Institute (NCI). o su ido à pa aà o à oà a tigoà a io al à
p gi aà .à E t eta to,à H à oà asilei oà
O apoio financeiro do governo americano
arraigada crença de que só é remuneradora a
foi vital para o desenvolvimento do produto
cultura que produz resultados imediatos; via
final. Foram investidos U$ 484 milhões de
de regra as plantas medicinais indígenas e
dólares até 2002. As vendas, desde a entrada
exóticas, quando cultivadas, não dão
do medicamento no mercado, em 1993, até
esultadosà o et iosà pidos à p gi aà .à
2002 ultrapassaram U$ 9 bilhões.340 Todavia,
de acordo com Gilbert,301 'esta história é um Surge daí, segundo ele, a necessidade de
pouco falha, pois foi a pesquisa do Monroe criação de um Horto Nacional de Plantas
Wall e Wani no Research Triangle Institute, Medicinais indígenas e outro para as
seguida pelo investimento da Squibb, se me exóticas. De acordo com a proposta de
lembro bem, e estimulado pela concorrência Pecegueiro, este horto deveria ser provido de
do CNRS da França com o taxostere, que teve toda a infraestrutura necessária para a
um papel fundamental, adicional ao apoio realização de investigações químicas,
federal do governo dos EUA. A American fa a og sti as,à fa a ol gi asà eà out asà
Medical Association se opôs ao lançamento ueà fo e à e ess ias ,à se à di igidoà po à u à
da droga, mas a Squibb a superou'. ie tistaà deà eputaç oà o fi ada ,à
nomeado por concurso ou diretamente pelo
No Brasil, a situação é bem diferente.
governo; ter, inicialmente, uma verba
Yunes e colaboradores341 (página, 151)
fornecida pelo Ministério da Agricultura, mas
salientaram, como um dos fatores que
oà fi à deà u à e toà te po ,à te à vidaà
dificultam a produção de fitoterápicos no
financeira própria. Sua renda seria
B asil,à aài o pet iaàdaài dúst iaà a io alà
proveniente do fornecimento de plantas
de fitoterápicos, interessada somente no
medicinais, queàse ia à o e ializadas,à asà
lucro imediato e não no desenvolvimento de
sem competir em preços com os
empresas competitivas a nível internacional,
o e ia tesà li e iadosà pa aà esteà fi à
que poderiam gerar emprego para muitos
(página 20-21).
cientistas de alto nível, técnicos e outros
t a alhado esà essaà ea . Foi mais uma ideia que não saiu do papel.
Contudo, a ideia de uma política definida Assim, um conceito generalizado entre os
e contínua para a implementação de uma cientistas brasileiros é que a atual legislação
indústria de medicamentos fitoterápicos não relativa à pesquisa com a biodiversidade
é nova. Durante a I Conferência Brasileira de brasileira precisa ser revista. Contudo, isso
Proteção à Natureza, realizada em 1934, o não responde à questão implícita no
professor Jayme Pecegueiro Cruz342 destacou simpósio patrocinado pelo CEBRID sobre
aàpolíti aàdeà eflo esta e toà o oà vitalàpa aà como transformar o potencial terapêutico da
oà futu oà doà país ,à e à o oà aà políti aà de plantas medicinais, nativas ou aclimatadas,
proteção às plantas medicinais, por sua em valor agregado.
importância econômica. Pecegueiro salienta,
de maneira muito otimista, como um reflexo
do pensamento do Conde Affonso Celso:
Pode-se quase que afirmar categoricamente
que no Brasil são encontrados os

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 500


Alves, L. F.

5. Conclusão A MP 2186 é relativamente recente. Não


pode ser usada como justificativa.
Existem ainda outros pontos que
Ao longo deste trabalho procurou-se contribuem para o pequeno número de
mostrar que as plantas medicinais sempre fitoterápicos desenvolvidos no Brasil que
estiveram presentes na História do Brasil, ou independem das restrições impostas por
pelo menos em parte dela. Dada a aquela Medida, pela falta de investimentos
biodiversidade do país, seria surpreendente ou pela ausência de uma política oficial e
se não fosse assim. Foi a partir dela, ou por constante para o setor. Por exemplo, a
causa dela, que o Brasil recebeu dezenas de parceria universidade/empresa e a questão
naturalistas principalmente durante o das patentes. Os pesquisadores concordam
Império. E continua recebendo. Os primeiros que o primeiro ponto é a única maneira de
naturalistas (Jean de Léry, André Thevet e transformar conhecimento em produto.343-346
Gabriel Soares de Sousa) chegaram ainda no
Em 2000, fazendo um balanço dos cinco
século XVI. Entretanto, eles não vieram com
anos da criação do Núcleo de Investigação
o objetivo específico de estudá-la. Foi
Químico-Farmacêutico da Universidade do
somente no século XVII, através de Piso e
Vale do Itajaí, o professor Valdir Cechinel
Marcgrave, membros da comitiva de
Filho345 es eveu:à Espe a-se que as
Maurício de Nassau, que a biodiversidade
indústrias nacionais se manifestem [para a
brasileira foi estudada pela primeira vez do
produção de fitofármacos], pois somente
ponto de vista científico. Entretanto, o
com universidades, poder público e iniciativa
estudo sistemático da flora e da fauna
privada caminhando na mesma direção
brasileiras só teve início após a vinda da
poderemos impulsionar o desenvolvimento
Família Real para o Brasil. O país passou
daà fitote apiaà oà país à p gi aà .à “eteà
então a receber naturalistas em grande
anos depois, durante a realização da VIII
número, alguns enviados em missões oficiais.
Jornada Paulista de Plantas Medicinais, o
Langsdorff, Saint-Hilaire, Martius, Spix,
professor Lauro Barata343 salie tou:à osà
Spruce, Mikan, Pohl, Wallace, Bates, Gardner,
cientistas estão longe das empresas, que são
Peckolt eram todos naturalistas experientes,
as únicas instituições capazes de transformar
que sabiam exatamente o que procuravam.
o he i e toàe àp oduto .
As pesquisas que eles realizaram serviram e
ainda servem de base para muito daquilo que Para alguns analistas da área, existe ainda
é feito nas áreas de química e farmacologia falta de conhecimento de gestão e visão das
de produtos naturais. necessidades de mercado por parte de
muitos pesquisadores ligados apenas às
Mostrou-se também, como a criação e a
universidades.335,344 Esta questão só pode ser
posterior extinção do Instituto de Química
solucionada através da parceria da(s)
Agrícola (IQA) e da CEME foram a base para a
universidade(s) com a(s) empresa(s), o que a
formação de vários grupos de estudo de
pesquisadora Tânia Fernandes234 chamou de
plantas medicinais no Brasil e como isso
u aà o viv iaà difí il ,à poisà elaà e volveà aà
permitiu um avanço praticamente constante
questão do segredo industrial. Este ponto
no número de comunicações apresentadas
talvez seja um dos mais importantes para
nos congressos e de artigos publicados nos
explicar o pequeno número de fitoterápicos
periódicos analisados neste trabalho.
desenvolvidos no Brasil, uma vez que ele
Mas, então, por que o número de impede a publicação de artigos nos
medicamentos fitoterápicos desenvolvidos periódicos indexados, dissertações, teses e
no Brasil em todas as suas fases de produção comunicações em congressos.
não corresponde ao que poderia se esperar
Este fato foi observado por diversos
desse quadro?
cientistas entrevistados por aquela autora

501 Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513|


Alves, L. F.

para a elaboração do seu livro Plantas compensação semelhante? Esta visão


Medicinais: Memória da Ciência no Brasil. Por poética, todavia, já está legalmente
exemplo, em seu depoimento, o professor superada: a lei de patentes exige que todo
Delby Fernandes, da Universidade Federal da funcionário receba, obrigatoriamente, uma
Paraíba, relata a tentativa da associação parcela de até 1/3 do valor recebido pela
entre o Laboratório de Tecnologia descoberta ou invenção.
Farmacêutica daquela Universidade, então
Ao mesmo tempo, como Moreira296 e
sob sua direção, e a Rhodia para a produção
Moreira e colaboradores297 salientaram, no
de um produto hipoglicemiante desenvolvido
Brasil não existe o hábito de proteger os
naquele laboratório.
resultados das pesquisas, isto é, a
Entretanto, o laboratório não poderia importância estratégica da propriedade
publicar os resultados dos estudos, devido ao intelectual ainda está para ser
segredo industrial, sem a autorização da completamente avaliada. Para esses
empresa ou antes de o produto ser pesquisadores a falta de familiaridade com os
patenteado, o que não foi aceito pela conceitos fundamentais e operacionais da
universidade. proteção à propriedade intelectual nos países
em desenvolvimento contribui para
A professora Alaíde Braga de Oliveira234,
aumentar a distância entre eles e os países
da UFMG, também destaca a dicotomia entre
desenvolvidos.
pate tea àeàpu li a .à“egu doàelaà aàpate teà
dificulta, retarda a publicação (...) e o nosso Esses fatos, legislação deficiente, falta de
trabalho [na Universidade] está muito cooperação entre as diversas áreas,
envolvido com a formação de recursos dificuldade na realização de parcerias entre
humanos (...), dissertações de mestrado, universidades e empresas e investimentos
teses de doutorado, que têm, forçosamente, públicos insuficientes, ajudam a explicar o
ueà leva à à pu li aç o .à Essaà uest oà est à pequeno número de fitoterápicos totalmente
explícita na declaração do professor Walter desenvolvidos no Brasil.
Mors234:à euà oà vouà pate tea ,à euà ue oà
Existem, é claro, diversos laboratórios que
publicar, os estudantes têm que publicar.
produzem medicamentos fitoterápicos no
Agora uma grande empresa que está aí para
Brasil. Em 2006, Freitas347 identificou 103
produzir e ganhar dinheiro, ela tem que
laboratórios no Brasil, comercializando 367
patentear, tem que se resguardar, resguardar
medicamentos fitoterápicos destinados a 53
seusài te essesà edia teàpate te .
classes terapêuticas, sendo os laxantes,
Outro problema, que nem sempre é hipnóticos/sedativos, vasoterápicos,
discutido, é saber se o pesquisador, que em expectorantes e amebicidas os mais
última análise, é o detentor intelectual do representativos. Vale notar que das 12
que pode ser patenteado, deve ou não plantas com maior volume de vendas em
receber parte dos royalties oriundos da reais ou em quantidade, apenas 3 são nativas
mesma. Nuno Álvares Pereira, ex-professor do Brasil (Mentha crispa, Cordia verbenacea e
de Farmacologia da UFRJ acredita que sim, Paulínia cupana). Entretanto, o que ocorre na
enquanto que o professor Elisaldo Carlini maioria das vezes é a produção da matéria-
mantém uma posição contrária, por se prima e comercialização do produto final,
co side a àu àpes uisado à daàvelhaàgua da,à sem que tenham sido realizadas quaisquer
o à u aà vis oà aisà po ti aà daà i ia 234. pesquisas propriamente ditas com os
Mas se o detentor do conhecimento mesmos.
tradicional, mesmo que seja um único
Já é possível, todavia, vislumbrar algum
indivíduo, deve receber uma compensação
avanço nesse sentido como o Acheflan, anti-
justaà eà e uitativa à po à esseà o he i e to,à
inflamatório produzido em parceria entre a
por que aquele que permitiu que esse
Universidade Federal de Santa Catarina e o
conhecimento se transformasse em um
laboratório Aché a partir da Cordia
produto, não pode receber uma

Rev. Virtual Quim. |Vol 5| |No. 3| |450-513| 502


Alves, L. F.

verbenacea. Neste caso, foram oito anos de Agradecimentos


pesquisa sem que qualquer trabalho fosse
publicado ou mesmo apresentado em
congressos. Outros produtos são o Giamebil Agradecimentos Ao Professor Luis Carlos
e o Kronel, ambos desenvolvidos pela
Marques pela cessão do gráfico e pelos
parceria entre o laboratório Hebron e a comentários na parte referente à Legislação.
Universidade Federal de Pernambuco. O
primeiro é usado contra giárdia, obtido da
Mentha crispa, enquanto o segundo é de uso Referências Bibliográficas
ginecológico, cuja fonte é a aroeira (Schinus
terebinthifolius). O exemplo mais recente é o
da parceria estabelecida entre a Universidade 1
Klayman, D. L. Science 1985, 228, 1049.
do Vale do Itajaí e a Eurofarma, para o [CrossRef] [PubMed]
desenvolvimento de um analgésico e anti- 2
Li, Y.; Wu, Y-L. Curr. Med. Chem. 2003, 10,
inflamatório de uso oral, produzido a partir 2197. [CrossRef] [PubMed]
das folhas da planta Aleurites moluccana.348- 3
Bhattaram, V. A.; Graefe U.; Kohlert, C.;
349
Veit, M.; Derendorf, H. Phytomedicine 2002,
Um último aspecto a ser considerado é a 9, 1. [CrossRef] [PubMed]
4
falta de dados clínicos, que a Mills, S.; Bone, K.; Principles and Practice of
etnofarmacologia não fornece. A SOBRAFITO Phytotherapy, Churchill Livingstone:
realizou um estudo junto a 2.100 médicos, Edinburgh, 2000.
5
através de um relatório com várias Schulz, V.; Hänsel, R.; Tyler, V. E.; Rational
perguntas. Uma delas era o que o médico Phytotherapy. Springer: Berlin, 2001.
6
precisava saber respeitar, dar credibilidade e, Mahdy, K.; Shaker, O.; Wafay, H.; Nassar, Y.;
assim prescrever produtos à base de plantas Hassan, H.; Hussein, A. Eur. Rev. Med.
medicinais. Cem por cento dos profissionais Pharmacol. Sci. 2012, 16, 31. [PubMed]
7
que responderam ao questionário usaram o Orhan, I. E. Curr. Med. Chem. 2012, 19,
mesmo argumento: o embasamento 2252. [PubMed]
8
científico. O presidente daquela Sociedade, Konrath, E. L.; Neves, B. M.; Lunardi, P. S.;
Dagoberto Brandão, assim se expressou Passos, C. S.; Simões-Pires, A.; Ortega, M. G.;
so eà oà assu to:à oà usoà lí i oà à a uiloà ueà Gonçalves, C. A.; Cabrera, J. L.; Moreira, J. C.;
interessa, você pode ter milhões de dados da Henriques, A. T. J. Ethnopharmacol. 2012,
fitoquímica e tal, mas se não tiver dados 139, 58. [CrossRef] [PubMed]
9
clí i osàoà esultadoàfi aàest il 350 (página 51- Hwa, J. S.; Jin, Y. C.; Lee, Y. S.; Ko, Y. S.; Kim,
52). Realmente, a inexistência de dados Y. M.; Shi, L. Y.; Kim, H. J.; Lee, J. H.; Ngoc, T.
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