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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola de Química
Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Processos Químicos e
Bioquímicos
Disciplina: Processos Orgânicos no Setor de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
Prof. Dr. Peter Seidl

SISTEMA PETROLÍFERO:
Como ocorre a sua formação?
Ygor Rios
08/10/2019
PETRÓLEO: Antiguidade
• Na antiga Babilônia, tijolos eram assentados com betume
• Fenícios calafetavam embarcações
• Egípcios embalsamavam os mortos
• Povos Chineses usavam para iluminação
• No Novo Mundo, índios pré-colombianos decoravam e
impermeabilizavam cerâmicas
• Usos medicinais
• Engraxar couro
(CLICK MACAE, 2016; MBP/COPPE/UFRJ, 2014; FURLAN; DECICINO, 2014)
PETRÓLEO: O que é?
É uma mistura complexa de hidrocarbonetos e quantidades
variáveis de não hidrocarbonetos (PETROLEUM GEOSCIENCE
TECHNOLOGY, 2011)

GÁS NATURAL:
• Podem conter CO2, H2S
• Gás seco: Essencialmente CH4
(PETROLEUM GEOSCIENCE
• Gás úmido: Também etano, propano e butano TECHNOLOGY, 2011)
ORIGEM DO
PETRÓLEO
• Existem duas grandes vertentes sobre a origem do petróleo, a
Inorgânica e a Orgânica

INORGÂNICA: Origem exclusivamente abiogênica

• Postulavam uma origem exclusivamente abiogênica


• São teorias mais antigas, como por exemplo as emanações vulcânicas
(1834), origem cósmica (1858) e síntese inorgânica (1866 - reação do
CO2 das proximidades do núcleo se combinando com metais que,
juntamente com a água, formaria acetileno, que sofreria polimerização
e hidrogenação)
ORIGEM DO PETRÓLEO
POREM...

• A maioria do Petróleo é encontrado em bacias sedimentares

• HC’s de exalações vulcânicas ou de falhas profundas é pequena

• Presença, no petróleo, de compostos de estrutura química idêntica ou


similar a estruturas complexas de organismos vivos (ex. esteranos
encontrados no petróleo são produtos de degradação dos esteroides
encontrados em algas)
Chamados
*
BIOMARCADORES DO PETRÓLEO
(RICCOMINI; SANT´ANNA; TASSINARI, 2012)
ORIGEM DO PETRÓLEO
ORGÂNICA: Origem biogênica

Dados disponíveis atualmente indicam que o petróleo é gerado a


partir da transformação da matéria orgânica acumulada nas rochas
sedimentares, quando submetida às condições térmicas e cinéticas
adequadas

(PETROLEUM GEOSCIENCE TECHNOLOGY, 2011)


TIPOS DE
MATÉRIA
ORGÂNICA

• Lipídios, proteínas, carboidratos e, nas plantas superiores, lignina


(polifenóis de alto peso molecular)
• Carbono orgânico dissolvido (substâncias acima) e carbono orgânico particulado da pequena fração
de organismos vivos

• Biomassa de origem continental é mais rica em O e mais pobre em H do que biomassa


marinha, pela lignina e celulose. Além disso, exposição da matéria orgânica à oxidação e
biodegradação
MATURAÇÃO: DO QUEROGÊNIO AO
PETRÓLEO
DIAGÊNESE CATAGÊNESE METAGÊNESE

• Acontece após deposição • Maior soterramento, T (50 °C • Maiores T (> 150 °C)
• Baixa profundidade e Temp a 150 °C) e P • Formação do gás seco
• Degradação bioquímica • Forma óleo, condensado e gás
Proteínas -> aminoácidos úmido
• Estágio final caracterizado
Lipídios -> glicerol, ácidos graxos
pela perda de cadeias
Lignina -> aromáticos alifáticas
Forma-se CO2, H2O, CH4 bioquímico
• Polimerização, condensação e
insolubilização -> Querogênio
• Alguns lipídios e HC’s das plantas
e animais são resistentes a
degradação
*
BIOMARCADORES DO PETRÓLEO
MATURAÇÃO: DO QUEROGÊNIO AO PETRÓLEO

• %Ro – Reflectância da Vitrinita -> parte do tecido de plantas superiores


* Permitem interpretação do paleoambiente
deposicional, grau de maturação térmica
Biomarcadores da matéria orgânica e grau de degradação

Gamacerano:
Ambientes CENPES – Geoquímica
hipersalinos
Colestano

Colesterol - esterol proveniente da


membrana plasmática de alguns
tipos de algas, precursor biológico
do grupo dos esteranos

Metil Etil
colestano colestano
Colestano

(DA SILVA, 2007)


Um sistema petrolífero ou sistema acumulador de petróleo pode ser definido como um
sistema natural que abrange um gerador ativo e o petróleo a este relacionado, incluindo
todos os elementos essenciais e os processos necessários para formação de acumulações
(MAGOON, 1994)

SISTEMA
PETROLÍFERO –
RECURSOS
CONVENCIONAIS
TIPOS DE ROCHA
ROCHA GERADORA ROCHA RESERVATÓRIO ROCHA SELANTE

• Granulação fina • Porosas e permeáveis, • Baixa permeabilidade


• Matéria orgânica abundante permitindo transportar os
• Plasticidade
fluidos (óleo e gás)
FOLHELHO
ARENITO EVAPORITOS (sal)
EXEMPLO
– PRÉ-SAL
Distribuição das rochas
reservatório do pré-sal
(azul escuro) em relação
às bacias sedimentares da
margem continental
Brasileira
EXEMPLO – PRÉ-SAL
• Processo da tectônica de placas promoveu ruptura do paleocontinente Gondwana,
separando os continentes sul-americano e africano, formando o Oceano Atlântico Sul
• Formação das bacias há cerca de 130 milhões de anos

1. Estágio Pré-rifte (ou continente) • Deposição de sedimentos, leques aluviais, fluviais e eólicos

2. Estágio Rifte (ou lago) • Inicialmente vulcanismo. Movimentação de falhas gerou bacias,
com paletopografias em blocos altos e baixos
• Parte baixa: depósitos
lacustres (folhelhos
ricos em fitoplancton)
• Parte alta: Deposição de
rochas carbonáticas com
coquinhas (acumulações de
conchas de invertebrados)
EXEMPLO – PRÉ-SAL
3. Estágio pós-rifte (ou do golfo)

• Entrada periódica de mar ao sul, formando


o golfo
• Contínuo afundamento do assoalho da
bacia, clima quente, alta salinidade da água
e altas taxas de evaporação permitiu formar
o pacote de sal:
• Espessa sucessão de evaporitos de
até 2.500 m de espessura (Chang et
al., 1990), composta essencialmente
de halita (NaCl) e intercalações de
anidrita, carnalita e traquidrita
(GAMBOA et al., 2008), depositados
num prazo de 400 a 600 mil anos
(FREITAS, 2006)
EXEMPLO – PRÉ-SAL
Modelo esquemático de soterramento de HC’s no Pré-sal da
4. Estágio Drifte (ou do oceano)
Bacia de Santos. Fonte: modificado de Chang et al., 2008
V – Rochas
• Separação entre continente Vulcânicas
sul americano e africano, G – Rochas
formando o Oceano Atlântico Geradoras (folhelho)
Sul (estágio perdura até hoje) R – Reservatórios
R1 – Calcários
Microbialíticos
• Deposição de sedimentos R2 – Calcários com
marinhos sobre os evaporitos coquina
anteriores, como sedimentos R3 – Fratura em
carbonáticos, folhelhos de águas rochas vulcânicas
profundas e arenitos de águas (basalto)
rasas (PEREIRA; FEIJÓ, 1994) S – Sal
SISTEMAS PETROLÍFEROS NÃO
CONVENCIONAIS
• São reservatórios com baixíssima permeabilidade que
exigem estimulação para produção

• Viscosidade do óleo é muito alta

• Matéria orgânica está imatura

• Hidrocarboneto está no estado sólido

• Basicamente, não houve a migração ou ela é curta,


pela proximidade entre rocha geradora e reservatório

• Comum nos Estados Unidos, Canadá e atualmente no


Reino Unido e Argentina (CRUZ, 2015)
SISTEMAS
PETROLÍFEROS
NÃO
CONVENCIONAIS

(CRUZ, 2015)
SISTEMAS PETROLÍFEROS NÃO
CONVENCIONAIS

(CRUZ, 2015)
SISTEMAS PETROLÍFEROS NÃO
CONVENCIONAIS

(CRUZ, 2015)
COMPARATIVO

(CRUZ, 2015)
REFERÊNCIAS
• CAVA, L. T. “ GÁS DE XISTO ” (shale gas). Mineropar, Serviço Geológico do Paraná, 2014.
• CLICK MACAE. O início do petróleo no mundo. Disponível em: <https://clickmacae.com.br/noticias/13234/o-inicio-do-
petroleo-no-mundo>. Acesso em: 5 out. 2010.
• CRUZ, S. Recursos não convencionais de petróleo (óleo e gás) e seu potencial nas bacias sedimentares brasileiras.
Brasília: [s.n.].
• DA SILVA, C. G. A. Caracterização Geoquímica Orgânica das Rochas Geradoras de Petróleo das Formações Irati e Ponta
Grossa da Bacia do Paraná. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.
• FURLAN, A.; DECICINO, R. Deriva continental - Pangeia deu origem aos continentes. Disponível em:
<https://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/deriva-continental-pangeia-deu-origem-aos-
continentes.htmhttps://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografia/deriva-continental-pangeia-deu-origem-aos-
continentes.htm>. Acesso em: 5 out. 2019.
• MAGOON, L. B., DOW, W. G. American Association of Petroleum Geologists Memoir 60, 1994, pp.3-24
• MBP/COPPE/UFRJ. História do Petróleo. Disponível em: <http://petroleo.coppe.ufrj.br/historia-do-petroleo/>. Acesso
em: 5 out. 2019.
• PETROLEUM GEOSCIENCE TECHNOLOGY. Geologia do Petróleo. [s.l: s.n.].
• RICCOMINI, C.; SANT´ANNA, L. G.; TASSINARI, C. C. G. Pré-sal: geologia e exploração. Revista USP, v. 0, n. 95, p. 33,
2012.
• TISSOT, B. P. et al. Petroleum Formation and Occurrence. 2. ed. Berlin: Springer-Verlag, 1984.

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