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APRENDENDO COM A ENCRUZILHADA:

OLOJÁ E ALAJÊ - ENTRE SENTIDOS E


TRANSFORMAÇÕES PARA BOAS TROCAS
NO MERCADO DE ÈSÙ

Aula 2 – 07.03.2021 – das 18h. às 21h.


Professor. Dr. Sidnei Nogueira [Instagram:@professor.sidnei –
sidnei_barreto@outlook.com]
EMENTA: Análise semiótica da encruzilhada -
Ikoritá metá; Èṣù - origens, mitologia e
sentidos; a importância de Èṣù que nos
habita; análise de itáns, orikí, ofós, orin e
adura de Èṣù , o Ayê como o mercado de
Èṣù ; a potencialização existencial de Èṣù
em nossas vidas; interditos de Èṣù ; Èṣù
Olojá - o senhor do mercado; Èṣù Alajê - o
senhor da riqueza.
 Jean Chevalier & Alain Gheerbrant 
Ikoritá metá “O AYÊ É O MERCADO E O ORUN É O NOSSO LAR.”
encruzilhada de três
pontas: Portal AYÊ •O AYÊ, MERCADO TAMBÉM É UMA GRANDE ENCRUZILHADA;
ORUN •Èṣù e Oyá SÃO OS DONOS DO MERCADO;
•Há encruzilhada na cabeça do bode, no aparelho reprodutor feminine e
no encontro de estradas;
O Obi também é uma
encruzilhada de quatro pontas

Obi é um fruto indispensável em rituais


nas CTTro, também conhecido como Noz-
de-cola, seu nome científico é Cola
acuminata. O Obi deve abrir os rituais,
responder pela aceitação ou não de um
ritual e orientar tanto os rituais quanto a
vida dos iniciados.
Ainda sobre as encruzilhadas
Ainda
sobre as
encruzilhad
as
Ainda sobre as encruzilhadas
Ainda
sobre as
encruzilhad
as
Para os yorùbá
• A encruzilhada é portal AYÊ – ORUN;
• Lugar de convergências e divergências;
• Lugar de possibilidades;
• Canal de comunicação;
• Há um Èṣù – Onibodê que cuida deste portal;
• Na encruzilhada estão Èṣù; Iyami; os Òrìsà e toda a nossa
ancestralidade.
Por que
precisamos ser
também um
Èṣù e viver no
centro da
encruzilhada?
Nota sobre o idioma yorùbá
Notas sobre
os yorùbá –
a noção de
pessoa
Notas sobre os yorùbá – a noção de tempo
O sagrado e O tempo sagrado e o profano coexistem, e nas narrativas orais dados históricos se
mesclam a elementos míticos. Nas práticas rituais o mito também se faz presente.

o profano Haveria separação entre sagrado e profano antes da Era Cristã?


Èsù: o senhor da verdade
•Quando a afinidade com
um amigo é grande, ele é
considerado um parente.
Foi feito um jogo
divinatório para Ifá no
dia em que se tomaria o
amigo de Exu.
Exu – SUURU:
Orunmilá e o código ético-moral dos Iorubás Os
iorubás incluem “suuru”, a paciência, entre as
virtudes cardeais e a consideram o princípio de
todo bem-estar. Foi a paciência que uniu
Orunmilá e Exu.

Exu – PALAVRA - OHUN:


Ohun rere ni nmu obi lapo
ÒKÒTÓ É •Na matemática, espiral é uma curva plana que gira
em torno de um ponto central, dele se afastando ou
ÈSÙ se aproximando segundo uma determinada lei.
Por que pensar uma
epistemologia do Sul a
partir de Èsù?

POR UMA
EPISTEMOLO
GIA DE
TERREIRO A
A encruzilhada – Ikorita meta – o cruzamento – a re-(ori)-entação:
Oriki Èsù

RIBEIRO, Ronilda Iyakemi. “Exu, um Orixá Igualmente Polêmico”.


Jornal Tambor, ano 3, nº 25, Guararema, 2001.

DOPAMU, Peter Ade. Exu, o Inimigo Invisível do Homem, São Paulo, Ed. Oduduwa, 1990.
1. Èsù, a pedra primordial dos Orixás;
2. Osetura é o nome pelo qual o criador o conhece;
3. Alagogô Ijá é o nome pelo qual a criadora o chama;
4. Exu Odara, o filho do homem forte de Idolofin;
5. Ele é capaz de sentar-se sobre a própria perna;
6. Ele se diverte, recusando-se a comer e não deixando que quem
come engula antes dele;
7. Não se pode ter dinheiro, sem pôr, à parte, uma porção para
Exu;
8. Não se pode ter felicidade, sem pôr, à parte, uma porção para
Exu;
9. Ele que toma partido com naturalidade, sem se sentir
envergonhado ou culpado;
10. Exu, a pedra que, quando necessário, coloca-se sobre a
existência do outro;
11. É ele que transforma a pedra em sal;
12. A criança que brinca no mercado;
13. Aquele cuja grandeza se manifesta em toda parte;
14. O apressado, o inesperado;
15. O que se quebra não pode mais se juntar sozinho;
16. Exu, não brinque comigo, é com o meu colega que você deve
brincar agora.
Mo fç jç! – Eu quero comer! – O QUE SIGNIFICA A FOME DE Èṣù?
Ẹsẹ ọ̀bàrà méjì [Poem for the Odù ọ̀bàrà meji from Yorùbá Ifá Literary Corpus]

Èṣù NÃO PERMITE QUE


QUEM O ALIMENTOU LHE
CONDUZA ATÉ A MORTE

1. A água da nascente não pode encobrir uma cabaça de água.


2. Foi divinado Ifá para Àgbìgbònìwọ̀ nràn
3. O homem forte que fabricava caixões.
4. Depois que Àgbìgbò tivesse acabado de esculpir um caixão,
5. Ele deveria colocá-lo na frente da casa de um homem.
6. O resultado é que aquele homem morreria.
7. Quando Àgbìgbò acabou de fazer um caixão,
8. Ele o pegou, e foi à casa de Ọ̀ rúnmìlà.
9. Naquela noite, Ọ̀ rúnmìlà sonhou com a morte.
10. Pela manhã, ele pegou seus instrumentos de divinação,
11. E perguntou pelo seu sonho.
12. Ifá avisou Ọ̀ rúnmìlà para fazer sacrifício imediatamente.
13. Após ter feito sacrifício,
14. Ele o levou para o assentamento de Èṣù.
15. Após algum tempo, Àgbìgbò chegou à casa de Ọ̀ rúnmìlà com seu caixão.
16. E encontrou Èsù fora de casa.
17. Èsù perguntou a ele o que pretendia colocar dentro do caixão.
18. E Àgbìgbò respondeu que queria colocar Ọ̀ rúnmìlà.
19. Então, Èsù perguntou ainda mais a ele.
20. Que tipo de coisas ele gostaria de ter
21. Que pudesse fazê-lo deixar Ọ̀ rúnmìlà intacto.
22. Ele disse que queria um rato, um pássaro e um animal.
23. Èṣù respondeu que todas essas coisas
24. Foram incluídas no sacrifício feito por Ọ̀ rúnmìlà.
A SUPREMACIA DE Èṣù
ompreensão de Èsù por meio de seus Oríkì
Èṣù OLOJA: o
senhor das
trocas
Olojá, título dado em muitos candomblés ao Exu senhor do mercado,
é a divindade responsável pela circulação desses elementos, que além
de compensar um trabalho pelo outro, pode também fazer com que
esse movimento de compensação crie laços de sociabilidade. E é aí
que o mercado iorubá se distingue do mercado capitalista: enquanto
este é um lugar de acumulação que, muitas vezes, passa pela
expropriação e exploração. Os primeiros são responsáveis por criar
laços de responsabilidade pelo trabalho das outras pessoas que
produziram, produzem e produzirão aquilo do que eu preciso, mas
não sou capaz de produzir em um determinado momento.
Há uma estreita relação entre Èṣù Alaje o Òrìsà Aje Salugá, porque
ambos são responsáveis por nos orientar quanto a nossa saúde e
progresso financeiro, trazendo consciência referente aos nossos
ganhos e principalmente a maneira correta de administrar esse
progresso. Ajê, a dona da morada da riqueza, atua na dimensão do
regresso de oportunidades financeiras que foram perdidas, e
podem retornar para nós, faz também com que nos vejamos com a
capacidade de prosperar e, sobretudo, de levar outras pessoas à

Èṣù alaaje: o prosperidade.

senhor da Para que se consiga honrar


riqueza e compromissos financeiros
principalmente para que se tenha
e

aje salugá- a condições de aumentar e melhorar


as nossas trocas, deve-se cultuar
senhora da esta divindade.
riqueza
Èṣù alaaje: o
senhor da riqueza
Ele nos coloca no centro do mercado;
Ele traz bons compradores;
Ele gera oportunidades;
Ele diz que a abundância é possível;
Ele beneficia toda a família;
Como atua Èṣù
MAS
alaaje: o senhor
É preciso muito esforço e matéria prima;
Precisamos negar a miséria que nos habita;
da riqueza ?
A atuação de uma ancestralidade que a vida toda negou a
abundância pode nos prejudicar nesta relação;
A ambição cruel e violenta também pode nos prejudicar;
A preguiça;
A incerteza;
O medo de ser abundante porque é pecado, bem como
relações de troca anteriores mal estabelecidas podem ter
Èṣù -
Resiliência
Èṣù -
Elasticidade

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