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MÊS DA BÍBLIA:

CARTA AOS EFÉSIOS


“VESTIR-SE DA NOVA
HUMANIDADE!”
(CF. EF 4, 24).
A carta aos Efésios exorta a unidade dos fiéis, à prática do Evangelho de
Jesus Cristo crucificado (Ef 3,1-21), e a busca de uma sociedade mais
solidária e fraterna:

“Revistam-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e


santidade da verdade” (Ef 4,24).

Somos no batismo revestidos da nova humanidade em Cristo, por essa


razão somos chamados a assumir a missão de ser
testemunhas fiéis da Boa Nova de Jesus Cristo,
em todas as realidades em que estamos
inseridos.
INTRODUÇÃO
A carta aos Efésios, juntamente com Filipenses, Colossenses e
Filêmon, é conhecida como “carta do cativeiro”, por dar a entender
que Paulo se encontrava preso (Ef 3,1; 4,1; 6,19-20).
Acredita-se que Paulo foi prisioneiro em Roma, entre os anos 61 e
63 d.C.
A carta aos Efésios (Ef) foi escrita no fim do século I d.C. e dirigida
a várias comunidades cristãs da Ásia Menor (hoje Turquia), região
subjugada e explorada pelo Império Romano (Ef 4,17-32; 6,10-20).
AUTOR
A carta aos Ef se distingue das outras cartas por conter
termos que não se encontram nas cartas paulinas. Porém, ela
é muito similar a carta aos Colossenses.

O autor da carta é um discípulos de


Paulo.
ELEMENTOS QUE A TORNAM DIFERENTE
DAS DEMAIS CARTAS PAULINAS
a- Judeus e não judeus: Ef não trata do conflito entre judeus e não judeus,
descrito nas cartas paulinas – por exemplo, em Filipenses (cf. Fl 3,2), o que
indica uma realidade do fim do século I d.C.
b- Escatologia: A carta aos Ef não espera a vinda iminente de Cristo, como
Paulo acreditava. Essa expectativa tinha enfraquecido, e as comunidades
precisavam se organizar e se adaptar para sobreviverem dentro do império (cf.
1 e 2Pd).
c- Cartas católicas: Ef tem relações significativas com as cartas católicas (Tg;
1 e 2Pd; 1, 2 e 3Jo; Jd), escritas entre os anos 90 e 110 d.C., bem posteriores
ao apóstolo Paulo.
DESTINATÁRIOS E DATA
 A menção a Éfeso não aparece, na maioria dos manuscritos
bíblicos, o que faz pensar em uma carta-circular aos
cristãos da Ásia Menor, (Ef 1,1-2).
 A carta provavelmente tenha sido escrita por volta do ano
90 d.C.
CONHECENDO A REALIDADE
 No fim do século I d.C. a Ásia Menor (atual Turquia), era local
de exploração econômica do Império Romano. O livro do
Apocalipse descreve a exploração: “Carregamento de ouro e
prata, de pedras preciosas […], vinho e azeite, flor de farinha e
trigo, bois e ovelhas, cavalos e carros, escravos” (Ap 18,12-13).
 Éfeso era uma das grandes cidade estado da região.
 A maioria da população local estava submetida à escravidão,
decorrente da exigência de impostos, do comércio abusivo e das
várias formas de violência. O duro trabalho nas fazendas
(“ovelhas”), nas minas (“prata”, “pedras preciosas”) e nas
fábricas (carroças e carros puxados por cavalos) que
enfraqueciam e empobrecia o povo.
 O sofrimento aumentava ainda mais com a dominação cotidiana
do império no ambiente social e cultural da Ásia Menor,
subjugação que se manifestava com as seguintes características:
a) O sistema político, social: O sistema de patronato;

b) A cultura: A helenização ou romanização;

c) A religião imperial: O culto aos imperadores;

d) Religiosidade: mistério, magia, astrologia.


OS PROBLEMAS DAS COMUNIDADES DA
ÁSIA MENOR
A carta aos Efésios não faz referência direta a problemas ou a situações
concretas das comunidades. Entretanto, nas entrelinhas do texto, surgem
os seguintes problemas:

 Judeus e não judeus (2,14)

 Os gnósticos (3,19)

 Conflito de poder (4,16)

 Vida e testemunho (4,19)

 Relações familiares (5,21-6,9)


A CARTA AOS EFÉSIOS
A carta pode ser dividida em duas partes.
 A primeira é uma parte doutrinal sobre o projeto salvador de Deus,
realizado em seu Filho, Jesus (Ef 1,3-14), e desenvolvido na Igreja, a
qual tem, como cabeça, Jesus Cristo soberano e crucificado (Ef 1,15-
2,22), anunciado por Paulo (Ef 3,1-21).

 A segunda é marcada pela exortação a dinamizar a vida cristã: viver


na unidade (Ef 4,1-16), viver como filhos da luz (Ef 4,17-5,20), ser
família cristã (Ef 5,21-6,9), lutar contra o mal (Ef 6,10-20).
ESTRUTURA DA CARTA
a) Introdução – 1,1-2: saudação inicial;

b) Primeira parte – 1,3-3,21: o mistério de Cristo soberano,


cósmico e eclesial;

c) Segunda parte – 4,1-6,20: a vida cristã na prática;

d) Conclusão – 6,21-23: saudação final.


AS PRINCIPAIS MENSAGENS
 O senhorio e a presença gloriosa de Cristo (Ef 1,3-23), o único
Senhor do universo a intenção é refutar a imagem do imperador.
 A Igreja universal (Ef 2,1-22), gentios e judeus convertidos ao
cristianismo formam, com unidade e igualdade de direitos, um só
corpo, “homem novo” ou “nova humanidade”.
 O mistério de Deus com o amor de Cristo (Ef 3,1-21), Na Igreja,
a fé no amor de Cristo, fortalecida pelo Espírito Santo, deve ativar
o “coração” dos fiéis para superar “todo conhecimento”
(desvinculado da responsabilidade social e comunitária) e
construir a casa de Deus Pai no seio do mundo injusto e opressor.
 Unidade na diversidade (Ef 4,1-16), pelo batismo cada
membro, com seu carisma e função, forma “um só corpo e um
só Espírito” no amor verdadeiro de Cristo.

 Nova humanidade em Cristo (Ef 4,17-5,20), a pessoa renovada


em Cristo deve revestir-se do “homem novo”, como filha da luz,
e caminhar no amor, bondade, justiça e verdade, abandonando a
“libertinagem e a prática insaciável de todo tipo de impureza”.
 Amor e respeito (Ef 5,21-6,9), segundo o modelo da união de
Cristo e da Igreja, a carta propõe que os cristãos pratiquem o
‘código doméstico’ (as instruções sobre as relações entre
mulher e marido, entre filhos e pais e entre escravos e
patrões).
 Luta contra os espíritos do mal (Ef 6,10-20), As armas para
o combate e a resistência à sociedade geradora de injustiça,
opressão e morte são a verdade, a justiça, o Evangelho da
paz, a fé, o Espírito, a Palavra e a oração.
MENSAGEM FINAL
 Como os batizados somos convocados a combater no
mundo o maligno, não só em sentido espiritual, mas
também em sentido real e concreto. As injustiças e
desigualdades que crescem a cada momento, dentro e fora
das comunidades cristãs. Temos o desafio de reavivar a
justiça, a solidariedade, a irmandade, a unidade em nossa
vida e em nossa comunidade.

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