Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mário Maia
VISÃO PANORÂMICA DO CURSO
- Que é isto! Agora é que achais de chorar! (...) Chego ao termo da carreira, quando nada senão males
posso esperar, minha morte deve ser motivo de alegria para todos vós.
• Acompanhava-o certo Apolodoro, alma simples e extremamente afeiçoada a Sócrates, que lhe disse:
• Então se diz que, passando-lhe de leve a mão pela cabeça, Sócrates respondeu:
• Fundamento ético:
• o bom é o que agrada aos sentidos bom é agir de maneira que os sentidos
digam que é bom bom o é o prazer (hedonismo) que corresponde a se evitar
a dor
• “Se tomares nas mãos o dia de hoje conseguiras depender menos do dia de
amanhã; talvez te apeteça perguntar como procedo eu (...) dir-te-ei com
franqueza: como alguém que vive bem, mas sem esbanjamento. Tenho as
minhas contas em dia!” (p. 2).
• “Não é pobre quem tem pouco, mas sim quem deseja mais” (p. 4).
UMA VIDA VIVIDA SEM GRANDE APEGO AS COISAS
(FRUGAL), SEM GRANDES AMBIÇÕES E COM
D I S C R I Ç Ã O , S E M C H A M A R A AT E N Ç Ã O
• “Evita tudo quanto se torna notado quer na tua pessoa, quer no seu estilo de vida.” (p.
10).
• “Para começar não devemos ter ambições (...) em segundo lugar não devemos possuir
nada capaz de ser aliciante para um eventual salteador (...) qualquer ladrão deixa em
paz quem nada tem (...)” (p. 46).
• “Se quiseres estar livres para cuidares da alma deverás ser pobre, ou fazer vida de
pobre. O estudo da filosofia não dará fruto se não adotares uma vida frugal; ora, a
frugalidade não passa de pobreza voluntária.” (p. 58).
U M A V I D A S Á B I A E B O A É U M A V I D A Q U E E N VO LV E O
C O N H E C I M E N TO I N T E R I O R ( R E F L E X I VA )
• “Os teus autênticos bens são apenas de foro íntimo.” (p. 18).
• “[o sábio] embora se baste a si próprio, precisa de ter amigos; deseja mesmo tê-los
no maior número possível, mas não para vier uma vida feliz, pois é capaz de viver
uma vida feliz mesmo sem amigos.” (p. 25).
• “O mais feliz dos homens, o dono seguro de si próprio é aquele que aguarda
sem ansiedade o dia seguinte. Quem cotidianamente diz ‘vivi!’” (p. 36).
• “Não há tipo de terror tão funesto, tão incontrolável como o pânico; se o medo
faz perder a razão o pânico gera a completa loucura. É natural que no futuro
nos suceda um mal qualquer, o fato é que de momento ainda não existe. (...)
Mesmo que seja no futuro para quê começar a sofrer antecipadamente?” (p.
42).
O SÁBIO TEM FIRMEZA DE CARÁTER; NÃO É MAL-
H U M O R A D O , M A S TA M B É M N Ã O É D E F I C A R FA Z E N D O
G R A Ç A ( V I V E S E M G R A N D E S P E RT U R B A Ç Õ E S )
• “Admito que é inata em nós a estima pelo próprio corpo, admito que temos o dever de cuidar
dele. Não nego que devamos dar-lhe atenção, mas nego que devamos ser seu escravo.” (p. 44).
• “Estamos em dezembro: a cidade está coberta de suor! A ostentação desregrada invadiu toda a
vida coletiva. (...) Será de fato uma prova segura de firmeza de animo não acompanhar, não se
deixar guiar por um ambiente aliciador de concessões à volúpia. Se é indício de maior
constância mantermo-nos inteiramente sóbrios em meio de uma multidão ébria a ponto de
vomitar, será mais moderada a nossa atitude se não situarmos à margem, não nos tornando
notados nem nos deixando absorver na turba, isto é, se fizermos a mesma coisa mas com uma
diferente disposição de espírito” ‘É POSSÍVEL PARTICIPAR DA FESTA SEM CAIR NO
DEBOCHE! (p. 62).
• “o resultado duma cólera extrema é a insânia, e por isso não há que evitar a cólera, não tanto
por obediência à moderação, como para conservar a sanidade mental!” (p. 65).
A VIDA BOA É UMA ALEGRIA SÓBRIA
• “O que tens a fazer antes de mais, caro Lucílio, é aprender a ser alegre. (...) O
meu desejo é que a alegria habite sempre em tua casa (...) acredita-me, a
verdadeira alegria é uma coisa muito séria. Julgas tu que se pode pensar em
desprezar a morte, em abrir as portas à pobreza, em refrear os prazeres, em
exercitar a capacidade de suportar a dor – e tudo isso sem franzir a testa,
sempre com o rosto, como diriam os nossos jovens pretensiosos, descontraído?
Quem interioriza estes pensamentos alcança uma grande alegria, mas de ar
pouco sorridente!” (p. 85).
ÉTICA EM SCHOPENHAUER (1800’S)
• “Ora o homem é a natureza, a natureza no mais alto grau de consciência de si mesma; se, portanto, a
natureza é apenas o aspecto objetivo da vontade de viver, o homem uma vez convencido disso, pode
com razão sentir-se consolado completamente com a sua morte e a dos seus amigos: só tem que dar
uma olhada na natureza imortal: esta natureza, no fundo é ele. Eis, portanto, o que quer dizer Xiva com
o linga (...)” (SCHOPENHAUER, 2001, p. 290).
• “[sobre a justiça eterna] As expressões são variadas; aqui está uma em particular: perante os olhos do
neófito desfila a série de seres vivos e sem vida, e sobre cada um deles é pronunciada a palavra
invariável, que se chama, por este motivo a Fórmula, a Mahavakya: Tatoumes, ou mais corretamente
Tat tvam asi, isto é, “Tu és isto” (SCHOPENHAUER, 2001, p. 373).
O C A R Á T E R “ I N D E S C R I T Í V E L ” D A B O N D A D E ; D A V I RT U D E . A
VI RTUDE S OM ENT E P O DE S ER P ERCE BI DA NO
C O M P O RTA M E N T O N Ã O N A S PA L AV R A S .
• “Sempre desejei uma boa morte, pois quem durante toda vida foi só, decerto saberá enfrentar
melhor que outro esse negócio solitário. Em vez de ser tomado pelo berreiro próprio a limitada
capacidade dos bípedes, expirarei na alegra consciência de ter cumprido a minha missão, e de
retornar para lá, de onde emergi, altamente agraciado.”. (SCHOPENHAUER, 2009, p. 69).
• “O que serás após a morte – embora seja nada – será para ti tão natural como é agora o teu ser
orgânico individual; portanto, deverias temer o instante da travessia. (...) Uma vez que a
existência é essencialmente pessoal, tampouco o termino da personalidade pode ser
considerado uma perda.” (SCHOPENHAUER, 2016, p. 31).
A V I D A É M O V I M E N TO ; É I N C O N S T Â N C I A – I N F E R E - S E
– O DESAPEGO.
• “Nossa existência não tem nenhuma base na qual apoiar-se mais que o presente
que se desvanece. Por isso, tem por forma o movimento constante, sem
possibilidade alguma de descanso pelo qual ansiamos.” (SCHOPENHAUER,
2016, p. 77).
A VIDA BOA É PRESENTIFICADA.
• “As cenas de nossa vida assemelham-se às imagens de um mosaico bruto, que, de perto, não fazem
efeito, mas é preciso manter-se longe delas para encontra-las belas. Portanto, conseguir algo que se
deseja intensamente significa descobrir que é inútil; nós sempre vivemos na expectativa de algo melhor,
também muitas vezes e, ao mesmo tempo, arrependidos, com ânsia do passado. O presente, ao
contrário, apenas o aceitamos e por nada o respeitamos, senão como caminho para o objetivo.”
(SCHOPENHAUER, 2016, p. 79).
• “Que tolice é lamentar-se e reclamar de não haver aproveitado no passado a ocasião desta ou daquela
felicidade ou prazer! O que mais ganhamos agora com isso? A múmia ressecada de uma lembrança.”
(SCHOPENHAUER, 2016, p. 89).
A VIDA BOA É AQUELA ONDE SE CONTROLA OS DESEJOS; NÃO
S E É E S C R AV O D O Q U E R E R – I N F E R E - S E – A V I D A D E A L G U É M
QUE SABE LIDAR COM A FRUSTRAÇÃO.
• “Querer é essencialmente sofrer, e como viver é querer, toda a existência é essencialmente dor.”
(SHOPENHAUER, 2014, p. 39).
• “O homem seduzido pela ilusão da vida individual, escravo do egoísmo, só vê as coisas que o
tocam pessoalmente, e encontra aí motivos incessantemente renovados para desejar e querer; pelo
contrário, aquele que penetra a essência das coisas, que domina o conjunto, chega ao repouso de
todo o desejo e de todo o querer. Daí em diante, a sua vontade desvia-se da vida, repele com susto
os gozos que a perpetuam. O homem chega então ao estado de renúncia voluntária, de resignação,
da tranquilidade verdadeira e da ausência absoluta de vontade.” (SCHOPENHAUER, 2014, p. 114).