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ESE, Cap.

XI

Amar o próximo como a sí mesmo


1. Bem-aventurados os que são misericordiosos, porque obterão
misericórdia. (Mateus, 5:7.)

2. Se perdoardes aos homens as faltas que cometerem contra vós,


também vosso Pai celestial vos perdoará os pecados; mas, se não
perdoardes aos homens quando vos tenham ofendido, vosso Pai celestial
também não vos perdoará os pecados. (Mateus, 6:14 e 15.)

3. Se contra vós pecou vosso irmão, ide fazer-lhe sentir a falta em


particular, a sós com ele; se vos atender, tereis ganho o vosso irmão.
Então, aproximando-se dele, disse-lhe Pedro: “Senhor, quantas vezes
perdoarei a meu irmão, quando houver pecado contra mim? Até sete
vezes?” — Respondeu-lhe Jesus: “Não vos digo que perdoeis até sete
vezes, mas até setenta vezes sete vezes.” (Mateus, 18:15, 21 e 22.).
Conceitos

Misericórdia é um termo amplo que se refere a benevolência,


indulgência, perdão e bondade em uma variedade de contextos éticos,
religiosos, sociais.
Sentimento de pesar ou de caridade despertado pela infelicidade de
outrem; piedade, compaixão.
Ação real demonstrada pelo sentimento de misericórdia; perdão
concedido unicamente por bondade; graça.
O que é o perdão?

Item 4, ESE - O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada, que paira
acima dos golpes que lhe possam desferir. Uma é sempre ansiosa, de sombria
suscetibilidade e cheia de fel; a outra é calma, toda mansidão e caridade.

5 – Não é esquecer – Se nós fomos de alguma forma prejudicados por outrem,


nós não vamos e não devemos esquecer. Mas não devemos pautar nossa
relação para com o outro baseado nos seus erros, mas naquilo que a pessoa
possa modificar em seu comportamento. Não é o esquecimento, é o
entendimento do que se pode aprender para se evitar aquele mesmo erro no
futuro. O esquecimento tem de ser o dos sentimentos que foram gerados no
momento do fato (raiva, humilhação, mágoa, etc.).
O que é o perdão?

Jesus nos ensina que a misericórdia não deve ter limites, quando diz que
cada um perdoe ao seu irmão, não sete vezes, mas setenta vezes sete
vezes.
Duas maneiras bem diferentes de perdoar:

1) uma, grande, nobre, verdadeiramente generosa, sem


pensamento oculto, que evita, com delicadeza, ferir o amor-próprio e a
suscetibilidade do adversário, ainda quando este último nenhuma
justificativa possa ter;
O que é o perdão?

2) a segunda é aquela em que o ofendido, ou aquele que como tal se


julga, impõe ao outro condições humilhantes e lhe faz sentir o peso de
um perdão que irrita, em vez de acalmar; se estende a mão ao ofensor,
não o faz com benevolência, mas com ostentação, a fim de poder dizer a
toda gente: vede como sou generoso! Nessas circunstâncias, é
impossível uma reconciliação sincera de parte a parte.
O que é o perdão?

5. Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário,


enquanto estais com ele a caminho, para que ele não vos entregue ao
juiz, o juiz não vos entregue ao ministro da justiça e não sejais metido
em prisão. Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não
houverdes pago o último ceitil. (Mateus, 5:25 e 26.)
O que é o perdão?

O Juiz – A nossa consciência

O Ministro da Justiça – A Lei de Deus – Justiça, Amor e Caridade

A prisão – O corpo físico.

Reconciliar – Estabelecer a paz entre; fazer as pazes, congraçar(-se),


harmonizar(-se).
O que é o perdão?
Quando Jesus recomenda que nos reconciliemos o mais cedo possível
com o nosso adversário, não é somente objetivando apaziguar as
discórdias no curso da nossa atual existência; é, principalmente, para
que elas se não perpetuem nas existências futuras (Obsessão, por
exemplo). Não saireis de lá, da prisão, enquanto não houverdes pago até
o último centavo, isto é, enquanto não houverdes satisfeito
completamente a Justiça de Deus.
9 – Nem sempre é se reconciliar – A reconciliação depende sempre
daquele que admite o erro e pede perdão e daquele que vai perdoar.
Muitas vezes perdoamos a quem não tem consciência de que errou, ou
não admite o fato.
Mas como perdoar realmente?

O que devemos levar em consideração para perdoarmos?

1 – A justiça;

2 – A misericórdia;

3 – A “jurisprudência Divina”, que faz com que analisemos todo o


contexto das atitudes daquele a quem queremos perdoar.
Mas o que é justiça?

A justiça humana identifica os culpados pelas tragédias já consumadas,


mas ignora as tragédias pessoais que elevaram a criatura àquele
comportamento.

A pessoa a quem pretendemos perdoar, deve ser analisada de uma


maneira mais global, e não apenas superficialmente, não apenas no
contexto de sua atitude que, em teoria, os provoca ou provocou algum
mal. Temos que entrar mas intimamente na vida daquele que nos
provocou o mal para podermos entender as razões que o levaram a agir
daquela forma.
Mas o que é justiça?

A justiça, para ser justiça, não deve beneficiar apenas a nós, mas a
todos aqueles envolvidos.

Existe a ideia de que a justiça é aplicada aos inimigos, e não a nós ou


aos nossos amigos.
Mas o que é justiça?

O Deus para quem eu não gosto: é irritadiço, vingativo. A justiça divina


é aplicada a ferro e fogo, na interpretação fria da letra. O velho
testamento. Meus inimigos serão esmagados...

O Deus para mim ou para meus amigos: queremos um Deus


aconchegante, carinhoso, que nos carregue no colo e nos entenda em
nossos erros. O novo testamento.
Mas o que é justiça?

Na maioria das vezes, aquilo que não apreciamos em alguém é uma


visão apenas nossa, que pode ser uma impressão que nos ficou de
outras experiências com aquela criatura, mas que, se existiu o problema,
e criatura já conseguiu mudar e melhorar-se.
Mas o que é justiça?
Duas visões extremas e errôneas sobre quem comete erros:

Na visão americana: o erro é somente do sujeito – A sociedade é


perfeita, exclui-se a responsabilidade da sociedade no contexto que
levou à tragédia.

Na visão brasileira – a culpa é só da sociedade – Exclui-se a


responsabilidade pessoal da criatura que errou, deixando-se de analisar
aqueles que, apesar de conviverem no mesmo ambiente de quem errou,
são pessoas de bem.
Mas o que é justiça?

A justiça sem amor é como terra sem água. (Emmanuel, Religião dos
Espíritos, Lição 71 – Justiça e amor).

A misericórdia é a justiça aplicada com amor, é a justiça aplicada não


levando em conta apenas o erro, mas todo o contexto que levou o
indivíduo a errar.
Mas o que é justiça?

Existem dois enganos clássicos com relação à justiça:

1 – O erro não poder ser confundido com a pessoa que errou. – A


pessoa que errou não precisa de punição, mas de reeducação, embora,
em alguns momentos esta reeducação passe pela punição
(reencarnações dolorosas = repetência de erros do passado – Haroldo
Dutra), mas a punição não é o foco principal...
Mas o que é justiça?

Existem dois enganos clássicos com relação à justiça:

2 – O julgamento dos atos que pensamos serem passíveis de punição


apenas pelos atos em si, sem nos aprofundarmos em suas causas, sem
levar em conta a história de vida do indivíduo.
O auto perdão

Devemos também exercitar o auto perdão. A falta dele dificulta muito a


reforma íntima de que todos precisamos, pois passamos a nos enxergar
como não merecedores das graças divinas (paz, assistência espiritual,
da felicidade, se sente culpado...). Se sabota e faz tudo para que tudo dê
errado, porque no fundo, ainda não se perdoou.
O auto perdão

Uma das estratégias mais clássicas do processo obsessivo é a de tentar


convencer o indivíduo de que ele realmente não merece estas dádivas.
Quando eles conseguem convencer o indivíduo disso, eles até se
afastam, pois a criatura entra em um processo de auto obsessão que, se
não tratado a tempo, pode levar ao suicídio.
O que não é o perdão?

1 – Não é diminuir ou aprovar o erro – é preciso reconhecer que ou


machucamos e precisamos pedir perdão ou nos sentimos machucados
para que perdoemos. Como perdoar ou pedir perdão se não
reconhecemos isto? Não é esconder este sentimento de remorso ou
mágoa de sí mesmo, apenas para estar bem com a sociedade ou para
com a religião que abraça.
O que não é o perdão?

2 – Não é permitir o erro – O perdão também inclui confronto e


repreensão: quando o indivíduo se confessa tentado tomar uma atitude
que sabe errada e solicita nosso apoio (aborto por exemplo). Confronto
para dizer que não irá apoiar e repreensão na tentativa de demover a
criatura a tomar tal atitude.
O que não é o perdão?

3 – Não é negar o erro – às vezes é necessário que se aponte o erro,


buscando se restabelecer a verdade, mesmo que esta atitude, muitas
vezes, cause algum conflito. Não permitir que a pessoa distorça
verdades absolutas com o intuito de justificar atitudes errôneas que
venha a cometer.
O que não é o perdão?

4 – Não é esperar por um pedido de perdão – O perdão verdadeiro


não impõe condições para que seja levado a efeito. Precisamos perdoar,
muitas vezes, no silencio de nossos corações, sem sequer comunicar ao
outro que o estamos perdoando pois, muitas das vezes, o outro não tem
a consciência de que errou contra nós.
O que não é o perdão?

6 – Não é parar de sentir dor – Alguns fatos ficam marcados na vida da


pessoa por toda uma vida (abuso sexual, por exemplo). E por conta de o
fato ainda provocar dor, a pessoa pensa que não perdoou. Se a
lembrança do fato já não acarreta o sentimento de revide, de vingança,
de destruição e já se consegue, de alguma forma, se manifestar alguma
forma de carinho por aquele que gerou o fato (compreendendo que ele é
também um filho de Deus e que é ele quem precisa de ajuda), então há
o perdão. Negar a dor não é perdoar. Se Jesus promete um consolador,
é porque a dor ainda faz parte da condição humana.
O que não é o perdão?

8 – Não é confiar – Se a pessoa já errou com você ou se você tem


conhecimento de que aquela pessoa errou de alguma forma para com
outrem, não se justifica confiar na pessoa, dando a ela a chance de cair
de novo. Se alguém subtrai de sua casa algo que te pertence e você
perdoa, não significa que você vai novamente deixar seus pertences aos
cuidados daquele errou, dando a ele a chance novamente de errar.
O que não é o perdão?

8 – Não é confiar – Se a pessoa já errou com você ou se você tem


conhecimento de que aquela pessoa errou de alguma forma para com
outrem, não se justifica confiar na pessoa, dando a ela a chance de cair
de novo. Se alguém subtrai de sua casa algo que te pertence e você
perdoa, não significa que você vai novamente deixar seus pertences aos
cuidados daquele errou, dando a ele a chance novamente de errar.

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