Você está na página 1de 67

Ambiente, Segurança, Higiene e

Saúde no Trabalho

Formadora: Ana Camilo


Objetivos

• Identificar os principais problemas ambientais.


• Promover a aplicação de boas práticas para o meio ambiente.
• Explicar os conceitos relacionados com a segurança, higiene e saúde no trabalho.
• Reconhecer a importância da segurança, higiene e saúde no trabalho.
• Identificar as obrigações do empregador e do trabalhador de acordo com a legislação
em vigor.
• Identificar os principais riscos presentes no local de trabalho e na atividade profissional
e aplicar as medidas de prevenção e proteção adequadas.
• Reconhecer a sinalização de segurança e saúde
• Explicar a importância dos equipamentos de proteção coletiva e de proteção individual.
Ambiente
Objetivos específicos
• Definir meio ambiente
• Identificar e caracterizar os principais problemas ambientais da
atualidade
• Definir o conceito de resíduo
• Caracterizar o processo de gestão de resíduos
• Identificar estratégias de atuação e boas práticas para o meio
ambiente
O que é o meio ambiente:

O meio ambiente envolve todas as coisas com


vida e sem vida que existem na Terra e que
afetam os outros ecossistemas existentes e a
vida dos seres humanos.
Composição do meio ambiente
Para as Organização das Nações Unidas (ONU) o meio ambiente
é o conjunto de elementos físicos, químicos, biológicos e sociais
que podem causar efeitos diretos ou indiretos sobre os seres vivos
e as atividades humanas.
Assim, o meio ambiente é composto por:
• Vegetação
• animais
• micro-organismos
• solo
• Rochas
• Atmosfera
• recursos naturais, como a água e o ar e os fenômenos
físicos do clima, como energia, radiação, descarga
elétrica e magnetismo.
O nosso planeta reúne todos os elementos necessários para a
composição da vida e, ao menos por enquanto, ele é o único corpo
celeste presente no universo a apresentar essas características. Dessa
forma, o sistema terrestre equivale justamente a essa combinação
dos elementos naturais do nosso planeta, bem como à maneira com
que eles interagem entre si.
Existem quatro “esferas” que compõem o nosso planeta. Elas não
são esferas propriamente ditas, mas fazem parte da estrutura da
Terra, são elas: atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera.
Atmosfera: é a camada de ar que envolve o nosso planeta. Ela é composta por gases – com destaque para
o oxigênio, o nitrogênio e outros – e também é a camada responsável pela proteção do planeta, bem como
pelas transformações climáticas.
Litosfera: também chamada de crosta terrestre, a litosfera é a camada superficial sólida do nosso
planeta, sendo composta pelas rochas, pelo solo e pelas formas de relevo. É nela que habitamos,
construímos nossas sociedades, cultivamos nossos alimentos e realizamos nossas práticas econômicas.
Hidrosfera: é a camada de água da Terra, sendo composta pelos rios, lagos, oceanos e mares, além da
humidade presente e que também influencia o clima. A existência de água no nosso planeta é de vital
importância para a manutenção da vida.
Biosfera: é a camada da vida, envolvendo todos os seres que habitam o nosso planeta, o que inclui
obviamente os seres humanos. A biosfera só pode existir a partir da combinação das demais esferas acima
mencionadas. Observe a figura a seguir:
Os principais problemas ambientais que
afetam o planeta são:
•Desflorestação
•Mudanças climáticas
•Poluição do ar
•Poluição da água
•Degradação do solo
•Geração de resíduos
Desflorestação
Problema: eliminação total ou parcial da cobertura vegetal ocasionando um desequilíbrio ao
ambiente.

Causas: a atividade humana é a principal causa do desmatamento para, por exemplo,


explorar a madeira e outros produtos da floresta, criar pasto para pecuária e expandir
cidades.

Consequências: a retirada da vegetação de um local facilita a erosão do solo, diminui a


reciclagem de gás carbônico e afeta diretamente o clima, ocasionando mudanças climáticas.
A floresta tropical é uma das mais devastadas do mundo. Segundo dados do Global Forest
Watch (GFW), só em 2018 12 milhões de hectares desse tipo de vegetação foram perdidos.

Possíveis soluções: desenvolvimento sustentável, leis ambientais, cumprimento do código


florestal, aumento da fiscalização para conter a desflorestação ilegal e monitorização da
desflorestação.
Mudanças climáticas

Problema: significativas alterações no clima do planeta Terra por causas naturais ou em


decorrência das ações humanas.

Causas: as mudanças na órbita da Terra e glaciações são exemplos de causas naturais. Já a


queima de combustíveis fósseis, como petróleo e gás natural, é uma das principais fontes de
lançamento de gases nocivos ao ambiente.
O acúmulo de gases na atmosfera intensifica o efeito estufa por reter na superfície o calor
proveniente da radiação solar. O agravamento dessa situação faz com que a temperatura
média da Terra aumente.

Consequências: acidificação dos oceanos, desequilíbrio dos ecossistemas, desastres naturais,


redução de produtividade na agricultura e extinção de espécies.

Possíveis soluções: investimento em energias renováveis, acordos para diminuição da


emissão de gases poluentes, preservação das florestas, entre outros.
Poluição do ar

Problema: elevação dos níveis de substâncias consideradas poluentes e que acarretam um


desequilíbrio ao meio ambiente.

Causas: a poluição do ar é causada principalmente por gases poluentes de fontes naturais, como
atividades vulcânicas, e atividades humanas, como industrialização e queima de combustíveis
fósseis nos veículos.

Consequências: o aumento de gases poluentes no ar compromete a sua qualidade e pode gerar


diversos problemas de saúde, principalmente respiratórios.
Diversos países, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, apresentam a poluição do ar
acima do aceitável. Segundo relatório da entidade, só em 2016 a causa da morte de 4,2 milhões de
pessoas está relacionada com a poluição do ar.

Possíveis soluções: estabelecimento de limites para os níveis de emissão, utilização de transportes


alternativos, monitoramento da qualidade do ar e criação de tecnologias com menor poder de
poluição.
Poluição da água

Problema: alteração da qualidade da água tornando-a prejudicial para o ambiente e imprópria


para consumo, o que afeta diretamente a manutenção da vida no planeta.

Causas: depósito de lixo nos rios e ocenanos, resíduos de atividades agrícolas, domésticas e
industriais lançados na água sem o tratamento adequado.

Consequências: desequilíbrio dos ecossistemas, morte de espécies aquáticas, proliferação de


microrganismos nocivos e surgimento de doenças, eutrofização e efeito acumulativo de metais
pesados nos organismos.

Possíveis soluções: conscientização da população, tratamento de esgoto, leis que delimitem os


parâmetros para descarte dos resíduos, fiscalização e punições severas.
Degradação do solo

Problema: destruição do solo seja por causas naturais ou decorrente das atividades humanas,
inviabilizando a sua capacidade de produzir.

Causas: exploração em excesso sem rotatividade de culturas, contato com poluentes, perda de
nutrientes, salinização, acidificação, diminuição de matéria orgânica.

Consequências: perda de produtividade na agricultura, infertilidade, impactos socioambientais,


entre outros.

Possíveis soluções: rotação de plantio, controle da erosão, reflorestamento e manejo adequado,


com utilização de adubo e planeamento correto da cultura.
Geração de resíduos

Problema: aumento do número de materiais descartados na natureza. Seguindo no ritmo atual,


segundo a ONU, a geração de resíduos urbanos chegará a 4 biliões de toneladas por ano em
2050.

Causas: crescimento populacional, industrialização, aumento do consumo, utilização de materiais


que demoram a se decompor na natureza, descarte indevido pela população e destinação final
inadequada.

Consequências: acumulação de lixo e geração de doenças, desequilíbrio ambiental, poluição


visual, alagamentos pelo entupimento de esgotos, contaminação do solo, da água e do ar.

Possíveis soluções: reduzir a produção de lixo, coleta seletiva para destinação correta, estimular
a reutilização e a reciclagem são ações para diminuir a quantidade de resíduos no ambiente.
Resíduos
O que é um resíduo?
Qualquer substância ou objeto de que o detentor se desfaz ou
tem a intenção ou a obrigação de se desfazer, nomeadamente
os identificados na Lista Europeia de Resíduos.
(definição legal - DL 178/2006)
Tipos de resíduos
Quanto à perigosidade:

a) resíduos perigosos: aqueles que apresentam risco à saúde pública ou


qualidade ambiental em razão de suas características como
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade;

b) resíduos não perigosos: todos os outros tipos de resíduos que não se


enquadram na classificação acima.
Gestão de Resíduos
A produção de resíduos gera impactos na saúde humana e no
ambiente, quer pelos próprios resíduos gerados, que têm que ser
recolhidos, tratados e eliminados, quer pelo desperdício de recursos
associado.

Para evitar e reduzir esse impacto, a política de resíduos foca-se na


sua prevenção e no seu aproveitamento como recurso, dando
continuidade ao ciclo de vida dos materiais e devolvendo materiais e
energia à economia.
A política de resíduos procura ainda assegurar a gestão sustentável dos
resíduos que não podem ser prevenidos, garantindo uma utilização
eficiente dos recursos naturais e promovendo os princípios da
economia circular.

A gestão de resíduos tem por base uma hierarquia que promove em


primeiro lugar a prevenção, seguida da (preparação para) reutilização,
reciclagem, outros tipos de valorização e, por último, a eliminação .
A gestão da recolha, transporte e tratamento de resíduos é
regulamentada ao nível dos resíduos urbanos e dos resíduos não
urbanos, nomeadamente resíduos hospitalares e industriais,
incluindo resíduos perigosos.

Algumas tipologias de resíduos têm uma abordagem


diferenciada, desenhada de forma a otimizar a sua gestão - são os
fluxos específicos de resíduos.
Fluxos Específicos de Resíduos
Os fluxos específicos de resíduos são categorias de resíduos que, pela quantidade
produzida ou pelas suas propriedades, têm uma gestão diferenciada dos restantes
resíduos, desde a sua origem até ao seu destino final.
No contexto da legislação específica e consoante as características do fluxo
específico de resíduos em causa, é aplicado:
•um modelo de gestão técnico-económico baseado no Princípio da Responsabilidade
Alargada do Produtor do bem, operacionalizado através da adoção de sistemas
individuais ou da implementação de sistemas integrados de gestão (eco-valor), ou
•um modelo em que a responsabilidade da gestão assenta no produtor/detentor do
resíduo.
A gestão por fluxos de resíduos semelhantes permite otimizar a utilização de
métodos de tratamento de resíduos e trabalhar oportunidades e desafios
particulares de cada fluxo.

Os seguintes fluxos de resíduos específicos são atualmente regulados em


Portugal:
- Embalagens e resíduos de embalagens;
- Óleos e óleos usados;
- Pneus e pneus usados;
- Equipamentos elétricos e eletrónicos e resíduos de equipamentos elétricos
e eletrónicos;
- Pilhas e acumuladores e resíduos de pilhas e acumuladores;
- Veículos e veículos em fim de vida.
Nos fluxos específicos de resíduos a responsabilidade pela sua gestão
é alargada aos vários intervenientes no seu ciclo de vida,
nomeadamente ao produtor do produto que origina o resíduo.

O regime de responsabilidade alargada ao produtor determina


que o operador económico que coloca o produto no mercado é
responsável pelos impactes ambientais decorrentes do processo
produtivo, da posterior utilização dos respetivos produtos, da
produção de resíduos, bem como da sua gestão quando atingem o
final de vida.
Decreto-Lei n.º 152-D/2017 (Alterado pelo/a Artigo 4.º do/a Decreto-Lei n.º 102-D/2020)

Artigo 5.º
Responsabilidade pela gestão
1 - Nos fluxos específicos geridos segundo o regime da responsabilidade alargada do produtor, é atribuída, total ou
parcialmente, ao produtor do produto, ao embalador e ao fornecedor de embalagens de serviço a responsabilidade
financeira ou financeira e operacional da gestão da fase do ciclo de vida dos produtos quando estes atingem o seu fim
de vida e se tornam resíduos, nos termos definidos no presente decreto-lei.

2 - Os intervenientes no ciclo de vida do produto, desde a sua conceção, fabrico, distribuição, comercialização e
utilização até ao manuseamento dos respetivos resíduos, são corresponsáveis pela sua gestão, devendo contribuir, na
medida da respetiva intervenção e responsabilidade, para o funcionamento dos sistemas de gestão nos termos
definidos no presente decreto-lei.

3 - Os cidadãos devem contribuir ativamente para o bom funcionamento dos sistemas de gestão criados nos termos
do presente decreto-lei, nomeadamente adotando comportamentos de carácter preventivo em matéria de produção de
resíduos, práticas que facilitem a respetiva reutilização e valorização e procedendo ao correto encaminhamento dos
resíduos que detenham, através da sua entrega ou deposição nas redes de recolha seletiva existentes.
Boas Práticas
Segurança, Higiene e Saúde
no Trabalho
Conceitos Básicos de SHST
A segurança e higiene são duas atividades que estão intimamente
relacionadas com o objetivo de garantir condições de trabalho, capazes
de manter um nível de saúde dos trabalhadores.

• Segurança no trabalho

• Conjunto de metodologias adequadas à prevenção de acidentes de trabalho, tendo como principal


campo de ação o reconhecimento e o controlo dos riscos associados aos componentes materiais do
trabalho.
Higiene no trabalho

Conjunto de metodologias não médicas necessárias à prevenção das doenças


profissionais, tendo como principal campo de ação o controlo da exposição aos agentes
físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do trabalho. Esta
abordagem assenta fundamentalmente em técnicas e medidas que incidem sobre o
ambiente de trabalho.
Saúde no Trabalho

Abordagem que integra, além da vigilância médica, o controlo dos elementos físicos, sociais e
mentais que possam afetar a saúde dos trabalhadores, representando uma considerável evolução
face às metodologias tradicionais da medicina do trabalho.
Medicina no trabalho

Especialidade da medicina cujo objetivo é a vigilância e o controlo do estado de saúde dos


trabalhadores.
Ergonomia

É, segundo a definição oficial adotada pela Associação Internacional de Ergonomia em 2000, a


disciplina científica que tem por objetivo as interações entre os homens e os outros elementos de
um sistema e a profissão que aplica a teoria, os princípios, os dados e os métodos na conceção, de
modo a otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral do sistema.
Psicossociologia no trabalho

Ramo da Psicologia Aplicada que estuda o comportamento


humano no trabalho, orientado para a seleção de pessoal,
para a preparação profissional, para a melhoria das
relações humanas e para aceitação das regras de
prevenção de riscos profissionais.
Acidente de trabalho

Acidente de trabalho o sinistro é entendido como


acontecimento súbito e imprevisto, sofrido pelo
trabalhador que se verifique no local e no tempo de
trabalho. A expressão "durante o tempo de trabalho " é
entendida como no "decorrer da atividade profissional ou
durante o período em serviço”.
Doença profissional

A Doença profissional é aquela que resulta diretamente


das condições de trabalho, consta da Lista de Doenças
Profissionais e causa incapacidade para o exercício da
profissão ou morte.
Perigo

Propriedade intrínseca de um componente do trabalho


potencialmente causador de dano para o trabalhador ou
para o ambiente ou local de trabalho ou uma combinação
destes.
Risco profissional

O Risco é a possibilidade de um trabalhador sofrer um


determinado dano provocado pelo trabalho. Combinação
da probabilidade de ocorrência do dano e da sua
gravidade.
Prevenção

Conjunto de políticas e programas públicos, bem como


disposições ou medidas tomadas ou previstas no
licenciamento e em todas as fases de atividade da
empresa, do estabelecimento ou do serviço, que visem
eliminar ou diminuir os riscos profissionais a que estão
potencialmente expostos os trabalhadores.
Proteção

Conjunto de meios e técnicas para controlar os riscos


mediante:

 A adaptação de sistemas de segurança (dispositivos e


resguardos);

 Equipamentos de proteção individual;

 Normas de segurança e sinalização de riscos;

 Disciplina e incentivos.
Avaliação de riscos

A avaliação de riscos constitui a base de uma gestão


eficaz da segurança e da saúde e é fundamental para
reduzir os acidentes de trabalho e as doenças
profissionais. Se for bem realizada, esta avaliação pode
melhorar a segurança e a saúde, bem como, de um modo
geral, o desempenho das empresas.
Controlo de riscos

Na prevenção e no controlo dos riscos, importa ter em conta os seguintes princípios gerais de
prevenção:

 Evitar os riscos;

 Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

 Combater os riscos na origem;

 Conferir às medidas de proteção coletiva prioridade em relação às medidas de proteção


individual (por exemplo, controlar a exposição a vapores através de ventilação do local em vez
de recorrer a máscaras respiratórias);

 Adaptar-se ao progresso técnico e às mudanças na informação;

 Procurar melhorar o nível de proteção.


Enquadramento legislativo nacional da SHST
Obrigações gerais do empregador e do trabalhador

Obrigações gerais do empregador

O empregador deve assegurar ao trabalhador condições de segurança e de saúde em todos os aspetos


do seu trabalho.

O empregador deve zelar, de forma continuada e permanente, pelo exercício da atividade em condições
de segurança e de saúde para o trabalhador, tendo em conta os seguintes princípios gerais de prevenção:
a) Identificação dos riscos previsíveis em todas as atividades da empresa, estabelecimento ou
serviço, na conceção ou construção de instalações, de locais e processos de trabalho, assim como na
seleção de equipamentos, substâncias e produtos, com vista à eliminação dos mesmos ou, quando
esta seja inviável, à redução dos seus efeitos;

b) Integração da avaliação dos riscos para a segurança e a saúde do trabalhador no conjunto das
atividades da empresa, estabelecimento ou serviço, devendo adotar as medidas adequadas de
proteção;

c) Combate aos riscos na origem, por forma a eliminar ou reduzir a exposição e aumentar os níveis
de proteção;

d) Assegurar, nos locais de trabalho, que as exposições aos agentes químicos, físicos e biológicos e
aos fatores de risco psicossociais não constituem risco para a segurança e saúde do trabalhador;
e) Adaptação do trabalho ao homem, especialmente no que se refere à conceção dos postos de
trabalho, à escolha de equipamentos de trabalho e aos métodos de trabalho e produção, com vista
a, nomeadamente, atenuar o trabalho monótono e o trabalho repetitivo e reduzir os riscos
psicossociais;

f) Adaptação ao estado de evolução da técnica, bem como a novas formas de organização do


trabalho;

g) Substituição do que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

h) Priorização das medidas de proteção coletiva em relação às medidas de proteção individual;

i) Elaboração e divulgação de instruções compreensíveis e adequadas à atividade desenvolvida pelo


trabalhador.
Sem prejuízo das demais obrigações do empregador, as medidas de prevenção implementadas
devem ser antecedidas e corresponder ao resultado das avaliações dos riscos associados às várias
fases do processo produtivo, incluindo as atividades preparatórias, de manutenção e reparação,
de modo a obter como resultado níveis eficazes de proteção da segurança e saúde do trabalhador.

Sempre que confiadas tarefas a um trabalhador, devem ser considerados os seus conhecimentos e
as suas aptidões em matéria de segurança e de saúde no trabalho, cabendo ao empregador
fornecer as informações e a formação necessárias ao desenvolvimento da atividade em condições
de segurança e de saúde.
Sempre que seja necessário aceder a zonas de risco elevado, o empregador deve permitir o
acesso apenas ao trabalhador com aptidão e formação adequadas, pelo tempo mínimo
necessário.

O empregador deve adotar medidas e dar instruções que permitam ao trabalhador, em caso de
perigo grave e iminente que não possa ser tecnicamente evitado, suspender a sua atividade ou
afastar -se imediatamente do local de trabalho, sem que possa retomar a atividade enquanto
persistir esse perigo, salvo em casos excecionais e desde que assegurada a proteção adequada.

O empregador deve ter em conta, na organização dos meios de prevenção, não só o


trabalhador como também terceiros suscetíveis de serem abrangidos pelos riscos da realização
dos trabalhos, quer nas instalações quer no exterior.
O empregador deve assegurar a vigilância da saúde do trabalhador em função dos riscos a que estiver
potencialmente exposto no local de trabalho.

O empregador deve estabelecer em matéria de primeiros socorros, de combate a incêndios e de


evacuação as medidas que devem ser adotadas e a identificação dos trabalhadores responsáveis pela
sua aplicação, bem como assegurar os contactos necessários com as entidades externas competentes
para realizar aquelas operações e as de emergência médica.

Na aplicação das medidas de prevenção, o empregador deve organizar os serviços adequados,


internos ou externos à empresa, estabelecimento ou serviço, mobilizando os meios necessários,
nomeadamente nos domínios das atividades técnicas de prevenção, da formação e da informação,
bem como o equipamento de proteção que se torne necessário utilizar.
As prescrições legais ou convencionais de segurança e de saúde no trabalho estabelecidas
para serem aplicadas na empresa, estabelecimento ou serviço devem ser observadas pelo
próprio empregador.

O empregador suporta os encargos com a organização e o funcionamento do serviço de


segurança e de saúde no trabalho e demais medidas de prevenção, incluindo exames,
avaliações de exposições, testes e outras ações dos riscos profissionais e vigilância da saúde,
sem impor aos trabalhadores quaisquer encargos financeiros.
Obrigações do trabalhador

Constituem obrigações do trabalhador:

a) Cumprir as prescrições de segurança e de saúde no trabalho estabelecidas nas


disposições legais e em instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho, bem como
as instruções determinadas com esse fim pelo empregador;

b) Zelar pela sua segurança e pela sua saúde, bem como pela segurança e pela saúde das
outras pessoas que possam ser afetadas pelas suas ações ou omissões no trabalho,
sobretudo quando exerça funções de chefia ou coordenação, em relação aos serviços sob o
seu enquadramento hierárquico e técnico;
c) Utilizar corretamente e de acordo com as instruções transmitidas pelo empregador,
máquinas, aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e outros equipamentos e
meios postos à sua disposição, designadamente os equipamentos de proteção coletiva e
individual, bem como cumprir os procedimentos de trabalho estabelecidos;

d) Cooperar ativamente na empresa, no estabelecimento ou no serviço para a melhoria


do sistema de segurança e de saúde no trabalho, tomando conhecimento da
informação prestada pelo empregador e comparecendo às consultas e aos exames
determinados pelo médico do trabalho;

e) Comunicar imediatamente ao superior hierárquico ou, não sendo possível, ao


trabalhador designado para o desempenho de funções específicas nos domínios da
segurança e saúde no local de trabalho as avarias e deficiências por si detetadas que se
lhe afigurem suscetíveis de originarem perigo grave e iminente, assim como qualquer
defeito verificado nos sistemas de proteção;
f) Em caso de perigo grave e iminente, adotar as medidas e instruções previamente
estabelecidas para tal situação, sem prejuízo do dever de contactar, logo que
possível, com o superior hierárquico ou com os trabalhadores que desempenham
funções específicas nos domínios da segurança e saúde no local de trabalho.
Acidentes de trabalho

Conceito de acidente de trabalho

É acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no tempo de trabalho e produza direta ou
indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de
trabalho ou de ganho ou a morte.

Um acidente de trabalho não é um acontecimento fortuito, cuja responsabilidade se possa imputar a um


acaso, a uma “fatalidade”. Um acidente de trabalho tem sempre origem em uma ou mais causas.
Devemos no entanto distinguir entre:

 Incidente - Acontecimento não intencional que em circunstâncias ligeiramente diferentes


poderia provocar danos corporais, danos materiais ou perdas de produção.

 Acidente - Acontecimento não intencional que provoca danos corporais, danos materiais ou
perdas de produção.

Sempre que um dano corporal necessitar de cuidados médicos ou de enfermagem é um acidente,


mesmo que o acidentado, por razões diversas, não tenha procurado esses cuidados.
Causas dos acidentes de trabalho

As causas dos acidentes de trabalho devem ser investigadas. Elas devem ser corretamente
identificadas e prontamente eliminadas ou minimizadas de forma a evitar a ocorrência de novos
acidentes de trabalho.

Fator humano
A causa pessoal está relacionada com o conjunto de conhecimentos e habilidades que cada um possui
para desempenhar uma tarefa num dado momento.

Existem diversas características no indivíduo que o tornam mais ou menos propenso para o acidente:

 Sexo;
 Idade;
 Características genéticas;
 Maior ou menor aptidão para o trabalho que realiza;
 Ignorância dos riscos, dos perigos inerentes ao trabalho;
 Determinados tipos de personalidade e de inteligência;
 Demasiada segurança em si próprio;
 Estado de saúde;
 Maior ou menor experiência;
 Maior ou menor tendência para a fadiga;
 Falta de proteção individual eficaz – acha que não é necessário;
 Maior ou menor motivação para o trabalho;
 Outros.
Fator material

A causa mecânica diz respeito às falhas materiais existentes no ambiente de trabalho, como por
exemplo:

 Materiais defeituosos
 Equipamentos em más condições
 Ambiente físicos ou químico não adequado
 Localização imprópria das máquinas
 Roupa e calçado não apropriados
 Instalações elétricas impróprias ou com defeito
Fator organizacional

Os fatores organizacionais relacionam-se com a estrutura e organização do trabalho da


própria entidade, como sendo por exemplo:

 Conflito de metas (pressões que possam ser exercidas para atingir uma determinada
meta, sem considerar os potenciais conflitos)
 Má distribuição de horários e tarefas.
Fator ambiental

As causas dos acidentes de trabalho podem existir no ambiente de trabalho, entendendo-se por
ambiente de trabalho um todo que rodeia o trabalhador e no qual se integram, também, as
características individuais do próprio trabalhador.

Exemplos:

 Ambientes de trabalho pouco saudáveis


 Iluminação pouco adequada
 Elevado nível de ruído
 Ventilação não adequada
 Stress térmico.
Consequências dos acidentes de trabalho

As consequências podem ser categorizadas em:

 Simples assistência médica - o segurado recebe atendimento médico e retorna imediatamente às suas
atividades profissionais;
 Incapacidade temporária - o segurado fica afastado do trabalho por um período, até que esteja apto para
retomar sua atividade profissional. Para a Segurança Social é importante participar esse período seja
inferior a 15 dias ou superior, uma vez que, no segundo caso, é gerado um benefício pecuniário, o auxílio-
doença por acidente do trabalho;
 Incapacidade permanente - o segurado fica incapacitado de exercer a atividade profissional que exercia à
época do acidente. Essa incapacidade permanente pode ser total ou parcial. No primeiro caso o segurado
fica impossibilitado de exercer qualquer tipo de trabalho e passa a receber uma aposentadoria por
invalidez. No segundo caso o segurado recebe uma indemnização pela incapacidade sofrida (auxílio-
acidente), mas é considerado apto para o desenvolvimento de outra atividade profissional;
 Morte - o segurado falece em consequência do acidente de trabalho.
A atribuição de indemnizações ou pensões de invalidez, além de diferenciada, é, em alguns casos, incompleta.
A situação é ainda mais crítica para as ocorrências de lesões múltiplas e para os acidentados com lesões pré-
existentes.

Danos humanos e materiais com custos para as empresas:

 Custos diretos: custos de seguros e respetivos agravamentos, vencimento e subsídios referentes ao dia do
acidente, diferença de vencimentos.
 Custos indiretos: danos materiais e patrimoniais, diminuição da produtividade, indemnização a clientes por
não cumprimento de prazos, imagem da empresa, substituição do sinistrado, formação do trabalhador
substituto, tempos de paragem de outros trabalhadores, tempos de deslocação de terceiros a
estabelecimentos hospitalares, tempos de investigação dos acidentes pela hierarquia e outros, mau
ambiente de trabalho.
Custos diretos e indiretos dos acidentes de trabalho

A nível internacional

Todos os anos na União Europeia cerca de 5 milhões de pessoas são vítimas de acidentes de
trabalho que ocasionam ausências superiores a 3 dias, num total de aproximadamente 146
milhões de dias de trabalho perdidos:

 Ocorre 1 acidente de trabalho em cada 5 segundos, na EU;


 Morre 1 trabalhador a cada 2 horas, vítima de acidente de trabalho, na EU;
 Dois terços das 30 000 substâncias químicas mais utilizadas na EU, não foram submetidas a
testes toxicológicos completos e sistemáticos;
 Um quinto dos trabalhadores da UE - 32 milhões de pessoas – estão expostos a agentes
cancerígenos;

Você também pode gostar