Este documento descreve uma escultura grega representando Afrodite emergindo das águas, datada do século IV a.C. e atribuída a Praxíteles. A escultura apresenta sinais de oxidação e fracturas onde faltam partes do corpo. Marcas na superfície indicam ter servido de modelo para outras cópias. Apesar das mutilações, a obra segue os cânones praxitelianos na representação da nudez e do movimento corporal.
Este documento descreve uma escultura grega representando Afrodite emergindo das águas, datada do século IV a.C. e atribuída a Praxíteles. A escultura apresenta sinais de oxidação e fracturas onde faltam partes do corpo. Marcas na superfície indicam ter servido de modelo para outras cópias. Apesar das mutilações, a obra segue os cânones praxitelianos na representação da nudez e do movimento corporal.
Este documento descreve uma escultura grega representando Afrodite emergindo das águas, datada do século IV a.C. e atribuída a Praxíteles. A escultura apresenta sinais de oxidação e fracturas onde faltam partes do corpo. Marcas na superfície indicam ter servido de modelo para outras cópias. Apesar das mutilações, a obra segue os cânones praxitelianos na representação da nudez e do movimento corporal.
Apresentao Escultura grega em mrmore em acentuado estado de metamorfismo e intensamente cristalizado, de tonalidade leitosa uniforme e superfcie vitrificada, sem veios, apresentando algumas manchas de tonalidade creme particularmente evidentes na base, devidas intruso de minerais algenos em estado de oxidao. ma anlise !umica rigorosa poder permitir concluir !ue a oxidao dos minerais algenos se iniciou em perodo muito posteror realizao da escultura, devido sua directa exposio ao oxig"nio atmosf#rico ou da gua pluvial. $al significaria !ue, durante um extenso perodo posterior execuo do trabalho escultrico, as manchas no se apresentariam visveis. % escultura apresenta pelo menos duas linhas verticais de pontos, em forma de cortes verticais com altura variando entre & e '& mm e cerca de &mm de profundidade, realizados a cinzel ou escopo, traando duas linhas de prumo, uma ()magem &* !ue se desenvolve do eixo da base do pescoo, passando em tangente externa +unto do +oelho direito e caindo sobre a base a cerca de ,- mm do p# direito ()magem '-*, outra no brao es!uerdo ()magem '.*, alinhando sensivelmente com a base do parterre. /utros pontos de marcao topogrfica distribuem0se por vrias reas da escultura. 1o mesmo modo, este pontos apresentam vestgios de oxidao de minerais algenos, por exposio a humidades intrusas aps a sua abertura. 1a presena destes pontos s pode deduzir0se !ue a escultura serviu em oficina de modelo para cpia e anlise do c2none, nomeadamente das declina3es e tor3es necessrias sugesto do movimento e do e!uilbrio ergonmico da massa. 4oderamos tamb#m calcular !ue o ponto traado na coxa direita, imediatamente posterior prega da zona p5bica, determina o eixo de gravitao da massa ()magem &*. % escultura representa %frodite acabando de romper do ambiente do seu mtico nascimento, o mar, (%nadimene*, acolitada por um golfinho, com o torso e a cauda erectos e apoiado sobre a cabea, em cu+a boca prende um pe!ueno peixe da esp#cie do robalo. 6obre a cauda do golfinho, omitindo0a ao observador, +az o manto da deusa !ue descai ao longo da ilharga es!uerda do animal, entre este e a perna direita da!uela, em sbrios drapeados. 7 escultura faltam, por fractura, a cabea da deusa e os seus dois braos, o direito a partir do ombro, o es!uerdo a partir do meio do bceps. %o golfinho falta o maxilar superior. %presenta '&8- mm de altura e &9- mm de largura mxima no parterre. % deusa # representada de p#, apoiada sobre o p# direito, com a perna es!uerda flectida, como se preparasse um passo de avano, libertando o p# es!uerdo da carga da massa corporal. $oda essa massa # descarregada ento contra o golfinho, sem !ue por isso se+a perceptvel a aus"ncia de autonomia ergonmica de cada um dos dois componentes. % escultura apresenta claramente visveis as escrfulas advenientes das fracturas nas zonas em !ue os elementos em falta se ligavam massa corporal, na ilharga es!uerda ()magens 8 e '9*. /bedece a todos os re!uisitos cannicos da melhor obra praxiteliana. 4raxteles o :ovem celebrizou0se, para al#m de outras rupturas no !uadro da escultura grega clssica, pelo arro+o da representao da nudez integral feminina, nomeadamente das suas representa3es de %frodite. ;as se as mais consagradas representa3es praxitelianas do nu feminino, a consagrada %frodite de <nido (1oc =*, ou a pol#mica %frodite de %rles, indiciam ainda sugestivas inibi3es p5dicas, evidentes no movimento de retraco antero0posterior, neste caso, por!ue o tpico rompante da emerso das guas marinhas o suscita, a nudez apresenta0se desinibida e triunfante. 4ara o fazer ressaltar, o golfinho parece emergir tamb#m para lhe oferecer o manto com !ue, no ambiente terrestre em !ue ir conviver com os humanos, deve recatar a nudez. >uer no e!uilbrio ergon?mico da postura e na serenidade da sugesto do movimento, !uer na sensualidade !uase idealizada !ue exala, expressa na harmonia da volumetria e na suavidade da transio para os diversos planos volum#tricos, sem uma s !uebra abrupta, esta obra, mau grado as suas mutila3es, s apresenta paralelo no @ermes com 1ionsio de /lmpia. % escultura integrou a coleco do ;ar!u"s da Aoz, onde, de acordo com a documentao at# agora reunida, deve ter sido recolhida ainda no 6#culo B)B. 1ela existe uma r#plica no ;useu das $ermas, em Coma, (1oc '*, cu+a proced"ncia tem estado envolvida em sucessivas e pol#micas contradi3es, sendo consensualmente admitido !ue procede de <irene, na $unsia, exumada por uma e!uipe de ar!uelogos em contexto mal identificado em 'D'' e recolhida para Coma pelo ex#rcito italiano em 'D'=. Excluindo algumas irrelevantes diverg"ncias no drapeado do v#u, no exemplar do museu italiano mais rebuscado e sem apresentar a sobriedade dos drapeados praxitelianos, e no recorte do parterre, as duas esculturas apresentam similaridade absoluta, mesmo na apresentao das superfcies das fracturas dos componentes em falta, embora o exemplar do ;ar!u"s da Aoz apresente uma patine mais acentuada. / exemplar do museu italiano apresenta ainda fracturas restauradas nos tornozelos, nos drapeados e nas liga3es entre a massa da deusa e a do golfinho. / problema da identificao dos originais praxitelianos e dos contextos de confeco das dezenas de r#plicas a !ue deram origem, desde o 6#culo ))) %< at# ao 6#culo ) 1<, constitui ho+e um dos mais complexos e pol#micos temas da @istria da %rte <lssica. 6o particularmente notveis as pol#micas em torno das %frodites de <nido, de %rles e de ;ilo. Especialmente interessante, para o caso presente, # o da pol#mica !ue se desencadeou aps uma ar!ueloga americana descobrir, em 'D,-, nos depsitos do ;useu do Eouvre, uma cabea feminina (1oc &* !ue logo foi atribuda ao original da %frodite de <nido, por similaridade com a cabea de uma das reprodu3es guardadas no ;useu do Faticano (1oc =*. :untamente com a cabea a ar!ueloga americana recolheu, nos mesmos depsitos, fragmentos de um brao. ;as a mais afamada reproduo da %frodite de <nido, tamb#m no Faticano, apresenta uma cabea similar da %frodite de ;ilo. Go seria todavia surpreendente !ue uma anlise da superfcie de fractura da cabea do Eouvre nos conduzisse concluso de !ue pertenceu a esta escultura. % bem dizer, a prpria postura, brevemente reclinada para a direita e para a rectaguarda, se apresenta a propsito, en!uanto !ue a cabea da %fodite de <nido deveria pender brevemente para a frente, acompanhando a retraco do corpo no sentido antero0posterior. 1e !ual!uer forma, a composio da cabea desta escultura no se afastaria muito do modelo da exumada dos depsitos do Eouvre, originando depois sucessivas r#plicas. H indiscutvel !ue o cabelo se apresentava recolhido e enrolado na nuca, pois no subsiste !ual!uer indcio de !ueda ao longo do pescoo, das costas ou dos ombros. Guma primeira apreciao, su+eita ainda a resultados de estudo de confrontao aprofundado, poderamos propor !ue entre esta escultura e o exemplar do ;useu das $ermas, a !ue nos parece ter servido de modelo # esta, ponderando mesmo as marca3es topogrficas !ue apresenta e !ue serviram para, em oficina, dimensionar as reprodu3es. % antiguidade todavia desta escultura e a sua proced"ncia Itica esto bem evidentes !uer na sua patine, !uer no material de suporte, um mrmore leitoso de intenso brilho, de elevada dureza e intensa cristalizao mas macio ao tacto, a!uele mrmore !ue 4raxteles consagrou na sua obra, apto a sugerir a !uase translucidez das carna3es e das suas texturas, num +ogo de luz inebriante. H o mrmore em !ue se encontra esculpido o @ermes de /lmpia (1oc .*, o mais incontestvel original de 4raxteles, em cu+o peito, em linha vertical traada no eixo da massa, podemos observar as mesmas incis3es de marcao topogrfica !ue identificamos nesta %frodite (1oc 9*. / estudo aprofundado desta escultura, em confrontao com o exemplar do ;useu das $ermas e com a obra praxiteliana em geral, bem como a reunio da documentao !ue estabelece a sua posse desde os fins do 6#culo B)B e a sua anlise crtica, sero em breve apresentados. Eisboa, -D de 6etembro de =--J. ;anuel de <astro Gunes F#nus de <irene