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M1

Ideias & Imagens Módulo 1 – Arte Grega


Ana Lídia Pinto | Fernanda Meireles
Manuela Cernadas Cambotas
M1
É desnecessário acentuar que a escultura grega conhece fases, cada
uma com as suas características próprias. […] O esforço pelo inteligível, na
fase arcaica; o sentido da superação da matéria, na clássica; o poder de
observação, gosto pelo concreto, pelo individual, pelo singular, na
helenística. […]
[Contudo] a escultura grega não apresenta, como noutros povos,
espécimes primitivos; quando nasce, é já uma arte. Rhys Carpenter explica o
facto supondo um período de aprendizado com os Egípcios, cuja técnica já
constituída os Helénicos receberam.
Maria Helena da Rocha Pereira, Estudos de História da Cultura Clássica, vol. I – Os Gregos

FASES Arcaica Clássica Helenística


ANOS 700 600 300
500 400
200

SÉCS. VIII VII VI V IV


III
M1 Época arcaica
M1 A época arcaica

Na estatuária, a época
arcaica legou-nos dois
tipos:
1. O kouros, o rapaz nu
(plural kouroi)

Totalmente despido Cabelos


encaracolados
Corpo direito, geometricamente
simétrico
Olhos amendoados
Musculatura ainda
sintetizada Meio sorriso

Braços ao longo do Perna esquerda


corpo ligeiramente avançada

Kouros de Anavyssos, 530-520 a. C.,


mármore, 190 cm de altura
M1 A época arcaica

A nudez da figura dos efebos [os kouroi] […] é característica da


atitude religiosa dos Gregos: o Oriente nunca ousou representar o
nu, nem nos deuses, nem nos ofertantes, nem tão-pouco conheceu
as figuras isoladas, sem apoio, realizadas em mármore ou bronze.

Werner Füchs, Arte Grega,


em Ursula Hatje (dir. de), Historia de los Estilos Artísticos, Libro de Bolsillo Istmo, Madrid, 1971
M1 A época arcaica

Na estatuária, a época
arcaica legou-nos dois
tipos:
2. A koré, a rapariga Braço esquerdo ao
(plural korai) longo do corpo

Totalmente vestida e Braço direito


pintada empunhando um
objeto
Posição ereta, quase (talvez uma oferta para os
simétrica deuses)

Cabelos longos Perna esquerda


de tranças e caracóis ligeiramente avançada
geometrizados
Túnica e manto com
Olhos amendoados pregueados
geometrizados
Meio sorriso
Koré da Acrópole, Jónia, finais
do século VI a. C.,
mármore com vestígios de
policromia, 182 cm de altura
M1 A evolução dos kouroi

1. Apolo, de Mantiklos, 2. Kouros ático, 3. Kouros Volamandra, 4. Kouros de Munique,


Beócia, bronze, c. 690 a. C. mármore, c. 600 a. C., Ática, mármore, c. 560 a. C., Ática, mármore, c. 540-530
190 cm de altura 179 cm de altura a. C., 211 cm de altura
M1 A evolução das korai

1. Dama de Auxerre, executada 2. Hera de Samos (também 3. Koré do Peplo, Jónia (?),
em Creta, calcário, meados do século conhecida por Koré de Samos), c. 530 a. C., mármore com
VII a. C., c. 75 cm alt. (na Jónia, c. 570-560 a. C., mármore, restos de policromia, 120 cm
sobreposição, vemos uma recriação 192 cm de altura de altura
policromada tal como o original no seu
tempo)
M1 Porque sorriem as korai?

O escultor de uma koré arcaica não tem por


objetivo criar uma forma humana que revele
um carácter ou um estado psicológico,
passageiro ou não.
A interioridade não é o que ele quer exprimir.
O que ele deseja é fazer com que o objeto
por ele criado […] tenha um aspeto exterior
o mais agradável possível de contemplar.
Ele não procura esculpir uma jovem feliz
mas fazer felizes aqueles e aquelas, deuses
ou mortais, que olham a rapariga de
mármore que o seu cinzel criou.
Alain Pasquier
(historiador de arte, especialista em escultura grega no Louvre)
Rosto sorridente da Koré do Peplo
M1 Época clássica (c.480 - c. 300 a. C.)
M1 No início, o “estilo severo” (c. 500/480 a c. 460/450)

Krítios […] rompeu com a centenária


Correção
estabilidade da fórmula dos kouroi anatómicao
deslocando
peso do corpo para a perna esquerda, deixando
Rosto sério e sereno
a perna direita, com o joelho ligeiramente
dobrado, livre para equilibrar ou impulsionar. O
Postura menos rígida,
deslocamento do peso para a esquerda ergue o
mais natural
quadril esquerdo e provoca uma leve assimetria
no torso. A cabeça volta-se para
Pesoadodireita,
corpo assente
rompendo completamente com na a rígida
perna esquerda
frontalidade dos kouroi. O efeito desses recursos
Perna direita
técnicos é criar uma figura que parece livree
hesitar
estar incerta sobre o que fazer e para onde ir.
Tronco a rodar
Ele parece consciente do seu ambiente e estar
ligeiramente para a
diante de alternativas que exigem julgamento
direita e
decisões. Em suma, ele parece viver e pensar.
Jerome Pollitt, Art and Experience in Classical
Ancas a rodarGreece,
Cambridge University Press,
ligeiramente para 1972
a
esquerda
Krítios, Efebo, c. 480 a. C.,
mármore, 86 cm de altura
M1 No início, o “estilo severo” (c. 500/480 a c. 460/450)

Autor desconhecido,
Auriga de Delfos, c. 474 a. C.,
bronze, 180 cm de altura
M1 No início, o “estilo severo” (c. 500/480 a c. 460/450)

Autor desconhecido, Posídon


(ou Zeus?), bronze, c. 200 cm
de altura, c. 460 a. C.
M1 No início, o “estilo severo” (c. 500/480 a c. 460/450)

Posição em
desequilíbrio,
contorcionada, em
rotação sobre si
mesmo

Rosto sereno, sem


esforço

Pernas fletidas, em
rotação
para a esquerda

Musculatura em Tronco inclinado, em


esforço, tensa rotação para a direita

Míron, Discóbolo, c. 460-450 a. C., cópia romana em


mármore do original grego em bronze. Representa um
lançador de disco no instante exato de o lançar ao ar.
M1

Que se seguirá à grandeza do período severo?

O que se segue é a escultura da época de


Péricles, o período de apogeu da civilização e
da arte gregas que os historiadores apelidaram
de Alto Classicismo.

Ora, dominando já a anatomia humana e tendo


já atingido o controlo técnico dos materiais (quer
do mármore quer do bronze), que novos
caminhos se abrirão então ao génio único
dos escultores gregos?

É o que irá descobrir nas próximas aulas.

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