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E
PODER LOCAL
ALFREDO SIRKIS
EQUIPE DE APOIO
PATRÍCIA KRANZ
OLGA MARTINS WEHB SYRKIS
SÉRGIO SÁ LEITÃO
LUCIANA RAMOS MARTHA
MONICA RAMOS MARTHA
SUMÁRIO
PREFÁCIO
CAPÍTULO II TRANSPORTES
CAPÍTULO III AR
CAPÍTULO IV ÁGUAS
CAPÍTULO V LIXO
ANEXO IV GLOSSÁRIO
PREFÁCIO
David Engwicht
CAPÍTULO I
EM BUSCA DA FELICIDADE
A resposta ecológica aos problemas das cidades não está em escapar delas,
mas em“esverdeálas”, encarandoas como ecossistemas doentes, que precisam
ser reequilibrados. Para tanto, é necessário estabelecer uma relação de respeito
entre o espaço construído e seu berço natural, desenvolver a urbanização ou a
reurbanização de modo a eliminar conflitos com a natureza e fazer da cidade um
espaço democrático, ecumênico, plural, de rica diversidade humana, onde
possam se realizar ao máximo os anseios e os sonhos de seus habitantes e um
desenvolvimento sustentável que traga benefícios para todos.
Para a urbanista norteamericana Jane Jacobs (3), em The Death and Life of
Great American Cities, as calçadas são o palco de um indispensável contato
“casual”, superficial, utilitário ou fortuito, onde cruzamos e interagimos com
pessoas que não conhecemos, mas com as quais compomos uma rede de
interações humanas, úteis e saudáveis, que caracteriza o espaço público.
O papel da rua, de uma calçada movimentada, tornase mais claro se
observamos seu oposto, a “nãorua”. Ela pode ser uma avenida para automóveis,
entre condomínios distantes, ou as avenidas de Brasília. Um vazio onde poucos
se aventuram a pé, onde não chega a ocorrer interação urbana. Nos
condomínios, atrás de grades e portões vigiados, as mesmas pessoas, da
mesma classe social, convivem entre si, e uma nova geração se forma sem
qualquer contato com a diversidade.
Por outro lado, podemos imaginar também ruas de uma tipologia mais
tradicional, com edifícios baixos e diversidade de usos, mas que são vítimas do
tráfego pesado, cada vez mais perigoso, engarrafado e poluente em certos
horários, rápido e perigoso em outros. Não contentes em estreitar ao máximo as
calçadas, os automóveis passam a ocupálas, expulsando os pedestres para a
pista de rolamento.
O comércio lojista entra em decadência e vai morrendo, pouco a pouco, em
função da calçada inóspita, ou pelo poder de atração de um shopping vizinho.
Os moradores já não convivem mais no espaço da rua. Entram e saem
apressados das suas residências desvalorizadas. Sonham em sair dali. Crianças
na rua, terceira idade, nem pensar, para eles a cidade ali se transformou num
ambiente inseguro, hostil.
Tudo muito poluído, barulhento, sem espaço e inseguro. A calçada vazia
passa a ser dominada sem maior disputa por flanelinhas, pedintes e, mais tarde,
meliantes ameaçadores, violentos. Um assalto, um estupro, ninguém sabe,
ninguém viu, e a rua afunda na sua decadência.
A RESPOSTA DO ECOURBANISMO
CIDADE E PERIFERIA
AGIR E TRANSFORMAR
CAPÍTULO II
TRANSPORTES
ALÉM DA POLUIÇÃO
OS “SEMCARRO”
A primeira coisa a fazer é proclamar em alto e bom som que o rei está nu.
Isto significa deixar claro que o uso do automóvel como um meio de transporte
diário se tornará a cada ano mais caro e desgastante; levar a população a
refletir sobre isso e não lhe passar a impressão de que um novo viaduto ou uma
nova via expressa vão solucionar definitivamente o problema; mostrar que a
corrida entre o aumento da frota e a ampliação da infraestrutura viária dentro
dos limites de financiamento, físicos e ambientais brasileiros, está perdida de
antemão.
É preciso sobretudo implementar com rigor as leis de trânsito e levar o
motorista a perceber que o carro não é um meio de transporte para o diaadia,
para o percurso casatrabalho, mas um meio de deslocamento para distâncias
maiores, fora dos dias e horários considerados “úteis”, como os finais de
semana, por exemplo.
O automóvel, o ônibus e o caminhão não deixarão sua liderança na
preferência prática da população de uma hora para a outra. A proposta de um
transporte sustentável não é promover uma ruptura radical nem imediata com o
existente mas um gradual reordenamento, procurando:
O “transporte solidário”
O poder local está em boa posição para estimular esse leque de ônus e de
bônus, favorecendo a chamada “carona” organizada e onerando o motorista
solitário nas horas de pique.
Não se alimenta aqui a utopia de uma cidade sem automóveis. É certo que o
transporte individual vai continuar desempenhando papel importante, com
seus benefícios e malefícios, pelo menos nos próximos vinte a trinta anos. Mas
cabe a uma prefeitura preocupada em harmonizar sua cidade acompanhar o
movimento feito em todo o mundo para mudar o atual modelo de transporte,
que é insustentável.
Essa preocupação não diz respeito apenas às grandes cidades engarrafadas
e poluídas. É justamente nas pequenas cidades que podem ser implementadas,
com mais facilidade e resultados mais rápidos, soluções integradas e
alternativas de transporte com o objetivo de restringir o uso do carro às viagens
ou deslocamentos de maior distância.
RACIONALIZAR OS ÔNIBUS
ÔNIBUS SUSTENTÁVEIS?
Boa conservação
Conservar a malha cicloviária e sua infraestrutura de apoio é indispensável.
As ciclovias devem dispor de contratos de conservação específicos, pois são um
tipo de infraestrutura viária muito mais delicada do que as pistas de rolamento.
Um olho atento ao desempenho da drenagem da pista, depois de cada
chuva, é um cuidado fundamental, já que a água pluvial é o principal agente de
degradação de uma ciclovia.
Manter a pista sem buracos – em geral convém mais usar o concreto do que
o asfalto, mais abrasivo –, limpa e com a sinalização bem conservada é muito
importante.
Os grandes predadores da infraestrutura cicloviária são o roubo, o
vandalismo e o mau uso.
Segurança cicloviária
Infraestrutura de apoio
Bicicletários organizados e seguros são uma infraestrutura de apoio que às
vezes pode até preceder a construção de ciclovias e demarcação de ciclofaixas.
Uma das causas do não uso da bicicleta é não ter onde deixála. Estações de
trem ou metrô, terminais de ônibus ou barcas, shoppings, clubes, cinemas,
parques, praias, praças são áreas que precisam ser dotadas de bicicletários.
Nos maiores locais, previstos para um grande número de bicicletas, a figura
do guardador é importante e pode ser objeto de um projeto de geração de
renda, beneficiando menores carentes.
Outras infraestruturas de apoio importantes, essas mais do feitio da
iniciativa privada, que podem ser exploradas mediante concessão, são
bicicletários com vestiários públicos e bikecenters oferecendo acessórios ou
pequenos reparos. Há todo um ramo de negócios a ser explorado e cujo
desenvolvimento evidentemente consolida a malha e a cultura cicloviárias.
A continuidade
NOTAS
(1) BERMAN, Marshall,1986.
(2) ENGWiCHT, David, 1992.
(3) TOLLEY, Rodney, 1989.
(4) HARDOY, Jorge; MITLIN, Diana e SATTERTHWAITE, 1992.
(5) CROW – Centre for Research and Contract Standardization in Civil and Traffic Engineering,1993.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVA, Eduardo Neira. Metrópoles (in) sustentáveis. Ed. Relume Dumará. Rio de Janeiro, 1997.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. Publicado originalmente por Simon
and Schuster, 1982. Ed. Schwarcz Ltda. Companhia das Letras. São Paulo, 1986.
CROW – Centre for Research and Standardization in Civil and Traffic Engineering. Sign up for the Bike: design manual for
a cyclefriendly infrastructure. Países baixos, Setembro de 1994.
ENGWICHT, David. Towards in Ecocity. Calming the traffic. Envirobook. Sidney, 1992.
GOVERNO DE ESTADO DE SÃO PAULO. Por um Transporte Sustentável. Documento de discussão Pública. Secretaria do
Meio Ambiente de São Paulo. São Paulo, 1997.
HARDOY, Jorge E.; MITLIN, Diana e SATTERTHWAITE, David. Environmental Problems in Third World Cities. Earthscan
Publications Ltd, Londres, 1992.
SPIRN, Anne Whiston. The Granite Garden: Urban Nature and Human Design. Basic Books, copyright. Impresso nos Estados Unidos, 1984.
CAPÍTULO III
AR
O ozônio (O3)
AS FONTES DE POLUIÇÃO
Fontes fixas
Fontes móveis
GÁS NATURAL
A disponibilidade
O preço
ÁLCOOL E BIODIESEL
VEÍCULOS ELÉTRICOS
No entanto, os cenários mais favoráveis a uma redução drástica de emissões
poluentes automotivas estão relacionados aos veículos elétricos. No transporte
coletivo a propulsão elétrica foi o passado e poderá voltar a ser o futuro. A
propulsão elétrica abre não só a perspectiva de veículos de “emissãozero”
como, mais adiante, de “poluiçãozero”. Essa distinção é feita porque as baterias
velhas constituem um resíduo tóxico.
Já foi criada uma tecnologia de veículo elétrico tanto de emissão como de
poluição zero. É a chamada energy cell ou fuel cell (célula de energia), uma
tecnologia originariamente desenvolvida pela NASA para naves espaciais, onde
o hidrogênio é utilizado não para combustão mas para geração direta de energia
elétrica. A empresa canadense Ballard já apresentou protótipos de ônibus,
carros e utilitários movidos a célula de energia. Seu desempenho é excelente;
seu único problema é, naturalmente, a equação de custoinvestimento, ainda
muito alta comparada com os veículos movidos a combustível fóssil.
Na categoria dos carros movidos a bateria, a indústria automobilística já
desenvolveu e está testando um tipo de carro híbrido onde o motor a gasolina é
usado em certo tipo de trajeto, e o elétrico, carregado pelo de combustão, em
outros. Essa variável parece ser a mais promissora, a curto prazo, em termos de
mercado. Temos ainda os veículos solares cujo desempenho está, por enquanto,
limitado à capacidade ainda pequena das células fotovoltaicas.
O baixíssimo preço do petróleo é atualmente o maior obstáculo à mutação
tecnológica rumo a formas de transporte de poluição zero. Ele inibe
investimentos que levariam ao barateamento de custos, que tornariam esse tipo
de veículo acessível ao consumidor comum. É muito difícil compatibilizar a
massificação destas novas tecnologias com essa situação desfavorável de
mercado tendo de competir contra petróleo barato. Sem uma mudança nessa
situação tornase mais difícil abrir as portas às novas tecnologias de “emissão
zero”. Mas em algum momento, por força da preocupação mundial com o
chamado “aquecimento global”, surgirão os mecanismos econômicos
necessários a sua produção massiva, que, uma vez engendrada, levará ao
progressivo barateamento destas novas tecnologias seguindo o padrão do
ocorrido com os transistores, os chips etc.
Esta é uma das razões que justificam taxar a gasolina o máximo que as
circunstâncias políticas permitirem, destinando a receita, de forma “carimbada”
a fundos municipais de recuperação ambiental. Isso nada tem a ver com
propostas de uma enganosa “taxa verde” destinada à conservação e ampliação
de autoestradas. Uma modesta taxa municipal, específica, sobre a gasolina, algo
como 0,5%, poderseia tornar instrumento importante para financiar o
monitoramento da poluição atmosférica, a implantação de ciclovias, a melhoria
do transporte de massas sobre trilhos e outras formas de reduzir a poluição de
efeito local e as emissões de CO2.
Uma grande cidade, com uma frota de 1,5 milhão de automóveis, calculando
um gasto médio (moderado) de R$ 25,00 por semana (menos de um tanque)
representaria um aporte de mais de R$ 9 milhões/ano.
RESTRINGINDO A CIRCULAÇÃO
Outra fonte de recursos para esse tipo de programa pode provir da vistoria
anual dos veículos – atualmente realizada pelos governos de estado – e das
próprias multas ambientais.
Isso nos conduz a uma discussão delicada, que é a necessidade de coibir a
circulação de veículos velhos, inseguros e poluentes, o que se contrapõe à
aspiração da baixa classe média e de setores pobres, emergentes: a posse do
automóvel ou utilitário, que muitas vezes serve como instrumento de trabalho.
O automobilista deve ser obrigado a manter seu carro em condições de
segurança e ambientais adequadas e em termos fiscais e de taxação de
combustível, pagar por esse privilégio, tendo como alternativa, também, um
transporte coletivo de boa qualidade.
Há uma série de medidas que podem coagir o proprietário do veículo de uso
individual ou de uso coletivo a se preocupar com sua manutenção. Veículos bem
regulados poluem muito menos e economizam combustível.
As vistorias anuais ligadas ao licenciamento e as campanhas de fiscalização
são as duas armas da gestão ambiental nesse âmbito. Assegurar a boa
manutenção dos veículos e a retirada de circulação dos demasiado velhos, sem
condições de segurança e altamente poluentes, é uma tarefa nem sempre
simpática, mas absolutamente necessária, se quisermos realmente enfrentar
com seriedade a poluição de origem automotiva.
Esse nível de intervenção está institucional e culturalmente vinculado ao
problema maior, que é a própria capacidade do poder público de fazer valer as
leis em relação ao trânsito. De uma forma ou de outra, o automóvel sempre será
um problema, mas uma das características da boa governança é a capacidade
de transformar problemas maiores em problemas menores.
As medidas de restrição de circulação, já mencionadas no capítulo anterior,
determinadas na escala de uma área da cidade, em horários de pico de
poluição, em geral no inverno, são males que vêm para o bem. Depois de um
momento inicial de hostilidade, elas passam a ter aceitação, principalmente com
a nítida melhoria do trânsito nos dias de rodízio. No entanto, a médio prazo sua
eficácia é decrescente em virtude do constante aumento da frota e no caso do
chamado rodízio pela tendência de parte dos automobilistas adquirirem um
segundo veículo.
O mais importante, no entanto, é o efeito educativo, levando o
automobilista, quase sempre pela primeira vez, a refletir sobre a relação que
seu veículo tem com a poluição do ar que ele respira e a ir começando a se
acostumar com restrições de circulação que, inevitavelmente, se tornarão cada
vez maiores no futuro.
NOTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAIA. An Atlas of Planet Management. Dr. Norman Myers. General Editor. Foreword by Gerald Durrell. By Gaia Books
Limeted, Londres, 1984.
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Por um transporte sustentável. Documento de discussão pública. Secretaria do
Meio Ambiente de São Paulo. São Paulo, 1997.
HARDOY, Jorge E.; MITLIN, Diana e SATTERTHWAITE, David. Environmental Problems in Third World Cities. Earthscan
Publications Ltd, Londres, 1992.
SPIRN, Anne Whiston. The Granite Garden: Urban Nature and Human Design. Basic Books, Copyright. Impresso nos
Estados Unidos, 1984.
CAPÍTULO IV
ÁGUAS
ÁGUA DE BEBER
• vistorias de vazamentos;
• limpeza de caixasd’água;
• fervura da água antes de ser consumida.
A poluição química
Em regiões abastecidas por rios que passam por zonas industriais, por
garimpos ou por determinadas culturas agrícolas, o grande perigo é a poluição
química. Metais pesados, óleos minerais, derivados de petróleo, fenóis, fósforo,
nitrogênio, mercúrio, chumbo, zinco, cádmio, agrotóxicos, defensivos agrícolas,
fertilizantes e outros poluentes químicos podem estar presentes na água
potável.
Ao contrário da poluição de origem orgânica, o controle da poluição química
é tecnicamente complicado e dispendioso. Boa parte desses poluentes são mais
pesados que a água, ficando depositados no fundo dos rios e mares. Isso por um
lado é positivo, pois limita seus efeitos nocivos e dificulta sua entrada na rede
de abastecimento de água, mas, por outro lado, permite que entrem na cadeia
alimentar, sendo absorvidos por algas e microrganismos, que são consumidos
por peixes e podem terminar na nossa mesa.
O caso mais dramático desta forma de contaminação humana por ingestão
de peixes ou mariscos contaminados foi o famoso caso de Minamata, no Japão,
nos anos 50, causando a morte de 700 pessoas, e a invalidez de mais de nove
mil, que tiveram o sistema nervoso irremediavelmente comprometido por causa
da contaminação por mercúrio despejado por uma empresa no fundo da baía de
Minamata.
O efeito dos poluentes químicos é ainda mais dramático em relação às águas
do lençol freático. A deposição de lixo industrial tóxico, defensivos, fertilizantes
e agrotóxicos e a própria infiltração do chorume e outros resíduos provenientes
dos vazadouros de lixo contamina inicialmente o solo e, por infiltração, as águas
do subsolo.
Isso compromete os reservatórios subterrâneos de água, que muitas vezes
servem, ou poderiam servir, para o consumo humano. O controle deste tipo de
contaminação é complexo, e a despoluição do lençol freático, quando não
inviável, é bastante cara.
O controle de qualidade
Tarifas
A fossa séptica
É a forma mais elementar de tratamento que pode ser feita por unidade
residencial ou por grupo de habitações. Ela costuma produzir um grau de
tratamento da ordem de 30 a 40%. Associado a um filtro anaeróbico, isso pode
chegar a 70%.
O grande cuidado com as fossas é sua manutenção periódica e o cuidado de
não vazar nela as águas oriundas de cozinha, tanques, máquinas de lavar,
chuveiros e pia, porque desinfetantes, germicidas ou mesmo detergentes não
biodegradáveis muitas vezes inibem a ação das bactérias que decompõem e
depois mineralizam a matéria orgânica.
As lagoas de estabilização
ÁGUAS DE ENCHENTE
A ocupação irregular das margens dos rios, canais e lagoas não só expõe os
moradores aos riscos dos efeitos diretos e indiretos das enchentes como
inviabiliza o trabalho de dragagem.
Em áreas carentes, às margens de canais, rios e lagoas, uma tarefa
fundamental, para a qual o poder local pode e deve buscar financiamento, é a
liberação das faixas marginais de proteção para possibilitar a criação de áreas
de segurança, acumulação, e permitir o acesso de maquinário utilizado na
dragagem.
O padrão brasileiro
Controle visual
Com isso, o órgão ambiental terá uma base para seu pequeno modelo
pragmático.
No levantamento desses chamados dados complementares, a condição
meteorológica ocupa um papel central. Em qualquer cidade litorânea, as praias
são o ponto mais baixo e, em caso de chuva, é para lá que irão as águas pluviais
de toda região vizinha da orla, sem falar dos eventuais rios e canais que
deságüem no mar.
Mesmo que não haja esgotos nas galerias pluviais, o que é muito raro, a
água das ruas que conflui para as praias carrega muita sujeira: lama, fezes de
animais, gordura, resíduos de óleo, plásticos etc. Por esta razão, os dias de
chuva e o dia seguinte são sempre desaconselháveis ao banho,
independentemente de colimetria.
Em todas as nossas cidades litorâneas há algum tipo de ligação entre
esgotos e galerias pluviais, sendo raros os bairros onde efetivamente se pode
falar num sistema separador absoluto realmente eficaz. Decididamente, chuva
e banho de mar não combinam em praias situadas no perímetro urbano ou em
periferia por ele afetada.
Outra variável a ser levantada é a ocorrência de extravasamentos
propositais feitos pela própria Companhia de Águas e Esgotos, que, dependendo
do grau de incompetência da empresa, podem ser muito freqüentes.
Uma boa operação e uma manutenção bem planificada podem reduzir
bastante esse tipo de ocorrência e isso deve ser uma das primeiras obrigações
da concessionária. É fundamental, no entanto, que sempre que isso venha a
ocorrer o órgão ambiental seja comunicado para poder alertar a população
usuária da praia ou da lagoa atingida.
O órgão ambiental deve criar um sistema de checagem e contato diário com
a concessionária de esgotos para ter essa situação sempre sob controle e
incorporada à sua rotina de monitoramento das condições de balneabilidade de
praias e lagoas.
É fácil compreender a influência de correntes e marés. Imaginemos uma
praia com um canal no meio por onde chegam águas poluídas. Uma corrente
lateral paralela à praia, da esquerda para a direita, fará com que a parte à
direita do canal esteja poluída e a situada à esquerda, a partir de certa
distância, não, caso o canal seja a única fonte de poluição.
O exame visual diário das praias pela manhã, por terra, helicóptero ou
ultraleve, é igualmente importante, pois uma visão apurada percebe facilmente
uma situação suspeita. A língua negra, que pode se formar rapidamente em
função de um extravasamento, também é facilmente detectável como um sinal
seguro da presença de esgoto na água.
O ideal para o monitoramento de balneabilidade é o órgão ambiental criar,
em parceria com universidades e com ONGs, um observatório, onde,
diariamente, os resultados dos exames laboratoriais e complementares sejam
processados dentro de uma modelagem estabelecida para efeito da emissão de
um prognóstico para aquele dia. Essa informação poderá ser difundida pelas
rádios, TVs, jornais e painéis eletrônicos na orla.
Ainda assim, o resultado não será cem por cento seguro, como aliás
acontece com as previsões de tempo, mas estaráse oferecendo à população o
melhor serviço possível, a ser sempre aperfeiçoado pelo confronto, mais tarde,
desses prognósticos com novos exames laboratoriais.O desdobramento
tecnológico desse sistema, que ainda não está disponível, seria um
monitoramento em tempo real, através de sensores colocados no mar com
comunicação por rádio ou via satélite. Chegaremos lá.
Por outro lado, o simples diagnóstico ou até monitoramento em tempo real
não bastam. Só faz sentido monitorar as condições de balneabilidade se isso
servir de mote para uma intervenção visando sanar concretamente aquela
situação de poluição em tempo seco. O termômetro não substitui o remédio.
Poluição da areia
AS LAGOAS
NOTA
(1) Resolução CONAMA 20/1986. Cf. Anexo: Legislação Ambiental Básica, item Águas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GAIA. An Atlas of Planet Management. Dr. Norman Myers. General Editor. Foreword by Gerald Durrell. Por Gaia Books
Limeted, Londres, 1984.
HARDOY, Jorge E.; MITLIN, Diana e SATTERTHWAITE, David. Environmental Problems in Third World Cities. Earthscan
Publications Ltd, Londres, 1992.
HOLMES, Gwendoly; SINGH, Ben Ramnarine e THEODORE, Louis. Handbook of Enviromental Management and
Technology. A Wiley – Interscience Publication. John Wiley & Sons, Inc.. Nova York, Chiochester, Brisbane, Toronto,
Cingapura, 1993.
THE GLOBAL ECOLOGY HANDBOOK. What you Can Do About the Environmental Crisis The Global Tomorrow Coalition. Publicado por Walter
H. Corson. Beacon Press Boston, 1990.
CAPÍTULO V
CAPÍTULO V
LIXO
UM MAR DE RESÍDUOS
Estimase que 32,8 milhões de toneladas de lixo são produzidas por ano no
Brasil, e cerca de 250.000 toneladas de resíduos sólidos diariamente. Grandes
cidades como São Paulo e Rio de Janeiro contribuem significativamente para
este número.
Na capital paulista, temos aproximadamente 12.000 toneladas deste tipo de
detritos que são produzidas por dia. No Rio de Janeiro são coletadas 233.000
toneladas de lixo ao mês, sem contar os resíduos comerciais e industriais, e
7.800 toneladas ao dia(1). Deste valor temos 2.500 toneladas de lixo público,
pessoas que jogam lixo no chão, “lixo da desordem urbana” que corresponde a
32% do lixo gerado diariamente no Rio de Janeiro. Em cidades européias este
valor é de, em média, 10% .
Embora algumas cidades disponham de aterros sanitários, o padrão nacional
ainda é o vazadouro a céu aberto, o chamado “lixão” quase sempre situado na
periferia. Parte dos resíduos termina nestes lixões ou em aterros, e outra nunca
chega a ser recolhida, permanecendo exposta ao ambiente e, em alguns casos,
sendo lentamente reabsorvida pela natureza.
Os resíduos sólidos são constituídos de:
• material orgânico: restos de comida ou de vegetação, folhas, galhos de podas,
arbustos, grama e outros;
• papel e papelão;
• plásticos;
• metais;
• vidro;
• pilhas e baterias;
• pneus e outras borrachas;
• entulhos de obra;
• resíduos industriais, de mineração não tóxicos;
• lixo hospitalar;
• lixo químico, tóxico;
• eletrodomésticos e seus componentes;
• material radiativo.
A maioria desses resíduos pode ser reutilizada de alguma forma. O que faz
que esses materiais se transformem em “lixo” é basicamente o fato de estarem
misturados. Outro problema é a dificuldade de reciclagem, já que o baixo valor
de mercado não compensa os gastos com recolhimento e armazenamento de
muitos destes produtos.
De qualquer maneira, podemos concluir que o lixo só é lixo porque está
misturado, já que qualquer um de seus componentes, tomado separadamente,
é, potencialmente, uma mercadoria mais ou menos vendável.
Todas essas cenas de lixo são diariamente visíveis nos bairros das grandes,
médias e pequenas cidades brasileiras. A relação da maioria dos brasileiros com
seu lixo resumese simplesmente aos atos de produzílo e tentar afastálo de si. Ao
poder público cabe fazer com que o lixo diariamente produzido desapareça dos
olhos dos cidadãos que o geraram.
Ao jogar na rua seu entulho – garrafa plástica, papel ou ponta de cigarro – o
cidadão deseducado acha que seu comportamento não tem “nada demais”, já
que paga impostos para o governo recolher o lixo. Ele acha que aquele espaço
dito público não pertence a todos, mas é de uma terra de ninguém, ou pior, é
“do governo”.
Numa comunidade marginalizada, fora da cidade formal, onde a coleta
pública de lixo não chega ou é precária, a questão se resume em afastar o lixo
de dentro de casa. Mesmo que seja para colocar num local de onde facilmente
será arrastado encosta abaixo, para a vala, ou para o quintal do vizinho.
Para o poder público, a questão do lixo é vista simplesmente como um
conjunto de rotinas de operação, em escala industrial: varrer as ruas, recolher os
detritos e transportálos até um destino final, em geral na periferia.
Há uma sensação de se enxugar gelo todos os dias, já que a quantidade de
lixo é sempre crescente; e a coleta e as rotinas, deficientes. Dependendo dos
recursos destinados a essa área, a ação pode parecer mais ou menos eficiente.
Os custos tendem a ser crescentes, e mesmo as experiências de limpeza urbana
mais bemsucedidas têm seus “pontos críticos”, áreas onde simplesmente não se
consegue dar conta do lixo, onde a coleta não chega ou não recolhe senão parte
dos resíduos. Em geral isto acontece em bairros pobres, periféricos ou favelas.
Existe uma dificuldade de se entender que o lixo não constitui apenas um
problema técnico, relacionado com o maior ou menor alcance de rotinas em
grande escala, mas um problema socioambiental, econômico e cultural.
CONSERVAÇÃO URBANA
O aterro sanitário
Usinas de reciclagem
A incineração
“No curso desse trajeto (da incineração) certos elementos químicos como o cloro ou o
cromo reagem com outras moléculas formando substâncias novas chamadas de “produtos de
combustão incompleta” (PIC). (...) O cloro e os metais pesados como o mercúrio, o cádmio, o
chumbo e o cromo são indestrutíveis. Após a incineração eles permanecem nas cinzas (...) no
lodo da lavagem bem como na atmosfera.”
E conclui:
“(...) a experiência mostra que não há como evitar a produção de dioxinas e furanos em
razão do papel determinante de uma série de elementos (heterogeneidade dos resíduos,
processo de resfriamento dos gases, teor de oxigênio dos resíduos). A incineração de resíduos
domésticos está na origem das elevadas concentrações dessas substâncias altamente tóxicas,
inclusive no leite materno.”
OS CAMINHOS DA RECICLAGEM
Nos bairros pobres e favelas, o principal é impedir que o lixo se torne fator
de risco. A prioridade é retirálo das encostas, rios, canais e valas e impedir a
formação de montes de lixo que servem de abrigo para ratos e diversos tipos de
insetos.
A limpeza urbana tem dificuldades para operar bem nessas áreas, sobretudo
favelas, em parte por serem áreas de difícil acesso e, por outro lado, pela
dificuldade de estabelecer rotinas com a população.
A simples educação ambiental, o trabalho de conscientização dos
moradores, tem, naturalmente uma grande importância, mas dificilmente será
capaz, por si só, de produzir efeitos realmente significativos nas relações da
comunidade carente com o lixo. É preciso gerar fatos econômicos capazes de
estimular grupos da comunidade a recolherem o lixo plástico e outros resíduos.
Isso só é possível com projetos locais de geração de renda, que ofereçam um
estímulo material para as atividades de coleta, armazenamento,
acondicionamento e transporte de recicláveis.
A criação desse estímulo econômico é dificultada pelo conhecido
desequilíbrio entre o custo das atividades de coleta e preparação para a
reciclagem e os baixos preços dos recicláveis, além das oscilações do mercado.
Por essa razão, é necessário subsidiar esse trabalho com parte do orçamento
destinado à limpeza urbana. A pequena renda gerada pela venda de recicláveis
servirá de simples suplemento.
Para terem eficácia, estes projetos envolvendo lixo, da mesma forma que os
de saneamento e reflorestamento, precisam envolver geração de renda.
Modalidade de organização e geração de renda já consagrada são as
cooperativas de catadores, que atuam no asfalto recolhendo latas, papéis, vidro
e outros recicláveis. Outras opções são os chamados garis comunitários,
recolhedores de lixo contratados pela limpeza urbana para trabalhar em sua
própria comunidade.
O catador comunitário é um morador contratado pela prefeitura, por tempo
determinado, para catar o lixo e leválo ao local onde passe o caminhão da
coleta. Ele serve, na verdade, como um prolongamento da estrutura de limpeza
urbana existente.
Outra modalidade geradora de renda que pode inclusive ser associada à
primeira é a compra do lixo, ou melhor, a sua troca por cestas básicas,
tíquetesrefeição ou valestransporte. Em Curitiba, esse projeto recebeu o nome
de “Câmbio Verde” e acabou se consolidando em algumas comunidades através
da troca de sacos de 5 kg de lixo reciclável por hortifrutigranjeiros e
valetransporte.
Para começar, devese estender a coleta às vielas e aos pontos mais
distantes da comunidade, onde o lixo se acumula, com atenção especial para as
áreas de risco. Tratase de uma multiterapia, envolvendo ações do poder público
e visando a melhoria das rotinas de coleta de lixo. Só com mobilização das
comunidades será conseguida uma mudança de hábitos, uma espécie de “pente
fino” complementar à coleta efetuada pelo poder público.
Uma forma mais avançada é a criação de “mutirões remunerados” do lixo e
de centros de reciclagem e animação cultural. São projetos constituídos por três
equipes:
• coleta e fiscalização, encarregadas de catar os recicláveis e de identificar os
focos mais problemáticos
de vazamento de lixo dentro da comunidade;
• prensagem, fardamento e escoamento dos recicláveis, tendo como
infraestrutura um galpão para o
depósito de plásticos, prensa, balança, ferramentas, apoio administrativo,
operadores para os equipamentos e um contato de comercialização dos
recicláveis;
• animação cultural, encarregada da agenda de atividades culturais e de
educação ambiental para gerar
consciência e mobilização na comunidade, criando agentes formadores de
opinião capazes de contribuir para as almejadas mudanças de
comportamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
THE GLOBAL TOMORROW COALITION. The Global Ecology Handbook. What you Can Do About the Environmental Crisis. Publicado por Walter
H. Corson. Beacon Press Boston, 1990.
CAPÍTULO VI
O VERDE URBANO
Quanto maior a área verde de uma cidade, quanto mais arborizadas suas
ruas, maior o conforto ambiental dos seus habitantes. Uma boa quantidade de
árvores nas ruas protege do calor, melhora a defesa contra os poluentes
atmosféricos e o barulho, a absorção das águas pluviais e não permite a erosão
do solo.
Estudos desenvolvidos em países de clima temperado demonstram que as
diferenças de temperatura de áreas bem arborizadas para outras em localização
próxima mas sem arborização pode variar entre 3 e 5 graus centígrados. Em
regiões tropicais, essa diferença pode ser ainda maior.
O verde urbano é extremamente vulnerável. O aumento das áreas
construídas nos últimos 40 anos acabou com enormes extensões de florestas,
bosques, matas de restinga, manguezais.
A arborização de rua vem sofrendo uma intensa pressão: na maior parte das
áreas urbanas é maior a quantidade de árvores que morrem ou são cortadas do
que as novas que conseguem vingar. As árvores urbanas são a parte mais
exposta do ambiente natural. Portanto, sofrem uma intensa, incessante e
diversificada agressão do diaadia na cidade.
As obras públicas, a construção civil e outras atividades econômicas são
uma ameaça constante à arborização pública, também atingida por pragas
como cupim, erva de passarinho etc. A falta e o excesso de água, as condições
de solo e, sobretudo, o pouco cuidado dos habitantes com as árvores são
ameaças que se somam para resultar numa crescente falta de arborização,
cujas conseqüências fatalmente serão sentidas pelos moradores.
É indispensável, numa cidade, trabalhar com indicadores que nos informem,
mesmo que a grosso modo, a relação entre o que se perde e o que cresce em
arborização. É importante que as autoridades acompanhem quantos cortes
autorizados são realizados e derrubadas irregulares autuadas. É importante
também existir um controle sobre as espécies plantadas que conseguiram se
desenvolver. De um modo geral considerase como mínimo aceitável num bairro
a presença de quinze metros quadrados de área verde por habitante,
incluindose nesta área verde não só as copas das árvores como outros tipos de
vegetação.
Dispor do número de mudas plantadas tem grande importância para que se
avalie mais tarde quantas sobreviveram. Mas esse total não pode ser
comparado ao número de árvores perdidas. Mesmo que o número de árvores
plantadas seja maior do que o de árvores perdidas, a quantidade de árvores que
não sobreviveram também tem que entrar no cálculo. Daí a importância desse
controle.
É imensa a dificuldade de desenvolvimento das mudas plantadas nas vias
públicas devido a fatores, tais como:
• solo de má qualidade;
• falta ou excesso de água;
• falta de sol;
• poluição;
• vandalismo;
• pragas.
Tudo isso contribui para atrapalhar o crescimento das mudas. Na verdade,
toda árvore de rua é uma sobrevivente.
Há árvores cujas raízes quebram muros, abalam edificações ou interferem
nas tubulações elétricas ou de gás. Outras simplesmente ficam próximas às
saídas dos carros, atrapalham motoristas que querem estacionar na calçada,
escurecem a rua ou atraem insetos ou pássaros indesejáveis.
A primeira reação de moradores e autoridades é querer derrubar a árvore.
Determinados urbanistas, arquitetos e até mesmo paisagistas e botânicos
muitas vezes defendem a substituição de uma arborização de rua considerada
inconveniente por outra “correta”, como se fosse igual a trocar postes de
concreto.
Estes profissionais geralmente partem de constatações até verdadeiras de
que há muitas árvores mal plantadas, mal escolhidas, feias e com vários outros
problemas, nas cidades. Há espécies como a Sterculia foetida (chichá), por
exemplo, que, em época de floração, exalam mau cheiro.
Mas se todas as árvores que trazem algum tipo de transtorno, real ou
imaginário, a alguém e as que os empreendedores, públicos ou privados,
desejassem ver fora de seus projetos fossem cortadas, chegaríamos a uma
situação de cidades completamente “carecas”, feitas exclusivamente de asfalto,
concreto e cimento, sem outra sombra que a dos edifícios. A maior parte da
população ainda não tem consciência da importância da arborização pública
como mitigadora da poluição atmosférica e sonora, como elemento de
sombreamento e regulador do microclima.
Os casos em que as raízes quebram a calçada em geral são provocados por
insuficiente espaço de gola para a penetração adequada de água e ar. A
questãochave é a existência de espaço para absorver ar, água e nutrientes. As
golas devem ter pelo menos 4 m2 para árvores com seis a oito metros de altura.
Para as de maior porte, as golas podem ter formatos que se adaptem melhor
à calçada, como o retangular ou o quadrado. Ainda quando feias, malacabadas
ou mal localizadas, as árvores urbanas cumprem uma função ambiental, que
deve ser levada em conta na hora da decisão sobre o corte.
Não basta pretender compensar o corte de uma árvore simplesmente com o
plantio de uma dúzia de mudas em circunstâncias onde a sua possibilidade de
desenvolvimento é duvidosa. Mesmo que seja indispensável substituir a
arborização de uma rua por espécies mais adequadas, esse processo tem que
ser necessariamente gradual, nunca de um só golpe.
ÁRVORES E CONSTRUÇÃO
CONSERVAR E REPLANTAR
Para um ambiente urbano saudável não basta criar espaços verdes, jardins,
praças ajardinadas, ou mesmo parques, sem entender como eles se integram e
se relacionam com as ruas vizinhas, seu entorno, seu bairro.
Há casos de parques que são um fracasso total. Pouca gente os freqüenta,
são inseguros, terminam vandalizados e desprezados pelos moradores aos quais
foram destinados. Em outros casos, espaços verdes até mais singelos e menos
equipados viram um sucesso no bairro. Mães, pais e babás freqüentam o local
com carrinhos de bebê, crianças brincam, idosos mantêm animada vida social,
namorados se encontram, pessoas lêem ou observam o tempo passar.
Uma relação bem ou mal entabulada com o bairro como um todo determina
o sucesso ou o fracasso de uma área verde. Ela deve ser um reflexo do próprio
bairro, de sua pluralidade e diversidade, da relação de seus moradores com o
espaço público.
Se não há uma diversidade de usos no bairro, capaz de manter um fluxo de
gente constante durante toda jornada, se é um daqueles bairros onde as
pessoas apenas chegam para dormir e saem para trabalhar, a tendência é que o
parque seja um fracasso. Onde não existe a noção de um espaço comum nem
um sentimento de se pertencer àquele lugar, a tendência é que suas áreas
verdes reflitam essas características e tenham uso limitado, padecendo de um
vazio que logo é ocupado por maus elementos.
Como descreve Jane Jacobs (2), em The Death and Life of Great American
Cities:
“Esperase demasiado dos parques. Longe de transformarem alguma qualidade essencial do
seu entorno, longe de automaticamente qualificarem suas vizinhanças os parques de bairro, eles
próprios são, direta e drasticamente, afetados pela forma com que a sua vizinhança age sobre
eles. (...) Será que alguma coisa nas vizinhanças afeta o parque fisicamente? Sim. (Uma
eventual) diversidade de usos das construções gera, diretamente, para o parque uma
diversidade de usuários que entram e saem em horários diversos. Usam o parque em diferentes
horários, uns dos outros, porque suas rotinas diárias diferem. Um parque assim possui uma
intrincada seqüência de usos e usuários. (...) Um (...) parque afetado por qualquer forma de
monotonia funcional dos seus arredores (se transforma) num vácuo durante uma parte
significativa do dia. Aí se estabelece um círculo vicioso. Ainda que esse vazio seja protegido
contra várias formas de degradação, ele exerce escassa atração pela sua escassa reserva
potencial de usuários. Fica mortalmente enfadonho. (....) Nas cidades, vitalidade atrai mais vida,
enquanto espaços mortos e monotonia repelem vida. E esse é um princípio vital não só em
relação a como as cidades se comportam socialmente, mas também, como elas se comportam
economicamente.”
A análise de Jacobs é fundamental para entendermos um fato básico:
parques e jardins urbanos não são simplesmente áreas onde a presença de
vegetação e amenidades naturais é a única questão a ser colocada. Um belo
gramado, caminhos arborizados, bancos, lagos com chafarizes podem constituir
um espaço virtualmente morto se não for cultivada uma teia de relações
daquele espaço com o seu entorno, com a aglomeração humana existente nas
suas vizinhanças.
Então, as seguintes perguntas precisam ser respondidas:
• qual é a dinâmica do bairro vizinho?
• qual é a demanda da população?
• qual é o público do parque nos diferentes horários?
• o que atrai e o que afasta as pessoas?
• o entorno é suficientemente dinâmico e plural para criar uma freqüência
regular do espaço ao longo do
dia;
• existem vazios que de alguma forma precisam ser compensados por algum
tipo de atividade específica
que atraia gente para oparque em certos horários?
É preciso ter em mente que uma área verde urbana tem uma dinâmica
oposta a de uma reserva biológica, por exemplo. Na área verde urbana, o
grande fator de risco não é a freqüência, o uso regulado e controlado, mas o
vazio, o abandono, o esquecimento que faz com que uma área verde
potencialmente de lazer ou de contemplação aprazíveis se torne insegura,
reduto de traficantes, estupradores ou assaltantes, vazadouro de lixo e entulho,
terra de ninguém.
As respostas para o sucesso dos parques e jardins estão tanto neles próprios
quanto na sua interação com a população.
As áreas verdes urbanas, mesmo as de grande extensão contendo florestas
densas, não podem ser vistas como natureza selvagem, pura e simples, onde
preservação é sinônimo de deixálas intocadas.
Salvo as reservas biológicas, que não costumam se situar em perímetro
urbano e que, mesmo assim, demandam uma infraestrutura de proteção e
administração específicas, as áreas verdes da cidade não constituem território
alheio à dinâmica urbana. A ilusão de mantêlas intactas pode ser,
paradoxalmente, estímulo involuntário a sua devastação.
Na verdade, a preservação do verde urbano está intimamente relacionada
ao seu uso, à sua criteriosa integração na dinâmica da cidade, na sua
funcionalidade em relação a demandas geradas pela população local. É
freqüente encontrarmos áreas verdes urbanas onde a população vizinha não se
aventura, que se transformam em santuários de malfeitores, locais de extração
de areia ou madeira, vazadouros de lixo, entulho ou por vezes até de “desova”
de cadáveres.
Tudo muda quando surgem elementos, tais como:
• uma grade em volta do bosque;
• trilhas;
• limpeza de lixos e entulhos;
• guardas municipais zelando pela segurança;
• uma administração dedicada e capaz;
• área com brinquedos para crianças;
• placas de sinalização;
• equipamentos de ginástica;
• ciclovia ou pista de corrida;
• lago com patos e pedalinho;
• latas de lixo;
• conservação permanente.
Tudo isso compõe a via crucis de quem já administrou alguma área pública
sujeita às maratonas burocráticas da legislação e da cultura administrativa
vigentes.
Há alguns anos as administrações públicas vêm conseguindo ganhar alguma
agilidade através de parcerias com a iniciativa privada, patrocínios etc. Mas os
problemas voltam cada vez que é necessário fazer um gasto fora do alcance
desse orçamento.
Em outros países, é bastante difundida a prática de se entregar a
administração direta de uma unidade de conservação a uma Organização Não
Governamental (ONG) de comprovada respeitabilidade e capacidade, dentro de
um esquema de cogestão. A prefeitura mantém suas formas de controle e
fiscalização, e todos respondem perante um conselho de cogestão plural que
envolve governo, ONGs, comunidade, usuários e iniciativa privada.
Cobrar ingresso é uma forma de valorizar a unidade de conservação. No
caso de unidades situadas em áreas de população de baixa renda, o preço do
ingresso deve ser bem barato, mas continuar sendo cobrado. As pessoas
tendem a valorizar mais e preservar melhor o que pagam, ainda que seja uma
quantia quase simbólica.
As concessões de uso dentro das unidades de conservação são uma
questão a ser vista com bastante cuidado. É evidente que uma área natural
urbana demanda uma certa infraestrutura, que inclui banheiros, alimentação,
lazer infantil e esportes. O cuidado deve ser harmonizar o uso específico com a
destinação principal da unidade de conservação. Lixo, esgoto não tratado,
fogueiras, churrasqueiras em local impróprio, carros, bugres, poluição sonora e
caça são atividades a serem reprimidas.
Mas há outros aspectos relativos ao planejamento e à harmonia entre as
diversas formas de uso que devem ser levados em conta. Os contratos que
regulam as concessões de uso, por exemplo, devem ser muito cuidadosos,
prever rigorosamente as exigências vinculadas à preservação, à higiene e à
segurança e as punições relativas ao nãocumprimento de tais exigências. O
município deve garantir a possibilidade de cancelar a qualquer momento a
concessão.
O estímulo à criação de Reservas Particulares de Proteção da Natureza
(RPPNs) e parques particulares, através de mecanismos de incentivo fiscal,
também é um instrumento de preservação de áreas verdes urbanas. A
burocracia atualmente existente em torno da criação de RPPNs vem
desestimulando muitos particulares a usar esse caminho legal. Isso torna
necessária uma agilização do mecanismo de forma a tornálo mais atraente,
ajudando e não atrapalhando quem quer conservar.
Estimular um proprietário a preservar e cuidar do patrimônio natural envolve
um sistema cuidadosamente equilibrado de prêmios e punições que deve leválo
ao raciocínio de que preservar é economicamente mais vantajoso do que não
preservar.
Em certas áreas submetidas a intensa pressão de ocupação irregular, por
vezes é necessário fazer concessões e oferecer facilidades a uma perspectiva de
ocupação menos predatória. Isso é um princípio sujeito a muita cautela e que só
pode ser aplicado, caso a caso, diante de uma realidade específica previamente
muito bem analisada.
Deve ser estabelecido um diálogo amplo, que permita a cada um dos
parceiros colocar na mesa seu ponto de vista e trocar idéias com os demais. A
prefeitura se limitará a estabelecer as mediações e as sínteses necessárias. Este
é um caminho que pode nem sempre produzir soluções perfeitas, mas que tende
a restringir ao máximo a margem de erro.
Há vários tipos de Unidades de Conservação Ambiental e de Patrimônio
Cultural(4). As mais protegidas são a reserva biológica e a estação ecológica. Elas
constituem espaços extremamente restritivos de defesa de ecossistemas, que,
por sua extrema fragilidade, são incompatíveis com a presença humana, a não
ser de alguns poucos pesquisadores e cientistas e visitas controladas.
A área tombada, o monumento natural e o refúgio de vida silvestre vêm em
seguida, cada um desses, com suas características, completa o rol das Unidades
de Conservação consideradas de “proteção integral”.
As unidades de conservação de uso sustentável compõem uma categoria
menos restritiva, encontradas tanto nas áreas urbanas como nas periféricas e
rurais. Elas se dividem em:
• àrea de Proteção Ambiental (APA);
• àrea de relevante interesse ecológico;
• floresta nacional;
• reserva extrativista;
• reserva de fauna;
• reserva ecológicocultural;
• reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN).
ADMINISTRANDO CONFLITOS
OS MUTIRÕES REMUNERADOS
NOTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENJAMIN, Antônio Herman V. Dano ambiental: prevenção, reparação e repressão. Ed. Revista dos Tribunais. São Paulo,
1993.
CÉSAR, Paulo Bastos e OLIVEIRA, Rogério Ribeiro. A floresta da Tijuca e a cidade do Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira.
Rio de Janeiro, 1992.
JACOBS, Jane. The Death and Life of Great American Cities. Vintage Books – A Division of Random House, inc. Nova York,
1992.
NEVES, Estela e TOSTES, André. Meio ambiente: aplicando a lei. CECIP. Ed. Vozes. Petrópolis. Rio de Janeiro, 1992.
PERLMAN, Janice E. The Megacities Project. A Research/Action Strategy to Transform Urban Policy from the Bottom Up.
Nova Yosk, EUA: Urban Research Center, New York University, 1988.
REBELLO FILHO, Wanderley e BERNARDO, Christianne. Guia Prático de Direito Ambiental. Ed. Lumen Juris. Rio de Janeiro,
1998.
SPIRN, Anne Whiston. The Granite Garden: Urban Nature and Human Design. Basic Books, Copyright nos Estados Unidos,
1984.
CAPÍTULO VII
• Conservação e ecossistemas
gestão de unidades de conservação municipais; conservação de parques,
jardins, praças e patrimônio
cultural; e manejo da arborização urbana.
• Administração interna
orçamento; formação permanente; assessoria jurídica; eadministração.
• Projetos especiais
Das funções e atribuições listadas, algumas são precipuamente da chamada
administração direta. É o caso do licenciamento e do exercício do poder de
polícia ambiental. Outras podem, eventualmente, funcionar melhor dentro da
chamada administração indireta, como as fundações, as companhias de
economia mista e as agências.
Ainda há uma série de atividades que operam melhor “terceirizadas”, isto é,
executadas por empresas ou por ONGs contratadas ou conveniadas com a
prefeitura. Salvo nos casos do licenciamento e da polícia ambiental, não há uma
fórmula única, exclusiva. A partir deste apanhado resumido de funções, podem
ser criados dezenas de diferentes organogramas, de acordo com as
particularidades de cada município.
Nos menores, a estrutura deverá ser extremamente simplificada, podendo
até prescindir de uma secretaria específica para o meio ambiente, desde que as
funções necessárias à gestão ambiental sejam mantidas e que, sobretudo, o
meio ambiente envolva o conjunto da administração.
Quanto mais simples e modesta a estrutura, mas importante o objetivo de
fazer da questão ambiental uma política de governo, mobilizando os outros
órgãos dentro de um processo participativo e aberto em relação à população
local.
PERFIL DE GESTOR
IBAM
O IBAM é uma organização nãogovernamental que se dedica ao
aperfeiçoamento dos governos municipais e suas relações com a sociedade civil.
Criado no início dos anos 50, visa oferecer consistência técnica às lutas pela
descentralização e pelo fortalecimento dos governos municipais no Brasil e, ao
longo do tempo, configurouse como o braço técnico dos municípios brasileiros.
ANAMMA
A ANAMMA congrega e representa os órgãos ambientais do poder executivo
dos municípios, tendo por finalidade a cooperação e o intercâmbio entre eles,
para a troca de experiências e opiniões técnicas.
Realiza congressos, encontros e seminários para estudo e debate dos
problemas relativos à questão ambiental municipal, inclusive sobre a aplicação
da lesgislação ambiental.
Promove, ainda, a participação dos municípios na definição e execução da
política ambiental do país e o seu fortalecimento no SISNAMA.
A contribuição à ANAMMA é vinculada ao número de habitantes do município
e a organização produz e distribui um boletim trimestral para seus sócios.
ICLEI
O DESAFIO DA PARTICIPAÇÃO
Os consórcios
Uma tradução prática da cooperação entre municípios são os chamados Consórcios Intermunicipais (CIM). Através deles,
municípios vizinhos solucionam seus problemas comuns dividindo responsabilidades administrativas e somam esforços
de financiamento de implementação de políticas públicas. Isso é feito por uma organização jurídica privada sustentada e
gerenciada pelos municípios integrantes. No Brasil, os CIM têm se estruturado nas formas de sociedade civil sem fins
lucrativos, de fundação privada ou de sociedade de prestação de serviços mútuos.
Os CIM são uma das boas possibilidades de implementação dos princípios de sustentabilidade e da Agenda 21, pois
favorecem, por sua natureza cooperativa, a participação de amplos setores da sociedade. Do empresariado às ONGs.
Na área ambiental ainda são poucas as experiências de consórcios, mas a abrangência dos temas ambientais, seu caráter
interdisciplinar e universal, tornam esse tipo de consórcio uma importante ferramenta de solução dos problemas
ambientais e uma tendência na administração pública.
A gestão de bacias hidrográficas, do lixo e de áreas protegidas, que claramente afetam ao mesmo tempo diferentes
territórios municipais, têm sido as formas mais implementadas.
É importante ressaltar, considerandose o contexto de alastramento do desemprego, do desperdício generalizado de
recursos na produção de bens e nos serviços, e do aumento do analfabetismo funcional, que os consórcios intermunicipais
se apresentam como uma oportunidade fantástica de geração de postos de trabalho e renda, educando e trazendo de forma
econômica e racional, qualidade de vida e desenvolvimento regional.
NOTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Pedro Motta de. Consórcio intermunicipal: ferramenta para o desenvolvimento regional. São Paulo. Alafa
Omega, 1995.
BECKER, Bertha K. e MIRANDA, Mariana. A geografia política do desenvolvimento sustentável. Ed. UFRJ. Rio de
Janeiro, 1997.
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Agenda 21 – Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
–, Rio de Janeiro, 1992. Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações. Brasília, 1995.
ENGWICHT, David. Towards in Ecocity. Calming the traffic. Envirobook. Sydney, 1992.
CAPÍTULO VIII
A AGENDA 21 LOCAL
DO QUE SE TRATA?
Meios de implementação
Eis alguns dos princípios gerais que, a partir da adoção da Agenda 21,
devem ser incorporados ao conjunto da administração local:
• uma abordagem holística da gestão das áreas urbanas;
• a integração das dimensões econômica, social e ambiental na formulação de
políticas públicas, em todos os níveis;
• a capacitação técnica para a gestão sustentável de áreas urbanas;
• a coerência política das ações, para que o desenvolvimento sustentável, no
plano local, não seja
comprometido por ações do governo federal e/ou estadual, ou viceversa;
• a eliminação do desperdício, com medidas destinadas a evitar a duplicação de
trabalho e recursos,
melhorando a troca produtiva de experiências;
• a efetividade, com uma aplicação eficiente dos programas, políticas e
mecanismos existentes e, quando
necessário, o desenvolvimento de outros mais apropriados.
A PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA
Parceria
Transparência
As idéias e as informações devem estar disponíveis para todos. Não se pode
fazer tudo e limites são inevitáveis; assim, o gestor público deve sempre ser
muito claro sobre o que é possível fazer e o que não é, em cada situação.
Pertinência
Realizações
Aprendizado
Compromisso
Fórum
Grupos de foco
Questionários
Avaliações
Gincanas
Arte e cultura
Prêmios
Fontes de informação
Projetos demonstrativos
Não há nada como sair, colocar a mão na massa e fazer alguma coisa que
sirva de exemplo. Assim, você desperta uma reação que dificilmente conseguiria
através apenas de um planejamento cuidadoso.
No material produzido pelo ICLEI(4) para a campanha de criação da Agenda
21 Local, encontramos alguns conselhos úteis, cuja reprodução vale a pena.
Segundo a experiência que adquiriram em seus projetos, o processo de
construção de parcerias deve ser facilitado por alguma instituição que seja
reconhecida como legítima por todos. Na maioria dos casos, a própria prefeitura
pode ser a promotora; em outros, é necessário criar uma nova estrutura que
sirva como catalisador.
As estruturas variam de acordo com as características locais e, como vimos
acima, não são mutuamente excludentes. Seja qual for o caminho escolhido, os
objetivos devem ser claros:
A PRIMEIRA REUNIÃO
OS RESULTADOS ESPERADOS
NOTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGENDA 21. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Senado Federal. Brasília, 1997.
LGMB. Local Agenda 21 Principles and Process. A Step by Step Guide. LGMB. Reino Unido, 1994.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DOS RECURSOS HÍDRICO E DA AMAZÔNIA LEGAL (MMA). Desenvolvimento sustentável:
100 experiências brasileiras. Consulta Nacional Agenda 21. Rio de Janeiro, 1997.
PHILIPPI, Arlindo et al. Agenda 21 Local: caderno de referências. SMVMA. São Paulo, 1994.
RIGLAR, Nigel. EMS: Environmental Performance. Local Environment News, No 1, Volume 3. Oxford Press. Reino Unido,
Janeiro de 1997
TUXWORTH, Ben. "From Environment to Sustainability". Local Environment News, No 3, Volume 1. Oxford Press. Reino
Unido, Outubro de 1996.
UNICEF/ UNEP/ UNESCO/ UNAP. Missão Terra – O resgate do planeta – Agenda 21 feito por crianças e jovens. Ed. Melhoramentos. São Paulo,
1994.
CAPÍTULO IX
OS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO
Auditoria Ambiental
Análise de sistemas
É uma abordagem analítica que conta com diversos métodos científicos para
caracterizar e medir o funcionamento e a capacidade de sistemas sociais,
econômicos e ambientais. Entre os principais estão a análise de fluxo de
material, a análise da capacidade de suporte, diagramas e modelos sistêmicos.
Indicadores
INSTRUMENTOS REGULADORES
INFORMAÇÃO AMBIENTAL
Aqui temos dois fatores cruciais para mobilizar a participação nas atividades
ambientais e para aumentar o conhecimento sobre as condições do meio
ambiente e os efeitos dos diversos tipos de desenvolvimento.
A informação também é a base para conquistar os diversos atores sociais
necessários ao sucesso de uma estratégia ambiental urbana. Prover as
informações necessárias pode ajudar a incentivar ações onde são mais
necessárias. Dependendo das características de cada local, a forma de distribuir
informação pode variar, mas os seguintes tipos de informação devem estar
sempre disponíveis:
Fatores específicos
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Ser sistêmica
Ser integradora
Ser participativa
Ser prática
Buscar a diversidade
Ser multidisciplinar
Da mesma forma que a educação ambiental não deve ter limites físicos,
também não pode ter limites disciplinares. Ela deve estar presente em todas as
áreas do conhecimento, e não limitada às áreas de ciência e geografia.
A Educação Ambiental deve estimular a consciência crítica sobre o Meio
Ambiente local, possibilitando agir seus problemas e, ao mesmo tempo,
estabelecer ligações desses problemas com os do restante do mundo. É
importante também o contrário: agir globalmente pensando nos efeitos locais.
Trabalhar com exemplos práticos e referências históricas
METODOLOGIAS
CONTEÚDOS
PARCERIAS
Tratase de uma proposta mais ousada e ambiciosa, mas que pode ser muito
bemsucedida. Consiste na formação de agentes ou monitores
ambientais/educacionais para atuarem nas unidades de conservação,
estabelecendo contato direto com os usuários. Esses monitores devem ser
jovens estudantes ou pessoas da comunidade.
A tarefa baseiase em informar os usuários sobre a diversidade ambiental e
os aspectos legais e culturais, além de orientálos sobre a melhor maneira de
utilizar a infraestrutura da unidade. Cabe também ao agente ser um elo de
informação permanente com os órgãos tutelares da unidade, denunciando as
agressões ambientais e mapeando as condições de conservação e manutenção.
O movimento ambientalista trouxe um novo estímulo aos movimentos
sociais. Atualmente, a preocupação com o meio ambiente nas lutas sociais pela
melhoria da qualidade de vida é muito presente. Alguns movimentos, como os
de mulheres, de negros, de estudantes, de trabalhadores rurais, associações
comunitárias, reorganizaramse a partir das lutas ambientais.
A educação ambiental desenvolve a consciência crítica e possibilita a
associação entre os graves problemas ambientais e a vida das pessoas. Isso,
muitas vezes, se traduz em organização social. Bons exemplos nessa área são
programas de reciclagem de lixo, de hortas comunitárias, de arborização e de
reflorestamento. Esses programas só podem ter êxito quando realizados com a
participação de associações comunitárias.
Piá Ambiental
Neste programa da Secretaria de Municipal de Meio Ambiente de Curitiba,
criado em 1990, crianças de 4 a 12 anos, de bairros carentes, são atendidas em
34 unidades específicas, com aulas sobre alimentação, noções básicas de
higiene e saúde, recreação dirigida, mudanças de hábitos e atitudes, educação
artística, horta, paisagismo e artesanato. As unidades ficam em áreas da
prefeitura ou nas asssociações de moradores.
As crianças são divididas por faixa etária em três turmas: 4 a 6 anos; 7 a 9
anos; e 10 a 12 anos, cada uma com a sua monitora. O atendimento se dá em
dois turnos, nos quais as crianças são matriculadas de acordo com o turno que
freqüentam na escola. As unidades ainda fornecem alimentação equilibrada com
noções de economia e aproveitamento dos alimentos.
Entre as diversas atividades, algumas são obrigatórias, como por exemplo:
• um horário destinado a fazer os deveres de casa;
• aprendizado de técnicas de cultivo de horta e trabalhos de jardinagem;
• recreação;
• artesanato;
• higiene, com atenção especial à higiene bucal.
As Unidades também desenvolvem outras atividades, tais como:
• coral;
• preparo de conservas;
• noções de plantio e uso de ervas medicinais;
• ikebana;
• minhocário.
As aulas de artesanato utilizam materiais recicláveis na confecção de
acolchoados, almofadas, papel reciclado, máscaras, tapetes, cestaria, jogos etc.
Os produtos são vendidos, e a renda é encaminhada às unidades, onde o diretor
e as crianças decidem como será utilizada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARTONE, Carl. Toward Environmental Strategies for Cities. Banco Mundial. EUA, 1994.
DIAS, G.F. Educação Ambiental: princípio e práticas. Ed. Gaia. São Paulo,1992.
FELDMANN, F. Guia da ecologia. Fórum Internacional ONGs. Tratados das ONGs e Movimentos Sociais, Rio de Janeiro, 1992. Ed. Abril. São Paulo,
1992.
LEVETT, Roger. Tools. “Techniques and Processes for Municipal Environmental Management”. em Local Environment – pp.189203. Oxford Press.
Reino Unido, junho de 1997.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA (MEC). Parâmetros curriculares nacionais, v. 8. Brasília, 1997. Parâmetros curriculares nacionais, v. 9.
Brasília, 1998.
OTTOZIMMERMAN, Konrad e STORSDIECK, Martin. Advanced Environmental Management Tools and Environmental Budgeting at the Local
Level. Relatório do First International Expert Seminar. ICLEI. Alemanha, 1994.
TURNER,Tom. Landscape Planning and Enviromental Impact Design. UCL Press. Londres. 1998.
WEZZER, M. Ovalles. O Manual latinoamericano de educação ambiental. Ed. Gaia. São Paulo, 1995.
CAPÍTULO X
AS LEIS E O
CONTROLE AMBIENTAL
NA CONSTITUIÇÃO
UM SISTEMA NACIONAL
Além dos artigos da Constituição, há um vasto rol de leis específicas sobre o
meio ambiente. Talvez a mais importante seja a que instituiu a Política Nacional
do Meio Ambiente, editada em 1981 (Lei no 6.938).
Esta lei prescreve a formação de um sistema de proteção ambiental com
ramificações nos estados e nos municípios, além da criação de um órgão
colegiado federal, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com
poderes para deliberar sobre os problemas ambientais do país.
Criouse, assim, um Sistema Nacional do Meio Ambiente, (SISNAMA),
composto de órgãos deliberativos federal, estaduais e municipais. Ao primeiro,
compete coordenar a atuação do SISNAMA, zelando pela aplicação da legislação
ambiental em todo o Brasil.
Aos segundos, usualmente intitulados Conselhos Estaduais de Política
Ambiental (COPAMS), cabe cuidar do licenciamento de atividades
potencialmente poluidoras, fiscalizar e punir infrações à legislação e estimular a
educação ambiental, sempre na esfera estadual.
Os terceiros, chamados de Conselhos Municipais de Desenvolvimento
Ambiental, ou, simplesmente, Conselhos Municipais de Meio Ambiente, têm
atribuições parecidas, em nível local, com o dever de estimular a participação
das comunidades. A iniciativa de criálos é dos próprios municípios.
Embora autônomos, também fazem parte do SISNAMA os órgãos executivos
e setoriais das três esferas. Na União, há o Ministério do Meio Ambiente, dos
Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (órgão central), criado em 1993, além do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) (órgão executor).
Nos estados, normalmente há uma Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
as Fundações Estaduais (órgãos executores). Nos municípios, pode haver a
Secretaria do Meio Ambiente ou um departamento específico de outra
Secretaria, além de Fundações próprias. O CONAMA, os COPAMS e os CODEMAS
são órgãos deliberativos colegiados.
Outra inovação importante da Lei no 6.938 é a definição precisa dos
conceitos de meio ambiente, poluição e poluidor. Segundo ela, meio ambiente é:
• o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química
e biológica que permite,
abriga e regra a vida em todas as suas formas.
O poluidor, para a mesma lei, pode ser a pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, responsável por atividades causadoras de degradação
ambiental, à qual se aplica o princípio da responsabilidade objetiva, conforme
está no artigo 14 :
“É o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros afetados
por suas atividades.”
O CONTROLE AMBIENTAL
O licenciamento
O monitoramento
Fiscalização e controle
Polícia ambiental
ÁREAS DE ATUAÇÃO
Poluição atmosférica
Poluição hídrica
Pedra, brita, saibro e areia são fundamentais para a vida de uma cidade.
Delas dependem a construção civil e as obras públicas. Sem elas não haveria
casas nem ruas. Mas a exploração mineral desordenada e predadora é um fator
de agressão ambiental e um risco para a segurança, para a tranqüilidade e para
a saúde da população.
De maneira geral, essas atividades devem ser localizadas de forma
ordenada e sustentável nas periferias urbanas. Elas devem estar rigorosamente
regulamentadas em relação a certos procedimentos, tais como:
Vandalismo urbano
Poluição visual
NOTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENJAMIN, Antônio Herman V. Dano ambiental: prevenção, reparação e repressão. Editora Revista dos Tribunais. São
Paulo, 1993.
BURSZTYN, Maria Augusta Almeida. Gestão ambiental: instrumentos e práticas. IBAMA. Brasília, 1994.
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL (CETESB). Relatório de qualidade do ar de São Paulo. São
Paulo, 1991.
Resíduos sólidos industriais. São Paulo, 1993.
HARDT, Léa. Subsídios ao planejamento de sistemas de áreas verdes baseados em princípios de ecologia urbana:
aplicação a Curitiba. Dissertação de mestrado. UFP. Curitiba, 1994.
MACEDO, Ricardo Kohn. Gestão ambiental: os instrumentos básicos para a gestão ambiental de territórios e de unidades
produtivas. ABES. Rio de Janeiro, 1994.
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação civil pública, em defesa do meio ambiente, patrimônio cultural e dos
consumidores (Lei no 7.347/85 e Legislação Complementar). Editora Revista dos Tribunais. São Paulo, 1994.
MENDES, Ana P. F. Uma avaliação do impacto ambiente no Brasil. Poluição do ar e mortalidade. UFRJ. Rio de Janeiro,
1993.
MENDES, F. E. Uma avaliação dos custos de controle da poluição hídrica de origem industrial no Brasil. Dissertação de
Mestrado. PPE/COPPE/UFRJ. Rio de Janeiro, 1994.
MILARÉ, Édis. (Coord.) Ação Civil Pública – Lei no 7.347/85 – Reminiscências e Reflexos Após Dez Anos de Aplicação.
Editora Revista dos Tribunais. São Paulo. 1995.
MILANO, M. S. Áreas verdes e arborização urbana. Em: Encontro internacional de urbanismo. 2 URBE 6. Maringá, 1991.
MIRANDA, M. de L. Arborização de Vias Públicas. Secretaria de Estado de Agricultura de São Paulo. Boletim Técnico SCR.
64. Campinas. São Paulo, 1970.
MOHR, U. “A cidade, os espaços públicos e a vegetação”. Em: Anais do Encontro Nacional sobre Urbanização, I. Porto
Alegre, 1985.
MUKAI, Toshi. Direito ambiental sistematizado. Forense Universitária. Rio de Janeiro, 1992.
NEVES, Estela e TOSTES, André. Meio ambiente: aplicando a lei. CECIP. Editora Vozes. Petrópolis. Rio de Janeiro, 1992.
REBELLO FILHO, Wanderley e BERNARDO, Christianne. Guia Prático de Direito Ambiental. Editora Lumen Juris. Rio de Janeiro.
ANEXO I
4.4. Fauna
V. SAÚDE DA PÚBLICA
• Lei no 2.312, de 3 de setembro de 1954. Estabelece normas gerais sobre a
Defesa e Proteção da
Saúde.
• Decreto-lei no 49.974, de 21 de janeiro de 1961. Regulamenta Lei no 2.312,
de 3 de setembro de
1954, sob a denominação de Código Nacional de Saúde.
• Lei no 7.802, de 11 de junho de 1989. Dispõe sobre a pesquisa, a
experimentação, a produção, a
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagem, o registro, a
classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos.
• Decreto no 98.816, de 11 de janeiro de 1991 (alterado pelo Decreto no 991,
de 24 de novembro de
1993). Regulamenta a Lei no 7.802, de 11 de junho de 1989, referente a
agrotóxico.
ANEXO II
ENDEREÇOS ÚTEIS NA INTERNET
FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS
htpp://www.bdt.org.br/bdt/biodiversitas/uc.htm
GEENPEACE
htpp://www. geenpeace.org/index.shtml
IBAM htpp://www.ibam.org.br/GEF.HTM
htpp://www.mct.gov.br/gabin/cpmg/climate/programa/port/homeclin.htm
Poluição Atmosférica
htpp://www.iag.usp.br/meteo/area6.htm
UFRJ/COPPE
htpp://www. coppe.ufrj.br/posgraduação/index.html
MEGACIDADES – Transportes
htpp://www.cni.org.br/f.ps.transp.htm
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
ALMEIDA, Gercilga S. Socorro! Eu sou uma árvore. Ed. Ao Livro Técnico, Rio
de Janeiro, 1997.
BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar. Ed. Companhia das Letras.
São Paulo, 1986.
BRANCO, S.M. O meio ambiente em debate. Ed. Moderna. São Paulo, 1994.
FREITAS, Vladimir Passos de; FREITAS, Gilberto Passos de. Crimes contra a
natureza. 3a. ed., revisada e ampliada. Ed. Revista dos Tribunais. São Paulo,
1992.
GUATARRI, Félix. As três ecologias. Ed. Papirus. Campinas. São Paulo, 1991.
JACOBS, Jane. The Death and Life of Great American Cities. Vintage Books –
A Division of Random House, inc. Nova York, 1992.
NEVES, Estela e TOSTES, André. Meio ambiente: aplicando a lei. CECIP. Ed.
Vozes. Petrópolis, 1992.
________. Meio ambiente: a lei está em suas mãos. CECIP. Ed. Vozes.
Petrópolis, 1992.
SOARES, José Arlindo. Poder local e participação popular. Rio Fundo. Rio de
Janeiro, 1992.
SPIRN, Anne Whiston. The Granite Garden: Urban Nature and Human Design.
Basic Books, Copyright. Printed in the United States of America, 1984.
TANK, Sâmia Maria (org.). Análise ambiental: uma visão multidiciplinar. Ed.
UNESP: FAPESP. São Paulo, 1991.
ZIONI, F. Pesquisa participante: relato e avaliação de uma experiência de pesquisa. Tese de doutorado em Saúde
Pública pela Faculdade de Saúde Pública/Universidade de São Paulo (USP). São Paulo, 1994 (mimeografada).
ANEXO IV
GLOSSÁRIO
Gerenciamento Administração.
O AUTOR
Em 1993 foi responsável pela criação e implantação efetiva da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, do
Rio de Janeiro. Permaneceu como Secretário Municipal do Meio Ambiente até abril de 1996. Foi membro do
comitê executivo do ICLEI e representou a cidade do Rio de Janeiro nas conferências internacionais de meio
ambiente de Vancouver (1994); Berlim (1995) e Saitama (1995). Dirigiu diversos projetos socioambientais,
entre os quais o Mutirão de Reflorestamento em 47 favelas da cidade; a criação do Conselho das Águas da
Baixada de Jacarepaguá (CONSAG); o Conselho Municipal de Meio Ambiente (CONSEMAC); os primeiros
passos para a municipalização do saneamento básico, no município, com a construção da rede de esgotos do
Recreio dos Bandeirantes, a despoluição da Lagoa Rodrigo de Freitas e a dragagem da Lagoa do Camarim; a
criação do Grupamento de Defesa Ambiental (GDA), da Guarda Municipal; a construção das ciclovias Mané
Garrincha, Rubro Negra, Marechal Rondon, Ayrton Senna e João Saldanha, completando a maior rede
cicloviária urbana do continente; a implantação dos parques do Bosque da Freguesia (Jacarepaguá), Marcelo
de Ipanema (Ilha do Governador) e a negociação de soluções para a municipalização da área florestal da
Prainha e do morro Dois Irmãos. Deixou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente em 1996, com uma
aprovação de 87%, segundo pesquisa do IBOPE.