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Resumo
1 Introdução
*
Bacharel em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi – UAM. Especialista em Gestão e
Manejo Ambiental em Sistemas Florestais pela Universidade Federal de Lavras – UFLA.
Mestrando em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS.
Professor, pesquisador e atual coordenador do curso de Turismo com ênfase em ambientes
naturais da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS/Dourados, MS. Atual
presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Espeleologia – SBE. Filiado à
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo – ANPTUR. heros@uems.br
**
Bacharel em Turismo pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Jardim, MS. Pós-
graduanda em Planejamento e Gestão Ambiental pelo Centro Universitário UNAES. Professora
do curso de Turismo com ênfase em ambientes naturais da Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul – UEMS/Jardim, MS. daniellychaves@hotmail.com
o município de Bonito à Rodovia BR 267. Sua principal atratividade é a Lagoa
Misteriosa, uma cavidade natural alagada que já foi prospectada até 220 metros de
profundidade, onde é possível praticar mergulho e flutuação (sonrkeling). O atrativo
iniciou os trabalhos ligados ao turismo em meados de 1996, passando por diversas
fazes quanto aos fluxos de visitação. Desde 2004, o atrativo encontra-se desativado,
face aos procedimentos ligados a espoliação da área, bem como pela falta de plano
de manejo e licenciamento ambiental. Outros roteiros complementam sua oferta
turística: visualização de queixadas, passeio de bote, carretilhas nos rios e a Trilha da
Nascente, objeto do presente estudo.
Considerado o contexto apresentado, o presente trabalho tem por objetivo
apresentar o planejamento de alguns procedimentos para otimizar o uso turístico da
Trilha da Nascente, considerando a possibilidade de visitação por Pessoas Portadoras
de Necessidades Especiais – PPNEs, bem como alguns apontamentos referentes ao
cálculo de sua Capacidade de Carga.
Os procedimentos metodológicos adotados incluem: pesquisas bibliográficas;
visitas de campo utilizando os procedimentos descritos por Andrade (2003), em
conjunto com um GPS – Global Positioning System – para medição e análise da trilha;
e a metodologia de Capacidade de Carga de Cifuentes (ARIAS et al., 1999) para o
apontamento preliminar do limite quantitativo de visitas diárias no roteiro.
Para obter uma definição mais precisa a respeito de turismo faz-se necessário,
principalmente, distinguirmos entre fazer turismo e explorar turismo, ou seja, o turismo
como modo de vida ou como meio de vida. “O Turismo é uma atividade econômica
pertencente ao setor terciário, que mais tem obtido índices de crescimento nas
economias industrializadas” (OMT, 2001, p. 4).
Para a compreensão da historia do turismo, é necessário diferenciar a viagem
turística de outros tipos de deslocamento, como aqueles relacionados com as
campanhas militares, as transumâncias e o nomadismo.
A maioria das trilhas que hoje são utilizadas no turismo em áreas naturais são
caminhos tradicionalmente utilizados por determinadas comunidades para se
locomoverem. Desde a época do Brasil colônia, os portugueses utilizavam os
caminhos abertos pelos indígenas para alcançarem o interior do país.
As trilhas são caminhos existentes ou estabelecidos, com diferentes formas,
comprimentos e larguras, que possuam o objetivo de aproximar o visitante ao
ambiente natural, ou conduzí-lo a um atrativo específico, possibilitando seu
entretenimento ou educação através de sinalizações ou de recursos interpretativos
(SALVATI, 2003).
Podem ser estabelecidos diversos tipos de trilhas, que podem ser classificadas
quanto à função (vigilância, recreativa, educativa, interpretativa e de travessia), quanto
à forma (circular, oito, linear e atalho), quanto ao grau de dificuldade (caminhada leve,
moderada e pesada) e quanto à declividade do relevo (ascendentes, descendentes ou
irregulares) (SALVATI, 2003).
As trilhas oferecem aos visitantes a possibilidade de desfrutar de uma área de
maneira tranqüila e alcançar maior familiaridade com o meio natural. Quando bem
construídas e devidamente mantidas, diminuem os impactos do turismo no ambiente,
e ainda asseguram ao visitante maior conforto, segurança e satisfação.
Alguns fatores devem ser considerados para assegurar a qualidade do turismo
em áreas naturais, como o fato de o aumento considerável de visitas, que podem levar
a riscos de sobrevivência ao próprio atrativo e à trilha, se sua capacidade de suporte
for ultrapassada. Para a manutenção da qualidade ambiental com um mínimo
aceitável de alterações, inúmeras variáveis devem ser monitoradas constantemente,
uma vez que a ação dinâmica dos fatores exige uma constante observação, dado que
a sua interação é igualmente dinâmica e pouco previsível.
As trilhas, como integrantes importantes da atividade turística devem ser,
então, planejadas sob medidas de conservação e manejo, dentro de limites aceitáveis
de mudanças que devem estar sendo constantemente observados, na tentativa de não
se ultrapassar as condições ecologicamente estabelecidas. Para tanto, existem
diversas metodologias que permitem a identificação da capacidade de suporte das
áreas naturais face ao uso pelo turismo. Nesse sentido, Odum (1983) explica que.
1
Autor: Jorge Bastos
2
Autor: Ricardo M. Rodrigues – Rico.
A primeira proposta para a Trilha da Nascente baseia-se numa perspectiva
inclusiva de turismo, visando atender também as Pessoas Portadoras de
Necessidades Especiais – PPNEs, sobretudo os cadeirantes.
As pessoas com necessidades especiais freqüentemente se deparam com
barreiras culturais, físicas ou sociais, que impedem sua participação na vida
econômica e nas opções de lazer, disponíveis para o resto da população, A sociedade
deveria elevar o nível de expectativa em relação às pessoas com deficiência,
oferecendo também oportunidades de formação, profissionalização, cultura e lazer, e
não apenas aposentadoria precoce e assistência pública, de acordo com o Decreto nº
10.015, de 3 de agosto de 2000.
As trilhas devem sutilmente encorajar o visitante a permanecer nelas, por
serem facilmente reconhecidas como caminho mais fácil, que evita obstáculos e
minimiza a energia dispensada. Para tanto, precisam manter uma regularidade e
continuidade de seu caminho, evitando mudanças bruscas de direção e sinalização.
Obstáculos como pedras, árvores caídas, e poças de lama devem ser evitados, pois
provocam a abertura de desvios.
Com a Reestruturação da trilha da nascente, através do estudo da capacidade
de carga, são estabelecidos critérios de uso dos recursos naturais ali existentes,
visando atender também aos cadeirantes – público este com poucas opções turísticas
dirigidas às suas necessidades na Serra da Bodoquena.
A topografia do solo permite as condições necessárias de uso para
cadeirantes, por meio de um sistema de trilhas guiadas. Além disso, a regularização
do piso, por meio da implantação de pedriscos, bem como a colocação de suportes de
acesso nos decks que facilitem a entrada e saída dos turistas da água, se farão
necessários para que o público em questão possa ser atendido.
NV = 8 NV = 5,33
1,5
FC 3 = 1 – 907,407 FC 3 = 0,074
980
Por fim, a Capacidade de Carga Efetiva. Para se obter seu cálculo, leva-se em
conta a Capacidade de Manejo (CM) da organização gestora do atrativo, a qual se
obtém por meio de uma relação entre a Capacidade de Carga Instalada (CI) e a
Capacidade de Carga Adequada (CA). Para tanto, foram consideradas as variáveis
apresentadas no quadro 4.
Quadro 4 – Capacidade adequada e instalada do atrativo
Pessoal CA CI Equipamentos CA CI Infraestrutura CA CI
Recursos 5 1 Rádio de 1 1 Banheiro 2 2
Humanos comunicação Masculino
Total 5 1 Walkie Talkie 5 5 Banheiro 2 2
Feminino
Kit de primeiros 3 1 Vestiário 1 0
socorros Masculino
Total 9 7 Vestiário 1 0
Feminino
Rampas de 3 0
Acesso
Total 9 4
6 Considerações finais
O meio natural é um elemento essencial para a atividade turística. Sem este
atrativo, o desenvolvimento da mesma torna-se inviável, visto que os visitantes
buscam ambientes conservados para seus momentos de lazer. Portanto, a sua
manutenção “sadia” é fundamental para que a atividade seja eficaz e duradoura.
Para que estas áreas de visitação permaneçam conservadas são necessárias
medidas decisórias, e preventivas a favor da proteção ambiental, uma vez que os
ecossistemas naturais são frágeis às intervenções humanas, e ações intensivas
podem alterá-lo de forma irreversível, sendo necessários estudos que busquem
minimizar ao máximo a degradação ambiental das áreas receptoras.
O estabelecimento de limites quantitativos para o uso turístico dos recursos
naturais, ao que se percebe, não elimina todos os impactos negativos conseqüentes
da atividade. No entanto, oferece um direcionamento no sentido de fornecer uma
perspectiva de uso que seja menos predatória. Além disso, o número controlado de
visitantes permite uma maior interação entre o ser humano e a natureza.
Por fim, proporcionar estruturas de acessos para pessoas portadoras de
necessidades diferenciadas de locomoção amplia a perspectiva posta, tanto de
interação com a natureza, quanto de inclusão de um grupo de pessoas que, a maioria
das vezes, é sistematicamente esquecida somente por possuir características
diferentes dos demais. O turismo, sobretudo o praticado em áreas naturais, que está
ligado a idéia de qualidade de vida e renovação pessoal, deve ser acessível a todos as
pessoas, independente de qualquer uma de suas condições de vida.
Referências Bibliográficas
ANDRADE, Waldir Joel de. Implantação e manejo de trilhas. In: MITRAUD, Sylvia
(org.). Manual de ecoturismo de base comunitária. Brasília: WWF, 2003.
ARIAS, Miguel Cifuentes. et al. Capacidad de carga turística de las áreas de uso
público del Monumento Nacional Guayabo, Costa Rica. Turrialba: CATIE/WWF,
1999.