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Resumo
1 Introdução
onde o ambiente social, ecológico, cultural, econômico e político, entre muitos outros,
interagem entre si e com seu meio externo.
No caso das áreas naturais, a complexidade e a fragilidade do meio devem ser à
base das limitações e possibilidades para o planejamento, a implantação e o manejo do
turismo, de forma a minimizar a alteração das características e parâmetros ambientais
(LOBO, 2006). As especificidades dessas áreas precisam ser levadas em conta no
processo de turistificação, como ocorre com as cavidades naturais.
Partindo dos pontos apresentados, o presente trabalho visa apontar e brevemente
analisar e discutir, as características mínimas para a implantação e manejo de trilhas em
cavidades naturais. Com isso, pretende-se apontar as principais diferenças existentes
entre as trilhas em ambientes amplos e no confinado espaço subterrâneo, de forma a
fornecer alguns subsídios para os planejadores e gestores de atividades turísticas. O foco
da discussão está centrado na atividade espeleoturística, segmento da atividade turística
carente de estudos no Brasil, sobretudo no que diz respeito às técnicas, procedimentos e
métodos de planejamento e gestão. Tal abordagem justifica o presente estudo ao admitir
para este trabalho a trilha como a base para o desenvolvimento da atividade turística em
áreas naturais, concentrando a análise nas trilhas espeleoturísticas – aquelas que se
localizam dentro das cavidades naturais.
Para a consecução dos objetivos propostos, foram a princípio executadas
pesquisas bibliográficas, considerando a escassez de material específico sobre o tema na
literatura disponível. Foram também realizadas observações diretas individuais de campo1
em duas áreas onde o espeleoturismo se desenvolve: Vale do Ribeira, nas Cavernas de
Santana e Morro Preto em Iporanga, SP e do Diabo, em Eldorado, SP; e na Serra da
Bodoquena, nas Grutas do Lago Azul e de São Miguel, em Bonito, MS. As pesquisas
bibliográficas forneceram os subsídios teóricos para as discussões apresentadas. Em
campo, buscou-se identificar as semelhanças e disparidades entre as bases teóricas e os
atuais processos de planejamento e gestão das trilhas espeleoturísticas nas cavidades
naturais observadas. O período de desenvolvimento das pesquisas se deu entre janeiro
de 2003 e março de 2006, com a organização do artigo ocorrendo entre os meses de
fevereiro a agosto de 2006.
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Executadas durante os projetos de pesquisa: “A Percepção dos Impactos Ambientais do Ecoturismo no
Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira e nas Comunidades de Entorno”, Especialização em Gestão e
Manejo Ambiental em Sistemas Florestais, UFLA, 2002-2003; e “Apropriação do Patrimônio Natural:
Espeleoturismo na Serra da Bodoquena”, Mestrado em Geografia, UFMS, 2005-2006.
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2 As especificidades do espeleoturismo
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A Resolução CONAMA 347/2004, artigo 2°, parágrafo III, define-o como “o conjunto de elementos bióticos
e abióticos, socioeconômicos e histórico-culturais, subterrâneos ou superficiais, representados pelas cavidades
naturais subterrâneas ou a estas associadas” (CONAMA, 2004, s.p.).
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zonas das cavidades naturais, em função da baixa circulação do ar, da água e de outros
elementos que permitem a ciclagem energética do ambiente, a renovação ambiental é
muito lenta. Além disso, a presença de fauna endêmica e de vestígios arqueológicos e
paleontológicos, também pode vir a ser um fator que limite o uso turístico.
espacial. A falta de alternativas de uso, em função de muitas vezes existir uma única
possibilidade de caminho, termina por anular alguns dos métodos consagrados ao manejo
de áreas naturais, como o Limite de Aceitação de Câmbio – LAC e o Visitors Impact
Management – VIM. Por outro lado, o cálculo da capacidade de carga pelo método
proposto por Cifuentes pode ser executado nas trilhas espeleoturísticas. Exemplos disso
são as propostas de Boggiani et al. (2002) para a Gruta do Lago Azul e de Lobo (2005)
para a Caverna Santana – esta última, em caráter preliminar.
O método de Cifuentes se divide em três fases: o cálculo da capacidade de carga
física, que propõe a relação entre o espaço disponível e ocupado pelos turistas e o tempo
de visitação; a capacidade de carga real, que leva em conta os fatores ambientais –
bióticos e abióticos – que podem limitar a visitação; e a capacidade de carga efetiva, que
submete ao cálculo a capacidade de manejo do órgão gestor da área. A identificação dos
fatores de correção é um das fases mais importantes do processo em termos
conservacionistas, e leva em conta situações-problema como: chuva, alagamentos
temporários, horas de exposição ao sol, declividade, grau de dificuldade e compactação
do solo (ARIAS et al., 1999).
Todavia, o método de Cifuentes é utilizado e criticado em escala praticamente
igual, principalmente em função de sua proposição altamente quantitativa de análise.
Muitos fatores, de ordem comportamental e cognitiva não são facilmente adaptáveis aos
procedimentos propostos, pois raramente podem ser quantificados. No caso das trilhas
espeleoturísticas, outras questões precisam também ser consideradas:
princípio para trilhas aonde o caminho de ida e de volta não venham a coincidir. A
adaptação da metodologia para trilhas onde o turista retorna pelo mesmo caminho
ainda não foi posta à prova.
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Equipamentos utilizados para a iluminação, funcionam a base de Carbureto de Cálcio, produto que gera o gás Acetileno, o qual por sua vez permite o fogo em
um bico acoplado ao capacete. As pesquisas de Scaleante (2003) apontaram que são danosas ao ambiente.
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6 Considerações Finais
Referências Bibliográficas
ANDRADE, Waldir Joel de. Implantação e manejo de trilhas. In: MITRAUD, Sylvia
(org.) Manual de ecoturismo de base comunitária. Brasília: WWF, 2003. 470 p.
ARIAS, Miguel Cifuentes. et al. Capacidad de carga turística de las áreas de uso
público del Monumento Nacional Guayabo, Costa Rica. Turrialba: CATIE/WWF,
1999. 75 p.
BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do turismo. 7.ed. São Paulo: SENAC, 2002.
516 p.
Brasileiro de Espeleologia, 28, 2005, Campinas, SP. Anais. Campinas: SBE, 2005.
CD-ROM.
SPINK, Mary Jane P. et al. Onde está o risco? Os seguros no contexto do turismo de
aventura. Psicologia & sociedade, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 81-9, maio-ago. 2004.